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Deve-se culpar a mídia? Análise texto de Gilles Lipovetsky 1 Quem é? Considerado um dos nomes mais criativos e polêmicos da filosofia contemporânea. Costuma abordar temas que não eram tratados no campo da ciência – moda, luxo,. Foi ativista dos movimentos que culminaram no maio de 1968, teve participação importante na reformulação do ensino de filosofia na França e trabalha para o programa europeu de unificação escolar. Reconhecido como um intelectual "sério", causou polêmica quando lançou O Império do Efêmero, em 1987. O livro aborda a moda ocidental, de sua criação, 2 Parte do discurso hipercrítico dos intelectuais a respeito dos meios de comunicação. Escola de Frankfurt (1924): Coletivo de pensadores e cientistas sociais alemães Theodor Adorno, Max Hokheimer, Erich Fromm e Herbert Marcuse Grupo criou conceito de indústria cultural, fundamental para estudos culturais e análise da mídia Autores, ao tratar de assuntos a respeito dos processos civilizadores modernos, percebem importância dos fenômenos da mídia e da cultura de mercado 3 Responsáveis pelo desenvolvimento da Teoria Crítica, os integrantes da chamada Escola de Frankfurt, a partir as tees de Marx Freud e Nietzsche, tentaram esclarecer as novas realidades surgidas com o desenvolvimento do capitalismo no século XX. Dialética do Iluminismo, desenvolvida em 1944, na II Guerra Mundial, é decorrência da percepção dos cientistas de que mesmo os regimes formalmente democráticos apresentam tendências totalitárias. 4 Para os integrantes da Escola de Frankfurt, no capitalismo a população é mobilizada a manter sistema econômico e social, num modelo de consumo massificado e articulado pela Indústria Cultural. A Dialética do Iluminismo refere-se à ideia criada nos tempos modernos de que somos livres e distintos e podemos construir sociedade capcaz de permitir vida justa para todos e a realização individual. Novas sujeições surgem nesse modelo, na análise desses teóricos. ``A enxurrada de informações precisas e diversões assépticas desperta e idiotiza as pessoas``. 5 Voltando a Lipovetsky O filósofo considera que muitas das críticas empreendidas contra os meios de comunicação acabaram por significar a diabolização desses meios. Há influência da mídia na sociedade, mas não se pode atribuir tantos poderes a ela. Qual é realmente a extensão da influência da mídia sobre a opinião pública e sobre os indivíduos? Em que medida a mídia chegou a degradar o espaço público democrático? A mídia é inimiga da sociedade democrática? 6 Nova geração de pesquisadores inclui três dimensões para estudar a mídia: técnica, simbólica e sociopolítica Dimensão técnica Tem como representante Marshall McLuhan - A mídia como catalizadora cultural: capaz de modificar as condições de percepção sensorial próprias dessa cultura. - A mídia reconfigura os sentidos/ a vida psíquica: se concentra mais nas características físicas dos suportes e no impacto esperado dessas características sobre o psiquismo dos usuários. - A imprensa promoveu o sentido visual do homem ocidental em detrimento d3e seus outros sentidos. Exemplo: TV - O mundo como “Aldeia Global``. Dimensão Simbólica Estudos de Semiologia de Roland Barthes, os Estudos Culturais de Stuart Hall e a Escola de Chicago – pesquisas quantitativas, análise de conteúdo, uso de metodologia mais complexas, com freqüência da inserção dos elementos temáticos, como índice da opinião do emissor e na importância da mensagem. Para Barthes, o discurso midiático era produto de uma ordem simbólica inconsciente e que a estruturava. Seu objetivo era desmistificar as relações sociais de dominação praticada implicitamente nesses discursos. Fernand de Saussure – Lingüística, trabalha na busca do sentido de um dado corpus de mensagem, por meio do estudo estrutural das variações entre significantes e significados. Ainda na dimensão Simbólica Estudos Culturais A comunicação engloba uma grande variedade de formas e expressões culturais, incluindo os diversos “rituais” da vida cotidiana (conversações, práticas religiosas, educativas, esportivas) que se expressam nas culturas vivas tanto quanto nos produtos culturais veiculados pela mídia. Dimensão Sociopolítica Nascem em 1970 as primeiras abordagens: pensamento marxista, crítica ao establishment mass-midiático. Perspectiva Marxista: a mídia é parte integrante da sociedade capitalista, em que o estudo das forças de produção e as reflexões sociais determinam sua estrutura e seu desenvolvimento. Perspectiva Tocquevilliana: Abordagem da mídia para análise dos processos de democratização em atividade no interior das organizações de produção e difusão e no nível dos conteúdos midiáticos. A mídia (oferta, fontes emissoras) X a natureza do ambiente cultural (as expectativas das audiências receptoras) que determinam o desenvolvimento da mídia. Mídia é uma das forças de individualização dos modos de vida e dos comportamentos de nossa época. Dissemina no corpo social normas da felicidade e do consumo privados, da liberdade individual, das viagens e do prazer erótico. Assim, realização íntima e satisfação individual são cada vez mais valorizados – ideias de massa. É agente de dissolução da força das tradições e das barreiras de classe, das grandes ideologias, entre outras. Hedonismo – prazer é a finalidade da vida. Culto à autonomia subjetiva. Império do consumo e da comunicação = indivíduo desinstitucionalizado, disposto a ter direito de dirigir a si mesmo. Mídia trabalha para privatizar os comportamentos, individualizar as práticas, privilegiar o individual em detrimento do coletivo. Fenômeno é mais complexo. Abre horizontes, dando a conhecer diferentes pontos de vista e oferece esclarecimentos. Multiplica valores de referência, liberando os indivíduos de algumas fidelidades,como a partidos políticos. Favorece uso mais intenso da razão individual. Mas está longe de realizar promessas de democratização completa da cultura. Uso utilitário. Busca por soluções eficazes e técnicas mas também descartáveis. Prevalência do EFÊMERO Cultura midiática é uma cultura de mosaico, descontínua, sem memória. Grupos pós-modernos são caracterizados pela fluidez, instantaneidade, efêmero. Fim do século XX - dissolução das estruturas hegemônicas de poder e o surgimento ou a definitiva instauração de sociedades extraordinariamente complexas. Poder político se fragmenta entre múltiplos agentes, com maior ou menor grau de poder, mas em conflito permanente. Instauram-se campos de força complexos e dinâmicos, onde não existe mais a hegemonia e onde cada criador tem que se localizar em função de outros interesses que não os dele. Algumas definições Indústria cultural- termo cunhado pelos integrantes da Escola de Frankfurt que evidencia a transformação da cultura em mercadoria. Modernidade – Ideário relacionado ao projeto de mundo moderno, empreendido em diversos momentos ao longo da Idade Moderna e consolidado com a Revolução Industrial. Está normalmente relacionada com o desenvolvimento do Capitalismo. Pós-modernidade - “período curto” que marca a passagem da época (moderna) de “negação do passado” para uma outra (hipermoderna) de “reintegração” e de aceleração dos “axiomas da modernidade”, a saber, o mercado, o indivíduo e os avanços técnico-científicos. Hipermodernidade – modernidade superlativa, caracterizada pelo excesso. 14
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