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Prévia do material em texto

Curso de Graduação a Distância 
 
 
Eclesiologia e 
Teologia do 
Laicato 
 
(4 créditos – 80 horas) 
 
 
 
Autor: 
José Adriane Stevaneli 
Juan Diego Giraldo Aristizábal 
 
 
 
 
 
Universidade Católica Dom Bosco Virtual 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 
 
 
 
 
 
 
2 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 
Missão Salesiana de Mato Grosso 
Universidade Católica Dom Bosco 
Instituição Salesiana de Educação Superior 
 
 
Chanceler: Pe. Gildásio Mendes dos Santos 
Reitor: Pe. Ricardo Carlos 
Pró-Reitora de Graduação e Extensão: Profª. Rúbia Renata Marques 
Diretor da UCDB Virtual: Prof. Jeferson Pistori 
Coordenadora Pedagógica: Profª. Blanca Martín Salvago 
 
 
Direitos desta edição reservados à Editora UCDB 
Diretoria de Educação a Distância: (67) 3312-3335 
www.virtual.ucdb.br 
UCDB -Universidade Católica Dom Bosco 
Av. Tamandaré, 6000 Jardim Seminário 
Fone: (67) 3312-3800 Fax: (67) 3312-3302 
CEP 79117-900 Campo Grande – MS 
 
 
STEVANELI, José Adriane; ARISTIZÁBAL, Juan Diego Giraldo. 
 
Eclesiologia e Teologia do Laicato / José Adriane Stevaneli e 
Juan Diego Giraldo Aristizábal. Campo Grande: UCDB, 2017. 
98 p. 
 
Palavras-chave: 1. Eclesiologia 2. Igreja 3. Laicato 
 
 
 
 
0220 
 
3 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO 
 
Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe 
multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que 
norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do seu 
curso. 
 
Elementos que integram o material 
Critérios de avaliação: são as informações referentes aos critérios adotados para a 
avaliação (formativa e somativa) e composição da média da disciplina. 
Quadro de Controle de Atividades: trata-se de um quadro para você organizar a 
realização e envio das atividades virtuais. Você pode fazer seu ritmo de estudo, sem ultrapassar 
o prazo máximo indicado pelo professor. 
Conteúdo Desenvolvido: é o conteúdo da disciplina, com a explanação do professor 
sobre os diferentes temas objeto de estudo. 
Indicações de Leituras de Aprofundamento: são sugestões para que você possa 
aprofundar no conteúdo. A maioria das leituras sugeridas são links da Internet para facilitar 
seu acesso aos materiais. 
Atividades Virtuais: atividades propostas que marcarão um ritmo no seu estudo. As 
datas de envio encontram-se no calendário do Ambiente Virtual de Aprendizagem. 
 
Como tirar o máximo de proveito 
Este material didático é mais um subsídio para seus estudos. Consulte outros conteúdos 
e interaja com os outros participantes. Portanto, não se esqueça de: 
· Interagir com frequência com os colegas e com o professor, usando as ferramentas 
de comunicação e informação do Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA; 
· Usar, além do material em mãos, os outros recursos disponíveis no AVA: aulas 
audiovisuais, videoaulas, fórum de discussão, fórum permanente de cada unidade, etc.; 
· Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas quanto a 
calendário, atividades, ferramentas do AVA, e outros; 
· Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a suas 
necessidades como estudante, organize o seu tempo; 
· Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua aprendizagem, 
contando com a ajuda e colaboração de todos. 
 
4 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
Objetivo Geral 
 
Propiciar um conhecimento que reflita sobre aquilo que a teologia diz sobre a 
“Comunidade de salvação” que se constituiu a partir do núcleo iniciado por Jesus Cristo e que 
no Mistério Pascal ganhou plena luz. Deste modo buscaremos aprofundar o artigo da fé Cristã 
que professa: “Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica”. Ainda que partindo da visão 
especificamente cristã católica sobre o tema, o percurso discorre sempre amparado em uma 
perspectiva ecumênica (reconstrução da Unidade na fé entre os cristãos) considerando-a como 
um aspecto imprescindível da eclesiologia atual. O estudo considera a Igreja em seu “estar no 
mundo” (ad extra) e portanto assumindo o diálogo como um dado teológico. 
 
SUMÁRIO 
UNIDADE 1 – ECLESIOLOGIA: ABORDAGEM BÍBLICA .......................................... 12 
1.1 A prefiguração da igreja no Antigo Testamento ......................................................... 12 
1.2 O mistério da “Ecclesia": as origens .......................................................................... 14 
1.3 O Povo de Deus da Nova Aliança.............................................................................. 16 
1.4 Testemunhos neotestamentários para a eclesiologia .................................................. 17 
1.5 A Igreja Apostólica, norma e fundamento da Igreja de todos os tempos ...................... 19 
 
UNIDADE 2 – ABORDAGEM HISTÓRICA DA REFLEXÃO ECLESIOLÓGICA ............. 21 
2.1 O nascimento do tratado “De Ecclesia”: a ênfase “jurídica” e “apologética” inicial ......... 21 
2.2 Abordagem “sacramental” e “mistérica” da Igreja ...................................................... 24 
2.3 Concílio Vaticano II: Eclesiologia Sacramental De Comunhão ...................................... 24 
2.4 Visão geral da Constituição Dogmática Lumen Gentium (LG) ...................................... 26 
2.5 Reflexões eclesiológicas a partir da conferência de Aparecida ..................................... 28 
 
 
UNIDADE 3 – ECLESIOLOGIA: ABORDAGEM SISTEMÁTICA ................................. 32 
3.1 A Igreja como tema da confissão da fé ..................................................................... 32 
3.2 A Igreja radicada em Jesus: Sacramento de Comunhão ............................................. 35 
3.3 As Imagens da Igreja como Povo de Deus, Corpo de Cristo, Comunhão e Tradição Vivente
 .................................................................................................................................. 36 
3.4 A Sacramentalidade da Igreja como princípio hermenêutico ....................................... 41 
3.5 Comunhão de Igrejas: A Igreja Particular (Diocese), a Paróquia ................................. 43 
3.6 As notas (dimensões) essenciais da Igreja ............................................................... 45 
3.7 Realizações básicas da Igreja: Martyria, Leitourgia, Diaconia ...................................... 50 
 
 
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UNIDADE 4 – A CONSTITUIÇÃO SACRAMENTAL DA IGREJA ................................ 53 
4.1 Os leigos na Igreja: sujeitos eclesiais........................................................................ 53 
4.2 A vida consagrada: sinal evangélico para o mundo .................................................... 54 
4.3 O ministério ordenado: um serviço essencial à Igreja ................................................. 56 
4.4 Ministério Petrino: o primado na Igreja ..................................................................... 59 
 
UNIDADE 5 – TEOLOGIA DO LAICATO .................................................................. 66 
5.1 Leigos: presença da igreja “no mundo” ..................................................................... 66 
5.2 A teologia do laicato pré-conciliar: identidade de sua missão específica no mundo ........ 67 
5.3 Concílio Vaticano II: identidade positiva e índole secular do laicato ............................. 68 
5.4 Pós-Concílio: o Sínodo sobre os leigos (1987) e a “Christifidelis Laici” .......................... 71 
5.5 As associações e movimentos laicais......................................................................... 73 
5.6 Algumas perspectivas eclesiológico-pastorais do laicato ............................................. 75 
 
 
UNIDADE 6 – A ÍNDOLE ESCATOLÓGICA DA IGREJA PEREGRINA ....................... 78 
6.1 Caráter escatológicoda nossa vocação à Igreja ......................................................... 78 
6.2 A união da igreja peregrina com a Igreja celeste ....................................................... 80 
6.3 A comunhão espiritual entre os peregrinos e os santos .............................................. 81 
6.4 A Igreja: viver no mundo sem ser do mundo ............................................................. 83 
6.5 Maria no mistério de Cristo e da Igreja ..................................................................... 84 
 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 87 
EXERCÍCIOS E ATIVIDADES ................................................................................. 88 
 
Avaliação 
 
A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a finalidade da 
avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que você possa 
aprofundar, refletir criticamente, relacionar ideias, etc. 
A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final de 
cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao longo de 
cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades. Todo o processo será 
avaliado, pois a aprendizagem é processual. 
Para que se possa atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as 
atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre 
exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática. 
 
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As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de cada 
disciplina. 
 
Critérios para composição da Média Semestral: 
Para compor a Média Semestral da disciplina, leva-se em conta o desempenho atingido 
na avaliação formativa e na avaliação somativa, isto é, as notas alcançadas nas diferentes 
atividades virtuais e na(s) prova(s), da seguinte forma: Somatória das notas recebidas nas 
atividades virtuais, somada à nota da prova, dividido por 2. Caso a disciplina possua mais de 
uma prova, será considerada a média entre as provas. 
Média Semestral: Somatória (Atividades Virtuais) + Média (Provas) / 2 
Assim, se um aluno tirar 7 nas atividades e 5 na prova: MS = 7 + 5 / 2 = 6 
Antes do lançamento desta nota final, será divulgada a média de cada aluno, dando a 
oportunidade de que os alunos que não tenham atingido média igual ou superior a 7,0 possam 
fazer a Recuperação das Atividades Virtuais. 
Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda poderá 
fazer o Exame Final. A média entre a nota do Exame Final e a Média Semestral deverá ser 
igual ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina. 
Assim, se um aluno tirar 6 na Média Semestral e tiver 5 no Exame Final: MF = 6 + 5 / 
2 = 5,5 (Aprovado) 
 
 
FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES 
 
O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu 
cronograma e tenha um controle de suas atividades: 
 
 
AVALIAÇÃO PRAZO * DATA DE ENVIO ** 
Atividade 2.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
Atividade 3.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
Atividade 4.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
 
7 
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* Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o 
calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem). 
** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade. 
 
Atividade 5.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
Atividade 6.1 - Livre 
Ferramenta: Tarefa 
___________ 
 
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BOAS VINDAS 
 
Nosso caminho em busca do conhecimento continua e agora se abre mais uma das 
páginas da reflexão teológica: vamos estudar a Igreja. De fato, esta disciplina tem por objeto 
principal o estudo da Igreja na perspectiva do Concílio Vaticano II, abordado no conjunto da 
tradição eclesial. 
Sabemos que entre os nossos estudantes encontramos distintas visões religiosas, o 
respeito pelos outros não nos impede de apresentar uma visão específica de uma tradição 
religiosa (católica) para a partir de então estabelecer um debate onde a reflexão e o respeito 
sejam parceiros. Em sua perspectiva geral a análise tenta refletir sobre o modelo eclesiológico 
cristão. Nosso objetivo é oferecer os instrumentos necessários para o trabalho e propiciar uma 
visão sintética de como hoje se coloca o tema da Igreja no quadro geral da Teologia. 
A abordagem sistemática (propriamente teológica) se propõe a oferecer uma visão 
global da Igreja, redescobrindo seu fundamento trinitário para proceder de modo descritivo 
com a análise das grandes “imagens”: A Igreja mistério (Sacramento) e Instituição, Povo de 
Deus e Corpo de Cristo, Templo do Espírito e Comunhão. 
Abordaremos temas afins como as quatro dimensões eclesiais, das quais nascem 
algumas questões específicas: a relação entre Igreja Local e Igreja universal; a santidade da 
Igreja e na Igreja; a missão salvífica e a relação com o mundo; a teologia da apostolicidade, 
o ministério, as relações entre primado de Pedro e episcopado. Se conclui com um 
aprofundamento da questão escatológica. 
Faremos também um breve aceno ao tema do ecumenismo e do papel de Maria 
enquanto modelo e “tipo” da Igreja, daquilo que esta é e é chamada a se tornar. Não 
deixaremos de trabalhar numa perspectiva ecumênica visando promover a unidade dos 
cristãos. Faz parte deste tema a história do movimento ecumênico e o exame da Unitatis 
Redintegratio. 
Espero que você esteja empolgado, pois sua curiosidade e busca dá ânimo para nossas 
pesquisas. Reitero as boas vindas e o desejo de que você possa colher muitos frutos desta 
disciplina! 
 Pe. Adriano 
 
 
 
 
 
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Pré-teste 
 
A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos 
prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta disciplina. 
Não fique preocupado com a nota, pois não será pontuado. 
 
1. Quais dos textos abaixo são documentos do “Concílio Ecumênico Vaticano II” 
cujo tema foi a Igreja? 
a) Spe Salvi de Bento XVI. 
b) Constituição Dogmática “Lumen Gentium". 
c) Dei Verbum. 
d) De Ecclesia. 
 
2. Quais são as “notas” ou dimensões da Igreja segundo a Tradição da fé? 
a) Missionária, vocacional, espiritual, sacramental. 
b) Carismática, mistagógica, institucional. 
c) Una, Santa, Católica e Apostólica. 
d) Institucional, universal, pentecostal. 
 
3. Qual o sentido do termo “católica”? 
a) Universal. 
b) Escatológica. 
c) Espiritual. 
d) Sacerdotal. 
 
Submeta o Pré-teste por meio da ferramenta Questionário. 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Aqui estamos para mais uma etapa do nosso percurso teológico, que agora reflete 
sobre o artigo da fé que reza: “creio na Igreja”. Eclesiologia é o estudo de tudo que se refere 
à Ecclésia (origem grega do termo que corresponde ao que entendemos por Igreja) que aqui 
reflete a visão específica do cristianismo de confissão “católica”. Esta visão cristã inclui a 
dimensão ecumênica e, portanto, vamos procurar ressaltar aqueles aspectos que são comuns 
e que une boa parte do mundo cristão, no respeito pelas diferenças e dificuldades que tal 
intento encontra. Por isso nossa atitude é de destacar aquilo que nos une, evitando uma atitude 
hostil ou intolerante próprias de um tempo de “cruzadas”. Partimos do pressuposto de que os 
intolerantes normalmente são inseguros que se perderam pela idolatria de uma parte em 
relação ao todo. Um clima hostil trai a proposta cristã que reza: “bem-aventurados os mansos, 
porque possuirão a terra”. 
A Igreja se desvela como uma comunidade visível de pessoas unidas na confissão da 
mesma fé, na vida litúrgica e na autoridadedos primeiros apóstolos. Realidade complexa que 
se exprime com vários nomes: Povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. 
Escolhida por Deus, é sinal e instrumento da sua vontade salvífica universal. 
É em si mesma universal (católica), destinada a todos os povos, mas existe 
concretamente nas igrejas locais. Exercita-se em seu peregrinar como comunhão na 
“martirya”, “leiturgia” e “diakonia” (Cfr. At 15,25.28). É edificada mediante a palavra apostólica 
do Evangelho, e pelos Sacramentos, especialmente pelo Batismo e a Eucaristia.Por ela e nela 
(carismas e ministérios) o Senhor ressuscitado desempenha no Espírito a sua missão salvífica 
no mundo. 
Edificada pelo Espírito e manifestada visivelmente no mundo. A sua forma ministerial 
tem seu apoio histórico no apostolado da primeira época; através da epíclese o Ressuscitado 
concede a participação na sua missão e na sua autoridade. Seus ministros vivem a 
responsabilidade por todas as igrejas (At 15,4.22.28). O Apóstolo Pedro é garante da unidade 
da comunidade pré - pascal de Jesus e da Igreja pós – pascal de Cristo (Mt 16,16-19; Lc 22,32; 
At 2,32; 10,37-43; 15,8). Ao serviço da unidade universal de sua Igreja (Jo 21,15-17). 
Esta igreja foi enviada por Cristo, nasce com um mandato: “Ide…” e, portanto, é uma 
instituição que está a serviço da missão evangelizadora a ela confiada por Jesus; ela tem sua 
visibilidade na sociedade, com leis próprias, ministérios ordenados (bispos, padres, diáconos), 
ministérios não ordenados, confiados aos cristãos leigos, a vida consagrada (religiosos e 
religiosas) e o laicato. Cada membro assume sua função e desempenha um serviço, sempre 
visando ao bem de todos, do Corpo Total de Cristo. Por força de uma comunhão entre seus 
 
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membros, quando um membro da Igreja peca, a comunidade fica enfraquecida. Quando um 
membro se santifica, todo o conjunto fica revigorado. 
Esta Igreja é de Cristo: Ecclesiam Suam! Bem sabemos que é próprio do corpo ter 
uma cabeça. Segundo São Paulo, a cabeça da Igreja é Cristo (cf. Cl 1,18). É dele que provém 
a vida da graça para todos os membros da Igreja. Por sua dimensão carismática, veremos 
como o Tempo da Igreja “coincide” com o chamado “Tempo do Espírito”, em sua realidade 
íntima a Igreja é Templo do Espírito Santo, que é a alma da Igreja (estrita relação entre 
eclesiologia e pneumatologia). Como a alma no corpo humano, o Espírito Santo está presente 
em toda a Igreja e em cada um de seus membros. Como a alma confere vida e identidade ao 
corpo, assim o Espírito Santo dá vida e identidade à Igreja. Sendo realidade humana e divina, 
podemos também afirmar que a Igreja é, pois, a comunidade dos que creem em Cristo; 
assistida pelo Espírito Santo, ela guarda a memória de Jesus Cristo, celebra e testemunha sua 
presença ao mundo e ao mesmo tempo aguarda seu retorno como Senhor e Juiz da história 
para levar à plenitude o projeto salvífico de Deus (Dimensão escatológica). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 1 
ECLESIOLOGIA: ABORDAGEM BÍBLICA 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: Situar o tema eclesiológico dentro da Sagrada Escritura, 
aprofundando seus fundamentos bíblicos. 
 
1.1 A prefiguração da Igreja no Antigo Testamento 
 
Lex Orandi1: 
“Oremos pelos judeus, aos quais o Senhor nosso Deus falou em primeiro 
lugar, a fim de que cresçam na fidelidade de sua aliança e no amor do seu 
nome. Deus eterno e todo-poderoso, que fizestes vossas promessas a 
Abraão e seus descendentes escutai as preces da vossa Igreja. Que o povo 
da primitiva aliança mereça alcançar a plenitude da vossa redenção” 
(Oração da Sexta-feira Santa na Celebração da Paixão do Senhor). 
 
No Antigo Testamento, temos na eleição de Israel muitos dos elementos que vão 
revelando o mistério da Igreja que alcança seu auge sobretudo na Nova Aliança com Jesus 
Cristo. Nas origens, a comunidade de fé de Israel é testemunha e mediadora da vontade 
salvífica universal de Deus, que se revelou no princípio, como criador de todos os homens e 
de todos os povos (Gn 1,1). A promessa de uma aliança universal (Gn 9,9) se concretiza desde 
a eleição e vocação de Abraão (Gn 12,3; 17,2, Rm 4,17, Gal 3,7). A aliança individual com 
Abraão se faz aliança coletiva no Monte Sinai; esta aliança constitui o “DNA” de Israel, pois 
constitui o povo na sua identidade a sua missão (Gn 19,24). 
Sabemos que na tradução grega do Antigo Testamento (séculos III-II a.C.), “ekklesía” 
(Igreja) era usada para traduzir o hebraico “qahal”, palavra que designava a assembleia do 
povo de Israel, povo eleito por Deus, reunido diante do Senhor para escutar sua palavra e 
responder-lhe “amém”. A assembleia por excelência fora aquela do Sinai, quando Deus deu a 
lei ao seu povo (cf. Ex 19): aquele dia ficou conhecido como dia da qahal, dia da ekklesía, dia 
da igreja: “O Senhor falou estas palavras a toda a assembleia (= ekklesía), sobre a montanha, 
do meio das chamas…" (Dt 5,22). 
Israel, como “figura da Igreja”, é o povo eleito por Deus e o destinatário das ações 
redentoras, vivificadoras e libertadoras de YHWH e se converte (por sua fé, confissão, 
 
1 Vamos considerar alguns textos litúrgicos porque possuem um valor altíssimo como fonte de referência 
primeira da fé da Igreja. “Quando a Igreja celebra os sacramentos, confessa a fé recebida dos Apóstolos. 
Daí o adágio antigo: «Lex orandi, lex credendi – A lei da oração é a lei da fé» (Ou: «Legem credendi lex 
statuat supplicandi – A lei da fé é determinada pela lei da oração», como diz Próspero de Aquitânia 
[século V]) (40). A lei da oração é a lei da fé, a Igreja crê conforme reza. A liturgia é um elemento 
constitutivo da Tradição santa e viva” (Catecismo da Igreja Católica, 1124) 
 
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assembleia litúrgica, obediência à lei e santidade de vida) em ouvinte e testemunha da 
promessa de Deus realizada pela salvação dos homens. 
Esta relação (Aliança) tem três características: 
1) Israel é propriedade de Deus: é Deus mesmo quem a constitui como povo (Dt 4,37; 
Lev 20,26; Is 43,1-7; Dt 4,20; 7,6; Ex 19,5; Dt 7,6; 32,9; Zc 2,16; Dt 32,8). A existência de 
Israel proclama o amor providente de Deus (Dt 7,6; Ex 3,14). 
2) Israel é “sócio” da aliança com Deus: conhece e ama Deus, demonstrando isto no 
amor ao irmão. A sua resposta ao oferecimento da aliança é a inclinação do seu coração a 
Deus (Jr 31,31-34). Se estabelece uma corresponsabilidade (Ex 6,7; Dt 29,9-12). Existem 
inúmeras imagens que falam desta relação (Ex 4,22; Os 11,1; Sb 18,13; Is 41,8; Os 2,6; Jr 
2,2; Ez 16; Is 5,1-7; 50,1; 54,4-8; 61,10; Sal 80,9; 95,7; Ez 34,1-31). 
3) Israel é o santuário de Deus: sobretudo a assembleia litúrgica, é o lugar e o sinal 
por excelência da presença salvífica de Deus. Se trata de um povo sacerdotal, régio e profético 
(Ex 19,6). Deus mora no meio do seu povo (Ez 37,26; Dt 2,7; Num 35,34). Deus se mostra 
como “Deus conosco” (Is 7,14; 8,8; Sal 46,1; 1Re 8,13; Jr 3,17). Na reunião cúltica, Israel 
entende a si mesmo como assembleia do Senhor (Num 16,3; Dt 23,2; 1Cr 28,8; Ne 13,1). 
Israel, é separado (escolhido) do resto dos povos para o serviço à vontade salvífica 
de Deus (como representante deles diante de Deus e vice-versa) e cumpre este serviço como: 
a) Povo da salvação régia: quando se restabelecerá o reino davídico, Israel exercerá 
o domínio sobre os povos (Dan 7,13; Is 53,3). 
b) Como povo mediador da salvação profética: (Mal 3,1; Is 42,1-9). Este ministério 
teve uma concretização prototípica desempenhado por figuras concretas (Moisés, os 
profetas...). Chamado a proclamar os louvores de YHWH e interceder pelos povos (Gn 18,22-
32; 20,7-17; Ex 8,4.8; Sal 47,2). 
c) Como povo mediador da salvação sacerdotal: (Ex 19,5; Lev 19,8). Por ele os povos 
devemconhecer a vontade salvífica de Deus. 
Mas a eleição de um povo não deve ser entendida de modo exclusivista ou excludente. 
Se todo homem foi criado à imagem de Deus e se em virtude da encarnação a raça humana é 
consagrada, pode-se reconhecer toda a humanidade como povo de Deus. A eleição está a 
serviço da unidade radical de todo gênero humano (serviço da mediação). Na constituição do 
povo na sua identidade é básica e central o conceito de “assembleia” (Ex 19, Dt 4,10, 9,10; 
18,16). O termo hebraico “Qahal” é mais do que o mero povo, é este em toda a sua densidade 
religiosa, ou seja, o povo inteiro convocado por Deus e comprometido a participar no desígnio 
de Deus. Pondo em relevo a familiaridade e intimidade com que YHWH uniu-se ao seu povo. 
As assembleias posteriores serão a atualização e a prolongação da primeira assembleia (1Re 
8,14.22.55; 2Re 22-23,22; Ed 2,64; Ne 8-10). 
 
14 
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A tradução dos LXX vai traduzir “Qahal” por “Ecclésia” (Dt 4,9-13; 9,10.18; 23,2; Ne 
13,1). Mas a certeza de Israel é ameaçada pela infidelidade do povo (Dt 32,21; Am 8,2; Os 
1,9; 2,23-25; Jr 31,31-33; 32,37-40; Ez 34,24-28). E Israel vai viver constantemente 
quebrando a Aliança e Deus permanece fiel. 
 
 
 
 
 
 
1.2 O mistério da “Ecclesia": as origens 
 
Lex Orandi: 
“Ó Deus todo-poderoso, que a vossa Igreja seja sempre aquele povo santo, 
reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que manifesta ao mundo 
o mistério da vossa santidade e unidade, levando as pessoas à perfeição do vosso 
amor” (Coleta pela Igreja - Ano C) 
 
Deus quis a Igreja desde toda a eternidade. A Bíblia nos mostra que ela foi prefigurada 
e preparada pelas várias Alianças de Deus com a humanidade. Sua formação aconteceu 
progressivamente, como uma gestação. O Concílio Vaticano II falará de «atos fundantes» 
revelados sobretudo com Jesus Cristo no Novo Testamento. 
Foram atos fundantes, por exemplo, a escolha dos Apóstolos e a instituição da 
Eucaristia. Sabemos que o povo de Israel era formado por doze tribos. Jesus, ao escolher doze 
Apóstolos, mostrou sua intenção de fundar a Igreja, o novo Israel, que fora anunciado pelos 
profetas. Na instituição da Eucaristia, o cordeiro pascal foi substituído pelo Corpo de Jesus. O 
cálice da Antiga Aliança foi substituído pelo cálice da Nova Aliança, sangue de Jesus. 
Dica de aprofundamento 
Leia o artigo: 
COSTA, Henrique Soares da. A Igreja nas Sagradas Escrituras. Disponível em: 
<http://www.domhenrique.com.br/index.php/estudos-biblicos/323-a-igreja-nas-sagradas-
escrituras-i>. Acesso em: 21 dez. 2019. 
http://www.domhenrique.com.br/index.php/estudos-biblicos/323-a-igreja-nas-sagradas-escrituras-i
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Israel se tornou Povo de Deus através da Antiga 
Aliança, celebrada no monte Sinai; Jesus, ao instituir a 
Nova Aliança, estava fundando a Igreja – o Novo Israel. 
Mas foram atos fundantes da Igreja, sobretudo, a 
Páscoa da paixão, morte e ressurreição e o 
acontecimento de Pentecostes, quando a Igreja foi 
manifestada às nações pela efusão do Espírito Santo. 
Naquela manhã de Pentecostes, a Igreja recebeu a sua 
configuração definitiva, assumindo a missão de 
evangelizar todos os povos. 
 Fonte: http://migre.me/vM8ng 
A Igreja, segundo o dado neotestamentário, é comunidade onde Jesus ressuscitado 
está presente: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20b). A 
Igreja não foi fundada por iniciativa humana, mas divina, pois ela fez parte de um “projeto 
divino”. A Igreja é dom de Deus à humanidade. Jesus está presente nela, sendo seu 
Fundamento. Quando a Palavra de Jesus é anunciada na assembleia, é ele mesmo que nos 
fala. Os Sacramentos que a Igreja celebra comunicam a força espiritual que provém do seu 
Mistério Pascal. A Eucaristia forma o “corpo” da Igreja. A Eucaristia “faz” a Igreja, é momento 
peculiar de sua manifestação. Quem se alimenta do corpo de Cristo torna-se um com ele. 
Quando a Igreja envia missionários ao mundo, é Jesus que continua a enviar seus discípulos. 
Por isso, a Igreja é, ao mesmo tempo, divina e humana. 
 “Na Escritura Sagrada, aparece de modo claro e constante que a Igreja é fruto da 
missão de Cristo, nasce dele, mais precisamente, de sua Páscoa: “Na tarde do mesmo dia, que 
era o primeiro depois do sábado, estando trancadas as portas do lugar onde estavam os 
discípulos, por medo dos judeus, Jesus chegou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja 
convosco”. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos se alegraram ao ver o 
Senhor. Jesus disse-lhes de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, assim 
também eu vos envio”. Após essas palavras, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito 
Santo. A quem perdoardes os pecados serão perdoados. A quem não perdoardes os pecados 
não serão perdoados” (Jo 20,19-23). Cristo, o Homem Novo, no primeiro dia após o sábado, 
dia da Antiga Aliança, sopra o Espírito Santo sobre os apóstolos, gerando uma humanidade 
nova, que é a Igreja. Ela é fruto da morte e ressurreição do Senhor, de suas feridas. É assim, 
no Espírito do Ressuscitado, que a Igreja nasce e viverá para sempre (…) É verdade que não 
podemos falar de Igreja em sentido pleno antes da ressurreição do Cristo e do dom do seu 
Espírito, fruto dessa ressurreição. Mas isso não significa que Jesus não pensou ou não quis a 
Igreja. Esta Igreja que ele fundou de modo real com sua morte e ressurreição, ele mesmo a 
 
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“pré-formou” nos dias de sua vida terrena: preparou-lhe o corpo durante seus dias na terra e 
soprou-lhe o Espírito após a ressurreição”2. 
 
1.3 O Povo de Deus da Nova Aliança 
Lex Orandi: 
“Ó Deus, Pai de todos os fiéis, vós multiplicais por toda a terra os filhos da vossa 
promessa, derramando sobre eles a graça da filiação e, pelo mistério pascal, tornais 
vosso servo Abraão pai de todos os povos, como lhe tínheis prometido. Concedei, 
portanto, a todos os povos a graça de corresponder ao vosso chamado” 
(Oração depois da segunda leitura - Gn 22,1-18 - na Vigília Pascal) 
 
Jesus escolheu os Doze como símbolo da convocação definitiva do novo Israel que 
por sua vez introduzia uma nova lógica: a dinâmica do Reino de Deus rompia todas as barreiras 
e exclusivismos, a lei devia ser interpretada desde a intenção originária de Deus e não desde 
a interpretação acomodada dos homens. Podemos ver esta nova lógica no rechaço do Filho 
diante de interpretações restritas (Mt 8,11; 21,43: evitar a superação ou a substituição). A 
comunidade cristã compreendeu-se como povo de Deus (novo e verdadeiro) e designando-se 
«Ecclésia» (ou seja, o qahal autêntico de Deus) (Cfr. 2Cor 6,16; Rm 9,25; Os 2,23-25; Jer 
3,13ss, Am 9,11ss). Em At 15,14 vemos o romper das barreiras, enquanto em 1Pe 2,10 vemos 
que o decisivo é a aceitação da graça e da misericórdia; Tito 2,13-14 ressaltará que este novo 
povo é configurado pela ação salvífica de Cristo. Deste modo “Ecclésia” designará o povo de 
Deus, mas com uma forte acentuação cristológica (crer em Cristo). A Igreja também existe 
fora da assembleia (mas baseada nesta) e inclui um tríplice conteúdo semântico: no culto (1Cor 
11,18; 14,19.28.34.35); num lugar concreto (1Cor 1,2; 16,1); Igreja universal (1Cor 15,9; Gal 
1,13). 
O Sentido teológico da Igreja como Povo de Deus será desenvolvido gradativamente, 
sobretudo no Novo Testamento. Constatamos uma dialética “continuidade – descontinuidade” 
entre o Antigo e o Novo Testamento (vocação, missão, potencial messiânico/messianismo de 
Jesus, Páscoa e efusão do espírito). O tema vai ganhar novos aprofundamentos sobretudo em 
relação ao desenvolvimento da questão trinitária. Cresce a consciência de que é no seio da 
comunidade mesma que “cremos”,“nós somos a Igreja”. Todas as realizações e formas 
eclesiais têm que ser reconduzidas à «Ecclésia» ao povo de Deus, ressaltando assim a Igreja 
como sujeito histórico que peregrina no mundo. Na realidade concreta com as suas situações 
e preocupações ela deve ser testemunha da reconciliação. Em seu peregrinar a Igreja deve 
recordar sempre a sua dimensão escatológica e assim ser libertada de todo triunfalismo 
 
2 http://www.domhenrique.com.br/index.php/estudos-biblicos/323-a-igreja-nas-sagradas-escrituras-i 
http://www.domhenrique.com.br/index.php/estudos-biblicos/323-a-igreja-nas-sagradas-escrituras-i
 
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(humildade e serviço). Nisto ela encontra seu lugar no caminho da humanidade como 
Sacramento da unidade também diante das outras religiões3. 
 
1.4 Testemunhos neotestamentários para a eclesiologia 
 
 Lex Orandi: 
“Pela palavra do Evangelho do vosso Filho reunistes uma só Igreja de todos os povos, 
línguas e nações. Vivificada pela força do vosso Espírito não deixais, por meio dela, de 
congregar na unidade todos os seres humanos” 
(Oração eucarística VI-A: A igreja a caminho da unidade) 
 
A igreja está inserida no projeto salvífico de Deus, se apresenta na história como 
“comunidade de Salvação” (Ef 1,3-16; 2,18; 3,10; Col 1,15-20.24-29). Sabemos que Jesus 
chamou seus apóstolos como Doze, simbolizando a constituição de um novo Israel – como o 
antigo Israel tinha como fundamento os doze patriarcas: “Depois subiu a montanha, e chamou 
a si os que ele queria, e eles foram até ele. E constituiu Doze (Mc 3,13-14a; cf. At 1,26: Ap 
21,12-14). Dentre os Doze, Jesus escolheu Simão e mudou-lhe o nome: a escolha mostra a 
intenção de Jesus de constituir sua Igreja como organização estável; o nome, mais uma vez 
compara a Igreja ao antigo Israel: Olhai para a rocha da qual fostes talhados; olhai para 
 
3 Cf. LG 13; AG 1,7,9. 
“Em todos os tempos e em toas as nações foi agradável a Deus aquele que O teme e obra justamente 
(cfr. Act. 10,35). Contudo, aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, 
excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e 
O servisse santamente. Escolheu, por isso, a nação israelita para Seu povo. Com ele estabeleceu 
uma aliança; a ele instruiu gradualmente, manifestando-Se a Si mesmo e ao desígnio da própria 
vontade na sua história, e santificando-o para Si. Mas todas estas coisas aconteceram como 
preparação e figura da nova e perfeita Aliança que em Cristo havia de ser estabelecida e da revelação 
mais completa que seria transmitida pelo próprio Verbo de Deus feito carne. Eis que virão dias, diz 
o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança... Porei a 
minha lei nas suas entranhas e a escreverei nos seus corações e serei o seu Deus e eles serão o meu 
povo... Todos me conhecerão desde o mais pequeno ao maior, diz o Senhor (Jer. 31, 31-34). Esta 
nova aliança instituiu-a Cristo, o novo testamento no Seu sangue (cfr. 1 Cor. 11,25), chamando o 
Seu povo de entre os judeus e os gentios, para formar um todo, não segundo a carne mas no Espírito 
e tornar-se o Povo de Deus. Com efeito, os que creem em Cristo, regenerados não pela força de 
germe corruptível mas incorruptível por meio da Palavra de Deus vivo (cfr. 1 Ped. 1,23), não pela 
virtude da carne, mas pela água e pelo Espírito Santo (cfr. Jo. 3, 5-6), são finalmente constituídos 
em «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo conquistado... que outrora não era povo, 
mas agora é povo de Deus» (1 Ped. 2, 9-10)”. (Lumen Gentium, 9) 
 
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Abraão, vosso pai (Is 51,2). Cristo vai “talhar” um novo Israel, que é a Igreja, e Pedro é como 
que um novo Abraão, canteiro donde se tiram pedras vivas. Por isso mesmo Jesus afirma 
claramente que sobre ele edificará a sua Igreja: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre 
esta pedra edificarei minha Igreja” (Mt, 16, 18). Quando Jesus instituiu a eucaristia ordenou a 
sua Igreja que a celebrasse até sua volta (cf. Mc 14,22s; Mt 26,26ss; Lc 22,14; 1Cor 11,23). 
Mateus reúne, no capítulo 18 de seu evangelho, num longo discurso, várias 
determinações de Jesus sobre a Igreja que nasceria de sua Páscoa: quem é o maior (18,1-4); 
o problema do escândalo na comunidade (18,5-11); o dever dos pastores da Igreja de procurar 
os pequeninos que saíram escandalizados (18,12-14); a correção fraterna na Igreja (18,15-
18); a oração em comum na Igreja (18,19-20); o perdão das ofensas na Comunidade eclesial 
(18,21-35). Podemos, então, compreender que toda a ação de Jesus para salvar a 
humanidade, caminhava para a formação da Comunidade messiânica, que é a Igreja: “Jesus 
iria morrer pela nação – e não só pela nação, mas também para congregar na unidade os filhos 
de Deus dispersos” (Jo 11,51s). Compreendemos, também, como no evangelho de João, Jesus 
reza pela Igreja: “Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão 
em mim: a fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles 
estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste (Jo 17,20-22). Finalmente, 
aparece clara, neste contexto, a afirmação de São Paulo: “Cristo amou a Igreja e se entregou 
por ela” (Ef 5,25). 
Na Igreja, nascida do mistério Pascal e manifestada em Pentecostes, se entra pelo 
batismo, onde o crente entra na comunhão com o mistério pascal (Rom 6,4; Ef 5,26); neste 
sentido a eucaristia configura a igreja como corpo único de Cristo (1Cor 10,17). Em Cristo é a 
Igreja é o novo Povo de Deus (Rm 9,25; 1Cor 10,32; 2Cor 6,16; 1Tes 1,1; At 20,28; 1Tim 
3,5.10). As Igrejas locais e particulares são realização da Igreja universal (Rm 16,1.16; 1Cor 
16,19; 1Cor 10,32; 11,22; Gal 1,13). 
O autêntico conceito paulino da «Ecclésia» do Senhor é a de “Corpo de Cristo”, 
entendendo-se como existência terrena de Jesus, a sua presença sacramental no pão e vinho 
da Ceia e a comunhão de vida dos crentes (1Cor 10,16; 12,27). A Igreja está totalmente unida 
e impregnada de Jesus, é Igreja de Cristo (Col 1,18; Ef 3,19, 4,4-16; 5,25). A Igreja é, segundo 
os relatos do Novo Testamento, Templo do Espírito Santo (Rom 8,1.9-11; 12, 11; 15, 16; 1Cor 
6,11; 12,4.11; 2Cor 1,22; Gal 3,1; 1Tes 1,5; Ef 1,13; 1Pe 2,5). Assim, a Igreja em sua realidade 
externa é manifestação do Espírito que a sustenta, ela está ao serviço do anuncio da vontade 
salvífica de Deus (1Tim 2,4; 3,15). Assim o ministério (1Tim 2,7; 3,5; 4,12.16; 5,17; 6,20; 
2Tim 1,11-12; 4,17; Tit 2,7; At 14,23) realiza seu serviço de manter a sã doutrina, mantendo 
a fidelidade às fontes do “depósito da fé”. 
 
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Na eclesiologia de João a Igreja vive o discipulado, unida na fé, no batismo e na 
Eucaristia ao Filho de Deus (Jo 14,23.26; 16,14; 19,34; 1Jo 1,3; 4,13). Participa na comunhão 
da Trindade (17,22, 1Jo 1,3; 4,13-16) na vivência da íntima comunhão com Jesus (10,1-18; 
14,6; 14,16; 1Jo 3,24) até a morte e perseguição (15,16-27). Esta comunidade é universal 
(4,22.42; 10,16). A comunidade visível é sinal da presença da Palavra de Deus feita carne, 
comunidade de vida e amor (1Jo 3,18) que tem como missão conduzir o mundo a Cristo (17,18; 
20,21). Ver a figura de Pedro (21,15-17; 21,19). Em Cristo a Igreja exerce a sua essência e a 
sua missão como povo escolhido (1Pe 2,9) onde cada um ajuda a mutua edificação da Igreja 
(1Pe 4,11.14). A essência da Igreja em seu conjunto se descreve como “sacerdotal” (1Pe 2,9). 
Os presbíteros estão ao serviço da comunidade agindo segundo o modelo de Cristo (1Pe 5,4; 
2,25), do sacerdócio de Cristo eles participam em modo particular. A Igreja é o rebanho do 
Pastor eterno (Heb 8,6; 9,14; 13,20) que caminha ao seu encontro (12, 1-3; 11,40;12,22-24; 
13,14). É a comunidade escatológica que dá testemunho do seu Senhor em meio à perseguição 
(Ap 21,14; 21,22; 22,4). 
 
1.5 A Igreja Apostólica, norma e fundamento da Igreja de todos os tempos4 
Lex Orandi: 
“Fizestes a Santa Igreja qual cidade erguida sobre o alicerce dos apóstolos, tendo o próprio Cristo 
como pedra angular” 
(Do prefácio «O mistério do templo de Deus», para a dedicação de uma Igreja) 
 
Com o último escrito do Novo Testamento (2Pe: escrito no princípio do séc. II) se 
conclui a (hera) Igreja Apostólica, e por tanto o seu valor constitutivo e fundador (DV 4). Esta 
época apostólica que tem como testemunhas “os Apóstolos e os varões apostólicos” (DV 7.18) 
que através dos “autores sagrados” escreveram para que “conhecêssemos a verdade que nos 
ensinaram (Lc 1,2-4, DV 19), formaram o Novo Testamento. 
Esta época se encontra marcada por uma progressiva institucionalização da “koinonia” 
nascente, na qual emerge aos poucos a função dos sucessores dos apóstolos, que garantem 
a fidelidade ao seu ensinamento (Cfr. LG 28). Aparece também Pedro como figura-ponte, que 
é, juntamente com os outros Apóstolos, o garante da Tradição Apostólica (2Pe 1,16; Mt 16,17). 
Assim, “o período próximo às fontes da época apostólica constitui para todos os 
tempos do desenvolvimento da Igreja uma magnitude dogmática relevante e à sua vez 
historicamente delimitável, que enquanto tal segue sendo a única válida, portanto não pode 
 
4 História dos Dogmas III, 2 parte, intr. 
 
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superar-se nem repetir-se” (Cf. H. e K. Rahner). A Igreja Apostólica é o estatuto (normativo) 
pelo qual se deve reger todo o discorrer da Igreja na história, ela está no início, no frescor do 
cristianismo e como tal permanece como período particular da «Ecclésia». 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 1. 
 
 
 
Dica de aprofundamento 
CONCÍLIO VATICANO II; Constituição Dogmática Lumen gentium. Disponível em: 
<http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-
ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html>. Acesso em: 21 dez. 2019. 
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
 
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UNIDADE 2 
ABORDAGEM HISTÓRICA DA REFLEXÃO 
ECLESIOLÓGICA 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: Entender o caminho histórico de sistematização das 
reflexões sobre a Igreja. 
 
 
2.1 O nascimento do tratado “De Ecclesia”: a ênfase “jurídica” e 
“apologética” inicial5 
 
“Os estudos atuais sobre a história da eclesiologia estão de acordo em situar o 
verdadeiro nascimento do tratado “De Ecclesia” na obra de Tiago Viterbo, De regimine 
christiano, publicada em 1301-1302. Com efeito, trata-se de um opúsculo que já pode ser 
considerado um verdadeiro tratado sobre a Igreja, no qual encontramos doutrinas de origem 
agostiniana – por exemplo, a doutrina teocrática – e outras de matriz tomista – por exemplo, 
a ideia do direito natural do Estado – combinadas num esforço conciliador que confere a essa 
obra um aspecto peculiar que permite classificá-la como uma obra de transição. Mas isso não 
significa que essa temática não estivesse presente antes disso, especialmente na eclesiologia 
patrística, nos primórdios da ciência canônica e nas “sumas medievais”. Damos a seguir os 
pontos mais relevantes dessas etapas. 
A eclesiologia patrística – Nos primeiros séculos, a eclesiologia era mais vida e 
consciência do que teologia sistemática. No centro dessa eclesiologia ante litteram está a 
realidade da comunhão entendida como vínculo entre bispos e fiéis, bispos e fiéis entre si, que 
se realiza e se manifesta de forma preeminente na celebração-comunhão eucarística. Essa 
comunhão era percebida como estrutura da Igreja e vivida muito intensamente na experiência 
cotidiana da Igreja, embora não fosse ainda objeto de reflexão sistemática. 
A eclesiologia nos primórdios da ciência canônica (séc. XII) – A ciência 
canônica aparece como disciplina própria no século XII, com Graciano. Muitas questões 
relativas aos sacramentos, ao matrimônio e à ordem pertencem desde então ao direito 
canônico. Este, por sua vez, a partir da reforma gregoriana (último terço do século XI) e das 
disputas entre papado e os reis ou imperadores, começou a elaborar uma eclesiologia dos 
poderes, das prerrogativas e dos direitos da Igreja. Por isso, durante muitos séculos, para 
 
5 http://docplayer.com.br/20354695-Introducao-a-eclesiologia.html 
http://docplayer.com.br/20354695-Introducao-a-eclesiologia.html
 
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tratar de tais questões, os teólogos se documentaram com os canonistas, especialmente com 
as Decretais de Graciano, que lhes forneciam argumentos. Vemos assim que a partir do século 
XI os reinos de Europa se afiançam em torno ao rei e ao imperador, surgindo defensores seja 
do poder régio como do poder papal. Ambas as autoridades se baseavam em ser ministros de 
Deus na terra (justificação teológica). No século XII se introduz os estudos sobre o direito 
romano e no século XIII redescobre-se o tratado sobre Política de Aristóteles, abrindo-se uma 
nova reflexão sobre o Estado e as suas relações com a Igreja. 
A eclesiologia nas “sumas medievais” – Falta às sínteses ou sumas medievais 
um tratado especial de eclesiologia, tanto na corrente franciscana (Alexandre de Hales, 
Boaventura...) como na escola dominicana (Alberto Magno, Tomás de Aquino...). 
 Qual seria o motivo de tal ausência? Observando bem aquela época histórica, podemos 
constatar que a realidade da Igreja penetrava de maneira espontânea a vida e a mensagem 
cristãs, de tal forma que não parecia ser necessária uma reflexão direta sobre si mesma, uma 
vez que toda a reflexão teológica se dava in médio Ecclesiae. O próprio Tomás de Aquino não 
explicitou esse tema, pois a Igreja estava presente e incluída em todas e em cada uma das 
partes de sua teologia como espaço e quadro vital. 
Vemos que a partir do século XIV os tratados sobre a Igreja (“De potestate papae” e 
”De potestate ecclesiastica”) têm como objetivo defender a autoridade do Papa. A Igreja se 
concebe como uma sociedade visível e organizada, respondendo às disputas entre papas e 
reis. Esta orientação marcará a eclesiologia até o umbral do CV II. 
Com a Contrareforma, a eclesiologia é compreendida como apologética (dar resposta 
à questão da verdadeira Igreja por oposição aos reformadores. O papado garantia a certeza 
de onde estava a verdadeira Igreja. Acentuam-se os direitos soberanos do Papa, confirmando 
a sua supremacia sobra a Igreja e o seu isolamento do corpo dos bispos. Podemos destacar 
neste período Roberto Belarmino (1542-1621) como modelo e pioneiro do tratado apologético 
sobre a Igreja “De controversiis” (1586-1593) com mais de trinta edições. Centra-se na Igreja 
como sociedade. 
Os tratados apologéticos dominam desde o século XVI até o Vaticano I: O problema 
da demonstração científica da verdade da Igreja católica, ou seja, a verificação de que o 
cristianismo romano está em continuidade total com as intenções e a obra de Jesus Cristo, 
fundador da Igreja, foi uma questão que se pôs desde o início, quando apareceram os 
primeiros cismas. Mas o capítulo da eclesiologia apologética clássica que se designa como 
demonstratio catholica é uma criação moderna: de fato, nem as heresias da antiguidade nem 
a separação entre o Oriente e o Ocidente cristãos ocorrida na Idade Média haviam provocado 
a crise religiosa que se verificou no século XVI, na qual se confrontaram diversas comunhões 
rivais que pretendiam ser as verdadeirasherdeiras de Cristo: catolicismo, anglicanismo e 
 
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protestantismo de vários tipos. O tratado De vera Ecclesia, não obstante certas antecipações 
como a de Tiago de Viterbo, a que já nos referimos, só é elaborado no século XVI e se 
consolida, se desenvolve e se transforma incessantemente por diversos séculos até ser 
relançado no Concílio Vaticano I (em 1870). 
Três são as formas tradicionais dessa eclesiologia configurada em três vias: 
 A via histórica, que, por intermédio do exame dos documentos antigos, procura 
mostrar que a Igreja católica romana é a Igreja cristã de sempre, que aparece na 
história como uma sociedade una, visível, permanente e hierarquicamente 
organizada. 
 A via notarum, que se desenvolve seguindo este silogismo: Jesus Cristo dotou a 
sua Igreja de quatro notas distintivas: a unidade, a santidade, a catolicidade e a 
apostolicidade: ora, a Igreja católica romana é a única a possuir essas quatro notas, 
portanto, é a verdadeira Igreja de Cristo, ficando assim excluídas as demais confissões 
cristãs, como o luteranismo, o calvinismo, o anglicanismo e a ortodoxia, por não as 
possuírem. 
 A terceira, finalmente, é a via empírica, adotada pelo Concílio Vaticano I, graças 
ao seu promotor, o cardeal Dechamps, que segue um método mais simples: abandona 
toda e qualquer comparação entre a Igreja romana e a antiguidade, para evitar as 
dificuldades suscitadas pela interpretação dos documentos históricos, como também 
a verificação concreta das notas, e avalia a Igreja em si mesma como milagre moral, 
que é como o sinal divino que confirma sua transcendência. Destas três vias, a via 
notarum foi a mais utilizada nos tratados eclesiológicos. 
A perspectiva eclesiológica do Concílio Vaticano I: A contribuição eclesiológica mais 
significativa desse concílio é sem dúvida aquilo que se refere à infalibilidade pontifícia na 
constituição dogmática Pastor Aeternus. Nela, o primado papal é vinculado à Igreja e tem 
como finalidade a preservação da unidade dessa mesma Igreja mediante a unidade do 
episcopado. O primado é primazia de jurisdição (DS 3053-3055), confiado a Pedro, como poder 
episcopal, ordinário e imediato, que se exercita sobre pastores e fiéis em matéria de fé e de 
costumes (DS 3061-3062). Essa infalibilidade é apresentada como fruto do carisma dado a 
Pedro e aos seus sucessores (DS 3071) e é assegurada ao papa enquanto sucessor de Pedro, 
em condições precisas e delimitadas na definição (DS 3074). Além da questão decisiva que se 
refere à infalibilidade, o Vaticano I elaborou um projeto de constituição dogmática intitulado 
De Ecclesia Christi, que, embora tenha sido amplamente discutido na sessão conciliar e 
retocado por meio de uma discussão posterior, não foi levado a termo, por causa da 
interrupção do concílio. Notemos que tanto o projeto de constituição, bem como sua segunda 
 
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versão refeita pelo teólogo P. Kleutgen, dedicava diversos capítulos à Igreja antes de começar 
a tratar do papa, o que demonstra que a eclesiologia católica não se restringia ao pontífice. 
2.2 Abordagem “sacramental” e “mistérica” da Igreja 
A fonte de uma visão mais sacramental da Igreja a encontramos na escritura e na 
patrística. É Ignácio de Antioquia o testemunho patrístico mais antigo que contém uma visão 
eclesiológica. Contempla a Igreja como a grande unidade que formam os santos, em cujo ápice 
está o bispo, os presbíteros e os diáconos. 
Para Agostinho a validez da função visível depende da situação espiritual pessoal, por 
isso a existência da igreja invisível (Cf. LG 14). Na patrística a Igreja é concebida como “Mãe”: 
portadora da salvação e geradora do homem novo mediante a Palavra e a celebração dos 
sacramentos/fraternidade e congregação (Cipriano). A Igreja é Santa (Ecclesia de Trinitate) e 
formada por homens (Ecclesia ex hominibus). 
Entrando no século XX se dá uma recuperação dogmática e mistérica da eclesiologia: 
“Corpo místico de Cristo” (Cfr. Mystici Corporis, Pio XII, 1943 com seu enraizamento bíblico-
paulino; “Povo de Deus” (não identificação da Igreja com a hierarquia, radical igualdade de 
todos os batizados e o caráter histórico escatológico da Igreja); 
A visão da Igreja como “Sacramento” (“mysterium-sacramentum”), ressalta a união 
da dimensão humana e divina da Igreja, superando a mera visibilidade; instrumento eficaz e 
signo manifestativo. 
 
 
 
2.3 Concílio Vaticano II: eclesiologia sacramental de comunhão 
 
Pela primeira vez na sua história secular, a Igreja deu uma definição de si mesma na 
constituição dogmática Lumen gentium e em outras constituições, decretos ou declarações do 
Concílio Vaticano II. Essa definição se caracteriza pela própria estrutura da Lumen Gentium 
(LG), evidente sobretudo nos seus dois primeiros capítulos: cap. I: “O mistério da Igreja”; cap. 
II: “O povo de Deus”; cap. III: “A constituição hierárquica da Igreja e de modo especial do 
episcopado”; cap. IV: “Os leigos”; cap. V: “Vocação universal para a santidade na Igreja”; cap. 
VI: “Os religiosos”; cap. VII: “Índole escatológica da Igreja peregrina e sua união com a Igreja 
celeste”; cap. VIII: “A Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus no mistério de Cristo e da 
Igreja”. Além disso, encontram-se muitos elementos de eclesiologia em outros documentos 
conciliares, como as outras três constituições: sobre a liturgia (Sacrosanctum Concilium), sobre 
a revelação (Dei Verbum), sobre a Igreja no mundo (Gaudium et spes); assim como nos 
decretos: sobre a atividade missionária na Igreja (Ad gentes), sobre o ministério dos bispos 
 
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(Christus Dominus), sobre o ministério dos presbíteros (Presbyterorum ordinis), sobre o 
apostolado dos leigos (Apostolicam actuositatem), sobre o ecumenismo (Unitatis 
redintegratio). 
Em todos esses documentos observa-se uma mudança decisiva na perspectiva sobre 
a Igreja: privilegia-se o seu caráter de mistério e, portanto, de objeto de fé, e ela não mais é 
apresentada diretamente como motivo de credibilidade, como acontecia no Vaticano I. Passa-
se, com efeito, de uma concepção que via a Igreja principalmente como “societas”, e que teve 
reflexos muito fortes no Vaticano I e nos tratados eclesiológicos subsequentes, a uma 
concepção mais bíblica, com uma raiz litúrgica, atenta a uma visão missionária, ecumênica e 
histórica, em que a Igreja é descrita como sacramentum salutis (LG 1,9,48,59; SC 5,26; GS 
42,45; AG 1,5) fórmula que é a base das afirmações do Vaticano II. 
Juntamente com essa reflexão, pouco a pouco se ressaltou que a visão eclesiológica 
do Vaticano II comporta um conceito renovado de “communio” (Comunhão) (LG 4,8,13-
15,18,21,24s; DV 10; GS 32; UR 2-4,14s., 17-19,22). Esta tem um significado básico de 
comunhão com Deus, da qual se participa por meio da Palavra e dos Sacramentos, que leva à 
unidade dos cristãos entre si e que se realiza concretamente na comunhão das Igrejas locais 
em comunhão hierárquica com aquele que, como bispo de Roma, “preside na caridade” a 
Igreja católica (cf. LG 13). Com razão afirmou o sínodo extraordinário de 1985: “A eclesiologia 
de comunhão é a ideia central-fundamental nos documentos do concílio” (C.1, EV 9, 1800). 
A Igreja (LG), sob a Palavra de Deus (DV), celebra os mistérios de Cristo (SC) para a 
salvação do mundo (GS). Assim, o Sínodo realizado em 1985 em Roma sobre o Vaticano II 
apresenta os elementos essenciais das quatro constituições conciliares que tem como sujeito 
a Igreja: opção por uma Igreja de comunhão (LG); primazia da Palavra de Deus na vida da 
Igreja (DV); centralidade da liturgia e da Eucaristia (SC); diálogo amistoso com o mundo 
contemporâneo (LG). 
A Igreja como mistério (LG I) é “ em Cristo como o sacramento ou sinal e instrumento 
da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (LG 1; 10 vezessacramento: 1.9.48.59; SC 5.26; GS 42.45; AG 1.5). 
A reflexão antecedente ao Vaticano II se pode resumir em dois aspectos: superar o 
pensamento que põe a Igreja em paralelo com as sociedades cíveis, para reinseri-la no evento 
salvífico (será o mistério da Igreja o que abre o horizonte e o sentido da missão) e deixar de 
girar em torno à hierarquia para reencontrar-se como comunhão de todos os batizados (dons, 
carismas, ministérios). 
O marco eclesiológico que se foi perfilando, superando a inércia do passado 
(eclesiocentrismo - societário; hierarcológico - jurídico; centralista – piramidal; triunfalista – 
autossuficiente; domínio – superioridade), apresentou as seguintes coordenadas: 
 
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• Igreja no mistério salvífico trinitário (profunda raiz mistérica). 
• Categoria bíblica de “povo de Deus”, afirmando a igualdade fundamental de todos 
os batizados e o chamado universal à salvação. 
• Reconhecimento do papel das igrejas particulares e a colegialidade episcopal. 
• Recuperação da história e escatologia, pondo de manifesto o caráter peregrino da 
Igreja. 
• Diálogo com realidades à margem da Igreja visível. 
Não obstante tudo, a reflexão eclesiológica hoje encontra dificuldades em torno à 
interpretação da eclesiologia do Concílio Vaticano II: nos textos aparecem diferentes 
tendências sem uma integração plena e a emergência de novos desafios aos que se tem que 
dar uma resposta desde as opções do Concílio. 
Hoje, a definição de igreja, a partir das diversas imagens que oferece o Concílio, 
contempla: articulação das igrejas particulares na Igreja Católica; colegialidade dos bispos; 
identidade do leigo a sua participação na vida eclesial; atitude ante o mundo e sinais dos 
tempos; desenvolvimento bíblico, relação com Jesus e eclesiologia do Novo Testamento; 
redescobrimento da tradição patrística; novas experiências eclesiais; novos modos de 
presença, urgência da evangelização. 
«A pessoa humana tem uma inata e estrutural dimensão social» e «a primeira e 
originária expressão da dimensão social da pessoa é o casal e a família6», podemos dizer que 
a dimensão eclesial responde a esta dinâmica relacional crescente, que de um pequeno núcleo 
(familiar), se abre até a dimensão de pertença a um Povo, que se constitui como família de 
Deus. 
 
2.4 Visão geral da Constituição Dogmática Lumen Gentium (LG)7 
CAP. I: O MISTÉRIO DA IGREJA - A Igreja de Cristo sacramento da unidade dos 
homens em Deus, é um Mistério sobrenatural: nela se atua um desígnio do Pai celeste, que é 
o de convocar os homens para uma grande comunidade de irmãos do Cristo Jesus. Prenunciada 
desde o princípio do mundo, ela foi concretizada pela ação redentora do Espírito Santo, desde 
Pentecostes. 
Sendo uma presença germinal do Reino de Deus no mundo e na História, constitui o 
Corpo Místico de Cristo, onde a humanidade é vivificada sobrenaturalmente. Ao mesmo tempo 
que realidade espiritual e mística, é também possuidora de uma estrutura visível e hierárquica, 
 
6 João Paulo II, Exortação Apostólica Pós-sinodal Christi fideles laicis 40, 30 de Dezembro de 1988. 
7 Cf. http://docplayer.com.br/20354695-Introducao-a-eclesiologia.html 
http://docplayer.com.br/20354695-Introducao-a-eclesiologia.html
 
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que subsiste na Igreja católica, apostólica, romana. Peregrinando na História até o dia de sua 
consumação, é chamada a prolongar a imagem e a missão do Cristo Servidor e Redentor. 
CAP. II: O POVO DE DEUS - Enquanto Povo de Deus no Cristo Jesus, a Igreja consta 
dos homens que creem em Cristo e exprimem no Batismo sua adesão a ele. Todos os fiéis 
participam do sacerdócio, do profetismo e da realeza do Cristo Jesus. 
Destinando-se a abrigar o inteiro e variegado gênero humano, o Povo de Deus tem, 
plenamente incorporados a si, os fiéis católicos (e em desejo os catecúmenos) quando, além 
dos sinais da fé (e comunhão eclesiástica), possuem o Espírito Santo. Os cristãos não católicos 
estão imperfeitamente incorporados, do ponto de vista dos sinais da fé. Os não cristãos estão 
ordenados, por diversas razões, ao mesmo Povo de Deus. Sendo do desígnio divino que todos 
os homens se incorporem perfeitamente ao Povo de Deus em marcha, compete à Igreja 
Católica uma tarefa essencialmente missionária de atração dos homens à plenitude dos sinais 
da fé. 
CAP. III: CONSTITUIÇÃO HIERÁRQUICA 
DA IGREJA8 - Cristo instituiu a Igreja visível ornada 
de ministérios. Instituiu sobretudo o Colégio 
Apostólico (sob Pedro), que se prolonga, de certo 
modo, no Colégio dos Bispos (sob o Papa). O 
Episcopado é conferido através de um sacramento, 
o qual não é outro senão a plenitude do sacramento 
da Ordem. 
Fonte: http://migre.me/vM8EA 
O Colégio Episcopal, unido ao Papa, seu Chefe, goza, como ele sozinho, de um poder 
supremo e pleno sobre a Igreja, o qual é exercido principalmente nos Concílios Ecumênicos. 
Cada Bispo, singularmente, só preside a uma Igreja particular, mas deve ter solicitude pelos 
interesses de toda a Igreja. Em seu ministério, devem e podem os Bispos ensinar, santificar e 
pastorear. Cooperadores da Ordem episcopal são os Presbíteros, que embora não possuam o 
ápice do pontificado, participam da mesma dignidade sacerdotal. No grau inferior da Hierarquia 
estão os Diáconos, servem ao Povo de Deus na liturgia, na pregação e na ação caritativa. 
CAP. IV: OS LEIGOS - Os fiéis que vivem no mundo, sem serem clérigos nem 
religiosos, são os leigos. Cabe-lhes realizar um apostolado não só de participação na 
 
8 O Capítulo sobre a Hierarquia é posterior ao Capítulo sobre o “Povo de Deus”. Se coloca “antes” aquilo que é 
comum a todos para posteriormente colocar os carismas e os lugares específicos dentro deste corpo. 
 
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evangelização dos homens, mas também de instauração cristã da vida temporal. Obedecem e 
colaboram com os pastores, dentro da obra comum que empreendem. 
CAP. V: A VOCAÇÃO UNIVERSAL À SANTIDADE - Todos na Igreja são chamados à 
santidade, a qual, porém, há de se desenvolver segundo modalidades diferentes, conforme os 
diferentes carismas, encargos, estados de vida. – A santidade consiste essencialmente na 
perfeição da caridade e tem à disposição muitos meios sobrenaturais, na Igreja. 
CAP. VI: OS RELIGIOSOS - Os cristãos que abraçam estavelmente os conselhos 
evangélicos da castidade, pobreza e obediência, chamam-se religiosos. Querem colher 
abundantes frutos da graça batismal e devotar-se ao bem da Igreja. Sua existência é feita para 
manifestar de modo especial a figura de Cristo e a ação do Espírito Santo, e para preludiar 
uma visão da escatologia. 
CAP. VII: ÍNDOLE ESCATOLÓGICA DA IGREJA PEREGRINANTE E SUA UNIÃO COM A 
IGREJA CELESTE - A Igreja, na terra, está ainda em caminho, não atingiu sua perfeição. Desde 
já, porém, comunga com os fiéis da Igreja celeste, aos quais venera como exemplares e 
amigos; e também com os defuntos que morreram em Cristo, e ainda necessitam de sufrágios. 
CAP. VIII: A BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA, MÃE DE DEUS, NO MISTÉRIO DE 
CRISTO E DA IGREJA - A Virgem Maria está no âmago do Mistério de Cristo e da Igreja, pois 
Deus quis que Cristo, Cabeça da Igreja, nascesse de suas entranhas. 
Prenunciada no Antigo Testamento, a Virgem é apresentada, no Novo, como aquela 
que aceitou ser cooperadora do desígnio divino da Redenção, e como a perene associada de 
todo o itinerário de Jesus Cristo. Por isso é venerada como a Mãe dos fiéis, na ordem da graça, 
experimentando a Igreja sua contínua intercessão materna. Maria deve ser dita ainda, por todo 
o mistério que nela se realizou, e por sua vida evangélica, o “tipo” da Igreja e o exemplar dos 
fiéis. À Maria se deve um culto especial, embora essencialmente distinto da adoraçãoque se 
presta a Deus e a Cristo. Nela a Igreja vê sempre seu ideal de esperança e conforto. 
 
2.5 Reflexões eclesiológicas a partir de Aparecida9 
Numa perspectiva de uma “eclesiologia de contexto”, chegamos a peculiar 
contribuição das reflexões da Igreja presente na América Latina, que se a V Conferência de 
Aparecida é um momento eclesial marcante no caminhar da Igreja na América Latina no 
horizonte do eixo Medellín-Puebla-Santo Domingo, por serem estas as três Conferências do 
 
9 As reflexões aqui contidas estão presentes neste link:https: //ccaliman.wordpress.com/2010/11/03/a-
eclesiologia-de-aparecida/ 
http://ccaliman.wordpress.com/2010/11/03/a-eclesiologia-de-aparecida/
http://ccaliman.wordpress.com/2010/11/03/a-eclesiologia-de-aparecida/
 
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Celam que marcaram o período pós-conciliar na tentativa de aplicar a renovação proposta pelo 
Concílio Vaticano II no contexto eclesial latino-americano. 
A V Conferência Geral tinha como objetivo “assegurar o rosto latino-americano e 
caribenho de nossa Igreja”, ou seja, dar continuidade à construção da nova consciência eclesial 
que vem desde o Concílio Vaticano II e se expressa nas Conferências de Medellín (1968), 
Puebla (1979) e Santo Domingo (1992). Seguindo o Concílio, a Igreja na América Latina e 
Caribe valorizou a Igreja local, sua originalidade, como sujeito da missão; e dentro da Igreja 
local, valorizou a figura do bispo e a variedade de ministérios e serviços (…) No início do séc. 
XXI somos convidados a discernir os “sinais dos tempos” nas mudanças de “alcance global” 
que afetam os indivíduos, sua subjetividade, sua compreensão do tempo e do espaço, seus 
desejos e demandas (…) Concretamente, o que mais se torna evidente no tempo que nos é 
dado viver é o impacto do pluralismo cultural e religioso, da sociedade da informação e da 
comunicação planetária. Essas mudanças de alcance global sinalizam para um fato eclesial 
novo: primeiro, no Documento de Aparecida (DA) os bispos tomam consciência do fim da “era 
constantiniana”, regida pela unanimidade católica; segundo, que essa passagem põe em crise 
o paradigma tradicional da transmissão da fé, que pressupunha a posse tranquila do espaço 
cultural, assegurando a socialização primária da fé eclesial. 
Resta-nos agora o desafio de buscar uma compreensão de Igreja em conformidade 
com as grandes intuições do Vaticano II, mas com o olhar voltado para o futuro. Afirma o DA: 
“Aqui está o desafio fundamental (…) mostrar a capacidade da Igreja de promover e formar 
discípulos que respondam à vocação recebida e comuniquem em todas as partes (…) o dom 
do encontro com Jesus Cristo” para o novo momento histórico (14). 
Tentemos agora captar os elementos que o DA nos oferece para construir, de forma 
coerente com a intenção da V Conferência, uma compreensão da Igreja que nos ajude a 
assimilar tanto a herança conciliar e pós-conciliar quanto os impulsos eclesiológicos do 
momento atual. Seguindo as indicações gerais do DA, organizamos nossa reflexão ao redor de 
três pontos: 1) Igreja discípula; 2) Igreja missionária; 3) Igreja servidora. 
 
2.5.1 Igreja discípula 
 
A Igreja, povo de Deus e comunidade dos fiéis, começa pelo anúncio da Palavra da 
vida. Por isso, a atitude fundamental da comunidade de Jesus é de ouvir essa Palavra que vem 
do Pai. É dele que nós aprendemos. Somos Igreja discente, sempre pendente do que Deus 
nos fala pelo seu Filho. A categoria do seguimento adquire, pois, fundamental importância para 
configurar o discípulo ao mestre. O seguimento partilhado nos faz Igreja, comunidade viva dos 
discípulos de Jesus Cristo pelos tempos afora. A fé em Jesus Cristo nos chega “através da 
 
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comunidade eclesial”. Este “estar com Jesus” como experiência eclesial da fé, como encontro 
pessoal com Jesus Cristo, nos constitui comunidade de discípulos corresponsáveis e 
participantes na vida que ele nos dispensa: na vida da comunidade, nos seus projetos e planos 
(cf. 371, 213) e, consequentemente, de forma constitutiva, na vida da Igreja discípula, na 
missão de Jesus. 
 
2.5.2 Igreja missionária 
 
A ênfase na missão mostra a nova consciência do Episcopado continental: a “era 
constantiniana” chegou ao fim. Com o advento da sociedade moderna pluralista, secular e 
fragmentada, a pastoral de conservação já não é mais suficiente. A Igreja tem que dirigir a 
sua atenção para a nova realidade em que está inserida e passar para uma pastoral 
missionária. É o que afirma o DA: “a conversão pastoral de nossas comunidades exige que se 
vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária”. 
Uma pastoral missionária deve estar orientada pela perspectiva do Reino de Deus. 
Essa compreensão vem desde Israel histórico. Ele recebe a missão de Javé para ser “luz para 
as nações”. Não pode fechar-se sobre si mesmo. Ele deve ter seu olhar dirigido ao seu destino 
escatológico. Assim também a Igreja. Para ser “luz para as nações” a “Igreja peregrina” deve 
perceber de onde lhe chega essa luz, tomar consciência de sua índole escatológica. Habitada 
pelo Espírito, ela é “sacramento universal da salvação” (LG 48). “A Igreja peregrina é 
missionária por natureza, porque tem sua origem na missão do Filho e do Espírito Santo, 
segundo o desígnio do Pai” (AG 2, citado no DA 347). “Por isso o impulso missionário é fruto 
necessário à vida que a Trindade comunica aos discípulos”. A decorrência clara desse 
enraizamento trinitário é a índole missionária do discípulo. Por isso, todos os batizados somos 
chamados a “recomeçar a partir de Cristo”, missionário do Pai. 
 
2.5.3 Igreja servidora 
 
A terceira parte do DA vem na perspectiva do Reino. Aí encontramos, em diferentes 
pontos, acenos sugestivos para a nossa compreensão de Igreja. Ela é apresentada como 
“seguidora de Cristo e servidora da humanidade”; como “Igreja samaritana”. Citando o Papa, 
prossegue: “A evangelização vai unida sempre à promoção humana e à autêntica libertação”. 
Num Continente chamado de “Continente da esperança” (e agora também “do amor”, cf. 64, 
127s, 522, 537, 543), “as condições de vida de muitos abandonados, excluídos e ignorados 
em sua miséria e sua dor, contradizem este projeto do Pai e desafiam os cristãos a um maior 
 
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compromisso a favor da cultura da vida. O Reino da vida que Cristo veio trazer é incompatível 
com essas situações desumanas”. 
Na Igreja deve ressoar o programa de Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, 
porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a remissão aos 
presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos, e para 
proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4, 18s). Isso significa que o anúncio do Reino não 
se faz por mera proclamação, mas com a prática de vida. Por isso, “a Igreja deve estar a 
serviço de todos os seres humanos, filhos e filhas de Deus”. 
A Igreja servidora, por fim, tem a certeza de que não está sozinha. Jesus lhe “oferece 
um alimento para o caminho. A Eucaristia é o centro vital do universo, capaz de saciar a fome 
de vida e felicidade”. E mais adiante o texto prossegue: “abramos os olhos para reconhecê-lo 
e servi-lo nos pobres”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 2 e a 
Atividade 2.1. 
 
 
 
Dica de aprofundamento 
KOLLING, João Inácio. Eclesiologia. Disponível em: 
<file:http://padrejoaoinacio.blogspot.com.br/2013/10/eclesiologia.html>. Acesso em: 21 
dez. 2019. 
http://padrejoaoinacio.blogspot.com.br/2013/10/eclesiologia.html
 
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UNIDADE 3 
ECLESIOLOGIA: ABORDAGEM SISTEMÁTICA 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: Estudar sistematicamente os principais temas eclesiológicos 
na perspectiva doConcílio Vaticano II tendo em vista o conjunto da Tradição eclesial de 
matriz Católica (Romana). 
 
3.1 A Igreja como tema da confissão de fé 
 
Lex Orandi: 
“Creio na Igreja, uma, santa, católica e apostólica” (Símbolo Niceno-constantinopolitano) 
“Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Católica” (Símbolo apostólico) 
 
A parte sistemática do nosso estudo centra-se na origem, a natureza, a constituição 
e a missão da Igreja, como povo nascido da aliança com Deus. O termo grego “ekklesía”, do 
qual deriva o termo ecclesia, de que provém igreja, na Septuaginta traduz sempre a expressão 
qahal, que significa “aviso de convocação” e “assembleia reunida”. Esse termo foi introduzido 
na época do Deuteronômio, por volta do século VII a.C., com uma fórmula significativa: “O dia 
da assembleia” (Dt 4,10; 9,10; 18,16), que Moisés pronuncia como lembrança do dia em que 
o Senhor lhe ordenara que convocasse o povo em assembleia (qahal = ’ekklesía) para a 
celebração da aliança. Essa assembleia, além disso, aparece com o determinativo Kuríou (Dt 
23,1-8). É nessa linha que se encontra no discurso de Estevão em At 7,38 para indicar a 
assembleia do Sinai. No Novo Testamento, a frequência do termo igreja se tornará progressiva, 
pelo uso evangélico exclusivo presente em Mt 16,18; 18,17, até as mais de cem vezes – 144 
exatamente – em que é utilizada no restante do Novo Testamento (PIÉ-NINOT, 1998, p. 27). 
Ora, o termo grego “ekklesía” pode ser entendido tanto em sentido ativo como em 
sentido passivo, como prova a sua dupla tradução: de um lado, a igreja como convocação e, 
de outro, como congregação. Ambas as definições se encontram amplamente na patrística, e 
Santo Isidoro de Sevilha as tornou clássicas no Ocidente com esta formulação: Ecclesia 
convocans et congregans – convocação divina –, Ecclesia convocata et congregata – 
comunidade dos convocados (Etym. 8,1); S. Beda, jogando com o seu duplo significado, diz: 
“A Igreja gera constantemente a Igreja” (Expl. Ap I,2) e S. Cipriano distingue entre a Igreja 
“mãe” e a Igreja “fraternidade” (Ep. 46,2). Amba as dimensões se complementam para 
descrever aquilo que a Igreja é como “uma realidade complexa e análoga ao mistério do Verbo 
encarnado” (cf. LG 8). A Ecclesia de Trinitate (cf. LG 4), cuja missão ministerial tem origem na 
mesma Trindade, é ao mesmo tempo e sob outro aspecto Ecclesia ex hominibus, como “Igreja 
terrena” que entra na história dos homens (cf. LG 8,9). A Igreja, nessa perspectiva, é ao 
 
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mesmo tempo um ovil e um rebanho, é mãe e povo, é materno e fraternidade reunida. 
Parafraseando diversas citações patrísticas, pode-se falar, no primeiro sentido, da Ecclesia 
mater congregans; no segundo, da Ecclesia fraternitas congregata. 
O Vaticano II dá uma resposta à pergunta sobre se existe uma definição de Igreja 
quando, no cap. I da LG, afirma que ela é um mistério. Com efeito, mais do que definida, a 
Igreja pode ser apenas descrita, como lembrou o sínodo dos Bispos em Roma (1985), depois 
de haver enunciado a importância da Igreja sacramento e comunhão: “O Concílio descreveu 
de diversos modos a Igreja como povo de Deus, corpo de Cristo, esposa de Cristo, templo do 
Espírito Santo, família de Deus. Essas descrições se completam mutuamente e devem ser 
compreendidas à luz do mistério de Cristo e da Igreja em Cristo”10. 
Na nova aliança a Igreja é o povo de Deus, corpo de Cristo (1Cor 12,27, Rm 12,14, 
Ef 1,23; 4,15; 5,23; Col 1,18); templo do Espírito Santo (1Cor 3,16; Rm 5,5; Gál 4,6; Jo 16,13; 
Ap 22,17). A essência da Igreja está definida pela sua missão de ser em Cristo o sacramento 
da salvação (LG 1). 
O mistério da Igreja apresenta várias dimensões: a) sua origem na auto-comunicação 
do Deus trino (histórico - salvífica); b) comunidade empiricamente perceptível com uma missão 
divina, fundamentada na obra salvífica de Cristo (missionária); c) guiada pelo Espírito Santo 
(pneumatológica); d) vive no mundo, mas “não é do mundo”, pois aponta para a vida em Deus 
(Escatológica). 
Na confissão da fé a igreja aparece como sujeito da fé “Creio/cremos”; conteúdo 
da fé em Deus e na sua ação salvífica “... e na Igreja que é una, santa…” (DH 1-76; 1-40; 
86,150). A igreja não crê em si mesma. Crê em Deus, e se entende na fé como fruto da 
vontade salvífica de Deus que age na história. No símbolo de fé a comunidade confessa a sua 
fé na igreja, mas no seio de uma história salvífica cujo protagonista radical é último é Deus 
que se revela. Aceita a igreja como objeto da fé na medida em que o ato de crer se remete 
inteiramente ao destinatário supremo do ato de crer. 
Podemos falar que o ato de crer possui duas dimensões: pessoal e eclesial. “As 
Escrituras mostram que a dimensão pessoal da fé se integra na dimensão eclesial; se encontra 
tanto o singular quanto o plural da primeira pessoa: “Nós acreditamos” (Gl 2,16), e “Eu 
acredito” (cf. Gl 2,19-20). Em suas cartas, Paulo reconhece a fé dos cristãos como uma 
realidade ao mesmo tempo pessoal e eclesial. Ele ensina que qualquer pessoa que confessa 
que “Jesus é o Senhor” está inspirada pelo Espírito Santo (1Cor 12,3). O Espírito incorpora 
todos os fiéis no Corpo de Cristo e lhe dá um papel especial na construção da Igreja (1Cor 
 
10 Cf. http://docplayer.com.br/20354695-Introducao-a-eclesiologia.html 
http://docplayer.com.br/20354695-Introducao-a-eclesiologia.html
 
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12,4-27). Na carta aos Efésios, a confissão de um só e único Deus está ligada à realidade de 
uma vida de fé na Igreja: “Há um só Corpo e um só Espírito, assim como é uma só a esperança 
da vocação a que fostes chamados; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; há um só 
Deus e Pai de todos, que está acima de todos, por meio de todos e em todos” (Ef 4,4-6)”11. 
No símbolo da fé a igreja aparece como a primeira das obras do Espírito. Assim, o 
pressuposto da eclesiologia não pode ser outro que a ação salvífica do Deus trinitário. E é isto 
o que designamos como “Mistério”. De fato, o Concílio Vaticano II (LG e GS) situa a igreja no 
mistério de Deus. Esta categoria permite dar coesão às distintas imagens, definições e 
dimensões da igreja. 
Mistério designa a vontade positiva de Deus de conduzir na história um desígnio de 
salvação. Tem a sua origem na vontade de Deus, escapando ao controle humano, mas 
desvelando-se revela toda a sua glória. E justamente na história humana cheia de decepções, 
o mistério pode-se converter em categoria soteriológica e em garantia da fidelidade inesgotável 
de Deus que age em favor dos homens, não obstante o pecado e o drama da liberdade humana 
(Cf. Gn 3,15; Ap 21, 1-4). 
Para a literatura paulina o mistério designa os segredos de Deus em quanto se fazem 
presentes na história e são perceptíveis (Rom 16,25-26; 1Cor 2,6), se realiza em Jesus Cristo 
(Col 4,3; Ef 6, 19; 1Tim 3,9.16; 1Cor 1,23), também com conotações cósmicas e universais (Ef 
1,9-10; 3,1-12). A igreja, portanto, faz parte do mistério de Deus, no seu projeto de restaurar 
todas as coisas em Cristo. A igreja só pode ser compreendida dentro do dinamismo do amor 
trinitário. 
O símbolo Apostólico (S. III) diz: “Creio no Espírito Santo, a santa Igreja católica... 
(sem “eis” ou “in”), com a qual se inicia cada um dos artigos do Símbolo (Pai, Filho e Espírito 
Santo). Assim, a Igreja não se apresenta como objeto de fé. Se crê no Deus trino “na” Igreja 
(eclesialmente). (CIC 749) 
A Igreja não é nem objeto, nem término, nem conteúdo da fé, senão uma dimensão 
intrínseca da fé. “Crer na Igreja” significa a modalidade sacramental característica da profissão 
da fé cristã que se expressa no crer eclesial-mente. 
Ao contrário no credo niceno-constantinopolitano (tradição oriental), no original grego 
usa-se a partícula “eis” (que indica o objeto compreendido no ato de crer).Crer na Igreja, diz 
uma fé orientada a Deus em quanto Ele está presente e atuante na sua Igreja por meio do 
Espírito de Cristo. 
 
11 http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_cti_20140610_sensus-
fidei_po.html 
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_cti_20140610_sensus-fidei_po.html
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_cti_20140610_sensus-fidei_po.html
 
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3.2 A Igreja radicada em Jesus: Sacramento de Comunhão 
 
Lex Orandi: 
“Senhor Pai Santo, o vosso Filho, nascido da Virgem Maria, foi anunciado pelo 
Profeta qual pedra talhada do monte, sem mão de homem, e o apóstolo o 
designou imutável fundamento; abençoai esta primeira pedra aqui posta em seu 
nome. Concedei que o vosso Filho, a quem estabelecestes princípio e fim de todas 
as coisas, seja o início, o incremento e o termo desta obra” (Bênção e colocação 
da primeira pedra, Rito da colocação da pedra fundamental, IV parte) 
 
A vinculação da Igreja com Jesus é decisiva para a eclesiologia, o contrário seria negar 
a ação e presença de Jesus na Igreja mesma. Esta convicção entrou em crise nos últimos 
tempos: “Jesus anunciou o Reino de Deus e o que resultou foi a Igreja” (A. Loisy). A teologia 
católica afirma a fundação da Igreja por Jesus, mas o que quer dizer? Não se pode afirmar um 
ato formal e explícito de Jesus mediante o qual a Igreja fosse constituída nas suas estruturas 
e rasgos fundamentais; reconhece-se também a importância da páscoa e a importância do 
acontecimento Cristo para a sua compreensão. 
Visão de alguns teólogos: 
• A Igreja era prevista já a partir do Cristo pré-pascal (Congar; Ratzinger; Auer); 
• Foi fundada no acontecimento Cristo, pôs os fundamentos para a aparição da Igreja 
pós-pascal (Hoffmann; Küng; Boff); 
• Nasceu da dinâmica iniciada por Jesus, se bem que ele não pretendia uma nova 
entidade (Lohfink; Kern). 
A posição católica pode estruturar-se sinteticamente assim: a) a existência na intenção 
e na atuação de Jesus de atos que assinalam um objetivo radicado já na autoconsciência de 
Jesus; b) existe uma continuidade histórica entre a Igreja em Pentecostes, a comunidade no 
cenáculo de Jerusalém e o grupo dos discípulos. 
Jesus é consciente da sua filiação e missão e para realizá-la quis reunir os homens 
com atos que, interpretados no seu conjunto, eram a preparação da Igreja (constituída na 
Páscoa e Pentecostes). Assim, Jesus dotou a comunidade de uma estrutura que permanece. 
Se bem não se pode concentrar em uma palavra ou em um fato, se pode reconhecer elementos 
que conduzem à Igreja: a) Jesus herda as promessas do A.T. (povo de Deus, nova aliança); 
na sua pessoa sintetiza-se o Reino de Deus; os destinatários era todo o povo de Israel (crer e 
seguir); ele concebeu a realização do Reino de Deus numa comunidade vinculada à sua pessoa 
e diferente das já existentes; vincula os doze com a prolongação da sua missão; a rejeição de 
Israel abre o espaço à nova aliança (ceia como memorial do povo escatológico); a cruz abre 
 
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passo à reconstituição da comunidade como dom escatológico do Espírito. b) Jesus prega o 
Reino; Jesus escolhe os doze e os envia. (Cf. LG 2-5) 
• A fundação da Igreja (instituição de Cristo) por Jesus se manifesta na eclesiologia 
implícita (intenção de Jesus que leva adiante definitivamente a realização do seu Reino 
iniciado no Antigo Testamento, e que se confia depois da páscoa à Igreja) é processual, a 
qual testemunha que já antes da Páscoa Jesus iniciou um movimento de restauração de todo 
o povo de Deus. 
• A origem (sinal externo) da Igreja está em Jesus, pois com a Páscoa o “movimento” 
iniciado durante seu ministério se reconstituiu e expandiu com força. 
• A fundamentação (efeito interno da graça) da Igreja se radica (raiz) em Jesus, já 
que ele atua e continua presente na Palavra de Deus, nos sacramentos, na comunidade 
eclesial e na vida dos crentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.3 As imagens da Igreja como Povo de Deus, Corpo de Cristo, Comunhão e 
Tradição vivente 
 
A Igreja é uma realidade tão rica que não cabe nos limites de uma definição. Por isso 
dizemos que a Igreja é um Mistério. O Mistério da Igreja é sua relação com a Santíssima 
Trindade e sua união íntima com o Cristo Ressuscitado. Dizer que a Igreja é Mistério não 
significa que seja um enigma complicado ou um problema indecifrável, mas uma realidade 
amorosa, que é maior do que a nossa compreensão, uma realidade que nos desafia e nos 
seduz. Nela nós mergulhamos cheios de respeito, alegria e encantamento. Usamos imagens 
para exprimir o ser e a missão da Igreja, porque elas são mais expressivas do que as definições. 
Vamos então ver especificamente alguns dos nomes ou imagens mais utilizadas para 
exprimir, falar do mistério da Igreja: 
Povo de Deus (At 15,14; 1Pe 2,10; Tit 2,13-14) 
Dica de Aprofundamento 
Sugerimos a leitura desta Carta Encíclica “Ecclesiam Suam” do Papa Paulo 
VI. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/paul-
vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_06081964_ecclesiam.html>. Acesso em: 
21 dez. 2019. 
http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_06081964_ecclesiam.html
http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_06081964_ecclesiam.html
 
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Este conceito serviu desde o princípio para expressar a autoconsciência da igreja (a 
referência ao antigo povo de Deus foi fator determinante e constante nesta autoconsciência 
da comunidade eclesial). Denota a sua íntima relação com o Deus que se revela e com os 
homens aos quais foi enviada. Este conceito se converte em síntese e símbolo da eclesiologia 
do Concílio Vaticano II (LG Cap. II ,9). O surgimento do novo povo de Deus se manifesta como 
consumação da iniciativa salvífica de Deus, que acontece não de modo individual, senão 
fazendo dos homens um povo (LG 9). Será o termo “Ekklesia” o que servirá para precisar o 
significado de povo de Deus que por sua vez converte-se na designação básica e fundamental 
dos que creem em Cristo. 
Teologicamente significa: autocompreensão da comunidade cristã como povo 
pertencente a Deus e a sua relação de continuidade com antigo Israel. (Cfr. Ap 21,3; 2Cor 
6,16; Hb 8,10; Jer 31,33). A missão de Jesus é “reunir o povo de Deus” (cfr. Lc 13,34; Mt 
23,37 ver: Dt 30,1-6; Is 11,12ss; Ez 37,21ss). Esta reunião aparece para Jesus na comunidade 
dos Doze (núcleo e prefiguração da futura Igreja (Mc 3,14ss; Jn 20,19-23; At 1,13; Ap 21,14). 
Será no tempo pós-apostólico que aparece a expressão novo “povo de Deus” (Carta de Barnabé 
5,7; 7,5; 13,1). Com Rom 9-11 (v.25). Aqui não pode falar-se propriamente de substituição do 
povo de Israel por parte da Igreja, mas de enraizamento nela para levá-lo à plenitude. 
No Concílio Vaticano II aparece o termo 39 vezes na LG e 33 em outros textos 
conciliares. Designa geralmente a totalidade dos fiéis que pertencem a Deus, mais 
especificamente o povo que forma a Igreja. A Comissão Teológica Internacional (CTI) diz que 
esta imagem expressa melhor a realidade sacramental comum participada por todos os 
batizados (como dignidade e responsabilidade). Simultaneamente natureza comunitária e a 
dimensão histórica da Igreja ficam sublinhadas. 
Corpo de Cristo (1Cor 6,12-20; 12,12-27; Rom 12,3-8) 
A Igreja é Corpo de Cristo (cf. 1Cor 12,12-30). É uma realidade semelhante ao corpo 
humano, ou seja, tem uma cabeça e um conjunto organizado de membros; cada membro 
(órgão) desempenha sua atividade específica em vista do bem de todo o corpo. Entre os 
membros do corpo existe mútua dependência e todos são importantes. Vigora entre eles a 
comunhão: quando um membro passa bem, isso repercute em todos os membros. Quandooutro passa mal, o sofrimento afeta todo o corpo. Os membros da Igreja, Corpo de Cristo, são 
todos os batizados. Jesus é a cabeça que continua presente e age no mundo através do corpo 
– a Igreja. 
A Igreja nasce da participação e da comunhão com Jesus Cristo à semelhança do 
corpo, que participa e se comunica com a sua cabeça. A dimensão eclesiológica da obra 
salvadora (Mc 14,24; Mt 26,28; Lc 22,20; 1Cor 11,25) vem transmitida com a ajuda do símbolo 
do corpo (1Cor 10,16ss). 
 
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São Paulo usa três imagens complementares para falar da Igreja: Novo Israel (cf. Rm 
11,17-18), Corpo de Cristo (cf. 1Cor 12,13) e Templo do Espírito (cf. 2Cor 6,16). Estas imagens 
mostram a dimensão trinitária da Igreja: a criação do Pai (Povo de Deus), através da obra 
redentora do Filho (Corpo de Cristo), na comunhão do Espírito Santo (Templo de Deus). Para 
Paulo esta configuração à obra redentora de Cristo é possível pelo batismo (1Cor 12,13; Gal 
3,28), e especialmente graças à participação no corpo eucarístico de Cristo (1Cor 12,27; Rom 
12,5). Expressando a unidade própria da comunidade cristã enquanto unidade social, traz a 
imagem simbólica do corpo. (Cf. 1Cor 12,22-27; 1Cor 11,22). A relação entre o corpo e a 
cabeça se realiza na imagem da Igreja (Ef 4,15-22; cfr. 5,24; Col1,24). A igreja é o Corpo de 
Cristo e está cheia daquele a quem Deus encheu da sua plenitude (1,23); porém, ela é o lugar 
onde se manifesta Cristo (Col 2,9). 
Paulo é quem mais desenvolve essa eclesiologia da Igreja enquanto Corpo de Cristo, 
pois para ele: 
- Enquanto Corpo de Cristo a igreja adquire uma personificação, designa uma 
recriação da humanidade em Cristo e à semelhança dele, o “setor” da humanidade que 
continua a vida de Cristo no meio da humanidade. (Col 3,15; Ef 2,16, alcance coletivo da 
ação de Cristo). 
- Dimensão cósmica e dinâmica (Col 1,18.24; Ef 1,23; 5,23). O corpo designa a 
porção do mundo que é cada homem. Assim, designa a relação da Igreja com o mundo, é 
a presença “visível” do Ressuscitado. Por isso a Igreja é missionária (Ef 2,16; 4,7-17). 
- Cristo é cabeça da Igreja, não simplesmente designa que Cristo é a respeito da 
Igreja o que a cabeça é no organismo. A soberania de Cristo sobre todas as coisas 
manifesta-se também na Igreja (Col 1,15-20; 2,15; Ef 1,20-22). Assim o influxo de Cristo 
na Igreja é vital e permanente. Este nome esconde todo um potencial secular, cósmico, 
dinâmico, missionário. Faz referência ao mundo, à missão no mundo e em favor do mundo. 
A Igreja é o corpo de Cristo, sobretudo à luz da celebração da Eucaristia, que é onde de 
maneira mais plena se realiza e acontece a Igreja. (Cf. História do Dogma 3, p. 430). 
 
Comunhão (Koinônia) 
O termo “koinônia” em At 2,42 é o que provavelmente mais se aproxima à 
compreensão da Igreja como uma forma de vida comunitária ou comunhão. Também 1 Cor 
10,16 é lido pela tradição patrística medieval em chave de comunhão eclesial (Crisóstomo, 
Cirilo, João Damaceno, Agostinho...). (Cf. 1Cor 1,9; 1Jo 1,3). 
No sínodo do 1985 sobre o Concílio se diz que a eclesiologia de comunhão é a ideia 
central e fundamental nos documentos do Concílio. Que não se reduz a questões 
organizacionais ou de poder. A eclesiologia de comunhão é o fundamento para a ordem na 
 
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Igreja e sobretudo para a justa relação entre a unidade e a diversidade na Igreja (Cf. CL 19). 
O critério de comunhão determina antes de tudo a relação do crente com Deus e com os outros 
homens (Cf. LG 1.4; GS 19.23; UR 4; AG 4; DV 10). Esta comunhão com Deus realizada através 
da Palavra e dos Sacramentos conduz à comunhão dos cristãos entre si, que se realiza de 
forma concreta na “comunhão das Igrejas locais (Dioceses)” (AG 38; LG 23). 
A eclesiologia de comunhão deve basear-se sobre a teologia trinitária se quiser ser 
uma eclesiologia de comunhão. Como ponto de referência implícito deve considerar-se a 
experiência de Jesus com os seus discípulos (Mc 3,14; Lc 5,10: romper com o passado para 
unir-se à missão e destino de Jesus). Esta experiência de comunhão com Jesus será levada a 
termo pela ressurreição que imprime um caráter soteriológico (será o dinamismo do amor 
trinitário o que envolve o crente nesta participação). (Cf. 1Cor 1,9; 1Jo 1,3.6; 2Cor 13,13). 
A comunhão tem uma base e expressão sacramental: o batismo como inserção no 
mistério pascal (que como dimensão vertical da comunhão faz possível a apertura horizontal, 
ou seja, a eclesialidade). A participação no mesmo cria comunidade entre os participantes. 
Assim, a koinonía é a base da eclesiologia neo-testamentária e a igreja como a prolongação 
no tempo da comunhão de e com a Trindade. 
Existe reciprocidade entre Eucaristia e Igreja (comer o corpo de Cristo e vinculação 
eclesial). A Igreja como mistério de comunhão se faz presente e se realiza na assembleia 
litúrgica. A koinonia eucarística pede uma estrutura institucional, onde os apóstolos são o 
testemunho visível da fidelidade às Origens. Assim, A Igreja, Corpo Místico de Cristo, é uma 
comunhão, por sua vez interior, de vida espiritual (de fé, de esperança e de caridade), 
significada e engendrada por uma comunhão exterior de profissão de fé, de disciplina e de 
vida sacramental (Cf. 1Jo 2,7-11; 3,11-15; 2Jo 8-11; Ac 2,42: koinonía em exercício). 
A comunhão possui uma tensão escatológica, até o momento em que Deus será tudo 
em todos (1Cor 15,28), que não deve servir como fuga do mundo real, mas como compromisso 
histórico encorajado pela esperança, como promessa que afeta o homem e o seu destino (Fil 
3,10, 2Cor 1,5-7). A comunhão se dirige ao drama do homem individual, convidando-o a um 
amor que o dignifica, mas também ao drama coletivo de uma humanidade dividida. A Igreja 
vive de, em e para a comunhão que A Trindade estabelece no seio da história. Porém é na 
história presença pública, da acolhida humana do dom de Deus (sacramento de comunhão). 
(Cf. SC 26; LG 1,48,59; GS 45; AG 1,5). 
Portanto, o conceito de comunhão está no coração da autocompreensão da Igreja, 
enquanto mistério de união pessoal de cada homem com a Santíssima Trindade e com os 
outros homens, iniciada pela fé e orientada à plenitude escatológica da Igreja celeste. A fim 
de que o conceito, que não é unívoco, possa servir como chave interpretativa da Eclesiologia, 
deve ser compreendido dentro do ensinamento bíblico e da tradição patrística onde a 
 
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comunhão sempre implica uma dupla dimensão: vertical (comunhão com Deus) e horizontal 
(comunhão entre os homens). É essencial na visão cristã de comunhão reconhecer a mesma 
antes de tudo como dom de Deus e como fruto da iniciativa divina realizada plenamente no 
mistério pascal. A nova relação entre o homem e Deus, estabelecida em Cristo e comunicada 
nos sacramentos se estende também a uma nova relação dos homens entre si. Por 
consequência, o conceito de comunhão deve estar em grau de expressar também a natureza 
sacramental da Igreja enquanto estamos no exílio, longe do Senhor, assim como a peculiar 
unidade que faz os fiéis membros de um só Corpo, o Corpo Místico de Cristo, uma comunidade 
organicamente estruturada, um povo congregado pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo e 
configurado com meios adequados para uma missão visível e social. 
 
Tradição vivente (Dei Verbum 84) 
“A Igreja na sua doutrina (centrada no Credo), vida (testemunhos, vida, missa...) e 
culto (“Lex orandi, Lex credendi”: celebração litúrgica refletida) perpetua e transmite... tudo o 
que ela é e tudo o que crê...”. (DV 34). A tradição é o Evangelho vivo e completo pregado 
pelos Apóstolos. 
A DV nos apresenta a revelação desde uma perspectiva eclesiológica (Igreja: aparece 
36 vezes). Descreve a Igreja como “ouvinte da Palavra” (Rm 10,17, DV1), cujo Magistério está 
a serviço da Palavra (DV 10). A Igreja mesma se resume nogesto da escuta e do anúncio (DV 
7: a Igreja como mediação da revelação na sua transmissão). 
“Transmissão” adquire um duplo significado: de uma parte significa tudo aquilo que 
está testemunhado na Escritura (7-10; Cfr. 1Tes 2,15), que inclui tradições orais e escritas da 
transmissão - tradição apostólica (8). De outra parte o conceito global de toda a revelação 
(7). A Igreja com o seu ensino, a sua vida, o seu culto, conserva e transmite (8). O capítulo II 
nos orienta para uma compreensão global da igreja como “tradição vivente” (a quem se lhe 
confia o único depósito da fé (Cfr. DV 10). “Depósito”: o Evangelho assim como a tradição 
apostólica que se deve conservar (1Tim 6,20; 2Tim 1,14). Expressa o Evangelho oral (2Tim 
1,1); O mistério de piedade (2Tim 3,15s); a mesma fé (1Tim 4,6; 6,21). É em definitivo a fé 
da Igreja. 
Outras imagens: a) templo do Espírito: Quando o Novo Testamento denomina a Igreja 
templo de Deus ou templo do Espírito Santo (Cf. 2Cor 6,16), esta expressão não designa o 
edifício, mas a comunidade reunida. A Assembleia reunida é o templo onde Deus habita. b) 
Esposa de Cristo: A Igreja também é chamada de Esposa de Cristo, pois ela forma com ele 
uma totalidade – “uma só carne” –, e está unida a ele pelo amor e a fidelidade (Cf. 2Cor 11,2; 
Ef 5,26.31-32). c) Mãe e Mestra: A Igreja é também designada nossa Mãe e Mestra, porque 
 
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nos comunica a vida divina através dos Sacramentos; ela nos ensina a Palavra de Cristo e nos 
educa como verdadeiros discípulos de Jesus. 
O Concílio Vaticano II privilegiou a imagem da Igreja como Povo de Deus (Cf. LG 9). 
A imagem de povo está ligada à igualdade fundamental entre os membros da Igreja. O Povo 
de Deus recorda que ela foi preparada desde a origem da história de Israel. É um povo 
sacerdotal, profético e real (Cf. 1Pd 2,9-10). 
 
3.3 A sacramentalidade da Igreja como princípio hermenêutico 
 
Uma leitura “sacramental da Igreja é retomada com o Concílio Vaticano II”. Com a 
palavra “sacramentum” o Concílio intenta determinar a relação da Igreja com a atuação 
salvífica de Deus para o mundo (LG 1.9.48.59; SC 5.26; GS 42.45; AG 1.5)12. 
A palavra “Mysterion”, traduzido nas versões latinas por “sacramentum” (Ef 5,32) 
refere-se ao plano salvífico de Deus, revelado em Jesus Cristo e na Igreja (Cf. Col 1,26; Rom 
16,25s). 
Segundo a LG 1, a Igreja é “signo” ou seja: expressão histórico – simbólica do dom 
concreto de Deus (J. A. Möhler e K. Rahner). Também se afirma o caráter mediador da Igreja 
que como “instrumento” comunica a presença de Deus ao mundo. Na LG encontramos como 
objetivo da Igreja a união do mundo em Cristo, se evidencia assim como a razão de ser da 
Igreja está no efeito que como sacramento ela proporciona: “a íntima união com Deus e a 
unidade de todo o gênero humano” (1), ou seja, filiação e fraternidade (Cf. SC 26; LG 9; 48,59; 
AG 1.5; GS 45). 
A realidade sacramental da Igreja no Concílio se manifesta nestas três afirmações: de 
ordem cristológica, escatológica; soteriológica e universal: a) “Sacramento de Cristo” (SC 5: 
LG 1; GS 42); b) “Sacramento de Unidade” (SC 26; LG 9; Cf. LG 2-4.11.13; UR 3.4); c) 
“Sacramento universal de salvação” (LG 48.59; AG 1; GS 45) 
Esta “chave sacramental” de leitura da realidade eclesial expressa assim a dupla 
dimensão da Igreja, humana e divina, visível e invisível, onde o visível é mediação do invisível 
(LG 8; SC 2). A salvação se dá no “signo” e instrumento concreto da Igreja. Com o verbo 
“subsiste” presente no texto da LG 8 se dá mais valor aos elementos eclesiais que estão fora 
da estrutura visível. A igreja é sacramento da filiação e da fraternidade, da salvação e da 
unidade. 
 
 
12 Ler o texto da LG 48 aplicado não a uma realidade litúrgico – ritual, mas ligado à realidade cristológica. 
Por isso o “como” da LG 1). 
 
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Sacramentalidade salvífica universal da Igreja (como reverso positivo do 
axioma “extra ecclesiam nulla salus” - fora da Igreja não há salvação) 
Assim reza a Igreja: “Ó Deus, que na vossa admirável providência quisestes estender 
o reino do Cristo por toda a terra e levar a todos a redenção, fazei da vossa Igreja universal o 
sacramento da salvação, manifestando e realizando no mundo o mistério do vosso amor” 
(Coleta pela Santa Igreja, A). O axioma (Cipriano e Orígenes, s. III) era um convite à unidade 
contra aqueles que a punham em perigo. Foi assumindo um sentido cada vez mais restritivo 
(DH 575; 792; 802; 1870 (Trento); 2867 (Pio IX). Cfr. em negativo se condena: DH 2005; 
2429; em positivo: DH 1524; 2866; 3821; 3870; 3872). 
O Concílio recupera positivamente o axioma (fora da Igreja não há salvação) quando 
afirma que “esta Igreja peregrina é necessária para a salvação” (LG 14). E que “é sacramento 
universal da salvação” (LG 48; GS 45; AG 1; LG 13 e 16; Cf. GS 22; AG 7). Esta doutrina se 
funda em Cristo que morreu por todos os homens e chama a todos ao seu Reino. Assim, o 
axioma afirma a sacramentalidade salvífica universal da Igreja (LG 7 e GS 48). Cfr. e ler CIC 
846-848. 1257-1261. O axioma tem seu sentido original a exortação à fidelidade dos membros 
da Igreja (Orígenes e Cipriano). Integrada esta frase na mais geral “extra Christum nulla salus”, 
já não se encontra em contradição com a chamada de todos os homens à salvação. (Cfr. CTI 
1996, o cristianismo e as religiões). A Igreja como sacramento universal de salvação, manifesta 
o caráter universal da salvação de Cristo oferecida pela Igreja “por caminhos só conhecidos 
por Deus” (GS 22; AG 7) à humanidade inteira. 
 
Sacramento de Cristo 
A teologia recente baseada na Patrística tem aplicado a Jesus Cristo a expressão 
“sacramento original” (Ursakrament) do qual deriva a sacramentalidade da Igreja e seus 
sacramentos concretos, assim pensam os teólogos H. Lubac, E. Schillebeeckx, T. Camelot; J. 
Alfaro; M. Schmaus, L. Scheffczyk. Expressando com isto a economia reveladora centrada em 
Jesus Cristo, sacramento originário, através da sua Igreja. 
Com esta categoria encontramos a hermenêutica para unir os diversos aspectos 
histórico-salvíficos da Igreja: procedente de Deus e formada por homens; sua santidade e sua 
necessidade de purificação nos seus membros; a sua transcendência e a sua historicidade; o 
dom que Deus comunica e as suas mediações visíveis. Isto dá à realidade visível da Igreja uma 
fundamentação íntima e profunda. Na Igreja se faz visível nossa união com Deus mesmo em 
Jesus Cristo e com toda a humanidade (cf. LG 1); se evita por um lado o perigo de um 
espiritualismo fundamentalista e de outro o risco de um materialismo jurídico. Se afirma com 
isto o caráter ontológico relacional da realidade mediadora entre a sua dimensão mistérica e a 
sua dimensão histórica, fruto da sua origem em Cristo e da sua missão concreta no mundo. 
 
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3.5 Comunhão de Igrejas: A Igreja Particular (Diocese), a Paróquia 
 
Lex Orandi: 
“Ó Deus, que em cada uma das Igrejas da terra manifestais a Igreja una, santa, 
católica e apostólica, concedei à nossa comunidade, unida ao seu pastor, e 
reunida no Espírito Santo pelo Evangelho e a Eucaristia, representar a 
universalidade do vosso povo e ser no mundo o sinal e o instrumento da presença 
do Cristo” (Coleta pela Igreja local) 
 
 
3.5.1 A Igreja diocesana13 (Cf. LG 23) 
 
A “Igreja local” como portadora do mistério da Igreja: “Tudo o que convém ao todo 
(a Igreja de Deus) convém também, em certa forma, a cada parte (Igreja diocesana)”. A Igreja 
local realiza plena e concretamente “num lugar” o mistério da Igreja (Cf. LG 23.26). 
Para Paulo a Igreja é uma comunidade localizada que se reúne para celebrar a 
eucaristia num mesmo lugar (1Cor 1,2; Gal 1,22; 1Cor 16,1.19; Tes 1,1; At 1,15; 2,1.44.47; 
1Cor 11,20; 14,23). Surge assimo princípio de “territorialidade”: celebração duma única 
eucaristia presidida por um bispo de cada igreja local. (Cf. Concílio de Niceia can 8). Eucaristia 
acontece onde está o bispo unido a sua Igreja. 
Elementos constitutivos da Igreja Local: 
- Fundamental: uma “porção do povo de Deus” (LG 23.26.28), indicando uma 
relação de proporcionalidade do tipo “a parte pelo todo” e não “parte no todo”, já que a diocese 
não é um fragmento da Igreja inteira, mas, uma realidade proporcional à sua totalidade. É 
uma parte que conserva todas as realidades e qualidades do conjunto. Aplica-se à diocese 
todas as implicações e características do povo de Deus (LG II, 9). Todos os batizados são 
sujeitos ativos do ser e da missão da Igreja. 
- Elementos transcendentes (Espírito Santo): Origem transcendente (LG 4.12.53) 
- Visíveis – sacramentais: (Evangelho e Eucaristia): as duas mesas (SC 48.51; DV 
21; PO 18; PC 6). Baseado na exegese patrística de João capítulo 6 onde o pão da vida é tanto 
a Palavra de Deus como a Eucaristia. A Igreja congregada pela Palavra recebe a sua plenitude 
na Eucaristia (cf. LG 26; SC 10; LG 11; UR 15). 
 
13 Diocese, do latim “diocesis” - “jurisdição de um governador" e mais tarde “jurisdição de um bispo e 
também do grego “Dioikesis" - governo, administração, originalmente “economia doméstica”, de 
“dioikein” - controle, governo, administração de uma casa. 
 
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- Realidade Ministerial: O bispo em colaboração com os seus presbíteros (LG 28) 
como cabeça e pastor duma igreja local, é princípio visível e fundamento da unidade da sua 
Igreja particular (LG 23). Através dele a Igreja local persiste na apostolicidade e catolicidade 
(LG 18-20; 27). Deste modo, a Igreja local é uma porção do povo de Deus confiada para que 
seja apascentada pelo bispo com a colaboração de seu presbitério. Não é uma parte senão 
uma “porção” do povo de Deus na que está verdadeiramente presente e atua a Igreja de Cristo 
Una, Santa, Católica e apostólica (LG 23). A função do bispo é um serviço ministerial ao povo 
de Deus concreto na sua diocese (caráter diaconal). 
- Elemento determinativo: a Diocese está circunscrita dentro de um território 
determinado. A partir do século IV designam o território confiado a um bispo (cf. LG 27.37; 
CDC 548,1; 8,2) 
A LG em seu número 23 afirma: cada igreja local é sujeito próprio na catolicidade da 
Igreja universal, já que esta última não existe como realidade paralela, senão enquanto se 
realiza concreta e historicamente nas igrejas locais e emerge delas como “comunhão de 
Igrejas” (communio ecclesiarum, AG 38; LG 23). A igreja católica como comunhão nasce de 
um duplo movimento recíproco e concomitante: existe de forma concreta na medida em que 
se realiza nas Igrejas locais; e está constituída enquanto realidade concreta e histórica a partir 
das Igrejas locais. Assim, a Igreja católica que se realiza nas igrejas locais é a mesma que se 
constitui a partir das igrejas locais (nelas e a partir delas). O universal está nas realizações 
concretas, isso para evitar uma concepção platônica e nominalista. 
Os três vínculos que mantêm a plena comunhão eclesial entre as Dioceses são: 
profissão de fé (vinculum symbolicum); sacramentos (vinculum litugicum) e ministério de 
comunhão pastoral (vinculum communionis). (cf. LG 14) 
 
3.5.2 A paróquia 
A aparição de pequenas comunidades como realização da Igreja num lugar se situa 
historicamente durante o IV século (a partir do edito de tolerância do Constantino – 313 – e 
reconhecimento do Teodósio – 380 -), o que favoreceu o rápido aumento de cristãos. Aos 
poucos se foi da urbe presidida pelo bispo a comunidades novas com presbíteros). Na Idade 
Média ditas comunidades serão denominadas “paroquiais” (“paroikia”, do grego “para” - ao 
lado, perto + oitos - casa, descrevia assim aqueles que eram vizinhos de uma Igreja). 
De uma parte se põe em relevo a correlação entre comunidade e ministério, unida à 
analogia entre ministério episcopal e ministério presbiteral (SC41), manifestando a relação e 
funcionalidade da instituição paroquial dentro da diocese. Pelos elementos de comunhão (LG 
26) nestas comunidades está presente Cristo (LG 26,28; SC 42; PO 26). A paróquia aparece 
como uma imagem da Igreja espalhada por toda a terra que à sua vez a faz presente. 
 
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No Documento “Christifideles laici” encontramos uma síntese da teologia sobre a 
paróquia: a comunhão eclesial, encontra a sua expressão mais imediata e visível na paróquia, 
a Igreja que vive entre as casas do seus filhos (26). É considerada a última localização da 
Igreja (27). 
A paróquia assume a figura eclesiológica da realização fundamental da Igreja em sua 
base. Nela os fiéis vivem a concreta pertença à igreja diocesana, e através dela à Igreja inteira. 
Só existe a paróquia na Igreja diocesana e esta não existe se não é na comunhão com as 
outras igrejas locais (LG 23). Porém a pertença à paróquia é o grau mais imediato de pertença 
à Igreja. A paróquia como articulação territorial da diocese é também realização local da Igreja 
(SC 41), mas de forma subordinada, já que a diocese é a condição de possibilidade da 
existência da paróquia (SC 41). 
 
3.6 As notas (dimensões) essenciais da Igreja 
 
3.6.1 A Igreja é Una 
 
A Igreja é “ícone” da Trindade. Nasce do coração de Deus o desejo de Jesus expresso 
em prece: “que todos sejam um”. A Igreja não é um simples grupo de amigos, pois a unidade 
não é primordialmente dos membros entre si, mas de Deus: Deus é que reúne, a Igreja deve 
convergir para a unidade, a unidade é também testemunho para o mundo dilacerado por 
discórdias. 
Catecismo da Igreja Católica, no 813: 
A Igreja é una por sua fonte: ‘Deste mistério, o modelo supremo e o princípio é a 
unidade de um só Deus na Trindade das Pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo’ (UR 2). 
A Igreja é una por seu Fundador: ‘Pois o próprio Filho encarnado, príncipe da paz, 
por sua cruz reconciliou todos os homens com Deus, restabelecendo a união de todos em um 
só Povo, em um só Corpo’ (GS 78,3). 
A Igreja é una por sua ‘alma’: ‘O Espírito Santo que habita nos crentes, que 
plenifica e rege toda a Igreja, realiza esta admirável comunhão dos fiéis e os une tão 
intimamente em Cristo, ele é o princípio de unidade da Igreja’. 
Esta Igreja una se manifesta na multiplicidade das Igrejas locais. 
“A Igreja é primeiramente una porque ela participa da mesma palavra e se alimenta 
do mesmo pão, isto é, ela está unida no corpo e no logos do Senhor. Graças à união eucarística, 
cada uma das comunidades realiza-se inteiramente como Igreja, com a condição de que ela 
esteja em comunhão com as outras comunidades, comunhão essa que de forma alguma pode 
 
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prescindir da palavra que é a mesma para todos. Essa comunhão formada por diversas 
comunidades, tem seus pontos de apoio nos bispos. A esses, por serem o prolongamento do 
collegium apostolorum, cabe a responsabilidade de conservar a autenticidade da palavra e a 
integridade da comunhão (RATZINGER, 1974). 
 Dizer que a Igreja é Una, não pode ser entendida em termos de totalitarismo, mas de 
comunhão. Esta fé possui uma única fonte e quer conduzir todos os homens ao único amor. 
Então não é sinal de unidade: a uniformidade de culto, de hierarquia ou de concepção 
teológica. A diversidade que há na Igreja de povos, de culturas, de dons, de tarefas, de ritos 
não quebra a unidade essencial. Mas a unidade é sempre ameaçada. Por isso, “é preciso 
conservar a unidade do Espírito Santo pelo vínculo da paz (Ef 4,3))” e “sobre tudo isso está a 
caridade, que é o vínculo da perfeição (Col 3,14)”. 
 
3.6.2 A Igreja é Santa 
 
“No «Credo», depois de professar: «Creio na Igreja una», acrescentamos o adjetivo 
«santa»; isto é, afirmamos a santidadeda Igreja, uma característica presente desde o início 
na consciência dos primeiros cristãos, que se chamavam simplesmente «santos» (Cf. At 9, 
13.32.41; Rm 8, 27; 1 Cor 6, 1), pois tinham a certeza de que é a obra de Deus, o Espírito 
Santo, que santifica a Igreja. Mas em que sentido a Igreja é santa, se vemos que a Igreja 
histórica, no seu caminho ao longo dos séculos, enfrentou tantas dificuldades, problemas, 
momentos obscuros? Como pode ser santa uma Igreja feita de seres humanos, pecadores? 
(…) Para responder a esta pergunta, gostaria de me deixar guiar por um trecho da Carta de 
São Paulo aos cristãos de Éfeso. O Apóstolo, tendo como exemplo as relações familiares, afirma 
que «Cristo amou a Igreja e entregou-se por ela, para a santificar» (5, 25-26). Cristo amou a 
Igreja, entregando-se totalmente na cruz. E isto significa que a Igreja é santa porque procede 
de Deus que é santo, lhe é fiel e não a abandona ao poder da morte e do mal (cf. Mt16, 18). 
É santa porque Jesus Cristo, o Santo de Deus (cf. Mc 1, 24), se une a ela de modo indissolúvel 
(cf. Mt 28, 20); é santa porque se deixa guiar pelo Espírito Santo que purifica, transforma e 
renova. Não é santa pelos nossos méritos, mas porque Deus a torna santa, é fruto do Espírito 
Santo e dos seus dons. Não somos nós que a santificamos. É Deus, o Espírito Santo que, no 
seu amor, santifica a Igreja. 
Vós podereis dizer-me: mas a Igreja é formada por pecadores, como vemos todos os 
dias. E isto é verdade: somos uma Igreja de pecadores; e nós, pecadores, somos chamados a 
deixar-nos transformar, renovar e santificar por Deus. Na história houve a tentação de alguns 
que afirmavam: a Igreja é só a Igreja dos puros, daqueles que são totalmente coerentes, e os 
outros devem ser afastados. Isto não é verdade. É uma heresia! A Igreja, que é santa, não 
 
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rejeita os pecadores; não afasta nenhum de nós; não rejeita, porque chama e acolhe todos, 
está aberta também aos distantes, chama todos a deixarem-se abraçar pela misericórdia, pela 
ternura e pelo perdão do Pai, que oferece a todos a possibilidade de encontrar, de caminhar 
rumo à santidade (…) Na Igreja, o Deus que encontramos não é um Juiz cruel, mas é como o 
pai da parábola evangélica. Podes ser como o filho que deixou a casa, que tocou o fundo da 
distância de Deus. Quando tiveres a força de dizer: quero voltar para casa, encontrarás a porta 
aberta, Deus vem ao teu encontro porque te espera sempre; Deus espera-te sempre, Deus 
abraça-te, beija-te e faz festa. Assim é o Senhor, esta é a ternura do nosso Pai celeste. O 
Senhor quer que façamos parte de uma Igreja que sabe abrir os braços para abraçar todos, 
que não é a casa de poucos, mas de todos, onde todos podem ser renovados, transformados 
e santificados pelo seu amor: os mais fortes e os mais fracos, os pecadores, os indiferentes, 
quantos se sentem desanimados e perdidos. A Igreja oferece a todos a possibilidade de 
percorrer o caminho da santidade, que é a vereda do cristão: faz-nos encontrar Jesus Cristo 
nos Sacramentos, especialmente na Confissão e na Eucaristia; comunica-nos a Palavra de 
Deus, faz-nos viver na caridade, no amor de Deus por todos”. 
 
3.6.3 A Igreja é Católica 
O termo “católico” vem do grego “kat'holé” (= “em toda parte”) significando 
“universal”. É empregada uma vez em At 4,18 significando “completamente”. Referindo-se à 
Igreja, essa palavra, ao que parece, foi usada pela primeira vez por Inácio de Antioquia em 
110 dC. Existem teólogos que distinguem o termo “católico” de “universal”. Para eles, falar em 
“Igreja universal” indicaria a extensão geográfica e quantitativa, enquanto dizer “Igreja 
católica” indicaria a qualidade da Igreja enquanto em comunhão com Cristo anuncia e 
testemunha a salvação para todos os povos. O Concílio Vaticano II usa os dois termos com o 
mesmo sentido. Ressalte-se, então, que o conceito de catolicidade ou universalidade da Igreja 
não tem sentido: a) estatístico: número de membros no mundo inteiro; b) geográfico: presença 
em todos os países; c) histórico: abrange todos os tempos. 
A catolicidade da Igreja é um atributo indispensável de sua natureza, de modo que 
qualquer comunidade autenticamente cristã, em qualquer lugar que esteja, deve ser 
considerada católica. Vemos no Catecismo da Igreja Católica, no 830 e 831 que a Igreja é 
católica em duplo sentido: 
• Ela é católica porque nela Cristo está presente. “Onde está Cristo Jesus, está a Igreja 
Católica” (S. Inácio de Antioquia). Nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua 
cabeça (Ef 1,22-23), o que implica que ela recebe dele “a plenitude dos meios de salvação” 
 
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(AG 6). Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes (AG 4) e o 
será sempre, até o dia da Parusia. 
• Ela é católica porque é enviada em missão por Cristo à universalidade do gênero 
humano (Mt 28,19). 
O fundamento da catolicidade é a permanência da Igreja fiel à sua própria identidade, 
em qualquer tempo e lugar. Cada Igreja local só é Igreja enquanto é manifestação da Igreja 
plena. Catolicidade é uma questão de totalidade. 
Sobre isso afirma a Lumen Gentium n. 13: 
“E assim, o Povo de Deus encontra-se entre todos os povos da terra, já que de todos 
recebe os cidadãos, que o são dum reino não terrestre, mas celeste. Pois todos os fiéis 
espalhados pelo orbe comunicam com os restantes por meio do Espírito Santo, de maneira que 
«aquele que vive em Roma, sabe que os indianos são membros seus» (23). Mas porque o 
reino de Cristo não é deste mundo (cf. Jo. 18,36), a Igreja, ou seja, o Povo de Deus, ao 
implantar este reino, não subtrai coisa alguma ao bem temporal de nenhum povo, mas, pelo 
contrário, fomenta e assume as qualidades, as riquezas, os costumes e o modo de ser dos 
povos, na medida em que são bons; e assumindo-os, purifica-os, fortalece-os e eleva-os. Pois 
lembra-se que lhe cumpre ajuntar-se com aquele rei a quem os povos foram dados em herança 
(cf. Sl. 2,8), e para a cidade à qual levam dons e ofertas (cf. Sl. 71 [72], 10; Is. 60, 47; Apoc. 
21,24). Este caráter de universalidade que distingue o Povo de Deus é dom do Senhor; por Ele 
a Igreja católica tende eficaz e constantemente à recapitulação total da humanidade com todos 
os seus bens sob a cabeça, Cristo, na unidade do Seu Espírito (24). 
 
3.6.4 A igreja é Apostólica 
 
A apostolicidade também é uma das notas essenciais da Igreja. A fé nasce de um 
anúncio e este deve necessariamente manter a fidelidade com a mensagem inicial e sobretudo 
ao Mistério que professa Cristo ressuscitado. O Apóstolo é por isso mesmo um missionário, 
embaixador. No caso estrito o Apóstolo foi uma testemunha ocular do evento Cristo, uma 
testemunha da ressurreição. O testemunho dos apóstolos é único, insubstituível, e pela 
sucessão chega ao Cristo, fundamento de todas as coisas. 
Aspectos da apostolicidade: a) Doutrinal: perseverança na fé transmitida pelos 
apóstolos; b) Missionário: ação da Igreja; c) Existencial: busca de identificação com a forma 
de ser da igreja apostólica; e) Ministerial: ministérios como garantia visível da apostolicidade, 
da sucessão. 
 
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Em sentido rigoroso, mais do que sucessores dos apóstolos como tais, os bispos são 
os primeiros ministros designados pelos apóstolos, ou por “um” deles, para dirigir as igrejas 
por eles fundadas. Tanto o apostolado como o episcopado têm uma missão comum: a de 
realizar a presença ativa do Senhor “ausente”. Trata-se de um vicariato, do exercício de uma 
mesma autoridade, de uma mesma ação, de uma mesma missão, mas por meio de outras 
pessoas. (Salvador Pié-Ninot, 1998). Podemos dizer que a Igreja inteira é sucessora dos 
apóstolos, não apenas os bispos, porque se funda sobre o alicerce dos apóstolos e porque 
prossegue o ministério dos apóstolos. 
Esta sucessão“especial” vem dos Apóstolos, atravessa os séculos, por meio de 
doutores na fé e os Bispos. O Apóstolo Pedro possui um lugar particular no colégio apostólico 
e se tornou clássico o texto de Mt 16,16-19 onde ele recebe a missão de “presidir” a Igreja. A 
Igreja não nasce por uma iniciativa humana, mas por Cristo mesmo ele é o fundamento que 
coloca Pedro, enquanto confessa a fé em Cristo como pedra importante na edificação da Igreja. 
Pedro e seus sucessores demonstram o caminho histórico da Igreja e sua condição enquanto 
sujeita às circunstâncias da história. “Quanto a sua condição terrena no tempo, a Igreja está 
exposta aos ataques das ‘portas do inferno’, mas a palavra de Jesus garante que estas não 
prevalecerão contra ela. Pedro na qualidade de primeiro no colégio apostólico, tem as ‘chaves’ 
que permitem o acesso ao Reino de Deus por intermédio da Igreja de Jesus Cristo, com a sua 
função de ‘ligar e desligar’, que sugerem a relação entre comunicação visível do dom de Deus 
e as estruturas visíveis da Igreja” (PIÉ-NINOT, 1998, p. 94). 
A Lumen Gentium n. 20 afirma: 
“A missão divina confiada por Cristo aos Apóstolos durará até o fim dos tempos (cfr. 
Mt. 28,20), uma vez que o Evangelho que eles devem anunciar é em todo o tempo o princípio 
de toda a vida na Igreja. Pelo que os Apóstolos trataram de estabelecer sucessores, nesta 
sociedade hierarquicamente constituída. 
Assim, não só tiveram vários auxiliares no ministério (40) mas, para que a missão que 
lhes fora entregue se continuasse após a sua morte, confiaram a seus imediatos colaboradores, 
como em testamento, o encargo de completarem e confirmarem a obra começada por eles 
(41), recomendando-lhes que velassem por todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo os 
restabelecera para apascentarem a Igreja de Deus (cf. At. 20, 28). Estabeleceram assim 
homens com esta finalidade e ordenaram também que após a sua morte fosse o seu ministério 
assumido por outros homens experimentados (42). Entre os vários ministérios que na Igreja 
se exercem desde os primeiros tempos, consta da tradição que o principal é o daqueles que, 
constituídos no episcopado em sucessão ininterrupta (43) são transmissores do múnus 
apostólico (44). E assim, como testemunha santo Ireneu, a tradição apostólica é manifestada 
 
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em todo o mundo (45) e guardada (46) por aqueles que pelos Apóstolos foram constituídos 
Bispos e seus sucessores. 
 
3.7 Realizações básicas da Igreja: Martyria, Leitourgia, Diaconia 
 
“O tema “Comunidade” (célula da rede) como lugar da experiência do ser Igreja (lugar 
teológico, lugar da experiência da fé e da liturgia, de educação da fé, casa da Palavra, da 
solidariedade, das relações humanas...), põe em questão a realização da fé. Onde ela se 
realiza? Como se realiza? A afirmação de Tiago é emblemática e exigente: “a fé sem obras é 
morta” (Tg 2,17). Ter fé supõe realizá-la, o que nos remete ao seu sentido “práxico”. A fé não 
pode ser concebida apenas em sua ortodoxia, como verdades e formulações a serem aceitas 
e compreendidas. Ela deve também incluir, em ponto de equilíbrio, a ortopraxia, enquanto 
realidade a ser vivida e encarnada na vida dos fiéis. O mesmo apóstolo afirma: “Mostra-me a 
tua fé sem obras que eu te mostrarei a fé pelas minhas obras” (Tg 2,18b) e, mais adiante, 
“pelas obras é que a fé se realizou plenamente” (Tg 2,22b). 
Entretanto, não se trata de qualquer obra. A práxis, que não se reduz à prática, 
pressupõe o momento reflexivo que a fecunde, oriente e permeie. Pensar na práxis envolve o 
conteúdo da fé dando forma ao agir cristão, caracterizando-o (…) Trata-se do agir fecundado 
pela fé, deixando-a transformar o ser cristão no mundo. Deduz-se que a ortopraxia não invalida 
a ortodoxia. São dois lados de uma única moeda. 
A Igreja, que nos transmitiu a fé, deve zelar não apenas pela ortodoxia, mas também 
pela práxis cristã fecundada pela fé que ela anuncia, propõe e nutre. A Constituição Conciliar 
Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia afirma: 
‘A Sagrada Liturgia não esgota toda a ação da Igreja, pois antes que os homens 
possam achegar-se da Liturgia, faz-se mister que sejam chamados à fé e à conversão: “Como 
invocarão aquele em que não creram? E como crerão sem terem ouvido falar d’Ele? E como 
ouvirão se ninguém lhes pregar? E como se pregará se ninguém for enviado?” (Rm 10,14-15). 
Por isso a Igreja anuncia aos não crentes a notícia da salvação para que todos os homens 
conheçam o único verdadeiro Deus e aquele que enviou, Jesus Cristo, e se convertam de seus 
caminhos fazendo penitência; Aos que creem, porém, sempre deve pregar-lhes a fé e a 
penitência; deve, além disso, dispô-los aos Sacramentos, ensinar-lhes a observar tudo o que 
Cristo mandou e estimulá-los para toda a obra de caridade, piedade e apostolado. Por estas 
obras os fiéis manifestem que não são deste mundo, mas sim a luz do mundo e os 
glorificadores do Pai diante dos homens’. 
 
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Três eixos são identificáveis no texto conciliar: o anúncio, a pregação, o ensino, a 
catequese e o testemunho – martyria; o serviço, a solidariedade, a caridade, a política – 
diaconia; o culto, a oração, as celebrações – leitourgia. Esses eixos são formas básicas e 
fundamentais de realização da fé na Igreja. Expressões da fé recebida pelo anúncio da Palavra, 
celebrada e nutrida no culto, mobilizada e “solidarizada” no serviço. Elas se distinguem, se 
comunicam e se complementam, ao mesmo tempo em que concretizam a comunidade de fé, 
a Igreja”14. 
A essência sacramental da Igreja se articula então em três realizações sacramentais 
básicas: 
• Martirya (exercício do ministério profético) 
Ao povo santo de Deus se confiou a tarefa de anunciar o Evangelho e proclamar o 
Reino de Deus (testemunho e pregação). Pela iniciação cristã os fiéis, incorporados ao Corpo 
de Cristo, servem através dos carismas a Cristo. Também a infalibilidade da Igreja e do seu 
magistério se deriva do caráter sacramental da martyria eclesial. 
• Leiturgia (ministério e culto sacerdotal) 
A liturgia é a atualização do mistério de Cristo nos sinais sacramentais da Igreja (SC 
1; LG 11). Os leigos agem exercendo seu sacerdócio comum e os ministros (bispos e 
presbíteros) mediante a consagração configuram a ação de Cristo cabeça (PO 2). Cfr. LG 10. 
O ministério sacramental é a garantia de que a assembleia eclesial não se refere a si mesma, 
mas ao centro único que é O Senhor (cf. SC 2) 
• Diakonia (serviço real) 
Assim reza a Igreja: “Fazei que todos os membros da Igreja, à luz da fé, saibam 
reconhecer os sinais dos tempos e empenhem-se, de verdade, no serviço do Evangelho. 
Tornai-nos abertos e disponíveis para todos, para que possamos partilhar as dores e as 
angústias, as alegrias e as esperanças, e andar juntos no caminho do vosso reino” (Jesus 
caminho para o Pai, Oração Eucarística VI-C). Sabemos que a Igreja não possui o domínio 
divino nem se identifica com o Reino de Deus. Está ao serviço da implantação plena deste 
Reino. Cristo exerce o seu ministério de mediador do Reino de Deus através da Igreja (LG 1). 
A Igreja atua em favor do progresso da humanidade no âmbito da cultura instaurando uma 
ordem social justa e acorde com a dignidade humana. Em cada ato de amor ao próximo é 
amado o mesmo Cristo, e ao inverso, em cada ação de amor se encarna no mundo o amor de 
 
14 http://centroliturgiadomclemente.com.br/wp-content/uploads/downloads/2014/10/A-fé-se-realiza-na-
comunidade-texto-e-complemento.pdf 
http://centroliturgiadomclemente.com.br/wp-content/uploads/downloads/2014/10/A-f%C3%A9-se-realiza-na-comunidade-texto-e-complemento.pdf
http://centroliturgiadomclemente.com.br/wp-content/uploads/downloads/2014/10/A-f%C3%A9-se-realiza-na-comunidade-texto-e-complemento.pdf
 
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Deus aos homens (Mt 25,31-46; IJo 3,13-17). O amor ao próximo é o sacramento do amor a 
Deus (GS 3). 
 
 
 
 
 
 
 
Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 3 e a 
Atividade 3.1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 4 
A CONSTITUIÇÃO SACRAMENTAL DA IGREJA 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: Aprofundar os elementos sistemáticos (teológicos) dos 
diversos sujeitos que compõe a Igreja ressaltando a interação entre os carismas e 
a Instituição. 
 
 
4.1 Os leigos na Igreja: sujeitos eclesiais 
 
Lex Orandi: 
“Pela palavra do Evangelho do vosso Filho reunistes uma só Igreja de todos os povos, 
línguas e nações. Vivificada pela força do vosso Espírito não deixais, por meio dela, de 
congregar na unidade todos os seres humanos” 
(Oração Eucarística VI-A, A Igreja caminho da unidade) 
 
 
Na Igreja todos os membros têm a mesma dignidade (communis dignitas), uma 
mesma graça, uma mesma vocação à santidade (LG 32). A Igreja se une na comunhão e no 
serviço, e se constitui com diversidade de dons hierárquicos e carismáticos (Cfr. LG 4). O 
Espírito suscita muitos carismas e dons. A partir da perspectiva de uma Igreja como comunhão 
prefere-se a expressão “condição de vida” àquela de “estados de vida” ou “ordens”, pois é 
mais dinâmica e exprime mais profundamente a riqueza de dons que o Espirito doa à Igreja 
(cf. LG 11.13.30.39.40.43.50). 
Esta comunidade, hierarquicamente estruturada sem dúvida, aparece antes de tudo 
como comunidade sacramental fundada no Batismo e na Eucaristia, uma eclesiologia de 
comunhão (cf. LG 10: articulação entre o sacerdócio comum e o sacerdócio ministerial). Põe-
se em relevo que a própria Igreja está fundada no sacerdócio comum (graças ao Batismo) 
antes que sobre o sacerdócio ministerial (cuja missão, prioritária ao nível da eficácia 
sacramental, é a de estar a serviço do sacerdócio comum) (cf. LG 24 e CTI, 1985,7,2) 
Os leigos, como sujeitos protagonistas da Igreja vivem a sua missão secular sendo 
“Igreja no mundo”. Significativa sobre eles é a exortação apostólica post-sinodal “Christifideles 
laici” (1988). Anterior ao Concílio Vaticano II, se desenvolveu uma teologia dos leigos, 
sobretudo através da “Ação Católica” que intentou sublinhar a distinção entre os leigos e os 
presbíteros, uma vez que prioriza a missão do leigo no seu estar comprometido no mundo. 
A LG IV, situa a teologia dos leigos na perspectiva global da comunhão e missão da 
Igreja, e não como uma teologia setorial. Sendo o aporte mais decisivo a sua centralidade 
 
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cristológica. O que une todos os cristãos consiste em estar “incorporados a Cristo pelo Batismo” 
(LG 31); a partir de então se pode distinguir entre ministros ordenados, religiosos e leigos (se 
ocupam das realidades temporais, ordenando-as segundo Deus: LG 31). Esta centralidade 
cristológica marca que a santidade é uma vocação universal de todos os batizados sem 
distinção, e que a relação entre pastores e os leigos é pela comunhão sempre relacional, 
estando o ministério pastoral a serviço de todo o povo de Deus (LG 24.37). 
O texto central é LG 31, que descreve tipologicamente o que é um leigo: são todos 
os cristãos (exceto os ministros ordenados e os religiosos) que, incorporados a Cristo pelo 
Batismo, realizam a missão na Igreja e no mundo. O próprio deles é a índole “secular” (que 
obedece à exigência de “desclericalizar” a Igreja e salvaguardar a atuação autônoma dos 
cristãos “comuns”. 
Sobre os movimentos laicos: A Christifideles laici n. 30 estabelece critérios para o 
discernimento eclesial dos novos movimentos e apresenta algumas perspectivas que se 
tornaram básicas no desenvolvimento de uma teologia do laicato: 
 A missão do leigo, sinal da Igreja no mundo 
 Possibilitar uma verdadeira corresponsabilidade eclesial. Os leigos são sujeitos 
ativos na Igreja. 
 Ministérios confiados aos leigos, um serviço eclesial. Evitar certa clericalização e a 
perdida da índole secular própria dos leigos, pois são sinal sacramental da Igreja no 
mundo que agem como sujeitos corresponsáveis na Igreja com um verdadeiro serviço 
eclesial. 
 A autonomia dos leigos na Igreja (GS 36). Nos âmbitos em que os leigos realizam 
a sua vida (LG 12). A sua vocação não é por delegação, mas pelo fato de serem 
“batizados”, é uma “vocação” não somente faz algo porque “falta um padre” (LG 
31.33). 
 Priorizar os movimentos evangelizadores diocesanos e os conselhos de leigos na 
Igreja, que permitam visibilizar os leigos da diocese em missão. Estes espaços de ação 
dos leigos na Igreja Local acentua a sua normalidade na estrutura diocesana. 
 
4.2 A vida consagrada: sinal evangélico para o mundo 
 
Lex Orandi: 
“Ó Deus, que insirais e levais a termo todo bom propósito, guiai os vossos servos 
e servas no caminho da salvação. E dai, aos que tudo deixaram por vosso amor, 
seguir o Cristo e renunciar ao mundo, servindo a vós e a seus irmãos e irmãs, 
com espírito de pobreza e humildade de coração” 
(Oração do dia, Pelos religiosos) 
 
 
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A vida consagrada não é uma condição intermédia entre o clero e os leigos, já que 
“Deus chama alguns cristãos de ambos os estados” (LG 43). Esta não só se dá na Igreja, mas 
é própria da Igreja, pertence à sua vida e santidade (LG 44). 
O princípio geral e norma definitiva ou regra suprema da vida religiosa é o seguimento 
de Cristo (sequela Christi) como vem proposto pelo Evangelho. É a profissão (vivencial) dos 
conselhos evangélicos (eixo da vida 
consagrada) num estado de vida 
estável reconhecido pela Igreja, o 
que caracteriza a vida consagrada a 
Deus (CIC 915). Esta profissão faz 
dos consagrados um sinal e profecia 
para a comunidade dos crentes e 
para o mundo (Vita Consecrata 15). 
Fonte: http://migre.me/vQVSH 
Dimensões da vida consagrada: 
 Cristológico–Trinitária: Jesus que chamou alguns a fazê-lo presente na Igreja 
vivendo os conselhos evangélicos (a chamada sequela Christi, que consiste em viver 
sobretudo os “conselhos” da pobreza, castidade e obediência) (VC 14,29,15,17). O 
consagrado está chamado a viver a relação filial com o Pai sob a força do Espírito 
Santo de modo intenso. 
 Escatológica: antecipação do definitivo. Manifesta a relatividade deste mundo e o 
sublime do Reino de Deus, porém é profético e desafia os valores que contradizem o 
projeto salvífico de Deus. Implica às vezes o martírio. O religioso a religiosa é uma 
pessoa que pela sua vida nos aponta o céu, como meta da nossa peregrinação. 
 Eclesiológica: reflete de maneira especial aspetos diversos e fundamentais do 
mistério de Cristo, vividos por eles de maneira exemplar. A profissão dos conselhos 
evangélicos não se realiza de modo individual, mas como tarefa eclesial, 
representando no seio da Igreja a forma de vida que o Filho assumiu e à qual todos 
estão chamados, dentro da especificidade de cada “estado de vida”. 
A vida religiosa não só aponta à santificação do indivíduo, senão ao bem da Igreja. A 
Igreja local constitui o espaço histórico no qual uma vocação se expressa na realidade e na 
qual se realiza o seu compromisso apostólico (unidade com a Igreja universal através da Igreja 
local). 
 
 
 
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4.3 O ministério ordenado: um serviço essencial à Igreja 
 
Lex Orandi: 
“Enviai agora sobre este Eleito, a força que de vós procede, o Espírito Soberano, 
que destes ao vosso amado Filho, Jesus Cristo, e ele transmitiu aos santos 
Apóstolos, que fundaram a Igreja por toda a parte, como vosso templo, para 
glória e perene louvor do vosso nome” 
(Imposição das mãos e Prece de ordenação, Rito de Ordenação de um Bispo) 
 
Cristo instituiu na sua Igreja diversos ministérios ordenados ao bem de todo o Corpo. 
Os ministros que possuem a potestade sacramental estão a serviço dos seus irmãos (LG18). 
Esta se dá em virtude da ordenação no Bispo (LG 21), e nos presbíteros seus colaboradores 
(LG 28). Os diáconos participam à sua maneira do sacramento da ordem para realizar um 
serviço e não para exercer o sacerdócio (LG 29). Este ministério habilita para a presidência da 
Igreja especialmente com a eucaristia (Cfr. Didaqué e Clemente Romano) (LG 10.28). 
Existe uma diferença essencial entre o sacerdócio comum e o ministério pastoral 
(sacerdócio ministerial). O primeiro, por ser ontológico-fundamental, é a forma comum e 
básica, o segundo, por ser ontológico-funcional, é diaconal e ministerial. O ministério 
sacerdotal ordenado está a serviço do sacerdócio comum, e por sua vez a diaconia do 
ministério pastoral é condição para realizar plenamente a comunhão eclesial (LG 10). 
A chave de compreensão dos elementos teológicos do sacerdócio ministerial é a 
expressão “in persona Christi”: o ministro ordenado deve agir na pessoa de Cristo e agir na 
pessoa de Cristo cabeça (SC 33; LG 10.21.28; PO 2.13. Também “nomine Ecclesiae”, que 
expressa o caráter eclesial reconhecido na missão realizada (embora não seja só do ministro 
ordenado (cf. SC 85; AG 27). 
A potestade sacramental (eixo da ministerialidade pastoral): Tem a sua origem na 
potestade de Cristo, da qual fez partícipes aos seus discípulos quando os enviou participando 
da sua potestade (LG 19). Tal potestade expressa a faculdade e a missão sagrada derivada de 
Jesus Cristo, que se exerce em seu nome encomendada à sua Igreja por intermédio do serviço 
dos ministros (LG 18). A palavra “potestas” – “exousía” (autoridade, poder…) (cf. Mt 7,29; 
10,1. É significativo também o texto de Mt 28,18, onde se dá autoridade aos discípulos com a 
dupla função de anúncio da Palavra e Batismo. Pela ordenação episcopal se confere, junto com 
a missão (múnus) de santificar, também as funções (munera) de ensinar e governar (LG 21). 
Assim, a potestade sacramental com as suas três funções salvíficas ou ministérios (munera) 
de santificação, ensinamento e governo pastoral têm como origem e causa o sacramento da 
Ordem, mas a condição para o seu exercício está regulada pela permanência do ministro na 
 
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comunhão hierárquica da Igreja (articulação da perspectiva de comunhão própria de todo o 
colégio episcopal com o primado universal do Papa) (cf. LG 21,22; CD 4,5; PO 7,15). 
Ministério apostólico: o episcopado: Assim reza a Igreja pelo bispo: “Ó Deus, que 
fizestes vosso servo N. sucessor dos Apóstolos para apascentar o vosso rebanho, dai-lhe o 
espírito do conselho e da fortaleza, da ciência e da piedade, para que, governando fielmente 
o vosso povo que lhe foi confiado, possa construir a vossa Igreja como sacramento da 
salvação”. (Pelo bispo, Oração do dia, B). 
O capítulo III da Lumen Gentium assim descreve o ministério episcopal: 
• É um “serviço pastoral”: instituídos para guiar pastoralmente (ad pascendum) o 
povo de Deus e estão a serviço (inserviunt) dos seus irmãos (LG 18). Este ministério pastoral 
engloba e articula o ministério da palavra (25) e o litúrgico – sacramental (26). 
• Fundado sacramentalmente na plenitude do sacramento da Ordem. Chamado sumo 
sacerdócio ou cume do ministério sagrado (LG 21). Visa a seu modo ser representação visível 
duma Igreja Local como comunidade sacramental eucarística, constituindo 
sacramentalmente o laço da união com as outras Igrejas Locais e os seus bispos, e 
especialmente com o bispo de Roma. 
• Se realiza em seu tríplice ministério de guia e direção como mestre, sacerdote e 
pastor na constituição da Igreja Local, ordenando-a na catolicidade da comunhão das igrejas 
(LG 23). O bispo dispõe duma potestade própria que não fica suprimida pelo poder supremo 
e universal do Papa, que pelo contrário a confirma, consolida e protege (LG 27). 
• Exerce-se no tríplice ministério da proclamação da Palavra, da celebração dos 
sacramentos e do governo pastoral (LG 25,26,27). 
• Constituindo sacramentalmente o “colégio episcopal” com o sucessor de Pedro à sua 
cabeça, os bispos têm o encargo da Igreja toda. (LG 22: mas “só com... “jamais sem”... o 
Romano Pontífice) (LG 22; CD 4). 
 
Sucessão apostólica: Vejamos como reza a Igreja em um dos seus prefácios: 
“Pastor eterno, vós não abandonais o rebanho, mas o guardais constantemente pela proteção 
dos Apóstolos. E assim a Igreja é conduzida pelos mesmos pastores que pusestes a sua frente 
como representantes de vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso”. (Prefácio dos Apóstolos, I). 
Assim se compromete o eleito ao Episcopado em sua “Ordenação”: “Assim, caríssimo irmão, 
queres desempenhar até a morte a missão que nos foi confiada pelos Apóstolos, e que por 
imposição de nossas mãos, te será transmitida com a graça do Espírito Santo? Queres 
conservar em sua pureza e integridade o tesouro da fé, tal como foi recebido dos Apóstolos e 
 
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transmitido na Igreja, sempre e em toda a parte?” (Propósito do eleito, Rito de ordenação de 
um bispo). 
Colegialidade episcopal composta pelos sucessores dos Apóstolos que são os 
Bispos: “um é o episcopado do qual cada bispo possui solidariamente uma porção” (S, Cipriano, 
da unidade da Igreja, 5). Esta colegialidade se configura como um corpo constituído por todos 
os bispos conjuntamente com o bispo de Roma (jamais sem ele). Ainda no momento da 
Ordenação do candidato ao episcopado também é perguntado: “Queres edificar a Igreja, corpo 
de Cristo, e permanecer na sua unidade com o Colégio dos bispos, sob a autoridade do 
sucessor do Apóstolo Pedro?”. (Propósito do eleito, Rito de ordenação de um bispo). De fato, 
“A ordem dos bispos é também só junto com a sua cabeça, o romano Pontífice e jamais sem 
ela, sujeito da potestade suprema e plena sobre toda a Igreja” (Cfr. LG 22). É necessária a 
convocação, a aprovação ou a aceitação do Papa para que o colégio episcopal realize um 
verdadeiro ato de colégio. Consentimento não é dependência, mas comunhão entre cabeça e 
membros. Para o Concílio Vaticano II a existência do colégio episcopal é permanente, embora 
a sua ação não o seja (LG 22). Indicam-se duas aplicações da ação: o Concílio ecumênico e os 
bispos dispersos pelo mundo inteiro junto com o Papa (LG 22). Lembre-se o magistério 
extraordinário e ordinário. “A colegialidade como princípio real da pregação da Igreja está 
fundamentalmente assegurada pelo fato de que o magistério papal é um caminho 
“extraordinário”. O caminho ordinário e normal é o colegial, incluso segundo a atual dogmática 
católica” (J. Ratzinger, Teología Del concílio). 
A LG afirma que o romano Pontífice tem uma potestade plena, suprema e universal 
que pode exercer sempre livremente (e não sempre e livremente). O Papa pode agir, ou bem 
separadamente ou bem em união com os bispos. Onde “separadamente” não significa 
“isoladamente” (achando-se fora da Igreja). 
O duplo modo colegial e pessoal de exercer potestade suprema na Igreja não 
corresponde a uma duplicidade qualitativa, já que o Papa posto à cabeça do ministério pastoral 
é também pessoalmente cabeça da Igreja. Quando exerce pessoalmente concentra em si toda 
a potestade do colégio como “personalidade corporativa”. Todo ato primacial do Papa, forma 
parte intrinsecamente do colégio episcopal a estar ao serviço da comunhão da igreja inteira. 
(Não existe nenhuma instância à que o romano Pontífice deva responder juridicamente no 
exercício do dom recebido). Não obstante, isso não significa que o Papa tenha um poder 
absoluto. Em efeito, escutar a voz das igrejas é uma característica própria do ministério da 
unidade (Congregação da Doutrina da fé, 1988). 
São Instituições que exercitam e promovem a colegialidade: O Concílio ecumênico; 
Concílios particulares; Conferências episcopais; O sínodo dos Bispos. 
 
 
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4.4 Ministério Petrino: o primado na IgrejaLex Orandi: 
“Ó Deus, que na vossa providência quisestes edificar a vossa Igreja sobre São 
Pedro, chefe dos Apóstolos, fazei que o nosso papa N., que constituístes 
sucessor de Pedro, seja para o vosso povo o princípio e o fundamento visível 
da unidade da fé e da comunhão na caridade”. (Pelo Papa, oração do dia). 
 
 
O ministério petrino se expõe como um serviço à unidade de todos os cristãos. A 
unidade com o Papa quer dizer ajustar-
se à unidade de fé e comunhão, assim 
como reconhecer-lhe a autoridade de 
interpretar obrigatoriamente a 
revelação e, consequentemente, de 
submeter-se a essa, quando o faz em 
forma definitiva. O ministério petrino é 
o “sinal da identidade confessional na 
época moderna” (K. Schatz). 
Fonte: http://migre.me/vQVY2 
 
Novo Testamento 
 
Durante o ministério de Jesus: um dos primeiros discípulos de Jesus; realizou a 
confissão messiânica de Jesus (Mc 8,29; Jo 6,68). Na igreja primitiva: conhecido por Cefas – 
Pedro (Mc 3,16; Mt 16,18; Jo 1,42); testemunha nas aparições (1Cor 15,5; Lc 24,34); a sua 
importância entre os doze (Gal 1, 18; At 3,1ss); a sua atividade missionária (At 10; 1Cor 1,12; 
1Pe 1,1; At 15,25). Ele deve confirmar na fé os seus irmãos (Lc 22,32; 1Pe 5). 
Destaca-se o fato de ser receptor duma revelação própria (1Cor 15,5; Mc 9,2-10; 2Pe 
1,16-18; At 5,1-11; 10,9-16; 12,7-9). Manifesta-se como confessor da fé verdadeira (Mt 16,16-
19;2Pe 1,20ss; 3,15). Mas também é visto na sua debilidade (Mc 9,5; Jo 136,11; Mc 9,5; Mt 
16, 23; Gál 2,11; Mc 14,66-72). 
Vamos conhecer três textos clássicos sobre o primado de Pedro na Igreja: Mt 16,16-
19; Lc 22,32; Jo 21, 15-17. 
Mt 16,16-19: Profissão de fé cristológica de Pedro, que é o fundamento das tradições 
cristãs das quais o discípulo é garante. O termo “minha igreja”: designa a igreja total, como 
“edifício” (cfr. Is 7,24; Gal 2,9; Ef 2,20-22). O acento que supõe a adição “minha” dá-lhe uma 
 
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dimensão cristológica (Rom 16,16). As “chaves” (Is 22,22) para abrir com os seus equivalentes 
termos aramaicos “atar” “desatar” referem-se a pronunciamentos e decisões doutrinais 
próprios dos rabinos para excluir ou readmitir na comunidade religiosa. 
Lc 22,32: indica a tarefa pós-pascal de Pedro: Confirmar os cristãos na fé. (Cfr. Lc 
24,34; At 1,15-26; 2,14-41; 15,7-11). 
Jo 21,15-17: Expressa a tarefa pastoral entregue por Jesus a Pedro, que segue a 
tríplice pergunta sobre o amor, no qual manifesta-se que “Cristo nos deixava a Pedro como 
vigário do seu amor” (interpretação de Ambrosio). 
O ministério de Pedro não está ordenado à lei, mas sim ao ensinamento de Jesus. 
Rocha: (v.18) No Antigo Testamento este termo se refere a Deus, mas também serve para 
nomear aqueles que no seu povo sustentam a sua causa (Abraão; Messias...). Neste eleito 
Deus dispõe-se a estabelecer um edifício firme (a Ecclesia) fundamentado na rocha. 
Interpretações e acentos históricos sobre sobre a compreensão do primado: 
Fé: (interpretação antioquena). Pedro é o modelo do crente, sendo a sua confissão 
de fé a rocha fundamental da Igreja. Assim, Jesus deu a entender que edificaria a Igreja sobre 
a fé (Teodoro de Mopsuéstia; Crisóstomo; Ambrósio; Hilário). 
Cristo: (Agostinho). Cristo é a rocha – fundamento da Igreja (1Cor 10,4). Para 
Agostinho Cristo-Pedra é distinto de Pedro-Petrus. Para Tomás “Cristo é o fundamento e Pedro 
fundamento segundo só enquanto confessou a Cristo”. 
Pedro: 
 Pedro e os seus sucessores: (interpretação africana: século II - Cipriano). Vê 
em Pedro o paradigma de cada bispo; assim em cada apóstolo se dá a presença de 
Pedro, e em cada bispo há um sucessor de Pedro. O grado que compete a Pedro é 
um “primado” de honor. 
 Pedro e o seu sucessor o Papa, bispo de Roma: Interpretação romana centrada 
em Pedro e depois dele no Papa como rocha-fundamento da Igreja. (Leão Magno: 
atualmente é a interpretação majoritária entre os pesquisadores católicos. 
Concluindo, se deve dizer que a referência à rocha que é Cristo é a mais decisiva em 
todo o Novo Testamento (Rom 9,33; Mt 21,42.44; 1Cor 3,11; Ef 2,20). Assim, em sentido 
próprio só Cristo é Pedra e de forma derivada o são todos os cristãos (1Pe 2,5), como um 
cristão em singular, Pedro, a quem se confia um ministério específico em Mt 16. Este primado 
ajuda mediar entre a igreja histórica e o reino de Deus. Cristo é a rocha, e Pedro é a rocha 
porque representa Cristo. Pedro é a rocha em forma vicária (P. Benoit) 
 
 
 
 
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 “Chaves” – “Atar – desatar” (v.19): 
O mesmo binômio aparece em Mt 18,18, que ilumina o sentido básico do binômio Mt 
16,19. Atar - Desatar implica a certeza que Deus ratificará a decisão graças à promessa de 
Jesus, mas Mateus ilumina a situação de Mt 18,18 com 19-20: “Onde dois o três...”. Assim, a 
presença de Cristo como garantia das decisões tomadas na comunidade. (cf. Jo 20,22-23 com 
o binômio “perdoar – reter”. A aplicação tradicional mais frequente de “atar – desatar” refere-
se ao perdão dos pecados no sacramento da penitência e na excomunhão (Tertuliano; 
Teodoro; Tomás de Aquino). Embora a interpretação católica concentrou por vezes este poder 
no governo papal, entendendo as “chaves do Reino dos céus” como “chaves jurídicas” (Cfr. 
DH 1679.1692.1715). Contudo, a eclesiologia mais recente compreende o poder das chaves e 
os binômios já mencionados no marco da compreensão da Igreja como comunhão, que inclui 
a reconciliação com Deus e com a Igreja (LG 11). 
 
Esta tarefa pastoral de Pedro inclui a sucessão? 
Se poderia dizer que estes textos são textos abertos a incluir uma possível sucessão. 
Dado que estão situados na etapa final de Jesus e pelo uso dos verbos em futuro, que poderia 
sugerir um cumprimento histórico posterior pela perspectiva profética na qual se situam. Por 
que considerou tão importante o redator de Jo 21,15-17 (considerado uma adição ao 
Evangelho), e respectivamente Mt e Lc, lembrar a comunidade que a função da autoridade 
pastoral foi confiada a Pedro, quando era de supor que este ja havia sido morto há vinte ou 
trinta anos? 
Antes de ser formulado o princípio de “a tradição por sucessão”, era uma realidade 
considerada pacificamente no seu tempo, precedendo a sua mesma formulação. Pode ter-se 
presente que o exercício da responsabilidade confiada a Pedro está ligado à categoria de 
representação. Assim, não seria neste sentido que poderia orientar-se também a sucessão 
especificamente petrina, como elemento que faz possível que a representação própria de Pedro 
para com Jesus e para com os doze possa tender a perpetuar-se pela sua dinâmica histórica 
(e sacramental) própria através dos séculos? O tema da sucessão não se pode responder 
totalmente só com a Escritura. Se deve recorrer à Tradição católica que sobre o texto de Mt 
16,15-19 funda a doutrina segundo a qual os sucessores de Pedro herdam seu primado. 
 
O primado segundo o Concílio Vaticano I (1869-1870) 
Será este Concílio a definir as prerrogativas do Papa como a encontramos atualmente. 
Duas tendências serão resolvidas a partir da sua definição: o “galicanismo” (movimento de 
reivindicação da Igreja de França em respeito àquela de Roma) e o “ultramontanismo” (“mirar 
 
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Roma além dos montes”: atitude de devoção e de obediência sem condições a favor da defesa 
do papa e a Santa Sé. 
Documento “Pastor aeternus”: e o primado de jurisdição do Papa 
• Prólogo: a finalidade do primado é a unidade pelo vínculo duma só fé e caridade 
(DH 3050) 
• I Cap. (“petrinitas”): instituição do primado apostólico de Pedro a partir de Mt 16,16-
19 e Jo 21,15-17 (DH 3053). Primado não só de honra, mas de jurisdição (DH 3055). 
• II Cap. (“perpetuitas”): perpetuidade do primado de Pedro nos romanos Pontífices 
(DH 3057, 3058). 
• III Cap. (“romanitas”): descreve o primado de jurisdição (DH 3060; 3064).A intenção do Concílio era não aceitar o Galicanismo, rejeitando os intentos dos 
governos estaduais para obter influência sobre a Igreja. Também, era de rejeitar a pretensão 
de estabelecer o conciliarismo como instância superior ao Papa e limitar internamente o seu 
poder. O silêncio sobre a corresponsabilidade colegial dos bispos para o governo de toda a 
Igreja no texto conciliar definitivo não pressupunha um rejeito de tal responsabilidade. Ao 
contrário, a doutrina da autoridade plena e suprema simultânea do colégio episcopal se 
pressupõe como componente evidente da tradição. À interpretação negativa do chanceler 
germano – imperial Bismarck (1872) a partir do dogma do primado que considerava os bispos 
como meros representantes do Papa, os bispos alemães (1875) responderam com uma carta 
aprovada pelo Papa (DH 3117) e em uma alocução (DH 3112) disse: “Assim como o papado é 
de instituição divina, assim o é o episcopado... É um erro crer que a jurisdição episcopal tem 
sido absorvida pela jurisdição papal”. 
O exercício centralista do Primado não se funda na interpretação correta do Concílio 
Vaticano I. Dá-se a coexistência do primado e a colegialidade, assim como a pertinência da 
participação do episcopado no governo da Igreja. A definição de 1870 está aberta à 
possibilidade de diferentes formas de exercício do Primado e à eclesiologia de comunhão. Ao 
qualificar o primado como verdadeiramente episcopal situa o Papa dentro da comunhão 
sacramental que representa o colégio dos bispos. Como cabeça sua, o Papa está para servir à 
unidade do episcopado, e conjuntamente com o episcopado à unidade da Igreja. A partir do 
concílio Vaticano I se deve considerar condenado não só o episcopalismo, mas também o 
papismo. (A. Antón, El mistério de la Iglesia II, 366, citando J. Ratzinguer, Episcopado y 
primado, 50). 
 
 
 
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O magistério solene do Papa e a sua infalibilidade: 
O Vaticano I se centra no magistério solene do Papa, declarando infalível o ato preciso 
da definição e não duma maneira habitual, já que se precisam três condições: 1) Falar “ex 
cátedra” (desde a sé de Pedro), ou seja, com a vontade explícita de defini-la em virtude da 
sua suprema autoridade apostólica; 2) Falar para a Igreja inteira como pastor e doutor de 
todos os cristãos; 3) E falar sobre fé e costumes. Assim, tal infalibilidade assegura que 
semelhante ensinamento tal como está formulado se acha isento de erro, mas não garante 
que necessariamente seja formulado sempre da melhor maneira possível. O Vaticano I permite 
compreender bem a distinção entre o sentido da Igreja (sensus Ecclesiae), órgão da tradição 
do que o Papa jamais pode prescindir, e o consentimento da Igreja (consensus Ecclesiae), que 
não é necessário. 
Assim se exprime a LG 25 na nota 45: É “oportuno e relativamente necessário, embora 
não o seja de modo absoluto, que o Papa use do conselho e auxílio dos bispos”. Por sua vez, 
o Vaticano II faz uma apelação “à assistência do Espírito Santo” (LG 25) quem faz possível o 
sentido de Igreja (sensus Ecclesiae) necessário para uma definição infalível. Assim, a DV em 
seu numero 8 diz: “a tradição que vem dos apóstolos progride na Igreja com a assistência do 
Espírito santo”. 
 
O primado no Concílio Vaticano II 
O Concílio apresenta austeramente a sua reflexão sobre o ministério petrino. Pois os 
Padres consideraram que este tema já tinha sido abordado pelo Concílio Vaticano I. Assim, na 
LG III abordaram o tema do episcopado, guardando uma íntima relação com o ministério 
petrino (LG 18). 
Duas afirmações serão importantes: “A sacramentalidade do episcopado” (LG 21), 
referindo-se à comum sacramentalidade dos bispos e do Romano Pontífice. E o qualificativo 
dos bispos como “vigários de Cristo” (LG 27), título aplicado a eles por Cipriano e a tradição 
latina, mas que a partir dos concílios II de Lyon (séc. XIV) e Florência (séc. XV) e Vaticano I 
(s.XIX) reserva-se ao Papa (Cfr. LG 18,22; OT 6; LG 21;27). 
Jamais usa o termo “jurisdição” aplicado ao Papa, mas sim para falar da potestade 
dos bispos (LG 23,45; SC 130). Quando o aplica ao Papa omite-o (cf. LG 13.18.22). É 
importante a afirmação de LG 22 onde se afirma que o Papa conserva integramente a 
potestade do primado sobre todos, seja dos pastores seja dos fiéis, e os bispos respeitam 
fielmente o primado e pré – eminência da sua Cabeça. 
A comunhão hierárquica indica uma inter-relação entre sujeitos sacramentalmente 
iguais – bispos – que exercem um ministério diversificado (local primacial, o bispo de Roma; 
só local, o resto dos bispos), como sugere o mesmo conceito de “comunhão”. É significativo 
 
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que falando da relação entre o episcopado e o primado, se diz cinco vezes “com o Papa”, e só 
uma “sob o Papa”. 
Roma não está continuamente intervindo na administração das outras dioceses; a 
autoridade central distribui as tarefas e exerce a função de apelação em última instância para 
proteger, já aos bispos, já a seus diocesanos. Não se trata de duas potestades que competem 
entre si, mas cada uma tem uma função diferenciada, pois o bispo possui a potestade própria 
de cura pastoral habitual e cotidiana, embora regulada em último término pela potestade 
suprema, ou seja, o Papa e o colégio episcopal com ele, visando ao bem comum (LG 27). 
Segundo W. Kasper o defeito da 
doutrina sobre o primado radica-se 
em que as suas formas de expressão 
e pensamento estão acunhadas não 
segundo a potestade bíblica do 
discípulo, apóstolo e pastor, mas 
segundo o modelo secular de 
“suprema auctoritas” (Concilium 108 
(1975) 165-178). 
Fonte: http://migre.me/vQW1y 
 
Na encíclica “Ut unum sint” (1995) o Papa São João Paulo II convida a uma reflexão 
sobre as formas em que este ministério possa realizar um serviço de fé e de amor reconhecido 
por uns e por todos (UUS 95; 96) que sem renunciar ao essencial a sua missão se abra a uma 
situação nova (95). 
A partir dos textos conciliares (Vat. I e II) e a “Ut unum int sint” se podem explicitar 
quatro eixos da compreensão da essência do ministério petrino: 
 
a) Ministério episcopal: episcopalidade do primado do Papa como bispo de Roma 
que tem a principalidade na igreja inteira. 
b) Ministério de comunhão: para “serem todos um” na unidade da fé e da 
comunhão de toda a Igreja. O Papa como princípio e fundamento perpétuo e visível, seja 
dos bispos seja da multidão dos fiéis (Cfr. LG 23). Faz possível a catolicidade plena na 
comunhão eclesial da igreja inteira. 
c) Ministério colegial: junto com o colégio episcopal (LG 22) tem a potestade 
plena e suprema sobre a Igreja como “comunhão de igrejas”, mostrando assim a 
“solicitude pela Igreja inteira” (2Cor 11,28; LG 18-22). 
 
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d) Ministério “primacial”: decisivo e vinculante para toda a igreja. Como primado 
preside a comunhão universal no amor que é a Igreja (I. de Antioquia e LG 13) e confirma 
os seus irmãos (Lc 22,32) regulando em última instância (LG 27) a potestade habitual e 
cotidiana de cada bispo na sua Igreja. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 4 e a 
Atividade 4.1. 
 
 
 
 
 
 
Dica de Aprofundamento 
Ler el Decreto Dominus. Disponível em: 
<http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-
ii_decree_19651028_christus-dominus_po.html>. Acesso em: 21 dez. 2019. 
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19651028_christus-dominus_po.html
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19651028_christus-dominus_po.html
 
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UNIDADE 5 
TEOLOGIA DO LAICATO 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: Refletir sobre a vocação e missão dos cristãos leigos 
considerando os elementos fundamentais da reflexãoatual. 
 
5.1 Leigos: presença da Igreja “no mundo”15 
«Eis um novo aspecto da graça e da dignidade batismal: os fiéis leigos 
participam, por sua vez, no tríplice múnus — sacerdotal, profético e real — de 
Jesus Cristo. Trata-se de um aspecto que a tradição viva da Igreja nunca 
esqueceu, como resulta, por exemplo, da explicação que Santo Agostinho deu 
do Salmo 26. Escreve ele: « David foi ungido rei. Naquele tempo ungiam-se 
apenas o rei e o sacerdote. Nessas duas pessoas prefigurava-se o futuro único 
rei e sacerdote, Cristo (daí que "Cristo" venha de "crisma"). Não foi, porém, 
ungido apenas a nossa Cabeça, mas fomos ungidos também nós, Seu corpo... 
Por isso, a unção diz respeito a todos os cristãos, quando no tempo do Antigo 
Testamento pertencia apenas a duas pessoas. Deduz-se claramente sermos 
nós o corpo de Cristo, do fato de sermos todos ungidos e de todos sermos 
n'Ele "cristos" e Cristo, porque, de certa forma, a Cabeça e o corpo formam o 
Cristo na sua integridade». (Exortação Apostólica pós-sinodal “christifideles 
laici”, n. 14) 
 
“A teologia do laicato foi verdadeiramente decisiva no Vaticano II, tanto pela sua 
presença significativa no capítulo IV da Lumen Gentium, dedicado completamente aos leigos, 
quanto pelo decreto específico sobre o apostolado dos leigos (Apostolicam Actuositatem), e 
também pelas suas importantes reflexões na Gaudium et Spes, considerada no seu todo, e na 
Ad Gentes. Não sem motivo, nas publicações logo após o Concílio, se pôde constatar uma 
recepção inicial positiva e entusiástica, particularmente pela nova formulação da Igreja como 
"Povo de Deus" no capítulo II da Lumen Gentium. 
De fato, a partir deste conceito, o laicato passa de objeto-súdito a sujeito-protagonista 
da Igreja: vem afirmada a dignidade comum a todos os membros do Povo de Deus pelo 
batismo, vem também posta em relevo a missão "secular" mais específica, que é de ser, pela 
sua natureza, "Igreja no mundo" e ao mesmo tempo a afirmação da importância do 
associativismo laical com particular referência à Ação Católica, concebida de modo amplo como 
laicato organizado para o apostolado na Igreja. 
 
15 As reflexões presentes nesta unidade encontram-se na Revista Lumen Veritatis - N. 7 - Abril/Junho 
2009 que podemos acessar aqui: http://www.arautos.org/artigo/10151/O-Laicato--Os-cristaos-leigos--
Igreja-no-mundo.html 
http://www.arautos.org/artigo/10151/O-Laicato--Os-cristaos-leigos--Igreja-no-mundo.html
http://www.arautos.org/artigo/10151/O-Laicato--Os-cristaos-leigos--Igreja-no-mundo.html
 
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Observamos, todavia, que esta recepção positiva inicial que situava o tema do laicato 
dentro de um contexto eclesiológico global comportou um progressivo esquecimento desta 
mesma teologia específica a favor de uma teologia central de "Povo de Deus", e 
sucessivamente de "comunhão" como eixo estruturante de todo o Vaticano. 
Após mais de 20 anos, em 1987, este tema foi retomado por ocasião do Sínodo dos 
Bispos sobre os leigos, com a respectiva Exortação Pós-Sinodal “Christifideles Laici” de 1988. 
Esse evento, embora com os seus limites quanto ao aporte eclesiológico, provocou certo 
relance da teologia do laicato, que contribuiu até para as interpretações motivadas por dois 
fatos pós-Conciliares novos: a aparição dos chamados "novos movimentos" (Neocatecumenais, 
Focolares, Comunhão e Libertação, Renovação Carismática, Comunidade de Santo Egídio...) e 
também, as questões sobre os ministérios que podem exercer os leigos com base nas normas 
do novo Código de Direito Canônico de 1983. 
A etapa mais recente se concentrou sobre a problemática relativa à participação dos 
leigos na responsabilidade pastoral, a seguir à "instrução" de 1997, que foi assinada por 
numerosas congregações romanas e que tem como título: "Acerca de algumas questões sobre 
a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministério dos sacerdotes"16. Em suma, tendo em 
seguida presente o que foi brevemente delineado, não se pode negar que uma análise atenta 
da evolução recente da teologia do laicato torna notória certa situação de "impasse" e 
dificuldade a nível eclesiológico, tanto teórico quanto prático. Eis agora, abreviadamente, a 
evolução da teologia do laicato desde antes do Vaticano II até nossos dias. 
 
5.2 A teologia do laicato pré-conciliar: identidade de sua missão específica 
no mundo 
A intenção de restituir plena dignidade à condição laical, e promover assim uma 
definição positiva da vocação e missão dos leigos, era o projeto da que era conhecida como "a 
teologia do laicato". O autor mais significativo foi o dominicano francês Y. Congar - grande 
especialista do Vaticano II - com a sua célebre obra de 1953, Per una teologia del laicado, 
notável também por sua ampla bibliografia eclesiológica numa linha prioritariamente 
eclesiológico-histórica. Com ele, vão citados os estudos de orientação mais eclesiológica- 
pastoral do teólogo de Lovaina e depois redator principal da Lumen Gentium, G. Philips, que 
entre outros, deixou o melhor comentário a esta Constituição Conciliar sobre a Igreja. Ambos 
 
16 
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cclergy/documents/rc_con_interdic_doc_15081997_po.ht
ml 
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cclergy/documents/rc_con_interdic_doc_15081997_po.html
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cclergy/documents/rc_con_interdic_doc_15081997_po.html
 
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os autores tomam como ponto de partida a realidade da Ação Católica como forma própria do 
"laicato organizado para o apostolado na Igreja", em linha com a sua criação, da parte de Pio 
XI, em 1922. Análoga perspectiva se pode encontrar em outros importantes teólogos, como K. 
Rahner, E. Schillebeeckx, R. Spiazzi, G. Thils, M. D. Chenu, H. U. von Balthasar… 
A característica desta etapa é baseada numa teologia do laicato que quer sublinhar 
claramente a distinção entre leigos e presbíteros, e que dá a prioridade à missão do leigo no 
seu ser "empenhado no mundo". Em tudo isto, entrou o cerne eclesiológico de uma Igreja 
centrada prioritariamente na hierarquia, como era a eclesiologia dominante naquele tempo. 
Por isso, não é estranho que o mesmo Y. Congar, já antes do Vaticano II, exprimisse o desejo 
de uma mudança eclesiológica, afirmando que 
substancialmente se dá uma só teologia do laicato, 
que é, pois, uma "eclesiologia total". Com tudo isto, e 
já numa fase pós-Conciliar, ele mesmo fez uma 
autocrítica velada, a respeito desta visão inicial da 
"teologia do laicato". Seu ponto de vista era 
excessivamente centrado na distinção entre leigos e 
presbíteros, segundo a visão tomista do ministério 
sacerdotal que dá prioridade à questão dos "poderes" 
que possui o ordenado, mas que não dá suficiente 
relevo para uma concessão de maior comunhão na 
Igreja, numa linha mais própria ao primeiro milênio 
eclesial. 
 Fonte: http://migre.me/vQW72 
 
5.3 Concílio Vaticano II: identidade positiva e índole secular do laicato 
O Vaticano II consagrou a teologia do laicato. A ela dedica o capítulo IV da Lumen 
Gentium, que recolhe a decisiva focalização teológica da identidade do leigo na eclesiologia do 
Povo de Deus desenvolvida no capítulo II. Por sua vez, a Gaudium et Spes assume amplamente 
a maior parte dos temas que até então eram típicos da teologia do laicato na sua relação com 
a realidade do mundo (família, trabalho, educação, cultura, economia, política...). Por fim, o 
Decreto Apostolicam Actuositatem 17 comporta elementos operativos sobre o apostolado 
concreto dos leigos, mesmo se não tem sempre em conta a perspectiva eclesiológica renovada 
 
17 Encontrado em: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19651118_apostolicam-actuositatem_po.html 
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19651118_apostolicam-actuositatem_po.html
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19651118_apostolicam-actuositatem_po.html
 
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da Lumen Gentium, e por isso se posiciona mais como um ponto de chegada do que como um 
ponto de partida para uma renovação pastoral. 
A Lumen Gentium, consequentemente, assinala decisivamente a teologia do laicato, 
dando-lhe uma moldura e uma estrutura eclesiológica integral. Isto comporta, por um lado, 
um forte melhoramento, enquanto supõe que a "teologia do laicato" não se trata mais de uma 
teologia setorial, porque se coloca na perspectiva global da missão de toda a Igreja; por outro 
lado, faz que muitas das questões que até aquele momento eram tratadas e elaboradas em 
torno da "teologia do laicato", se tornassem patrimônio comum de todos os membros da Igreja. 
Esta situação pode observar-se bem em diversos capítulos da Lumen Gentium, nos quais vêm 
tratadas todas estas questões. Por exemplo, no capítulo I sobre o Mistério da Igreja: a Igreja 
como sacramento, sinal e instrumento também da unidade de todo o gênero humano (n. 1); 
a Igreja de Abel (n. 2); Igreja e Reino de Deus (n. 6); Igreja visível e invisível, santa e sempre 
necessitada de purificação (n. 8). No Capítulo II sobre o Povo de Deus: a Igreja como povo 
messiânico (n. 9); o sacerdócio comum (n. 10-11); o senso da fé e os carismas (n. 12); a 
perspectiva comunal e gradual da pertença à Igreja (n. 13-16); a sua missão evangelizadora 
(n. 17)... No capítulo V sobre a vocação universal à santidade: o chamado universal à 
santidade, o testemunho como categoria basilar da vida cristã… 
De modo mais genérico, o mesmo acontecerá com a Gaudium et Spes, porque 
praticamente todos os seus temas têm precedentes na "teologia do laicato" pré-Conciliar, dado 
o seu radicamento particular na experiência da Ação Católica, como "apostolado organizado" 
no meio do mundo, assim como na teologia das consideradas realidades terrestres (família, 
cultura, ciência, trabalho, política...), próprias à etapa pré-Conciliar. 
O contributo mais decisivo do Vaticano II em relação à teologia do laicato de um ponto 
de vista teológico é, então, a sua recentralização cristológica: de fato, em primeiro lugar, a 
Lumen Gentium afirma que aquilo que une todos os cristãos é o fato de estarem "incorporados 
a Cristo pelo batismo" (n. 31); como consequência, em segundo lugar, se pode distinguir entre 
ministros ordenados, religiosos e leigos, sendo estes últimos aqueles que têm a vocação de 
"procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando- as segundo Deus" 
(n. 31). Esta re-centralização cristológica comporta dois aspectos decisivos: primeiro, que a 
vocação à santidade não está reservada a um setor da Igreja, mas é um chamado universal 
voltada para todos os batizados sem exceção; segundo, que a relação entre pastores e laicato 
deve ser repensada, não tendo como base uma lógica "vertical", mas sim uma lógica de 
"comunhão" e relacional, porque o ministério pastoral não deve ser concebido como uma 
hierarquia superior, mas como uma diakonia e serviço a todo o Povo de Deus. 
Nesta questão cristológica e eclesiológica se posiciona o texto central da Lumen 
Gentium (n. 31) que é uma descrição "tipológica", em dois pontos, do que é um leigo: Por 
 
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leigos entendem-se aqui todos os cristãos que não são membros da sagrada Ordem ou do 
estado religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo 
Batismo, constituídos em Povo de Deus e tornados participantes, a seu modo, da função 
sacerdotal, profética e real de Cristo, exercem, pela parte que lhes toca, a missão de todo o 
Povo cristão na Igreja e no mundo. É própria e peculiar dos leigos a característica secular 
[índoles saecularis]. [...] [Esses têm a vocação específica de] ‘procurar o Reino de Deus 
tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus’. 
A partir daqui, a Lumen Gentium mostra a missão do leigo (cf. 32-33) insistindo no fato 
que se trata de uma participação no tríplice ministério ou missão salvífica de Cristo, Profeta 
Sacerdote e Rei/Senhor (cf. 34-36), esquema este que servia já para explicitar o ministério 
episcopal (cf. 25-27), o ministério presbiteral (cf. 28) e o ministério diaconal (cf. 29). Em todos 
esses textos o aporte específico do laicato encontra-se no fato de estar envolvido na vida 
concreta do mundo, com insistência particular sobre a categoria do testemunho a fim de ser 
presença no mundo (cf. 31-35). Essa insistência do Vaticano II sobre o "caráter secular" do 
leigo obedece à exigência incontestável de "desclericalizar" a Igreja e de salvaguardar o agir 
autônomo dos simples cristãos da indébita ingerência da hierarquia. 
Desta forma, resulta claro que para o Concílio existem duas linhas para impostar a 
teologia do laicato: 1) recuperar o caráter "cristão" basilar da figura do leigo, e 2) sublinhar a 
índole "secular" própria da vocação laical. Com tudo isto, é necessário observar que a primeira 
linha enquanto constitui uma aquisição teológica basilar, comprova a segunda, não sem o risco 
que em alguma teologia do laicato, esta segunda linha seja marginalizada ou superada por 
uma genérica teologia do Povo de Deus. E é aqui que se pode avaliar uma das questões mais 
decisivas e debatidas da teologia Conciliar do laicato, e mesmo de seu momento teológico atual 
de impasse ou de desconserto. 
Com efeito, em toda a etapa pós-Conciliar se constatam duas grandes interpretações 
do "caráter secular" do laicato. A primeira é claramente teológica em quanto vê o caráter 
secular como a nota positiva e constitutiva do laicato e serve de defesa para duas correntes 
de pensamento (…) A segunda grande interpretação é orientada para uma visão sociológica 
do caráter secular, e retém que a categoria laicato tenha sido superada pela eclesiologia e que, 
portanto, convém concentrar-se na recuperação do caráter basilar da figura do leigo como 
cristão. 
Com tudo isto se propõe uma terceira interpretação na linha de ministerialidade. Tal 
interpretação se baseia em uma constatação de caráter universal para toda a eclesiologia, que 
Paulo VI recordou, afirmando que "toda a Igreja tem uma autêntica dimensão secular”. É nesta 
chave que o "caráter secular" de toda a Igreja se traduz em serviço e missão no mundo no 
qual os leigos como cristãos atestam a sua própria e peculiar "posição secular”. 
 
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Parece ser esta a orientação que toma a proposição nº 4 do Sínodo sobre o laicato, 
retomado na Christifidelis Laici nº 15, ao observar que a "índole secular do fiel leigo não deve, 
pois, definir-se apenas em sentido sociológico, mas sobretudo em sentido teológico". E este é 
explicitado numa linha missionária ministerial, citando a paráfrase que João Paulo II fez da 
Lumen Gentium (n. 31): Os leigos exprimem e exercem as riquezas dessa sua dignidade 
vivendo no mundo. O que para os membros do ministério ordenado pode constituir uma tarefa 
acessória e excepcional, para os leigos é missão típica. A vocação que lhes é própria ‘consiste 
em procurar o Reino de Deus tratando das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus' 
(ChL nº 15, nota nº40: Giovanni Paolo II, Angelus 15: III. 1987). 
 
5.4 Pós-Concílio: o Sínodo sobre os leigos (1987) e a “Christifideles Laici” 
O Concílio Vaticano II desencadeou todo um processo de reflexão sobre a vocação e 
a missão própria dos leigos. Em 1987 se realiza um Sínodo 
sobre os leigos que como fruto terminou na publicação da 
Exortação Apostólica pós-Sinodal Christifideles Laici (1988), 
que não apresentou muitos desenvolvimentos do Concílio, 
mas “optou porapresentar-se como um forte e urgente 
apelo à missão, a partir da parábola da vinha que configura 
todo o texto em torno da tríade mistério comunhão-missão 
da Igreja. Essa tríade se tornou decisiva para a eclesiologia 
pós-Conciliar a partir do Sínodo de 1985. 
Fonte: http://migre.me/vQWa4 
Duas questões suscitaram maiores debates: a primeira questão é aquela sobre a 
participação dos leigos no ministério eclesial e por isso a Christifideles Laici confia o tema dos 
ministérios a uma comissão especial (n. 23) que deu o seu parecer num documento de vários 
dicastérios da Cúria Romana...; e a segunda questão é aquela sobre a realidade dos chamados 
"novos movimentos" (n. 30), onde recupera a citação explícita e Conciliar relativa à Ação 
Católica (n. 31), corrigindo o novo Código de Direito Canônico de 1983 que 
surpreendentemente prescinde de tal referimento concreto. 
Neste contexto, queria sublinhar uma importante e sutil novidade da Christifideles 
Laici sobre a agregação laical e a sua colocação no interior desta Exortação apostólica pós-
Sinodal, comparando-a com a colocação da Ação Católica no decreto do Vaticano II, 
Apostolicam Actuositatem. De fato, este documento Conciliar trata das várias formas de 
apostolado no capítulo IV, dando um lugar especial à Ação Católica, tudo em consequência do 
tratado sobre os fins do apostolado dos leigos no capítulo II e dos vários campos de apostolado 
 
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do capítulo III. Então, fica claro pela Apostolicam Actuositatem, que a colocação dos 
movimentos laicais é primariamente orientada para o apostolado e missão no mundo, onde se 
enumera especialmente a família, os jovens, o ambiente social, a ordem nacional e 
internacional. Porém, na Christifidelis Laici, as agregações laicais e os movimentos são tratados 
dentro da tríade mistério-comunhão-missão, no capítulo segundo sobre a comunhão, quando 
quase se poderia esperar que fosse no âmbito da missão, como pareceria lógico a partir da 
Lumen Gentium e da Apostolicam Actuositatem. 
Como é sabido, a compreensão da eclesiologia do Vaticano II, como sinal de 
comunhão, não foi a mais habitual e difusa no imediato pós-concílio, o qual preferiu falar da 
eclesiologia do povo de Deus graças ao grande capítulo II da Lumen Gentium que toma esse 
título. Com toda a razão a mesma CTI (Comissão Teológica Internacional) em 1985 recordava 
que "a expressão povo de Deus acabou por designar a eclesiologia Conciliar". Embora, a partir 
do Sínodo de 1985, toma-se o primado da eclesiologia de comunhão. Deve- se notar que a 
palavra comunhão não está muito presente nos textos Conciliares, e só após vinte anos do 
Vaticano II foi vista justamente como a melhor expressão do fio de toda a eclesiologia Conciliar, 
sobretudo examinando com atenção a famosa formulação: "comunhão hierárquica" (LG 21-
22; CD 4-5; PO 7, 15), que tenta fazer a síntese entre a eclesiologia mais hierárquica e 
universalista do segundo milênio, com a eclesiologia mais sacramental e comunal do primeiro 
milênio eclesial. Por isso se pode afirmar que a noção de comunhão, mais que um conceito 
formalmente central da eclesiologia Conciliar, é fruto da recepção do Vaticano II, a qual procura 
assim interpretar de modo exato o núcleo decisivo dos textos deste concílio sobre a Igreja. 
Assim sendo, coloca-se o tratamento das agregações laicais no âmbito da comunhão 
como "participação dos fiéis leigos à vida da Igreja-comunhão" (parte II). Por isso, quando se 
enumeram os critérios da eclesialidade no nº 30 da Christifidelis Laici, os três primeiros estão 
naquela como: "o primado da vocação à santidade"; "a responsabilidade de confessar a Fé 
Católica" e "o testemunho de uma comunhão sólida e convicta", e finalmente os dois restantes 
estão na linha missionária e vão "à conformidade e à participação no fim apostólico da Igreja" 
e "ao empenho de uma presença na sociedade humana". Pelo contrário, na Apostolicam 
Actuositatem (n. 20), quando se elencam as notas da Ação Católica - como modelo eclesial de 
agregação laical - a primeira nota está numa linha mormente missionária com este texto: O 
fim imediato de tais organizações é o fim apostólico da Igreja, isto é, ordenam-se à 
evangelização e santificação dos homens e à formação cristã da sua consciência, de modo a 
poderem imbuir do espírito do evangelho as várias comunidades e os vários ambientes. 
 
 
 
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5.5 As associações e movimentos laicais 
Inicialmente a "teologia do laicato” estava muito ligada à experiência associativa e 
apostólica que representa para os leigos a Ação Católica (sobretudo na Europa). De certo 
modo, a insistência sobre o caráter associativo e popular deste laicato, recolhe o espírito da 
época de sua fundação (primeiros decênios do séc. XX), que via crescer o senso comunitário 
de todos os tipos (social, cultural, sindical, político…). 
É bom ter presente que a intenção inicial da Ação Católica - mesmo se não 
necessariamente com este nome - parte das suas quatro notas recolhidas na Apostolicam 
Actuositatem (n. 20), nestes termos: 1) finalidade evangelizadora da Igreja; 2) protagonismo 
dos leigos; 3) estrutura associativa; 4) mandato ou particular relação com a hierarquia. Deste 
modo, a Ação Católica não se apresenta como uma associação de leigos entre outras, dado 
que goza de um liame peculiar com a hierarquia traduzido de modo mais adequado pela 
Christifideles Laici (n. 31) como "uma particular relação com a hierarquia", adquirindo um valor 
‘oficial' e ‘público' na Igreja, pela qual goza de uma eclesialidade mais ‘institucional'. Por isso, 
João Paulo II retoma uma formulação usada por Paulo VI que, ao tratar da Ação Católica, a 
descreve sempre como "uma particular forma de ministerialidade eclesial". De sua parte, a 
Christifideles Laici seguindo a proposição sinodal nº 13, sublinha a importância da Ação Católica 
por sua "particular relação com a Hierarquia”. 
 
5.5.1 Os "novos" movimentos: o sempre maior impulso do novo associacionismo 
laical-eclesial 
 
É óbvio: durante o pós-Concílio a novidade mais vistosa sobre o tema do associativismo 
eclesial foi a aparição e a consolidação dos assim chamados "Novos Movimentos" ou 
"Movimentos Eclesiais" (Neocatecumenais, fundados por Kiko Argüello; Focolares, por Chiara 
Lubich; Comunhão e Libertação, por Mons. Giussani; Comunidade de S. Egidio, por A. 
Riccardi...) que criaram certo fascínio pela sua vivacidade e novidade, mesmo que nem sempre 
tenha sido fácil codificar os seus estatutos pelo fato de serem dificilmente classificáveis entre 
as habituais estruturas eclesiais. Para os canonistas, é comum classificar a realidade atual dos 
movimentos desta maneira: 
a) Os movimentos de leigos: que compreendem apenas leigos que desejam viver a 
sua vocação dentro da Igreja no mundo, e, assim, a Ação Católica com os seus diversos 
movimentos especializados (CIJOC, JECI, MIJARC, MMTC, MIAMSI, Junior, Pax-Romana - 
MIIC/MIEC -, Movimento Escoteiro Católico...); 
 
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b) Os movimentos de espiritualidade: procuram promover primariamente uma 
espiritualidade específica (Equipes de Matrimônio...; Ordens terceiras religiosas…); 
c) Os movimentos eclesiais: nome típico dos, assim chamados, ‘novos movimentos' 
formados por todas as condições de vida na Igreja (leigos e leigas, religiosos e religiosas e 
ministros ordenados) para viver um aspecto particular da Igreja como a unidade, a comunhão, 
o amor, o anúncio do Evangelho, a vida evangélica, etc. 
A característica mais comum desses ‘novos movimentos' é procurar englobar a vida 
inteira de seus membros a partir do carisma fundacional, e nesse se integram, sejam ministros 
ordenados, religiosos ou religiosas, leigos e leigas, casados ou solteiros, famílias... donde a sua 
denominação como "eclesiais", apesar de leigos. O seu modelo quer ser principalmentecomunitário, fortemente marcado pelo seu fundador ou fundadora, situação que se assemelha 
às ordens religiosas na Igreja. Esta referência está agora ainda mais reforçada pela semelhança 
com os movimentos de renovação eclesial do século XIII (as ordens mendicantes: franciscanos, 
dominicanos...), confronto que se tornou emblemático pela descrição desses novos 
movimentos e da sua efetividade na Igreja de hoje. A sua colocação jurídica está num longo 
itinerário, visto que o mesmo novo Código de Direito Canônico de 1983 não prevê diretamente 
um estatuto jurídico para esse terceiro tipo de associacionismo plural que é próprio dos 
"movimentos eclesiais”. Por isso, o Pontifício Conselho para os Leigos procurou diversas novas 
formas de reconhecimento eclesial. 
A situação desses "novos movimentos" coloca questões eclesiológicas e pastorais 
importantes. Não se pode negar que se trata de uma realidade que, em vários países, mostra 
uma força e um dinamismo verdadeiramente notável, com um forte sentido de presença e em 
alguns casos até coletiva, social, cultural e mesmo política. Alguns desses, também manifestam 
uma grande disponibilidade para serem missionários em terras e situações muito problemáticas 
(bairros populares e periferias, terceiro mundo, norte e leste da Europa…). 
Esse tipo de orientação faz com que esses movimentos tenham um perfil muito 
marcadamente "autorreferencial", sendo há alguns anos vistos como pouco distantes nas 
atuações das próprias dioceses em diversos níveis (direção do bispo diocesano; projetos 
pastorais da diocese, seminário, formação e espiritualidade sacerdotal; paróquias e celebrações 
litúrgicas; catequese diocesana; presença pública...). E é assim que a questão eclesiológica da 
sua ubiquação permanece aberta, continuando sempre a forte e fascinante interpelação que 
estão fazendo à nossa Igreja e à sua missão hoje. 
 
 
 
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5.6 Algumas perspectivas eclesiológico-pastorais do laicato 
Pode-se caracterizar sinteticamente a teologia Conciliar descrevendo o laicato como 
"uma condição sacramental de serviço, uma dimensão carismática de liberdade, um 
testemunho evangelizador no mundo e uma pertença eclesial de corresponsabilidade”. A partir 
daqui, nascem algumas possíveis perspectivas eclesiológico-pastorais conclusivas sobre o 
laicato: 
a) A missão do leigo - "sinal da Igreja no mundo": no itinerário da teologia 
recente do laicato se constatou que a questão da "índole secular” continua a ser o cerne 
do debate teológico-eclesiológico. É verdade que a radicalização da sua compreensão 
(teológica, portanto, bem distinta do ministério pastoral e da vida consagrada. Ou mesmo 
sociológica, portanto, redutível à categoria ampla de Povo de Deus) levou a um forte 
"impasse". Seguramente, é este o motivo pelo qual a teologia do laicato ocupa pouco 
espaço na eclesiologia recente: Ou se supõe soterrada debaixo da teologia global de Povo 
de Deus, sem praticamente um perfil próprio, ou vem tratada na questão dos ministérios, 
com o consequente desvio intraeclesial que isto supõe. Convém então recuperar, 
doravante, a especificidade eclesiológico-pastoral da teologia do laicato para uma 
eclesiologia orientada para a missão, na qual a presença e o testemunho dos leigos e das 
leigas no mundo exprimam a própria e peculiar ‘índole secular', que não sendo exclusiva, 
é, porém, a mais comum na Igreja e assim os cristãos leigos possam ser qualificados 
como "Igreja no mundo" enquanto "sinal da Igreja para o mundo”. Convém, destarte, 
tratar "especificamente" o laicato. De fato, a proposta provocatória de "abandonar" este 
conceito, feita por M. Vergottini, representa uma síntese de certa impostação teológica 
destes últimos anos, não tomando contrapartida numa teologia específica de Povo de 
Deus no mundo; em efeito, diversas eclesiologias recentes se limitam a uma genérica 
reflexão sobre o Povo de Deus e em compensação, tratam amplamente do ministério 
pastoral; mas agora, porque não fazê-lo também da condição de vida eclesial que é o 
laicato, evidentemente, nunca separado de toda uma eclesiologia sacramental de 
comunhão, a fim de evitar que "de fato" venha marginalizada essa decisiva condição de 
vida? Não estaremos frente ao risco de cair, com toda a boa vontade, no axioma quod 
nimis probat, nihil probat, abandonando uma reflexão ‘mais especifica' sobre os leigos 
como Igreja no mundo? 
b) Favorecer o exercício de uma verdadeira e própria "corresponsabilidade" 
eclesial: O senso da corresponsabilidade deve ser a alma da pastoral do século XX, como 
dos séculos futuros, afirmava o Cardeal Suenens de Bruxelas, imediatamente após o 
Vaticano II. De fato, ao se pretender que os leigos tomem a Igreja como qualquer coisa 
 
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que é também "eles", torna-se necessário favorecer realmente a "corresponsabilidade" a 
todos os níveis, como participação, colaboração, complexidade, diálogo... Assim, no 
mesmo âmbito da fé é importante ter presente o sensus fidei18, "os carismas" e a graça 
da palavra (gratia verbi) que estão presentes em todos os crentes, e manifestam que 
esses são ativos na Igreja e testemunhos da própria fé (cf. Lumen Gentium 12; 35). Neste 
âmbito das decisões é preciso ter presente que existe um amplo campo também para o 
Concílio: tratando do ministério episcopal de governar, o Vaticano II afirma que tal 
ministério se exercita não só com a "sacra autoridade e potestade", própria do ministério 
pastoral, mas também "com conselho, exortação e exemplo" (Lumen Gentium n. 27). E é 
aqui que se coloca o amplo espaço de corresponsabilidade na qual os leigos têm um papel 
irrenunciável. 
c) Os ministérios confiados aos leigos - um serviço eclesial: Trata-se de uma 
das experiências mais vivas da Igreja pós-Conciliar, mesmo se, como vimos, não esteja 
ausente o perigo de uma clericalização e da perda de referência ao caráter secular, própria 
do laicato. Não obstante, e tanto mais dada a carência de presbíteros nas diversas igrejas 
diocesanas, estes leigos e leigas a quem é confiada uma missão ou um ministério, são 
muito significativos do ponto de vista pastoral, sobretudo na questão do ‘serviço eclesial'. 
Por este motivo, se fala deles como de um ‘terceiro polo' enquanto são “companheiros 
privilegiados que assumem uma nova responsabilidade que os empenha de modo 
particular com o sinal sacramental da Igreja no mundo”. Assim sendo, com o uso desta 
fórmula ou não, a eclesiologia atual deve dizer que os leigos com sua especificidade não 
são, nem neste campo, súditos ou suplentes, mas indivíduos corresponsáveis na Igreja e 
pertencentes à sua ministerialidade global, exercitando um verdadeiro e próprio "serviço 
eclesial”. Ao se pretender - e assim deve ser! - um real reconhecimento como também 
uma voz de Igreja dos leigos e das leigas imersos e empenhados na nossa sociedade, é 
preciso salientar que esses são cristãos em pleno sentido e "autônomos" no mundo, 
porque tal vocação vem-lhes, não por uma delegação da Igreja, mas pelo fato de serem 
simplesmente "batizados" (Lumen Gentium, n. 31), e, portanto, chamados à missão 
evangelizadora no mundo "pelo Senhor por meio do batismo e da confirmação" (Lumen 
Gentium, n. 33). 
d) Dar prioridade aos "movimentos de evangelização laicais”: Para concluir, 
deve-se sublinhar a importância da realidade "comunitária e missionária" dos leigos na 
 
18 Sobre o “sensus fidei” você pode ler: 
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_cti_20140610_sensus-
fidei_po.html 
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_cti_20140610_sensus-fidei_po.html
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_cti_20140610_sensus-fidei_po.html
 
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Igreja, e neste caso osmovimentos de evangelização intensa como "rede" ampla - como 
uma "rede que dá liberdade" - como uma federação ou associação a diversos níveis e com 
diversas formas de adesão. Neste sentido, dever-se-ia salientar também aqueles 
movimentos de evangelização que, mesmo sendo modestos quantitativamente, podem 
expor "os leigos da diocese" a modo de missão, como a tradição da Ação Católica manteve, 
ainda que ‘reorientados’ numa clara perspectiva de diocesanos, ainda que com outras 
possíveis denominações, embora não se tratando de uma questão de nome. Os 
diocesanos são importantes para acentuar sua "normalidade" na estrutura diocesana, 
como fazem territorialmente as paróquias. Trata-se então de potenciar uma rede 
paroquial, diocesana ou zona, na linha empregada na missão eclesial e no testemunho no 
mundo. E uma interrogação final: não será possível em nível diocesano, sem perder o 
carisma próprio, caminhar para uma rede ampla e integrativa dos leigos empenhados no 
mundo em diversas agregações laicais em torno do bispo diocesano? Eis aqui um desejo 
- impossível? - e uma esperança contra toda a esperança, sobretudo porque há urgência 
em cumprir a norma Conciliar que diz: "A Igreja não está fundada verdadeiramente, nem 
vive plenamente, nem é o sinal perfeito de Cristo entre os homens se, com a Hierarquia, 
não existe e trabalha um laicato autêntico" (Ad Gentes, n. 21). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 5 e a 
Atividade 5.1. 
 
 
Dica de Aprofundamento 
Sobre os leigos, leia: <http://w2.vatican.va/content/john-paul-
ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_30121988_christifideles-
laici.html>. Acesso em: 21 dez. 2019. 
RATZINGER, Joseph (BENTO XVI) . Jesus de Nazaré. Da Entrada em Jerusalém até 
a Ressurreição. II. Planeta, 2005, p. 197-236. 
http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_30121988_christifideles-laici.html
http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_30121988_christifideles-laici.html
http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_30121988_christifideles-laici.html
 
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UNIDADE 6 
A ÍNDOLE ESCATOLÓGICA DA IGREJA 
PEREGRINA 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: Estudar os temas eclesiológicos dentro da perspectiva 
escatológica. 
 
6.1 Caráter escatológico da nossa vocação à Igreja 
“A índole escatológica da Igreja, como reflexão teológica, é muito pertinente, visto que, 
trata da relação entre a estrutura visível da Igreja e aquela realidade sonhada como meta 
última da atividade eclesial. A escatologia do Vaticano II trouxe à tona essa reflexão quando 
salientou que a tensão escatológica entre o “já” e o “ainda não” faz parte da natureza do novo 
povo de Deus, e que, por isso mesmo, a Igreja é sinal e instrumento desta plenitude da 
Esperança no meio da humanidade. Sendo um sinal, ela se torna para o mundo sacramento 
visível da unidade de gênero humano com Deus e consigo mesma. 
A posição do Concílio Vaticano II acerca dessa situação-missão da Igreja é que “a 
salvação prometida pelo Senhor “já” começou em Cristo, mas “ainda não” se consumou, 
porque o tempo da restauração de todas as coisas dar-se-á somente quando o homem e com 
ele toda a criação chegar a sua restauração final em Cristo. Enquanto isso não acontecer a 
Igreja é impelida a levar adiante a obra de santificação da humanidade como missão imputada 
por Cristo na unidade do Espírito Santo. Esse trabalho quer, portanto, demonstrar como essa 
salvação de Cristo continua por meio da ação eclesial, que instrui seus filhos sobre o sentido 
da vida temporal, enquanto esperança dos bens futuros e compromisso com o Reino de Deus. 
Como não sabemos o dia nem a hora que o Senhor virá na sua glória, esforcemo-nos na terra 
em viver de acordo com os filhos de Deus, buscando construir uma vida de santidade, justiça 
e amor, na firme certeza que esperança cristã não é vã, mas encontra seu alento no Jesus 
ressuscitado, vencedor da morte. Assim o que esperamos é a plena restauração de tudo em 
Cristo e a nossa definitiva salvação19. 
Assim diz a Lumen Gentium em seu n. 48: “A Igreja, à qual todos somos chamados e 
na qual por graça de Deus alcançamos a santidade, só na glória celeste alcançará a sua 
realização acabada, quando vier o tempo da restauração de todas as coisas (cfr. At. 3,21) e, 
quando, juntamente com o gênero humano, também o universo inteiro, que ao homem está 
 
19 cf. http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/18924/18924.PDFXXvmi= 
http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/18924/18924.PDFXXvmi=
 
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intimamente ligado e por ele atinge o seu fim, for perfeitamente restaurado em Cristo (cfr. Ef, 
1,10; Col. 1,20; 2 Ped. 3, 10-13). Na verdade, Cristo, elevado sobre a terra, atraiu todos a Si 
(cfr. Jo. 12,32 gr.); ressuscitado de entre os mortos (cfr. Rom. 6,9), infundiu nos discípulos o 
Seu Espírito vivificador e por Ele constituiu a Igreja, Seu corpo, como universal sacramento da 
salvação; sentado à direita do Pai, atua continuamente na terra, a fim de levar os homens à 
Igreja e os unir mais estreitamente por meio dela, e, alimentando-os com o Seu próprio corpo 
e sangue, os tornar participantes da Sua vida gloriosa. A prometida restauração que 
esperamos, já começou, pois, em Cristo, progride com a missão do Espírito Santo 
e, por Ele, continua na Igreja; nesta, a fé ensina-nos o sentido da nossa vida temporal, 
enquanto, na esperança dos bens futuros, levamos a cabo a missão que o Pai nos confiou no 
mundo e trabalhamos na nossa salvação (cfr. Fil. 2,12). 
Já chegou, pois, a nós, a plenitude dos tempos (cfr. 1 Cor. 10,11), a restauração do 
mundo foi já realizada irrevogavelmente e, de certo modo, encontra-se já antecipada neste 
mundo: com efeito, ainda aqui na terra, a Igreja está aureolada de verdadeira, embora 
imperfeita, santidade. Enquanto não se estabelecem os novos céus e a nova terra em que 
habita a justiça (cfr. 2 Ped. 3,13), a Igreja peregrina, nos seus sacramentos e nas suas 
instituições, que pertencem à presente ordem temporal, leva a imagem passageira deste 
mundo e vive no meio das criaturas que gemem e sofrem as dores de parto, esperando a 
manifestação dos filhos de Deus (cfr. Rom. 8, 19-22). 
Unidos, pois, a Cristo na Igreja, e marcados com o sinal do Espírito Santo «que é o 
penhor da nossa herança» (Ef. 1,14), chamamo-nos filhos de Deus e em verdade o somos (cfr. 
1 Jo. 3,1); mas não aparecemos ainda com Cristo na glória (cfr. Col. 3,4), na qual 
seremos semelhantes a Deus, porque O veremos como Ele é (cfr. 1 Jo. 3,2). E assim, 
«enquanto estamos no corpo, vivemos exilados, longe do Senhor» (2 Cor. 5,6) e, tendo 
recebido as primícias do Espírito, gememos no nosso íntimo (cfr. Rom. 8,23) e anelamos por 
estar com Cristo (cfr. Fil. 1,23). Por este mesmo amor somos incitados a viver mais para Ele, 
que por nós morreu e ressuscitou (cfr. 2 Cor. 5,15). Esforçamo-nos, por isso, por agradar a 
Deus em todas as coisas (cfr. 2 Cor. 5,9) e revestimo-nos da armadura de Deus, para podermos 
fazer frente às maquinações do diabo e resistir no dia perverso (cfr. Ef. 6, 11-13). Mas, como 
não sabemos o dia nem a hora, é preciso que, segundo a recomendação do Senhor, vigiemos 
continuamente, a fim de que no termo da nossa vida sobre a terra, que é só uma (cfr. Hebr. 
9,27), mereçamos entrar com Ele para o banquete de núpcias e ser contados entre os eleitos 
(cfr. Mt. 25, 51-46), e não sejamos lançados, como servos maus e preguiçosos (cfr. M t. 25,26), 
no fogo eterno (cfr. Mt. 25,41), nas trevas exteriores, onde «haverá choro e ranger de dentes» 
(Mt. 22,13; 25,30). Com efeito, antes de reinarmos com Cristo glorioso, cada um de nós será 
apresentado «perante o tribunal de Cristo, a fim de ser remuneradopelas obras que realizou 
 
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enquanto vivia no corpo, boas ou más» (2 Cor. 5,10); e, no fim do mundo, «os que tiverem 
feito boas obras, irão para a ressurreição da vida, os que tiverem praticado más ações, para a 
ressurreição da condenação (Jo. 5,29; cfr. Mt. 25,46). Pensando, pois, que «os sofrimentos 
desta vida não têm proporção com a glória que se há-de revelar em nós» (Rom. 8,18; cfr. 2 
Tim. 2, 11-12), fortalecidos pela fé, aguardamos «a bem-aventurada esperança e a vinda 
gloriosa do grande Deus e salvador nosso Jesus Cristo), (Tit. 2,13), «o qual transformará o 
nosso corpo miserável, tornando-o conforme ao Seu corpo glorioso), (Fil. 3,21) e virá «ser 
glorificado nos Seus santos e admirado em todos os que acreditaram), (2 Tess. 1,10)20. 
 
6.2 A união da Igreja peregrina com a Igreja celeste 
 
Em seu número 49 a Lumen Gentium afirma: “Deste modo, enquanto o Senhor não 
vier na Sua majestade e todos os Seus anjos com Ele (cfr. Mt. 25,31) e, vencida a morte, tudo 
Lhe for submetido (cfr. 1 Cor. 15, 26-27), dos Seus discípulos uns peregrinam sobre a terra, 
outros, passada esta vida, são purificados, outros, finalmente, são glorificados e contemplam 
«claramente Deus trino e uno, como Ele é» (146); todos, porém, comungamos, embora em 
modo e grau diversos, no mesmo amor de Deus e do próximo, e todos entoamos ao nosso 
Deus o mesmo hino de louvor”. Existem “estágios” ou “situações distintas” de vida dentro do 
caminho até quando “Deus será tudo em todos”, mas tal percurso se realizada numa 
“comunhão” onde os vínculos espirituais permitem uma “troca de dons”, pois “com efeito, 
todos os que são de Cristo e têm o Seu Espírito, estão unidos numa só Igreja e ligados uns 
aos outros n'Ele (cfr. Ef. 4,16). E assim, de modo nenhum se interrompe a união dos que ainda 
caminham sobre a terra com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo, mas antes, segundo 
a constante fé da Igreja, é reforçada pela comunicação dos bens espirituais (147). Porque os 
bem-aventurados, estando mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente 
a Igreja na santidade, enobrecem o culto que ela presta a Deus na terra, e contribuem de 
muitas maneiras para a sua mais ampla edificação em Cristo (cfr. 1 Cor. 12, 12-27) (148). 
Recebidos na pátria celeste e vivendo junto do Senhor (cfr. 2 Cor. 5,8), não cessam de 
interceder, por Ele, com Ele e n'Ele, a nosso favor diante do Pai (149), apresentando os méritos 
que na terra alcançaram, graças ao mediador único entre Deus e os homens, Jesus Cristo (cfr. 
1 Tim., 2,5), servindo ao Senhor em todas as coisas e completando o que falta aos sofrimentos 
de Cristo, em favor do Seu corpo que é a Igreja (cfr. Col. 1,24) (150). A nossa fraqueza é 
assim grandemente ajudada pela sua solicitude de irmãos” (LG 49). 
 
20 LG n. 48: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-
ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html 
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
 
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Esta “tensão escatológica” impele a Igreja a perseverar num constante caminho de 
renovação da Igreja que passa pela “santificação”. Neste sentido se entende a máxima do 
período patrístico da Igreja “semper reformanda”. Papa Paulo VI afirma: “é grande em nós o 
desejo de que a Igreja de Deus seja qual Jesus a quer: una, santa, toda encaminhada à 
perfeição a que Ele a chamou e de que a tornou capaz. Perfeita no seu conceito ideal, no 
desígnio de Deus, a Igreja deve-se ir aperfeiçoando sempre na expressão real, na sua 
existência terrestre. É este o grande problema moral que domina a sua vida, a caracteriza, a 
estimula, a acusa, a sustenta e a enche de gemidos e de orações, de arrependimentos e de 
esperanças, de esforço e de confiança, de responsabilidades e de méritos (…) A ambição de 
conhecer os caminhos do Senhor é e deve ser constante na Igreja, e a discussão que se vai 
mantendo, de século em século no seio da Igreja, sobre as questões, de perfeição, sendo tão 
fecunda e variada, bem queríamos que tornasse a despertar o interesse máximo a que tem 
direito. E isto não tanto para elaborar novas teorias, quanto para gerar energias novas, que 
levem àquela santidade que Jesus Cristo nos ensinou e nos possibilita conhecer, desejar e 
conseguir. Para isso nos dá o seu exemplo, a sua palavra, a sua graça, a sua escola baseada 
na tradição eclesiástica, fortificada pela ação comunitária, ilustrada pelas figuras singulares dos 
Santos”21. 
 
6.3 A comunhão espiritual entre os peregrinos e os santos 
«Esta festa (Solenidade de todos os Santos) faz-nos refletir sobre o dúplice 
horizonte da humanidade, que exprimimos simbolicamente com as palavras 
«terra» e «céu»: a terra representa o caminho histórico, o céu a eternidade, 
a plenitude da vida em Deus. E assim esta festa faz-nos pensar na Igreja na 
sua dupla dimensão: a Igreja a caminho no tempo e a que celebra a festa sem 
fim, a Jerusalém celeste. Estas duas estão unidas pela realidade da 
«comunhão dos santos»: uma realidade que começa aqui na terra e alcança 
o seu cumprimento no Céu. (Bento XVI, “Angelus”, 1 de novembro de 2012) 
 
“Reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo místico de Cristo, a 
Igreja dos que ainda peregrinam, cultivou com muita piedade desde os primeiros tempos do 
Cristianismo a memória dos defuntos e, «porque é coisa santa e salutar rezar pelos 
mortos, para que sejam absolvidos de seus pecados» (2 Mac. 12,46), por eles ofereceu 
também sufrágios. Mas, os apóstolos e mártires de Cristo que, derramando o próprio sangue, 
deram o supremo testemunho de fé e de caridade, sempre a Igreja acreditou estarem mais 
ligados conosco em Cristo, os venerou com particular afeto, juntamente com a Bem-
 
21 Carta Encíclica “Ecclesiam Suam”, n. 19: http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-
vi_enc_06081964_ecclesiam.html 
http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_06081964_ecclesiam.html
http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_06081964_ecclesiam.html
 
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aventurada Virgem Maria e os santos Anjos e implorou o auxílio da sua intercessão. Aos quais 
bem depressa foram associados outros, que mais de perto imitaram a virgindade e pobreza de 
Cristo e, finalmente, outros, cuja perfeição nas virtudes cristãs e os carismas divinos 
recomendavam à piedosa devoção dos fiéis. 
Com efeito, a vida daqueles que fielmente seguiram a Cristo, é um novo motivo que 
nos entusiasma a buscar a cidade futura (cfr. Hebr. 14,14; 11,10) e, ao mesmo tempo, nos 
ensina um caminho seguro, pelo qual, por entre as efêmeras realidades deste mundo e 
segundo o estado e condição próprios de cada um, podemos chegar à união perfeita com 
Cristo, na qual consiste a santidade. É sobretudo na vida daqueles que, participando conosco 
da natureza humana, se transformam, porém, mais perfeitamente à imagem de Cristo, (cfr. 2 
Cor. 3,18) que Deus revela aos homens, de maneira mais viva, a Sua presença e a Sua face. 
Neles nos fala, e nos dá um sinal do Seu reino, para o qual, rodeados de uma tão grande 
nuvem de testemunhas (cfr. Hebr. 12,1) e tendo uma tal afirmação da verdade do Evangelho, 
somos fortemente atraídos. 
Porém, não é só por causa de seu exemplo que veneramos a memória dos bem-
aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja aumente com o exercício da 
caridade fraterna (cfr. Ef. 4, 1-6). Pois, assim como a comunhão cristã entre os peregrinos nos 
aproxima mais de Cristo, assim a comunhão com os santosnos une a Cristo, de quem 
procedem, como de fonte e cabeça, toda a graça e a própria vida do Povo de Deus. 
É, portanto, muito justo que amemos estes amigos e co-herdeiros de Jesus Cristo, 
nossos irmãos e grandes benfeitores, que dêmos a Deus, por eles, as devidas graças, «lhes 
dirijamos as nossas súplicas e recorramos às suas orações, ajuda e patrocínio, para obter de 
Deus os benefícios, por Seu Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor e Redentor e Salvador único». 
Porque todo o genuíno testemunho de veneração que prestamos aos santos, tende e leva, por 
sua mesma natureza, a Cristo, que é a «coroa de todos os santos» e, por Ele, a Deus, que é 
admirável nos seus santos e neles é glorificado. 
“Nos santos vemos a vitória do amor sobre o egoísmo e sobre a morte: vemos que 
seguir Cristo conduz à vida, à vida eterna, e dá sentido ao presente, a cada momento que 
passa, porque o enche de amor, de esperança. Só a fé na vida eterna nos faz amar deveras a 
história e o presente, mas sem se prender, na liberdade do peregrino, que ama a terra porque 
tem o coração no Céu”22. 
“Mas a nossa união com a Igreja celeste realiza-se de modo mais sublime, quando, 
sobretudo na sagrada Liturgia, na qual a virtude do Espírito Santo atua sobre nós através dos 
 
22 http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/angelus/2012/documents/hf_ben-xvi_ang_20121101_all-
saints.html 
http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/angelus/2012/documents/hf_ben-xvi_ang_20121101_all-saints.html
http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/angelus/2012/documents/hf_ben-xvi_ang_20121101_all-saints.html
 
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sinais sacramentais, concelebramos em comum exultação os louvores da divina Majestade e, 
todos de todas as tribos, línguas e povos, remidos no sangue de Cristo (cfr. Ap 5,9) e reunidos 
numa única Igreja, engrandecemos com um único canto de louvor o Deus uno e trino. Assim, 
ao celebrar o sacrifício eucarístico, unimo-nos no mais alto grau ao culto da Igreja celeste, 
comungando e venerando a memória, primeiramente da gloriosa sempre Virgem Maria, de S. 
José, dos santos Apóstolos e mártires e de todos os santos”23. 
 
6.4 A Igreja: viver no mundo sem ser do mundo 
 
“Muito útil será que também o cristão de hoje tenha sempre presente esta sua forma 
de vida, original e admirável, que o manterá no gozo da sua dignidade e o imunizará do 
contágio da miséria humana ou da sedução do brilho humano que o rodeiam (…) A pedagogia 
cristã deverá recordar sempre ao discípulo dos nossos tempos, esta sua condição privilegiada 
e o consequente dever de estar no mundo sem ser do mundo, segundo a oração de Jesus 
pelos seus discípulos, acima recordada: "Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes 
do Maligno. Eles não são do mundo como Eu não sou do mundo" (Jo 17,15-16). É voto que a 
Igreja faz seu. 
Mas distinção não é separação. Nem é indiferença, temor ou desprezo. Quando a Igreja 
afirma a sua distinção da humanidade, não se opõe, aproxima-se dela. Como o médico, ao ver 
as ameaças da epidemia, procura preservar-se da infecção a si e aos outros, sem deixar de 
atender aos já contagiados, assim a Igreja não considera privilégio exclusivo a misericórdia, 
que lhe concede a bondade divina, não faz da própria felicidade razão para desinteressar-se 
de quem a não conseguiu ainda; bem ao contrário, esse mesmo tesouro de salvação, que 
possui, é para ela fonte de interesse e de amor por todos os que lhe estão perto. O mesmo 
faz com todos que pode abranger num esforço comunicativo universal”24. 
É claro que as relações entre a Igreja e o mundo podem assumir muitos e diversos 
aspectos. Teoricamente, seria possível à Igreja propor-se a redução ao mínimo de tais relações, 
procurando isolar-se do contato com a sociedade profana; como poderia também propor-se 
assinalar os males que nela venha a encontrar, anatematizando-os e pregando cruzadas contra 
eles. E poderia, ao contrário, aproximar-se de a sociedade profana até conseguir influxo 
preponderante ou domínio teocrático. Outras atitudes se podem imaginar ainda. Parece-nos, 
 
23 LG n. 50:http: //www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-
ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html 
24 Ecclesiam Suam, n. 35 e 36: http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-
vi_enc_06081964_ecclesiam.html 
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_06081964_ecclesiam.html
http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_06081964_ecclesiam.html
 
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porém, que a relação da Igreja com o mundo, sem excluir outras formas legítimas, se 
representa melhor pelo diálogo, embora não necessariamente com palavras que tenham para 
os dois interlocutores o mesmo sentido (…) Conceber essa relação como diálogo é o que nos 
sugerem o hábito agora muito espalhado de assim representar as relações entre o sacro e o 
profano; o dinamismo transformador da sociedade moderna; o pluralismo das suas 
manifestações; e também a maturidade do homem, tanto religioso como não religioso, 
habilitado pela educação profana a pensar, falar e manter com dignidade o diálogo (ES 45). 
Esta forma de relação indica, por parte de quem a inicia, um propósito de urbanidade, 
de estima, de simpatia e de bondade; exclui a condenação apriorística, a polêmica ofensiva e 
habitual, o prurido de falar por falar. Se é certo que não visa a obter sem demoras a conversão 
do interlocutor, porque lhe respeita a dignidade e liberdade, sempre visa ao bem dele e procura 
dispo-lo à comunhão mais plena de sentimentos e convicções. 
O diálogo supõe em nós, que pretendemos iniciá-lo e continuá-lo com todos os que nos 
circundam, um estado de alma característico: o de quem experimenta a responsabilidade do 
mandato apostólico, vê que já não pode separar a própria salvação do trabalho pela salvação 
alheia, de quem se esforça por introduzir continuamente, no viver humano, a mensagem de 
que é depositário (ES 46)25. 
 
6.5 Maria no mistério de Cristo e da Igreja 
“O nosso mediador é só um, segundo a palavra do Apóstolo: «não há senão um Deus 
e um mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou a Si mesmo 
para redenção de todos (1 Tim. 2, 5-6). Mas a função maternal de Maria em relação aos 
homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; manifesta antes a 
sua eficácia. Com efeito, todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se 
deve ao beneplácito divino e não a 
qualquer necessidade; deriva da 
abundância dos méritos de Cristo, 
funda-se na Sua mediação e dela 
depende inteiramente, haurindo aí 
toda a sua eficácia; de modo nenhum 
impede a união imediata dos fiéis com 
Cristo, antes a favorece. 
 Fonte: http://migre.me/vQWfr 
 
25 http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_06081964_ecclesiam.html 
http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_06081964_ecclesiam.html
 
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A Virgem Santíssima, predestinada para ser Mãe de Deus desde toda a eternidade 
simultaneamente com a encarnação do Verbo, por disposição da divina Providência foi na terra 
a nobre Mãe do divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do 
Senhor. Concebendo, gerando e alimentando a Cristo, apresentando-O ao Pai no templo, 
padecendo com Ele quando agonizava na cruz, cooperou de modo singular, com a sua fé,esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida 
sobrenatural. É por esta razão nossa mãe na ordem da graça. 
Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, desde o 
consentimento, que fielmente deu na anunciação e que manteve inabalável junto à cruz, até 
à consumação eterna de todos os eleitos. De fato, depois de elevada ao céu, não abandonou 
esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os 
dons da salvação eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos 
e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada. Por isso, a 
Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro, medianeira. Mas 
isto entende-se de maneira que nada tire nem acrescente à dignidade e eficácia do único 
mediador, que é Cristo (…). 
Pelo dom e missão da maternidade divina, que a une a seu Filho Redentor, e pelas suas 
singulares graças e funções, está também a Virgem intimamente ligada, à Igreja: a Mãe de 
Deus é o tipo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, 
como já ensinava S. Ambrósio. Com efeito, no mistério da Igreja, a qual é também com razão 
chamada mãe e virgem, a bem-aventurada Virgem Maria foi adiante, como modelo eminente 
e único de virgem e de mãe. Porque, acreditando e obedecendo, gerou na terra, sem ter 
conhecido varão, por obra e graça do Espírito Santo, o Filho do eterno Pai; nova Eva, que 
acreditou sem a mais leve sombra de dúvida, não na serpente antiga, mas no mensageiro 
celeste. E deu à luz um Filho, que Deus estabeleceu primogênito de muitos irmãos (Rom. 8,29), 
isto é, dos fiéis, para cuja geração e educação Ela coopera com amor de mãe. 
Por sua vez, a Igreja que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, 
cumprindo fielmente a vontade do Pai, toma-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepção 
da palavra de Deus: efetivamente, pela pregação e pelo Batismo, gera, para vida nova e 
imortal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo e nascidos de Deus. E também ela é 
virgem, pois guarda fidelidade total e pura ao seu Esposo e conserva virginalmente, à imitação 
da Mãe do seu Senhor e por virtude do Espírito Santo, uma fé íntegra, uma sólida esperança 
e uma verdadeira caridade. 
Mas, ao passo que, na Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela perfeição sem 
mancha nem ruga que lhe é própria (cfr. Ef. 5,27), os fiéis ainda têm de trabalhar por vencer 
o pecado e crescer na santidade; e por isso levantam os olhos para Maria, que brilha como 
 
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modelo de virtudes sobre toda a família dos eleitos. A Igreja, meditando piedosamente na 
Virgem, e contemplando-a à luz do Verbo feito homem, penetra mais profundamente, cheia 
de respeito, no insondável mistério da Encarnação, e mais e mais se conforma com o seu 
Esposo. Pois Maria, que entrou intimamente na história da salvação, e, por assim dizer, reune 
em si e reflete os imperativos mais altos da nossa fé, ao ser exaltada e venerada, atrai os fiéis 
ao Filho, ao Seu sacrifício e ao amor do Pai. Por sua parte, a Igreja, procurando a glória de 
Cristo, torna-se mais semelhante àquela que é seu tipo e sublime figura, progredindo 
continuamente na fé, na esperança e na caridade, e buscando e fazendo em tudo a vontade 
divina. Daqui vem igualmente que, na sua ação apostólica, a Igreja olha com razão para aquela 
que gerou a Cristo, o qual foi concebido por ação do Espírito Santo e nasceu da Virgem 
precisamente para nascer e crescer também no coração dos fiéis, por meio da Igreja. E, na 
sua vida, deu a Virgem exemplo daquele afeto maternal de que devem estar animados todos 
quantos cooperam na missão apostólica que a Igreja tem de regenerar os homens26. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para finalizar seu estudo, realize os Exercícios 6 e 7 e a 
Atividade 6.1. 
 
 
 
 
26 LG, n. 60-65: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-
ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html 
Dica de aprofundamento 
 Ler o capítulo V que fala sobre “a função da Igreja no mundo atual”. Disponível em: 
<http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-
ii_const_19651207_gaudium-et-spes_po.html>. Acesso em: 21 dez. 2019. 
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651207_gaudium-et-spes_po.html
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651207_gaudium-et-spes_po.html
 
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REFERÊNCIAS 
Compêndio do Concílio Vaticano II. Compêndio do Vaticano II: Constituições, decretos, 
declarações. Petrópolis: Vozes 2000. Disponível em: 
<http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/index_po.htm>. Acesso em: 
10 jan. 2019. 
PIÉ-NINOT, S. Eclesiología. La sacramentalidad de la comunidad cristiana. Salamanca: 
Sígueme, 2007. 
PIÉ-NINOT, S. Introdução à Eclesiologia, São Paulo: Loyola, 1998. 
WIEDENHOFER, Siegfried. “Eclesiologia”. In SCHNEIDER Theodor (org). Manual de 
Dogmática. vol. I, Vozes, 2001, 50-142. 
VIDAL, Maurice. Para que serve a Igreja? São Paulo: Loyola, 2013. 
PAULO VI. Carta Encíclica “Ecclesiam Suam”. Disponível em: 
<http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-
vi_enc_06081964_ecclesiam.html>. Acesso em: 10 jan. 2019. 
 
 
 
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/index_po.htm
http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_06081964_ecclesiam.html
http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_06081964_ecclesiam.html
 
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EXERCÍCIOS E ATIVIDADES 
 
EXERCÍCIO 1 
 
1. Existe na Sagrada Escritura um “processo de revelação” do mistério da 
Igreja que se inicia desde a eleição de Israel como povo de Deus. Tendo em 
vista esta prefiguração da Igreja no AT, analise os enunciados a seguir: 
I. “Ecclesía” (Igreja) é um termo usado para traduzir o hebraico “qahal”, palavra que 
designava a assembléia do povo de Israel, povo eleito por Deus, reunido diante do 
Senhor para escutar sua palavra e responder-lhe “amém”. 
II. A promessa de uma aliança universal se concretiza desde a eleição e vocação de 
Abraão. A aliança individual com Abraão se faz aliança coletiva no Monte Sinai; esta 
aliança constitui o “DNA” de Israel, pois constitui o povo na sua identidade. 
III. Israel é propriedade de Deus: é Deus mesmo quem a constitui como povo. A 
existência de Israel proclama o amor providente de Deus. 
a) Todos os enunciados estão corretos. 
b) Apenas o enunciado II está correto. 
c) Apenas os enunciados II e III estão corretos. 
d) Nenhum enunciado está correto. 
 
2. Em 21/08/2011 disse o Papa Bento XVI: “A Igreja não é uma simples 
instituição humana, como outra qualquer, mas está intimamente unida a 
Deus. O próprio Cristo Se refere a ela como a «sua» Igreja. Não se pode 
separar Cristo da Igreja, tal como não se pode separar a cabeça do corpo 
(cf. 1 Cor 12, 12). A Igreja não vive de si mesma, mas do Senhor. Ele está 
presente no meio dela e dá-lhe vida, alimento e fortaleza”. A respeito da 
“fundação da Igreja” por Cristo, analise os enunciados a seguir: 
I. A Igreja, segundo o dado neo-testamentário, é comunidade onde Jesus 
ressuscitado está presente: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos 
tempos” (Mt 28,20b). 
II. Jesus não tinha a intenção (nem implícita nem explicita) de fundar uma Igreja, ela 
é fruto de um desenvolvimento posterior sem relaçãocom as intenções de Cristo. 
III. Na Escritura Sagrada, aparece de modo claro e constante que a Igreja é fruto da 
missão de Cristo, nasce dele, mais precisamente, de sua Páscoa. 
a) Todos os enunciados estão corretos. 
b) Apenas o enunciado III está correto. 
c) Apenas os enunciados I e III estão corretos. 
d) Nenhum enunciado está correto. 
 
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EXERCÍCIO 2 
 
1. Falando sobre a eclesiologia do Concílio Vaticano II, analise os enunciados 
a seguir: 
I. Em todos os documentos do Concílio observa-se uma mudança decisiva na 
perspectiva sobre a Igreja: privilegia-se o seu caráter de “mistério” e, portanto, de 
objeto de fé, e ela não mais se concentra exclusivamente na defesa (apologia) da 
credibilidade da Igreja contra o pensamento protestante. 
II. A definição de Igreja, a partir das diversas imagens oferecidas pelo Concílio, 
contemplam: articulação das igrejas particulares na Igreja Católica; colegialidade dos 
bispos; identidade do leigo a sua participação na vida eclesial; atitude ante o mundo e 
sinais dos tempos. 
III. A eclesiologia do Concílio Vaticano II apresenta um tom essencialmente 
apologético. 
a) Apenas o enunciado I está correto. 
b) Apenas o enunciado III está correto. 
c) Somente os enunciados I e II estão corretos. 
d) Todos os enunciados estão corretos. 
 
2. Analisando panoramicamente a disposição dos temas (capítulos) na 
Lumen Gentium, analise os enunciados a seguir: 
I. Os capítulos sobre a disposição hierárquica da Igreja precedem aquele que diz 
respeito ao que é comum a todo o Povo de Deus. 
II. O capítulo IV da Lumen Gentium trata sobre os leigos e afirma que “cabe-lhes 
realizar um apostolado não só de participação na evangelização dos homens, mas 
também de instauração cristã da vida temporal”. 
III. O capítulo VII da Lumen Gentium fala sobre a “Índole escatológica da Igreja 
peregrinante e sua união com a Igreja celeste” afirma: “A Igreja, na terra, está ainda 
em caminho, não atingiu sua perfeição. Desde já, porém, comunga com os fiéis da 
Igreja celeste, aos quais venera como exemplares e amigos; cristológico. 
a) Todos os enunciados estão corretos. 
b) Nenhum enunciado está correto. 
c) Apenas os enunciados II e III estão corretos. 
d) Apenas os enunciados I e II estão corretos. 
 
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ATIVIDADE 2.1 
 
1. Quais “acentos” você destacaria da eclesiologia do Documento de Aparecida (DA)? 
2. Escolha um capítulo da Lumen Gentium (no total são 8) e de modo dissertativo e 
sintético destaque os elementos que considera mais importantes. 
3. O que você entende por “dimensão missionária” da Igreja? 
 
Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa. 
 
EXERCÍCIO 3 
 
1. Sobre a Igreja enquanto tema da confissão de fé, analise os seguintes 
enunciados a seguir: 
I. A Igreja não é nem objeto, nem término, nem conteúdo da fé, senão uma dimensão 
intrínseca da fé. 
II. No símbolo da fé a igreja aparece como a primeira das obras do Espírito. Assim, o 
pressuposto da eclesiologia não pode ser outro que a ação salvífica do Deus trinitário. 
III. “Crer na Igreja” significa a modalidade sacramental característica da profissão da 
fé cristã que se expressa no crer eclesialmente. 
a) Apenas os enunciados I e III estão corretos. 
b) Todos os enunciados estão corretos. 
c) Apenas o enunciado III está correto. 
d) Nenhum enunciado está correto. 
 
2. A vinculação da Igreja com Jesus é decisiva para a eclesiologia, o contrário 
seria negar a ação e presença dele na Igreja mesma. Analise os enunciados 
a seguir: 
I. A existência na intenção e na atuação de Jesus de atos que assinalam um objetivo 
radicado já na autoconsciência de Jesus. 
II. A fundamentação (efeito interno da graça) da Igreja se radica (raiz) em Jesus, já 
que ele atua e continua presente na Palavra de Deus, nos sacramentos, na comunidade 
eclesial e na vida dos crentes. 
III. Existe uma continuidade histórica entre a Igreja em Pentecostes, a comunidade 
no cenáculo de Jerusalém e o grupo dos discípulos. 
a) Somente o enunciado III está correto. 
b) Somente os enunciados II e III estão corretos. 
c) Todos os enunciados estão corretos. 
d) Nenhum enunciado está correto. 
 
 
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3. A Igreja é um “mistério” da fé, cujas definições poderiam limitar sua 
identidade, pois isso se fala de “imagens” (comparações) que podem ajudar 
aprofundar este mistério, neste sentido analise os enunciados a seguir: 
I. A Igreja entendida como “Povo de Deus”, acentua a sua íntima relação com o Deus 
que se revela e com os homens aos quais foi enviada. Este conceito se converte em 
síntese e símbolo da eclesiologia do Concílio Vaticano II. 
II. O conceito de comunhão está no coração da autocompreensão da Igreja, enquanto 
mistério de união pessoal de cada homem com a Santíssima Trindade e com os outros 
homens, iniciada pela fé e orientada à plenitude escatológica da Igreja celeste. 
III. A eclesiologia em sua tentativa de descrever o que é a Igreja se utiliza de diversas 
imagens, a maioria delas retiradas do contexto bíblico, e todas estas imagens são 
complementares entre si. 
a) Todos os enunciados estão corretos. 
b) Somente o enunciado III está correto. 
c) Somente os enunciados I e II são corretos. 
d) Nenhum enunciado está correto. 
 
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Aprendizagem. 
 
ATIVIDADE 3.1 
 
1. Com base em uma Catequese do Papa Bento XVI em outubro de 2012: “A tendência, 
hoje generalizada, de relegar a fé ao âmbito privado, portanto, contradiz a sua própria 
natureza. Nós precisamos da Igreja para confirmar a nossa fé e experimentar os dons 
de Deus: a Sua Palavra, os sacramentos, o apoio da graça e o testemunho do amor. 
Assim, o nosso "eu" no "nós" da Igreja será capaz de se perceber, ao mesmo tempo, 
destinatário e protagonista de um evento que o supera: a experiência da comunhão 
com Deus, que estabelece a comunhão entre as pessoas”, elabore um texto discorrendo 
sobre a importância do “crer em comunidade” no contexto atual. 
2. O que a eclesiologia quer dizer ao afirmar que a Igreja é “católica”? O que os 
milagres revelam sobre a identidade e a missão de Jesus? 
3. O que queremos dizer quando afirmamos que as ações da Igreja (obras) são 
expressão de sua “diaconia” (serviço)? 
 
Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa. 
 
 
 
 
 
 
 
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EXERCÍCIO 4 
 
1. O Concílio Vaticano II desencadeou toda uma reflexão sobre a teologia do 
laicato, analise os enunciados a seguir: 
I. O próprio dos leigos, segundo o Concílio, é a índole “secular” da vocação que 
obedece à exigência de “desclericalizar” a Igreja e salvaguardar a atuação autônoma 
dos cristãos “comuns”. 
II. A missão do leigo é “representativa” da hierarquia da Igreja. 
III. Os leigos, como sujeitos protagonistas da Igreja vivem a sua missão secular sendo 
“Igreja no mundo”. 
a) Apenas o enunciado II está correto. 
b) Apenas os enunciados I e III estão corretos. 
c) Todos os enunciados estão corretos. 
d) Apenas o enunciado III está correto. 
 
2. Considerando a identidade e missão específica dos cristãos de vida 
consagrada (vida religiosa), analise os enunciados a seguir: 
I. Uma das dimensões da vida religiosa é aquela escatológica, que em sua vivencia se 
manifesta como uma antecipação do definitivo, denuncia a relatividade deste mundo 
e o sublime do Reino de Deus, porém é sempre profética pois desafia os valores que 
contradizem o projeto salvífico de Deus. Implica az vezes o martírio. 
II. O princípio geral e norma definitiva ou regra suprema da vida religiosa é o 
seguimento de Cristo (sequela Christi) como vem propostopelo Evangelho. 
III. A vida religiosa contempla a profissão (vivencial) dos conselhos evangélicos (eixo 
da vida consagrada) num estado de vida estável reconhecido pela Igreja, o que 
caracteriza a vida consagrada a Deus. 
a) Todos os enunciados estão corretos. 
b) Apenas o enunciado III está correto. 
c) Apenas o enunciado II está correto. 
d) Nenhum enunciado está correto. 
 
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ATIVIDADE 4.1 
 
1. Comente esta frase dita pelo Papa Bento XVI em uma Audiência geral em 2006: “a 
apostolicidade da comunhão eclesial consiste na fidelidade ao ensinamento e à prática 
dos Apóstolos, através dos quais é garantido o vínculo histórico e espiritual da Igreja 
com Cristo. A sucessão apostólica do ministério episcopal é o caminho que garante a 
fiel transmissão do testemunho apostólico”. 
2. Comente suas impressões sobre este texto da Constituição Dogmática Lumen 
Gentium do Concílio Vaticano II (n. 22): “Assim como, por instituição do Senhor, São 
Pedro e os restantes Apóstolos formam um colégio apostólico, assim de igual modo 
estão unidos entre si o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, e os Bispos, sucessores 
dos Apóstolos (…) É, pois, em virtude da sagração episcopal e pela comunhão 
hierárquica com a cabeça e os membros do colégio que alguém é constituído membro 
do corpo episcopal. Porém, o colégio ou corpo episcopal não tem autoridade a não ser 
em união com o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, entendido com sua cabeça, 
permanecendo inteiro o poder do seu primado sobre todos, quer pastores quer fiéis. 
Pois o Romano Pontífice, em virtude do seu cargo de vigário de Cristo e pastor de toda 
a Igreja, tem nela pleno, supremo e universal poder que pode sempre exercer 
livremente. A Ordem dos Bispos, que sucede ao colégio dos Apóstolos no magistério e 
no governo pastoral, e, mais ainda, na qual o corpo apostólico se continua 
perpetuamente, é também juntamente com o Romano Pontífice, sua cabeça, e nunca 
sem a cabeça, sujeito do supremo e pleno poder sobre toda a Igreja, poder este que 
não se pode exercer senão com o consentimento do Romano Pontífice. Só a Simão 
colocou o Senhor como pedra da Igreja (cfr. Mt. 16, 18-19), e o constituiu pastor de 
todo o Seu rebanho (cfr. Jo. 21, 15 ss.); mas é sabido que o encargo de ligar e desligar 
conferido a Pedro (Mt. 16,19), foi também atribuído ao colégio dos Apóstolos unido à 
sua cabeça (Mt. 18,18; 28, 16-20) (64). Este colégio, enquanto composto por muitos, 
exprime a variedade e universalidade do Povo de Deus e, enquanto reunido sob uma 
só cabeça, revela a unidade do redil de Cristo. Neste colégio, os Bispos, respeitando 
fielmente o primado e chefia da sua cabeça, gozam de poder próprio para bem dos 
seus fiéis e de toda a Igreja, corroborando sem cessar o Espírito Santo a estrutura 
orgânica e a harmonia desta”. 
 
Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa. 
 
EXERCÍCIO 5 
 
1. Sabemos que o Concílio Vaticano II desencadeou uma série de reflexões 
que aprofundaram o tema do “lugar do leigo na Igreja e no mundo”, analise 
os enunciados a seguir: 
I. O Concílio coloca em relevo a missão "secular" do leigo como mais específica, que é 
de ser, pela sua natureza, "Igreja no mundo" e ao mesmo tempo a afirmação da 
importância da formação das associações laicais. 
II. Durante o pós-Concílio a novidade mais vistosa sobre o tema do associativismo 
eclesial foi a aparição e a consolidação dos assim chamados "Novos Movimentos" ou 
"Movimentos Eclesiais”. 
 
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III. O leigo começa a “se sentir Igreja”, a atuar enquanto sujeito eclesial, e presença 
dela nas diversas realidades do tecido social, superando-se o centralismo da hierarquia. 
a) Apenas o enunciado II está correto. 
b) Apenas os enunciados II e III estão corretos. 
c) Todos os enunciados estão corretos. 
d) Nenhum enunciado está correto. 
 
2. Sobre a linguagem utilizada para falar da ressurreição, analise os 
enunciados a seguir. 
I. O pós-concílio recolhe a decisiva focalização teológica da identidade do leigo a partir 
da eclesiologia do Povo de Deus, chegando a afirmação do “protagonismo dos leigos” 
nos campos da ação pastoral da Igreja. 
II. No itinerário da teologia recente do laicato se constatou que a questão da "índole 
secular” continua a ser o cerne do debate teológico-eclesiológico. 
III. Do ponto de vista teológico a reflexão pós-conciliar se concentra sobre os aspectos 
“funcionais” dos leigos na Igreja, não se fala de uma “identidade” laical, mas somente 
daquilo que os leigos poder fazer na Igreja. 
a) Nenhum enunciado está correto. 
b) Todos os enunciados estão corretos. 
c) Apenas os enunciados I e II estão corretos. 
d) Apenas o enunciado III está correto. 
 
Verifique seu aprendizado realizando o Exercício no Ambiente Virtual de 
Aprendizagem. 
 
ATIVIDADE 5.1 
 
1. Quais são os aspectos positivos trazidos pelos movimentos na vida da Igreja e quais 
são as possíveis dificuldades? 
2. Comente em um breve texto este trecho da Christifidelis Laici, n. 9: “Já Pio XII, 
dizia: «Os fiéis, e mais propriamente os leigos, encontram-se na linha mais avançada 
da vida da Igreja; para eles, a Igreja é o princípio vital da sociedade humana. Por isso, 
eles, e sobretudo eles, devem ter uma consciência, cada vez mais clara, não só de 
pertencerem à Igreja, mas de ser a Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis sobre a terra 
sob a guia do Chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Eles são a 
Igreja... ». Segundo a imagem bíblica da vinha, os fiéis leigos, como todos os outros 
membros da Igreja, são vides radicadas em Cristo, a verdadeira videira, que torna as 
vides vivas e vivificantes. A inserção em Cristo através da fé e dos sacramentos da 
iniciação cristã é a raiz primeira que dá origem à nova condição do cristão no mistério 
da Igreja, que constitui a sua mais profunda «fisionomia» e que está na base de todas 
as vocações e do dinamismo da vida cristã dos fiéis leigos: em Jesus Cristo morto e 
ressuscitado o baptizado torna-se uma « nova criatura » (Gal 6, 15; 2 Cor 5, 17), uma 
criatura purificada do pecado e vivificada pela graça. Assim, só descobrindo a misteriosa 
 
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riqueza que Deus dá ao cristão no santo Baptismo é possível delinear a « figura » do 
fiel leigo”. 
3. Fale em poucas palavras sobre a diferença existente entre movimentos de 
espiritualidade e movimentos eclesiais. 
 
Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa. 
 
EXERCÍCIO 6 
 
1. Sobre a índole escatológica da Igreja, analise os seguintes enunciados: 
I. A escatologia do Vaticano II trouxe à tona a questão da dimensão escatológica da 
Igreja quando salientou que a tensão escatológica entre o “já” e o “ainda não” faz parte 
da natureza do novo povo de Deus. 
II. A posição do Concílio Vaticano II acerca dessa situação-missão da Igreja é que “a 
salvação prometida pelo Senhor “já” começou em Cristo, mas “ainda não” se consumou, 
porque o tempo da restauração de todas as coisas dar-se-á somente quando o homem 
e com ele toda a criação chegar a sua restauração final em Cristo. 
III. Já chegou, pois, a nós, a plenitude dos tempos, a restauração do mundo foi já 
realizada irrevogavelmente e, de certo modo, encontra-se já antecipada neste mundo: 
com efeito, ainda aqui na terra, a Igreja está aureolada de verdadeira, embora 
imperfeita, santidade. 
a) Nenhum enunciado está correto. 
b) Somente o enunciado I e II estão corretos. 
c) Somente o enunciado II está correto. 
d) Todos os enunciados estão corretos. 
 
2. Sobre a união (comunhão) existente entre a Igreja peregrina neste mundo 
e aquela que já se encontra na pátria celeste, analise os enunciados a seguir: 
I. De modo nenhum se interrompe a união dos que ainda caminham sobre a terra com 
os irmãos que adormeceram na pazde Cristo, mas antes, segundo a constante fé da 
Igreja, é reforçada pela comunicação dos bens espirituais. 
II. Existe a Igreja una mas podemos dizer que a mesma se realiza entre dois “modos”, 
ou em duas “situações: aquela da militância neste mundo e aquela que já goza da 
condição celeste, na posse dos bens sublimes. 
III. Não se pode falar da possibilidade de um “elo” ou uma comunhão entre os que 
ainda peregrinam neste mundo e aqueles que já deixaram este mundo através da 
experiência da morte. 
a) Apenas o enunciado I está correto. 
b) Apenas o enunciado III está correto. 
c) Apenas os enunciados I e II estão corretos. 
d) Todos os enunciados estão corretos. 
 
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3. É uma prática muito antiga entre os cristãos de “rezar pelos falecidos”, 
analise os enunciados a seguir: 
I. A Igreja cultivou com muita piedade desde os primeiros tempos, a memória dos 
defuntos e a oração por eles, e uma das bases bíblicas desta prática é este trecho: 
«porque é coisa santa e salutar rezar pelos mortos, para que sejam absolvidos de seus 
pecados» (2 Mac. 12,46). 
II. A Igreja desde o início acreditou que os apóstolos e mártires de Cristo, por terem 
derramando o próprio sangue, e dado o supremo testemunho da fé e da caridade, estão 
mais unidos conosco em Cristo e os venerou com particular afeto, juntamente com a 
Virgem Maria e os santos e implorou o auxílio da sua intercessão. 
III. A Igreja honra a memória dos defuntos mas rejeita a necromancia (invocação, 
consulta aos mortos). Neste admirável intercâmbio, cada um se beneficia da santidade 
dos outros, bem para além do prejuízo que o pecado de um possa ter causado aos 
outros. Assim, o recurso à Comunhão dos Santos permite ao pecador ser purificado 
mais cedo e mais eficazmente das penas do pecado. 
a) Todos os enunciados estão corretos. 
b) Apenas o enunciado II está correto. 
c) Apenas o enunciado III está correto. 
d) Nenhum enunciado está correto. 
 
Verifique seu aprendizado realizando o Exercício no Ambiente Virtual de 
Aprendizagem. 
 
ATIVIDADE 6.1 - Livre 
 
1. A relação da Igreja com o mundo foi abordada pelo concílio Vaticano II colocando 
sobretudo em sintonia o binômio da sua identidade e missão. Procure analisar em que 
sentido o estar no mundo da Igreja é diferente do “ser do mundo”. 
2. Leia o trecho abaixo do discurso do Papa Paulo VI por ocasião do encerramento 
do Concílio Vaticano II. Em seguida comente em que sentido a Igreja hoje precisa ser 
“samaritana”. 
 
“Na verdade, a Igreja, reunida em Concílio, entendeu sobretudo fazer a consideração 
sobre si mesma e sobre a relação que a une a Deus; e também sobre o homem, o 
homem tal qual ele se mostra realmente no nosso tempo: o homem que vive; o homem 
que se esforça por cuidar só de si; o homem que não só se julga digno de ser como 
que o centro dos outros, mas também não se envergonha de afirmar que é o princípio 
e a razão de ser de tudo. Todo o homem fenomênico — para usarmos o termo moderno 
— revestido dos seus inúmeros hábitos, com os quais se revelou e se apresentou diante 
dos Padres conciliares, que são também homens, todos Pastores e irmãos, e por isso 
atentos e cheios de amor; o homem que lamenta corajosamente os seus próprios 
dramas; o homem que não só no passado mas também agora julga os outros inferiores, 
e, por isso, é frágil e falso, egoísta e feroz; o homem que vive descontente de si mesmo, 
que ri e chora; o homem versátil, sempre pronto a representar; o homem rígido, que 
 
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cultiva apenas a realidade científica; o homem que como tal pensa, ama, trabalha, 
sempre espera alguma coisa (…) o homem sagrado pela inocência da sua infância, pelo 
mistério da sua pobreza, pela piedade da sua dor; o homem individualista, dum lado, e 
o homem social, do outro; o homem «laudator temporis acti», e o homem que sonha 
com o futuro; o homem por um lado sujeito a faltas, e por outro adornado de santos 
costumes; e assim por diante. O humanismo laico e profano apareceu, finalmente, em 
toda a sua terrível estatura, e por assim dizer desafiou o Concílio para a luta. A religião, 
que é o culto de Deus que quis ser homem, e a religião — porque o é — que é o culto 
do homem que quer ser Deus, encontraram-se. Que aconteceu? Combate, luta, 
anátema? Tudo isto poderia ter-se dado, mas de fato não se deu. Aquela antiga 
história do bom samaritano foi exemplo e norma segundo os quais se 
orientou o nosso Concílio. Com efeito, um imenso amor para com os homens 
penetrou totalmente o Concílio. A descoberta e a consideração renovada das 
necessidades humanas — que são tanto mais molestas quanto mais se levanta o filho 
desta terra — absorveram toda a atenção deste Concílio. Vós, humanistas do nosso 
tempo, que negais as verdades transcendentes, dai ao Concílio ao menos este louvor e 
reconhecei este nosso humanismo novo: também nós — e nós mais do que ninguém 
somos cultores do homem”. 
 
Confira aqui: https://w2.vatican.va/content/paul-
vi/pt/speeches/1965/documents/hf_p-vi_spe_19651207_epilogo-concilio.html 
 
Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa. 
 
EXERCÍCIO 7 
 
1. Sobre a relação de Maria com a Igreja, analise os enunciados a seguir: 
I. O princípio mariano deve permear a vida da Igreja, assim como o principio petrino. 
II. Pelo dom e missão da maternidade divina, que a une a seu Filho Redentor, e pelas 
suas singulares graças e funções, está também a Virgem Maria intimamente ligada, à 
Igreja. 
III. Na Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela perfeição sem mancha nem 
ruga que lhe é própria mundo, por isso ela se torna “modelo da Igreja”. 
a) Apenas o enunciado I está correto. 
b) Apenas os enunciados II e III estão corretos. 
c) Todos os enunciados estão corretos. 
d) Nenhum enunciado está correto. 
 
2. Sobre a relação entre Cristo e Maria, analise os enunciados a seguir: 
I. O papel de Maria deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na Sua 
mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia; de modo 
nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece. 
II. A função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou 
diminui a única mediação de Cristo; manifesta antes a sua eficácia. 
https://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/speeches/1965/documents/hf_p-vi_spe_19651207_epilogo-concilio.html
https://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/speeches/1965/documents/hf_p-vi_spe_19651207_epilogo-concilio.html
 
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III. Da especial relação que Maria tem com Cristo deriva o seu lugar especial no Corpo 
da Igreja. 
a) Apenas os enunciados I e II estão corretos. 
b) Apenas o enunciado III está correto. 
c) Todos os enunciados estão corretos. 
d) Nenhum enunciado está correto. 
 
Verifique seu aprendizado realizando o Exercício no Ambiente Virtual de 
Aprendizagem.

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