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Empresarial LFG 2012-01

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Direito Empresarial – LFG – 2012.01
Alexandre Gialluca
Aula 1 – 20.04.2012
Bibliografia:
Manual de Direito Comercial – Fábio Ulhoa Coelho, Saraiva
Provas de comercial, geralmente, são letra da lei, ainda que a banca costume cobrar jurisprudência.
1. Teoria dos Atos de Comércio:
Teoria de origem francesa, baseada no Código de Napoleão, foi adotada pelo Código Comercial de 1850. 
Parte I – do comércio em geral
Parte II – do comércio marítimo
Parte III – das quebras
A Parte III foi revogada pelo Decreto-Lei 7.661/45, a antiga lei de falências, que também foi revogada pela Lei 11.101/05.
A Parte I era o capítulo do CCom que cuidava da figura do comerciante e da sociedade comercial. Comerciante era a pessoa física e esta a pessoa jurídica.
Só seria classificado como comerciante ou sociedade comercial aquele que praticasse, com habitualidade, atos de comércio, sendo que o CCom não definia quais eram estes atos. Era necessário recorrer ao Regulamento 737/1850 que os classificavam em 9 hipóteses apenas, como compra e venda de bens móveis, atividade de transporte, atividade bancária etc.
Outras pessoas que exercessem atividades que não estivessem elencadas não tinham a proteção do direito comercial, como a concordata.
Passou-se então a adotar uma nova teoria, a Teoria da Empresa.
2. Teoria da Empresa:
De origem italiana, foi adotada no art. 966 do CC/2002, revogando a teoria dos atos de comércio no art. 2.045, CC/02.
Mesmo a Parte I tendo sido revogada por este dispositivo, a Parte II, que trata do Comércio Marítimo, ainda está em vigor. 
Ao adotar esta teoria, muda-se a nomenclatura dos sujeitos para empresário e sociedade empresarial. 
3. Conceito de Empresário:
art. 966, caput, CC. 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Pessoa natural → empresário individual
Pessoa jurídica → sociedade empresária
O empresário individual possui CNPJ para ter o mesmo tratamento tributário que uma sociedade empresária (pessoa jurídica). Não é, porém, pessoa jurídica, mas sim pessoa física que, sozinha, organiza uma atividade empresarial. 
Questão:
Cabe desconsideração da personalidade jurídica para o empresário individual?
R: Não, o empresário individual não tem personalidade jurídica, é pessoa física.
Para a doutrina, empresário é aquele que profissionalmente exerce uma atividade econômica organizada empresarialmente, com o intuito de produção ou circulação de bens ou serviços. 
- profissionalmente → com habitualidade, continuidade
- exerce atividade econômica → finalidade lucrativa
- organização empresarial
- produção ou circulação
- bens ou serviços
Organização:
1ª definição: é a reunião dos quatro fatores de produção (mão de obra, matéria-prima, capital e tecnologia)
2ª definição: haverá organização quando a atividade fim for realizada com a colaboração de terceiros.
Não haverá organização quando a atividade fim depender exclusivamente do exercício da pessoa natural ou dos sócios da sociedade (Ex: o próprio dono de uma papelaria é o único atendente de seu estabelecimento, não havendo mais nenhum funcionário em outras funções). Quem não possui organização empresarial, se for pessoa natural, se chamará autônomo; se for pessoa jurídica, vai se chamar sociedade simples (art. 982, CC). 
Cuidado:
Sociedade (farmácia) → Gialluca + Sócio 
[sociedade empresária]
Quem exerce a atividade empresarial é a sociedade (pessoa jurídica) e não a figura do sócio. Portanto, o sócio não pode ser classificado como empresário pelo simples fato de participar de uma sociedade empresária. 
Exemplo: 
fábrica de móveis – produção de bens
bancos (serviços bancários) - produção de serviços
agência de turismo – circulação de serviços
4. Excluídos do Conceito de Empresário:
Art. 966, parágrafo único.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística → profissional liberal.
'científica' – médico, contador, engenheiro, advogado
'literária' – escritor, autor, jornalista
'salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa'
A exclusão do conceito de empresário decorre do papel secundário que a organização empresarial assume nessas atividades. Nelas, o essencial é a atividade pessoal, o que não se compatibiliza com o conceito de empresário. As atividades intelectuais são prestadas de forma pessoal, e ainda que contenha auxiliares ou colaboradores, o personalismo prevalece. 
O elemento de empresa estará presente quando a natureza pessoal do exercício da atividade ceder espaço para uma atividade maior de natureza empresarial. 
Quando isto ocorrerá?
Exemplo: 2 médicos veterinários resolvem montar uma clínica (atividade intelectual científica). Serão, a princípio, uma sociedade simples. (A diferença entre profissional liberal e autônomo é que aquele tem um nível de formação maior em geral. Contudo, todo profissional liberal é autônomo mas, para quem adota este conceito um tanto discriminatório, nem todo autônomo é profissional liberal). No entanto, a clínica veterinária tem também um petshop e um hotel para cachorros. Neste caso, o exercício da veterinária passa a ser um dos elementos da empresa.
R: 
1ª situação: quando a atividade intelectual estiver integrada em um objeto mais complexo, próprio da atividade empresarial. Ex: veterinária com 'petshop'.
2ª situação: a atividade intelectual que não se caracteriza como personalíssima, tendo em vista um cliente individualizado, mas sim um serviço objetivo, direcionado a uma clientela indistinta, com prestações intelectuais realizadas por profissionais contratados a seu serviço caracteriza elemento de empresa.
5. Empresário Individual:
5.1. Pessoa Natural/Física – pessoa que organiza uma atividade empresarial.
5.2. Requisitos: art. 972, CC. 
Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.
Incapaz – a lei não admite que inicie, num primeiro momento, atividade empresarial. No entanto, se estiver enquadrado nas hipóteses de emancipação, poderá sim exercer atividade empresarial. 
A lei proíbe a iniciação da atividade, mas é possível continuar uma empresa.
O incapaz poderá continuar uma empresa antes exercida por seus pais, por autor de herança ou por ele mesmo enquanto capaz. 
Para que o incapaz possa continuar a empresa, deve:
- estar assistido ou representado e 
- ter autorização judicial (art. 974, §1º, CC).
Impedimentos legais:
juiz, promotor, delegado, procurador, servidor público civil ou federal e militares na ativa.
Estes mencionados não podem, sozinhos, ser empresário individual, mas podem ser sócios de sociedade empresária desde que não exerçam a administração.
Ver mais casos de impedimentos no material de apoio.
5.3. Empresário casado:
a) alienação de imóvel: 
art. 1647, I, CC: autorização do cônjuge para alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis.
A regra não se aplica à esfera empresarial.
Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.
O empresário casado pode, sem necessidade de autorização conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar bem imóvel destinado à atividade empresarial.
O art. 978 despenca em concurso.
Aula 2 – 18.05.2012
b) questões patrimoniais:
arts. 979 e 980, CC: casamento e divórcio devem ser comunicados também à Junta Comercial e só produzirão efeitos perante terceiros após esta comunicação. 
5.4. Responsabilidade do Empresário Individual:
É ilimitada por conta do princípio da unidade patrimonial. Isto significa que qualquer pessoa, física oujurídica, só possui um (1) patrimônio. 
Exemplo: empresário individual (pessoa física), possui uma franquia de perfumes. Além da franquia, ele possui bens pessoais (carro, casa na praia, ações...). Tanto a loja quanto os bens formam um único grupo dos bens do empresário individual, não é possível a separação do seu patrimônio em bens empresariais e pessoais. 
Em razão do princípio da unidade patrimonial, o empresário individual, que é pessoa natural, possui um único patrimônio, composto de bens empresariais e bens pessoais. 
Se, no exemplo, a loja de perfumes contrai dívidas, ela será respondida com todo o patrimônio do empresário, inclusive os pessoais. 
Assim, se a atividade empresarial possuir dívidas, estas dívidas poderão recair sobre os bens comerciais e também sobre os bens pessoais. 
Questão MP/SP:
Se o dono desta loja de perfumes tem dívidas na farmácia, na mercearia, ou seja, dívidas pessoais, pode responder com patrimônio empresarial?
R: Sim, o princípio da unidade do patrimônio se estende às dívidas pessoais.
Da mesma forma, se o empresário individual possuir dívidas pessoais, estas dívidas poderão recair sobre os bens pessoais e também sobre os bens empresariais. 
Exceção: art. 974, §2º, CC. Incapaz
Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. 
Ou seja, os bens que o incapaz já tinha antes de ser empresário individual não respondem pela dívida, mas isto deve constar do alvará de autorização que o juiz concede para o incapaz exercer atividade empresária. Esta é a única forma de blindar estes bens anteriores da responsabilidade empresarial. 
Os bens que o incapaz possuía antes de continuar a empresa e passar a ser empresário individual, se constarem no alvará de autorização não ficarão sujeitos às dívidas empresariais. Segundo a doutrina, é um caso de patrimônio de afetação. 
6. EIRELI
Significa Empresa Individual de Responsabilidade Limitada. Foi introduzida pela Lei 12.441/11, que acrescentou os arts. 980-A e 44, VI, CC.
É pessoa jurídica constituída por apenas um único titular. As dívidas vão recair sobre o patrimônio da EIRELI, não dos bens pessoais do seu titular. Há separação de patrimônio.
6.1. Conceito:
A EIRELI é uma nova pessoa jurídica de direito privado constituída por um único titular.
Obs: 
EIRELI é pessoa jurídica, já o empresário individual é pessoa física.
Obs²:
EIRELI tem responsabilidade limitada, enquanto que o empresário individual possui responsabilidade ilimitada.
Alguns civilistas afirmam ser a EIRELI uma 'sociedade unipessoal'. Os comercialistas costumam rejeitar esta ideia porque a regra geral de sociedade é a pluripessoalidade e, além disso, a regra da eireli não serve para auxiliar a sociedade, mas para proteger o empresário individual da responsabilidade ilimitada. 
O entendimento de que a eireli é nova pessoa jurídica de direito privado (e não sociedade individual) veio dos enunciados 467, 468 e 469 do Conselho da Justiça Federal. 
6.2. Responsabilidade:
Somente os bens da EIRELI (pessoa jurídica) é que responderão pelas dívidas contraídas na atividade empresarial. 
As dívidas empresariais não recairão sobre os bens pessoais do titular da Eireli (neste caso, haverá separação de patrimônio). 
6.3. Formação:
Para alguns doutrinadores, pode se dar por um titular que pode ser tanto pessoa natural quanto pessoa jurídica, pois o art. 980-A faz referência a 'pessoa' sem especificar seu tipo.
De acordo com a Instrução Normativa nº 117 do DNS (Depto. Nacional de Registro de Comércio), somente a pessoa natural poderá ser titular de uma Eireli. O art. 980-A, §2º menciona pessoa natural.
6.4. Capital Mínimo:
Para a constituição de uma Eireli é necessário um capital mínimo integralizado (pago no ato da constituição) que não poderá ser inferior a 100 vezes o valor do salário mínimo (hoje o equivalente a 62.200 reais). 
Formas de integralização:
a) em dinheiro;
b) com créditos (ex. notas promissórias, duplicatas);
c) com bens (tanto bem móvel quanto imóvel) – caso de imunidade especial de ITBI, art. 156, II e §2º, I, CF;
Obs:
não é possível a integralização com prestação de serviços. 
6.5. Limitação de Eireli por pessoa:
art. 980-A, §2º – somente uma Eireli por pessoa, ou seja, por CPF. 
Obs:
o titular da Eireli está impedido de constituir uma nova Eireli, mas poderá ser empresário individual ou sócio de uma sociedade empresária. 
6.6. Administrador:
Poderá ser o titular da Eireli ou o terceiro contratado. 
Funcionário Público pode ter Eireli?
O servidor não pode ser empresário individual, mas pode ser sócio de uma sociedade desde que não exerça a administração. Portanto pode-se argumentar que o servidor pode ter uma Eireli desde que não seja o administrador se for entendida a Eireli como sociedade unipessoal. 
No entanto a posição majoritária é de que a Eireli é nova pessoa jurídica de direito privado e, como a lei só autoriza o servidor público a ser sócio de sociedade, não poderá ter uma Eireli. 
6.7. Aplicação Subsidiária:
Aplicam-se as regras de sociedade limitada no que couber. 980-A, §6º. 
6.8. Cabe desconsideração da personalidade jurídica da Eireli?
Se é pessoa jurídica, para ela cabe desconsideração. Tanto é que o §4º do art. 980-A, que proibia a desconsideração, foi vetado, pois sua redação causaria divergências. 
Na Eireli caberá sim a desconsideração da personalidade jurídica se presente um dos motivos elencados no art. 50, CC.
6.9. Transformação: 
É possível que o empresário individual transforme-se em Eireli. A mesma coisa também pode ocorrer com a sociedade. Contudo, para transformar a sociedade em Eireli, será necessário retirar os demais sócios para que só reste 1 – a concentração das cotas deverá ficar com apenas 1 sócio. 
Obs: art. 1.033, IV, CC. Uma sociedade, depois de constituída, vê um dos dois sócios falecer, se tornando uma sociedade unipessoal. Neste caso, ela só poderá ficar nesta condição por 180 dias. Após esse prazo, 3 situações podem ocorrer:
· dissolução total;
· transformar a sociedade em empresário individual;
· transformar a sociedade em Eireli.
Ver art. 1.033, parágrafo único.
7. Obrigações Empresariais:
Esta regra se aplica para sociedade empresária, empresário individual e Eireli.
7.1. Registro: 
a) Competência: 
Lei 8934/94 → registro público de empresas mercantis
Por conta desta lei, há hoje o SINREM – Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis, que se divide em dois órgãos: o DNRC – Departamento Nacional de Registro de Comércio, um órgão federal com função normatizadora e fiscalizadora, e a Junta Comercial, órgão estadual com função executória. 
SINREM = DNRC + Junta Comercial
O registro deverá ser feito na Junta Comercial. O STF, ao decidir o RE 199.793/RS, entendeu que hoje há dois tipos de subordinação da Junta Comercial: administrativa e técnica. É o estado (unidade da federação) que paga os funcionários da Junta (subordinação administrativa). No âmbito técnico, porém, está subordinada ao DNRC, um órgão federal. Portanto a competência para julgar o MS sobre questões técnicas do registro é da Justiça Federal. 
b) Consequências da Ausência de Registro:
1 – Não poderá pedir falência de terceiro;
2 – Não poderá pedir recuperação judicial;
3 – Tratando-se de sociedade ou Eireli, a responsabilidade do sócio ou do titular será ilimitada;
4 – Não poderá participar de licitação.
c) Natureza Jurídica:
O registro é mera condição de regularidade (natureza declaratória). Para estar regular é necessário cumprir o disposto no art. 966, CC. 
Obs:
O registro não é requisito para caracterização do empresário/sociedade empresária/Eireli, mas sim, para sua regularização. 
Obs:
O empresário que não tem registro não deixa de ser empresário, porém, será um empresário irregular. Isto se aplica tanto para a sociedade empresária quanto para a Eireli.Exceção:
art. 971, CC → empresário rural, sociedade rural ou Eireli rural. Para a atividade rural, o registro é facultativo. 
No final do 971, o legislador quis dizer que o trabalhador rural só será tratado juridicamente como empresário se for feito o registro. Portanto, a natureza deste registro, pelo menos neste caso, não é apenas declaratória, mas constitutiva.
Em que pese o 971 do CC tratar o registro como facultativo, a lei somente considera o empresário rural como empresário propriamente dito (sociedade e eireli também), se fizerem o devido registro na Junta Comercial. 
Em outras palavras, as regras do direito empresarial somente serão aplicáveis ao empresário rural que tiver registro na Junta Comercial. Portanto, neste caso, o registro tem natureza constitutiva. 
d) Registro lato sensu: 
Art. 32, Lei 8934/94. Envolve três tipos de atos:
1 – matrícula → para auxiliares do comércio (ex: leiloeiro, tradutor-intérprete)
2 – arquivamento → envolve os atos constitutivos, modificativos e extintivos relacionados ao empresário, sociedade empresária e eireli. 
3 – autenticação → atos de escrituração do empresário (livros, atas de assembleia etc)
É importante saber o nome destes atos e para que serve cada um, cai em prova.
Aula 3 – 30.05.2012
7.2. Escrituração dos Livros Empresariais
a) Classificação dos livros:
· obrigatório
· comum
· especial
· facultativo
O livro facultativo é aquele que o empresário não está obrigado a escriturar, a exemplo do livro conta-corrente, livro-razão.
Livro obrigatório especial é aquele que deve ser escriturado, porém em todos os casos, como o livro de registro de duplicata → só é obrigatório para o empresário que emite duplicata. 
O mais cobrado em provas é o livro obrigatório comum; o art. 1.180, CC diz que o livro diário é o livro obrigatório comum, todo empresário deve escriturá-lo (para lembrar: diário rima com empresário). 
O livro diário poderá ser substituído por fichas em caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Geralmente o CESPE pergunta se o Dir. Civil brasileiro admitiu a escrituração eletrônica e este comando de aceite está no art. 1.180, CC. 
b) Consequências da ausência de escrituração dos livros:
A princípio, não haverá nenhuma consequência grave no âmbito empresarial (mas pode ter consequências fiscais e trabalhistas). Porém, se esta empresa tiver sua falência decretada ou então uma recuperação judicial concedida ou ainda uma recuperação extrajudicial homologada, esta ausência de escrituração pode configurar crime falimentar do art. 178 da Lei 11.101/05. 
*Escriturar com falhas não é crime falimentar, o tipo diz somente 'deixar de'.
c) Dispensado da Escrituração:
Art. 1.179, §2º, CC: o pequeno empresário está dispensado da escrituração. 
Nas provas, o examinador costuma dizer que está dispensada da escrituração a microempresa ou a empresa de pequeno porte. Está errado, pois pequeno empresário é diferente destas outras figuras.
A LC 123/06, que trata microempresa e da empresa de pequeno porte, sofreu alteração pelo art. 3º da LC 139/11, passando a existir a seguinte classificação: 
	Microempresa (ME)
	Empresa de Pequeno Porte EPP
	Pequeno Empresário
	Aqui dentro, pode haver:
- empresário individual
- sociedade empresária
- eireli
- sociedade simples
	Pode ser:
- empresário individual
- sociedade empresária
- eireli
- sociedade simples
	Somente o empresário individual (também chamado de microempreendedor individual)
	Receita Bruta Anual igual ou inferior a R$360.000 (cuidado, antes era 240.000). 
	Receita Bruta Anual superior a R$360.000 e igual ou inferior a R$3.600.000.
	Receita Bruta Anual igual ou inferior a R$60.000.
Microempresa é uma classificação, um status onde estas figuras se enquadram para ter um benefício fiscal (como ser optante do simples).
A microempresa e a empresa de pequeno porte têm sim que escriturar os seus livros.
Se o pequeno empresário está dispensado da escrituração, não pode incorrer no crime falimentar do art. 178 da Lei de Falência. 
d) Princípio da Sigilosidade dos Livros:
Art. 1.190, CC: Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
Exceções:
→ Exibição integral dos livros:
(caiu recentemente no MPF, normalmente cai em magistratura estadual)
art. 1.191, CC: O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.
Do contrário, não cabe a exibição total. São apenas 4 casos que admitem a exibição integral:
· sociedade
· sucessão
· administração ou gestão à conta de outrem
· falência
→ Exibição parcial:
Qualquer ação judicial.
Normalmente não há necessidade de apresentação do livro inteiro, basta o registro de determinado dia para comprovar algum fato (ex: dia da emissão da duplicata).
Art. 1.193, CC: essa regra de sigilosidade não se aplica às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos. 
Súmula 439, STF: estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame dos pontos objeto da investigação → para evitar o abuso do exame.
e) Consequências da não apresentação dos livros:
(escrituração não é apresentação!)
Neste caso, cabe ordem de busca e apreensão dos livros (art. 1.192, CC). Os fatos narrados que estão diretamente relacionados à prova dos livros serão reputados como verdadeiros. 
Esta presunção de veracidade é relativa (art. 1.192, parágrafo único): 'pode ser elidida por prova documental em contrário'. 
Outra consequência importante é quando o juiz decreta a falência de empresário ou sociedade empresária, pois o juiz dá ordem para que o falido (art. 104, Lei de Falência) deposite em cartório os livros, sob pena de praticar crime de desobediência (art. 104, parágrafo único).
f) Falsificação de Livros:
É crime de falsificação de documento público.
art. 297, CP – falsificar documento público ou alterar documento público verdadeiro. 
§2º, para os efeitos penais, equiparam-se a documento público … livros mercantis (que são os livros empresariais/comerciais). 
Esta questão costuma cair mais na prova de empresarial.
7.3. Realização de Balanços:
O empresário, sociedade empresária e eireli têm a obrigação de, anualmente, realizar os seguintes balanços:
· patrimonial;
· de resultado econômico.
a) Balanço patrimonial: art. 1.188, CC. É o balanço que apura ativo e passivo.
b) De resultado econômico: art. 1.189, CC. Demonstra os lucros e perdas, devendo constar os créditos e os débitos.
7.4. Conservação de Documentos:
Art. 1.194, CC: O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados.
*Questão da magistratura de MG considerou como gabarito correto estas 4 obrigações. Em outras provas podem ser cobradas apenas as três primeiras.
NOME EMPRESARIAL
1. Conceito:
É o elemento de identificação do empresário, da sociedade empresária ou da eireli.
2. Espécies/Modalidades de nome empresarial:
· firma
· individual
· social (razão social)
· denominação
3. Aplicação e Composição:
a) firma individual: 
Art. 1.156, CC.
aplicação : se dá apenas para o empresário individual. 
composição: nome civil do empresário, completo ou abreviado
Ex: Rogério Sanches Cunha, R. S. Cunha, R. Sanches
É possível acrescentar uma indicação mais precisa da pessoa do empresário ou do ramo de sua atividade. Este acréscimo é facultativo.
Ex: R. S. Cunha Gigante, R. Sanches Comércio de Miniaturas
b) Firma Social:
art. 1.157, CC
aplicação: sociedade que possui sócio comresponsabilidade ilimitada. 
Ex: sociedade em nome coletivo (todos os sócios têm responsabilidade ilimitada)
composição: nome(s) do(s) sócio(s), completo ou abreviado.
Ex: Rogério Sanches e Renato Brasileiro, R. Sanches e R. Brasileiro, R. Sanches e Cia. (a expressão 'Cia.' no fim do nome empresarial significa que aquela sociedade tem outros sócios), R. Sanches e Filhos. 
Obs:
Companhia, se estiver no início ou no meio do nome, mas não no fim, significa tratar-se de uma Sociedade Anônima. Ex: Cia. Brasileira de Distribuição, Porto Seguro Companhia de Seguros. 
Também é facultativo colocar ramo de atividade.
c) Denominação:
aplicação: sociedade que possui sócio com responsabilidade limitada. 
Ex: Sociedade Anônima.
composição: termos, palavras, expressões e frases, com ramo de atividade obrigatório.
Ex: Divina Gula Restaurante, Ki Fome Lanchonete, Alvorada Transportadora.
Exs:
Ki Fome Ltda. - está errado, é obrigatório o ramo de atividade.
Nome de sócio na denominação: é admitido, porém de forma excepcional. Só se coloca o nome do sócio para homenagear sócio fundador que contribuiu com o sucesso da sociedade. 
Ex: Camargo Correia Construtora
Exceções:
Aplica-se tanto a firma quanto a denominação:
a) sociedade em comandita por ações
b) sociedade limitada 
Ex: R. Sanches e R. Brasileiro Ltda. , Ki Fome Lanchonete Ltda.
A expressão 'limitada' ou 'ltda.' deve ser colocada sempre ao final.
Obs:
ao celebrar contratos, a empresa deve colocar seu nome completo, incluindo a expressão 'limitada'. Art. 1.158, §3ª, CC: A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade.
Ou seja, não é mero erro; a ausência ou omissão da palavra 'limitada' gera responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores (não dos sócios).
Caiu na AGU 2010.
c) Eireli:
firma ou denominação. Deve constar o termo Eireli no final, sob pena de responsabilidade ilimitada do administrador. Art. 980-A, §6º CC – aplica-se à eireli as mesmas regras da sociedade limitada.
4. Proteção do Nome Empresarial:
art. 5º, XXIX, CF – assegura a proteção ao nome das empresas.
A proteção decorre automaticamente do registro do empresário, da sociedade empresária ou da eireli na Junta Comercial. Art. 33, Lei 8.934/94. 
Esta proteção é de Âmbito Federal ou Estadual?
Art. 1.166, CC: assegurado o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo estado. Some-se a isso o fato de que as Juntas Comerciais são órgãos estaduais.
A referida proteção se dá em âmbito estadual, vez que a Junta Comercial é órgão estadual. 
*Marca: diferente. É registrada no INPI e tem proteção nacional.
Obs: nomes famosos acabam tendo proteção, encontrada somente na jurisprudência. Não é possível registrar o nome da empresa em estado onde ela não funcione.
5. Princípios do Nome Empresarial:
a) Princípio da Veracidade/Autenticidade:
Impõe que a firma individual ou a firma social seja composta a partir do nome do empresário ou dos sócios respectivamente. 
Ex: Alexandre Gialuca e Eike Batista Consultoria de Negócios – não pode, pois eles não são sócios de verdade.
Ex²: João da Silva e Rita Campos – o João morrer, deve ser retirado o nome dele da sociedade.
Art. 1.165, CC: O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social.
Não se aplica a denominação, nem na hipótese de homenagem a sócio fundador.
b) Princípio da Novidade:
Não poderão coexistir na mesma unidade federativa dois nomes empresariais idênticos, prevalecendo aquele registrado primeiro. 
6. Término do Nome Empresarial: 
a) dissolução e liquidação da sociedade:
* A sociedade em conta de participação perde o nome empresarial com a dissolução e liquidação? 
Não. O art. 1.162, CC, diz que esta modalidade de sociedade não tem nome empresarial. 
(matéria de direito societário, só no intensivo II).
b) art. 60, Lei 8.934/94 – cancelamento decorrente de reconhecimento de inatividade.
	
	Firma
	Denominação
	Empresário individual
	X
	
	Sociedade Limitada
	X
	X
	Sociedade Anônima
	
	X
	EIRELI
	X
	X
	Sociedade em Nome Coletivo
	X
	
	Soc. em Comandita Simples
	X
	
	Soc. em Comandita por Ações
	X
	X
Aula 4 – 20.06.2012
7. Características do nome empresarial:
É inalienável (art. 1.164, CC).
Obs:
o nome empresarial tem duas modalidades, a firma e a denominação. O nome tem característica personalíssima. Quando se trata de denominação (Ki Fome Lanchonete, por ex.), a doutrina vem admitindo alienação, pois não tem característica personalíssima.
É imprescritível, art. 1.167, CC – o prejudicado pode, a qualquer tempo propor ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou contrato. 
O titular do nome empresarial pode protegê-lo a qualquer tempo.
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
dica: o conteúdo deste caderno é suficiente para o estudo deste tópico.
Arts. 1.142 a 1.149, CC (ler)
Também é chamado estabelecimento comercial e fundo de comércio. 
1. Conceito:
É o complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, sociedade empresária ou eireli. 
Este conjunto de bens envolve os bens materiais (corpóreos) e os bens imateriais (incorpóreos). 
Bens materiais: móveis, maquinários, equipamentos, mercadorias, imóveis, veículos etc.
Bens imateriais: ponto comercial, marca, patente etc.
Estabelecimento é o conjunto de bens materiais e imateriais. 
Obs:
o imóvel não é estabelecimento, mas, sim, um elemento integrante do estabelecimento.
Obs²:
o estabelecimento é imprescindível para a realização da atividade empresarial.
Questão:
empresa BMX fabricava bicicletas e possuía dois imóveis. No imóvel 1 estava a fábrica. O imóvel 2 estava alugado. O dinheiro do aluguel era utilizado para comprar mercadorias para a fábrica. Neste contexto, o imóvel 2 integra o conceito de estabelecimento?
R: Não. 
Obs³:
só compõem o conceito de estabelecimento os bens que estão diretamente relacionados à atividade comercial. Portanto, nem sempre o patrimônio se confunde com o estabelecimento. 
Na questão, a empresa BMX possui um patrimônio composto por um estabelecimento e mais um imóvel e poderia possuir ações da TAM, da Petrobras, por ex. 
Obs4:
Estabelecimento é uma reunião de bens com organização. 
2. Natureza Jurídica do Estabelecimento:
art. 1.143, CC. 
É objeto unitário de direitos. 
Obs: 
Universalidade de direitos e bens são aqueles reunidos por vontade da lei. É o legislador que estabelece a junção das leis. Ex: herança, massa falida – não foram unidos por vontade da família ou do falido, mas sim por vontade da lei. Questão CESPE perguntou se o estabelecimento era universalidade de direito. 
O estabelecimento é uma universalidade de fato, não de direito. 
3. Trespasse:
É o nome que se dá para o contrato de compra e venda de estabelecimento empresarial. 
3.1. Trespasse é diferente de cessão de cotas: 
Ex: Ki Pão Panificadora Ltda. possui duas unidades e resolve vender uma delas. A Padaria Real Ltda adquire a unidade pelo contrato de trespasse, passando a ser a titular do estabelecimento.
No trespasse, haverá a transferência da titularidade do estabelecimento. 
Ex²: A Ki Pão Ltda possui 30% das cotas e o Manuel 70%. A Padaria Real, pessoa jurídica, resolve comprar as cotas do Manuel. Manuel deixa de ser sócio e se torna sócia a Padaria Real → este é um contrato de cessão de cotas sociais, não de trespasse. Neste caso, não ocorre transferência da titularidade do estabelecimento.
Na cessão de cotas não haverá transferência da titularidade do estabelecimento, mas, sim, uma modificação/alteração do quadro social. 
3.2. Formalidades: 
Entre adquirente e alienante o contrato é plenamente válido. Para que esse contrato produza efeitos perante terceiros, é necessário analisar outra regra: art. 1.144, CC – averbação à margem da inscrição do empresário ou sociedade empresária no Registro Público e publicação na imprensa oficial. 
Portanto,são dois requisitos: averbação na Junta Comercial e publicação na imprensa oficial.
A ideia do legislador é dar publicidade para proteger os credores (este deve saber se o devedor poderá saldar a dívida e pode até mesmo tentar impedir a operação).
Súmula 451 STJ: é legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial. 
Obs:
no entanto, para o STJ, é pacífico que a penhora do estabelecimento é medida excepcional, só deve ocorrer na ausência de outros bens. 
3.3. Eficácia do Contrato de Trespasse:
Ex: a Ki Pão Ltda. possui duas unidades. A unidade 1 está avaliada em R$1.000.000,00, já a unidade 2 vale R$500.000,00. 
A empresa possui dívidas que chegam a R$700.000,00. Se a empresa pretender vender a unidade 2, não precisará consultar os seus credores, pois ainda tem patrimônio suficiente para pagar suas dívidas. 
Se, no entanto, pretendesse vender a unidade 1, precisa cumprir a regra do art. 1.145, CC: quando o alienante não permanecer com bens suficientes para solver o seu passivo, terá de proceder:
- ao pagamento de todos os credores (não é a maioria, são todos) ou
- o consentimento de todos os credores (autorização expressa ou tácita depois de 30 dias de notificação)
Caso contrário, o contrato de trespasse será ineficaz. Os credores aliás podem pedir a falência do alienante. Art. 94, III, c da Lei 11.101/05. → vender sem ter patrimônio para solver as dívidas é considerado ato de falência. 
3.4. Responsabilidade por dívidas anteriores: 
(questão comum em concursos quando se trata de estabelecimento)
É a chamada sucessão. 
Quem compra estabelecimento responde pelas dívidas anteriores?
Art. 1.146, CC – sim, porém com uma ressalva. O Adquirente só responderá desde que as dívidas estejam regularmente contabilizadas, desde que não seja dívida trabalhista ou tributária. Nestes dois casos aplica-se a regra específica de cada uma (art. 448, CLT e art. 133, CTN)
Alienante – responde por estas dívidas de forma solidária pelo prazo de 1 ano a partir da publicação (vencida) ou da data de vencimento da dívida (vincenda). 
(na cessão de cotas o prazo é de 2 anos, art. 1.003, parágrafo único)
Se o vencimento ainda não tiver ocorrido, ainda que a dívida esteja publicada, o prazo da solidariedade só começará a contar a partir do vencimento da dívida. 
3.5. Concorrência:
Em um primeiro momento, quem define se é possível ou não a concorrência é o contrato de trespasse. Na omissão, deverá ser aplicada a regra do art. 1.147, CC (concorrência só após 5 anos e, caso o contrato de trespasse seja de arrendamento ou usufruto, enquanto este perdurar). Já foi questão do MPF.
A regra do art. 1.147 viola a livre concorrência?
A previsão deste artigo não reflete limitação à liberdade de concorrência, pelo contrário, é a expressão de um dever de concorrência leal. 
3.6. Sub-rogação dos Contratos de Exploração do Estabelecimento:
art. 1.148, CC: quando se compra o estabelecimento, automaticamente os contratos de fornecimento serão transferidos para o adquirente.
Ex: pizzaria compra um tempero com exclusividade. Ao ser trespassada, o contrato de fornecimento do tempero com exclusividade é transferido para o adquirente também.
Inf. 465 STJ: haverá transferência de todos os contratos, com exceção do contrato de locação, pois entende que este tem regra específica (Art. 13, Lei 8.245/91). O locador tem que autorizar a transferência por escrito. 
Gialluca deu o exemplo do amigo que queria comprar farmácia de manipulação barata e descobriu que o proprietário queria o imóvel de volta.
No caso do STJ, o alienante foi condenado ao pagamento de débitos referentes ao aluguel após o trespasse por não ter feito a autorização do proprietário por escrito.
3.7. A clientela é elemento integrante do estabelecimento?
Não, porque é considerada mera situação de fato. 
3.8. Aviamento:
também chamado 'goodwill', é o potencial de lucratividade do estabelecimento.
Quando se compra um estabelecimento está-se comprando também sua marca, seu conceito (ex: restaurante que recebeu prêmio, restaurante com melhor chef, editora famosa). Portanto, compram-se os bens somados ao potencial de lucratividade. 
Ex: IBM comprou a Lótus, que valia 600 milhões por 2 bilhões.
Aviamento não é elemento integrante do estabelecimento, mas, sim, um atributo, uma qualidade do estabelecimento. 
Oscar Barreto Filho: “O aviamento existe no estabelecimento, como a beleza, a saúde ou a honradez existem na pessoa humana, a velocidade no automóvel, a fertilidade no solo, constituindo qualidades incindíveis dos entes a que se refere. O aviamento não existe como elemento separado do estabelecimento e, portanto, não pode constituir em si e por si objeto autônomo de direito, suscetível de ser alienado, ou dado em garantia.”
3.9. Título de Estabelecimento é diferente de Nome Empresarial:
O nome empresarial é elemento de identificação da pessoa física ou jurídica empresária. Já o título de estabelecimento é o apelido comercial dado para um estabelecimento.
Ex: Globex Utilidades Domésticas S/A – nome empresarial
Ponto Frio – título de estabelecimento
Ex²: Companhia Brasileira de Distribuição – nome empresarial
Pão de Açúcar – título de estabelecimento
Título de Estabelecimento = Nome Fantasia
3.10. Título de Estabelecimento é diferente de Marca:
A marca identifica um produto ou um serviço. (ex: Rainha, Mizuno, Topper, Havaianas, que são marcas dos produtos da empresa Alpargatas S/A).
Ex: Renata Franco e Francisco Lima Sorveteria Ltda. - nome empresarial
Beijo Gelado – título de estabelecimento, apelido comercial
Panegel – um produto vendido pela empresa
PONTO COMERCIAL
1. Conceito:
É o local no qual o empresário ou sociedade empresária realiza sua atividade empresarial. 
2. Proteção do Ponto Empresarial:
Ação Renovatória. Sua finalidade é a renovação compulsória do contrato de locação empresarial. 
3. Requisitos: 
art. 51, Lei 8.245/91 – para ajuizar ação renovatória são necessários 3 requisitos:
a) contrato escrito e com prazo determinado;
não adianta haver testemunhas do contrato verbal nem contrato escrito com prazo indeterminado.
b) o contrato ou a soma ininterrupta dos contratos tem que totalizar 5 anos;
c) 
Aula 5 - 26.06.2012 
Ponto Comercial (continuação):
3. Requisitos para ajuizamento da ação renovatória (art.51 da lei 8245/91): 
a) Contrato escrito e com prazo determinado: 
b) Contrato ou a soma ininterrupta dos contratos tem que totalizar 5 anos: 
c) É necessário que o locatário esteja explorando o mesmo ramo de atividade nos últimos três anos. 
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos;
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.
Exemplo: contrato escrito de cinco anos. Nos dois primeiros anos de contrato foi montada uma farmácia. Nos últimos três anos se tornou uma loja de construção. Terá direito ao ajuizamento da ação renovatória, já que são preenchidos os três requisitos. 
Obs. A ideia da lei é proteger o ponto comercial. O ponto é a localização, assim a ideia da lei é proteger uma localização que se tornou uma referência no mundo empresarial.
4. Sublocação: 
Para que haja sublocação é necessária à anuência do locador. 
*Na sublocação cabe ação renovatória? Sim, quem irá ajuizar ação renovatória é o sublocatário (art.51 §1º da lei de locação). 
§ 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou sucessores da locação; no caso de sublocação total do imóvel, o direito a renovação somente poderá ser exercido pelo sublocatário.
5. Prazo para ajuizar ação renovatória (art.51 §5º): 
Este dispositivo diz que quando estiver faltando um ano para o fim do contrato, inicia-se o prazopara ajuizamento da ação renovatória (já pode ajuizar a ação). A lei também prevê que faltando seis meses para terminar o contrato encerra o prazo da renovatória. 
§ 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor.
O art.51, caput, diz que a renovatória será nos mesmos termos do contrato a ser renovado, assim se o contrato a ser renovado é de cinco anos, o juiz mandará renovar por cinco anos. 
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:
· Ocorre que, o STJ entende que o teto máximo para a renovação é de cinco anos. Assim se o contrato a ser renovado era de 10 anos, ele somente será renovado por cinco anos. 
6. Exceção de retomada (art.52 c/c art.72): 
Matéria de defesa em que o locador na contestação da renovatória, apresenta um dos temas a seguir: 
a) Reforma solicitada pelo poder público que implique em radical transformação do imóvel; 
b) Reforma no imóvel solicitada pelo próprio locador que resulte em sua valorização; 
c) Proposta insuficiente;
d) Proposta melhor de terceiro; 
Obs. Não basta falar que um terceiro está interessado, é necessário demostrar um documento, com firma reconhecida do interesse do terceiro, e o valor que pretende pagar. A finalidade do documento é garantir que aquele que ajuizou a ação renovatória tenha a oportunidade de cobrir a proposta do terceiro. Ademais, a segunda finalidade, é garantir o direito de indenização, se restar comprovado que quem entrou no imóvel irá realizar a mesma atividade do locatário (quem pagará a indenização é o locador e o terceiro interessado). 
e) Uso próprio; 
f) Transferência de estabelecimento existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente. 
*É cabível a ação renovatória na locação de Shopping Center? Sim. 
*O Shopping Center pode apresentar exceção de retomada? Sim, art.52 §2º da lei 8245/91. Todavia, não é admitida a recusa da renovação do contrato com o fundamento do inciso II. Assim sendo, o Shopping Center pode apresentar exceção de retomada com fundamento na letra “a”, “b”, “c”, “d”, somente não poderá apresentar exceção com fundamento na letra “e” e “f”. 
Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato se:
I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade;
II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente.
1º Na hipótese do inciso II, o imóvel não poderá ser destinado ao uso do mesmo ramo do locatário, salvo se a locação também envolvia o fundo de comércio, com as instalações e pertences.
2º Nas locações de espaço em shopping centers , o locador não poderá recusar a renovação do contrato com fundamento no inciso II deste artigo.
3º O locatário terá direito a indenização para ressarcimento dos prejuízos e dos lucros cessantes que tiver que arcar com mudança, perda do lugar e desvalorização do fundo de comércio, se a renovação não ocorrer em razão de proposta de terceiro, em melhores condições, ou se o locador, no prazo de três meses da entrega do imóvel, não der o destino alegado ou não iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que declarou pretender realizar.
Propriedade Industrial:
Nós temos hoje a propriedade intelectual. E a propriedade intelectual é divida em: 
(i) Propriedade industrial (lei 9279/96): iremos analisar apenas a propriedade industrial, que é tema de direito empresarial. 
(ii) Direito autoral: 
1. Finalidade da lei 9279/96: 
Garantir exclusividade de uso. Garantia que sua criação será protegida. A ideia é incentivar o desenvolvimento tecnológico e incentivar a pesquisa, bem como proteger a criação.
2. Bens protegidos pela lei 9279/96:
“I me dei mau”
· I – invenção
 Patente
· M – modelo de utilidade
· D - desenho industrial 
· M – marca
Registro
Obs. Temos também a repressão à falsa indicação geográfica e a repressão à concorrência desleal.
Tanto a patente quanto o registro se faz no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). O INPI é uma autarquia federal com sede no Rio de Janeiro. 
*Quando se faz a patente ou registro de uma invenção, por quantos anos se protege a invenção? O prazo de proteção da patente: 
i. Patente de invenção: prazo de 20 anos de proteção. Prazo é contado da data do depósito. 
ii. Patente de modelo de utilidade: prazo de 15 anos de proteção. Prazo é contado da data do depósito. 
iii. Registro de desenho industrial: prazo de 10 anos. Prazo é contado da data do depósito. 
iv. Registro de marca: prazo de 10 anos. Prazo é contado a partir da concessão (ao ser concedida a marca será contado dez anos). 
*Qual prazo pode ser prorrogado, e qual prazo não pode ser prorrogado? 
· A invenção e o modelo de utilidade são improrrogáveis (não admitem prorrogação). Isto significa que ultrapassado o prazo de exclusividade cai em domínio público. É por isso que nós temos o chamado remédio genérico (para aquelas formas que caíram em domínio público). 
· O registro é prorrogável. 
*Como se dá a prorrogação do registro?
· Prorrogação do desenho industrial: é possível prorrogar por até três vezes, cada prorrogação equivale a cinco anos. Após as três prorrogações, a invenção cairá em domínio público. 
· Prorrogação da marca: não há limite para a prorrogação da marca. A marca poderá ser prorrogada de 10 em 10 anos. 
3. Bens patenteáveis: 
São os bens objetos de patente. 
3.1. Invenção: 
Obs. invenção não possui conceito.
a) Requisitos de uma invenção: 
i. Novidade: é aquilo que não está compreendido no estado da técnica.
ii. Atividade inventiva: sempre que para um especialista no assunto não decorra de maneira obvia ou evidente do estado da técnica (é necessário um avanço, um real progresso). 
Obs. tanto uma definição quanto outra usa a expressão “estado da técnica”. Estado da técnica é aquilo que já está presente na atualidade (ex. no Japão foi lançada a capsula humana – onde uma pessoa pode ficar até três dias ali dentro – isto é uma invenção que já existe na atualidade, está no estagio atual da técnica). 
iii. Aplicação industrial: só vai ser considerada invenção aquilo que pode ser industrializado. A ideia é a propriedade industrial. 
iv. A invenção não pode ter impedimento legal: teremos que analisar o art.18 da lei 9279/96: 
a. Tudo que for resultante do núcleo atômico não poderá ser patenteado (art.18, inciso II). Justamente para evitar armas atômicas, é uma forma de não estimular este tipo de pesquisa. 
b. Seres vivos no todo ou em parte não podem ser objeto de patente. Não importa qual ser vivo não pode ser patenteado, exceto os microrganismos transgênicos. O microrganismo transgênico pode ser patenteado. 
Art. 18. Não são patenteáveis:
I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;
II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e
III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microorganismos transgênicos são organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica normalmente nãoalcançável pela espécie em condições naturais.
Não se considera invenção (Art.10 da lei 9279/96):
· Descobertas, teorias cientificas e métodos. 
· Esquemas, planos ou métodos contábeis, financeiros ou educativos. 
· Obras literárias, artísticas ou arquitetônicas (proteção do direito autoral, e não da lei de propriedade industrial). 
· Programa de computador (proteção do direito autoral, e não da lei de propriedade industrial).
· Regras de jogo. 
· Métodos ou técnicas operatórias ou cirúrgicas. 
Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade:
I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;
II - concepções puramente abstratas;
III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;
IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética;
V - programas de computador em si;
VI - apresentação de informações;
VII - regras de jogo;
VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e
IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.
b) Licença compulsória: 
Não existe “quebra de patente”, o que existe é a licença compulsória, prevista no art.71. Teremos licença compulsória quando:
i. Em caso de emergência nacional;
ii. Em caso de interesse público. 
Art. 71. Nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em ato do Poder Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado não atenda a essa necessidade, poderá ser concedida, de ofício, licença compulsória, temporária e não exclusiva, para a exploração da patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular.
Características da licença compulsória: 
(i) Não tem exclusividade: não se pode passar para outrem com exclusividade, qualquer interessado poderá utilizar a fórmula. 
(ii) Temporária: acabando a emergência nacional ou interesse público a exclusividade é trazida novamente. 
(iii) Não pode causar prejuízo ao titular: ainda que se tenha a licença compulsória, é necessário pagar royalty ao titular da patente. 
Decreto 6.108/07, art.1º, §1º, §2º, art.2º: este decreto atendeu a todos os requisitos da licença compulsória. 
Art. 1o  Fica concedido, de ofício, licenciamento compulsório por interesse público das Patentes nos 1100250-6 e 9608839-7. 
§ 1o  O licenciamento compulsório previsto no caput é concedido sem exclusividade e para fins de uso público não-comercial, no âmbito do Programa Nacional de DST/Aids, nos termos daLei no 9.313, de 13 de novembro de 1996, tendo como prazo de vigência cinco anos, podendo ser prorrogado por até igual período.     
§ 2o  O licenciamento compulsório previsto no caput extinguir-se-á mediante ato do Ministro de Estado da Saúde, se cessarem as circunstâncias de interesse público que o determinaram. 
Art. 2o  A remuneração do titular das patentes de que trata o art. 1o é fixada em um inteiro e cinco décimos por cento sobre o custo do medicamento produzido e acabado pelo Ministério da Saúde ou o preço do medicamento que lhe for entregue. 
3.2. Modelo de utilidade: 
a) Conceito: 
É o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. 
O modelo de utilidade melhora algo que já existe. É uma melhoria funcional, traz uma utilidade maior para aquilo que já existe (ex. haste flexível de óculos que adapta melhor a cabeça). 
· STJ entendeu que a churrasqueira sem fumaça é um modelo de utilidade, isto porque a churrasqueira é um objeto que já existe. 
4. Bens registráveis 
4.1. Desenho industrial:
a) Conceito: 
É a forma plástica ornamental de um objeto ou um conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado ao produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa, e que possa servir de tipo de fabricação industrial. 
Desenho industrial é chamado por muitos da doutrina de elemento fútil, isto porque ele só está preocupado com a estética, com a parte externa do produto. O desenho industrial não está preocupado com a parte interna do produto. 
Obs. Modelo de utilidade melhora o produto, já o desenho industrial somente altera a estética do produto. 
4.2. Marca: 
a) Conceito: 
Marca é o sinal distintivo visualmente perceptível não compreendido nas proibições legais. 
É o sinal que faz a distinção. 
No Brasil, não é possível registrar sinal sonoro, já que somente é possível registrar aquilo que é visualmente perceptível. 
b) Requisitos da marca: 
i. Novidade relativa: requisito diretamente relacionado ao princípio da especificidade. No INPI existe uma classificação de produtos ou serviços. Dentro do item de classificação é que precisam ser analisados os produtos e serviços. Dentro da especificidade técnica (ex. marca Veja. Veja é uma revista, bem como Veja pode ser um desinfetante, isto é possível porque se trata de ramos distintos de atividade. Estão em classificações distintas no INPI. Estão em ramos específicos distintos). 
Obs. se a novidade fosse absoluta, isto significaria que apenas um produto poderia ter determinado sinal. 
ii. Não colidência com marca notória: não é possível violar uma marca notória. 
Conceito de marca notória: é a marca internacionalmente reconhecida. Marca de popularidade nacional (ex. Ferrari, Apple, IBM). 
O Brasil é signatário da Convenção da União de Paris, esta convenção no teor do art.6º determina que o país que assinou a este tratado internacional terá que proteger a marca notória, ainda que ela não tenha sido registrada no país (ex. até pouco tempo atrás a marca Burger King não possuía registro no Brasil). 
Art. 6 bis
(1) Os países da União comprometem-se a recusar ou invalidar o registro, quer administrativamente, se a lei do país o permitir, quer a pedido do interessado e a proibir o uso de marca de fábrica ou de comércio que constitua reprodução, imitação ou tradução, suscetíveis de estabelecer confusão, de uma marca que a autoridade competente do país do registro ou do uso considere que nele é notoriamente conhecida como sendo já marca de uma pessoa amparada pela presente Convenção, e utilizada para produtos idênticos ou similares. O mesmo sucederá quando a parte essencial da marca notoriamente conhecida ou imitação suscetível de estabelecer confusão com esta.
(2) Deverá ser concedido um prazo mínimo de cinco anos a contar da data do registro, para requerer cancelamento de tal marca. Os países da União têm a faculdade de prever um prazo dentro do qual deverá ser requerida a proibição de uso.
(3) Não será fixado prazo para requerer o cancelamento ou a proibição de uso de marcas registradas ou utilizadas de má fé.
A ideia de proteção da marca notória é proteger o consumidor. O consumidor não pode ser induzido ao erro. Evitar que o consumidor seja levado a erro.
Atenção: a proteção à marca notória é dada dentro do ramo de atividade em que é conhecida (ex. é possível registrar uma tinta de pintar prédios de Armani). A proteção existe, mas ela está restrita ao ramo de atividade. 
Marca notória X marca de alto renome: 
	Marca notória
	Marca de alto renome
	Marca de reconhecimento internacional.
O INPI protege a marca dentro do ramo de atividade específico. 
	O INPI irá proteger a marca em todos os ramos de atividade. 
Ex. Natura. 
Obs. não necessariamente precisa ser uma marca internacional. 
	Não precisa de registro para ser protegida. 
	Somente será protegida se houver registro no INPI. 
iii. Não ter impedimento legal: a marca não pode ter impedimento legal. O art. 124 da lei 9279 traz várias situações de impedimento de registro de marca. 
· Brasão, emblemas, bandeira e monumento nacional ou estrangeiro,não podem ser registrados como marca. 
· Marca não pode ter falsa indicação geográfica (ex. empresa que fabrica chocolate em Santo André, não é possível chamar o chocolate de Gramado).
Art. 124. Não são registráveis como marca:
I - brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais, públicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou imitação;
II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;
III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimento dignos de respeito e veneração;
IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela própria entidade ou órgão público;
V - reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de título de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais distintivos;
VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele empregado comumente para designar uma característica do produto ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;
VII - sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda;
VIII - cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo;
IX - indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa falsamente induzir indicação geográfica;
X - sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza, qualidade ou utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina;
XI - reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de padrão de qualquer gênero ou natureza;
XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva ou de certificação por terceiro, observado o disposto no art. 154;
XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social, político, econômico ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação suscetível de criar confusão, salvo quando autorizados pela autoridade competente ou entidade promotora do evento;
XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país;
XV - nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVI - pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular;
XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com o produto ou serviço a distinguir;
XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia;
XX - dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou serviço, salvo quando, no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente forma distintiva;
XXI - a forma necessária, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento, ou, ainda, aquela que não possa ser dissociada de efeito técnico;
XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e
XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em território nacional ou em país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com aquela marca alheia.
c) Espécies de marca: 
· Marca de produto ou serviço: marca que identifica o produto ou serviço. A marca que distingue o produto ou serviço. 
· Marca coletiva: aquela marca identifica que determinado produto ou serviço faz parte de uma coletividade. 
· Marca de certificação: é aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas. Marca que certifica o produto ou serviço (ex. INMETRO). 
5. Formas de extinção da propriedade industrial: 
· Decurso do prazo de vigência; 
· Renúncia do titular; 
· Falta de pagamento das retribuições estabelecidas na lei. 
· Caducidade (ou seja, falta de uso por mais de 5 anos). 
· Inobservância ao art. 217 da lei. Isso significa que se o titular da propriedade industrial for estrangeiro (não tem domicilio no Brasil) ele terá que nomear um procurador que tenha domicilio no Brasil. E este procurador tem que ter poderes específicos para representar no âmbito administrativo e judicial. Se não tiver domicilio e não houver procuração haverá a extinção da propriedade industrial. 
Art. 217. A pessoa domiciliada no exterior deverá constituir e manter procurador devidamente qualificado e domiciliado no País, com poderes para representá-la administrativa e judicialmente, inclusive para receber citações.

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