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TRILHANTE - DIREITO CIVIL - PARTE GERAL FAMILIA E SUCESSÕES

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UNIÃO ESTÁVEL
Requisitos para a configuração da união estável
Para ser constituída a união estável não é necessário nenhum tipo de celebração solene ou assinatura de documentos, basta a vida em comum do casal e a vontade de ambos em constituir união estável.
Com isso é notável que a falta de formalismo traz diversas vantagens, como por exemplo na dissolução do relacionamento, que não há nenhum empecilho ou papelada, apenas a vontade das partes é suficiente para a cessão. Porém, também há a desvantagem de não haver documentação que comprove a união do casal, o que deixa mais complexo alguns processos como o de constituição de entidade familiar, que chega a envolver patrimônios.
Ainda assim, existe um contrato que é recomendado pelos advogados para que não haja problemas em caso de separação, principalmente relacionada aos bens adquiridos durante a união estável. Esse é o contrato de convivência, que além de regulamentar o regime de bens, também serve como uma prova física da união.
PRESSUPOSTOS DE ORDEM SUBJETIVA
Para a constituição de uma unidade familiar é necessário que haja afeto envolvido. Para isso, têm-se expressa relações de carinho e demonstrações de amor entre as pessoas da família que se completam com aspectos materiais e espirituais.
A união estável não exige que as duas pessoas habitem o mesmo teto nem que tenham vida, necessariamente, em comum. No entanto, alguns estudiosos, como no caso de Zeno Veloso admitem que para que haja a união estável, de fato, é necessário que o casal imite ao casamento, para que essa se valha tem de haver aparência exterior como a de um matrimônio.
Assim como o art. 1723 do Código Civil, a súmula 382 do Supremo Tribunal Federal dispensa da exigência de dividir a mesma casa o casal que convive em união estável.
Porém, o que mais se considera, é a definição feita por Rodrigo da Cunha Pereira, “a de dispensar a convivência sob o mesmo teto para a caracterização da união estável, exigindo-se, porém, relações regulares, seguidas, habituais e conhecidas, se não por todo mundo, ao menos por um pequeno círculo”. Como a união estável imita ao casamento, não há problema algum em casais viverem em casas separadas, visto que até mesmo, em casamentos, os cônjuges não têm coabitação.
Para a constituição familiar em uma união estável, além do afeto, também é de extrema importância a existência de affectio maritalis, ou seja, o ânimo para manter a relação, em outras palavras, a vontade do casal de viver em união por tempo indeterminado.
Não é considerado como união estável o simples namoro, noivado ou mesmo pessoas que fazem sexo sem compromisso. Para que haja a tal, é necessário o animus de ambas as partes em constituir uma família, não apenas a relação carnal, mesmo que frequente.
PRESSUPOSTOS DE ORDEM OBJETIVA
Como a união estável acompanha os requisitos do casamento, não existia perante a Constituição Federal a possibilidade de formar uma entidade familiar entre pessoas do mesmo sexo, mesmo que estas admitissem a união e houvesse coabitação. Isso acontecia devido ao enunciado do § 3º do seu art. 226 da CF (Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.). A jurisprudência reconhecia apenas a existência de sociedade de fato, ou seja, dando direitos apenas materiais e não familiares. Sendo assim, a união homoafetiva ou parceria homossexual era apenas reconhecida como sociedade e não como união livre, gerando efeitos exclusivamente obrigacionais.
Reafirmando, eram consideradas inexistentes as relações homoafetivas.
Com o passar do tempo, na jurisprudência foi sendo reconhecida a união homoafetiva como entidade familiar, tendo como pioneiro o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que usou como principal argumento o art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro- LINDB- que fundamentava “a ausência de lei específica sobre o tema não implica ausência de direito, pois existem mecanismos para suprir as lacunas legais, aplicando-se aos casos concretos a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito, em consonância com os preceitos constitucionais”.
Devido a essa exclusão, os casais homoafetivos começaram a buscar o poder judiciário na intenção de conseguir os direitos que são de pessoas que constituem uma união estável como: o direito de inclusão do companheiro como dependente no plano de saúde; de recebimento de pensão em caso de morte do parceiro segurado no INSS ou em plano de previdência privada; de guarda de filho, em caso de um dos parceiros ser mãe ou pai biológico da criança; de adoção por casal formado por duas pessoas do mesmo sexo; e de participação no patrimônio formado pelo esforço comum de ambos. Desse modo a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça concedeu a possibilidade do pedido de união estável entre casais do mesmo sexo que se encaixassem na configuração de união estável.
O reconhecimento da união homoafetiva como entidade familiar aconteceu a partir da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) 4.277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, igualando a união de casais do mesmo sexo aos casais heterossexuais vindas do Supremo Tribunal Federal em maio de 2011.
A partir dessa data ficou reconhecido como inconstitucional a proibição do casamento homoafetivo já que feria os direitos fundamentais escritos na CF/88, como igualdade, liberdade e dignidade da pessoa humana. Logo após essa conquista, o Superior Tribunal de Justiça também reconheceu o status de união estável aos relacionamentos homoafetivos.
Como já referido anteriormente, para constituir união estável é necessário que haja more uxorio, ou seja, que haja a vontade do casal de se reconhecer como companheiros e assim se comportem e se apresentem e para a sociedade. Portanto, esse aspecto é muito importante, visto que um relacionamento que é escondido das pessoas não é considerado como união estável, necessariamente não deve haver sigilo da relação e sim notoriedade ou publicidade do relacionamento amoroso.
Dessa maneira, o comportamento de quem vive em união estável se assemelha ao das pessoas casadas. Devem se apresentar à comunidade como parceiros, como que se faltasse apenas o contrato matrimonial para estarem efetivamente casados.
Também existe o fator tempo para a constituição de união estável, mesmo não sendo exigido um tempo mínimo, de acordo com o art. 1.723 do Código Civil, é necessário que para a configuração da entidade familiar, a estabilidade da relação é indispensável, sendo uma relação contínua, pública e duradoura.
Em caso de processo ou algum tipo de conflito, para ponderar se houve união estável, o juiz irá considerar se a relação foi pública e perdurou por tempo suficiente, e ainda se houve a vontade de constituição de uma entidade familiar. Apesar do tempo não ser um fator definido pela lei da união estável, existe, implicitamente, um prazo para a relação ser definida como efetiva.
Outro fator de ordem importantíssima para a constituição de uma união estável é a continuidade. A partir do momento em que a união é definida como uma forma de comportamento, não é possível definir a data de ínicio na maioria dos casos, como acontece no casamento, que é a partir da assinatura do documento matrimonial no cartório ou órgão religioso. Pois então, é necessário que a relação seja contínua e sem interrupções para que seja considerada sólida e verdadeira. Em relações nas quais há instabilidade e interrupções, geralmente há insegurança dos parceiros e a vontade de constituir família fica em segundo plano, o que, consequentemente, desconfigura a união estável.
Contudo, ainda assim, podem acontecer discussões e desentendimentos, como em todo casal normal, até mesmo os que constituem matrimônio, mas esse conflito não pode ser em grande escala que chega a modificar a vida dos companheiros rompendo a vida em comum e, desse modo, quebrando o vínculo de união estável.
Deveres dos companheiros
De acordo com o art. 1724 do CódigoCivil, as partes na união estável têm direitos e deveres nas relações pessoais (as relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos).
Os direitos recíprocos são:
1. Dever de fidelidade
2. Dever de respeito
3. Dever de assistência
4. Dever de guarda
5. Dever de sustentar os filhos
6. Dever de educar os filhos
Direitos dos companheiros
Destacam-se como direitos fundamentais dos companheiros em uma união estável, no plano material, os que dizem respeito a alimentos, meação e herança.
1. Alimentos
De acordo com o art. 1.694 do Código Civil, há uma responsabilidade recíproca entre as partes da união estável sobre alimentos ao companheiro:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
a) Alimentos provisórios
b) Alimentos em união estável homoafetiva
2. Meação e regime de bens
· O regime de bens estabelecido entre os companheiros, salvo disposição contratual diversa, é o da comunhão parcial de bens (art. 1725, do CC). Dessa forma, são comuns os bens adquiridos onerosamente durante a união estável, será comum também a administração destes bens. 
· Autorização do companheiro para a alienação de imóvel
· Obrigatoriedade do regime da separação de bens, no caso de companheiro com idade igual ou superior a 70 anos
· Extinção da comunhão em virtude de separação de fato
· Sucessão hereditária
CASAMENTO – I 
Conceito
A definição de casamento, para a maioria dos autores mais tradicionais, é contratualista e conservadora, sempre pensando em favor da criação de uma união fixa e com objetivo de procriação. Porém, existem diversas unidades familiares que constituem casamento e não têm objetivo de terem filhos, como a impossibilidade advinda da idade avançada ou de doença. Dessa forma, a melhor definição para casamento atualmente é de acordo com o autor José Lamartine Corrêa de Oliveira, que considera o casamento: “o negócio jurídico de Direito de Família por meio do qual um homem e uma mulher se vinculam através de uma relação jurídica típica, que é a relação matrimonial. Esta é uma relação personalíssima e permanente, que traduz ampla e duradoura comunhão de vida”.
Mesmo que essa seja uma definição moderna e mais usada nos dias de hoje, ainda não leva em conta as relações entre casais do mesmo sexo, que, todavia, foram reconhecidas pelo STF nos termos:
“Assim sendo, as famílias formadas por pessoas homoafetivas não são menos dignas de proteção do Estado se comparadas com aquelas apoiadas na tradição e formadas por casais heteroafetivos. O que se deve levar em consideração é como aquele arranjo familiar deve ser levado em conta e, evidentemente, o vínculo que mais segurança jurídica confere às famílias é o casamento civil. Assim, se é o casamento civil a forma pela qual o Estado melhor protege a família e se são múltiplos os arranjos familiares reconhecidos pela CF/1988, não será negada essa via a nenhuma família que por ela optar, independentemente de orientação sexual dos nubentes, uma vez que as famílias constituídas por pares homoafetivos possuem os mesmos núcleos axiológicos daquelas constituídas por casais heteroafetivos, quais sejam, a dignidade das pessoas e o afeto. Por consequência, o mesmo raciocínio utilizado tanto pelo STJ quanto pelo STF para conceder aos pares homoafetivos os direitos decorrentes da união estável deve ser utilizado para lhes proporcionar a via do casamento civil, ademais porque a CF determina a facilitação da conversão da união estável em casamento (art. 266, § 3o).”
Características do casamento
1. Ato solene;
2. Normas regulamentadoras são de ordem pública;
3. Igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges;
4. Intenção de ser permanente;
5. Constitui um negócio jurídico puro e simples, sem condições adicionais;
6. Liberdade de escolha do companheiro.
Finalidades do casamento
O casamento possui alguns objetivos e finalidades que se modificam de acordo com as doutrinas. Algumas delas acreditam que o casamento visa affectio maritalis, ou seja, o desejo de permanecer fisicamente com o cônjuge; procriação, isso não necessariamente é o objetivo de toda entidade familiar, porém, ainda assim, é o da maioria; e também a vontade de ambos de constituir uma comunhão plena da vida, como retratado no art. 1.511 do CC:
Art. 1.511 - O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
Natureza jurídica do casamento
Assista ao curso completo sobre Casamento e União Estável
TEORIA CLÁSSICA OU TEORIA INDIVIDUALISTA
Esta teoria entende que o casamento nada mais é que uma relação contratual, produto de um acordo de vontades.
TEORIA INSTITUCIONALISTA OU TEORIA SUPRAINDIVIDUALISTA
Tal teoria entende que o casamento é uma instituição social, em que aos indivíduos se casarem estes serão aderidos por essa instituição.
TEORIA ECLÉTICA
Esta teoria é um híbrido das duas teorias acima. Diante disso, entende-se que o casamento é um contrato especial, em que os indivíduos que irão se casar aderem a uma instituição pré-organizada. Por fim, ao aderirem tal instituição, conquistarão o estado matrimonial.
Da Validade e Invalidade do Casamento
A partir do pressuposto que o casamento é existente, é necessário analisar se o mesmo possui validade, caso este seja inválido, o casamento poderá ser nulo ou anulado.
Diante disso, o casamento terá nulibilidade quando houver infringência de impedimento, nos parâmetros do inciso II, art. 1.548 do Código Civil .  Já a anulabilidade do casamento, ocorre nos casos existentes no art. 1.550 do Código Civil:
Art. 1.550. É anulável o casamento: 
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
EXCEÇÕES DA ANULABILIDADE
No caso de casamento que resultou gravidez, não será anulado por razão de idade (art. 1.551).
Caso o indivíduo possua idade núbil, mas possua deficiência mental ou intelectual, não configurará um fator impeditivo para que ocorra a celebração de um casamento válido.
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.
§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.
§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público
Do Processo
Para que haja a celebração do casamento, é necessário seguir algumas formalidades estabelecidas pela lei. Estas formalidades dividem-se em essenciais e probatórias.
ESSENCIAIS
Serão formalidades essenciais:
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531.
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes,ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
§ 1o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.
§ 2o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever.
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea
vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
FORMALIDADES PROBATÓRIAS
Serão formalidades probatórias, nos termos do caput do artigo 1.536 do Código Civil:
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro, serão exarados
Procedimento para a habilitação do casamento
Para comprovar que os nubentes têm capacidade necessária para a realização do matrimônio e estão de acordo com as leis, é preciso que passem pelo processo de habilitação no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais, este processo resume-se à apresentação de determinados documentos obrigatórios, sendo estes documentos expressos no artigo 1.525 do Código Civil:
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Esta habilitação deverá ocorrer pessoalmente, com a audiência do Ministério Público. Diante disso, caso os documentos estejam certos, o oficial extrairá o edital, que será afixado pelo prazo de 15 dias nas circunscrições do Registro Civil do casal, devendo ser, obrigatoriamente, publicados na imprensa local, caso exista. E por fim, cumprido esses requisitos e percebido que não há fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação, possuindo eficácia de 90 dias, tendo início no dia que foi extraído o certificado, nos termos do artigo 1.531 e 1.532 do Código Civil
É válido dizer que caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação deverá ser submetida ao juiz, nos termos do parágrafo único do artigo 1.526 do Código Civil.
Provas
No Brasil, a celebração do casamento poderá ser comprovado pela certidão de registro, caso tenha falta justificada ou perda do registro civil, é aceito qualquer outra espéci de prova. Todavia, no caso desta celebração ter ocorrido no exterior, diante das autoridades ou cônsules brasileiros, esta deverá ser registrada no cartório do respectivo domicílio, no prazo de 180 dias, tendo o início a partir da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, nos termos do artigo 1.544 do Código Civil.
Ademais, o casamento de indivíduos que, na posse do estado de casadas, não puderem manifestar suas vontades, ou tenham falecido, não poderá ser contestado em detrimento da prole comum, ressalvando- se nos casos de certidão do Registro Civil que comprove que alguma delas já era casada, quando contraiu o casamento impugnado, nos termos do artgo 1.545 do Código Civil.
Nos casos em que o processo judicial servir como prova da celebração legal do casamento, a partir do registro da sentença no livro do Registro Civil acarretará todos os efeitos civis desde a data do casamento, nos termos do artigo 1.546 do Código Civil.
E por fim, caso haja dúvida entre provas favoráveis e contrárias a respeito da impugnação do casamento, servirá como prova contrária à impugnação se os indivíduos viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados, nos parâmetros do artigo 1.547 do Código Civil.
CASAMENTO – II
Modalidades de Casamentos
MODALIDADES GERAIS
MODALIDADES ESPECIAIS
O Código Civil prevê 7 tipos de casamentos:
	Modalidades de Casamento
	Características
	 
Casamento Civil
 
	Como demonstrado anteriormente, é necessário satisfazer as premissas formais previstas em lei.
	Casamento Nuncupativo (Arts. 1.540 e 1.541)
	Ocorre quando um dos contraentes se encontrar em iminente risco de vida, não possuindo a presença da autoridade que possui como competência para presidir o ato, nem seu substituto. Deverá possuir 6 testemunhas, devendo não possuírem parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau, nos termos do artigo 1.540 do Código Civil. Ademais, terão o prazo de 10 dias para comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, requisitando que lhes tome por termo a declaração de que: Houve convocação por parte do enfermo; este se encontrava em iminente risco de vida, mas estava em seu juízo; em sua presença, por vontade de ambos, declararam-se como marido e mulher.
	Casamento em Caso de Moléstia Grave (Art. 1.539)
	No caso de um dos nubentes estiver com moléstia grave, o presidente do ato irá celebrá-lo onde o nubente impedido estiver, ainda que à noite, devendo haver 2 testemunhas que saibam ler e escrever.
	Casamento Putativo (Art. 1.561)
	O casamento putativo é aquele celebrado de forma indevida mas com boa-fé por um ou pelos 2 cônjuges. Além disso, este casamento produzirá os efeitos legais até o dia da sentença anulatória para um ou ambos que o contraíram por boa-fé.
	Casamento Religioso com Fins Civis (Art. 1.516)
	O casamento religioso deverá cumprir com os mesmos requisitos existente para o casamento civil.  Devendo ocorrer o registro civil no prazo de 90 dias de sua realização.
	Conversão da União Estável em Casamento (Art. 1.726)
	Há a possibilidade de se tornar casamento a união estável, através de pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
	Casamento Consular
	Nos termos do artigo 1.544, o casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, diante das autoridades ou dos cônsules brasileiros. Devendo ser registrado em 180 dias, iniciando-se o prazo a partir da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil.
Causas Suspensivas do Casamento
Será suspensa a realização do casamento, nas possibilidades descritas no artigo 1.523 do Código Civil:
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo
Diante disso, entende-se que os incisos I e III buscam inibir qualquer tipo de problema patrimonial; o inciso II busca inibir confusão sanguínea; e por fim,o inciso IV busca impedir que ocorra o casamento entre indivíduos que estão sob a tutela ou curatela de alguém.
Diante disso, os casamentos nos casos expressos acima serão irregulares, mas não nulos, havendo a obrigatoriedade de regime de separação de bens.
Impedimentos
Serão considerados impedimentos para a celebração do casamento, fazendo com que este seja considerado nulo, os casos expressos no artigo 1.521 do Código Civil:
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
Impedimentos Resultantes do Parentesco
CASAMENTO ENTRE ASCENDENTES E DESCENDENTES
É proibido o casamento de ascendentes e descendentes em linha reta sem limitação de grau. Além disso, é caracterizado como incesto o ato sexual entres parentes consanguíneos, sendo combatido pelo ponto de vista cultural e também biológico, visto que é maior a probabilidade de a prole ter doenças autossômicas recessivas.
CASAMENTO ENTRE ADOTANTE E ADOTADO
De acordo com o Código Civil, no art. 1.593:
Art. 1.593 - O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem.
Ou seja, como já é estabelecido que a família adotiva é igual à família consanguínea, possui entidade familiar da mesma forma. Dessa maneira, não é permitido que adotante e adotado se casem, ou tenham qualquer vínculo sexual, visto que aos olhos da sociedade os adotantes são pais do adotado.
CASAMENTO ENTRE IRMÃOS
O impedimento refere-se aos irmãos vindos de casamento ou não, indiferentemente destes serem unilaterais ou bilaterais.  Diante disso, são proibidos os casamentos entre irmãos adotivos, já que, a partir do momento da adoção, estes são considerados irmão legítimos e, portanto, não podem ter relações afetivas e sexuais.
CASAMENTO ENTRE TIOS E SOBRINHOS
Tios e sobrinhos são colaterais de terceiro grau, impedidos de casar. Entretanto, o Decreto-Lei n. 3.200/41 permitiu que o casamento ocorresse, todavia, para isto, é necessário que estes realizem um exame pré-nupcial, havendo a necessidade de o resultado ser favorável. De acordo com o art. 2º do Decreto-Lei n. 3.200/41:
Os colaterais do terceiro grau que pretendem casar-se, ou seus representantes legais, se forem menores, requererão ao juiz competente para a habilitação que nomeie dois médicos de reconhecida capacidade, isentos de suspeição, para examiná-los, e atestar-lhes a sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles e da prole, na realização do matrimônio.
CASAMENTO ENTRE PRIMOS
Não há problemas no casamento entre primos, de acordo com o Código Civil, visto que estes são parentes colaterais de quarto grau, o que não tem maiores influências prejudiciais para a prole do ponto de vista biológico. Apenas é mal visto pela sociedade. No entanto, era mais comum durantes as décadas passadas.
AFINIDADE NA LINHA RETA
O parentesco por afinidade é resultado do casamento ou da união estável, todavia, apenas a afinidade em linha reta que é proibido o casamento após a dissolução do casamento, visto que a afinidade em linha reta não é extinta com o fim do casamento. Portanto, o(a) cônjuge não pode casar com a enteada(o) ou sogro(a).  
Isso tem por base o art. 1.595 do Código Civil:
Art. 1.595 - Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
  § 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
  § 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
AFINIDADE NA LINHA COLATERAL
Apenas a afinidade em linha reta impede o casamento. Portanto, é possível constituir casamento com afinidade na linha colateral, como por exemplo, é viável, de acordo com o Código Civil, que após a dissolução do primeiro casamento a pessoa case-se com o cunhado.
Outros Impedimentos
IMPEDIMENTO DECORRENTE DE CRIME
O dispositivo tem validade apenas para o homicídio doloso, como é o naturalizado pelo Direito Brasileiro. Diante disso, é vedado que o cônjuge que tenha sobrevivido se case com o indivíduo que tenha executado o crime tentado de homicídio ou de homicídio contra o seu par. Todavia, para que esta proibição ocorra, é necessário que o réu tenha sido condenado, diante disso, caso haja absolvição do réu ou prescrição do crime, este impedimento não pode ser configurado.
Caso o casamento se realize antes mesmo da condenação criminal transitada em julgado, aquele não poderá ser anulado.
TÉRMINO DA SOCIEDADE CONJUGAL
Segundo o artigo 1.571 do Código Civil, a sociedade conjugal termina através de 4 maneiras:
· Pela morte de um dos cônjuges;
· Pela nulidade ou anulação do casamento
· Pela separação judicial
· Pelo divórcio
Em relação à Separação Judicial, pode ser pedida:
· Por qualquer um dos cônjuges, no caso de um destes provar a ruptura da vida em comum há mais de 1 ano, e a impossibilidade de sua reconstituição.
· Por qualquer um dos cônjuges, imputando ao outro cônjuge qualquer ato que importe grave violação de deveres do casamentos, e que torne impossível a vida em comum .
· No caso de um dos cônjuges estiver acometido de doença mental grave, manifestada após o casamento, fazendo com que a vivência em comum torne-se impossível, entretanto, só poderá ocorrer tal pedido após dois anos, e a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável.
· Por mútuo consentimento dos cônjuges no caso de serem casados por mais de 1 anos e o manifestarem diante do juiz.
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum dos seguintes motivos:
I - adultério;
II - tentativa de morte;
III - sevícia ou injúria grave;
IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;
V - condenação por crime infamante;
VI - conduta desonrosa.
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da vida em comum.
REGIME DE BENS
Conceito
De uma forma simplificada, o regime de bens é o conjunto de regras que disciplina as relações patrimoniais entre os cônjuges, e entre estes e terceiros, durante o casamento. Ou seja, o regime de bens foi criado com o intuito de estabelecer direitos que regulamentem as questões econômicas e patrimoniais entre os nubentes. Seus princípios básicos são: liberdade de estipulação, variedade dos regimes e irrevogabilidade ou imutabilidade. Essa imutabilidade não é absoluta, pois admite-se a alteração por meio pedido motivado de ambos os cônjuges, mediante autorização judicial, desde que resguarde os direitos de terceiros .
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.
§ 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento.
§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.
De acordo com o Código Civil de 2002, as formas de regimes de bens são:
1. Regime de comunhão universal: arts. 1.667 a 1.671 CC;
2. Comunhão parcial: arts. 1.658 a 1.666 CC;
3. Separação de bens: arts. 1.687 e 1.688 CC;
4. Regime de participação final de aquestos: arts. 1.672 a 1.686 CC.
O art. 1.642 enumera uma série de atos que podem ser praticados por ambos os cônjuges, independentemente do regime de bens escolhido. 
Art. 1.642. Qualquer que seja o regimede bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:
I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647;
II - administrar os bens próprios;
III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem suprimento judicial;
IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;
V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos;
VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.
Além disso, conforme o art. 1.643, do CC, os cônjuges podem - independentemente da autorização um do outro - comprar coisas necessárias à economia doméstica, ainda que a crédito e obter, por empréstimo, o valor que a aquisição dessas coisas possa exigir. Nesses casos, o art. 1.654, do CC, deixa claro que as dívidas contraídas para tais compras obrigam solidariamente ambos os cônjuges.
Por outro lado, existem alguns atos que dependem da autorização do outro cônjuge para que possam ser realizados, exceto no regime de separação absoluta:
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.
A falta de autorização pode ser substituída pelo juiz, segundo art. 1.648, do CC, desde que seja injustificada ou impossível de ser concedida por um dos dos cônjuges. Caso seja praticado o ato sem a autorização ou suprimento judicial, ele será anulável, podendo o cônjuge preterido - ou seus herdeiros - pedi-la até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal (art.s 1.649 e 1.650, do CC). 
Pacto antenupcial
O pacto é um contrato bilateral, solene e condicional. Está descrito nos artigos 1.653 a 1.657 do Código Civil, edeve ser realizado mediante escritura pública.
O pacto é feito antes do matrimônio, por ambos os nubentes, com a intenção de regulamentar as regras financeiras e patrimoniais do casal, bem como a estipulação do regime de bens escolhido, mediante escritura pública, sob pena de nulidade. Pelo pacto antenupcial os nubentes poderão escolher o regime de bens que quiserem, podendo combiná-los entre si, bem como adotar restrições que não afrontam a lei. É importante ressaltar, que o pacto antenupcial só é necessário caso os nubentes optem por fixar regime diverso do legal, ou seja, diverso do regime de comunhão parcial de bens, visto que esse regime já acontece automaticamente, sem precisar da presença do pacto.
Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.
A eficácia do pacto antenupcial fica condicionada à realização do casamento, conforme artigo 1.653, do CC. Caso ele seja realizado por menor de idade, sua eficácia fica condicionada à aprovação de seu representante legal, exceto nas hipóteses em que o regime da separação de bens é obrigatório (art. 1.654, do CC). Ademais, a lei exige a inscrição do pacto no registro de imóveis de domicílio dos cônjuges para que tenha eficácia contra terceiros (art. 1.657, do CC)
Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.
Tipos de Regimes de Bens
REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS (REGIME LEGAL)
Este regime é considerado o regime legal ou supletivo, pois é aplicado automaticamente diante da ausência ou da invalidade de pacto antenupcial (art. 1.640, do CC). Segundo este regime, são excluídos da comunhão os bens que os cônjuges já possuíam ao casar ou aqueles que venham a adquirir por causa anterior e alheia ao casamento, como por exemplo doações e herança (art. 1.661, do CC). Tais bens serão considerados patrimonio particular de cada um. Por outro lado, comunicam-se os bens adquiridos na constância do casamento, em regra, a título oneroso. Pode-se dizer que o regime de comunhão parcial de bens configura-se como um regime de separação quanto ao passado e de comunhão quanto ao futuro.
O Código Civil prevê uma relação de bens que são comunicáveis e incomunicáveis devido à sua natureza, de acordo com os art. 1.659 e art. 1.660:
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Tais bens do art. 1.659, do CC, constituiem patrimônio particular ou pessoal de cada cônjuge, sendo incomunicáveis ao outro. 
Art. 1.660 - Entram na comunhão:
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
Já os bens do art. 1.660, do CC, integram o patrimônio comum do casal, sendo comunicáveis. Além destes, presumem-se adquiridos da constância do casamento os bens móveis, salvo existência de prova em contrário
O Código Civil também determina que a administração do patrimônio comum compete a qualquer dos cônjuges. As dívidas contraídas no exercício da administração obrigam os bens comuns e particulares do cônjuge que os administra, e os do outro na razão do proveito que houver auferido (art. 1.663).
REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS
A diferença da comunhão total com a parcial é que, na comunhão total os bens particulares dos cônjuges anteriores ao casamento também se comunicam, e não apenas os adquiridos durante o matrimônio. Portanto, todos os bens e dívidas, anteriores e posteriores ao casamento, se comunicam, fazendo parte do patrimônio comum dos cônjuges.
Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte.
São excluídos da comunhão os bens elencados no art. 1.668, do CC, quais sejam:
1. os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
2. os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
3. as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
4. as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
5. os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
6. os proventos dotrabalho pessoal de cada cônjuge;
7. as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Entretanto, tal incomunicabilidade não se estente aos frutos dos bens excluídos, que forem percebidos na constância do casamento. Tais frutos pertencem ao patrimônio comum do casal (art. 1.669, do CC)
REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS
O regime de participação final nos aquestos é uma mistura entre a separação total de bens e comunhão parcial, visto que durante o matrimônio o regime vigente é o de separação total de bens, visto que cada cônjuge permanece com o próprio patrimônio. Contudo com a dissolução da sociedade conjugal, aplicam-se as regras da comunhão parcial, pois cada cônjuge terá direito à metade dos bens adquiridos onerosamente pelo casal, na constância da união.
Art. 1.672 - No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
Durante a constância do casamento, cada cônjuge administra exclusivamente os bens que compõem o seu patrimônio pessoal (art. 1.673, do CC).
Art. 1.673 - Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento.
Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem móveis.
As dívidas contraídas por um dos cônjuges não comunicam com os bens do outro, mesmo que adquiridas durante o casamento, salvo se houver prova de que se reverteram em favor do outro (art. 1.677, do CC)
Art. 1.677 – Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos cônjuges, somente este responderá, salvo prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício do outro.
A verificação do montante dos aquestos será feira no momento da dissolução do casamento, na data em que cessou a convivência (art. 1.683, do CC). Nesta etapa, excluem-se da soma os patrimônios próprios de cada cônjuge, computa-se o valor das doações feitas po um dos cônjuges, sem a necessária autorização do outro (art. 1.675, do CC) e somam-se os valor dos bens alienados em detrimento da meação (art. 1.676, do CC).  
Art. 1.674 - Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dos aqüestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios:
I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram;
II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade;
III - as dívidas relativas a esses bens.
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os bens móveis.
Art. 1.675. Ao determinar-se o montante dos aqüestos, computar-se-á o valor das doações feitas por um dos cônjuges, sem a necessária autorização do outro; nesse caso, o bem poderá ser reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por seus herdeiros, ou declarado no monte partilhável, por valor equivalente ao da época da dissolução.
Art. 1.676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em detrimento da meação, se não houver preferência do cônjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar.
REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS
É o regime mais simples do Código Civil e está exposto em apenas dois artigos. Nele os cônjuges mantém seus bens incomunicáveis antes, durante e depois do casamento. Não há comunicação entre os patrimônios dos cônjuges, mantendo cada um a pela propriedade, a administração exclusiva e a fruição dos bens, que podem ser livremente alienados ou gravados de ônus reais: 
Art. 1.687 - Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.
As despesas em comum do casal serão divididas entre os cônjuges, proporcionalmente aos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário prevista no pacto antenupcial. 
Art. 1.688 - Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.
O passivo dos cônjuges também é separado, não se comunicando os débitos anteriores ou posteriores ao casamento, pelos quais responde o cônjuge que os contraiu, isoladamente.
O regime da separação de bens pode decorrer de convenção das partes manifestada em pacto antenupcial, lavrado por escritura pública, ou também, pode ser legal, quando decorre de imposição da lei, conforme as hipóteses do art. 1.641, do CC:
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
Quando o regime da separação de bens for convencional, ou seja, decorrente de escolha dos cônjuges, a separação pode ser absoluta ou relativa. Será absoluta quando atingir todos os bens e frutos, anteriores e posteriores ao casamento. E será relativa quando se limitar à parte dos bens dos cônjuges. O STF já firmou jurisprudência - à luz do Código Civil de 1916 -, admitindo a comunicabilidade dos bens adquiridos na constância do casamento, que sejam frutos do esforço comum do casal, mesmo quando regime é o de separação de bens, sob pena de enriquecimento sem causa (Súmula 377). Entretanto, com o Código de 2002, tal questão permanece controversa, embora o STJ tenha recepcionado a Súmula 377. 
PARENTESCO E FILIAÇÃO
Parentesco
Para Pontes de Miranda, parentesco é a relação que vincula entre si pessoas que descendem umas das outras, ou de autor comum (consanguinidade), que aproxima cada um dos cônjuges aos parentes do outro (afinidade), ou que se estabelece, por fictio iuris, entre o adotado e o adotante. Dessa forma, entende-se por parentesco o conjunto de relações entre pessoas vinculadas entre si por consanguinidade, afinidade, adoção ou outras origens relevantes para o Direito. 
O parentesco natural é definido por lei no art. 1.593 do Código Civil:
Art.1.593 - O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem.
O Código Civil de 1916 não reconhecia como parentesco os filhos adotivos, advindos de inseminação artificial, paternidade socioafetiva, o que foi revogado, e que agora é reconhecido como parentesco civil de acordo com a Constituição Federal de 1988 no art. 227 §6º:
Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Também se reconhece parentesco civil os filhos advindos de inseminação artificial, de acordo com o art. 1.597 do Código Civil:
Art. 1.597 - Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
O parentesco civil advindo de “outras origens” que não as naturais dá abertura para que seja reconhecida a paternidade desbiologizada ou socioafetiva, em que, embora não existam elos de sangue, há laços de afetividade que a sociedade reconhece como mais importantes que o vínculo consanguíneo.
Há também o parentesco por afinidade nas relações originadas por casamento ou união estável. Afinidade é o vínculo que um dos cônjuges estabelece com os parentes do outro e se limita aos ascendentes, descendentes e irmãos. O parentesco por afinidadeem linha reta não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável (art. 1.595, do CC). 
O vínculo de parentesco: linhas e graus
PARENTESCO EM LINHA RETA
São denominados parentes em linha reta aqueles que são descendentes e ascendentes, sem limitação de grau. Isso está previsto no Código Civil no art. 1.591:
Art. 1.591 - São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes.
Na linha reta ascendente estão os antepassados da pessoa: pais, avós, bisavós etc. 
Na linha reta descendente estão as gerações futuras da pessoa: filhos, netos, bisnetos etc. 
 As linhas retas de ascendência e descendência são importantes quando se trata de herança e de casamento.
Também existem normas em relação às responsabilidades dos parentes de linha reta, que estão na Constituição Federal e também no Código Civil de 2002. Como por exemplo o art. 229 da CF, o qual prevê a responsabilidade dos pais para com os filhos:
Art. 229 - Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Ou o direito a alimentos que um parente tem em relação ao outro, como está no art. 1.694 do CC:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
Também no direito à sucessão, de acordo com os art. 1.829 e art. 1845 do CC:
Art.1.829 - A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso Extraordinário nº 646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694)
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
Art. 1.845 - São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
PARENTESCO NA LINHA COLATERAL
São parentes em linha colateral, transversal ou oblíqua as pessoas que provêm de um tronco comum, “sem descenderem uma da outra”. É o caso de irmãos, tios, sobrinhos e primos, que podem ir até o quarto grau, como afirma o art. 1.592:
Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
Assim como na linha reta, os graus de parentesco contam-se pelo número de gerações. Entretanto, na linha colateral, contam-se os graus subindo de um dos parentes até o ascendente ou tronco comum e descendo pela outra linha até encontrar o outro parente (art. 1.594, do CC)
Os efeitos do parentesco na linha colateral são os dos art. 1.521, art.1.697, art. 1.839, art. 1.840 todos do Código Civil:
Art. 1.521 - Não podem casar:
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive
Art. 1.697 - Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
Art. 1.839 - Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.
Art. 1.840 - Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos.
O parentesco mais próximo na linha colateral é o de segundo grau, existente entre irmãos. Não há parentesco em primeiro grau na linha colateral, porque quando contamos uma geração ainda estamos na linha reta.
Filiação
A relação de filiação é a mais importante relação de parentesco. É a que se estabelece entre pais e filhos, ou seja, em linha reta consanguínea entre descendente e ascendente.
A filiação se entende como o reconhecimento por parte dos filhos em relação aos seus pais. No contrário, de acordo com o vocabulário jurídico, é reconhecido como paternidade o ponto de vista do pai e da mãe sobre os filhos. Isso se justifica, por exemplo no art. 226, § 7o da Constituição Federal de 1988:
Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
Igualdade entre os filhos
Com o Código Civil de 2002 deixaram de existir diferenças entre os filhos. O que antes era denominado como filiação ilegítima, ou seja, filhos eram havidos fora do casamento, ou mesmo os que eram adotados, não é mais admitido pelo Código Civil, sendo considerados todos os filhos como legítimos. Não mais se admite discriminação entre filhos de origens distintas. 
Está regulamentada esta situação no Código Civil no art. 1.596:
Art. 1.596 - Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Presunção de paternidade
Baseado no que normal ou comumente acontece, presume o legislador que o filho da mulher casada é de seu marido. Há presunção legal da parternidade nas hipóteses do art. 1.597, do CC:
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
Tal presunção é relativa, ou seja, admite-se prova em contrário, por meio de ação negatória de paternidade.
Ação negatória de paternidade e de maternidade
O Código Civil de 2002 caracterizou a ação de paternidade como de iniciativa privada do marido e de caráter imprescritível, visto que em razão da evolução dos exames hematológicos é possível comprovar a paternidade em qualquer momento da vida. 
Art. 1.601 - Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.
Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na ação.
A prova da impotência do cônjuge para gerar filhos, à época da concepção, ilide a presunção de paternidade (art. 1.599, do CC), mas a prova de adultério da mulher ou a confissão materna não bastam para excluir a paternidade (arts. 1600 e 1602, do CC). 
 A paternidade não será desconstituída caso, diante da inexistência de vínculo biológico, exista vínculo socioafetivo entre os sujeitos . Atualmente, o STF admite a possibilidade até mesmo de multiparentalidade, sendo possível o reconhecimento concomitante de vínculos de paternidade socioafetiva e biológica, com os efeitos jurídicos próprios. 
É possível a proposição de ação de impugnação de paternidade, por parte do filho, para demonstrar erro ou falsidade de registro. 
Com relação à maternidade, sua contestação depende de prova da falsidade do termo de nascimentos ou das declarações nele contidas, como dispõe o art. 1.608 do Código Civil:
Art. 1.608 - Quando a maternidade constar do termo do nascimento do filho, a mãe só poderá contestá-la, provando a falsidadedo termo, ou das declarações nele contidas.
É possível também haver a ação negatória em casos de maternidade. Isso pode acontecer em casos nos quais há erros no registro do bebê ou mesmo na maternidade, como por exemplo em troca de crianças.
Prova da filiação
A prova da filiação é feita por meio da certidão de nascimento expedida pelo Registro Civil (art. 1.603, do CC), cuja veracidade é presumida, salvo prova de erro ou falsidade (art. 1.604, do CC).
Art. 1.603. A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil.
Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro.
Em caso de erro ou falsidade do registro, o art. 1.605, do CC, prevê a possibilidade de provar-se a filiação por qualquer meio de prova admitido no Direito: documental, pericial ou testemunhal. 
Reconhecimento de filhos
A paternidade é reconhecida automaticamente quando o filho é fruto do casamento, portanto não têm, necessariamente, que serem reconhecidos. No entanto, se os pais casados não providenciarem o registro do filho, este tem o direito de entrar com uma ação para o reconhecimento de parentesco, como está previsto noart. 1.606 do Código Civil:
Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz.
Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo.
Porém, quando há algum filho que não foi havido no casamento, é necessário que haja o reconhecimento da paternidade, pois não há o vínculo jurídico entre pai e filho, visto que não houve a presunção legal de paternidade adquirida pelo casamento. Quando o pai não quer reconhecer a paternidade, o filho pode entrar com uma ação de investigação da paternidade para que aconteça o reconhecimento judicial e não somente o biológico, pois somente assim o filho terá os direitos previamente estabelecidos no Código Civil que dizem respeito à filiação.
As maneiras de reconhecer os filhos que não são gerados em casamento estão estabelecidas pelo art. 1.607 do Código Civil:
Art. 1.607 - O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou separadamente.
Se não for dessa maneira, pode acontecer pessoalmente ou por um procurador com poderes especiais.
Como o reconhecimento do filho é um ato personalíssimo, deve ser registrado por ambos os genitores, visto que agrega diversas responsabilidades. Sendo assim, quando o pai vai ao cartório para registrar o filho não há restrição para o lançamento do nome da mãe, visto que se considera a maternidade sempre certa- mater semper certa est, enquanto que a mãe não consegue registrar o nome do pai se o mesmo não estiver presente ou tenha uma procuração que autorize o ato de registro da paternidade.
O reconhecimento do filho pode acontecer de duas maneiras, ou voluntário ou judicial. A primeira forma é também conhecida como perfilhação e a segunda como forçada, visto que é necessária uma ação judicial para que haja de fato o reconhecimento da paternidade.
O reconhecimento do filho, de natureza declaratória, produz efeitos retroativos à data do nascimento, não se admitindo a oposição de condição e termo (art. 1.613, do CC). Caso o filho seja maior, o reconhecimento dependerá de seu consentimento. O filho menor pode impugnar o reconhecimento feito, no prazo de 4 anos, contados da aquisição de capacidade (art. 1.614, do CC). 
RECONHECIMENTO VOLUNTÁRIO
Para que haja o reconhecimento voluntário da paternidade é preciso estar de acordo com o art. 1.609 do CC:
Art. 1.609 - O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito:
I - no registro do nascimento;
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.
Art. 1.610 - O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito em testamento.
Além disso, o reconhecimento é irrevogável, como mostra o art. 1.610 do Código Civil. Em se tratando de herança, o testamento é revogável, porém não poderá sê-lo na parte em que o testador reconheceu o filho havido de relação fora do casamento.
Também não é possível que a mesma pessoa tenha dois registros de nascimentos, constando pais diferentes, mesmo que esse seja adotado. Apenas com a invalidação de um dos registros é que o outro passa a ter validade, para isso é necessária a comprovação de erro ou de falsidade no primeiro registro.
O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho já concebido, mas o filho que haja falecido só poderá ser reconhecido se tiver deixado descendentes. A ressalva é feita para evitar reconhecimentos post mortem por interesse, pois, se o filho não deixou descendente algum, os seus bens irão para o ascendente que o reconheceu.
RECONHECIMENTO JUDICIAL
O reconhecimento judicial dos filhos é feito por meio de ação de investigação de paternidade, que tem natureza declaratória e é imprescritível.
ALIMENTOS
Alimentos
Assista ao nosso curso completo sobre os Alimentos
Alimentos são as prestações de caráter assistencial (e não indenizatório) devidas para satisfazer as necessidades de subsistência e de educação de modo compatível com a condição social da pessoa. Tais prestações são devidas pelos parentes, cônjuges ou companheiros reciprocamente. A obrigação alimentar se baseia no binômio necessidade-possibilidade, entre pessoas vinculadas entre si por relações de parentesco. Tal binômio busca uma proporcionalidade entre as necessidades do alimentado e as possibilidades do alimentante. 
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
A obrigação de prestar alimentos é transmissível aos herdeiros do devedor, divisível - respondendo cada devedor apenas por sua cota-parte, condicional, recíproca e mutável - de acordo com o binômio necessidade-possibilidade. Como dispõe os seguintes artigos:
Art. 1.700 - A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694
Art. 1.698 - Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide
Art. 1.696 - O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
Art. 1.699 - Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO A ALIMENTOS
O direitos a alimentos é:
· personalíssimo;
· incessível;
· impenhorável;
· incompensável;
· imprescritível (não se perde o direito a alimentos, salvo com relação às prestações jurídicas já fixadas, cuja pretensãode cobrança prescreve em 2 anos contados do vencimento - art. 206, § 2º);
· intransacionável (por se tratar de norma de ordem pública);
· atual (no sentido de exigível no presente, e não no passado);
· Irrepetível ou irrestituível e;
· irrenunciável.
Isso de acordo com o art 1.707 do Código Civil:
Art. 1.707 - Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora.
AÇÃO DE ALIMENTOS
A Lei n. 5.478, de 25 de julho de 1968, conhecida como “Lei de Alimentos”, estabelece procedimento especial, concentrado e mais célere para a ação de alimentos, que o instrumento para se reconhecer e fixar o direito a alimentos daquele que a eles faz jus em razão de parentesco ou relação conjugal. 
O sujeito passivo da obrigação de alimentos, em razão da relação conjugal, é o cônjuge ou seu herdeiro, cessando o dever caso o alimentado se case, estabeleça união estável ou se proceda com indignidade (art. 1.708, do CC). Na obrigação de alimentos em razão do parentesco, serão devedores, sucessivamente, o pai e a mãe; os demais ascendentes, na ordem de sua proximidade; os descendentes, na ordem da sucessão; os irmãos (art. 1.696 e 1.697, do CC)
Porém, para pedir quem tiver meio de comprovação de parentesco ou de dever alimentar, como certidão de casamento, prova de união estável ou certidão de nascimento. Caso contrário, é necessário que a pessoa ajuíze uma ação ordinária.
De acordo com o art. 852 do Código Processual Civil:
Art. 852 - É lícito pedir alimentos provisionais:
I - nas ações de desquite e de anulação de casamento, desde que estejam separados os cônjuges;
II - nas ações de alimentos, desde o despacho da petição inicial;
III - nos demais casos expressos em lei.
Parágrafo único. No caso previsto no no I deste artigo, a prestação alimentícia devida ao requerente abrange, além do que necessitar para sustento, habitação e vestuário, as despesas para custear a demanda.
A Lei n. 5.478/68 estabelece formas especiais de cobrança dos alimentos legais, como a possibilidade de desconto em folha de pagamento do devedor em proporção de até 50% dos seus ganhos líquidos, de protesto do pronuciamento judicial e da decretação de prisão civil do deveodr, pelo prazo de 1 a 3 meses, a fim de compeli-lo ao pagamento (arts. 528 e 529, do CPC e Súmula 309, do STJ). 
É possível a fixação liminar de alimentos, os chamamos alimentos provisórios. Dispõe o art. 1.706 do Código Civil que “os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual”.
TUTELA E CURATELA
Tutela
Assista ao curso completo sobre Tutela, Curatela e Tomada de Decisão Apoiada
A tutela é o compromisso dado a uma pessoa que possui capacidade e que é previamente designada por lei com o objetivo de dar assistência à pessoa menor de idade, e também de administrar o patrimônio desse menor. Ela serve para apoiar e assistir o menor na falta do poder familiar.
E, para Álvaro Villaça Azevedo:
“É um instituto jurídico que se caracteriza pela proteção dos menores, cujos pais faleceram ou que estão impedidos de exercer o poder familiar, seja por incapacidade, seja por terem sido dele destituídos ou terem perdido esse poder”.
De acordo com o art. 1.728 do Código Civil:
Art. 1.728 - Os filhos menores são postos em tutela:
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;
II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.
A tutela é apenas uma substituição legal do poder familiar. Ela não é compatível a ele e não pode ser simultânea no caso dos pais que ainda obtêm o poder familiar ou do menor após a adoção, ou ainda, após o reconhecimento de paternidade do filho em uma relação extramatrimonial. Além disso, enquanto o menor se encontrar sob o poder familiar dos pais, o tutor não poderá ser nomeado. Assim que o encargo dos pais for dissolvido, o tutor pode assumir a responsabilidade.
Quando não há uma pessoa específica para assumir o encargo, o Estado se encarrega de zelar pela criação, pela educação e pelos bens do menor. Isso é chamado de múnus público.
Esta questão está regularizada pelos art. 1.736 e art. 1.737 do Código Civil:
Art. 1.736 - Podem escusar-se da tutela:
I - mulheres casadas;
II - maiores de sessenta anos;
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;
IV - os impossibilitados por enfermidade;
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;
VII - militares em serviço.
Art. 1.737 - Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente idôneo, consangüíneo ou afim, em condições de exercê-la.
Só são submetidos à tutela os menores que por ausência ou falecimento de ambos os pais perdem o poder familiar. Quando acontece com apenas um deles, o poder familiar vai, automaticamente, para o outro, não sendo necessário o encargo da tutela. Mesmo que esse pai case-se de novo com outra pessoa, a responsabilidade não cessa.
Espécies de tutela
FORMAS ORDINÁRIAS
1. Testamentária
É regulada pelos art.1.729 e art.1.730 do Código Civil:
Art. 1.729 - O direito de nomear tutor compete aos pais, em conjunto.
Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro documento autêntico.
Art. 1.730 - É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo de sua morte, não tinha o poder familiar.
2. Legítima
Não havendo nomeação de tutor, por testamento ou outro documento autêntico cabe à tutela legítima, que está estabelecida no art. 1.731 do Código Civil:
Art. 1.731 - Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos parentes consangüíneos do menor, por esta ordem:
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;
II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do menor.
3. Dativa
Ocorre quando não está prevista a tutela em testamento e também não existem parentes aptos para assumir a função de tutor.Dessa forma, o menor fica sob a tutela do Estado, que o repassa para uma pessoa idônea que reside em seu mesmo município.Esta tutela tem caráter subsidiário e está regulamentado pelo art.1.732 do Código Civil:
Art. 1.732 - O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio do menor:
I - na falta de tutor testamentário ou legítimo;
II - quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;
III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário.
FORMAS ESPECIAIS
1. Do menor abandonado
O menor fica sob cuidado do Estado e é realocado à uma outra família que voluntária e gratuitamente, se encarregam da sua criação, de acordo com o art. 1.734 do Código Civil:
Art. 1.734.  As crianças e os adolescentes cujos pais forem desconhecidos, falecidos ou que tiverem sido suspensos ou destituídos do poder familiar terão tutores nomeados pelo Juiz ou serão incluídos em programa de colocação familiar, na forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
2. De fato ou irregular
Acontece quando uma pessoa não é nomeada como tutora judicialmente, no entanto exerce o encargo. Suas ações não têm validade, ou seja, não é o verdadeiro tutor apenas um gestor de negócios do menor.
3. Ad hoc, provisória ou especial
Ocorre provisoriamente, sem que haja a destituição dos pais do poder familiar. Visa apenas à prática de um ato de interesse do menor. É autorizada pelo juiz.
Incapazes de exercer a tutela
· Aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;
· Aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor;
· Os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela;
· Os condenados por crime de furto, roubo,estelionato, falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena;
· As pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores;
· Aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela.
Cabe ao tutor representar o menor até os 16 anos nos atos civis, e após auxiliar e assistir este na tomada de decisão; receber as rendas e pensões, gastar com a subsistência e educação, bem como as de administração, conservação e melhoramentos de seus bens.
Isso remete ao art.1.741 do Código Civil:
Art. 1.741 - Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, administrar os bens do tutelado, em proveito deste, cumprindo seus deveres com zelo e boa-fé.
Cessação da tutela
Para que aconteça a cessão da tutela em relação ao tutelado, é necessário que, segundo o art.1.763 do CC:
Art. 1.763 - Cessa a condição de tutelado:
I - com a maioridade ou a emancipação do menor;
II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reconhecimento ou adoção.
E com relação ao tutelado está previsto no art.1.764 do CC:
Art. 1.764 - Cessam as funções do tutor:
I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;
II - ao sobrevir escusa legítima;
III - ao ser removido.
Curatela
A curatela é bem semelhante à tutela, porém tem um grau maior de responsabilidade, visto que a pessoa que recebe a assistência não têm capacidade de fazer por si mesma.
Segundo Clóvis Beviláqua:
“É o encargo público conferido por lei a alguém, para dirigir a pessoa e administrar os bens dos maiores que por si não possam fazê-lo”.
O art.1.744 diz respeito à semelhança entre tutela e curatela:
Art. 1.774 - Aplicam-se à curatela as disposições concernentes à tutela, com as modificações dos artigos seguintes.
Porém, há algumas diferenças entre a curatela e a tutela como, por exemplo, o fato de a curatela se destinar somente aos incapazes maiores. De acordo com o Código Civil, a curatela do nascituro existe, como também a do relativamente incapaz, maior de 16 e menor de 18 anos, que sofra das faculdades mentais, visto que este não é capaz de exercer nenhum ato da vida civil. Enquanto o tutor só assiste o ato do menor, o curador pode participar quando o curatelado apresentar enfermidade ou doença mental, valendo a curatela até mesmo com a maioridade.
As principais características da curatela são de acordo com o Código Civil:
a) fins são assistenciais;
b) caráter eminentemente publicista;
c) ou caráter supletivo da capacidade;
d) é temporária, perdurando somente enquanto a causa da incapacidade se mantiver (cessada a causa, levanta-se a interdição);
e) a sua decretação requer certeza absoluta da incapacidade.
O artigo que regulamenta a curatela é o art.1.767 do Código Civil:
Art. 1.767 - Estão sujeitos a curatela:
I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade; (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental; (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
V - os pródigos.
Quem pode exercer a curatela legítima é o cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, qualquer um dos pais e, na falta destes, o descendente que se mostrar maisapto. Os mais próximos excluem os mais remotos.
Já a curatela dativa é configurada quando faltam as pessoas mencionadas e o juiz escolhe o curador, que deverá ser pessoa idônea, podendo ser estranha à família do interdito exposta no art. 1.775, § 3o do CC:
Art. 1.775 - O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito.
§ 1º Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
§ 3º Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.
Art. 1.775-A - Na nomeação de curador para a pessoa com deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela compartilhada a mais de uma pessoa. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
	Tutela
	Curatela
	destina-se, em regra, à proteção de menores de 18 anos
	destina-se, em regra, à proteção de maiores incapazes
	pode haver nomeação de tutor pelos pais (testamento) ou pelo juiz (legítima e dativa)
	depende sempre de nomeação pelo juiz
	abrange necessariamente poderes em relação à pessoa e ao patrimônio do tutelado
	pode dirigir-se apenas à administração do patrimônio
	o tutor tem poderes amplos, que se aproximam do poder familiar, com limitações
	os poderes do curador restringem-se àqueles definidos pelo juiz
TOMADA DE DECISÃO APOIADA
Introdução
Trazida ao Código Civil pela Lei 13.146 de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), a tomada de decisão apoiada uma nova forma, além da tutela e curatela, de auxiliar pessoas vulneráveis a exercer seus direitos, protegendo, especialmente, as pessoas com deficiência.
Antes de nos atermos aos detalhes deste instituto, é importante compreender algumas outras mudanças realizadas no Código Civil pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência. A principal dela diz respeito a autonomia da pessoa com deficiência, que deixou de ser considerada completamente incapaz. O art. 4º, III, do Código Civil, prevê a incapacidade relativa daqueles que não puderem exprimir sua vontade – por causa transitória ou permanente.
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:  (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)  [...]
 III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
Essa alteração também reflete na aplicação da curatela, que era o instituto utilizado para proteger e auxiliar a pessoa com deficiência a exercer os seus direitos. Agora, a regra é que tal pessoa seja apoiada, e não curatelada; no entanto, se o caso concreto exigir a presença de um curador, ele poderá ser nomeado.
Quem é a pessoa com deficiência
O Estatuto da Pessoa com deficiência, art. 2º, também estabelece quem são as pessoas com deficiência – a quem se refere o instituto da tomada de decisão apoiada – e quais critérios serão utilizados para avalia-las.
Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.  
§ 1o A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará:     
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades; e
IV - a restrição de participação.
§ 2o O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência.
Tomada de Decisão Apoiada
CONCEITO LEGAL
O art. 1.783-A do Código Civil é que regula a tomada de decisão apoiada.
Art. 1.783-A.  A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para

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