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Aula 4 - Jurisdição - a função jurisdicional e os conceitos básicos dos Juizados Especiais

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Funções do Poder Estatal
Podemos distinguir as manifestações do poder estatal apresentando suas funções e características.
Jurisdição
- Atuação do direito objetivo na composição dos conflitos de interesses, tornandoos juridicamente irrelevantes;
- Ato emanado, em regra, do Poder Judiciário;
- Revestese de particularização;
- Atividade exercida mediante provocação;
- Imparcial;
- Com o advento da coisa julgada, tornase imutável.
Jurisdição
- Atuação do direito objetivo na composição dos conflitos de interesses, tornandoos juridicamente irrelevantes;
- Ato emanado, em regra, do Poder Judiciário;
- Revestese de particularização;
- Atividade exercida mediante provocação;
- Imparcial;
- Com o advento da coisa julgada, tornase imutável.
Função Legislativa
- Objetiva criar leis, normas abstratas que possuem comando genérico;
- Ato emanado, em regra, do Poder Legislativo;
- Revestese de generalização; atividade exercida sem provocação; imparcial; é passível de revogação, mediante a realização de outro ato incompatível com o primeiro, ou de ser considerado nulo, mediante controle de constitucionalidade.
EM REGRA - Também aqui se observa o critério da preponderância. Desse modo, uma pequena parcela da função legislativa é exercida pelo Poder Executivo (CF/88, arts. 62, 68 e 84, VI) e pelo Poder Judiciário (CF/88, arts. 96, I, a, 125, §§ 1º e 3º – este último parágrafo alterado pela EC n. 45/2004). Devese, ainda, atentar para a atividade desenvolvida pelo STF, ao editar súmulas vinculantes, com fundamento na CF/88, art. 103A.
REVOGAÇÃO - Cf. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: “Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”.
Função Administrativa
- É a função de promover o bem comum, em conformidade à lei (executar os comandos estatais);
- Ato emanado, em regra, do Poder Executivo;
- Revestese de autoexecutoriedade;
- Atividade exercida sem provocação;
- O ato administrativo é passível de revogação ou anulação.
Jurisdição em latim, significa “ação de dizer o direito”, resulta da soberania do Estado e, junto com as funções administrativa e legislativa, compõe as funções estatais típicas.
Além dessas funções típicas, há também as funções atípicas, as quais servem para manter o sistema de freios e contrapesos, buscando garantir a harmonia sem violar a independência.
Assim, o Executivo indica os Ministros do STF, após sabatina pelo Legislativo. O Judiciário pode cassar o mandato do Chefe do Poder Executivo e deve julgar conforme as leis e a Constituição, que não foram por ele elaboradas. Por outro lado, pode declarar uma lei inconstitucional.
Tais exemplos não são considerados usurpações de competência, justamente pelo fato de serem estipulados constitucionalmente.
O Judiciário manifesta função atípica legislativa, pois cabe a ele a iniciativa das leis que regem a atividade judiciária. Podemos dar como exemplo leis que disciplinam a estrutura de varas especializadas, como a Vara da Violência Doméstica ou a Vara do Idoso.
Conceito de Jurisdição
Segundo Giuseppe Chiovenda (2000, p. 59-60), jurisdição é a função estatal que tem por finalidade a atuação da vontade concreta da lei, substituindo a atividade do particular pela intervenção do Estado.
Esse entendimento segue a doutrina positivista e reduz drasticamente os poderes do juiz, pois a vontade do povo é expressada pela lei, a qual é o produto da atividade do legislador. Através do seu exercício, declaramse direitos preexistentes (Teoria Declaratória ou Dualista do ordenamento).
Por outro lado, Francesco Carnelutti (1999) afirma que a jurisdição é a função do Estado que busca a justa composição da lide. Sendo, esta última, o conflito de interesses qualificado pela pretensão de uma das partes (caracterizada pela exigência de subordinação do interesse alheio ao interesse próprio), bem como pela resistência da outra (Teoria Constitutiva ou Unitarista).
Só haveria processo e jurisdição se houvesse lide. Como ninguém teria qualquer direito até que o Judiciário (e não o Legislativo) o conferisse, a jurisdição teria o intuito de resolver o litígio.
Características da Jurisdição
As principais características da jurisdição ou, em outras palavras, aquelas capazes de distingui-la das demais funções estatais e que, em regra, estão presentes em todas as suas manifestações, são: a inércia, a substitutividade e a natureza declaratória.
· Inércia
O juiz, via de regra, não age de ofício, necessita de provocação, manifestada pela pretensão de uma das partes, em consonância ao disposto no princípio da inércia ou demanda, esposado nos arts. 2º e 262 do CPC/1973 e nos arts. 2º e 141 do CPC/2015.
A inércia dos órgãos jurisdicionais relacionase a sua própria natureza de órgão voltado ao fim último da pacificação social, porquanto o exercício espontâneo da atividade acabaria fomentando conflitos e divergências onde não existiam. Por outro lado, a iniciativa estatal acabaria gerando um envolvimento psicológico indesejado do juiz, afetando sua imparcialidade.
Tal princípio traz como decorrência a norma da adstrição da sentença ao pedido ou da congruência entre sentença e demanda, que impede que o magistrado julgue fora dos limites do que é pedido. Dessa forma, é vedado em nosso ordenamento, por força do art. 128 do CPC/1973 e do art. 141 do CPC/2015, proferir decisões extra, ultra e citra petita, isto é, de forma diversa, além ou aquém do que for pleiteado.
· Substitutividade
Ao vedar a autotutela — permitida apenas excepcionalmente, como no caso do desforço possessório (art. 1.210, § 1º, do CC) —, o Estado chamou a si o dever de prestar jurisdição, substituindose a atividade inicial das partes, aplicando o direito objetivo ao caso concreto. Ou seja, decidindo o conflito, mas não necessariamente resolvendo-o. Segundo nosso juízo, esta seria a característica preponderante da jurisdição.
No mesmo sentido, ressalta Ernane Fidélis a posição de destaque da substitutividade:
Esta atribuição do Estado, que é uma de suas específicas funções, chamase ‘jurisdição’ e tem caráter eminentemente substitutivo. Substitutivo, porque o Estado, através de um órgão julgador, faz a composição que as pessoas deveriam fazer, pacífica ou forçadamente. A composição pacífica o Estado permite e até aconselha, mas a forçada ele veda aos particulares. Daí sua interferência, em substituição ao que ele mesmo proíbe (SANTOS, 1998, p. 7).
Definitividade
Também conhecida como indiscutibilidade ou imutabilidade. A decisão jurisdicional põe fim à controvérsia e impede que seja, no futuro, novamente suscitada ou trazida a exame.
A partir do momento em que não há a interposição de recurso contra a decisão do juiz, ou mesmo quando são esgotados todos os meios recursais disponibilizados no Código (art. 496 do CPC/1973 e art. 991 do CPC/2015), aquela decisão adquire a qualidade de coisa julgada, que a torna imutável. Tal condição é necessária para garantir a segurança das relações jurídicas e dar tranquilidade às partes acerca do resultado final daquela disputa.
Princípios da Jurisdição
A jurisdição se caracteriza, ainda, pelos seguintes princípios:
· INVESTIDURA - O juiz precisa estar investido na função jurisdicional para exercer a jurisdição, ou seja, ele precisa ter sido aprovado em um concurso de provas e títulos.
· TERRITORIALIDADE – O juiz só pode exercer a jurisdição dentro de um limite territorial fixado na lei.
· INDECLINABILIDADE – O juiz não se pode furtar a julgar a causa que lhe é apresentada pelas partes.
· INDELEGABILIDADE - exercício da função jurisdicional não pode ser delegado.
· INAFASTABILIDADE - Não há matéria que possa ser excluída da apreciação do Judiciário, salvo raríssimas exceções previstas pela própria Constituição.
· JUIZ NATURAL - exigência da imparcialidade e da independência dos magistrados.
· Elementos: 
· COGNITIO (NOTIO) - É o poder de queo Estado dispõe para conhecer os processos
· VOCATIO - Poder que o Estado possui para convocar ao processo todas as pessoas e objetos que possam esclarecer os fatos em discussão.
· COERTIO - Poder de determinar medidas coercitivas no curso do processo para reprimir eventuais ofensas feitas contra o magistrado.
· JUDITIO - Poder de que o Estado-juiz dispõe de proferir o direito no caso concreto. É o ato do juiz que resolve uma questão suscitada no processo.
· EXECUTIO - Poder de que o Estado-juiz dispõe para determinar o cumprimento obrigatório e coativo das decisões proferidas.
Espécies de Jurisdição
A rigor, não haveria espécies de jurisdição, eis que esta, como manifestação da soberania estatal, é una e indivisível. Contudo, utilizase tal classificação para sua melhor compreensão. Dessa forma, temos:
1 - Quanto à pretensão (ou à natureza da norma que será aplicada no exame da pretensão): civil ou penal. Alguns admitem uma subdivisão da civil (lato sensu) em civil (stricto sensu) e trabalhista, comercial e outros. Assim, definese a pretensão civil por exclusão, ou seja, “como aquela que não é penal”.
Ressaltese, no entanto, que a distribuição de processos segundo esse critério atende apenas a uma conveniência de trabalho. Isto porque não se pode isolar completamente uma relação jurídica de outra a ponto de afirmar-se que nunca haverá pontos de contato entre elas como ocorre, por exemplo, na ambivalência da decisão proferida no juízo criminal e na prova emprestada.
2 - Quanto ao grau em que ela é exercida: superior (órgão que conhece a causa em grau de recurso – 2ª instância) e inferior (órgão que possui a competência originária para o julgamento – 1ª instância).
Em regra, corresponderia aos tribunais e juízes. Entretanto, pode acontecer de o tribunal deter competência originária para a causa, como no caso de mandado de segurança impetrado contra ato de Chefe de Poder; de juiz com competência recursal; e de Turma Recursal nos juizados especiais.
A essa classificação relacionase o princípio do duplo grau de jurisdição que, apesar de não garantido constitucionalmente de modo expresso (tratase de decorrência do princípio do devido processo legal), é disciplinado por diversos diplomas legais.
3 - Quanto à submissão ao direito positivo: de direito e de equidade. No Brasil, é adotada a jurisdição de direito, conforme preceitua o art. 127 do CPC/1973 e o art. 140, parágrafo único, do CPC/2015, cabendo algumas exceções somente quando houver expressa autorização legal.
No caso da arbitragem (que, como já visto, não representa expressão da atividade jurisdicional), verificase que, de acordo com o art. 2º da Lei n. 9.307/96, as partes poderão optar livremente por um procedimento baseado no direito ou na equidade.
Tais exceções estão previstas, por exemplo, no art. 1.109 do CPC/1973 – procedimento de jurisdição voluntária – e no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90, art. 6º).
4 - Quanto ao órgão que exerce a jurisdição: comum ou especial. A jurisdição comum pode ser federal ou estadual (ou do Distrito Federal), enquanto a especial pode ser do trabalho, militar ou eleitoral.
5 - Quanto à existência ou não da lide ou quanto à forma: contenciosa ou voluntária. A distinção entre a jurisdição contenciosa e a voluntária, embora sobreviva, perdeu muito de sua importância, especialmente em sistemas processuais, como o nosso, que adotam procedimentos praticamente idênticos em ambas as modalidades de jurisdição.
Também não é relevante a inclusão de processos sem lide em uma ou outra categoria. É mais simples aceitar que migrem desta para aquela conforme exista ou não efetiva contenciosidade entre dois sujeitos em posições subjetivas antagônicas. Por isso, a jurisdição contenciosa é exercida em face de um litígio, quando há controvérsia entre as partes.
Já a voluntária é exercida quando o Estadojuiz limitase a homologar a vontade dos interessados, não havendo interesses litigiosos. Entretanto, a aceitação da jurisdição voluntária é uma das questões mais controvertidas na doutrina, suscitando diversas polêmicas. A respeito, cumpre salientar o posicionamento de duas importantes teorias, a clássica ou administrativista e a revisionista, como veremos a seguir.
Jurisdição voluntária
A doutrina nacional majoritária afirma que a jurisdição voluntária não constituiria típica função jurisdicional, nem ao menos seria voluntária, eis que sua verificação decorreria de exigência legal, com o intuito de conferir validade a determinados negócios jurídicos escolhidos pelo legislador. Nesse sentido, ela é definida como “administração pública de interesses privados”.
A inexistência de voluntariedade na jurisdição voluntária é aceita tanto pela teoria administrativista quanto pela revisionista, em razão de se tratar de atividade necessária. A controvérsia entre tais teorias reside em ser a jurisdição voluntária autêntica atividade jurisdicional ou atividade meramente administrativa.
Dentre os argumentos levantados, destacamse, em linhas gerais:
1 – Que o objeto não é resolução da lide, mas a integração de um negócio jurídico com a participação do magistrado.
2 – Que não haveria atividade substitutiva, mas a intervenção necessária do juiz; Que não haveria partes (com interesses contrapostos), mas interessados;
3 – Ressaltam a inexistência de ação (e também de processo, devendo se falar apenas em procedimento), eis que essa é o direito de provocar a atividade jurisdicional e não a administrativa, bem como de coisa julgada material, uma vez que se poderia rediscutir a decisão proferida sobrevindo novas circunstâncias.
Por outro lado, vem avançando na doutrina a teoria revisionista. Tal teoria tem recebido a adesão de consagrados processualistas, que entendem ser a jurisdição voluntária verdadeiro exercício da função jurisdicional.
São exemplos de jurisdição voluntária a nomeação de tutores e curadores, a homologação de separação judicial, a emancipação e alienação judicial dos bens de menor, a autenticação de livros comerciais, a aprovação dos estatutos das fundações, a retificação dos atos do registro civil etc.
Seus defensores argumentam, em última análise:
 que a litigiosidade não deve ser considerada critério definidor, pois sequer seria essencial à jurisdição contenciosa, mas acidental;
 que o juiz intervém decidindo como um terceiro imparcial, mantendo sua independência quanto aos efeitos produzidos por sua decisão;
 que, além de constituir novos estados jurídicos, também possui função declaratória – típica da função jurisdicional; e, atentam os mais radicais;
 que só seria possível rediscutir a decisão prolatada em nova sede processual valendose de nova causa de pedir – circunstância superveniente – com ação diversa, o que afastaria o argumento da não constituição da coisa julgada.
Ademais, asseveram que essa atividade, como a jurisdição contenciosa, visa à pacificação social mediante a eliminação de situações incertas ou conflituosas, tendo sido este o entendimento adotado pelo CPC.
Atenção
Compartilha dessa doutrina Leonardo Greco (2003, p. 18-19):
A função jurisdicional não se resume a solucionar litígios reais ou potenciais. Serve também para tutelar interesses dos particulares, ainda que não haja litígio (...) desde que exercida por órgãos e funcionários revestidos das garantias necessárias a exercer essa tutela com absolutas independência e impessoalidade, exclusivamente no interesse dos seus destinatários.
Assim, o que caracteriza a função jurisdicional é o fato de ser ela exercida com independência e impessoalidade, e, em nosso direito, somente o juiz está amparado por garantias que possibilitem o agir independente e impessoal.
Noções Gerais sobre juizados especiais
Os Juizados Especiais Cíveis, concebidos para a resolução de causas de menor complexidade, visam apresentar ao jurisdicionado uma forma de solução de controvérsias mais rápida, informal e desburocratizada, permitindo que ele consiga buscar, perante o Estado, a solução para o seu conflito de interesses.
A partir de 1984, por meio da Lei n.7.244/84, o Brasil, pela primeira vez, disciplinou em lei própria como se processariam os feitos e qual seria a competência para a apreciação de “pequenas demandas”. Eram os chamados “juizados de pequenas causas”, limitando a matéria de competência funcional às demandas cíveis e facultando a presença de advogado.
Atividade proposta
A partir do que estudamos até aqui, vamos fazer uma atividade?
Arnaldo pretende promover ação visando a condenação do réu a lhe pagar o valor de R$ 10.000,00 (Dez mil reais) e contrata um advogado que adota o procedimento comum. Ao despachar a inicial, o juiz ordena a remessa dos autos a um dos juizados especiais cíveis, tendo em vista o valor da causa.
a) Agiu corretamente o Juiz? Justifique.
Gabarito
Não. A competência em relação ao valor da causa, quando não se extrapola o valor máximo dos juizados especiais cíveis, é relativa (CPC, art. 63, caput). Sendo relativa, não poderia ser conhecida de ofício pelo magistrado (súmula 33 do STJ).
b) Há diferença do procedimento dos juizados especiais para o procedimento comum? Justifique.
Sim. No procedimento dos juizados, é acentuado o princípio da oralidade e da concentração dos atos processuais. O réu é citado para comparecer à audiência de conciliação, instrução e julgamento e nela produzir a sua defesa escrita ou oral.
Faz-se presente o princípio da concentração dos atos na audiência, tudo em homenagem a outro princípio, que é o da economia processual (mínimo de atividade jurisdicional com o máximo de resultado na prestação jurisdicional).
O procedimento comum é o único disciplinado de forma completa pelo CPC, por isso tem aplicação subsidiária aos demais e nele se assegura a amplitude de defesa. A cognição é ampla para se alcançar um grau máximo de segurança quanto à entrega da prestação jurisdicional.
Nesta aula, você:
· Analisou a jurisdição, a função jurisdicional e os seus principais desdobramentos;
· Reconheceu as noções gerais do instituto e as funções não jurisdicionais do poder judiciário;
· Examinou os juizados especiais a partir da sistemática da Lei n° 9.099/95.
TESTE DE CONHECIMENTO
		1 - "A" firmou contrato com "B" em janeiro de 2014. Ocorre que após alguns meses, analisando o referido contrato firmado, percebeu que o valor da multa por rescisão contratual era superior a sessenta por cento do valor do próprio contrato. Indignada decide propor ação revisional do referido contrato. Sabe-se que a ação foi distribuída para a 2ª Vara Cível da Comarca de Salvador, local em que foi firmado o contrato. Diante de tal fato assinale a alternativa correta quanto a tutela jurisdicional pleiteada e classificação da jurisdição:
	
	
	
	Tutela jurisdicional cognitiva; jurisdição inferior, especial, cível e graciosa;
	
	
	Tutela jurisdicional de execução; jurisdição especial, contenciosa, inferior e comum.
	
	
	Tutela jurisdicional declaratória; jurisdição cível, inferior, contenciosa e comum;
	
	
	Tutela jurisdicional condenatória; jurisdição inferior, material, contenciosa e cível;
	
	
	Tutela jurisdicional constitutiva; jurisdição contenciosa, inferior, cível e comum;
		2 - Assinale a alternativa incorreta. A sentença arbitral será nula se:
	
	
	
	 for anulável a convenção de arbitragem;
	
	
	 proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, III, da Lei 9.306/96.
	
	
	for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;
	
	
	não decidir todo o litígio submetido à arbitragem;
	
	
	emanou de quem não podia ser árbitro;
	Explicação: 
A sentença arbitral será nula se (art. 32, Lei 9.307/96): I - for nula a convenção de arbitragem (conforme redação dada pela Lei nº 13.129/15); II - emanou de quem não podia ser árbitro; III - não contiver os requisitos do art. 26 da Lei de Arbitragem; IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva; VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, III, da Lei 9.306/96; e VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2°, da Lei de Arbitragem.
		3 - A jurisdição contenciosa civil:
	
	
	
	é exercida por membros do Ministério Público.
	
	
	é atividade substitutiva.
	
	
	Não pressupõe território.
	
	
	é divisível.
	Explicação: 
Características da jurisdição contenciosa:
1- A existência da ameaça ou violação de um ato ilícito é pressuposto fundamental de atuação da jurisdição contenciosa.
2- É marcada pela existência de partes em pólos antagônicos: de um lado o autor, pretendendo obter uma resposta judicial ao conflito de interesses; do outro, o réu, a pessoa que a pretensão da tutela jurisdicional é formulada.
3- Na jurisdição contenciosa, existem partes, processo judicial e sentença traumática, em que favorece a uma das partes, em detrimento da outra, sempre existindo litigiosidade.
4- Ela é substitutiva, no sentido de que substitui a vontade dos litigantes, e a sentença proferida pelo juiz é obrigatória para as partes.
A jurisdição é substitutiva da vontade dos litigantes (independentemente de que sejam eles) porque a decisão a ser proferida pelo Estado-juiz é imperativa a eles, de observância compulsória, obrigatória e, se for o caso, até mesmo forçada.
Reforça também esse entendimento Fredier Didier Jr. (2008, p. 72): ¿Consiste na circunstância de o Estado, ao apreciar o pedido, substituir a vontade das partes, aplicando ao caso concreto a `vontade¿ da norma jurídica. Em verdade, trata-se do verdadeiro critério diferencial dessa função estatal¿.
		4 - O princípio da inércia da jurisdição:
	
	
	
	é absoluto, sem possibilidade de sofrer qualquer forma de mitigação.
	
	
	pode ser mitigado na jurisdição voluntária, mas não na contenciosa.
	
	
	é consequência do princípio constitucional de devido processo legal.
	
	
	é relativo podendo ser mitigado conforme a discricionariedade do juiz.
	
	
	está presente mesmo na instauração de inventário de ofício.
 
		5 - São características ou princípios da Jurisdição:
	
	
	
	Substitutividade e inércia como exceção.
	
	
	Inércia e substitutividade.
	
	
	Inérica e caráter privado.
	
	
	Substitutividade e atuação de ofício como regra.
		6 - Assinale a alternativa que corresponde ao Princípio da Jurisdição que informa que o juiz não se pode furtar a julgar a causa que lhe é apresentada pelas partes. Trata-se da chamada proibição de o juiz proferir o non liquet, ou seja, afirmar a impossibilidade de julgar a causa por inexistir dispositivo legal que regula a matéria.
	
	
	
	Inafastabilidade;
	
	
	Investidura;
	
	
	Territorialidade;
	
	
	Indelegabilidade.
	
	
	Indeclinibilidade;
		7 - Marque a alternativa correta sobre a jurisdição:
	
	
	
	a jurisdicional é um poder delegável. 
	
	
	a função jurisdicional atua diante de casos concretos de conflito de interesses, independente da invocação dos interessados; 
	
	
	o direito de ação é dirigido contra o réu, porque é o direito de obter dele uma decisão sobre determinado pedido; 
	
	
	jurisdição improrrogável significa que não é permitido ao legislador ordinário alterar, reduzir ou ampliar os limites do poder jurisdicional traçados pela Constituição da República; 
		8 - O princípio dispositivo, também denominado de princípio da inércia da jurisdição, significa que: 
	
	
	
	 caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias;
	
	
	 o juiz conhecerá de ofício, a qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, das questões de ordem pública;
	
	
	 nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou interessado a requerer, nos casos e forma legais;
	
	
	 cabe ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial.
	Explicação: 
A jurisdição só pode ser exercida através da provocação do jurisdicionado por ação judicial.2

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