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- -1 CULTURA PARA A INOVAÇÃO NA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL INOVAÇÃO ABERTA E RECURSOS Monica Franchi Carniello - -2 Introdução Olá! Agora estudaremos sobre Inovação aberta e recursos. Aqui, você terá a oportunidade de conhecer e/ou se aprofundar nos assuntos a seguir: Cultura da inovação: tipos de inovação Inovação aberta Gestão da propriedade intelectual Vamos lá? 1 Cultura da inovação: tipos de inovação A cultura da inovação faz parte do ambiente dos negócios contemporâneo. O conceito foi inicialmente identificado e difundido por Joseph Schumpeter ainda no começo do século XX. O autor identifica a destruição criativa como o processo no qual as inovações mais recentes substituem as inovações mais antigas e relaciona este processo como um vetor da economia, uma vez que as empresas, ao tentar copiar a inovação de outra empresa, investem recursos, geram empregos e, consequentemente, fomentam a economia (SCHUMPETER, 1997). Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna, apresenta a inovação como uma forma de geração de valor para as empresas ao permitir que esta apresente um produto, um serviço ou um processo diferenciado (DRUCKER, 1986). A partir destes conceitos iniciais, a inovação, já presente como base da produção capitalista, ganha novas dimensões com a transformação digital iniciada no final do século XX, que modifica radicalmente as estruturas da sociedade e, consequentemente, das organizações produtivas. Com as tecnologias de informação e comunicação (TIC) estruturadas em rede, as empresas passam a enfrentar um novo contexto baseado no grande fluxo de informações, na aceleração dos processos, na flexibilização dos modos de produção, na horizontalização das hierarquias. É nesse ambiente que a cultura da inovação ganha força. O Manual e Oslo, publicado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 1997) valida a presença da inovação como vetor do desenvolvimento econômico e sistematiza o conceito, tipologia e processos de inovação. São quatro os tipos de inovação identificados. Clique recurso a seguir. Inovações de produto Consistem em aperfeiçoamentos importantes em produtos existentes ou na criação de bens e serviços totalmente novos. Inovações de processo Representam mudanças significativas nos métodos de produção e de distribuição. Inovações organizacionais Dizem respeito à implementação de mudanças nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas da empresa. Inovações de marketing Mudanças no de marketing, seja no design do produto, na precificação, na promoção ou sua distribuição.mix Fundamentado nesses tipos de inovação, uma empresa pode realizar mudanças significativas em seus processos de trabalho, seu modelo de produção de maneira a melhorar seu desempenho e resultados. Enquanto o Manual de Oslo apresenta os conceitos e tipologias de inovação, outro documento, o Manual Frascati, também publicado - -3 de Oslo apresenta os conceitos e tipologias de inovação, outro documento, o Manual Frascati, também publicado pela OCDE em 2002, especifica diversas metodologias para avaliar economicamente e fomentar a pesquisa e desenvolvimento, que levam à inovação. Outra categorização de inovação é proposta por Christensen (2001), que identifica a inovação incremental e a inovação disruptiva. A inovação incremental consiste na inclusão de melhorias ou diferenciais sem alterar as características básicas originais do produto, serviço ou processo, ou seja, sem que haja ruptura de paradigmas. Já a inovação disruptiva tende a criar rupturas e criar novos mercados. Christensen (2001) destaca que, geralmente, o processo se inicia com aplicações simples, e, progressivamente, ganha mercado, eliminando ou deslocando concorrentes anteriormente estabelecidos. Trata-se de mudança de paradigma, pois modelos de negócio anteriormente inexistentes são criados. No Brasil, algumas medidas buscam fomentar a cultura da inovação, cuja iniciativa primeira remota ao Decreto 5.798, de 7 de junho de 2006, que regulamenta a Lei 11.196, conhecida como Lei do Bem. Esta define inovação como “a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado” (BRASIL, 2006). Por meio da lei, empresas que investem em inovação recebem incentivos fiscais. Um dos principais mecanismos de financiamento de projetos para inovação, conforme a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI) são as agências de fomento, tais como a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 1.1 Inovação aberta A inovação está presente no âmbito das empresas como forma de competir e gerar diferenciação da concorrência desde a era do capitalismo industrial. No entanto, a partir da transformação digital que reconfigurou o contexto no qual as organizações estão inseridas, bem como a própria estrutura das empresas, a inovação ganha protagonismo e novos contornos. O professor Henry Chesbrough, em 2003 categorizou os tipos de inovação como inovação fechada e inovação aberta. A inovação fechada é baseada na visão de que as inovações são desenvolvidas internamente, desde a geração de ideias ao desenvolvimento e marketing. Na era industrial, o modelo de inovação predominante era a inovação fechada, que ocorre dentro da organização, de forma endógena a partir de recursos da própria organização. Na era informacional, os processos de inovação se intensificam e predomina a inovação aberta segundo Chesbourg (2012). Esta é potencializada em função das estruturas de comunicação em rede. Na inovação aberta recursos e parceiros externos à empresa compõem as equipes e processos de pesquisa e desenvolvimento. As inovações geradas a partir do conceito de inovação aberta podem usar tecnologias de outras organizações, por exemplo, bem como disponibilizar suas inovações. Sob o paradigma da inovação aberta, existe um fluxo importante de conhecimento externo à organização que se transforma em projetos em cooperação com parceiros externos e provoca a compra e incorporação de tecnologias externas. A inovação aberta fundamenta-se no conceito de hélice tripla, proposto por Henry Etzkowitz, que identifica como modelo ideal a articulação entre três atores: indústria, governo e universidade. Atualmente, incorpora-se um quarto elemento a esta relação, a sociedade (pessoas, cidadãos), formando uma hélice quádrupla (AUDY, PIQUÊ, 2016). Os atores institucionais que compõem a rede da inovação aberta são (ANPEI, 2014). Clique no recurso a seguir. • Empresas Organizações que produzem e comercializam produtos e serviços, que geralmente são os atores responsáveis por iniciar os processos de inovação. • Investidores • • - -4 • Investidores Pessoas jurídicas de natureza pública e privada, que oferecem e/ ou captam recursos em várias modalidades para viabilizar os projetos. • Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) Englobam as universidades e institutos de pesquisa, de natureza pública ou privada, dedicadas às atividades de pesquisa científica ou tecnológica. • Governo Responsável pelas políticas públicas, pelo marco regulatório e pela articulação entre os atores do ambiente de inovação. • Entidades e organizações sem fins lucrativos Assumem o papel a representação e articulação de atores internos e externos. Para promover a articulação de atores e a cultura de inovação, alguns municípios ou regiões têm criado Parques Tecnológicos, empreendimentos que consistem em um tipo de aglomeração produtiva que concentra, em um mesmo espaço, empresas de diversos segmentos com uma gestão voltada à inovação. É usual que parques tecnológicos sediem incubadoras de empresas, responsáveis por desenvolver empresas em fase inicial, dentre as quais startups, dando suporte de gestão até torná-las autossuficientespara seguirem no mercado. A Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC) define parque tecnológico como “espaços físicos diferenciados, de uso compartilhado, funcionais e abertos [...] Além da questão física e do design, que induzem um novo comportamento das pessoas, os novos ambientes de inovação envolvem atores comuns [...] (AUDY, PIQUÊ, 2016, p.10). Os parques tecnológicos são instituições que contam com participação do poder público, iniciativa privada e universidades e, por sua atuação tendem a promover o desenvolvimento das regiões onde estão instalados. Apresentam as seguintes características (AUDY, PIQUÊ, 2016, p.10). Clique nos ícones a seguir. Presença de empresas inovadoras de diversos portes. Gestão da propriedade intelectual. Acesso a redes internacionais. Contato com investidores e acesso a capital de risco. Uso compartilhado de laboratórios de pesquisa e desenvolvimento. Relação com universidades e centros de pesquisa. Tecnologias limpas. Espaços de convivência e descompressão. Atualmente, o conceito de ambiente inovador se amplia para ecossistemas de inovação, que expandem os limites geográficos para além dos parques tecnológicos para tornaram-se Ambientes de Inovação, que podem permear áreas urbanas inteiras, integradas a dinâmica das cidades. Um exemplo nacional é o caso do Porto Digital, no Recife, em Pernambuco, projeto que revitalizou uma área urbana do centro antigo da cidade, criando um ambiente inovador (ANPROTEC, 2016). • • • • - -5 1.2 Gestão da propriedade intelectual A propriedade intelectual (PI) é um recurso estratégico amparado legalmente para assegurar a autoria e crédito aos inovadores. ‘Em um ambiente caracterizado pelos processos de inovação aberta, no qual há participação de diversos atores nos processos de inovação, estabelecer as bases de propriedade intelectual dos projetos é fundamental. Trata-se de um campo multidisciplinar, pois envolve aspectos jurídicos, estratégias de gestão, bem como pesquisa científica, tecnológica e produções artísticas, em suma, tudo o que envolve a criação humana. A propriedade intelectual, sob o prisma de sua organização jurídica, é composta por três dimensões. Clique nos a seguir.cards Direito autoral Engloba direito do autor, direitos conexos e programa de computador. Propriedade industrial Diz respeito ao registro de marcas, patentes, desenho industrial, indicação geográfica, segredo industrial e repressão à concorrência desleal. Proteção sui generis Topografia de circuito integrado, cultivar e conhecimento tradicional. Quanto aos direitos autorais, estes são regidos pela Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. A lei distingue os direitos morais, que pertencem ao autor sobre a obra que criou, pessoais, perpétuos e inalienáveis; dos direitos patrimoniais da obra, podem ser atribuídos a outra pessoa e dizem respeito a exploração comercial da obra(SCHULTZ, 2014). São protegidos pela lei dos direitos autorais: textos de obras literárias artísticas ou científicas; conferências, sermões e obras da mesma natureza; composições, tenham letra ou não; obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas; obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo aos da fotografia; pintura, gravura, escultura, desenho, litografia, arte cinética; projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência; adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentados com criação intelectual nova; programas de computador (BRASIL, 1998). Quanto à dimensão da propriedade intelectual, no Brasil, a instituição responsável por gerir os pedidos de registro é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que zela pelo aperfeiçoamento, disseminação e gestão do sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de propriedade intelectual para a indústria. Entre os serviços prestados pelo INPI estão os registros de marcas, desenhos industriais, indicações geográficas, SAIBA MAIS Conheça a empresa Innocentive, que aproxima problemas de empresa de pessoas dispostas a solucioná-los, baseada na promissão da inovação aberta. Cadastre-se como (solucionador) e, quem sabe, você poderá ajudar a solucionar algumSolver dos problemas propostos. OBS: O site é em inglês, pois é trata-se de uma empresa de atuação global. Se necessário, use os recursos existentes dos mecanismos de busca para tradução. - -6 gestão do sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de propriedade intelectual para a indústria. Entre os serviços prestados pelo INPI estão os registros de marcas, desenhos industriais, indicações geográficas, programas de computador e topografias de circuitos, concessões de patentes e averbações de contratos de franquia e modalidades distintas de transferência de tecnologia (INPI, 2019). O foco é voltado prioritariamente para a atividade empresarial, sendo regulamentada pela Lei nº 9.279/96, posteriormente alterada pela Lei nº 10.196, de 14 de fevereiro de 2001. Segundo o INPI, o registro de marca garante o uso exclusivo desta em território nacional, associada a um ramo de atividade. Entende-se por marca o signo distintivo de um produto, empresa ou serviço. Já a patente diz respeito à invenção ou modelo de utilidade que envolve novos processos ou produtos de aplicabilidade industrial. O registro da patente assegura a exclusividade em produzir e vender o resultado da inovação patenteada no país onde foi registrada. Por fim, a dimensão sui generis engloba outras categorias, posto que no ambiente inovador contemporâneo o surgimento de novos formatos e criações intelectuais é uma realidade e demanda proteção jurídica. • Créditos IEL – INSTITUTO EUVALDO LODI DO PARANÁ José Antônio Fares Superintendente Giovana Chimentão Punhagui Gerente Executiva de Educação NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Raphael Hardy Fioravanti Coordenação do NEaD EQUIPE DE ELABORAÇÃO TÉCNICA Alcione Mazur Gestão e Acompanhamento Pedagógico DTCOM Produção midiática Monica Franchi Carniello Conteúdo Cristiano Ribeiro Revisão técnica SAIBA MAIS Navegue pelo site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e veja quais são as formas e procedimentos para registro de marcas e patentes. Experimente fazer uma busca de marcas conhecidas para verificar se elas estão devidamente registradas. • - -7 Fechamento Este módulo abordou a inovação como vetor do desenvolvimento das empresas, destacando os vários tipos de inovação conforme o Manual de Oslo e outros autores. Importante ressaltar que, em função do contexto contemporâneo, predomina atualmente o modelo de inovação aberta, que implica a participação de diversos atores exógenos à empresa. O envolvimento de diversos atores institucionais, aliado a criação de espaços e inovação, forma Ecossistemas de Inovação, que são ambientes favoráveis à inovação e que podem ser articulados à própria dinâmica das cidades onde são inseridos. Um dos formatos de ambientes inovadores que desempenha um papel significativo para o desenvolvimento regional é o modelo de Parques Tecnológicos, que reúne instituições inovadoras que interagem entre si. É importante que as inovações geradas nesses ambientes inovadores e com participação de atores múltiplos sejam protegidas legalmente, por isso foram abordadas as formas de propriedade intelectual vigentes no Brasil. Verifique se na sua região existe algum parque tecnológico instalado e que tipo de atividades são desenvolvidas nesse espaço inovador. Também vale pesquisar parques tecnológicos de outras regiões do país, que podem servir de exemplo e referência para que sejam pensados novos ambientes inovadores no Brasil Referências ANPEI , 2014. Disponível em: <. Mapa do sistema brasileiro de inovação www.anpei.org.br › download › Mapa_SBI_Comite_ANPEI_2014_v2> Acesso em: 12 out. 2019. AUDY, J.; PIQUÊ, J. . Brasília, DF :Dos parques científicos e tecnológicos aos ecossistemas de inovação ANPROTEC,2016 BRASIL. Decreto Nº 5.798, de 7 de junho de 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03 > Acesso em: 12 out. 2019./_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5798.htm BRASIL. Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03 > Acesso em: 12 out. 2019./_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis > Acesso em: 12 out. 2019./l9610.htm CHESBROUGH, H. : como criar e lucrar com a tecnologia. Porto Alegre: Bookman, 2012.Inovação aberta CHRISTENSEN, C. M. . São Paulo: Edna Veiga, Makron Books, 2001.O Dilema da Inovação DRUCKER, P.F. . São Paulo: Pioneira, 1986.Inovação e espírito empreendedor OCDE. diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed., 1997. DisponívelManual de Oslo: em: <https://www.finep.gov.br › images› apoio-e-financiamento › manualoslo> Acesso em: 13 out. 2019. OCDE. Manual de Frascati. Medição de atividades científicas e tecnológicas Tipo de metodologia proposta para levantamentos sobre pesquisa e desenvolvimento experimental. 2002. OCDE; 201 F-INICIATIVAS P+D+I, 2013. Disponível em: <www.ipdeletron.org.br› wwwroot › pdf-publicacoes › Manual_de_Frascati> Acesso em: 13 out. 2019. SCHULTZ, Roberto. : as antigas regras e algumas mudanças ocorridas no direito daO publicitário legal II publicidade no Brasil. Porto Alegre: Revolução ebook, 2014. SCHUMPETER, J. A. uma investigação sobre lucro, capital, crédito,Teoria do desenvolvimento econômico: juros e o ciclo econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1997. http://www.anpei.org.br � download �Mapa_SBI_Comite_ANPEI_2014_v2 http://www.anpei.org.br � download �Mapa_SBI_Comite_ANPEI_2014_v2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5798.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5798.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm https://www.finep.gov.br � images� apoio-e-financiamento � manualoslo> http://www.ipdeletron.org.br� wwwroot � pdf-publicacoes � Manual_de_Frascati Introdução 1 Cultura da inovação: tipos de inovação 1.1 Inovação aberta Empresas Investidores Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) Governo Entidades e organizações sem fins lucrativos 1.2 Gestão da propriedade intelectual Créditos Fechamento Referências
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