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Profª Mestra pela UFSM Claridiane de Camargo Stefanello O planejamento escolar e o projeto pedagógico-curricular * LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2003. O planejamento escolar e o projeto pedagógico-curricular – Cap. VIII * Planejamento escolar Atividade de previsão da ação a ser realizada, implicando definição de necessidades a atender, objetivos a atingir dentro das possibilidades, procedimentos e recursos a serem empregados, tempo de execução e formas de avaliação (p. 149). É uma prática de elaboração conjunta dos planos e sua discussão pública (p. 150). * É um processo contínuo de conhecimento e análise da realidade escolar em suas condições concretas, de busca de alternativas para a solução de problemas e de tomada de decisões, possibilitando a revisão dos planos e projetos, a correção no rumo das ações (p. 150). * Diagnóstico e análise da realidade; Definição de objetivos e metas; Determinação de atividades e tarefas. (p. 150) Funções do planejamento escolar * Que tipo de escola, nós, profissionais dessa escola, queremos? Que objetivos e metas correspondem às necessidades e expectativas dessa comunidade escolar? Que necessidades precisamos atender em termos de formação dos alunos e alunas para autonomia, cidadania e participação? Como faremos para colocar o projeto em permanente avaliação, dentro da prática ação-reflexão-ação? (p. 152) Projeto pedagógico-curricular * Todo o projeto é inconcluso, porque as escolas são instituições marcadas pela interação entre pessoas (...) (p. 152). O projeto não pode ser confundido com organização escolar, ele é um guia para ação (p. 153). A gestão põe em prática o processo organizacional para atender ao projeto, de modo que este é um instrumento da gestão (p. 153). Projeto pedagógico-curricular * O projeto sintetiza: o que temos; o que desejamos; o que faremos em função do que desejamos; como saber se o que estamos fazendo corresponde ao que desejamos (p. 161). * PCNs propõem quatro níveis de concretização: 1) proposição de subsídios para a discussão e elaboração de propostas curriculares nos diferentes estados e municípios; 2) utilização dos PCNs para as propostas das Secretarias de Educação nos Estados e nos Municípios; 3) uso dos PCNs na elaboração do projeto educativo da escola; 4) Realização do currículo na sala de aula (pp. 162-163). Elaboração do projeto pedagógico-curricular * Para isso, os PCNs propõem: - Objetivos gerais do ensino fundamental; - Objetivos gerais de áreas; - Objetivos e conteúdos, organizados em quatro ciclos de escolarização; - Critérios de avaliação das aprendizagens fundamentais, por ciclo; - Orientações didáticas (p. 163). * 1 Contextualização e caracterização da escola 1.1 Aspectos sociais, econômicos, culturais, geográficos; 1.2 Condições físicas e materiais; 1.3 Caracterização dos elementos humanos; 1.4 Breve história da escola (como surgiu, como vem funcionando a administração, a gestão, a participação dos professores, visão que os alunos e pais têm da escola) (p. 164). Sugestão de um roteiro para formulação do projeto pedagógico-curricular: * 2 Concepção de educação e de práticas escolares: 2.1 Concepção de escola e de perfil de formação dos alunos; 2.2 Princípios norteadores da ação pedagógico-didática. 3 Diagnóstico da situação atual: 3.1 Levantamento e identificação de problemas e necessidades a atender; 3.2 Definição de prioridades; 3.3 Estratégias de ação, escolha de soluções (p. 165). * 4 Objetivos gerais 5 Estrutura de organização e gestão: 5.1 Aspectos organizacionais; 5.2 Aspectos administrativos; 5.3 Aspectos financeiros. * 6 Proposta curricular: 6.1 Fundamentos sociológicos, psicológicos, culturais, epistemológicos, pedagógicos; 5.2 Organização curricular (da escola, das séries ou ciclos, plano de ensino d disciplina): objetivos, conteúdos, desenvolvimento metodológico, avaliação da aprendizagem. 7 Proposta de formação continuada de professores. 8 Proposta de trabalho com pais, comunidade e outras escolas de uma mesma área geográfica. 9 Formas de avaliação do projeto. (p. 165) * A proposta curricular – a organização e o desenvolvimento do currículo O currículo constitui o elemento nuclear do projeto pedagógico, é ele que viabiliza o processo de ensino e aprendizagem. O currículo define o que ensinar, o para que ensinar, o como ensinar e as formas de avaliação, em estreita colaboração com a didática; * A maneira pela qual uma sociedade seleciona, classifica, distribui, transmite e avalia os saberes e educacionais destinados ao ensino reflete a distribuição do poder em seu interior e a maneira pela qual se encontra aí assegurado o controle social dos comportamentos individuais. (p. 169) * Currículo formal – refere-se ao currículo estabelecido pelos sistemas de ensino ou instituição educacional. Currículo real – é o currículo que, de fato, acontece na sala de aula em decorrência de um projeto pedagógico e dos planos de ensino. Currículo oculto – essa denominação refere-se àquelas influências que afetam a aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores provenientes da experiência cultural, dos valores e significados trazidos pelas pessoas de seu meio social e vivenciados na própria escola, ou seja, das práticas e experiências compartilhadas na escola e na sala de aula. (pp. 171-172). Níveis de currículo formal, currículo real, currículo oculto * “Em resumo, a construção e a elaboração da proposta curricular implicam compreender que o currículo é mais do que os conteúdos escolares inscritos nas disciplinas. (...) é o conjunto dos vários tipos de aprendizagem (...) valores, comportamentos (...)” (p. 173). * Concepções de organização curricular 1 Currículo tradicional: Organização do conhecimento por disciplinas compartimentalizadas, caráter livresco e verbalista, ensino meramente transmissivo, centrado no professor e na matéria, escola como responsável pelo ajustamento social dos alunos sem preocupação com uma visão crítica da sociedade (p. 174). * 2 Currículo racional tecnológico (tecnicista): Proposto para a transmissão de conteúdos e desenvolvimento de habilidades a serviço do sistema de produção. (p. 175) * 3 Currículo escolanovista (ou progressista) O enfoque escolanovista coincide quase sempre com a ideia de currículo centrado no aluno e no provimento de experiências de aprendizagem como forma de ligar a escola com a vida e adaptar os alunos ao meio. (pp. 175-176). * 4 Currículo construtivista O currículo deve prever atividades que correspondam ao nível de desenvolvimento intelectual dos alunos e organizar situações que estimulem suas capacidades cognitivas e sociais, de modo a possibilitar a construção pessoal dos conhecimentos. (p. 176) * 5 Currículo sociocrítico (ou histórico-social) “Converge na concepção de ensino como compreensão da realidade para transformá-la, visando à construção de novas relações sociais, de modo a eliminar as mazelas sociais existentes como a pobreza, a violência, desemprego, a destruição do meio ambiente, enfim, as desigualdades sociais e econômicas” (p. 178). * 6 Currículo integrado ou globalizado (projetos) São duas as ideias norteadoras desse modelo curricular: buscar a integração de conhecimentos e experiências que facilitem uma compreensão mais reflexiva e crítica da realidade; ressaltar, ao lado dos conteúdos culturais, o domínio dos processos necessário ao acesso aos conhecimentos e, simultaneamente, a compreensão de como se produzem, se elaboram e se transformam esses conhecimentos, ou seja, o aprender. * 7 Currículo como “produção cultural” A sociologia crítica da educação também acentua os fatores sociais e culturais na construção do conhecimento, lidando com temas como cultura, ideologia, currículo oculto, linguagem, poder, multiculturalismo. * Alguns princípios norteadores da proposta curricular 1 – A escolarizaçãobásica obrigatória tem um significado educativo, político e social, implicando o direito de todos, em condições iguais de oportunidades, ao acesso aos bens culturais, ao desenvolvimento das capacidades individuais e sociais, à formação da cidadania, à conquista da dignidade humana e da liberdade intelectual e política (p. 185). * 2 – A escolarização obrigatória requer criteriosa seleção de conteúdos e adoção de adequadas práticas pedagógicas, conforme uma pedagogia diferenciada. 3 – O currículo escolar representa o cruzamento de culturas, constituindo-se num espaço de síntese em que a cultura elaborada se articula com os conhecimentos e experiências concretas dos alunos vividas no seu meio social, com a cultura dos meios de comunicação, da cidade e de suas práticas sociais. (pp. 186-187) * 5 – A organização e desenvolvimento do currículo implica a inserção da educação moral – compreensão e clarificação de valores e atitudes. 6 – As transformações em curso na esfera econômica, cultural e educacional estão requerendo um vínculo mais estreito entre os saberes propiciados pela escola e as capacidades e competências internalizadas pelos alunos que expressam a relação entre conhecimento e ação (p. 189) * 7 – É preciso que as escolas experimentem formas de superação do currículo pluridisciplinar favorecendo a integração interdisciplinar, a partir da especificidade das disciplinas. 8 – A escola voltada para uma sociedade que inclua todos precisa considerar a diversidade cultural e as diferenças, de modo a representar num currículo comum os interesses de todos os alunos. * 9 – A qualidade social do currículo se expressa no provimento das condições pedagógico-didáticas que asseguram melhor qualidade cognitiva e operativa das experiências de aprendizagem. 10 – O currículo escolar deve propiciar no processo educativo a articulação entre as dimensões cognitiva, social e afetiva da aprendizagem. * 11 – É necessário um incessante investimento no desenvolvimento pessoal e profissional dos professores, seja propiciando-se na escola, um clima de trabalho receptivo, seja promovendo ações de formação continuada. 12 – As escolas precisam, também, cultivar os processos democráticos e solidários de trabalho, convivência e tomada de decisões. * O papel dos Parâmetros Curriculares Nacionais Um currículo básico comum representa um benefício para a democratização do acesso e permanência na escola, considerada s a heterogeneidade social e cultural e as disparidades econômicas do país, bem como as condições de aprendizagem das crianças e jovens que se apresentam desiguais conforme cada contexto social (p. 199). *
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