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Responsabilidade_Civil_Geral

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SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
REALIZAÇÃO
ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS
SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA
DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO
ASSESSORIA TÉCNICA
JOÃO MARCOS BRITO MARTINS – 2019/2018/2017
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS – GERÊNCIA DA ESCOLA VIRTUAL
PICTORAMA DESIGN
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola Nacional de Seguros
 E73s Escola Nacional de Seguros. Diretoria de Ensino Técnico.
 Seguros de responsabilidade civil geral / Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de 
 Ensino Técnico; assessoria técnica de João Marcos Brito Martins. – 22. ed. – Rio de Janeiro : ENS, 2019.
 189 p. ; 28 cm
 Formato: E-Book.
 
 1. Seguros de responsabilidade civil geral. I. Martins, João Marcos Brito. 
 II. Título. 
 
 0018-2234 CDU 368.41.016.1(072) 
22ª EDIÇÃO
RIO DE JANEIRO
2019
É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, 
sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola.
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
A 
Escola Nacional de Seguros promove, desde 1971, diversas 
iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um 
mercado de seguros, previdência complementar, capitaliza-
ção e resseguro cada vez mais qualificado.
Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para pro-
fissionais que atuam nessa área, a Escola Nacional de Seguros oferece a 
você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com 
uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória aca-
dêmica.
A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o 
sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a compe-
titividade é cada vez maior.
Seja bem-vindo à Escola Nacional de Seguros.
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
 1. RESPONSABILIDADE CIVIL: 
 ASPECTOS JURÍDICOS 8
INTRODUÇÃO 9
A Obrigação de Indenizar 9
A Posição do Corretor no Contexto Negocial 12
A SUBSCRIÇÃO DO RISCO NOS SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL 13
O Risco Moral 14
O Risco Físico 14
O Risco Jurídico 14
DIFERENÇA ENTRE RESPONSABILIDADE CIVIL E RESPONSABILIDADE PENAL 31
ELEMENTOS ESSENCIAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 32
Ação ou Omissão do Agente 32
Culpa ou Dolo do Agente 35
Nexo de Causalidade entre a Ação/Omissão do Agente e o Dano 36
Dano experimentado pela vítima 40
TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL: 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA E RESPONSABILIDADE SUBJETIVA 41
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL 44
Responsabilidade Contratual 44
Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana 45
 TERCEIROS 45
 PRESCRIÇÃO 46
 JURISPRUDÊNCIA 47
 FIXANDO CONCEITOS 1 55
SUMÁRIO
INTERATIVO
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
 2. CONHECENDO AS CARACTERÍSTICAS 
 E OS PRINCÍPIOS DO SEGURO DE RCG 59
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 60
REEMBOLSO 61
BENEFICIÁRIO 63
TIPOS DE APÓLICES 63
 Apólice à Base de Ocorrência 63
Apólice à Base de Reclamação 64
OBJETO DO SEGURO 68
LIMITES DE ATUAÇÃO DO SEGURO DE RCG 69
Riscos Não Operados 69
Exclusões de Riscos 71
LIMITES DE RESPONSABILIDADE 75
Limite de Responsabilidade por Sinistro 75
Limite Agregado ou Teto 75
REINTEGRAÇÃO DO LIMITE MÁXIMO E INDENIZAÇÃO 77
GARANTIA DE REEMBOLSO 77
FIXANDO CONCEITOS 2 79
 3. DISPOSIÇÕES TARIFÁRIAS GERAIS 82
CONHECENDO AS DISPOSIÇÕES TARIFÁRIAS GERAIS 83
Proposta e Questionário 83
Garantia Única 84
Prazo do Seguro 84
Pluralidade de Coberturas 85
Critérios Adotados para o Cálculo dos Prêmios 85
Franquias 88
FIXANDO CONCEITOS 3 91
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
 4. RESPONSABILIDADE CIVIL 
 MODALIDADES E CONDIÇÕES ESPECIAIS 93
MODALIDADES E CONDIÇÕES ESPECIAIS 94
MODALIDADES DE RCG MAIS UTILIZADAS NO MERCADO BRASILEIRO 96
RC – Estabelecimentos Comerciais e/ou Industriais 96
RC – Empregador 98
RC – Riscos Contingentes – Veículos Terrestres Motorizados 99
RC – Produtos no Território Nacional 100
RC – Produtos no Exterior 104
RC – Condomínios, Proprietários e/ou Locatários de Imóveis 105
RC – Guarda de Veículos de Terceiros 107
RC – Obras Civis e/ou Serviços de Montagem e 
Instalação de Máquinas e/ou Equipamentos 110
RC – Prestação de Serviços em Locais de Terceiros 113
RC – Familiar 115
OUTROS RAMOS DO GRUPO DE RESPONSABILIDADE CIVIL 116
RC – Profissional 116
RC – Profissional de Corretores de Seguro 117
RC – Administradores e Diretores (D&O) 119
 FIXANDO CONCEITOS 4 121
 5. RISCOS AMBIENTAIS 123
INTRODUÇÃO 124
LEGISLAÇÃO 126
Cobertura Adicional de Poluição Súbita 127
Cobertura de Poluição Súbita em RC – Produtos 128
RC – POLUIÇÃO AMBIENTAL 128
Objeto do Seguro 129
Riscos Excluídos 130
Participação do Segurado nos Prejuízos (PSP) 131
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Obrigações do Segurado 131
Liquidação de Sinistros 132
Renovação 132
 FIXANDO CONCEITOS 5 133
 6. SINISTROS 135
NOÇÕES DE REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS 136
Características Básicas do Regulador 137
Documentação Pertinente à Regulação 137
Providências na Regulação 138
Utilização de Checklist 139
Regras para Liquidação de Sinistros 140
FIXANDO CONCEITOS 6 143
ESTUDOS DE CASO 145
 ANEXOS 147
Anexo 1– Exemplo de Seguro de RC - Estabelecimentos Comerciais e/ou Industriais 147
Anexo 2 – Circular SUSEP 437, de 14 de junho de 2012 154
Anexo 3 – Glossário da circular SUSEP 437/12 158
 GABARITO 186
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 189
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 8
UNIDADE 101
 ■ Perceber os riscos jurídicos 
a que estão expostos seus 
futuros clientes;
 ■ Compreender, em 
sentido amplo, como se 
processa a formação de 
responsabilidade;
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de:
 ■ Transformar hipótese em 
caso concreto. INTRODUÇÃO
A SUBSCRIÇÃO DO RISCO 
NOS SEGUROS DE 
RESPONSABILIDADE CIVIL
DIFERENÇA ENTRE 
RESPONSABILIDADE 
CIVIL E RESPONSABILDADE PENAL
ELEMENTOS ESSENCIAIS DA 
RESPONSABILIDADE CIVIL
TEORIAS DA 
RESPONSABILIDADE CIVIL
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL 
E RESPONSABILIDADE 
EXTRACONTRATUAL
TERCEIROS
PRESCRIÇÃO
JURISPRUDÊNCIA
FIXANDO CONCEITOS 1
TÓPICOS 
DESTA UNIDADE
RESPONSABILIDADE 
CIVIL: 
ASPECTOS JURÍDICOS
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 9
UNIDADE 1
 INTRODUÇÃO 
A Circular SUSEP 437, de 14 de junho de 2012, transcrita neste Manual, 
estabelece as regras básicas para a comercialização do Seguro de Res-
ponsabilidade Civil Geral e disponibiliza, no endereço eletrônico da Supe-
rintendência de Seguros Privados – SUSEP (www.SUSEP.gov.br), as condi-
ções contratuais do Plano Padronizado deste seguro.
A circular não determina normas de precificação às seguradoras; daí não 
conter disposições tarifárias tendentes à efetivação do cálculo do prêmio, 
como deve ser, ficando por conta da seguradora tal prerrogativa.
Este manual não está configurado, completamente, com o Plano Padroni-
zado, em razão de as seguradoras não estarem obrigadas a adotá-lo. Não 
obstante, o estudo das modalidades e assuntos tratados é suficiente para 
que os alunos possam compreender os pressupostos e nuanças do seguro 
de Responsabilidade Civil Geral (RCG), de tal modo que estejam capacita-
dos a operar com qualquer tipo de plano, ou, dizendo de outra forma, os 
contratos novos de Planos Padronizados e os contratos novos de Planos 
não Padronizados.
 — A Obrigação de Indenizar 
Vamos entrar num mundo fascinante. Diz respeito ao modo como as pes-
soas devem tratar umas às outras de forma que, em convivência pacífica, 
possam evitar danos a si mesmas. Mas como isso é possível? Na socieda-
de moderna onde as grandes cidades estão apinhadas de gente e quase 
não há lugar para todos, fica difícil, digamos assim, viver sem estar sujeito 
a causar problemas a outras pessoas, ainda que sem intenção. 
http://www.susep.gov.br
10
UNIDADE 1
SEGUROS DERESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Trens, ônibus, metrôs estão quase sempre lotados. Essa realidade, na 
maioria do tempo, torna as pessoas cada vez mais impacientes e com 
a sensibilidade à flor da pele. Realmente, não é tarefa das mais simples, 
sobretudo porque sabemos ser responsabilidade do poder público traçar 
políticas públicas com objetivo de solucionar, ou ainda, tentar evitar as con-
sequências decorrentes dos problemas surgidos nas interações humanas. 
Nem sempre os governos, no entanto, estão suficientemente preparados 
para agir a contento de demandas como essa.
Nesse contexto, temos de concordar com os especialistas quando dizem 
que vivemos numa sociedade de risco. Parece, salvo melhor juízo, que o 
avanço tecnológico, decorrência direta da aceleração do conhecimento 
científico, não tem sido capaz de trazer alguma vantagem no sentido do 
quadro que expusemos. As normas de convivência traçadas pela socieda-
de não têm acompanhado os riscos decorrentes da modernidade. 
Carros velozes, produtos perigosos, prédios inseguros, indústrias com 
controle de qualidade que deixa a desejar, serviços nem sempre presta-
dos com a segurança requerida, crianças criadas com poucos limites, são 
aspectos, enfim, cujo entrelaçamento é capaz de constituir-se em poten-
cial de dano à coletividade.
Muito bem, surgidos os problemas, sobretudo aqueles de natureza econô-
mica, vem à mente uma questão. Quem responderá por eles? Mais objeti-
vamente, quem pagará por eles? Em termos gerais, nas catástrofes o poder 
público é chamado a intervir. Já no âmbito das pessoas, sejam naturais ou 
jurídicas, cada um deve responder pelos prejuízos a que derem causa. 
E aí reside o problema. Cada vez mais os acidentes acontecem com gran-
de potencial de dano. Os cidadãos e as empresas nem sempre estão pre-
parados para, em âmbito particular, suportar condenações judiciais decor-
rentes de atos danosos por ele praticados. A solução é contratar, portanto, 
um seguro de responsabilidade civil, quando o potencial de causar danos 
a terceiros, de cada um, terá, por conta de uma seguradora, a reparação 
devida. 
O cidadão, a indústria, a loja, o produto vendido, o filho menor do chefe de 
família, o shopping center, o restaurante, enfim, todos eles, e cada um de 
per si, podem não ter recursos financeiros para indenizar eventuais prejuí-
zos por eles causados, mas, certamente, terão como pagar o prêmio de 
seguro requerido para esse fim. É disso que vamos tratar: responsabilidade.
11
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Ilustrando na Prática — Casos Reais 
Desastre de Bhopal
Considerado por muitos como o pior acidente industrial de todos os 
tempos, o Desastre de Bhopal recebeu esse nome, justamente por ter 
acontecido na cidade de Bhopal, na Índia. Na madrugada do dia 3 de 
dezembro de 1984, cerca de 40 toneladas de gases tóxicos vazaram 
da unidade da Union Carbide, uma fábrica de pesticidas de origem nor-
te-americana. Estima-se que mais de 500 mil pessoas foram expostas 
ao isocianato de metila, um composto altamente danoso para o corpo 
humano.
Os efeitos foram imediatos: muitos moradores das redondezas saíram 
de suas casas com náuseas, outros expeliram sangue e muitos foram 
vítimas de sérios problemas de visão. Ao menos 3 mil pessoas morre-
ram. Sabe qual é a pior parte? Ainda existe em grande quantidade de 
lixo tóxico nos arredores da fábrica abandonada, e a população de Bho-
pal ainda luta para tentar conseguir alguma indenização.
Explosão da Plataforma P-36
Considerada a maior plataforma petrolífera do mundo, a P-36 era ope-
rada pela Petrobras na Bacia de Campos, a 130km da costa do Rio de 
Janeiro. No dia 15 de março de 2001, duas explosões nas colunas de sus-
tentação provocaram a morte de 11 integrantes da equipe de emergên-
cia que estava a bordo, além de fazer com que a estrutura tombasse 16 
graus. Em poucas horas, a plataforma já estava inteiramente submersa.
Felizmente, o restante da tripulação conseguiu ser salva – um total 
de 164 trabalhadores. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo 
(ANP), a causa do incidente foi a “não-conformidade quanto a procedi-
mentos operacionais, de manutenção e de projeto”.
Desastre de Minamata
Embora seja comumente empregado em termômetros e outros produ-
tos que utilizamos no dia a dia, o mercúrio é uma substância bastan-
te perigosa – e o Desastre de Minamata traduz-se em exemplo para 
demonstrar esse nível de periculosidade .
Tudo começou em 1965, quando vários habitantes da pequena cidade 
de Minamata, no Japão, deram entrada em hospitais com exatamente 
os mesmos sintomas: convulsões gravíssimas, surtos de psicose, per-
da de consciência e febre altíssima. Todos morreram. As investigações 
apontaram que as vítimas apresentavam característica pitoresca em 
comum: todos consumiram quantidade considerável de peixes retira-
dos da baía de Minamata.
12
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Após mais investigações, foi constatado que uma fábrica local utili-
zava compostos de mercúrio na produção de PVC e os lançava dire-
tamente na baía da cidade afetada, contaminando peixes, moluscos 
e aves naquele ecossistema. Hoje, estima-se que as vítimas fatais do 
incidente chegue a aproximadamente 900 pessoas. Se contabilizás-
semos os moradores que ficaram com sequelas graves, no entanto, 
esse número certamente seria muito maior.
 — A Posição do Corretor 
no Contexto Negocial 
Quando um futuro segurado recebe o contato de um corretor, objetivando 
o oferecimento de um seguro de RCG, surgem dúvidas e racionalizações 
tais como: “bobagem, eu sou muito cuidadoso, nunca vou causar dano a 
ninguém; mas vou ver o que ele tem a me dizer”. É natural que seja assim, 
devido à forma como as pessoas pensam sobre si mesmas. 
O corretor precisa saber, então, que será mais difícil do que vender um 
seguro de automóvel, incêndio etc. Por quê? Pois, no entender do poten-
cial cliente, não há percepção de urgência que justifique essa aquisição. É, 
segundo ele, se agir de forma cuidadosa, uma despesa que ele pode pres-
cindir. Afinal, trata-se de um seguro de responsabilidade. Por conseguinte, 
o corretor deverá munir-se de argumentos persuasivos a fim de convencer 
o cliente. 
Existe a possibilidade de o corretor assustar o futuro segurado com possi-
bilidades a beirar o catastrofismo ao propor hipóteses como condenação 
em juízo, perda de patrimônio por ter que indenizar terceiros etc. Deve-se 
evitar, a todo custo, agir dessa forma. A mensagem deve ser, a princípio, 
subliminar. Permita que o cliente o questione e, aos poucos, apresen-
te a ele os problemas que poderão ser evitados com a contratação de 
um seguro. Faça isso, no entanto, sempre fundamentado nas dúvidas e/
ou interrogações suscitadas por ele. Em suma, complemente o raciocínio 
dele. Suas chances de fechar o negócio, ao agir assim, aumentarão consi-
deravelmente.
Lembre-se de que o futuro segurado espera ser atendido por um especia-
lista. Na percepção dele, você, corretor, sabe tudo sobre o seguro e ainda 
acerca dos fatos da realidade que podem ocorrer em razão do funciona-
mento dos negócios dele. Em resumo, estar preparado é fundamental. 
Reflexão
O que há em comum nesses 
eventos? Descaso? Falta de 
cuidado? Gerenciamento de risco 
ineficaz? Falta de fiscalização? 
Imprevisibilidade? Inevitabilidade? 
Caso fortuito? Pense a respeito.
13
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
PREPARANDO A VISITA: 
Estude sobre a abrangência e especificidades do negócio onde o cliente atua. Pesquise 
na Internet os eventos danosos que atingiram riscos similares. Pesquise condenações, 
perda de clientela em razão de sinistro, pessoas envolvidas, a forma em que o acidente 
ocorreu, sobretudo se tiver sido de maneira inusitada. Enfim, perfaça-se munido de infor-
mações completas sobre o risco segurado: o negócio do cliente.
 A SUBSCRIÇÃO DO 
 RISCO NOS SEGUROS DE 
 RESPONSABILIDADECIVIL 
Há três dimensões, entre outras, dependendo do risco, que devem ser 
consideradas: o risco moral, o risco físico e o risco jurídico. Tais dimen-
sões, em conjunto, fornecerão ao subscritor as variáveis e seus respectivos 
pesos, determinantes à aceitação, ou não, do risco. 
O corretor não precisa ser um especialista em subscrição, até porque cada 
seguradora tem normas específicas para cada risco. Ele precisa entender, 
contudo, de aspectos gerais pertinentes ao tema, de tal maneira que pos-
sa pensar como o segurador. É nessa direção que vamos analisar alguns 
aspectos centrais, os quais podem nos revelar, com clareza, as chances de 
o contrato ser aceito pelo segurador.
QUESTIONAMENTO: 
Por que o corretor não precisa ser um especialista em subscrição? Respondemos: porque 
para ser especialista em subscrição ele teria que ter conhecimentos atuariais, ser um 
técnico de seguros na plena acepção da palavra. Não há necessidade disso. É muito difí-
cil, numa só pessoa, ser técnico e vendedor ao mesmo tempo. O vendedor deve aguçar, 
portanto, o aspecto comercial, sem descuidar-se do conhecimento do produto.
14
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
 — O Risco Moral
A seguradora deve examinar detidamente a vida patrimonial do segurado. 
Os requisitos de honestidade, probidade e retidão são importantes aspec-
tos na apreciação da aceitação do risco, no tocante ao risco moral.
A propensão do segurado em causar danos a terceiros, com o objetivo de 
se locupletar dolosamente do contrato, pode existir (fraude). É hipótese 
a ser considerada. Não se trata de conceito subjetivo, portanto sujeito à 
opinião e/ou interpretação do analista. É análise vital no contrato de res-
ponsabilidade civil, pois se trata de seguro de responsabilidade.
 — O Risco Físico
Qual será o risco objeto do contrato? Um produto, uma indústria, um hos-
pital, uma escola, um hotel, uma igreja, enfim, seja o que for, há específica 
propensão ao risco que deve ser objeto de análise e aí, de forma pontual, 
já que é objeto de mensuração. 
As seguradoras exigem o preenchimento de um questionário de análise 
de risco, que será complementado por uma vistoria a ser realizada, em 
regra, sobretudo nos riscos que exijam maiores cautelas.
 — O Risco Jurídico
Não menos relevante é o risco jurídico. Há empresas cuja responsabilida-
de se caracteriza por meio da apuração de culpa. Em outras, porém, bas-
tam apenas o fato e a relação de causalidade, para que emerja a obrigação 
de indenizar. Nada obstante, durante a apuração da culpa podem surgir as 
chamadas excludentes de responsabilidade, que desobrigarão o causador 
do dano de qualquer responsabilidade. 
Como se sabe, por meio do contrato de seguro, o segurado transfere à 
seguradora a sua obrigação de indenizar. Avulta de importância, portanto, 
os aspectos jurídicos que permeiam a análise de subscrição do risco, sob 
o ponto de vista da responsabilidade.
Muitas vezes o pagamento do sinistro vai depender de interpretação judi-
cial. Outras variáveis, no entanto, podem surgir. Seja sobre a cobertura 
propriamente dita, seja sobre as condições gerais que excluem determina-
da causa que a justiça entenda ser objeto de pagamento, enfim, quando 
adentramos no campo da interpretação ficamos à disposição do intérprete, 
que nem sempre entende o contrato da forma que foi concluído pelas par-
tes (cia. de seguros e segurado). 
15
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Ademais, que não se esqueça da figura do terceiro que, no seu interesse 
de ter eventual prejuízo ressarcido, pode complicar, digamos assim, a apre-
ciação dos fatos. Tendo em vista a importância deste item da subscrição, 
vamos nos alongar um pouco. Estudaremos as principais legislações que 
devem ser objeto de análise.
O Código Civil Brasileiro
Vamos transcrever alguns artigos do Código Civil Brasileiro, Lei n° 10.406, de 
10 de janeiro de 2002, que determinam a obrigação de indenizar, a saber:
DA RESPONSABILIDADE CIVIL: DA 
OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano 
a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obri-
gação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos 
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desen-
volvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os 
direitos de outrem.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência 
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao 
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim 
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um 
direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pes-
soa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente 
quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, 
não excedendo os limites do indispensável para a remoção do 
perigo.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade 
e em sua companhia;
II – O tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acha-
rem nas mesmas condições;
16
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais 
e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em 
razão dele;
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimen-
tos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, 
pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do 
crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antece-
dente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos 
atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode 
reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o 
causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente 
incapaz.
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não 
se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre 
quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decidi-
das no juízo criminal.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por 
este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos 
que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, 
cuja necessidade fosse manifesta.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo 
dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas 
em lugar indevido.
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de 
outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver 
mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os 
coautores e as pessoas designadas no art. 932.
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la trans-
mitem-se com a herança.”
AVISO: ao longo deste manual, todos os artigos, acima elencados, 
serão objeto de análise própria. Farão parte dos títulos específicos de 
assuntos que serão desdobrados, para maior facilidade de compreen-
são. Foram aqui colocados em bloco para melhor visualização e ideia 
de conjunto. 
17
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
DO SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL
“Art. 787. No seguro de responsabilidade civil, o segurador 
garante o pagamento de perdas e danos devidos pelo segu-
rado a terceiro.”
Vamos Comentar o Artigo
O seguro de responsabilidadecivil é espécie do seguro de dano. Os segu-
ros de responsabilidade civil são aqueles em que o segurado transfere ao 
segurador as perdas que possam advir ao seu patrimônio, resultante de 
indenizações que tenha de satisfazer a terceiros em razão de danos cau-
sados a eles. O segurado transfere, portanto, as perdas financeiras resul-
tantes da ocorrência do risco.
O risco, no seguro de responsabilidade civil, é respeitante à obrigação que 
o segurado tem para com terceiros. O nosso código disciplina a questão 
da responsabilidade civil (obrigação de indenizar), como segue:
“Art. 927: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano 
a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obri-
gação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos 
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desen-
volvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os 
direitos de outrem.” 
O código conceitua o ato ilícito nos artigos 186 e 187, a saber: “Art. 186. 
Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, 
comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito 
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim 
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”
O nosso Código Civil, como regra, determina a obrigação de indenizar com 
base na teoria da responsabilidade subjetiva. Vale dizer, aquele que causar 
prejuízo a outrem fica obrigado a reparar o dano desde que, por culpa, tenha 
dado causa a ele.
Insere no parágrafo único, no entanto, como exceção, a obrigação de 
indenizar, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei. 
Ou seja, reforça as legislações já existentes, ou as que venham a existir, 
onde se determine que a reparação dos danos far-se-á por intermédio da 
simples verificação do nexo causal entre a conduta do agente e o resul-
tado (teoria objetiva).
É dispensável, nesse caso, para os efeitos da responsabilidade civil, a verifi-
cação da culpa. O Código de Defesa do Consumidor, a Lei do Meio Ambien-
te, a Lei Antitruste, as leis que regulam todo o tipo de transporte, entre 
outras, são exemplos de legislação que determinam a responsabilidade civil 
do agente segundo a teoria da responsabilidade objetiva (teoria do risco).
18
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Como visto, o parágrafo único, do artigo 927 acima transcrito, determina 
as duas hipóteses em que o agente responderá pela reparação dos danos 
independentemente da existência de culpa: os casos especificados em lei, 
ou quando a atividade normalmente exercida pelo autor do dano implicar, 
por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
Então, exceto os casos especificados em lei, ficará a cargo da jurisprudên-
cia (veremos mais adiante alguns exemplos) determinar em que circunstân-
cias responderá o agente que deu causa, ainda que sem culpa, ao evento. 
Em outras palavras, ficará ao arbítrio do julgador a aplicação ou não da 
teoria objetiva, esta que se filia à teoria do risco, uma vez que nem sempre 
restará claramente a responsabilidade do autor do dano em face da neces-
sidade de conjugação dos fatores citados. 
A teoria do risco (objetiva) tem por fundamento o seguinte: aquele que cria 
um risco potencialmente gravoso para a sociedade tem a obrigação de 
repará-lo. Desde que, evidentemente, estejam presentes os pressupostos 
insertos na norma em questão, a saber: a)- atividade normalmente exercida 
pelo autor, o que pressupõe regularidade no exercício da função executa-
da; b)- a natureza da atividade, o que determina o seu caráter imanente, 
próprio, considerado em si mesmo e c)- risco para os direito de outrem. 
Presentes esses pressupostos restará configurada a responsabilidade em 
reparar os danos, independentemente da existência de culpa.
A obrigação de indenizar da Seguradora, portanto, nos seguros de res-
ponsabilidade civil, restou aumentada com a inserção do parágrafo único 
ora comentado.
Sabido que o segurado transfere à seguradora as consequências finan-
ceiras, adversas, decorrentes de sua responsabilidade por fato próprio, 
por fato de pessoas que estão sob sua responsabilidade e por fato de 
coisa de sua propriedade ou pelas quais responda, certamente o setor 
de análise e subscrição de riscos da seguradora deverá levar em conta 
tais aspectos, a fim de se adequar ao que determina a lei. 
Cada vez mais a sociedade tem buscado repartir melhor os prejuízos que 
a todos atinge. Essa busca encontrou na teoria do risco (responsabilida-
de objetiva) uma resultante natural.
A reparação dos prejuízos nos seguros de responsabilidade apresenta 
dificuldades nem sempre presentes nos seguros de bens. Isso porque, a 
propensão à causação de danos, em cada modalidade considerada, ten-
do em vista o interesse jurídico tutelado, é diferenciada. Por exemplo, um 
segurado proprietário de veículo de pequeno porte pode causar prejuízo 
maior do que um caminhão o faria, em um acidente de trânsito. 
O que está em jogo é a severidade do dano. Não guarda relação neces-
sária com o objeto segurado. Daí a fixação do limite máximo indenizável 
da apólice mostrar-se complexa. 
19
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Há ainda os casos nos quais os danos nem sempre aparecem imediata-
mente após a ocorrência do fato gerador. Nos seguros de responsabilida-
de civil profissional há danos que se mostram anos após a ocorrência do 
fato que lhes deu causa. Por exemplo: o cirurgião esquece uma gaze no 
corpo do paciente. Dependendo do tipo de organismo e local, os efeitos 
danosos podem levar anos para surgir.
As apólices brasileiras têm texto padrão determinando que o seguro de 
responsabilidade civil tem por objetivo reembolsar o segurado das quan-
tias pelas quais vier a ser responsável civilmente, em sentença judicial 
transitada em julgado ou em acordo autorizado de modo expresso pela 
seguradora, relativas a reparações por danos involuntários, corporais e/ou 
materiais causados a terceiros, decorrentes dos riscos cobertos.
O dano corporal é definido como qualquer doença ou dano corporal sofri-
do por pessoa inclusive morte ou invalidez. O dano material, qualquer 
dano físico à propriedade tangível, inclusive todas as perdas materiais rela-
cionadas com o uso dessa propriedade. Reitere-se, aqui, os lucros cessan-
tes e os prejuízos financeiros. A cobertura para os riscos decorrentes de 
condenação por dano moral são normalmente objeto de cláusula adicional 
ao contrato padrão, a pedido do segurado, se o desejar.
No Brasil, o modelo de apólice adotado, como regra, ainda é o de reem-
bolso. Ou seja, o segurador somente será obrigado a indenizar o segurado 
após o pagamento deste ao terceiro prejudicado. 
Tal proceder, como regra, também inviabiliza a possibilidade de ação direta 
do terceiro prejudicado contra o segurador. O fato de a seguradora, em 
muitos casos, sobretudo o de responsabilidade civil por danos causados 
por veículos, atender o terceiro diretamente, por ordem do segurado, repa-
rando seu veículo ou mesmo o indenizando em espécie, não altera o con-
ceito de apólice de reembolso. A escolha é da seguradora.
Vale salientar que as seguradoras, de maneira geral, não observam rigo-
rosamente a prática do reembolso. Em regra, indenizam diretamente o ter-
ceiro. Faz sentido. No mais das vezes o segurado não tem o capital para 
satisfazer o prejuízo do terceiro. Ainda que o tivesse, uma vez feito o paga-
mento, ele teria de discutir com a seguradora a qualidade do pagamento. 
Em outras palavras, ficaria na dependência de o segurador considerar váli-
do ou não o pagamento feito por ele, seja o ato em si mesmo, seja o valor 
correspondente.
Tal aspecto, o do reembolso, desnatura o caráter precípuo do contrato já 
que o reveste de uma incerteza incompatível com o interessesegurado 
que se pretende garantir. De todo modo, essa modalidade de seguro tem 
cumprido o seu papel, restando alguns ajustes cujo tempo é fator determi-
nante nesse mister, além de algumas exceções.
20
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
“§ 1º Tão logo saiba o segurado das consequências de ato 
seu, suscetível de lhe acarretar a responsabilidade incluída na 
garantia, comunicará o fato ao segurador.”
Vamos Comentar o Parágrafo
O parágrafo primeiro determina a imediata comunicação de acidente que 
possa trazer responsabilidade ao segurado. Necessário se faz que ele 
tenha consciência e discernimento para saber se causou dano a outrem, 
e os efeitos da consequente responsabilização. As cláusulas da apólice 
devem ser suficientemente claras nesse sentido. Devem exemplificar situa-
ções, as mais comuns, que podem gerar responsabilidade de indenizar por 
parte do segurado.
Nesse aspecto, o seguro de responsabilidade civil é peculiar. Diferente-
mente dos demais seguros de danos, com objeto segurado determinado, 
o seguro de responsabilidade civil requer outros métodos de apuração de 
responsabilidade e técnicas diferenciadas de contratação. 
Um dentista, por exemplo, segurado contra erros e/ou omissões no exer-
cício da profissão, pode levar meses e meses até saber que um deter-
minado procedimento cirúrgico provocou problemas ao paciente. Isso é 
muito comum na área de saúde em geral, contemplada com o seguro de 
responsabilidade civil profissional.
No tocante à demora em notificar a seguradora de um evento conheci-
do, não pode o segurado ser privado da cobertura por só esse fato. Não 
obstante, ele responderá pelas consequências da demora, caso em que 
deverá a seguradora provar que, se fosse avisada em tempo, os prejuí-
zos poderiam ter sido menores, ou, em alguns casos, até mesmo evitados. 
Tudo isso, evidentemente, respeitados os prazos prescricionais.
A prescrição do segurado contra o segurador está estipulada no artigo 
206, § 1°, II do código civil. Determina que prescreve em um ano a preten-
são do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o 
prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da 
data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo 
terceiro prejudicado, ou de data que a este indeniza, com a anuência do 
segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da 
pretensão. 
Já a prescrição para a reparação civil é de três anos, consoante o pará-
grafo terceiro inciso V do citado art.206. Portanto, é o prazo que o terceiro 
prejudicado tem para acionar aquele que lhe causou dano.
21
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
“§ 2º É defeso ao segurado reconhecer sua responsabilidade 
ou confessar a ação, bem como transigir com o terceiro pre-
judicado, ou indenizá-lo diretamente, sem anuência expressa 
do segurador.”
Vamos Comentar o Parágrafo
O parágrafo segundo determina expressamente o proceder do segura-
do com aquele a quem causou dano. A conduta deve estar, portanto, em 
estreita sintonia com as determinações do segurador. Isso porque, nes-
se ramo de seguro, o segurado transfere ao segurador as consequências 
financeiras, danosas, oriundas de sua conduta que possam ocasionar 
danos a terceiros. 
Os riscos suscetíveis de causar prejuízos, portanto, a pessoas e/ou coi-
sas, determinadas ou não. Sejam tais riscos causados por fato próprio, por 
fato de algum bem ou negócio de sua propriedade ou mesmo por fato 
de alguém por quem o segurado responda, segundo a legislação vigente, 
como já visto.
Não é possível, sendo assim, o segurado admitir a culpa com o terceiro. 
Seja porque nem sempre ele tem condição de analisar a situação de tal 
sorte que, tecnicamente, chegue a essa conclusão, seja porque, na hipó-
tese de o fazer, retira da seguradora o direito em buscar acordo melhor. 
Sabe-se que a seguradora possui corpo técnico jurídico aparelhado para 
tratar dessas questões. Reitere-se, além disso, que o risco da perda finan-
ceira já havia sido transferido ao segurador por ocasião da emissão da 
apólice. Daí, por direito, caber ao segurador fazer a regulação do sinistro 
uma vez que o dispêndio financeiro será dele (segurador). 
Deve, portanto, o segurado evitar o reconhecimento de culpa ou assumir 
responsabilidades perante o terceiro, bem como fazer acordos fora das 
estipulações contratuais. A lei, se agir assim, não estará ao lado dele.
“§ 3º Intentada a ação contra o segurado, dará este ciência da 
lide ao segurador.”
Vamos Comentar o Parágrafo
No Brasil, o terceiro prejudicado não tem ação direta contra o segurador 
daquele segurado que lhe causou o dano. Seja porque o segurado con-
tratou o seguro para obter reembolso das quantias pelas quais vier a ser 
responsável por danos causados a terceiros, e, portanto, em seu próprio 
benefício, seja porque a vítima não tem relação jurídica com o segurador. 
Afinal, não é parte no contrato. Essa é a regra.
22
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
O contrato de seguro foi realizado entre segurado e segurador. Sem aden-
trar no mérito da justiça do sistema, malgrado opiniões em contrário, essa 
é a regra. A seguradora não aceita sequer a reclamação do terceiro direta-
mente. É indispensável a comunicação do segurado na qual manifestará a 
sua culpa e/ou responsabilidade no evento.
O terceiro parágrafo do artigo 787 determina que o segurado deva dar 
ciência imediata ao segurador, tão logo tenha conhecimento de qualquer 
ação contra ele ajuizada por possíveis prejudicados. 
Não importa se o segurado entenda não ter culpa ou responsabilidade no 
evento. A norma o obriga a comunicar sob pena de a seguradora poder ale-
gar, na falta do aviso, que não pagará a indenização pois não teve a oportuni-
dade de fazer a defesa em conjunto, ou mesmo tomar as rédeas do proces-
so por estar melhor preparada para tal, caso pudesse ou quisesse fazê-lo.
Esclarece-se, oportunamente, que nem sempre a seguradora pode tomar 
parte diretamente do processo. Há proibição expressa no Código do Con-
sumidor, além de normas específicas no Código Civil e no Código de Pro-
cesso Civil, cujo caso em concreto deverá ser objeto de análise.
De todo modo, ao início do contrato, o segurado transferiu ao segurador as 
perdas financeiras decorrentes da ocorrência de riscos cobertos. Então, se 
é assim, o segurador detém legitimidade para buscar minimizar, ao máxi-
mo, tais perdas. Impõe-se, pois, estar ciente de tudo. Até porque contribui-
rá com todo o grupo segurado. Seguro é mutualismo.
“§ 4º Subsistirá a responsabilidade do segurado perante o ter-
ceiro, se o segurador for insolvente.”
Vamos Comentar o Parágrafo
Evidente que a responsabilidade é sempre do segurado. Quando ele trans-
fere para o segurador as perdas financeiras oriundas dos possíveis danos 
que venha causar a terceiros, ele o faz nos limites da apólice e segundo as 
cláusulas e condições do contrato. Mas a presente norma não é de todo 
irrelevante. Existem situações, na prática, perfeitamente configuradas.
Quando o segurador contrata uma oficina para reparar um veículo de ter-
ceiro, por exemplo, ele o faz em nome do segurado. Após a entrega do car-
ro reparado, a oficina se dirige ao segurador a fim de receber o valor dos 
reparos. Se, eventualmente, encontra o segurador em situação de insol-
vência (falido) e, portanto, sem poder honrar o pagamento, o prestador de 
serviço, por direito, deverá cobrar do segurado o valor dos reparos. 
Não poderá o segurado se recusar a pagar a conta, sob o pretexto de que 
não participou das tratativas com a oficina contratada para o conserto. O 
exemplo do carro, que se quer didático, pode ser, mudando o que deve 
ser mudado, aplicado a situações semelhantes que envolvam prejuízos de 
maior monta.
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UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
“Art. 788. Nos seguros de responsabilidade legalmente obri-
gatórios,a indenização por sinistro será paga pelo segurador 
diretamente ao terceiro prejudicado.”
Vamos Comentar o Artigo
Como já visto, nos comentários atinentes ao artigo anterior, o terceiro pre-
judicado não tem ação direta contra a seguradora. A exceção a essa regra 
se aplica aos seguros de responsabilidade legalmente obrigatórios. O 
elenco dos seguros obrigatórios, seja de responsabilidade ou não, acha-se 
disposto no artigo 20 da Lei de Seguros (Decreto Lei 73/66), que os indivi-
dualiza, sem prejuízo de outros que tenham sua obrigatoriedade prevista 
em leis especiais. 
“Parágrafo único. Demandado em ação direta pela vítima do 
dano, o segurador não poderá opor a exceção de contrato não 
cumprido pelo segurado, sem promover a citação deste para 
integrar o contraditório.”
Vamos Comentar o Parágrafo
O parágrafo único proíbe ao segurador recusar indenização à vítima em 
função do segurado não ter cumprido alguma cláusula contratual. Isso, 
como já exposto, em relação às hipóteses que permitem a vítima deman-
dar diretamente contra o segurador. 
Assim, por exemplo, caso o segurado não tenha pago uma prestação do 
contrato, que o colocaria em situação de suspensão, não poderá opor tal 
circunstância à vítima sem que o segurado seja chamado a juízo para se 
posicionar a respeito.
PERGUNTAS FREQUENTES
P. Somente o Código Civil traça normas sobre a obrigação de indenizar no 
direito brasileiro?
R. Não. Há outras legislações que tratam do assunto, mas referente a temas 
específicos. Por exemplo: o Código Brasileiro de Aeronáutica, o Código de 
Defesa do Consumidor, a Lei de Responsabilidade Civil por danos nuclea-
res e muitas outras, além da Constituição Federal que traça normas gerais 
sobre o tema.
P. As normas do Código Civil são mais importantes?
R. Não é bem assim. O Código Civil normatiza as relações entre as pes-
soas naturais e as pessoas jurídicas do país, entre si ou entre elas, espe-
cificando os seus direitos e obrigações. Daí a sua importância. Apresenta, 
ademais, normas gerais que poderão, ou não, serem aplicadas em con-
junto com outras legislações específicas de determinados segmentos, tais 
como: Código do Consumidor, Código Brasileiro de Aeronáutica e outros.
24
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
P. O corretor precisa ser um especialista em direito, mais especificamente 
no capítulo da responsabilidade civil?
R. Não há dúvida que quanto mais você conhecer o produto que vende, em 
qualquer negócio isso é verdadeiro, mais contratos serão fechados. É reco-
mendável, portanto, possuir conhecimento razoável sobre o tema. Sem exa-
geros, naturalmente. Estude de acordo com a sua disponibilidade de tempo.
LEITURA RECOMENDADA: CAVALIERI, F. Sérgio. Programa de Responsabilidade 
Civil. 12ª ed. 2015 – Editora Atlas.
O Código de Defesa do Consumidor
O Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, criou o sistema de pro-
teção e defesa do consumidor. Então, importa ressaltar a profunda altera-
ção que essa lei impôs ao ordenamento jurídico nacional. Ela determina a 
responsabilidade objetiva (independentemente da existência de culpa) de 
todas as empresas fornecedoras de produtos e/ou prestadoras de servi-
ços, como segue em alguns artigos transcritos parcialmente; a saber:
“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estran-
geiro, e o importador respondem, independentemente da existên-
cia de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumi-
dores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, 
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondiciona-
mento de seus produtos, bem como por informações insuficientes 
ou inadequadas sobre sua utilização e riscos;
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não 
será responsabilizado quando provar:
I – que não colocou o produto no mercado; 
II – que embora haja colocado o produto no mercado, o defeito 
inexiste;
III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do 
artigo anterior, quando:
I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não pude-
rem ser identificados;
– o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, 
produtor, construtor ou importador;
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
25
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem 
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
fruição e riscos.
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quan-
do provar:
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”
Observe-se que a lei é taxativa no tocante aos expressos dizeres: “inde-
pendentemente da existência de culpa”, o que caracteriza a responsabi-
lidade objetiva (teoria do risco). Vale repetir: o causador do dano respon-
derá, ainda que não tenha sido culpado. A apuração da culpa, portanto, é 
irrelevante. 
A única exceção a essa regra, relativamente à prestação de serviços, diz 
respeito à responsabilidade do profissional liberal, consoante os termos 
da lei: “A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada 
mediante a verificação de culpa”. O profissional liberal responderá, por-
tanto, com base na responsabilidade subjetiva; a saber: somente se for 
comprovada a sua culpa no evento danoso.
Convém chamarmos a atenção, por fim, para a repercussão dessa norma 
nos Seguros de RCG, pois a imensa maioria de nossos segurados, pessoas 
jurídicas (empresas industriais, comerciais e prestadoras de serviços), está 
enquadrada na definição do Código do Consumidor (arts. 12, 13 e 14, acima 
transcritos); ou seja, respondem independentemente da existência de cul-
pa (responsabilidade objetiva, teoria do risco).
Falando em definição, e reforçando o perfil dos segurados do Ramo RCG, 
convém transcrever a definição de fornecedor; a saber:
“Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes desperso-
nalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, 
criação, construção, transformação, importação, exportação, distri-
buição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou ima-
terial.
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de con-
sumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, 
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das rela-
ções de caráter trabalhista.”
26
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
É fácil concluir que, após o advento do Código do Consumidor, inúmeros 
sinistros que não previam cobertura passaram a prevê-la, o que alterou, 
significativamente, o modo de análise e subscrição de risco das empre-
sas seguradoras, já que passaram a reembolsar os segurados pelos danos 
causados aos consumidores, independentemente da existência de culpa; 
danos esses reconhecidos em sentença judicial ou por acordo com prévia 
e expressa autorização das seguradoras.
O Comércio Eletrônico: Aplicação do Código 
de Defesa do Consumidor na Internet
DECRETO Nº 7.962, DE 15 DE MARÇO DE 2013 (TRANSCRIÇÃO PARCIAL)
“Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setem-
bro de 1990, para dispor sobre a contratação no comércio eletrôni-
co, abrangendo os seguintes aspectos:
I – informações claras a respeito do produto, serviço e do fornecedor;
II – atendimento facilitado ao consumidor; e
III – respeito ao direito de arrependimento.
Art. 2º Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados 
para oferta ou conclusão de contrato de consumo devem disponi-
bilizar, em local de destaque e de fácil visualização, as seguintes 
informações:I – nome empresarial e número de inscrição do fornecedor, quan-
do houver, no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas ou no Cadas-
tro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda;
II – endereço físico e eletrônico, e demais informações necessárias 
para sua localização e contato;
III – características essenciais do produto ou do serviço, incluídos 
os riscos à saúde e à segurança dos consumidores;
IV – discriminação, no preço, de quaisquer despesas adicionais ou 
acessórias, tais como as de entrega ou seguros;
V – condições integrais da oferta, incluídas modalidades de paga-
mento, disponibilidade, forma e prazo da execução do serviço ou 
da entrega ou disponibilização do produto; e
VI – informações claras e ostensivas a respeito de quaisquer res-
trições à fruição da oferta.
Art. 5º O fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os 
meios adequados e eficazes para o exercício do direito de arre-
pendimento pelo consumidor.
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UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
§ 1º O consumidor poderá exercer seu direito de arrependimento 
pela mesma ferramenta utilizada para a contratação, sem prejuízo 
de outros meios disponibilizados.
§ 2º O exercício do direito de arrependimento implica a rescisão 
dos contratos acessórios, sem qualquer ônus para o consumidor.
§ 3º O exercício do direito de arrependimento será comunicado 
imediatamente pelo fornecedor à instituição financeira ou à admi-
nistradora do cartão de crédito ou similar, para que:
I – a transação não seja lançada na fatura do consumidor; ou
II – seja efetivado o estorno do valor, caso o lançamento na fatura 
já tenha sido realizado.
§ 4º O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmação imedia-
ta do recebimento da manifestação de arrependimento.
Art. 6º As contratações no comércio eletrônico deverão observar 
o cumprimento das condições da oferta, com a entrega dos produ-
tos e serviços contratados, observados prazos, quantidade, quali-
dade e adequação.
Art. 7º A inobservância das condutas descritas neste Decre-
to ensejará aplicação das sanções previstas no art. 56 da Lei no 
8.078, de 1990.”
A aplicação do Código de Defesa do Consumidor far-se-á nos negócios 
eletrônicos em consonância com os mesmos preceitos jurídicos já existen-
tes. O decreto acima, parcialmente transcrito, teve por finalidade a melhor 
caracterização de responsabilidade de sites, provedores, empresas de 
cobrança etc., de forma a elastecer a proteção e defesa dos interesses dos 
consumidores, haja vista o aumento exponencial dos negócios por meio 
da rede. Sempre lembrando que as nossas empresas seguradas também 
comercializam pela internet.
O Comércio Eletrônico: Marco Civil da 
Internet – Lei Nº 12.965, de 23.04.2014
DOS DIREITOS E GARANTIAS DOS USUÁRIOS 
“Art. 7º O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e 
ao usuário são assegurados os seguintes direitos:
I – inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e 
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
II – inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela 
internet, salvo por ordem judicial, na forma da lei;
28
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
III – inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas arma-
zenadas, salvo por ordem judicial;
IV – não suspensão da conexão à internet, salvo por débito direta-
mente decorrente de sua utilização;
V – manutenção da qualidade contratada da conexão à internet;
VI – informações claras e completas constantes dos contratos de 
prestação de serviços, com detalhamento sobre o regime de pro-
teção aos registros de conexão e aos registros de acesso a aplica-
ções de internet, bem como sobre práticas de gerenciamento da 
rede que possam afetar sua qualidade;
VII – não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclu-
sive registros de conexão, e de acesso a aplicações de internet, 
salvo mediante consentimento livre, expresso e informado ou nas 
hipóteses previstas em lei;
VIII – informações claras e completas sobre coleta, uso, armaze-
namento, tratamento e proteção de seus dados pessoais, que 
somente poderão ser utilizados para finalidades que:
a) justifiquem sua coleta;
b) não sejam vedadas pela legislação; e
c) estejam especificadas nos contratos de prestação de serviços 
ou em termos de uso de aplicações de internet;
IX – consentimento expresso sobre coleta, uso, armazenamento e 
tratamento de dados pessoais, que deverá ocorrer de forma des-
tacada das demais cláusulas contratuais;
X – exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a 
determinada aplicação de internet, a seu requerimento, ao término 
da relação entre as partes, ressalvadas as hipóteses de guarda 
obrigatória de registros previstas nesta Lei;
XI – publicidade e clareza de eventuais políticas de uso dos prove-
dores de conexão à internet e de aplicações de internet;
XII – acessibilidade, consideradas as características físico-motoras, 
perceptivas, sensoriais, intelectuais e mentais do usuário, nos ter-
mos da lei; e
XIII – aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor 
nas relações de consumo realizadas na internet.
Art. 8º A garantia do direito à privacidade e à liberdade de expres-
são nas comunicações é condição para o pleno exercício do direi-
to de acesso à internet.
29
UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Parágrafo único. São nulas de pleno direito as cláusulas contra-
tuais que violem o disposto no caput, tais como aquelas que:
I – impliquem ofensa à inviolabilidade e ao sigilo das comunica-
ções privadas, pela internet; ou
II – em contrato de adesão, não ofereçam como alternativa ao con-
tratante a adoção do foro brasileiro para solução de controvérsias 
decorrentes de serviços prestados no Brasil.”
Da Responsabilidade por Danos Decorrentes 
de Conteúdo Gerado por Terceiros
“Art. 18. O provedor de conexão à internet não será responsabi-
lizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por 
terceiros.
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e 
impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente 
poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de 
conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, 
não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos 
do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o 
conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições 
legais em contrário.
§ 1º A ordem judicial de que trata o caput deverá conter, sob pena 
de nulidade, identificação clara e específica do conteúdo apon-
tado como infringente, que permita a localização inequívoca do 
material.
§ 2º A aplicação do disposto neste artigo para infrações a direitos 
de autor ou a direitos conexos depende de previsão legal específi-
ca, que deverá respeitar a liberdade de expressão e demais garan-
tias previstas no art. 5o da Constituição Federal.
§ 3º As causas que versem sobre ressarcimento por danos decor-
rentes de conteúdos disponibilizados na internet relacionados 
à honra, à reputação ou a direitos de personalidade, bem como 
sobre a indisponibilização desses conteúdos por provedores de 
aplicações de internet, poderão ser apresentadas perante os jui-
zados especiais.
§ 4º O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3º, poderá 
antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no 
pedido inicial, existindo prova inequívoca do fato e considerado 
o interesse da coletividade na disponibilização do conteúdo na 
internet, desde que presentes os requisitos de verossimilhança da 
alegação do autor e de fundado receio de dano irreparável ou de 
difícil reparação.
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UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Art. 20. Sempre que tiver informações de contato do usuário 
diretamente responsável pelo conteúdo a que se refere o art. 19, 
caberá ao provedor de aplicações de internet comunicar-lheos 
motivos e informações relativos à indisponibilização de conteúdo, 
com informações que permitam o contraditório e a ampla defesa 
em juízo, salvo expressa previsão legal ou expressa determinação 
judicial fundamentada em contrário.
Parágrafo único. Quando solicitado pelo usuário que disponibili-
zou o conteúdo tornado indisponível, o provedor de aplicações de 
internet que exerce essa atividade de forma organizada, profissio-
nalmente e com fins econômicos substituirá o conteúdo tornado 
indisponível pela motivação ou pela ordem judicial que deu funda-
mento à indisponibilização.
Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize 
conteúdo gerado por terceiros será responsabilizado subsidiaria-
mente pela violação da intimidade decorrente da divulgação, sem 
autorização de seus participantes, de imagens, de vídeos ou de 
outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de 
caráter privado quando, após o recebimento de notificação pelo 
participante ou seu representante legal, deixar de promover, de 
forma diligente, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço, a 
indisponibilização desse conteúdo.
Parágrafo único. A notificação prevista no caput deverá conter, 
sob pena de nulidade, elementos que permitam a identificação 
específica do material apontado como violador da intimidade do 
participante e a verificação da legitimidade para apresentação do 
pedido.”
O Marco Civil da Internet trouxe a caracterização da responsabilidade das 
empresas que operam na rede, responsabilidade essa que não difere dos 
comandos legislativos já existentes. Em face das especificidades, contu-
do, que envolvem o comércio eletrônico, havia a necessidade de explicitar 
melhor as relações entre os operadores do sistema, dado às peculiarida-
des de cada um.
Não nos esqueçamos, todavia, que as grandes empresas, nossos segu-
rados, que operam na rede, já existiam antes dela. Evidentemente que as 
apólices de RCG não podem excluir os riscos decorrentes de operações 
na rede. Na dúvida, privilegie-se a Lei.
LEITURA RECOMENDADA: ALBERTIN, Alberto Luiz. Comércio eletrônico: modelo, 
aspectos e contribuição de sua aplicação. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
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UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
 DIFERENÇA ENTRE 
 RESPONSABILIDADE CIVIL E 
 RESPONSABILIDADE PENAL 
O fundamento da Responsabilidade Civil e da Responsabilidade Penal são 
praticamente os mesmos. A diferença reside nas condições em que sur-
gem, porque uma (penal) é mais rigorosa do que a outra (civil), quanto aos 
requisitos que devem ser atendidos para que tenham efetividade. 
A Responsabilidade Penal nasce da violação à norma constante da lei penal, 
enquanto que a Responsabilidade Civil emerge do simples fato do prejuízo, 
que viola também o equilíbrio social, mas não exige as mesmas medidas, no 
sentido de restabelecê-lo, mesmo porque outra é a forma de consegui-lo.
A reparação civil reintegra o prejudicado na situação patrimonial anterior; 
ao passo que a sanção penal tem por finalidade restituir a ordem social ao 
estado anterior à infração.
Quando coincidem, a responsabilidade penal e a responsabilidade civil 
proporcionam as respectivas ações; isto é, as formas de se fazerem efe-
tivas: uma, exercível pela sociedade (penal), outra, pela vítima (civil); uma 
tendente à punição (penal), outra, à reparação (civil). 
A ação cível aí sofre, em larga proporção, a influência da ação penal. Nos-
so ordenamento, como regra, dispõe no artigo 935: “A responsabilidade 
civil é independente da criminal; não se podendo questionar mais sobre a 
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões 
se acharem decididas no juízo criminal”.
Então, se houver condenação para ato criminoso, não há o que se discutir 
no juízo cível. Porém, em sentido contrário, a premissa não é verdadeira. 
Havendo absolvição no crime, pode haver condenação no juízo cível. 
O tratamento do assunto não é pacífico. A rigor, as discussões acerca da 
melhor interpretação são muitas. Nem poderia ser diferente, pois há valo-
res distintos em jogo. O caso concreto conduzirá o julgador na interpreta-
ção mais adequada. Porém, como regra geral, fiquemos com o que foi dito.
VAMOS RESUMIR?
RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE PENAL
 Emerge do Prejuízo Surge da violação à norma
Reintegra o Patrimônio Restitui a ordem social
Ação da vítima Ação da Sociedade
Tende à Reparação Civil Tendente à Punição
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UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Atenção: sempre que você se deparar com a expressão “reparação civil”, sig-
nifica que haverá pagamento em dinheiro (ou equivalente) a alguma vítima de 
ato danoso. A expressão indica sempre a necessidade de indenizar-se alguém.
 ELEMENTOS ESSENCIAIS DA 
 RESPONSABILIDADE CIVIL 
O interesse em restabelecer o equilíbrio econômico-jurídico alterado pelo 
dano é a causa geradora da responsabilidade civil. Na caracterização da 
obrigação reparatória, devem estar presentes os seguintes elementos: 
ação ou omissão do agente, culpa ou dolo do agente, nexo de causalidade 
e dano. Presentes os elementos citados, restará caracterizada a obrigação 
em reparar o dano por parte daquele que o causou.
Veremos, mais adiante, que a responsabilidade objetiva (teoria do risco) 
prescinde (dispensa, não precisa) do elemento culpa, ou melhor, sua verifi-
cação se torna desnecessária haja vista exigir a simples presença do dano 
e do nexo causal. 
Estudaremos, além disso, todos os elementos, seja para configurar corre-
tamente a teoria subjetiva (exige verificação dos quatro elementos), seja 
para obtermos visão melhor do conjunto de provas que se deseja, a fim de 
que se alcance o resultado.
 — Ação ou Omissão do Agente
A ação (ato comissivo) e a omissão (ato omissivo) constituem o primeiro pres-
suposto da responsabilidade civil, que, originando dano a outrem, geram o 
dever de reparação. Melhor talvez fosse dizer-se a conduta do agente, das 
quais a ação e a omissão são espécies. Adotamos, porém, as expressões 
mais correntes, por motivo de clareza e facilidade de compreensão.
A responsabilidade pela reparação do dano pode surgir: por fato próprio, 
por fato da coisa, por fato de outrem, por fato do produto e/ou do serviço. 
Constituem-se em esferas de reparação de danos, nas quais o responsá-
vel, tendo em vista injunções (influência coercitiva de leis, regras, costumes 
ou circunstâncias) de fato ou de direito, percebe-se obrigado a responder 
por eventuais prejuízos causados a terceiros. 
Reitere-se que essas classificações são elaboradas no sentido de permitir 
análise mais apurada dos fatos. Ou seja, quando decompomos algo em par-
tes menores, entendemos que o entendimento se revela mais clarificado.
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UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
a) Responsabilidade por fato próprio ou direta
Tal responsabilidade é oriunda de danos que o cidadão possa causar a 
terceiros por meio de ações ou omissões praticadas por ele mesmo, sem 
o emprego de coisas que estejam sob a sua esfera de vigilância ou guar-
da. Ressalte-se que os danos são decorrentes de fatos provocados pela 
própria pessoa. Como exemplo, os crimes contra a honra das pessoas; a 
saber: difamação, injúria e calúnia, além de outros, em qualquer esfera, 
praticados pelo próprio. 
Destaque-se o entendimento de doutrinadores, no sentido de considerar 
os danos causados pelo proprietário do automóvel, por exemplo, como 
responsabilidade por fato próprio, se o mesmo estiver na condução do 
veículo. De outro modo, se o veículo é conduzido por terceiro admite-se a 
responsabilidade por fato da coisa. Evidentemente que qualquer entendi-
mento não afastará o direito do lesado. 
b) Responsabilidade por fato da coisa
O título sugere que a coisa possa causar prejuízos a terceiros por si mes-
ma, o que não espelha a realidade. A coisa não é capaz de fatos. Em rea-
lidade, os prejuízos são causados por intermédiodelas. Não obstante, tal 
classificação é empregada largamente nos meios jurídicos, particularmen-
te quando se trata de danos causados pelos automóveis, aviões, trens, 
embarcações, indústrias, produtos etc. 
c) Responsabilidade por fato de outrem
A expressão acima contém impropriedade, ou, no mínimo, imprecisão. 
No sistema de responsabilidade civil fundado na culpa, o dano só pode 
acarretar obrigação de reparar para aquele que o pratica. Segundo essa 
perspectiva teórica, cada um responde pessoalmente pelos próprios atos. 
 A doutrina utiliza amplamente o termo, no entanto, para designar a respon-
sabilidade de pais, tutores, curadores, patrões, dentre outros, pelos danos 
que aqueles que estão sob a esfera de vigilância, proteção ou fiscalização 
tiverem causado a terceiros. Trata-se, principalmente, da responsabilidade 
originada da culpa in eligendo e da culpa in vigilando.
A culpa in eligendo refere-se à má escolha de determinada pessoa para a 
realização de atos e/ou obrigações. Por exemplo: o patrão responde por 
atos de seus empregados. 
A culpa in vigilando refere-se à falta de vigilância em relação a procedi-
mentos de pessoas e coisas. Em havendo consequências danosas, o res-
ponsável será chamado à resposta de acordo com o artigo 932 do Código 
Civil. Por exemplo: os pais são responsáveis por danos que os filhos meno-
res causem a terceiros.
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UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
ATENÇÃO: há casos em que tanto pode ser caracterizada a culpa in 
 eligendo quanto a culpa in vigilando, ao mesmo tempo. Isso não altera em 
nada a responsabilidade de quem venha a responder pelo causador. Por 
exemplo: o patrão pode responder, em determinada situação, com base 
nas duas caracterizações de culpa.
d) Responsabilidade por fato do produto e do serviço
A lei 8078/90, Código de Proteção e Defesa do Consumidor, em seus arti-
gos 12, 13 e 14, estabelece a responsabilidade objetiva dos fornecedores 
de produtos e serviços. Caracterizada a relação de consumo, não há o 
que discutir relativamente à culpa do agente fornecedor, vez que essa é 
legalmente presumida. 
A determinação da responsabilidade far-se-á independentemente da apu-
ração de culpa, abrindo-se exceção para o profissional liberal, quando está 
indicada a regra da teoria subjetiva (art.14 § 4°: A responsabilidade pessoal 
dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa).
A responsabilidade das seguradoras, quando por fato do serviço, situa-
-se nesse contexto jurídico, particularmente no âmbito do artigo 3° § 2° do 
Código de Defesa do Consumidor. Portanto, a obrigação é contratual e 
objetiva. 
“Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes desperso-
nalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, 
criação, construção, transformação, importação, exportação, dis-
tribuição ou comercialização de produtos ou prestação de servi-
ços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de con-
sumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, 
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das rela-
ções de caráter trabalhista.”
Merece consideração, nessa reflexão, o fato de que o contrato de seguro 
foi definido pelo legislador como de prestação de serviço. Essa inclusão 
não altera, evidentemente, a natureza do contrato de seguro, pois seguro 
é contrato de garantia. 
Admite-se que a inclusão legislativa almejou contemplar e compreender a 
hipossuficiência do consumidor, que, aliás, num contrato de seguro, nem 
deve ser assim considerado. Na maioria das vezes ele é assessorado por 
um corretor de seguros que recebe comissão para ajudá-lo a retirar do 
contrato a maior utilidade possível. É apenas uma observação. Há contro-
vérsias acerca dessa tese. 
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UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR: 
Implica admitir que o consumidor é a parte frágil da relação, como regra. Imagine o 
consumidor diante de um grande banco, de uma empresa multinacional, por exemplo, 
tentando fazer valer seus direitos. A desproporção é flagrante. No sentido de contornar 
essa desvantagem, digamos assim, o Código do Consumidor, no capítulo da proteção 
contratual, em seu artigo 47, dispõe: “As cláusulas contratuais serão interpretadas de 
maneira mais favorável ao consumidor”.
 — Culpa ou Dolo do Agente
Quanto à Culpa ou dolo do agente, cumpre assinalar que a culpa é defi-
nida como o desvio de uma norma de conduta. A culpa, em termos gené-
ricos, desdobra-se em dolo e culpa propriamente dita. O dolo é elemento 
interno, que reveste o ato da intenção de causar o resultado. Já na culpa, 
em sentido estrito, a vontade é dirigida ao fato causador da lesão; mas o 
resultado não é o desejado pelo agente.
A culpa decorre da falta de diligência na observância da norma de conduta 
por parte do agente, o qual não se deteve na consideração da consequên-
cia eventual da sua atitude. Da culpa, caracterizada no art.186 do Código 
Civil decorrem outras noções; a saber: negligência, imprudência e imperí-
cia.
 A negligência é resultado da omissão daquilo que razoavelmente se pode 
esperar, no contexto das relações humanas e sociais. Decorre, portanto, 
da inobservância de normas que exigem que operemos com atenção e 
discernimento. Ex.: a enfermeira deixou ministrar o remédio ao paciente, 
que, em decorrência, veio a falecer.
A imprudência decorre da falta de cautela. Nesse caso, o procedimento do 
agente encontra-se em contradição com as normas de sensatez. Trata-se 
de ato positivo, cujas consequências poderiam ser previstas pelo agente. 
Ex.: o motorista, num dia chuvoso, na pista molhada, desenvolve veloci-
dade de 200 km/h, quando o permitido no local era de 80 km/h.
Já a imperícia é consequência da falta de habilidade do agente no exer-
cício da atividade profissional requerida, cuja falta ocasiona o dano. Ex.: o 
médico prescrever ao doente um medicamento em dose incompatível com 
o seu estado de saúde, vindo o paciente a falecer em razão disso.
Registre-se que, na prática, essas limitações humanas (negligência, impru-
dência e imperícia), por vezes, revelam-se entrelaçadas, tornando difícil a 
sua classificação. Mas, de maneira geral, a dificuldade não altera a dire-
ção da responsabilidade, pois o agente responderá pelos atos ilícitos que 
cometer, independentemente dessa ou daquela classificação.
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UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
 — Nexo de Causalidade entre a Ação/
Omissão do Agente e o Dano
Outro ponto digno de reflexão refere-se ao nexo de causalidade entre a 
ação ou omissão do agente e o dano. Nesse interessante e desafiador 
problema, lembramos que a relação de causa e efeito entre o ato danoso e 
suas consequências precisa ficar estabelecida com clareza. Se esse requi-
sito não for atendido, não haverá obrigação de indenizar.
A respeito do tema, destaque-se o estudo da Teoria da Causalidade Ade-
quada, no qual se estabelece que causa constitui o antecedente necessá-
rio e adequado à produção do evento. Trata-se de causa relevante, portan-
to, que produziu efeito direto e evidente.
O vínculo de causalidade não oferece maiores problemas quando a causa 
é simples. A dificuldade tende a ampliar-se quando houver mais de um 
fator concorrente para o evento. É o que se denomina concausa. É a situa-
ção em que uma (ou várias) circunstância (s) ou condição (ões) concorre 
(m) para o evento, sem que seja possível determinar qual delas foi a pre-
ponderante. 
Na apreciação e consequente elucidação das questões pertinentes, impor-
ta igualmente distinguir causa e condição. No dicionário Aurélio Buarque 
Ferreira, encontramos: “causa: aquilo que faz com que uma coisa exista 
(não há efeito sem causa)” e condição: “circunstância, particularidade, aci-
dente, que acompanhaum fato, uma situação”. 
Outro ponto de particular interesse para o presente estudo refere-se às 
Excludentes de Responsabilidade, que emergem da investigação sobre 
o nexo de causalidade entre a conduta do agente e o efetivo resultado 
danoso. É pertinente esclarecer que nem sempre o causador do dano deu 
origem a ele. Nem sempre o fator gerador do evento teve origem na ação 
ou omissão do agente.
Tais situações não ficam muito claras na apreciação da culpa, ou na busca 
da responsabilidade daquele que deveria reparar o dano. São eventos nos 
quais não é possível identificar com clareza os limites e as fronteiras. Para 
fundamentar essa inferência apresentamos, a seguir, algumas das situa-
ções mais comuns, que vão desonerar o agente de reparar os prejuízos.
Culpa (fato) exclusiva da vítima
Nesse caso, desaparece o nexo de causalidade entre a conduta do agente 
e o resultado. Em realidade, o causador do dano é apenas um instrumento 
do acidente, visto que sua conduta não pode ser considerada como cau-
sa do evento, pois não há relação de causa e efeito entre a conduta e o 
resultado. Enquadra-se, nesse tipo, o exemplo do suicida, que se atira em 
direção ao veículo, sofrendo danos corporais.
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UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Culpa concorrente
No caso da culpa concorrente não se pode precisar exatamente um 
único responsável pelo evento. O Código Civil contempla a questão 
em seu artigo 945: “Se a vítima concorreu culposamente para o evento 
danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade 
de sua culpa em confronto com a do autor do dano”. Não obstante, em 
se tratando de relação de consumo, o Código de Defesa do Consumidor 
não admite, como regra, a culpa concorrente. Caso haja, interpreta-se 
em favor do consumidor.
Culpa (fato) de terceiro
É simples entender que, se a culpa é de terceiro, não há porque buscar 
elementos a respeito da responsabilidade do agente. Todavia, há casos de 
difícil visualização nesse propósito. O terceiro deles aqui indicado é aquele 
que não se configura como vítima ou como agente, pois se trata de pessoa 
estranha a essa relação. De igual maneira, não se confunde com aquelas 
pessoas a quem a lei (Código Civil, art.932) atribui responsabilidade por 
fato de outrem.
O fato de terceiro, cujo condão é o de eliminar a responsabilidade do 
agente, há de ser aquele em que o nexo de causalidade está ausente por 
completo. Nesse caso, o terceiro será considerado como exclusivamente 
responsável; por isso não se aplica a noção de participação mitigada ou 
de alta relevância. Somente nesse diapasão é possível entender o fato de 
terceiro como excludente de responsabilidade.
Exemplo do fato de terceiro: uma pessoa está assistindo a um espetáculo 
circense quando uma bala de fuzil, rompendo a lona, atinge a cabeça da 
vítima. Não se poderá culpar o proprietário do circo pelo evento. Ele não 
poderia prever, nem evitar tal desfecho. 
Caso fortuito ou de força maior
Em nossos dias, está superada a discussão acerca da diferença entre o 
caso fortuito ou de força maior. O próprio legislador, no artigo 393, parágra-
fo único, do Código Civil os equipara como sinônimos, determinando-os 
como o fato necessário cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. 
Efetivamente comprovado o caso fortuito ou de força maior, estará afasta-
da a responsabilização.
O conceito, contudo, registra evolução. A ideia da defesa dos interesses cole-
tivos também exerceu influência nesse desenrolar. A Teoria do Risco, segundo 
a qual aquele que cria um risco, ainda que lícito, potencialmente gravoso para 
a sociedade tenha o dever de repará-lo, parece retirar da esfera do caso fortui-
to ou de força maior algumas hipóteses que lhe eram inerentes.
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UNIDADE 1
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
De todo modo, na apreciação da exclusão do nexo de causalidade, importa 
observarmos a circunstância de imprevisibilidade, intimamente ligada ao 
caso fortuito e o de inevitabilidade relacionado à força maior. Por abarca-
rem conceitos de carga subjetiva, não há direção única. A jurisprudência 
tem vindo em auxílio na resolução dos casos mais complexos. Exemplos de 
caso fortuito: queda de raio, vendaval, furacão etc.
Cláusula de não indenizar
A cláusula de não indenizar, obviamente situada na obrigação contratual, já 
que objeto de convenção entre as partes, só tem validade quando não desna-
turar a natureza mesma do contrato. Por exemplo: era comum nos lava-jatos, 
em postos de combustíveis, a seguinte inscrição: “Não nos responsabilizamos 
por danos causados aos veículos durante a lavagem”. Evidente que tal cláusu-
la não retira a responsabilidade do posto em caso de dano.
Uma cláusula de não indenizar adequada seria, por exemplo, a exclusão 
de uma cobertura numa determinada apólice de seguro, pois é da nature-
za de um contrato de seguro tantos os riscos cobertos, quanto os riscos 
excluídos.
Estado de necessidade
Nosso ordenamento trata do assunto no Código Civil, em seu artigo 
art. 188-II e arts.929/930. A deterioração ou destruição de coisa alheia, 
empreendida a fim de remover perigo iminente, não constitui ato ilícito. 
No parágrafo único do artigo 188, acrescenta o legislador que não se cogi-
tará de ilicitude, quando as circunstâncias tornarem absolutamente neces-
sária a destruição de coisa alheia. O requisito é que não sejam ultrapassa-
dos os limites do indispensável para a remoção do perigo. Por exemplo, 
quando o bombeiro arrebenta a porta de um apartamento para ter acesso 
a outro que está pegando fogo, com o objetivo de apagar o incêndio.
Legítima Defesa
Para efetivamente funcionar como excludente de responsabilidade, a legíti-
ma defesa, Código Civil art. 188-I, deve atender a alguns requisitos. A condu-
ta do agente deve ter por motivação a defesa a agressão atual ou iminente, 
estando presente a condição da absoluta impossibilidade de o agente pre-
venir ou obstar a ação, ou ainda de receber socorro, desde que esteja se 
defendendo de agressão injusta e que não tenha dado causa a ela.
Cumpre verificar a observância do emprego de meios adequados e pro-
porcionais à agressão sofrida. Por exemplo, quando para se defender de 
um roubo em sua residência, o proprietário descarrega sua pistola automá-
tica no ladrão. É possível que fosse necessário somente um ou dois tiros. 
É esse o espírito da lei.
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SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 
Exercício regular de um direito reconhecido
O Código Civil, também no art. 188-I, fundamentando-se no princípio de 
quem usa um direito seu não causa dano a ninguém, exclui a ilicitude de 
atos praticados no exercício regular de um direito. Importa, aqui, refletir 
sobre o abuso do direito, visto que, muitas vezes, não é fácil identificar os 
limites entre um e outro. 
Tal questão está prevista no Código em seu artigo 187: “Também comete 
ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente 
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos 
bons costumes”. 
Esse artigo, muitas vezes, sustenta causa de pedir contra seguradoras. 
Demora em autorizar reparos em oficinas, quando ultrapassado um con-
texto de razoabilidade; planos e condições gerais que não preenchem as 
expectativas dos segurados, expectativas essas caracterizadas no pros-
pecto de venda e outras situações similares, poderiam servir de exemplo.
Um exemplo direto de exercício regular de um direito reconhecido seria as 
cabeçadas que ocorrem entre zagueiro e atacante num jogo de futebol, 
causando até mesmo traumatismo craniano. Tal prejuízo não poderá ser 
objeto de ação no sentido de ressarcimento de prejuízos.
Estrito cumprimento do dever legal
Refletindo sobre o assunto em tela, situamo-nos na esfera da responsabi-
lidade do agente público, quando, nessa qualidade venha a causar dano a 
terceiro. A Constituição Federal é precisa em seu art. 37: 
“A administração

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