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Recuperação Extrajudicial (Arts. 161 a 167 LFR) 
 
 Constitui a recuperação judicial uma grande inovação da nova legislação de 
falência e recuperação de empresas, visto que pela antiga legislação falimentar a simples 
reunião entre credor e devedor para tratar de eventual plano de recuperação, era 
considerado um ato de falência. 
 
 A recuperação extrajudicial é circunstância “...plenamente válida a realização de 
acordos privados entre o devedor e seus credores, com o escopo de evitar a quebra, 
criando, assim, condições favoráveis à reestruturação da empresa em crise econômica e 
financeira. A lei, por outro lado, confere plena liberdade às partes – devedor e seus 
credores – para celebrarem esses pactos inominados, os quais poderão estipular qualquer 
objeto lícito para esses fins. A repactuação, desse modo pode ser global ou parcial das 
dívidas, adotando a feição de moratória (dilação do prazo de pagamento), de alteração 
das condições de pagamento ou de garantias, dentre outras...”. (Sérgio Campinho, 
Falência e Recuperação de empresa: O novo regime da insolvência empresarial, p. 148). 
 
 Temos então que a recuperação extrajudicial compreende modalidade de 
recuperação onde o empresário de forma extrajudicial convocará os seus credores para 
assembleia por ele organizada, onde irá expor a forma como pretende superar a crise que 
o assola. 
 
 
Condições gerais para a recuperação extrajudicial 
 
 A recuperação objeto do presente estudo, assim como a recuperação judicial 
poderá ser requerida pelo devedor que: (Art. 48 LFR) 
 
I) exerça regularmente as suas atividades há mais de 2 (dois) anos; 
II) não seja falido, ou se o foi, que suas obrigações já estejam extintas; 
III) não tenha, há menos de 5 anos, obtido concessão da recuperação judicial; 
IV) não tenha, há menos de 8 anos, obtido a concessão da recuperação especial, para 
micro e pequenas empresas; 
V) não tenha sido condenado ou não tenha, como administrador ou sócio controlador, 
pessoa condenada por crime falimentar. 
 
 Além disso, a recuperação extrajudicial não poderá ser requerida se estiver 
pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou 
homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos. (Art. 
161, § 3º LFR) 
 
 O plano também não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem 
tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos. (Art. 161, § 2º LFR) 
 
 Entretanto, tal plano não abrangerá a todos os credores deste devedor, pois 
determina a legislação que o plano não poderá abranger aos créditos de natureza 
tributária, derivados da legislação do trabalho e acidentes do trabalho. 
 
 Também não haverá inclusão dos créditos que não podem fazer parte de uma 
recuperação judicial como (Art. 161 § 1º cumulado com Art. 49, § 3º e art. 86, II, da 
LRF): 
 
a) os créditos titularizados pelo proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis; 
b) o crédito do arrendador mercantil; 
c) o crédito de proprietário do promitente vendedor de imóvel onde contenham os 
contratos cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações 
imobiliárias; 
d) o crédito do proprietário do bem em contrato de reserva de domínio; 
 
 Não estarão inclusos também os valores decorrentes da importância entregue ao 
devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio 
para exportação. (Art. 161, § 1º, c/ Art. 49, § 4°, c/ art. 86, II, LFR) 
 
 
 
 
 
 
 
Homologação do Plano em Juízo. 
 
 Prevê a lei a existência de dois tipos de recuperação extrajudicial, a recuperação 
extrajudicial de homologação facultativa, e a de homologação obrigatória. 
 
 
Homologação Facultativa 
 
 O plano de recuperação extrajudicial de homologação facultativa será aquele em 
que existe a anuência de todos os credores, ou seja, durante a assembleia geral de 
credores, houve aprovação de todos aqueles presentes. 
 
 Nesta hipótese a homologação será meramente facultativa, pois como existe a 
anuência total dos credores, não será necessária a homologação em juízo para que estes 
estejam obrigados ao cumprimento. Caso ocorra tal homologação, a referida recuperação 
extrajudicial estará apenas revestida de uma maior formalidade. 
 
 O devedor, caso tenha interesse nessa formalidade, poderá requerer a 
homologação em juízo do plano de recuperação extrajudicial, juntando sua justificativa e 
o documento que contenha seus termos e condições, com as assinaturas dos credores que 
com o plano concordaram. (Art. 162 LFR) 
 
Homologação Obrigatória 
 
 Já o plano de recuperação extrajudicial de homologação obrigatória, consiste 
naquele em que após a realização da assembleia, verificou-se que não houver aprovação 
da totalidade dos credores presentes. 
 
 Todavia neste caso, a homologação poderá mesmo assim ocorrer desde que exista 
aprovação de no mínimo 3/5 de cada espécie de crédito por ele abrangido. 
 
 
 
 
 Neste caso, os credores serão divididos nas seguintes categorias: 
a) créditos de garantia real; b) créditos de privilégio especial; c) créditos de privilégio 
geral; d) crédito quirografário; e) créditos subordinados. 
 
 Sendo assim, o plano de recuperação extrajudicial só será aprovado se tiver adesão 
de credores titulares de pelo menos 3/5 desses credores. 
 
 Duas observações são importantes aqui analisarmos no que concerne à 
homologação do plano de recuperação extrajudicial. 
 
 Os créditos em moeda estrangeira serão convertidos em moeda nacional pelo 
câmbio da véspera da data de assinatura do plano, e os credores sócios não terão seus 
votos computados. (Art. 163, § 3º, I e II LFR) 
 
 Além, diferentemente do que ocorre na homologação facultativa onde a juntada 
do acordo é suficiente para sua homologação, nesta homologação além da comprovação 
de aprovação dos credores, necessário se faz a junta de: 
I - Exposição da situação patrimonial do devedor; 
II – As demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as levantadas 
especialmente para instruir o pedido; 
III – os documentos que comprovem os poderes dos subscritores para novar ou transigir, 
relação nominal completa dos credores, com a indicação do endereço de cada um, a 
natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o 
regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada 
transação pendente. 
 
 
 
 
 
 
Manifestação dos credores 
 
 O juiz, após recebimento dos pedidos de homologação deverá ordenar a 
publicação de edital com anúncios na imprensa oficial e em jornal de grande circulação, 
convocando os credores para no prazo de 30 (trinta) dias oferecerem impugnações, caso 
entendam necessário. (Art. 164 caput e §2º LFR) 
 
 No prazo previsto no edital, deverá o devedor comprovar o envio de carta a todos 
os credores sujeitos ao plano, informando a distribuição do pedido, as condições do plano 
e o prazo para impugnações. (Art. 164, §1º LFR) 
 
 As impugnações só poderão versar sobre as seguintes matérias: 
I) não preenchimento do quórum de 3/5 de aprovação do plano; 
II) prática de ato de falência (Art. 94, III LFR), ou prática de atos revogáveis os atos 
praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre 
o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida; 
III) descumprimento de qualquer outra exigência legal. 
 
 Havendo a apresentação de qualquer impugnação, o juiz concederá o prazo de 5 
(cinco) dias para o devedor se manifestar. (Art. 164, § 4º LFR) 
 
 Decorrido o prazo mencionado acima, os autos serão conclusos imediatamente ao 
juiz para a apreciação de eventuais impugnações e após 5 (cinco) dias deverá decidir 
acerca da homologação por sentença do plano de recuperação judicial. (Art. 164, § 5º 
LFR) 
 
 Da sentença cabe apelaçãosem efeito suspensivo. (Art. 164, § 7º LFR) 
 
 Na hipótese de não homologação do plano o devedor poderá, cumpridas as 
formalidades apresentar novo pedido de homologação do plano de recuperação 
extrajudicial. (Art. 164, § 8º LFR)

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