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Princípio da Presunção de Inocência e Execução Antecipada da Pena

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL
Resenha Crítica de Caso: Princípio da presunção de inocência e prisão após condenação em segunda instância
ANDERSON ZANETTI
Trabalho da disciplina: AS REFORMAS PROCESSUAIS PENAIS
Tutor: Prof. (MILAY ADRIA FERREIRA FRANCISCO)
PETRÓPOLIS RJ 
2020
O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E A EXECUÇÃO ANTECIPADADA PENA EM SEGUNDA INSTÂNCIA
Princípio da presunção de inocência e prisão após condenação segunda instância.
Disponível em < http://pos.estacio.webaula.com.br/Biblioteca/downloadArquivo.asp > Acesso em: 30 de márcio de 2020.
O caso em questão aborda sobre o princípio da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/88) e a possibilidade ou não da execução antecipada da pena após sentença condenatória em s egunda instância, levando em conta que já houvera m quatro momentos em que os entendimentos jurisprudenciais do Supremo Tribunal Federal foram modificados, sendo o primeiro em 1988 com a CF /88, em que havia a possibilidade da prisão em decorrência de não violar o princípio constitucional (H abeas Corpus n. 68.726, de 1991), em 2009 (Habeas Corpus 84.078-7) a prisão foi considerada inconstitucional, já e m 2016 houve a ementa do Habeas Corpus 126.292 voltando ao entendimento tradicional, entretanto em 2018 o fato voltou a ser discutido no Habeas Corpus nº 152.752 e considerado inconstitucional novamente. Assim, antes de analisar o caso é mister esclarecer acerca das s eguintes questões:
O direito se expressa por meio de normas, e essas através de regras ou princípios. As regras são apenas uma conduta descritiva, que diz como uma ação deverá ser conduzida. Já os princípios, na lição doutrinária de Amaral (2005, p. 445), “[...] são pensamentos diretores de uma regulamentação jurídica, critérios para a ação e para a constituição de normas e de institutos jurídicos [...]”. Sendo assim, são diretrizes gerais do ordenamento jurídico, que servem para fundamentar e interpretar as demais normas de forma mais ampla. Desta forma, no âmbito mais especifico dos princípios do processo penal, existem aqueles que estão previstos na constituição, que segundo a professora Milay Adria Ferreira Francisco na aula 2 do presente Curso de Pós Graduação sobre os princípios constitucionais penal, afirma que eles funcionam “[...] como elementos limitadores dos poderes do Estado, assegurando ao acusado garantias frente à atuação punitiva estatal, em consonância com o sistema processual acusatório [...]” (2019, p.19 e 20). Logo os princípios constitucionais do processo penal são garantias que limitam o arbítrio do Estado em punir, de modo a garantir plena efetividade aos direitos individuais assegurados na Constituição Federal, tudo em favor da tutela da imunidade dos inocentes Como é o caso do princípio da presunção de inocência (artigo 5º, inciso LVII, da CF/88) que assegura: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória” (BRASIL, 1988, p.16). Dessa maneira tem-se o trânsito em julgado como “[...] a sentença penal condenatória, ou seja, a decisão de que não mais cabe recurso, é a razão j urídica suficiente para que alguém seja considerado culpado. [...]” (COELHO apud CRETELLAJÚNIOR, 1990, p. 537). Entende-se com isso que o trânsito em julgado seria o fato que impede que a decisão seja objeto de recurso, pois enquanto pendente qualquer recurso não há o que se falar em iniciar o cumprimento da sentença penal condenatória. Ademais, ao lado da presunção de inocência o art. 283 do CPP dispõe que não há previsão de prisão automática após o esgotamento da segunda instância, mas apenas em caso de flagrante delito, prisão cautelar ou prisão como decorrência de sentença condenatória transitada em julgado (pena). À vista disso, ambos preconizam que a liberdade do acusado não poderá ser restringida antes da sentença definitiva, pois seria uma violação ao direito à liberdade do indivíduo.
E com base na análise do princípio da presunção de inocência e sua aplicabilidade no processo penal quanto a execução antecipada da pena após sentença condenatória em segunda instância, o Supremo Tribunal Federal foi responsável por gerar jurisprudências a favor e contra a prisão com base na inconstitucionalidade desta. Contudo o atual entendimento do STF proferido no dia 07/11/2019, ao julgar as Ações D declaratórios de Constitucionalidade 43, 44 e 54 retornou ao entendimento de que o cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos, sendo então, proibida a execução provisória da pena, j á que o processo judicial deve se esgotar antes da prisão do réu. 
Diante do caso apresentado nota-se, que se trata de uma violenta inconstitucional idade atribuir no s segundo grau de jurisdição a possibilidade de prisão provisória do réu. Ou seja, só pode haver o aprisionamento por decisão de culpabilidade após o término do processo, caso contrário irá ferir o princípio da presunção de inocência e consequentemente a Constituição Federal. 
 Portanto, passados os demais fatos apresentados, o caso ora resenhado traz grande contribuição para o estudo dos princípios constitucionais do processo penal, indicando-se a leitura do caso as pessoas leigas ao assunto e aos curiosos operadores e estudantes de Direito que buscam entender melhor a problemática. 
Não há qualquer dúvida de que a presunção de inocência configura verdadeira garantia individual, fundamental para a ocorrência de um processo penal democrático e justo, irradiando seus postulados por toda a persecução penal, desde a investigação, até o final do processo. De modo que, segundo seu postulado, todas as pessoas têm direito de ser tratadas como se inocentes fossem, até o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Referências:
AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil De 1988. Brasília: Site do 
Planalto, publicado 5 de outubro de 1988. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em: 05
de fevereiro de 2020.
COELHO, Pablo Martins Bernardi. A Prisão após Segunda Instância e o Princípio da 
Presunção de
Inocência e não Culpabilidade. In Revista Eletrônica da Faculdade de Direito de Franca. 
Junho de 2019. Disponível em: < 
https://www.revista.direitofranca.br/index.php/refdf/article /view/825/pdf> 05 de fevereiro de 
2020.
DIAS, Fábio Coelho. Princípios constitucionais à luz do Direito Processual Penal 
Brasileiro. In  mbito Jurídico. Outubro de 2010. Disponível em: < 
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-81/principios-constitucionais- a-luz-do-direito-
Processual-penal-brasileiro/> Acesso em: 05 de fevereiro de 2020.
FRANCISCO, Milay A dria Ferreira. As Reform as Process uais Penais. Outubro de 2019. 
Disponível em: 
<Http://pos.estacio.webaula.com.br/Biblioteca/Acervo/Basico/POS701/Biblioteca_46830/Bibl
ioteca_46830.pdf> Acesso em: 05 de fevereiro de 2020

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