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PETIÇÃO_SEÇÃOV_PENAL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO JÚRI DA COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG.
	LÚCIO TEIXEIRA, brasileiro, casado, médico, RG nº ____,, nos autos da AÇÃO PENAL PÚBLICA nº____, que move o MINISTÉRIO PÚBLICO, por suposta transgressão proibitiva subjacente ao preceito incriminador telegrafado no Art. 121, caput, do Código Penal, vem, a ínclita presença de Vossa Excelência, por seu Advogado, abaixo assinado, e com endereço profissional no rodapé, nos termos do Art. 411, § 4º, c/c § 3º do Art. 403, ambos do CPP, apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS, sob a forma de memoriais, passando a expor, ponderar e requerer o que segue.
I – SÚMULA DA DENUNCIA
	Segundo se depreende da inicial acusatória, com base em IP, supostamente, no dia 14 de dezembro de 2018, às 12h45min, uma paciente foi submetida pelo acusado a procedimento estético, consistente na realização de uma bioplastia de glúteos, com aplicação de 200ml de silicone em ambas as nádegas.
Narra a denúncia que após a conclusão do procedimento, a vítima não estava se sentindo bem, apresentando quadro de vômito e palidez, fatos estes que, fizeram com que o acusado acompanhasse a paciente até o hospital para que seu quadro de saúde fosse confirmado. 
Após uma denúncia anônima, promovida através do número 181, a autoridade policial iniciou as investigações, localizando a vítima em um dos hospitais da Capital Mineira, em estado crítico de saúde, vindo a falecer às 03h do dia 18/12/2018. 
 
Textua ainda a peça incoativa, que o procedimento foi realizado em um quarto localizado no apartamento em que o acusado residia com sua família. 
Por tais razões, o Ministério Público ofereceu denúncia contra o acusado, imputando-o como incurso na norma penal incriminadora do art. 121, caput, do Código Penal.
II - PRELIMINAR – NULIDADE DO PROCESSO POR CERCEAMENTO DE DEFESA. 
A) NÃO INTERROGATÓRIO DO RÉU – AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO
Preliminarmente, argui a nulidade processual absoluta do processo, por haver nítido cerceamento de defesa. 
De logo, a primeira nulidade diz respeito a não intimação do acusado para fins de comparecimento à audiência de instrução e julgamento. No caso em tela, uma vez ocorrida a não intimação do acusado, deveria este MM Juízo suspender a assentada, e remarcar a audiência. 
Ressalta-se ainda, que a única hipótese de a audiência ocorrer, seria na hipótese de o acusado, uma vez regularmente intimado, não comparecesse à audiência, situação em que seria aplicada no mesmo os efeitos da revelia, nos termos do art. 367 do CPP, o que não se verifica. 
Nessa linha, ausência de interrogatório do acusado, temos afronta ao art. 5, LIV e LV da CF/88, violação ao princípio do contraditório e à ampla defesa.
B) NÃO ADMISSÃO DE ASSISTENTE TÉCNICO E PERITO
Consoante consta dos autos, a defesa requereu nos termos do art. 159, §§3º, 4º e 5º do CPP, pedido de admissão de assistente técnico, bem como a oitiva do Dr. Clésio em audiência, para poder questionar as conclusões do laudo, em razão de graves contradições, que, no caso, seriam de extrema importância para fins de embasamento de tese da defesa. 
Contudo, em que pese a defesa haver demonstrado a imprescindibilidade da admissão de assistente técnico e da oitiva do perito oficial, este MM Juízo, entendeu pelo indeferimento, sob o argumento de que o laudo pericial seria extremamente claro, não pairando quaisquer dúvidas sobre a veracidade de seu conteúdo. 
Diante disso, o Juízo prosseguiu com a audiência, e instruiu o processo, sem haver tomado o interrogatório do acusado, violando, de sobremodo, a ampla defesa, direito constitucionalmente garantido. 
Face ao exposto, irrefutável que este Juízo reconheça as nulidades ora levantadas, para que, uma vez as acolhendo, sejam declarada as nulidades arguidas, por ser medida de Justiça. 
Eventualmente, na hipótese de este Juízo assim não entender, passa a seguir a análise do mérito. 
III - DO MÉRITO: NECESSIDADE DE DESCLASSIFICAÇÃO – AUSÊNCIA DE DOLO DIRETO/EVENTUAL
	Conforme restou dito na resposta à acusação, o Ministério Público neste processo imputa ao acusado a conduta dolosa de ter, mediante atos inerentes à sua prática laboral, ser o responsável pela morte de uma paciente, consoante adrede mencionado na súmula da denúncia. 
 
Deveras, não há nos autos qualquer elemento seguro para corroborar as alegações constantes na peça acusatória. Efetivamente, perscrutando-se com sobriedade e comedimento a prova de índole inculpatória produzida no dedilhar da investigação, tem-se que a mesma se centra e se resume na perfunctória conclusão de haver sido o fato praticado sob o manto da conduta culposa, vejamos:
A teoria geral do Direito Penal, estabelece que o dolo é composto por um elemento volitivo (vontade) + elemento cognitivo (consciência). Ainda, a teoria geral estabelece, em apertada síntese, e de modo objetivo, que o dolo se divide em dolo direito (1º ou 2º grau) e dolo indireto (eventual). 
No primeiro caso, dolo direto, o agente busca a produção do resultado, no caso em tela, o resultado morte, ou ainda, não se importa com sua ocorrência, sendo indiferente a seu resultado, dolo indireto/eventual. 
Por sua vez, ainda com base na melhor doutrina, por muitas vezes, as denúncias apresentadas costumam, data vênia, imputar acusações de condutas dolosas quando, em verdade, o que se tem apenas é o registro de uma conduta culposa, em especial, a culpa consciente. 
Com efeito, no caso em testilha, da narração dos fatos descritos na denúncia, temos que nitidamente a conduta atribuída ao acusado se trata de uma conduta culposa. 
Na culpa, os fins perseguidos pelo agente com sua conduta são sempre lícitos, contudo, por imprudência, imperícia ou negligência, um resultado não querido pelo agente, e que não assumiu o risco é produzido. 
Obviamente, dos fatos narrados, encontramos todos os elementos caracterizadores do crime culposo, no caso, em sua modalidade de “culpa consciente”. 
Nessa senda, para demonstrar com precisão a culpa consciente do acusado, fazemos, por interpretação analógica, remissão à conceituação da culpa consciente prevista no art. 33, II do Código Penal Militar (Dec-Lei 1.001/69):
Art. 33 CPM . Diz-se o crime:
Culpabilidade
 I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias, não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia evitá-lo. 
Entrementes, o caso em analise apresenta o preenchimento de todos os requisitos acima descritos. 
Assim, resta sobejamente demonstrado que o acusado não agiu com dolo, pois tinha fins lícitos com sua conduta e, ainda que de modo leviano, supôs que o resultado mais grave não ocorreria, ou que, ocorrendo, poderia evita-lo, como o fez, levando a vítima, de imediato, para um dos hospitais da Capital Mineira. 
Melhor dizendo: Não há ilicitude penal alguma em submeter paciente a procedimento estético, apenas havendo, por um infortúnio, ausência de inobservância de regra técnica inerente à profissão. 
Portanto, irrefutável os argumentos e requisitos de caracterização da conduta culposa. 
Deste modo, não havendo que se falar em conduta dolosa, não há, por conseguinte, que se falar em julgamento do presente caso pela E. Tribunal do Júri, requerendo o reconhecimento da desclassificação do crime de doloso para culposo.
Por força de atração legislativa, sendo a conduta do acusado culposa, nos termos do Art. 419 e 74 §§ 2º e 3º do CPP, requer, sejam ao autos remetidos ao Juiz singular, para fins de julgamento.
IV - DOS PEDIDOS. 
Face ao exposto, requer seja reconhecida e acolhidas as preliminares arguidas no item “II” desta petição, para declarar nulo o processo a partir da audiência de instrução de julgamento e, caso assim não entenda, que no mérito, acolha o pedido de desclassificação do crime de homicídio doloso para culposo, com a consequente remessa dos autos ao Juízo competente,nos termos dos arts. 419 e 74, §§ 2º e 3º do CPP, por ausência efetiva de dolo do acusado, por ser medida da mais lídima e cristalina Justiça! 
 
Pede deferimento. 
Belo Horizonte, 21 de junho de 2019. 
 
Advogado - OAB/UF ____

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