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PETIÇÃO_ESTÁGIOSUPERVISIONADO2_SEÇÃOII_TRABALHISTA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 1º VARA D TRABALHO DA CIDADE DE PELOTAS – RIO GRANDE DO SUL
PROCESSO Nº 000.1022-20.2019.504.0001
AZ Automóveis S/A, já qualificado nos autos do processo sob o número em epigrafe, por sua procuradora que junta neste ato instrumento de procuração, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência para apresentar defesa na forma de CONTESTAÇÃO À RECLAMATÓRIA TRABALHISTA que lhe move Miguel Antônio dos Santos, também já qualificado nos autos pelos fatos e fundamentos de direito que a seguir passa a expor: 
I – PRELIMINARMENTE
DA IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
Excelência, tendo em vista as novas disposições do NCPC, não mais se faz necessário interpor peça apartada quando da impugnação ao pedido de AJG do reclamante, conforme Art. 337 XIII, da Lei 13.105/2015, vejamos: 
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
No âmbito do processo do trabalho, este benefício somente pode ser concedido quando presentes e atendidos os requisitos exigidos pelo artigo 14 da Lei nº 5.584/70, motivo pelo qual, não estando presentes esses requisitos, deve ser indeferida a concessão deste benefício a reclamante. Salienta-se ainda que o artigo 133 da CF de 1988 não revogou a referida Lei, tampouco, o “ Jus Postulandi ”, próprio do processo do trabalho, assegurado pelo artigo 791 da Consolidação Das Leis Do Trabalho.
Com efeito a reclamante está empregado, auferindo a remuneração de 5.000.00, cinco mil reais, que é superior ao limite estabelecido no artigo 790 §3º, da CLT.
Não pode ser desvirtuada a natureza do benefício da gratuidade judiciaria, visto que destinada a pessoas sem possibilidade de sustento próprio e de sua família, não sendo este o caso da demandante.
Assim, em sede preliminar, requer-se o indeferimento do pedido de AJG.
II – DOS FATOS E DOS DIREITOS
O diretor do departamento jurídico da empresa, Sr. Carlos Alves, entregou documento em que o trabalhador renúncia, espontaneamente, o direito de recebimento do vale transporte. Também entregou um mapa contendo os horários das linhas de ônibus que chegam na empresa e nela se verifica que o último horário era às 23:45 horas. Por fim, apresentou documentos relativos a uma investigação interna da empresa que demonstra que o local em que o trabalhador sofreu o acidente não fazia parte do seu trajeto habitual, quando vindo de sua residência. A conclusão do relatório é de que ele deveria chegar ao estabelecimento comercial não pelo bairro em que sofreu o acidente, mas pelo outro lado da cidade, acessando a empresa pela Av. Ramiro Faria, o que não foi feito no dia do infortúnio. O Sr. Carlos Alves confessa que ficou profundamente decepcionado ao saber que o Sr. Miguel ajuizou reclamação trabalhista. Afirma que sempre o ajudou na empresa, inclusive a obter um novo emprego, após a rescisão do seu contrato de trabalho com a AZ Automóveis. Aduz que atualmente o reclamante recebe mensalmente quantia superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
 
A) ACIDENTE DE TRAJETO –RESPONSABILIDADE CIVIL
O primeiro tema a ser contestado é a inexistência de acidente de trajeto equiparável a acidente de trabalho. O argumento básico é o relatório apresentado pelo diretor jurídico da empresa, que demonstra que o obreiro não fazia seu trajeto habitual casa/trabalho no momento do acidente de trânsito. 
Além disso, tenho a prova documental que demonstra que o horário de trabalho era compatível com o uso de transporte público regular. Assim, o uso de motocicleta foi uma opção do trabalhador, como se denota também do termo de renúncia ao vale transporte por ele assinado.
Deve-se refutar a aplicação da responsabilidade civil objetiva. O argumento básico é no sentido de que a atividade de operador de produção não era arriscada, sendo que dirigir motocicleta não fazia parte das suas funções. Além disso, não se vislumbra qualquer ação ou omissão da empresa relativa ao acidente de trânsito, assim como inexiste nexo de causalidade.
Ademais, não se pode olvidar das informações constantes no Boletim de Ocorrência. Nele há relato de que o acidente se deu em razão do motorista do automóvel ter avançado o sinal vermelho. Além disso, ele estava embriagado. Tal prova deve ser invocada para sustentar a existência de fato de terceiro, que é excludente da reparação civil.
A reclamante também deve refutar o valor a título de indenização por danos morais. O art. 223-G, §1º, inciso III, da CLT, prevê 20 (vinte) vezes a última remuneração do empregado como teto para a indenização, podendo ser arbitrada em patamar bastante inferior.
Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017).
B)                 ESTABILIDADE NO EMPREGO
No tocante à estabilidade no emprego ou indenização substitutiva, a pretensão fica afastada pelo uso dos mesmos fundamentos que descaracterizaram o acidente como sendo de trabalho. Por não ter esta natureza jurídica, não há amparo na legislação pátria para o direito à estabilidade. 
C)                 GRATUIDADE JUDICIÁRIA
No que diz respeito ao pedido de gratuidade judiciária, deve-se invocar informações passadas pelo diretor jurídico da empresa, no sentido de que atualmente o reclamante está empregado, auferindo remuneração de R$ 5.000,00, que é superior ao limite estabelecido no art. 790, §3º, da CLT.
Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017).
D)                HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
 O argumento é de que a previsão contida no art. 791-A, da CLT (introduzido pela da Lei n. 13.467/17) é objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI n. 5766).
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017).
III – DA IMPUGNAÇÃO DOS PEDIDOS
1- Protesta por todos os meios de provas em direito admitido, em especial depoimento pessoas do reclamante e testemunhal.
2- Isto posto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente CONTESTAÇÃO, bem como sua apreciação para acolher a preliminar e indeferir a AJG ao reclamante, bem como julgar improcedente a presente demanda, com extinção do feito com resolução de mérito, condenando o reclamante ao pagamento das custas processuais.
3- No que tange aos honorários assistências, nota-se que o procurador do reclamante não cumpre os requisitos legais para tal recebimento restando que diante o JUS POSTULANDI inexiste a figura dos honorários de sucumbência. 
Nestes termos, pede deferimento.
XX/XX/XXXX
PELOTAS – RIO GRANDE DO SUL
ASSINATURA DO ADVOGADO
OAB XXXXXXXXXX

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