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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL – PUCRS
ESCOLA DE DIREITO
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Dr.Elias Grossmann
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
1. Definição
1.1 Perspectiva histórico-sociológica:
· Aspiração geral à paz e ao progresso das relações pacíficas;
· Necessidades precisas e limitadas relativas à questões particulares.
1.1.1 Evolução Histórica:
· Antiguidade:
Cooperação entre coletividades políticas independentes:
ANFICTIONIAS: associação entre cidades gregas constituídas para proteger um santuário
· Entre 1815 (Congresso de Viena) - 1914 (I Guerra Mundial)
 A característica principal deste período é que não existiam instituições permanentes no campo político. Quando surgiam problemas políticos de maior importância, eram convocadas conferências diplomáticas.
· Até 1919 se limitam à cooperação internacional em matéria administrativa, e são então designadas por UNIÕES ADMINISTRATIVAS
Uniões Administrativas/ Comissões Fluviais
· Comissão Internacional do Reno – Tratado de Paris de 1814 e do Ato Geral do Congresso de Viena, 1815
· Comissão Internacional do Danúbio – Tratado de Paris de 1856
· Instrumentos de cooperação:
· 1865 - União Telegráfica Internacional 
 (1. Organização verdadeiramente internacional de Estados)
· 1874 - União Postal Universal 
· 1883 – União para a Proteção da Propriedade Intelectual
· Entre as duas grandes guerras (1919 - 1939)
· O Tratado de Versalhes, de 28 de junho de 1919, - entre muitas outras disposições importantes - os instrumentos constitutivos da
· Liga das Nações;
· Organização Internacional do Trabalho;
· Corte Permanente de Justiça Internacional.
· De 1945 até nossos dias
· Em 26 de junho de 1945 é assinada a Carta das Nações Unidas (em vigor: 24 out. 1945)
· Este período é marcado por um estilo particular nas Organizações Internacionais: 
· o universalismo(mais importante)
· o regionalismo (mais importante)
· o funcionalismo
1.2 Perspectiva técnico-jurídica:
· Se refere a estrutura, a maneira como está organizada a sociedade internacional
· Diz respeito às Organizações Internacionais em concreto
· Elementos indispensáveis:
· Caráter interestatal
· Base voluntária
· Órgãos permanentes
· Vontade autônoma
· Competência própria
· Cooperação entre seus membros
1.3.Conceito:
 “Organização internacional é uma associação voluntária de sujeitos de direito internacional, constituída por ato internacional e disciplinada nas relações entre as partes por normas de direito internacional, que se realiza em um ente de aspecto estável, que possui um ordenamento jurídico interno próprio e é dotado de órgãos e institutos próprios, por meio dos quais realiza as finalidades comuns de seus membros mediante funções particulares e o exercício de poderes que lhe foram conferidos. ” (Angelo Piero Sereni)
 Manuel Diez de Velasco (1999:45) define OI como "unas asociaciones voluntarias de Estados establecidas por acuerdo internacional, dotadas de órganos permanentes, propios y independientes, encargados de gestionar unos intereses colectivos y capaces de expresar una voluntad jurídicamente distinta de la de sus miembros."
Uma organização sempre tem um proposito, essas org. sempre expressam um ponto diferente.
2. Classificação das Organizações Internacionais 
OBS.: os aspectos apresentados abaixo não são exaustivos.
2. 1 Quanto à participação:
a) Universais: Não têm limitação geográfica para que um Estado venha a ser seu membro (princípio da inclusão); (mais estados façam parte)
b) Regionais, restritas ou cerradas: somente um número limitado de Estados podem participar (princípio da exclusão).
2.2 Quanto à matéria sobre a qual versa a cooperação:
a) Com competência geral: quando se estime útil e oportuno. Ex.: ONU
b) Com competências especiais: o tratado prevê a cooperação em setores definidos:
· econômicos: FMI
· militares: OTAN
· sociais: OIT
· Científicos: UNESCO
· Técnicos: OACI
2.3 Quanto à natureza dos poderes exercidos:
 a) Org. Intergovernamentais: (ex: mercosul, ONU)
· os órgãos são constituídos por representantes dos Estados
· as decisões são tomadas por unanimidade ou maioria qualificada 
b) Org. Supranacionais: (mais importante é a união européria, e depois CECA- comunidade europeia do carvão e do aço, EURATOM)
· existem órgãos em que os titulares atuam em nome próprio e não como representantes dos Estados;
· nas decisões adota-se a forma majoritária
· as decisões dos órgão legislativos e judiciais são diretamente exeqüíveis no interior dos Estados membros.
5. Os órgãos das Organizações Internacionais
· As OI, assim como os Estados, são pessoas jurídicas e, portanto, atuam pode meio de seus órgão. A estrutura varia de acordo com as finalidades das OI.
· Os órgãos das OI são fixados nos tratados que as cria; todavia, nada impede que outros sejam criados, posteriormente, como órgãos subsidiários.
· Geralmente apresentam uma estrutura tripartite: 
1 - Uma Assembléia (todos os membros representados)
2 - Um Conselho (órgão executivo onde estão representados apenas alguns Estados)
3 - um Secretariado (encarregado da parte administrativa)
6. As competências das Organizações Internacionais
a) dispõem de competências próprias em uma série de matérias a fim de satisfazer os interesses comuns dos Estados membros. Tais competências se atribuem às Org. Internacionais no tratado institutivo. (Competências de atribuição)
b) O tratado institutivo também poderá conceder competências de modo implícito (Competências implícitas), que resultam de uma concepção teleológica e não formalista. Trata-se de interpretar as regras convencionais com base nos princípios da razoabilidade e do efeito útil.
· Capacidade para concluir tratados (treaty making power):
· Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais. (Viena, 18.02 a 21.03 de 1986)
· Resolução 2501 (XXIV) da AG da ONU, em 12.11.69, sobre a celebração de tratados por Org. Intern.
7. A representação dos Estados ante as OI de caráter universal:
· A diplomacia multilateral encontra duas grandes manifestações:
 a) através de conferências internacionais
 b) Organizações Internacionais
 b.1 - Delegações dos Estados nos distintos órgãos: depende do tratado institutivo, tem um fundamento funcional e compreende a inviolabilidade pessoal, a imunidade de jurisdição por atos realizado no exercício de suas funções e escassos privilégios fiscais e aduaneiros.
 b.2 - Missões Permanentes ante as OI
b.2 - Missões Permanentes:
· As relações são triangulares, vez que não afetam somente o Estado que envia, mas também o Estado sede da OI (Estado Hóspede), que deve conceder os privilégios e imunidades.
· O Estatuto das missões permanentes e de seus membros se desprende de um certo modo da legislação interna, tratados internacionais e diferentes regras de direito consuetudinário. Assemelha-se com as missões permanentes. 
· Direito de legação: 
· Convenção de Viena sobre a representação dos Estados ante as Organizações Internacionais de caráter universal (13 de março de 1975)
· O Direito de Legação das OI pode ser ativo e passivo.
· Se as regras da Organização permitem, os Estados membros poderão estabelecer missões permanentes nas OI, mas não poderão recusar a criação de uma missão em particular.
· Alguns Estados possuem missões permanentes na sede da ONU, OEA, UE
Obs.: OI também enviam missões permanentes ante outras OI. Ex.: OEA, UE têm enviado “observadores” junto à ONU.
· Privilégios e Imunidades:
· Imunidade de Jurisdição: a organização e seus bens não podem ser submetidos a nenhum ato de procedimento jurisdicional interno se não houve renuncia a imunidade. 
· Os “locais”, arquivos e documentos são invioláveis
· Gozam de imunidades fiscais (impostos diretos, taxas aduaneiras etc.)
8. Responsabilidade Internacional
· Subjetividade Internacional:
 a) passiva: possibilidade de sofrer diretamenteresponsabilidade internacional pelo não cumprimento de obrigações
 b) ativa: possibilidade de reclamar no plano internacional quando se é vítima de uma violação de direitos.
 OBS.: A R.I. está limitada ao reconhecimento da personalidade jurídica da OI e deriva desta.

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