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COMO FAZER GESTÃO DE OBRAS DO ZERO P O R W A N E S S A F A Z I N G A SUMÁRIO Prefácio 2 Capítulo 01 - Por que as obras dão errado? 6 Capítulo 02 - Em que pontos da obra precisamos melhorar? 11 Capítulo 03 - Planejando o essencial 14 Capítulo 04 - Fazendo as metas fluírem 16 Capítulo 05 - Usando ferramentas visuais para comunicar metas 18 Capítulo 06 - Controlando o cumprimento dos planos 20 Capítulo 07 - Ferramentas visuais no controle 22 Capítulo 08 - Como controlar a qualidade dos serviços executados 24 Capítulo 09 - Lista de Restrições 27 Capítulo 10 - Gestão da Compra dos Materiais 31 Capítulo 10 - Curva ABC 33 Capítulo 12 - O ciclo planejamento - operação – controle funciona 35 Conclusão - Encontre motivação para gerenciar 37 2 E-BOOK COMO FAZER GESTÃO DE OBRAS DO ZERO Prefácio Por que gerenciar sua obra? Certa vez li em um artigo as habilidades do profissional do futuro. Neste artigo dizia que quanto mais olhamos para o futuro, mais percebemos que o ritmo acelerado do mercado de trabalho exigirá de todos nós, profissionais, um conjunto de habilidades essenciais. Dentro dessa lógica, enquanto alguns trabalhos desaparecerão; outros, sequer existentes, logo se tornarão comuns. Buscando compreender quais habilidades serão fundamentais para prosperar no mercado de trabalho do futuro, o autor do artigo em questão questionou especialistas em recursos humanos e em gestão estratégica das maiores empresas do mundo. Como resultado da pesquisa foi lançado um relatório e neste documento foram reveladas as 10 habilidades que os profissionais deverão possuir nos próximos anos para não sucumbir no mercado de trabalho. São elas: 1. Flexibilidade cognitiva; 2. Negociação; 3. Orientação de serviço; 4. Julgamento e tomada de decisões; 5. Inteligência emocional; 6. Coordenação com os outros; 7. Gestão de pessoas; 8. Criatividade; 9. Pensamento crítico; Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 3 10. Resolução de problemas complexos Tá bom Wanessa, mas por que você está me dizendo isso? Aonde você quer chegar? Muito bem, vamos lá. Analise com calma cada um destes dez itens listados acima. A flexibilidade cognitiva envolve ampliar as maneiras de pensar. Envolve imaginar diferentes caminhos para resolver os problemas que surgem diante de nós. A habilidade compreende expandir os interesses pessoais e profissionais, sair da zona de conforto e se relacionar com pessoas que desafiam suas visões de mundo. Com a ascensão das máquinas no mercado e a consequente automação do trabalho, as habilidades sociais serão mais importantes do que nunca no futuro, logo quem não souber negociar estará fora do jogo! Como os valores estão mudando rapidamente, saber orientar os serviços corretamente para a mão de obra será uma habilidade essencial no mercado de trabalho. Mais do que saber orientar, o profissional deverá conhecer seu público, estudar seus clientes, para adaptar os produtos e serviços oferecidos à realidade do consumidor. Diante do gigantesco volume de dados que as organizações estão reunindo nos dias de hoje, é cada vez maior a necessidade de profissionais com capacidade não apenas de ler e interpretar essas informações, mas também de tomar decisões cruciais. A inteligência emocional compreende identificar nossos próprios sentimentos, para que possamos nos motivar e gerir as emoções dentro de nós. É uma habilidade social importante para os gestores e líderes para que eles possam influenciar seus liderados a atingirem as metas como uma equipe. As organizações irão privilegiar a contratação de profissionais com fortes habilidades interpessoais, que sejam capazes de relacionar bem com colegas Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 4 de trabalho e superiores – em suma, que saibam se coordenar com os outros,trabalhar com pessoas de diferentes personalidades e, acima de tudo, lidar com as diferenças encontradas em cada uma delas. Mesmo com o avanço de áreas como inteligência artificial e a automação do trabalho, funcionários sempre serão recursos valiosos para qualquer empresa. Porém, como qualquer ser humano, os funcionários terão dias ruins, ficarão cansados, doentes, distraídos e desmotivados. Daí a importância da gestão de pessoas que significa saber motivar equipes, maximizar a produtividade e responder às necessidades dos funcionários. Mesmo com toda a ascensão da robótica avançada, as máquinas não têm – ainda – a capacidade criativa do ser humano. A criatividade já é uma ferramenta importante no mercado de trabalho de hoje. Mas nos próximos anos ela deverá se tornar uma habilidade imprescindível nas empresas. Ser um pensador crítico será uma habilidade valiosa nos próximos anos. O profissional deverá ser capaz de usar a lógica e o raciocínio para questionar determinado problema. Deverá considerar várias soluções para aquele obstáculo. Além disso, colocar os “prós” e “contras” na balança, a cada nova abordagem. Por fim, o profissional do futuro deverá ter a habilidade para resolver problemas complexos, que é a elasticidade mental para resolver problemas que nunca viu antes. Muito bem, depois de te explicar melhor cada uma destas habilidades eu gostaria de te perguntar: você como engenheiro civil ou estudante de engenharia, consegue enxergar na obra em que trabalha a aplicação de todos estes conceitos? Negociação com fornecedores, orientação das equipes da obra para atingir as metas estabelecidas, tomada de decisões importantes no dia a dia, resolução de problemas que possam afetar prazo e cronograma, ter pensamentos críticos para solucionar problemas técnicos complexos, ser Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 5 criativo para inovar e aumentar a produtividade da equipe...enfim, tenho certeza que você conseguiu lembrar de várias situações em que estas habilidades foram exigidas de você, não é mesmo? E agora vem a minha pergunta crucial: você consegue enxergar que o conjunto destas habilidades aplicadas na prática, no dia a dia ao longo da execução da obra, se resume basicamente no gerenciamento da obra? Saber lidar com todas estas situações é essencial não somente para o sucesso do projeto como também para se manter em destaque no mercado nos próximos anos exercendo bem cada uma das habilidades do profissional do futuro que vimos aqui. Tudo isto evidencia ainda mais a importância de ter o conceito de gerenciamento bem definido em mente. Inegavelmente, o mundo está evoluindo com muita velocidade. Sendo assim, para acompanhar o ritmo das mudanças, precisamos nos armar de algumas dessas habilidades. Precisamos começar a saber gerenciar de verdade, na prática, de forma consciente. Saber gerenciar nossa vida, nosso tempo, nossa família e, finalmente, nossa obra. É pensando em tudo isso, no quão importante é este conceito que decidi escrever este ebook. A fim de alcançar o maior número de pessoas possível e ajudá-las a alcançar o sucesso profissional e a se destacarem no mercado de trabalho agindo na direção certa, em outras palavras, ajudando a enxergar a importância do quemuitas vezes está diante de nós, todos os dias, mas nós não percebemos por estarmos sempre olhando sob o mesmo ponto de vista. Precisamos de alguém que venha com um ângulo de visão diferente e nos dê aquela dica sabe, aquela sacada meio óbvia que a gente não tinha pegado antes. Pois bem, é esta sacada que quero te dar com este material. Então vamos lá! Boa leitura! Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 6 Capítulo 01 - Por que as obras dão errado? Neste livro serão apresentadas as características iniciais sobre o que é a gestão de obras de um canteiro. Vamos começar a olhar quais são as providências que nós gestores do canteiro e engenheiros precisamos nos conscientizar para conseguir tomar todas as decisões. E para você entender todo esse cenário em que nós trabalhamos serão pontuadas nesse documento, algumas dificuldades já conhecidas, coisas que nós não temos conseguido resolver ao longo do tempo e fazem com que os resultados das nossas obras não sejam bons. 1. Planejamento Deve ser entendido como uma estimativa e nunca como exato. Tanto que nos baseamos em índices de consumo de materiais e índice de produtividade da mão de obra, como a TCPO, o Sistema Orse, que são banco de dados estatísticos, portanto não são exatos e não refletem cada cidade brasileira que tem suas características de mão de obras muito particulares, mas nós temos que ter um ponto de partida, então usamos os dados estatísticos. Essas são previsões e nós não podemos esperar acontecer exatamente daquela maneira, muito pelo contrário, muitos fatores vão nos atrapalhar perante a jornada da obra, temos que fazer uma previsão e inserir algum percentual de folga no tempo. Isso parece estranho, porque parece que não estamos confiando no que estamos planejando, então vamos aumentar um pouco desse tempo, mas é assim mesmo, as teorias mais atuais de gestão, inclusive as que estão ligadas ao pensamento do Lean Construction, admitem ‘’buffers’’, essa palavra significa pulmão que nada mais é do que uma reserva de ar para acomodar as interferências e variações que a obra vai ter, só que isso é pequeno, então você pode classificar suas folgas de tempo de acordo com suas etapas de obras. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 7 Sabemos que fundação é uma etapa bastante sujeita a variações, nós podemos encontrar surpresas na execução da fundação. Então, depois do tempo planejado para a fundação, deixamos uma semana, dez dias, duas semanas, dependendo muito do porte da obra, mas sabemos que esse tempo é para acomodar algum possível atraso na etapa de fundação. Depois vamos para a estrutura. Sabemos que a estrutura não é uma etapa fácil. Também está sujeita a alguns atrasos após o planejado e deixamos mais algum tempo de “buffers” ao final de cada etapa. Assim, as datas macros permanecem fixas, mas dentro de uma janela aceitável, nós podemos trabalhar com alguma variação de tempo. Se o atraso não acontecer, você antecipa a próxima etapa e acaba concluindo sua obra num tempo menor do que o prometido. Isso é mais coerente do que prometer uma data muito rígida, apertada e irracional. Se qualquer coisa der errado, eu perco o prazo que eu prometi para o cliente. Atrasar o prometido para o cliente é o que nós nunca podemos deixar acontecer. Então, a primeira causa dos problemas que temos em obras é a falta de consideração desses “buffers’’ de tempo. Precisamos pensar mais sobre isso e chegar a um número que nos atenda de acordo com cada obra e cada cliente. 2. Escopo detalhado e completo Muitos profissionais possuem dificuldade em identificar a lista de serviços que compõem a obra, isso é um processo a médio e longo prazo. Para isso, eu preciso ter em mente um repertório e ter visto as coisas sendo executadas ou ter estudado bastante e principalmente a captura de bastante imagens, podendo até explorar a internet. Precisamos fazer esse raciocínio da obra e assim, somos capazes de ter um escopo completo. Quando esquecemos de alguma parte pequena, vamos pular aquela etapa no meu planejamento, só que na vida real ela vai existir, vai consumir recursos e principalmente vai consumir tempo. E por isso, vai causar desvios da situação real de obra e situação prevista. E então dá a impressão que o planejamento Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 8 falhou, de fato ele falhou, se você não conseguiu colocar no seu planejamento essa estrutura analítica no projeto ou no escopo de obra, que são dois nomes para a mesma definição. Então para ser um bom planejador temos que conseguir ter uma visão boa de como se executa os elementos da obra. 3. Planejamento não documentado O terceiro motivo que leva as nossas obras a não ter um bom resultado, é o planejamento que está na cabeça do engenheiro, porque ele é o autor do planejamento na maioria das vezes, só que isso não é suficiente, porque os dados do planejamento, principalmente do cronograma físico, precisam chegar aos ouvidos de quem de fato executa a tarefa. E isso depende de comunicação assertiva. É difícil para o engenheiro praticar comunicação assertiva, porque não é algo que é treinado ou vivenciado durante o curso de graduação. Então é um conhecimento que precisamos buscar depois de formados. Eu sei que eu preciso me comunicar melhor, que preciso convencer pessoas, que as pessoas se engajem dentro daquele canteiro de obras e são muitas pessoas em geral. Claro que isso depende do porte da obra, mas caso fosse um edifício seria acima de 100 pessoas presentes no canteiro. Como eu vou reunir essas pessoas? Com quem devo falar? Será que eu só devo me comunicar diretamente com o mestre de obras e os encarregados e nunca deve falar diretamente com os executores? Ou é o contrário? Eu tenho que falar com todo mundo e para cada um eu tenho que passar uma mensagem diferente, em uma linguagem diferente? Ficamos perdidos em como agir com a área de gestão de pessoas, então essa é uma habilidade importante e sem ela, o planejamento tende a não funcionar. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 9 Precisamos então, desenvolver uma maneira clara de comunicar as metas e dar um feedback do trabalho realizado. Quando ele for bom, damos um feedback positivo e quando ele não for bom, quando a meta não foi cumprida ou há algum problema de qualidade, ou qualquer coisa que ficou desfavorável, precisamos identificar qual seria a melhor maneira de dar o feedback para essa equipe e para esse funcionário, sem causar conflitos. 4. Documento de gaveta O quarto fator que faz com que as obras não deem certo é o fato de ter o cronograma e o orçamento, mas eles se tornaram documentos de gaveta, porque o engenheiro da obra não usa esses documentos no dia a dia para tomar decisões. Que tipo de decisão o cronograma físico, por exemplo, me ajuda a tomar? Ele me ajuda a entender quantas pessoas estarão presentes na obra naquele período. Quem sãoas pessoas em termos de função, se são carpinteiros, armadores, pedreiros ou serventes. É sempre preciso entender o conjunto de pessoas que vai estar presente e com quem eu vou poder contar a cada período de obra. O cronograma será utilizado para entender com qual antecedência eu preciso comprar os materiais que vão ser usados naquele determinado mês ou determinada quinzena, para que eu faça isso de uma maneira antecipada. Compras com antecedência permitem negociar com os fornecedores e garantir que o material seja entregue antes daquele serviço na obra começar e, claro, girar esse estoque para que não falte completamente material. Mas tudo isso, precisa ser feito consultando o cronograma para entender quando as coisas começam, quanto tempo elas duram e quando vão terminar. Se eu não usar o cronograma, a coisa fica muito aleatória e eu vou me basear no visual do canteiro e isso não é suficiente para boas decisões. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 10 E sem os documentos, sem o uso diário do orçamento e do cronograma eu vou fazer com que as minhas decisões sejam sempre imediatistas, o problema apareceu e eu reajo, eu nunca vou conseguir tomar decisões antecipadas que previnam e evitem que desvios aconteçam. RESUMO: São quatro situações que prejudicam bastante os resultados da sua obra. 1. A primeira delas é trabalhar com números que são estatísticos e não fazer previsão de folga, de ‘’ buffers’’ de tempo. 2. A segunda situação é fazer um planejamento sem um escopo completo e detalhado dos serviços da sua obra, talvez por falta de entendimento desse processo construtivo ou pouca experiência no canteiro de obras, mas temos maneiras de melhorar esse aprendizado. 3. A terceira situação é não usar efetivamente uma comunicação clara, assertiva e focada nas pessoas que precisam receber a mensagem. Então significa que nós temos que buscar o desenvolvimento das nossas habilidades de comunicação. 4. E a quarta situação é ter os documentos de planejamento e não os usar no dia a dia. Ou seja, guardar na gaveta e não consultar para a tomada decisões. Você irá apenas responder problemas e não irá conseguir antecipar suas decisões de forma com que aquele problema não venha a acontecer. Tendo conhecimento sobre essas quatro situações que comprovadamente dão errado, não vamos repetir o mesmo erro. Então vamos nos prevenir, preparar o conhecimento e comportamento para que nós consigamos fazer diferente e assim, conseguir atingir as nossas metas pessoais com a obra, que pode ser de realização pessoal ou metas financeiras. Além disso, atender às expectativas daquele cliente que está confiante em nós. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 11 Capítulo 02 - Em que pontos da obra precisamos melhorar? Neste texto você encontrará os três principais desafios que um Engenheiro Gestor em Obras terá que enfrentar. Alguns são do ponto de vista pessoal e outros tem um caráter mais técnico. Todo mundo que começa a trabalhar e atuar em uma área específica, por exemplo a gestão de obras, sabe que tem um alvo a atingir e procuramos chegar a esse ponto máximo, esse ponto dos bons resultados. Um principal ponto a ser atingido pelo Engenheiro é o atendimento dos requisitos de todos os participantes da obra. Esses requisitos são as necessidades de cada um. Uma obra acontece porque tem várias pessoas que vão atingir um resultado benéfico com ela. ● A família vai obter a casa que quer morar; ● O investidor vai obter um bom retorno financeiro; ● A empresa construtora vai fazer a venda dos seus imóveis e obter um marketing positivo e um retorno financeiro; ● Os fornecedores vão vender, comercializar, porque é para isso que eles funcionam; ● A equipe de funcionários vai manter seu emprego, e com isso, fazendo com que o canteiro de obras seja prazeroso para todos e atenda então, os requisitos de todo os funcionários. É e assim que deve ser, é um empreendimento que não deve trazer benefícios somente para um dos envolvidos, mas sim para todos. Claro que isso parece uma situação utópica, mas na verdade é isso mesmo, todo mundo que está envolvido na obra deve ter algum benefício e é para isso que existe essa troca de trabalhos entre si. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 12 Mas os meus requisitos pessoais também são importantes, então eu tenho que entender que se eu quero gerenciar bem, é porque eu também quero uma realização profissional, também quero passar depois na frente daquela obra e ter a sensação bacana de que fui eu que fiz, que foi uma vivência legal, que contribuiu para o meu currículo e crescimento profissional. Mas eu também quero ganhar dinheiro e se eu não gerenciar bem, eu não vou ganhar dinheiro, vou trabalhar muito, ter muito esforço e pouco retorno, porque acontece muitas coisas na obra que consomem demais o dinheiro, o desperdício, a ociosidade. Então, se eu não sou um bom gestor, provavelmente eu não vou ganhar dinheiro também e vou trabalhar muito. Temos que ter isso como foco, eu gerencio bem, porque é bom para mim mesmo, não estou promovendo lucro para outro, estou promovendo também para mim, e assim fica uma jornada mais focada, até chegar realmente neste alvo. Só que encontramos alguns desafios nos caminhos, então é importante pontuá-los e prestar atenção. 1. Reconhecer nossas competências Precisamos reconhecer aquilo em que somos bons e aquilo em que não somos bons. Algumas das principais competências de um bom gestor são: ● Organização ● Antecipação ● Sociabilidade ● Paciência ● Liderança ● Conhecimento Técnico 2. Melhorar nossas previsões Seriam as previsões de custo, de prazo e de conteúdo técnico que eu tenho naquela obra. Preciso desenvolver a capacidade de detalhar o Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 13 planejamento e escopo para uma determinada obra. Para isso, existe algumas indagações: ● Quais são os serviços? ● Qual o consumo de materiais? ● Precisamos de quantas pessoas? ● Quanto tempo demora? 3. Comunicação Assertiva para disseminar os planos Preciso conseguir me comunicar melhor, porque sem a comunicação assertiva nas obras, eu posso ter o melhor planejamento e ele não vai funcionar. Preciso desenvolver a capacidade de me comunicar com todos os funcionários da obra de maneira que todos me entendam. E existem três formas de comunicação, sendo a assertiva a mais utilizada pelos Engenheiros Gestores das Obras. ● Passivo ● Assertivo ● Agressivo Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 14 Capítulo 03 - Planejando o essencial Aqui falaremos dos principais documentos gerenciais que auxiliam a executar a obra de acordo com o controle adequado de custo e de prazo. São eles: o orçamento analítico e o cronograma físico da obra. Por que que o orçamento se chama analítico? Porque descrevemos os serviços da obra de uma maneira analítica, ou seja, detalhada, os serviços que eu possa visualizar na obra e controlar se elefoi executado e se obedeceu ao custo. Primeiro organizamos as planilhas em etapas grandes como: Serviços Iniciais, Fundações, Estrutura, Vedações, Piso de concreto interno, Revestimentos Cerâmicos, Instalações Elétricas, entre outros escopos da sua obra. Dentro desses itens detalhamos os serviços e em seguida colocamos as unidades e quantidades do que vai ser executado. As quantidades vão ser extraídas dos projetos e a unidade padrão de medidas daquele serviço. Em seguida vem as colunas que representam os valores em dinheiro, que são divididas em custo unitário e custo parcial. É importante que tenhamos uma planilha de apoio onde ficarão registradas todas as composições de custos que eu usei para montar o meu orçamento. Com essa planilha eu consigo monitorar com a minha equipe o que foi gasto no decorrer da obra e irá auxiliar a não esquecer os materiais na realização da compra. O cronograma físico contém a mesma sequência de serviços e vai representar como esses serviços vão acontecendo ao longo do tempo. Para quem está aprendendo é bastante importante começar a fazer por dia, porque o raciocínio fica mais organizado e aprendemos a montar. Então essas são as informações essenciais: Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 15 ● Lista detalhada de serviços ● Unidades Adequadas de pagamento ● Quantidade Extraída do Projeto ● Valores em dinheiro (Unitário e Total) ● Lista de Composição de Custos ● Cronograma Físico Detalhado ● Registro de dimensão da Equipe O ideal é seguir esse planejamento para na hora que eu for executar a obra ela siga no rumo que é o correto, que é a promessa de custo e de prazo que fizemos para o cliente. Não só favorecendo o cliente, mas também facilita a nossa vida enquanto executores e gestores de obras, porque temos a vantagem que ficará mais organizado, iremos perceber os desvios que podem ocorrer e pensar em quais medidas podem melhorar uma determinada situação. Então assim, entendemos quais informações os documentos gerenciais fornecem para o gerenciamento da obra. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 16 Capítulo 04 - Fazendo as metas fluírem Agora que você já aprendeu as informações que constam no orçamento e no cronograma, será explicado neste documento o fluxo de informações, até chegar de fato nas pessoas que vão executar. Nós chamamos isso de ciclo de informações, que possui três níveis: 1. Estratégico: Diretoria, Planejador principal 2. Tático: Engenheiro que vai executar a obra 3. Operacional: Pedreiro, Carpinteiro, Armador Devemos descer esses três níveis para executar a obra, através de reuniões semanais com toda a equipe, sendo reuniões produtivas para esclarecer as metas da semana. Então pegamos um trecho do cronograma para ver tudo que está planejado no segundo mês, para que eu possa providenciar todos os materiais que vão ser utilizados. Será também necessário formar um pacote de trabalho, que é a quantidade de trabalho feita por uma equipe e que contém três elementos: 1. Ação: Ex. Chapisco 2. Objeto: Ex. Pilares P1 a P10 3. Local: Ex. 1º pavimento Para fazer a reunião semanal com os funcionários vamos definir quais serão os pacotes de trabalho a executar na semana. Montamos uma tabela simples onde consta cada dia da semana com as tarefas escolhidas para explicar aos funcionários. Podemos também imprimir um trecho do projeto para marcar as peças que serão executadas em cada dia. Por exemplo, usar um Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 17 projeto de fundações para marcar quais estacas serão executadas a cada dia da semana para cumprir a meta. E ao final da semana, tem que conferir se tudo que estava no planejamento semanal foi realizado e concluído. Se houve algo não executado, na próxima reunião, haverá a prestação de contas, não no sentido de punição, mas sim, dizer o porquê que não conseguiu, identificar os problemas, as dificuldades, se tem funcionários suficientes, se alguma máquina estragou, materiais que faltaram e com isso, vamos tomar as atitudes para que isso não ocorra nas próximas semanas. Cada líder saberá suas metas da semana e como está organizada a execução. Não basta fazer as etapas sem planejamento, com essa reunião e seguindo o cronograma sua obra seguirá para o caminho certo. Dá um pouco de trabalho sim, mas quem disse que gerenciar uma obra não dá trabalho? Se você espera que não de trabalho, você não vai ter o perfil de gestor de obras, pois o gestor de obras tem sim uma carga de trabalho alto, para conseguir cumprir as demandas que uma edificação tem. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 18 Capítulo 05 - Usando ferramentas visuais para comunicar metas No capítulo anterior, foi ensinado a como montar seu cronograma em pacotes de trabalho, com o objetivo de que haja metas semanais e neste capítulo, será mostrado como nós conseguimos isso de uma forma visual. Usar algumas ferramentas de práticas de gestão visual para transmitir melhor as metas da obra para as pessoas que vão executar. Precisa ser fácil e compreensivo para o funcionário identificar aonde ele precisa ir, o que ele precisa fazer, e talvez em que sequência. A própria fundação e elaboração do seu cronograma semanal poderia se tornar uma gestão visual para os que vão executar a obra. Usando símbolos para identificar cada etapa do seu cronograma. Você pode usar sua criatividade para transformar as metas da semana, em um jeito que o funcionário irá bater o olho e saber exatamente aonde ela tem que ir e o que ela precisa fazer. Por exemplo, na imagem a seguir você pode ver pilares de um pavimento marcado com cores diferentes. Cada cor corresponde ao número de pilares e quais deles devem ser executados em cada dia. Mostrando a figura ao líder dos carpinteiros podemos explicar que na segunda-feira o seu trabalho será a execução de fôrmas nos pilares de cor amarela. Na terça-feira a meta será executar os pilares de cor azul e assim por diante. A importância de definir assim é que após 3 dias de trabalho (amarelo, azul e rosa) todo o lado esquerdo do pavimento estará com os pilares prontos para concretagem. Enquanto essa concretagem ocorre os carpinteiros tem os demais pilares da direita para trabalhar. O trabalho avança de maneira organizada e todo mundo entende. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 19 Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 20 Capítulo 06 - Controlando o cumprimento dos planos Neste capítulo iremos falar sobre metas. Para quê servem as metas? Nós criamos as metas e depois, encontramos maneiras visuais de transmitir essa meta para as pessoas que vão realmente executar, mas para o que serve tudo isso? Servem para serem cumpridas. Com o planejamento, essas metas vão virar realidade. Muitas pessoas deixam de planejar, por essa sensação de que tudo que é planejado não acontece na obra, mas não precisa ser assim. Claroque as coisas não vão ser perfeitas e sair todas corretas, isso é utópico, pois os problemas vão acontecer, mas nós podemos monitorar e fazer com que a realidade seja o mais próximo possível daquilo que está planejado. Com isso, nós vamos monitorar semanalmente o que está acontecendo na obra e se esse planejamento está me levando ao caminho de alcançar as metas. Vou usar como exemplo a execução de estacas de fundação que está ilustrado na imagem a seguir. Na segunda feira há previsão de executar um pacote de perfuração das estacas T e mais um pacote de remover o solo das estacas T. Na terça-feira, temos os seguintes pacotes: ● Perfuração das estacas tipo E ● Remover o solo das estacas tipo E ● Armação das estacas tipo T ● Concretagem das estacas tipo T Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 21 São, portanto, 4 pacotes de trabalho na terça-feira. Seguindo esse raciocínio temos um total de 12 pacotes de trabalho planejados para essa semana. Quando chegar no final de semana, provavelmente na sexta-feira, nós precisamos verificar se essa quantidade foi realmente executada. E se não foi possível cumprir tudo, nós organizamos nas metas da semana que vem, colocando as pendências que não foram executadas, acumulando serviço. Sendo assim, o Gestor de Obras precisa se organizar, ter logística para que dê tudo certo, colocando mais um ajudante ou mudando alguma ferramenta para ajudar a equipe a recuperar esse atraso. Muitas das vezes, nós não conseguimos concluir nossos pacotes com problemas que não estavam previstos, como chuva, muito calor. Mas outros problemas são gerenciais, como falta de materiais, falta de mão de obra, falta de equipamentos, falta de projeto, dentre outros. Enfim, são muitas causas que impedem que os nossos pacotes de trabalho planejados, sejam cumpridos. Mas quando nós discutimos isso com a nossa equipe ou com a pessoa que não conseguiu realizar e ela me diz as dificuldades, eu gestor de obras, fico mais ciente sobre todas as dificuldades e possíveis problemas que podem ocorrer na obra. Quando eu não sei, quando eu não converso com a Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 22 equipe e não controlo esses pacotes, a obra vai acontecendo e eu não sei o que está dando certo e o que está dando errado e isso não é gerenciamento. Capítulo 07 - Ferramentas visuais no controle Agora iremos falar sobre práticas de gestão visual para controle do avanço da obra. No capítulo anterior nós criamos as metas e agora precisamos monitorar como essas metas serão executadas e como a obra está avançando. Nós não podemos gerenciar aquilo que não sabemos, que não temos feedbacks, que não sabemos os resultados. A primeira ferramenta é uma tabela feita no Excel, pode ser preenchida no Excel mesmo, ou imprimir e preencher à mão. Vamos usar como exemplo uma tabela para pavimento de estrutura. Nessa tabela vamos descrever em sequência todos os serviços necessários para executar um pavimento de estrutura de concreto. Em frente do serviço temos a palavra “previsto” e a marcação na cor verde indicando quantos períodos estão planejados para a execução. Por exemplo, a locação dos pilares tem previsão de execução apenas na manhã do primeiro dia. A letra “M” indica o período da manhã e a letra “T” indica tarde. Quando cada serviço for executado é preciso marcar de vermelho na tabela a duração real que teve na obra. A locação de pilares, por exemplo, não acabou conforme a meta prevista, pois durou o primeiro dia inteiro, manhã e tarde. Esta é a maneira visual de todos entenderem quais etapas do trabalho estão atrasando. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 23 Nós como engenheiros, se não tivermos tempo, nós não precisamos andar por todos os pavimentos da obra todo dia, para saber o que está acontecendo. Basta o engenheiro guiar-se pelo quadro de planejamento, sendo uma ferramenta gerencial que trás informações em tempo real. Porém, todo dia alguém tem que atualizar esse quadro, pode ser o mestre de obras, o estagiário(a) ou algum outro profissional da equipe. Então, em primeiro lugar nós usamos algumas ferramentas para transmitir as metas e agora vamos usar esse instrumento para verificar se as metas estão sendo cumpridas. Além disso, esta ferramenta auxilia também na medição dos serviços executados por meses de sua obra. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 24 Capítulo 08 - Como controlar a qualidade dos serviços executados Neste capítulo iremos trabalhar com o conceito de qualidade dos serviços executados. Porque a gestão sempre tem que ter objetivos bem definidos e nós gerenciamos para poder alcançar estes objetivos. A qualidade do produto sempre é um objetivo perseguido na construção civil, desde quando se elabora o projeto. O projeto também é concebido buscando alcançar a qualidade da edificação. Porém, qualidade é um conceito fácil de entender? Será o que é qualidade para mim, é para você também? E a resposta é NÃO! Qualidade é um conceito subjetivo e depende de cada pessoa. Cada vez mais estamos trabalhando com qualidade percebida. Quando eu sou engenheiro responsável por uma obra, eu vou ter uma percepção de qualidade quando eu ando pela obra e presto atenção no serviço executados. Quando eu termino a obra, eu entendo que na minha concepção eu estou entregando qualidade ao usuário, mas o usuário é uma pessoa diferente, tem outro contexto de vida, outras prioridades, diferente de mim, então pode ser que ele não perceba as qualidades, da mesma forma que eu percebo. Se a qualidade é pessoal e subjetiva. O que é qualidade na obra? É uma coisa difícil de ser alcançada se eu não sei o que é. Quando vamos construir uma edificação, uma casa, uma clínica, um prédio comercial, etc, para alguém específico, e esse cliente falou como ele queria o acabamento, o tamanho, quantos cômodos, eu vou estar mais próximo da qualidade que atende aquela pessoa específica, porque tivemos a oportunidade de conversar com o usuário final. Mas acontece que, às vezes, nós construímos para alguém que não sabemos, pois não tem ainda o morador Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 25 definido, o imóvel ainda vai ser vendido. Assim, nós temos que entregar uma qualidade genérica, uma qualidade que vá atender a grande maioria dos clientes. E o que é isso dentro da construção civil? Atender as normas técnicas As normas dizem o que é importante respeitar, para que o produto seja considerado bom, então se eu atendo a norma, tecnicamente eu vou estar oferecendo produtos de qualidade geral, mas também que satisfaça o cliente. O que precisa ser conferido em cada serviço? Para isso podemos usar a frase: O que eu preciso fazer muito bem feito? E com esse pensamento ocorre a inspeção de qualidade, o que eu vou precisar conferir em cada serviço que eu executo, para que chegue lá no final eu esteja atendendo as normas e satisfazendo esse cliente. E com isso, podemos nos basear em três coisas:1. O que a norma recomenda? 2. Do que seu cliente reclama? 3. O que tem feito você gastar dinheiro no pós obra? Às vezes o nosso olhar de engenheiro bate o olho em alguma coisa e não interpreta como algo grave, como por exemplo, pequenas fissuras de reboco, mas o nosso cliente tem medo. Por outro lado, as vezes o nosso cliente não enxerga ou não percebe alguma coisa, e nós percebemos. Então nós sempre temos que procurar atender e satisfazer o cliente. E após isso, nós vamos começar a controlar a qualidade da obra atual. Para controlar, nós precisamos de um caminho, como: 1. Medir resultados 2. Comparar 3. Agir corretivamente Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 26 4. Agir preventivamente E após esse controle, podemos dividir a qualidade em duas etapas: 1. Qualidade do processo: ● Prazo ● Custo ● Segurança ● Recursos 2. Qualidade do produto ● Precisão dimensional ● Aspecto visual ● Durável ● Funcional Essas características relacionadas à qualidade do produto e do processo nós vamos adquirindo ao longo de nossa carreira, com experiências, um olhar observador, então cabe a você começar a prestar atenção e mudar seu olhar diante de certas situações, garantindo que sua obra tenha uma boa qualidade de produto e de processo. Ter qualidade de processo em relação à segurança significa que todos os funcionários usam os equipamentos de proteção e se comportam adequadamente no ambiente da obra. Ter qualidade de prazo e custo é atender ao que foi planejado para a obra nesses aspectos. Com relação ao produto, ter qualidade de precisão dimensional significa que os ambientes seguem rigorosamente o tamanho definido em projeto, sem necessidade de “engrossar” o reboco de paredes porque havia defeito de prumo ou de alinhamento. Ter qualidade de aspecto visual é ter um revestimento de piso cerâmico onde as juntas são perfeitamente alinhadas e de mesma espessura, é ter uma pintura de parede perfeitamente lisa e sem manchas. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 27 Capítulo 09 - Lista de Restrições Neste capítulo será trabalhado o conceito chamado de Restrição. Esse conceito está ligado a uma teoria de planejamento e controle de obras que se chama last planner. O conceito neste documento será para mostrar como ele funciona para proteger os serviços executados na nossa obra. Devemos proteger a produção contra o que? Nós devemos proteger nossa produção, a nossa obra contra os desvios. Os desvios de tudo que possa aparecer na obra, como desvios de qualidade, de custo e de prazo. E porque devemos fazer isso? Imagine que temos uma sequência de serviços, como por exemplo, alvenaria, chapisco e emboço, que são sequenciais, entre a alvenaria e o chapisco, há um tempo de espera de 07 dias e entre o chapisco e o emboço há um tempo de no mínimo 03 dias, segundo a norma, mas pode levar mais tempo segundo a logística da sua obra. O fato é que um pequeno desvio que aconteça na alvenaria, amplifica durante a continuação da obra, chegando no emboço com maior desvio, utilizando tempo e materiais. Uma atividade que poderia ser simples, acaba demorando mais, consumindo materiais, fazendo com o que o pedreiro volte várias vezes na mesma parede e esse desvio (erro) vai se intensificando, por isso eu devo proteger, que significa fazer correto no primeiro serviço, para que o segundo só sofra as variações dele mesmo e que não traga erros do anterior. Então é esse o raciocínio de proteger a produção. Proteção da Produção: Todo serviço que vai ser executado, ele tem dados de entrada, como por exemplo: ● Materiais e Componentes Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 28 ● Mão de Obra ● Máquinas e Equipamentos ● Tarefas Pré-Requisitos ● Condições Externas ● Espaço ● Informações (Projeto) Tudo isso precisa estar disponível para que a obra aconteça e é nessa parte que entra o conceito de restrição. Quando algo não foi resolvido ou providenciado, o serviço tem restrição. E o meu papel como Gestor é eliminar as restrições, mas por que? Porquê quando existe uma restrição, o serviço não começa, ou ele começa, mas depois de um tempo é interrompido ou fica lento, ou ele vai gerar uma situação de improviso. Então, o nosso objetivo é remover as restrições e resolver as situações. Identificar as Restrições: E primeiro, nós precisamos fazer a lista, nós não conseguimos remover as restrições se não soubermos quais são elas. Então para isso, nós vamos criar uma lista das restrições de tudo que o serviço precisa. Como exemplo nós vamos utilizar a execução de alvenaria, para fazer isso precisamos: 1. Pedreiro 2. Servente Para que essas pessoas trabalhem, elas precisam estar protegidas: ● Capacete ● Bota ● Camisa manga comprida ● Óculos ● Luva de látex ● Cinto segurança Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 29 ● Linha de vida E elas vão consumir materiais Listar os materiais: 1. Blocos cerâmicos 2. Cal 3. Cimento 4. Areia 5. Betoneira 6. Extensão Steck 7. Tambor de água 8. Balde 9. Mangueira 10. Pá 11. Padiola 12. Carrinho de mão 13. Masseira 14. Lápis de carpinteiro 15. Trena 16. Mangueira de nível 17. Cavalete E vão usar ferramentas Listar as ferramentas: 1. Colher de pedreiro 2. Linha de pedreiro 3. Prumo de face 4. Prego e martelo 5. Régua de nível 6. Esquadro Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 30 7. Vassourão 8. Bag ou recipiente para entulho Então para a execução da alvenaria, as restrições estão identificadas e o próximo passo é ir comprando/alugando os materiais, ferramentas, verificando tudo e podemos considerar a remoção das restrições após a compra do material, pois ele já vai estar disponível, pois todos os recursos precisam estar disponíveis na obra, no local correto, na quantidade e no momento correto. Devemos fazer a lista com antecedência, pois um bom Gestor não olha o amanhã, ele olha ao horizonte. As restrições precisam ser pensadas pelo menos seis semanas antes de começar a obra. Se eu não tiver um cronograma, uma obra pensada e um planejamento, provavelmente essa obra vai acontecer com desvios. Remover as restrições Toda restrição que for removida, significa que libera um serviço para execução, porque ele não está mais restrito, tudo o que estava na lista de restrições, já foi resolvido. E você engenheiro não vai fazer tudo sozinho, você terá uma equipe e precisa se comunicar com essa equipe através de reuniões, para que todos possam estar buscando um objetivo comum, uma obra com resultados positivos. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 31 Capítulo 10 - Gestão da Compra dos Materiais Neste documento vamos tratar a Gestão da Compra de Materiais. Esse é um assunto muito importante no contexto do gerenciamento, pois nada adianta ter um planejamento bem feito e depois não conseguir colocar em prática, principalmente porque há falha na gestão. Tanto é, que se formos olhar algumas pesquisas que dizem porque as coisas acontecem de forma erradana obra ou seja, não são cumpridas conforme o planejamento, chamamos isso de causas de não cumprimento dos pacotes de trabalho. Uma das causas elencadas nesta pesquisa sobre o não cumprimento das tarefas na obra, era a falta de materiais que não chegavam a tempo ou acabavam antes da próxima compra. A cadeia de fornecedores e de itens, é muito grande, então para que tudo vá para a obra, nós temos setores organizados dos materiais, como por exemplo, os fabricantes de cimento, de extração de brita, gesso, vidros, dentre outros. Essa divisão em setores de comercialização significa que na hora da compra não encontramos todos os produtos juntos, cada um ou cada grupo setorial terá um fornecedor específico. Diante de isso tudo, nós vamos ter ocasiões que vamos conseguir comprar algum item direto da fábrica, como por exemplo janelas, aço, cerâmicas, mas depende muito do volume consumido, dos dados das empresas, etc. Vai ter ocasiões que nós vamos comprar em grandes redes varejistas, que possuem uma variedade de produtos, mas que na maioria das vezes não possui muita negociação em questão de valores. E tem também o pequeno fornecedor local, como um depósito de material de construção, onde eu consigo pegar os itens com maior rapidez, temos contato direto com o dono do estabelecimento, que permite chegar a um valor de negociação. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 32 Durante a obra, provavelmente, teremos contato e faremos negócios com toda essa variedade de fornecedores. Além disso, tem algumas características importantes relacionadas a gestão da compra de materiais, que são: 1. A variedade de materiais é muito grande 2. O uso do material não dura a obra toda 3. O contato com o fornecedor pode ser pontual, dificultando parcerias Para conseguir trabalhar bem no meio de tantas informações, um dos conceitos chaves para organizar essa gestão da compra de materiais é o chamado lead time. Este conceito vem do Lean Construction, que tem a ver com o sistema Toyota de produção. É um conceito vinculado ao tempo decorrido entre a requisição de um material em obra até o recebimento do material na própria obra. Quando o engenheiro sabe que o lead time de compra do cimento é de 3 dias de acordo com seus fornecedores de costume, o engenheiro sempre vai se programar com essa antecedência para fazer os pedidos de compra sem deixar o cimento acabar totalmente no canteiro. Há casos em que o lead time pode ser bem longo, de 30 a 60 dias, como por exemplo, na compra de janelas de alumínio ou de revestimento cerâmico em grandes quantidades. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 33 Capítulo 10 - Curva ABC A Curva ABC é uma das ferramentas para o gerenciamento de Obras que nos ajuda a escolher as prioridades na gestão das compras, dos insumos e do controle de consumo no canteiro de obras. Isto nos ajuda a analisar o quanto de material eu vou gastar, quais materiais eu vou ter uma maior preocupação com o controle, com a negociação de compra, com o fornecedor escolhido, entre outros detalhes. Mas antes de falar exatamente da curva, nós montamos o nosso orçamento de obra com o uso de composições, seja ela no Sinapi, ou outro banco de dados de composições que você possa usar, ou até mesmo composições da sua própria empresa ou das próprias obras que você tiver acesso. Cada composição escolhida para orçar um serviço traz uma lista dos materiais envolvidos e cada material, por sua vez, terá um impacto fianceiro maior ou menor no serviço como um todo. Para calcular o impacto de custo no serviço dependemos de duas coisas: 1. O custo unitário do insumo 2. O consumo desse insumo E para definir a Curva ABC da sua obra, você pode separar os materiais em uma lista e calcular quais insumos representam a quantidade que será usada. E você pode separar em faixas, como: Faixa A: Insumos que representam 50% do custo da obra. Faixa B: Insumo que estão entre 50 e 80% do custo da obra Faixa C: Todos os insumos restantes Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 34 Com essa organização, você consegue ter um maior controle sobre os serviços, sobre os insumos da sua obra e ver quais materiais deve ficar mais atento com o controle. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 35 Capítulo 12 - O ciclo planejamento - operação – controle funciona Neste capítulo vamos trabalhar sobre o planejamento, operação e controle que funcionam na obra. Nós começamos no planejamento que é onde nós definimos uma estratégia de execução para a nossa obra. Quando registramos a estratégia em algum documento, que são essencialmente o orçamento, o cronograma físico e o cronograma financeiro, estamos planejando. No orçamento estamos planejando o escopo da obra e qual o custo associado a cada serviço. Quando organizamos esses serviços em uma sequência lógica de execução e tendo suas durações calculadas, estamos planejando o prazo da obra. Essa maneira de executar definida no cronograma vai resultar em uma necessidade de dinheiro a cada mês de obra, gerando o cronograma financeiro. Tudo isso junto, é o meu plano, é a primeira etapa do ciclo do planejamento. Nós partimos do plano, colocamos em prática, mas para isso, vamos chamar de etapa de operação. Para chegar a essa etapa, nós temos que nos basear no planejamento, temos que colocar o número de pessoas que está pensado no planejamento, temos que colocar todos os materiais, ferramentas, equipamentos, condições de acesso, dentre outros. Temos que obedecer a sequência de execução. E lembrando que podem ocorrer muitos desvios no decorrer na minha obra, mas nós como bons gestores, precisamos estar preparados e monitorando o canteiro de obras. Primeiro nós vamos registrar o que está acontecendo e depois fazer uma visão comparativa do que está bom ou ruim, se está ruim, nós engenheiros vamos ter que intervir. Na hora em que fazermos a intervenção, Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 36 nós realizamos o controle. Se eu não intervir, nós vamos estar apenas monitorando. E como devemos agir? Podemos melhorar as ferramentas que os funcionários estão usando, podemos melhorar os projetos, as logísticas do meu canteiro, dentre outras situações. Nós temos que pensar no que podemos fazer para melhorar o desenvolvimento da obra. Então, isso é um ciclo contínuo, onde vamos partir de um planejamento inicial, que costumamos chamar de plano mestre, vamos operar e monitorar. Se esse monitoramento nos leva a entender que não estamos no caminho certo, nós vamos agir, praticando o controle. Mas pode acontecer de surgir vários desvios na obra, e o meu planejamento mestre não está valendo mais, então, eu preciso reorganizar esse planejamento. Esse ciclo não é fácil, exige de nós dedicação, trabalho, olhar contínuo para que possamos alcançar nossas metas,como a entrega de uma boa obra. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 37 Conclusão - Encontre motivação para gerenciar Para finalizar esse ebook, quero te perguntar o seguinte: você já ouviu falar sobre a palavra ‘’Stakeholder’’? Esta é uma palavra que vem do inglês e significa envolvidos no projeto ou partes interessadas. E o projeto é a construção de uma edificação. Somos só nós os interessados? Ou só o cliente final? NÃO! Toda obra tem vários interessados. Nós engenheiros somos um e o arquiteto, que seja responsável pela obra também, é outro dos Stakeholders. Eu tenho interesses na obra, como por exemplo a minha lucratividade, o meu currículo profissional, a minha satisfação pessoal em passar de repente por aquela obra no futuro e pensar ‘’poxa, eu participei disso, ajudei a construir isso, fui responsável por isso”, no mínimo essas três coisas: 1. Dinheiro 2. Currículo profissional 3. Satisfação pessoal Mas além disso, tem o meu cliente final que vai ser um morador ou dono da casa, ou a pessoa que vai usar a sala comercial, ou o médico que vai usar aquela clínica, enfim, os usuários da edificação são outros Stakeholders. Os fornecedores são Stakeholders, porque eles têm participação na obra, vendendo os materiais e produtos e, com isso, eles tem a empresa deles também sendo lucrativa, funcionando e se mantendo no mercado. Os projetistas são outros Stakeholders e a minha equipe de obra, os meus funcionários, os meus pedreiros, serventes e carpinteiros são Stakeholders também. Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 38 A obra é importante para eles, como manter o emprego, manter o contrato de prestação de serviç, se manter, criar experiências para evoluir na profissão... Na verdade todos os envolvidos, possuem seus interesses pessoais, profissionais e financeiros. E uma boa obra, um projeto sem sucedido, é aquele que consegue atender à todos os interessados. Nós engenheiros não vamos fazer o gerenciamento só para nós, ou só para nossos chefes. Nós não podemos fazer o gerenciamento com o pensamento travado, como algumas pessoas que costumam falar ‘’Eu trabalho muito e quem ganha dinheiro é o meu chefe ou o dono da construtora”. Não podemos pensar assim, porque nós também somos os interessados no sucesso da obra! Se você está trabalhando para um chefe, com um salário que você concordou, então você não pode reclamar! Se está muito ruim, você tem que procurar outra alternativa, mas se você continua neste trabalho, é porque você aceitou as condições e terá que fazer as coisas darem certo. Mas, se você é o próprio chefe ou empreendedor, isso fica mais sério ainda, porque tudo que você fizer, irá voltar para você mesmo. Se nós gerenciamos e pensamos que estamos participando dessa rede de interessados, fica mais óbvio acreditar que tudo que eu realizar de bom neste ciclo de planejamento, operação e controle será bom para mim, vai facilitar o meu dia a dia na obra. Se eu não fizer nada e só esperar as pessoas agirem, eu não vou ter bons resultados, vou ter um dia estressante e não vou ganhar dinheiro. Vamos pensar: se a sua remuneração depende dos resultados da obra, se os resultados forem ruins, a sua remuneração será ruim também! Você não pode ficar esperando que só o seu fornecedor seja responsável, que só a sua equipe de obras seja motivada, caprichosa, com alta Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO 39 produtividade. Que só o cliente entenda todos os desvios que aconteçam e aceite o atraso ou o desvio de custo. Isso é utopia, isso não vai acontecer. Você também vai colocar as suas expectativas, de um jeito que você vai conduzir a sua rotina de trabalho, e com isso, você passar a entender que você gerencia para você mesmo, porque vai facilitar o seu dia, elimina as brigas, as tensões e fazer as coisas fluírem de um jeito mais harmônico. Por isso, você tem que entender de gestão de obras, mesmo que seja aos poucos, estude o básico, faça um planejamento e um sistema de controle básico e vá refinando ao longo do tempo, para que as coisas vão melhorando cada vez mais. Enfim, a minha principal mensagem com este ebook era fazer você entender que gestão de obras não é fácil, mas é totalmente possível, e uma gestão bem executada irá garantir bons resultados para todos os envolvidos na obra...principalmente você! Espero que este material tenha conseguido cumprir com seu objetivo que era te proporcionar condições concretas para que você possa começar a realizar a gestão da sua obra, mesmo que ela esteja partindo do absoluto zero. Use todo este conhecimento como uma inspiração e faça realmente valer a pena esta profissão que você e eu escolhemos e que, na minha opinião, é tão incrível! Te desejo todo o sucesso do mundo em sua vida pessoal e profissional. Até mais! Eng. Wanessa Fazinga – Como fazer gestão de obras do ZERO
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