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1 Carboidratos Prof. Paulo Cesar de Lima Nogueira Universidade Federal de Sergipe Centro de Ciências Exatas e Tecnologia Departamento de Química Carboidratos: Conteúdo Programático 1. Introdução e classificação dos carboidratos 2. Designações D e L dos monossacarídeos; configurações de aldoses e cetoses. 3. Estrutura cíclica dos monossacarídeos: Formação de hemiacetal; Mutarrotação; Projeção de Haworth; Conformações. 4. Açúcares redutores e não-redutores 5. Reações dos monossacarídeos Redox; Formação de osazonas; Aumento de cadeia (síntese de Kiliani-Fischer); Redução do tamanho da cadeia (degradação de Ruff); Enolização, tautomerização e isomerização. 6. Outras reações dos monossacarídeos Formação de glicosídeos; Acilação; Alquilação. 7. Introdução aos dissacarídeos 8. Introdução aos polissacarídeos 2 Carboidratos • Substância bioorgânica (sistemas biológicos); • Classe mais abundante no mundo biológico 50% do peso seco da biomassa da terra; • Essencial para os organismos vivos (principal fonte de energia); • Folhas, frutos, sementes, troncos e raízes de vegetais contém carboidratos usados pelas próprias plantas; • Servem para necessidades metabólicas dos animais que se alimentam delas. α-D-glicose β-D-glicose 3 Introdução: Importância • Carboidratos nome comum devido observações iniciais de que tem a fórmula Cx(H2O)y – “Hidratos de Carbonos”; • Estudos estruturais indicam que não são hidratos (não contém moléculas de H2O intactas). D-glicose cunha e traço cunha e traçoprojeção de Fischer projeção de Fischer D-frutose 4 Carboidratos Introdução: Definição • Carboidratos � açúcares ou sacarídeos ou glicídeos (latim saccharum; grego sakcharon = açúcar; grego glykós = doce) • Terminação dos açúcares –ose; Exemplos: Sacarose: açúcar de mesa; Glicose: açúcar do sangue; Frutose: açúcar das frutas e do mel; Maltose: açúcar do malte; D-glicose D-frutose maltose 5 Carboidratos Introdução: Definição • Definição: Aldeidos e cetonas polihidroxilados ou substâncias que sofrem hidrólise formando aldeídos e cetonas polihidroxilados. • Dividem-se em duas classes: Carboidratos simples: monossacarídeos (açúcar simples). Exemplo: frutose, glicose, manose, etc. Carboidratos complexos: duas ou mais unidades de ácuçar interlidadas. D-manose 6 Carboidratos Introdução: Definição e classificação • Carboidratos complexos dividem-se: Dissacarídeos: 2 unidades de monossacarídeo interligadas; Oligossacarídeos: 3 a 10 unidades interligadas; Polissacarídeos: mais de 10 unidades interligadas. Exemplos: amido e celulose. D-galactose D-glicose 7 Carboidratos Introdução: Definição e classificação maltose D-glicose D-glicose lactose 1 mol de maltose Um dissacarídeo 2 mols de glicose Um monossacarídeo 1 mol de sacarose Um dissacarídeo 1 mol de glicose + 1 mol de frutose monossacarídeos 1 mol de amido ou 1 mol de celulose polissacarídeo Muitos mols de glicose um monossacarídeo 8 Carboidratos Introdução: Definição e classificação • Monossacarídeo: um polihidroxialdeído (D-glicose) ou uma poli- hidroxicetona (D-frutose); D-glicose (aldose) D-frutose (cetose) 9 Introdução: Classificação Carboidratos polihidroxialdeído polihidroxicetona • Classificados de acordo com o No de “C” que contém. Número de carbono do carboidrato simples 3 “C” � Triose 4 “C” � Tetrose 5 “C” � Pentose 6 “C “� Hexose uma aldose uma cetose uma aldotetrose (4C) uma cetopentose (C5) 10 Monossacarídeos: Classificação Carboidratos Exercício: Classifique os monossacarídeos abaixo: 11 Monossacarídeos: Classificação Carboidratos uma aldopentose uma cetoheptose uma aldohexose • Baseada na configuração do gliceraldeido (menor aldose). D-gliceraldeído (R)-(+)-gliceraldeído dextrorrotatório L-gliceraldeído (S)-(−)-gliceraldeído levorrotatório Estudo realizado por Emil Fischer no final do século XIX – Na época, era difícil determinar a configuração absoluta das substâncias. Arbitrariamente atribuiu a configuração D correta ao isômero dextrorrotatório! enanciômeros 12 Monossacarídeos: Designação D e L Carboidratos [α]D = + 8,7 [α]D = - 8,7 • Notações D e L são usadas para descrever as configurações de carboidratos e aminoácidos. • Projeções de Fischer, grupo C=O colocado no topo (aldoses) ou mais próximo do topo (cetoses). • Se o grupo OH ligado ao carbono assimétrico mais abaixo estiver à direita, a substância é um açúcar da série D; • Se o grupo OH estiver a esquerda e um açúcar da série L. 13 Carboidratos Monossacarídeos: Designação D e L galactose: qual é D e qual é L? D-gliceraldeído (R)-(+)-gliceraldeído L-gliceraldeído (S)-(−)-gliceraldeído Nota 1: Nomenclatura D e L são semelhantes às designações (R) e (S), uma vez que não estão relacionadas com as rotações ópticas dos açúcares aos quais elas são aplicadas. Nota 2: Existem açúcares D-(+) ou D-(-), e outros L-(+) ou L-(-). 14 Carboidratos Monossacarídeos: Designação D e L D-galactose L-galactose • Aldotetroses: dois centros estereogênicos, logo 2n=4 estereoisômeros ( dois D e dois L). • Aldotretoses são chamadas eritrose e treose. D-eritrose L-eritrose D-treose L-treose 15 Carboidratos Monossacarídeos: Aldotetroses • Aldopentoses: três centros estereogênicos, logo 2n=8 estereoisômeros (quatro D e quatro L) (quatro pares de enanciômeros). • Aldohexoses: quatro centros estereogênicos, logo 2n=16 estereoisômeros (oito D e oito L) (oito pares de enanciômeros). D-ribose (aldopentose) D-idose (aldohexose) 16 Carboidratos Monossacarídeos: Aldopentoses e Aldohexoses • Epímeros = diastereoisômeros que diferem na configuração de somente um centro estereogênico. epímeros em C-2 epímeros em C-3 17 Carboidratos Monossacarídeos: Epímeros D-(+)gliceraldeído D-(-)-treoseD-(-)-eritrose D-(-)-ribose D-(-)-arabinose D-(+)-xilose D-(-)-lixose D-(+)-alose D-(+)-altrose D-(+)-glicose D-(+)-manose D-(-)-gulose D-(-)-idose D-(+)-galactose D-(+)-talose18 Monossacarídeos: D-aldoses • Cetoses de ocorrência natural : C=O da cetona na posição 2. • Uma cetose tem um centro estereogênico a menos que uma aldose com mesmo No de átomos de “C”. • Assim, cetoses tem somente a metade dos estereoisômeros de uma aldose com mesmo No de átomos de “C”. 19 Carboidratos Monossacarídeos: Cetoses dihidroxiacetona D-ribulose D-xilulose D-psicose D-frutose D-sorbose D-tagatose 20 D-eritrulose Monossacarídeos: D-Cetoses • D-Glicose existe em 3 formas: cadeia aberta e duas formas cíclicas (α- D-glicose e β-D-glicose). • As duas formas cíclicas são diferentes: propriedades físicas e químicas distintas. carbono anomérico α-D-glicose 36% β-D-glicose 64% D-glicose 0,02% p.f. = 150oC [α]D = + 18,7o p.f. = 146oC [α]D = + 112,2o 21 Carboidratos Monossacarídeos: Estrutura cíclica carbono anomérico 22 Carboidratos Monossacarídeos: Estrutura cíclica pirano anel piranose (anel de 6-membros) anel furanose (anel de 5-membros) furano hemiacetal hemiacetal 23 Carboidratos Monossacarídeos: Estrutura cíclica anômero α * * anômero β • Anômeros: diastereoisômeros diferindo apenas no carbono acetal ou hemiacetal. O átomo de “C” hemiacetal ou acetal é chamado de carbono anomérico. carbono anomérico α-D-glicopiranose (36%) β-D-glicopiranose (64%)D-glicose (0,02%) 24 Carboidratos Monossacarídeos: Estrutura cíclica giro da ligação C4-C5 α-D-(+)-glicopiranose β-D-(+)-glicopiranoseD-glicose a –OH adiciona-se à C=O para fechar o anel de 6-membros e formar um hemiacetal cíclico. Nota: Um aldeído reage com 1 equivalente de álcool formando um hemiacetal. 25 Carboidratos Monossacarídeos: Estrutura cíclica α-D-(+)-glicopiranose α-D-(+)-glicofuranose Projeções de Fischer Projeções de Haworth 26 Carboidratos Monossacarídeos: Projeções de Haworth Sir Walter N. Haworth – Nobel em Química (1937): Carboidratos e Síntese da vitamina C. • Monossacarídeo cíclico de 6-membros é denominado piranose α-D-(+)-glicopiranose β-D-(+)-glicopiranose α-D-ribofuranose β-D-ribofuranose27 Carboidratos Monossacarídeos: Estrutura cíclica • Monossacarídeo cíclico de 5-membros é denominado furanose • Cetoses também existem predominantemente nas formas cíclicas. • D-frutose forma um hemiacetal cíclico de 5-membros decorrente da reação do grupo OH em C-5 com o grupo carbonila da cetona. • Se o novo C* (C-2) tem o grupo OH à direita na projeção de Fischer, α-D-frutose. Se o grupo OH está à esquerda, β-D-frutose. Projeções de Fischer Projeções de Haworth (α-D-frutofuranose) β-D-frutopiranose 28 Carboidratos Monossacarídeos: Projeções de Haworth α-D-frutose • Projeção de Fischer: NÃO adequada para mostrar a estrutura cíclica de um açúcar. • Projeção de Haworth para uma D-piranose - o anel de 6-membros é representado como uma superfície horizontal. O “O” do anel é sempre colocado no canto superior direito do ciclo, com o “C” anomérico (C-1) no lado direito e o álcool 1ário desenhado para cima. • Grupos à direita numa projeção de Fischer estão para baixo numa projeção de Haworth, enquanto grupos à esquerda numa projeção de Fischer estão para cima numa projeção de Haworth. 29 Carboidratos Monossacarídeos: Estrutura cíclica projeção de Fischer projeções Haworth α-D-(+)-glicopiranose β-D-(+)-glicopiranose Lembre-se: Projeção de Fischer - linhas horizontais se projetam para frente do plano em direção ao observador; e linhas verticais se estendem para trás do plano, para longe do observador. 30 Carboidratos 31 Carboidratos Monossacarídeos: Desoxiaçúcares 2-desoxi-D-glicose 2-desoxi-D-ribose 6-desoxiglicose, L-fucose D-ribose 6-desoxi-D-glicose α- ou β- α- ou β- β α- ou β- α • Lembre-se: em solução aquosa, a D-(+)-glicose existe em equilíbrio com os dois hemiacetais cíclicos α e β; • Parte da evidência da estrutura do hemiacetal cíclico da D-(+)- glicose vem de experimentos em que ambas as formas (α e β) foram isoladas; • Cristais de α-D-glicose puro dissolvidos em H2O: a rotação específica muda gradualmente de +112,2o para +52,7o; • Cristais de β-D-glicose puro dissolvidos em H2O: a rotação específica muda gradualmente de +18,7o para +52,7o. 32 Carboidratos Monossacarídeos: Mutarrotação • Explicação: em H2O, o hemiacetal regenera o aldeído (forma aberta), e ao reciclizar, forma ambas α- e β-D-glicopiranose em equilíbrio; • As três formas da D-glicose atingem concentrações de equilíbrio. α-D-(+)-glicopiranose p.f. 146oC; [α ]D25 = +112,2o β-D-(+)-glicopiranose p.f. 150oC; [α ]D25 = +18,7o forma acíclica da D- (+)-glicose 33 Carboidratos Monossacarídeos: Mutarrotação (36%) (64%)(0,02%) • A rotação específica da mistura em equilíbrio é +52,7o. • Mutarrotação: uma mudança lenta na rotação óptica a um valor de equilíbrio. • Grupo C=O de aldoses e cetoses pode ser reduzido por agentes redutores usuais do grupo C=O (Ex.: NaBH4). • O produto da redução é um poliálcool chamado alditol. 34 Carboidratos Monossacarídeos: Reações de redução D-glicitol (sorbitol) alditol D-glicose Aldoses � alditol Cetoses � 2 alditóis Exemplo: D-manose (aldose) D-manitol (alditol) D-frutose (cetose) D-sorbitol (alditol) 35 Carboidratos Monossacarídeos: Reações de redução Cetoses � 2 alditóis Aldoses � alditol • A redução também pode ser realizada por hidrogenação catalítica. D-glicose (aldose) D-sorbitol (alditol) 36 Carboidratos Monossacarídeos: Reações de redução Exemplo aplicado: Sorbitol D-glicose (aldose) D-sorbitol (alditol) Ni • Monossacarídeos em soluções aquosas básicas sofrem uma série de enolizações e tautomerizações ceto-enólicas conduzindo a isomerizações. • Ex.: Uma solução aquosa de D-glicose contendo Ca(OH)2 em repouso por vários dias, gera diversos produtos, incluindo D-frutose e D- manose. • A Reação é chamada de transformação de Lobry de Bruyn-Alberda van Ekenstein – homenagem aos dois químicos holandeses que a descobriram em 1895. 37 Carboidratos Monossacarídeos: Isomerização D-glicose íon enolato D-manose D-frutose enediol epimerização em C-2 carbonila isomerizada em C-2 38 Carboidratos Monossacarídeos: Isomerização da D-glicose • Açúcar redutor � São capazes de reduzir um agente oxidante. • Em solução, hemiacetais estão em equilíbrio com a forma de cadeia aberta. • Açúcar não redutor � Não podem ser oxidados por agentes oxidantes brandos (p. ex.: Ag+ ou Br2). • Glicosídeos são acetais que não estão em equilíbrio com a forma de cadeia aberta (aldeído ou cetona) em soluções aquosas básicas ou neutras; • Portanto, não podem ser oxidados por reagentes como Ag+ ou Br2. 39 Monossacarídeos: Açúcares redutores e não redutores Carboidratos Açúcar redutor Açúcar não redutor grupo alquila ou outro açúcar hemiacetal (R’ = H ou CH2OH) São oxidados por Ag+ (teste de Tollens) ou Br2 ou reagente de Benedict acetal (R’ = H ou CH2OH) Não são oxidados por Ag+ (teste de Tollens) ou Br2 ou reagente de Benedict Todos os carboidratos que contêm um grupo hemiacetal dão resultados positivos Carboidratos que possuem apenas grupos acetal não dão resultados positivos 40 Monossacarídeos: Açúcares redutores e não redutores Carboidratos Exercício 4 Indique se cada açúcar abaixo é redutor ou não redutor 41 Monossacarídeos: Açúcares redutores e não redutores Carboidratos 42 Monossacarídeos: Açúcares redutores Carboidratos ou produto de oxidação (complexo) Reagente de Benedict Reagente de Fehling (azul) produto de redução (vermelho-tijolo)(aldose) (cetose) • Aldoses podem ser diferenciadas das cetoses em solução aquosa de Br2 (água de bromo). • Br2 é um agente oxidante brando e facilmente oxida seletivamente aldeídos, mas não cetonas ou álcoois. • Produto da oxidação é chamado ácido aldônico. 43 Carboidratos Monossacarídeos: Reações de oxidação D-glicose (aldose) ácido D-glicônico (ácido aldônico) vermelho incolor Nota: Reação ocorre sob condições básicas. Em soluções básicas cetoses são convertidas a aldoses por enolização. • Aldoses e cetoses são oxidadas à ácidos aldônicos pelo reagente de Tollens, [Ag+(NH3)2OH -]; • Não pode ser usado para diferenciar aldoses de cetoses. • Lembre-se: Reagente de Tollens oxida aldeídos, mas não cetonas. • Por que as cetoses são oxidadas e as cetonas não? 44 Carboidratos Monossacarídeos: Reações de oxidação D-frutose cetose enol da D-frutose enol da D-glicose enol da D-manose D-glicose aldose D-manose aldose Tautomerização“H” ácido perda do H+ forma um enolato estabilizado por ressonância • Na presença de um agente oxidante forte forma-se um ácido aldárico. D-glicose (aldose) ácido D-glicárico (ácido aldárico) 45 Carboidratos Monossacarídeos: Reações de oxidação • Não há regentes químicos conhecidos, apenas enzimas formam um ácido urônico. D-glicose (aldose) ácido D-glicurônico (um ácido urônico) 46 Carboidratos Monossacarídeos: Reações de oxidação enzima • Monossacarídeos: dificuldade para isolar e purificar - tendência a formar xaropes e não cristais. • Emil Fisher: fenilhidrazina reage com uma aldose ou cetose � precipitado amarelo insolúvel em água. • O produto chamado de osazona (‘ose’ para açúcar; ‘azona’ para hidrazona). • Osazonas são facilmente isoladas e purificadas. Foram utilizadas para identificar monossacarídeos. 47 Carboidratos Monossacarídeos: Formação de osazonas H+ catalítico D-glicose osazona da D-glicose • Lembre-se: aldeídos e cetonas formam fenilhidrazonas reagindo com 1 equiv. de fenilhidrazina; • Aldoses e cetoses: formam osazonas reagindo com 3 equiv. de fenilhidrazina; • Co-produtos: anilina e amônia (consumo de 1 equiv. de fenilhidrazina); • Formação da osazona (dupla imina) consome mais 2 equiv. de fenilhidrazina. 48 Carboidratos Monossacarídeos: Formação de osazonas D-glicose osazona da D-glicose H+ catalítico 49 Carboidratos Monossacarídeos: mecanismo da formação de osazonas • Configuração do C-2 é perdida durante a formação da osazona, logo epímeros em C-2 formam osazonas idênticas. Exemplo: D-idose e D-gulose. 3 fenilhidrazina D-idose mesmaosazona (D-idose e D-gulose) D-gulose 50 Carboidratos Monossacarídeos: Formação de osazonas H+ catalítico 3 fenilhidrazina H+ catalítico • Cetoses: carbonos C-1 e C-2 também reagem com fenilhidrazina. • Exemplo: D-frutose, D-glicose e a D-manose formam a mesma osazona. D-glicose osazona (D-glicose e D-frutose) D-frutose 51 Carboidratos Monossacarídeos: Formação de osazonas 3 fenilhidrazina H+ catalítico 3 fenilhidrazina H+ catalítico • 1a Etapa – forma um novo centro estereogênico via adição de NaC≡N; • 2a Etapa – Redução parcial forma uma imina; • 3a Etapa – hidrólise ácida da imina formada na etapa 2 gera o aldeído. D-eritrose D-ribose D-arabinose 52 Carboidratos Monossacarídeos: Síntese de Kiliani-Fischer • Aumenta um “C” na cadeia de uma aldose. • Tetroses � Pentoses; Pentoses � Hexoses Exercício 2 • Qual(ais) produto(s) seria(m) formado(s) numa síntese de Kiliani- Fischer a partir da D-arabinose? 1. HCl/NaCN 2. H2, Pd/BaSO4 3. HCl/H2O ? 53 Carboidratos Monossacarídeos: Síntese de Kiliani-Fischer • Início: obtenção do sal de Ca2+ de um ácido aldônico através de oxidação com água de Br2 e adição de Ca(OH)2 D-glicose D-gliconato de cálcio 54 Carboidratos Monossacarídeos: Degradação de Ruff • Diminui um “C” na cadeia de uma aldose; • Hexoses � Pentoses; • Pentoses� Tetroses; • Sal de Ca2+ de um ácido aldônico é oxidado com H2O2; • Íon Fe3+ catalisa a reação de oxidação; • Clivagem de C1-C2 � CO2 + aldeído. 55 Carboidratos Monossacarídeos: Degradação de Ruff D-gliconato de cálcio D-arabinose Exercício 3 • Apresente o(s) produto(s) orgânico(s) da degradação de Ruff da D-ribose. D-ribose 1. Br2, H2O 2. Ca(OH)2 ? 56 Carboidratos Monossacarídeos: Degradação de Ruff 3. Fe(SO4)3, H2O, 100 o C 4. 30% H2O2 • O hemiacetal cíclico (ou hemicetal) de um monossacarídeo pode reagir com um álcool para formar um acetal (ou cetal); • O acetal de um açúcar é denominado glicosídeo, e a ligação entre o carbono anomérico e o oxigênio alcoxi é denominada ligação glicosídica; • Nomenclatura: substituição da terminação ‘e’ do nome do açúcar pelo sufixo ‘ídeo’. Ex.: glicose � glicosídeo; galactose � galactosídeo; etc. • Se piranose ou furanose, o acetal é chamado piranosídeo ou furanosídeo. D-(+)-glicose α-D-(+)-glicosídeo de metila ou α-D-(+)-glicopiranosídeo de metila β-D-(+)-Glicosídeo de metila ou β-D-(+)-glicopiranosídeo de metila 57 Carboidratos Monossacarídeos: Formação de glicosídeos Nota: A reação de um único anômero com um álcool leva à formação de mistura α- e β-glicosídeos. A reação é catalisada por uma pequena quantidade ácido. β-D-glicopiranose β-D-glicopiranosídeo de metila α-D-glicopiranosídeo de metila ataque pelo oxigênio do álcool ocorre em ambas as faces do carbocátion estabilizado por ressonância 58 Carboidratos Monossacarídeos: Mecanismo da formação de glicosídeos Nota: Glicosídeos são estáveis em soluções básicas porque são acetais. Em soluções ácidas, sofrem hidrólise, formando um açúcar e um álcool. O álcool obtido por hidrólise de um glicosídeo é chamado de aglicona. β-D-glicopiranosídeo de metila β-D-glicopiranose ou β-D-glicose α-D-glicopiranose ou α-D-glicose ataque por uma molécula de água ocorre em ambas as faces do carbocátion estabilizado por ressonância. 59 Monossacarídeos: Hidrólise de glicosídeos Carboidratos • Muitos compostos naturais são glicosídeos. Ex.: salicina (encontrada nas cascas do salgueiro) • Desde os tempos da Grécia antiga, preparações feitas das cascas do salgueiro eram usadas no alívio da dor; • Químicos isolaram a salicina e comprovaram que efeito analgésico das cascas era devido a salicina; • Salicina pode ser convertida em ácido salicílico que por sua vez pode ser convertido em aspirina (ácido acetilsalicílico). carboidrato aglicona Salicina Salgueiro (Salix alba L., Salicaceae) 60 Carboidratos Monossacarídeos: Glicosídeos O que fazer para evitar as isomerizações? • Converter o monossacarídeo em glicosídeo (de metila): Possibilita as reações em meio básico com segurança; Grupo aldeído convertido em acetal – estáveis em soluções aquosas básicas. A preparação do glicosídeo serve para “proteger” o monossacarídeo de reações indesejáveis. 61 Carboidratos Monossacarídeos: Grupos protetores em calor 62 Carboidratos Monossacarídeos: Metilação glicosídeo de metila metilações repetidas derivado pentametilado 2,3,4,6-tetra-O-metilglicose Aplicação: identificação de açúcares • Os grupos OH também reagem com iodeto de metila/óxido de prata, formando éteres; • O grupo OH é um nucléofilo relativamente fraco, por isso óxido de prata (base) é usado para remover um próton de cada álcool, formando o alcóxido e facilitando a reação SN2. excesso β-D-glicopiranose tetra-O-metil-β-D- glicopiranosídeo de metila 63 Monossacarídeos: Alquilação Carboidratos • Os grupos OH de monossacarídeos apresentam a química típica dos alcoóis. Exemplo: reação com cloreto de acetila ou anidrido acético formando ésteres. 64 Monossacarídeos: Acilação Carboidratos (estereoespecífica) α piridina α piridina ou β-D-glicopiranose penta-O-acetil-β-D-glicopiranose α-D-glicopiranose penta-O-acetil-α-D-glicopiranose (estereoespecífica) β β • São substâncias constituídas de duas subunidades de monossacarídeos unidas por uma ligação acetal (éter). Exemplo 1: Maltose dissacarídeo obtido da hidrólise do amido (diastase). ligação α-1,4’-glicosídica Configuração não especificada duas subunidades de D-glicose unidas por uma ligação acetal Ligação acetal específica é denominada Ligação entre C-1 de uma subunidade com C-4 de outra subunidade (sofre mutarrotação) Açúcar Redutor ou Não-Redutor? maltose 65 Dissacarídeos: Introdução Carboidratos Exemplo 2: Celobiose - dissacarídeo obtido da hidrólise de celulose. • Possui também duas subunidades de D-glicose; • A ligação é β-1,4’-glicosídica; • Difere da maltose na configuração da ligação glicosídica. ligação β-1,4’-glicosídica Açúcar Redutor ou Não-Redutor? Celobiose 66 Dissacarídeos: Introdução Carboidratos Exemplo 3: Lactose dissacarídeo encontrado no leite. • Constitui em peso, 4,5% do leite de vaca e 6,5% do leite humano; • Constituído de D-galactose + D-glicose; • A subunidade da D-galactose é um acetal e D-glicose um hemiacetal; • É um açúcar redutor (sofre mutarrotação). D-galactose é epímero em C-4 da D-glicose ligação β-1,4’-glicosídica D-galactose D-glicoseLactose 67 Dissacarídeos: Introdução Carboidratos • Nota: A posição α é axial quando um açúcar é mostrado numa conformação em cadeira, e está para baixo quando o açúcar é mostrado numa projeção de Haworth. A posição β é equatorial quando um açúcar é mostrado numa conformação em cadeira, e está para cima quando o açúcar é mostrado numa projeção de Haworth. Ligação β-glicosídica Celobiose Maltose Ligação α-glicosídica 68 Dissacarídeos: Introdução Carboidratos Exemplo 3: Sacarose dissacarídeo mais comum (açúcar de mesa). • Obtida da cana de açúcar e da beterraba-açucareira; • Produção anual mundial: 90 milhões de toneladas; • Constituído de D-glicose + D-frutose unidas por ligação glicosídica entre o C-1 da glicose (α) e o C-2 da frutose (β); Ligação α na glicose Ligação β na glicose D-glicose D-frutose Sacarose Não é um açúcar redutor e não sofre mutarrotação, por que? 69 Dissacarídeos: Introdução Carboidratos 70 Oligossacarídeos: Ciclodextrinas Carboidratos Fonte: Ferreira, V.F. et al., Quim. Nova, v.32, n.3, p.623-638, 2009. β-CD α-CD γ-CD • Polissacarídeos contém no mínimo 10 e até milhares de unidades de monossacarídeos unidos por ligações glicosídicas. • Também são conhecidos como glicanos; Estrutura proposta para a celulose • Polissacarídeos que são polímeros de apenas um tipo de monossacarídeo são chamados de homopolissacarídeos; • Aqueles constituídos por mais de um tipo de monossacarídeo são chamados de heteropolissacarídeos; 71 Polissacarídeos: Introdução Carboidratos• Amilose e amilopectina; • Maioria dos amidos produz 10-20% de amilose e 80-90% de amilopectina. estrutura parcial da amilose Ligação glicosídica α-1,4’ ou α(1�4) ramificação cadeia principal ponto de ramificação estrutura parcial da amilopectina 72 Polissacarídeos: Amido Carboidratos 73 Polissacarídeos: Amido Carboidratos ligação 1 6-α-glicosídica amilopectina amilose ligação 1 4-α-glicosídica • Celulose material estrutural de plantas superiores; • Algodão � cerca de 90% de celulose; Madeira � aproximadamente 50% de celulose; • Assim como amilose, a celulose é constituída de cadeias não- ramificadas de unidades de D-glicose. 74 Polissacarídeos: Celulose Carboidratos estrutura parcial da celulose • Unidades unidas por ligações β-1,4’-glicosídicas ou β(1�4); • Mais difícil de hidrolisar quando comparada com as ligações α-1,4’- glicosídicas ou α(1�4); • α-glicosidase responsável pela hidrólise das ligações α-1,4’-glicosídicas (todos os mamíferos tem). 75β-D-glicose α-D-glicose • Animais não possuem a enzima β-glicosidase � Não podem obter glicose da celulose; • Bactérias que possuem β-glicosidase habitam o trato digestivo de alguns animais (cavalo e vacas) que conseguem suprir suas necessidades nutricionais. • Ligações β na celulose promovem formação de ligações de hidrogênio intramoleculares � dispõem-se em arranjos lineares � formando ligações de hidrogênio intermoleculares entre cadeias adjacentes; Ligação de hidrogênio intermolecular 76 Polissacarídeos: Celulose Carboidratos 77 Polissacarídeos: Celulose Carboidratos acetato de celulose (fibra sintética) celulose Exemplo: acetato de celulose
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