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Resumo - Processo do Trabalho

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PROCESSO DO TRABALHO RESUMO 2018.1	MARIA CAROLINA RIBEIRO
PRINCÍPIOS, PECULIARIDADES E TÉCNICAS DE PROCEDIMENTO
PRINCÍPIOS GERAIS
Os princípios gerais são ideias fundamentais que estruturam o sistema processual. Os valores e princípios devem ser respeitados e, o legislador os concretizou por meio de várias normas contidas no Código de Processo Civil, a exemplo da necessidade de primar pelo julgamento do mérito. Diversos dispositivos determinam que o juiz deve aproveitar o ato processual, ainda que ele apresente algum tipo de defeito, desde que sanável. O processo não é um fim em si mesmo, mas instrumento para a realização do direito material deduzido no processo. No processo do trabalho, para que haja uma boa prestação jurisdicional, existem peculiaridades. O processo do trabalho existe para tutelar um direito que, em rega, envolve crédito alimentar, tendo em vista que a maioria das ações é proposta pelo empregado. A EC 45/04 ampliou a competência da Justiça do Trabalho, logo, atualmente ela abarca relações de trabalho latu sensu. 
Princípios gerais constitucionais
a) Devido processo legal – art. 5º, inciso LIV da Constituição Federal
O devido processo legal deve ser visto nas relações judiciais, administrativas, legislativa e negociais (art. 5º, inciso LV, CF). Razoabilidade e proporcionalidade decorrem do princípio do devido processo legal. Um contrato de trabalho não pode imprimir sanção desarrazoada ou desproporcional, de modo que é possível invocar o dispositivo constitucional para requerer invalidade de cláusula formulada nesses moldes.
b) Ampla defesa e contraditório – art. 5º, inciso LV da Constituição Federal
O Código de Processo Civil, nos arts. 9º e 10 traz uma nova roupagem aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Tem-se a vedação à não surpresa, de modo que não pode o juiz decidir sem escutar as partes interessadas na solução do litígio (art. 9º, parágrafo único, CPC e art. 771, inciso III, CPC). Excluídas as hipóteses excepcionais, o juiz precisa respeitar e estabelecer o contraditório, que deverá ser, em regra, prévio, dinâmico e efetivo. O contraditório dinâmico indica que o juiz deve sempre dialogar com as partes. Nos casos de tutela de urgência e evidencia e do processo monitório, o contraditório é postergado, mas existe – isso porque, por vezes o julgamento da causa em atraso pode ensejar a não efetivação do direito. A ampla defesa deve ser efetivada para ambas as partes envolvidas no processo. O cerceamento de defesa daquele que postula em juízo ofende princípio constitucional. 
c) Juiz e promotor natural – art. 5º, inciso XXXVIII e LIII da Constituição Federal
Todo cidadão tem o direito de ser sentenciado por autoridade competente e previamente estabelecida pelas leis processuais vigentes, sendo vedada a criação de juízos ad hoc ou tribunais de exceção. No caso do promotor natural, entende-se que o sujeito só pode ser acusado e processado por alguém previamente investido na função. Deve-se observar as regras processuais vigentes para a determinação do promotor e do juiz.
d) Controle judicial ou acesso à justiça – art. 5º, XXXV da Constituição Federal
Também conhecido como princípio da inafastabilidade judicial ou indeclinabilidade da jurisdição, determina que a lei não pode excluir de apreciação do judiciário qualquer ameaça ou lesão à direito. Proíbe-se que o legislador crie normas que dificultem o acesso à justiça, bem como se assegura o direito que todos possuem de ter uma ordem jurídica justa. O cidadão tem o direito de obter prestação jurisdicional digna, logo, o juiz deve conceder tutela justa, efetiva, adequada e tempestiva. O julgamento precisa ser célere e sem dilações indevidas – isso se associa intimamente à duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF). A celeridade em si mesma não é um princípio nem uma garantia, até porque não há uma noção linear e concreta de celeridade – há variação diante de vários fatores que influenciam no tempo de julgamento do processo (tipo de causa, natureza da demanda, complexidade). Uma peculiaridade no âmbito trabalhista que tem um intuito de tornar o processo mais célere é a possibilidade de realizar liquidação dentro da fase de cumprimento da sentença, mas o ideal é que se profira sentença líquida. 
e) Isonomia – art. 5º, caput, inciso I
As partes devem receber do juiz o mesmo tratamento. A igualdade formal indica a necessidade de tratamento isonômico. As partes têm direito aos mesmos recursos, a produzir as mesmas provas, à influenciarem o juiz, etc. No processo do trabalho esse princípio atua de modo diferenciado – na audiência inaugural as partes devem estar presentes: se o reclamante não comparece, o processo é extinto sem resolução de mérito. Se o reclamado não comparece, é considerado revel. Do ponto de vista substancial, não há ofensa à isonomia, tendo em vista que o legislador trata desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade. A inversão do ônus da prova em favor do reclamante pode ser vista como forma de efetivar a isonomia, tendo em vista que por vezes é o empregador que detém a posse dos documentos que comprovam o direito do empregado. 
f) Segurança jurídica – art. 5º, XXXVI
A Constituição protege o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido. Isso também reflete no processo, sobretudo quando se observa uma mudança na legislação. Atos praticados sob a vigência da lei antiga devem ser analisados de acordo com a mesma. O juiz precisa observar o direito adquirido processual. Em matéria de recurso, se o prazo para a interposição estiver em curso no momento em que uma lei nova passa a viger, é necessário observar a legislação antiga.
Ex.: Sentença publicada em 08.11.2017. Reforma trabalhista entra em vigor 11.11.2017. Aplica-se a lei antiga, pois o prazo recursal de oito dias se iniciou sob a vigência da legislação antiga – é necessário aplicar a lei vigente na data da publicação da sentença em decorrência do chamado direito adquirido processual; as partes adquiriram o direito de interpor recurso de acordo com as leis vigentes no momento da publicação da sentença.
Ex.: Os embargos infringentes foram excluídos do sistema processual. Se há decisão publicada no momento em que ainda era possível a utilização dessa modalidade recursal, a parte tem o direito de se valer dessa espécie.
g) Publicidade – art. 5º LX; art. 93, IX
Os julgamentos devem ser públicos, sendo o julgamento secreto excepcional (necessidade de preservação da intimidade das partes ou quando o interesse público exigir o sigilo). O art. 93, inciso IX da Constituição indica que o juiz deve sopesar os valores em questão. Deve-se observar que publicidade não significa utilização midiática das informações e nem a possibilidade de realização de pré-julgamentos. A realização de julgamentos públicos confere maior controle social aos atos.
h) Motivação das decisões judiciais – art. 93º, IX
O julgamento deve ser motivado a fim de evitar abuso de autoridade e arbitrariedade de julgamentos. Diante do dever de motivar, a parte pode impugnar melhor as decisões. Além disso, é necessário compreender as razões processuais de fato e de direito que levaram o juiz a julgar a causa de determinada maneira. A necessidade de motivação permite que a opinião pública exerça um controle sobre as decisões judiciais, o que favorece uma imparcialidade do julgamento. O art. 489 do CPC exige a realização de fundamentação exaustiva, logo, o juiz não pode desprezar argumento relevante suscitado pela parte. Argumentos irrelevantes podem ser desprezados desde que se indique porque o mesmo não influi na convicção acerca da causa.
i) Duplo grau de jurisdição
Trata-se de princípio constitucionalmente implícito. A Constituição criou os tribunais e definiu a competência recursal dos mesmos, o que automaticamente assegura às partes o direito de ter a decisão de primeiro grau revisada ou reexaminada por órgão hierarquicamente superior. A legislação infraconstitucional, todavia, pode suprimir a recorribilidade em situações específicas. A regra do processotrabalhista é o procedimento ordinária, mas há ainda os procedimentos sumário e sumaríssimo (art. 2º, Lei nº. 5.585/70). Nos casos submetidos ao procedimento sumário, as sentenças são irrecorríveis – na LEF existem hipóteses de irrecorribilidade. Isso significa uma mitigação ao princípio, que não é garantia absoluta.
j) Proibição de prova ilícita
A proibição da prova ilícita é princípio com status constitucional. Provas obtidas ilicitamente não possuem eficácia processual, logo, são consideradas nulas, inválidas.
k) Celeridade e duração razoável do processo
O processo deve ser julgado, dentro do possível, de modo célere e sem dilações indevidas. Essa garantia não é simples, pois o juiz lida com muitas contingências e dificuldades, sobretudo de ordem estrutural. O Estado precisa oferecer condições para que tal garantia seja vista.
Princípios gerais do processo
Os arts. 1º ao 12 do Código de Processo Civil demonstram diretrizes que devem ser observadas no processo, inclusive trabalhista.
a) Instrumentalidade das formas
O ato praticado no processo deve observar a forma prescrita em lei, porém a prática de ato em desacordo com a previsão legal não deve ensejar, de início, a sua invalidade – se o ato atinge o objetivo a que se presta, não deve ser anulado, mas sim aproveitado. No âmbito trabalhista a parte precisa ser notificada sobre seu comparecimento em audiência, sob pena de revelia e consequente confissão da matéria de fato. A parte deve ser advertida sobre a necessidade de levar testemunhas e de que deve produzir as provas que pretender – se a notificação não possuir tais advertências, em princípio o ato está eivado de nulidade. A nulidade não será decretada se a parte, devidamente citada, comparece em juízo e exercer perfeitamente sua defesa – não há vício sem prejuízo. A possibilidade de emenda à inicial concretiza a instrumentalidade das formas. 
b) Imediatidade do juiz
O juiz que julgará a causa deve possuir contato direito e imediato com as partes, testemunhas e demais elementos de prova – assim, o juiz está mais apto para julgar a causa e oferecer tutela mais adequada.
c) Identidade física do juiz (Súmula 136 do TST – cancelada)
O magistrado que presidiu e concluiu a instrução probatória fica vinculado ao processo, devendo ser o prolator da sentença – o juiz que instruiu o processo deve ser aquele que julgará a causa. O TST não exigia a aplicação do referido princípio, porém a Súmula 136 foi cancelada.
d) Imparcialidade do juiz 
O juiz deve ser imparcial.
e) Igualdade de tratamento das partes
Decorre do princípio da isonomia, previsto constitucionalmente. 
f) Boa-fé ou lealdade processual
O CPC enaltece a necessidade de um comportamento leal das partes, inclusive, admite-se a aplicação multas para a parte que age de modo desleal e com má-fé em diversas fases processuais. As hipóteses de litigância de má-fé encontram previsão no art. 77 do CPC e, a CLT passou a incorporar tais hipóteses nos arts. 793-A, 793-B e 793-C. Com o processo cooperativo o juiz deixou de ser protagonista no processo, de modo que, atualmente, deve dialogar com as partes, sobretudo diante da decisão de matérias de ordem pública. É possível o reconhecimento ex officio de matérias de ordem pública, porém é necessário as submeter ao conhecimento das partes (observância dos princípios do contraditório e da cooperação). Em relação às multas, o juiz deverá indicar à parte que sua conduta se enquadra em hipótese de litigância de má-fé. O princípio da boa-fé é cláusula geral e conceito jurídico indeterminado, possuindo densidade normativa fluida. O juiz precisa preencher o conteúdo de tais regras no caso concreto.
O art. 446 do CPC não veda a decisão surpresa somente em relação aos fundamentos ou circunstâncias de fato, mas também de direito. O TST entende que a parte possui obrigação de conhecer previamente questões relacionadas às condições da ação, ausência de pressupostos processuais ou de admissibilidade recursal – nesses casos, não haveria vedação à decisão surpresa, de modo que o juiz não estaria obrigado a ouvir as partes antes de decidir – na prática os juízes realizam a oitiva.
g) Proibição ao venire contra factum proprium
A expressão "venire contra factum proprium" significa vedação do comportamento contraditório, baseando-se na regra da pacta sunt servanda.
h) Primazia da decisão de mérito
A solução integral do mérito envolve a atividade satisfativa – a satisfação do direito ocorre no momento do cumprimento da sentença. A Súmula 383 do TST concretiza o princípio da primazia do julgamento do mérito, possuindo clara influência do art. 10 do CPC. Os defeitos formais, em sua maioria, podem ser sanados. O dever do juiz de sanar os vícios do processo decorre dos princípios da primazia do julgamento de mérito e da instrumentalidade das formas. O juiz deve possibilitar a emenda da inicial a fim de propiciar o julgamento do mérito da causa, pacificando o conflito submetido à sua apreciação (art. 139, inciso IX, CPC). 
SISTEMA PROCESSUAL TRABALHISTA
A IN 39/16 define quais regras prevista no CPC são compatíveis ao processo do trabalho. Uma vez compatíveis, tais regras podem ser aplicadas em caráter subsidiário ou em caráter supletivo ao processo trabalhista. A CLT dialoga constantemente com o CPC na fase de conhecimento e, por vezes na fase de execução. Na fase de execução também se aplica a LEF, desde que a as regras sejam compatíveis com os princípios que informa o processo do trabalho. A LEF se sobrepõe ao CPC no âmbito das execuções em razão da especialidade da matéria – o credor da execução fiscal é a Fazenda Pública, logo, o processo é mais célere: essa celeridade deve ser vista no processo do trabalho, que em regra versa sobre créditos alimentares.
Petição inicial
A reforma trabalhista mexeu na estrutura da petição inicial do processo do trabalho (art. 840, §3º, CLT). A reclamação pode ser escrita ou verbal. Sendo escrita, deve conter certos requisitos. Ocorre que, a ausência de um desses requisitos não implica em extinção da causa sem análise do mérito (art. 321, CPC) – o juiz deve realizar o saneamento antes, oferecendo prazo para que o vício seja sandado. Se não houver fixação de prazo em despacho, ele será de cinco dias. Na fase recursal, o relator do TRT possui o dever de intimar vícios presentes no recurso antes de decretar a inadmissibilidade (art. 932, parágrafo único e art. 938 do CPC). Os magistrados devem buscar atingir o mérito da causa e do recurso. Em relação à ausência ou insuficiência de preparo, o TST entendeu que o art. 1.007, §2º do CPC, que permite que a parte autora supra a ausência do preparo, não se aplica ao processo do trabalho – o que se entendeu foi que somente é possível sanar o vício diante de insuficiência, mas não de ausência. 
Aplicação supletiva e subsidiária do CPC
Com a vigência do CPC, surgiu uma celeuma na doutrina trabalhista em razão do art. 15. O art. 15 indica que na ausência de normas que regulem o processo eleitoral ou trabalhista, as disposições relativas ao processo civil serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. Essa previsão não encontra norma correspondente no Código de Processo Civil de 1973 e, diante de tal regra, uma parcela da doutrina e da jurisprudência trabalhista entendeu que esse dispositivo revogou o art. 769 da CLT.
Aplica-se um regime supletivo quando a norma existe, mas não regula completamente a matéria. No caso do direito processual trabalhista, o art. 796 da CLT regula o assunto, mas não o esgota. Dessa forma, a complementação se dá através de regra prevista no CPC. Quando há omissão total, utiliza-se a subsidiariedade. Prevalece então o entendimento de que o art. 15 do CPC não revogou o art. 769 da CLT, que seria uma espécie de rega especial, prevalecendo sobre regra geral, ou seja, sobre o CPC.
O CPC na traz a ressalva prevista pelo art. 769 da CLT, logo, mesmo diante de uma omissão na CLT, não há autorização imediata para a aplicação subsidiária das normas previstas no CPC, posto que há a necessidade de compatibilidade com o microssistema processualtrabalhista e com os princípios que informam esse microssistema. O IN nº. 39 do TST trata do tema, indicando que o CPC pode ser aplicado subsidiariamente e supletivamente ao processo do trabalho em caso de omissão e desde de que haja compatibilidade de normas e princípios do direito processual do trabalho, de acordo com os arts. 769 e 889 da CLT e com o art. 15 do CPC. Dessa forma, o art. 15 do CPC não revogou o dispositivo da CLT.
ESTRUTURA DA JUSTIÇA TRABALHISTA
O primeiro grau da Justiça do Trabalho é composto pelas Varas de Trabalho, compostas por um magistrado. Os TRT são órgãos de segundo grau e, são divididos em vinte e quatro regiões. O TST é o órgão de cúpula da Justiça do Trabalho e, é órgão colegiado. Acima do TST se encontra o STF, que resolve questões constitucionais. Antigamente, as Varas de Trabalho eram chamadas de Juntas de Conciliação e Julgamento, órgão colegiado composto por um juiz togado e dois juízes leigos ou classistas – a EC 24/99 extinguiu tais figuras.
PECULIARIDADES
a) Concibialidade obrigatória
Impõe-se ao juiz o dever de buscar uma solução negociada para o conflito trabalhista (arts. 846 e 850 da CLT). A primeira tentativa de conciliação deve ser proposta na audiência inaugural. O art. 850 indica que o juiz deve promover segunda tentativa de conciliação após o encerramento da instrução. Realizadas as razoes finais, o juiz deve renovar a proposta de conciliação e, posteriormente proferir a decisão. A conciliação possui interesse público subjacente, que é a solução mais rápida da lide, ensejando economia processual. Essa questão não é suficientemente forte para anular um processo em fase da omissão acerca das possibilidades de conciliação – se não há prejuízo não há nulidade e, as partes podem conciliar a qualquer momento, mesmo não havendo o pronunciamento do juiz. O CPC consagra o princípio do autorregramento da vontade que, no processo trabalhista, é mitigado em face da hipossuficiência do empregado.
b) Poder normativo
O poder normativo é exercido pelos Tribunais trabalhistas, ou seja, pelos TRT e pelo TST. O poder normativo diz respeito à conciliação e julgamento nos conflitos coletivos de trabalho que surgem no âmbito de categorias profissionais ou econômicas. A norma coletiva pode ser acordo ou convenção coletiva – o acordo é celebrado no âmbito de certa categoria e, a convenção é firmada entre dois sindicatos. Quando não há acordo, não há a celebração de norma coletiva, sendo possível submeter o conflito à apreciação de um tribunal do trabalho. Se o conflito se limitar à área territorial e um TRT, haverá competência para processar e julgar o dissídio coletivo, que a partir da EC 45/05 só pode ser ajuizado de comum acordo entre duas categorias. Ajuizado o dissídio, instaura-se um processo no qual o Tribunal exercerá o poder normativo – trata-se do poder de criar normas gerais para as categorias envolvidas no conflito. Quando Tribunal julga o dissídio ele produz ato processual chamado de sentença normativa – essa denominação é tecnicamente imprópria, pois em verdade, Tribunais produzem Acórdãos. 
A sentença normativa possui prazo de vigência limitado a quatro anos. Acordos e convenções coletivas também possuem prazo limitado. Antes da reforma, se as partes envolvidas não celebrassem novo acordo ou convenção após o prazo de vigência, as normas previstas no instrumento eram incorporadas ao contrato de trabalho por tempo indeterminado, somente podendo ocorrer supressão após novo instrumento normativo (Súmula 277, CLT – cancelada). Atualmente há prazo de vigência máximo de dois anos determinado e, ele deve ser previsto no próprio instrumento. No julgamento dos dissídios coletivos é necessário observar o sistema legal vigente, bem como normas e princípios constitucionais e dispositivos contratuais. O poder normativo é exercido diante do vazio legislativo, o que faz com que haja certa limitação.
A EC 45/05 criou regramento importante em relação ao dissídio coletivo (art. 114, §2º, CF). se uma das partes se recusa à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção do trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. Cláusulas e condições pactuadas anteriormente são as previsões contidas em acordos ou convenções coletivas vigentes.
c) Jus postulandi
‘Jus postulandi’ é a indicação de que a parte possui capacidade postulatória – essa capacidade somente é aplicada ao empregador e ao empregado, logo, outros sujeitos que litigam na Justiça do Trabalho precisam constituir advogado (art. 791, CLT) – limitação subjetiva. O jus postulandi, em tese, abarca todas as instâncias, todavia, foram criadas limitações relacionadas às instâncias extraordinárias – limitação objetiva. O jus postulandi somente pode ser exercido nas instâncias ordinárias, ou seja, nas Varas do Trabalho e nos TRT. Se houver recurso ao TST, a parte precisa constituir advogado (Súmula 425, TST). O jus postulandi não pode ser exercido em mandado de segurança, ação cautelar ou ação rescisória, pois tais procedimentos exigem rigor técnico e jurídico. 
d) Execução ex officio
O juiz possui a prerrogativa de impulsionar a execução da sentença proferida, inclusive no que diz respeito às contribuições sociais. Houve mudança no art. 878 da CLT, todavia: antes da reforma, o juiz poderia impulsionar toda e qualquer execução. Após a reforma, somente é possível promover a execução ex officio quando as partes não estiverem representadas ou assistidas por advogado, ou seja, se estiverem exercendo o jus postulandi. Em alguns casos o Tribunal poderá instaurar o dissídio coletivo ex officio – um exemplo se dá em hipótese de atingimento à intimidade ou serviço público essencial. Alguns entendem que trata-se de algo inconstitucional, todavia, há previsão na CLT.
e) Supletividade e subsidiariedade
Na fase de conhecimento é possível a utilização do CPC como fonte normativa supletiva ou subsidiária (art. 769, CTL). Na fase de execução, é possível se valer da LEF e do CPC (art. 889, CLT). Quando a omissão ou lacuna celetista for parcial, ocorrerá supletividade. Quando a omissão ou lacuna for total, ocorre a subsidiariedade. A aplicação de regras de forma supletiva ou subsidiária deve observar a compatibilidade com os princípios que informam o sistema processual trabalhista
A lacuna ontológica diz respeito ao envelhecimento da norma e sua posterior incompatibilidade com a realidade. O art. 899 da CLT indica que recursos trabalhistas possuem efeito meramente devolutivo, sendo possível a execução provisória da sentença até o momento da penhora – isso significa que o juiz não pode realizar atos para satisfação do crédito. O CPC, no art. 520, autoriza a realização de tais atos – através da invocação da lacuna ontológica, os juízes trabalhistas passaram a realizar interpretação no sentido de possibilitar a execução provisória para além do momento da penhora.
TÉCNICAS DE PROCEDIMENTO
a) Oralidade
A oralidade se manifesta basicamente nas audiências, onde é possível formular diversos requerimentos (ex.: inquirição de testemunha, realização de prova técnica). Pode-se realizar alegações finais e defesa oralmente. O juiz pode sentenciar em audiência que, em tese, deve ser una (art. 845, CLT) – por conta do volume de demandas, é normal observar o fracionamento.
b) Inquisitoriedade
O art. 765 da CLT se alinha ao princípio da cooperação previsto no CPC. O juiz deve impulsionar o feito, deve tomar a iniciativa, sendo sujeito ativo e não mero observador. Todavia, o juiz não é protagonista, pois participa de um processo cooperativo ao lado das partes. 
COMPETÊNCIA
Sempre que houver litígio ou dissídio que possua como objeto uma matéria trabalhista, haverá competência da Justiça do Trabalho. Até a EC 45/04, a Justiça do Trabalho somente possuía competência para processar e julgar demandas oriundas de relação de emprego. Em situações excepcionais era possível o julgamento de outros tipos de demanda,a exemplo de litígios oriundos de contratos de empreitada em que o empreiteiro fosse operário ou artificie – quando a pessoa jurídica fosse a prestadora do serviço de empreitada, não poderia submeter a demanda à Justiça do Trabalho. Como o legislador não fez ressalva relacionada ao preço ou à duração da empreitada, entendia-se que se o empreiteiro fosse pessoa física seria possível a submissão da questão à Justiça Trabalhista.
Em ações envolvendo portuários e operadores ou portuários e OGMO, há a figura de um trabalhador sem subordinação (avulso ou eventual) e que presta serviços em condições específicas. Trata-se de figura hipossuficiente, motivo pelo qual o legislador entendeu por bem oferecer proteção maior a esse trabalhador no âmbito da Justiça do Trabalho.
O juiz do trabalho pode determinar o pagamento de multas no exercício de sua função para forçar o cumprimento de suas decisões ou para o litigante que agir de má-fé. Essas multas diferem das multas administrativas previstas na CLT.
Emenda Constitucional nº 45 de 2004
A Justiça do Trabalho passou a ser competente para dirimir qualquer conflito ou controvérsia oriunda de uma relação de trabalho e, não somente de uma relação de emprego. Relação de trabalho é gênero do qual a relação de emprego é mera espécie. Há relação de emprego quando presentes os requisitos dos arts. 2º e 3º da CLT (habitualidade, subordinação, pessoalidade e onerosidade). TST e STJ entendem que profissionais que oferecem serviço ao mercado de consumo ou a destinatário final não estão enquadrados no conceito de relação de trabalho, mas sim em relação de consumo, logo, a competência não seria da Justiça do Trabalho, mas sim da Justiça Comum Estadual (Súmula 363, STJ).
Entes da Administração Pública
A relação de trabalho entre o Poder Público e seus servidores apresenta caráter jurídico-administrativo, logo, a competência para dirimir conflitos entres as duas partes é sempre da Justiça Comum, e não da Justiça do Trabalho. O STF entendeu que a Justiça do Trabalho não possuiria competência para apreciar causas entre um órgão da Administração Pública e o seu respectivo servidor ou funcionário público regido ou disciplinado pelo regime estatutário. Quando o servidor se vincula a um órgão da Administração pelo estatuto, a Justiça do Trabalho não é competente para dirimir conflitos decorrentes da relação de trabalho. É competência da Justiça do Trabalho a análise processual do regime jurídico celetista.
COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS JURISDICIONAIS
Competência material
É a competência determinada a partir do conteúdo da relação jurídica do direito material no âmbito do processo, de modo que é necessário observar a causa de pedir e o pedido. A Justiça do Trabalho possuirá competência para o julgamento de matérias trabalhistas e, quando o juiz receber uma demanda, precisa analisar se é materialmente competente para a julgar.
Ex.: Nos casos de concessão de benefício acidentário pelo INSS, a matéria é previdenciária. Nesse caso, mesmo sendo o INSS uma autarquia federal, a competência será da Justiça Estadual por expressa previsão constitucional (art. 109, CF) – a competência material se sobrepõe à competência pessoal
A competência material é absoluta, de modo que a nulidade pode ser declarada a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição. É possível que um Ministro do TST, STJ ou STF declare incompetência absoluta de ofício em recurso de natureza extraordinária mesmo diante da ausência de prequestionamento da matéria – para tanto, o recurso deve ser conhecido e admitido por qualquer fundamento: a nulidade somente poderá ser reconhecida no mérito do recurso. Se o juízo de admissibilidade for negativo, não é possível declarar a incompetência material. A decisão proferida por juízo incompetente possibilita o uso de ação rescisória, pois trata-se de vício transrescisório (art. 966, inciso III, CPC).
O art. 114 da Constituição indica quais matérias são de competência da Justiça do Trabalho. A relação de trabalho em sentido amplo é competência da Justiça Trabalhista, de modo que houve considerável ampliação da competência material da Justiça do Trabalho. A competência da Justiça do Trabalho não depende do tipo de lei ou de diploma jurídico a ser aplicado para a resolução da controvérsia. O servidor pode ser celetista ou estatutário, a depender do regime jurídico adotado pelo órgão da Administração Pública. Nos casos em que a relação for regida pela CLT, haverá competência da Justiça do Trabalho
Um trabalhador autônomo que celebra contrato de prestação de serviço e não é pago, em tese deveria reclamar na Justiça do Trabalho, todavia, TST e STJ entendem que o profissional liberal deve reclamar o pagamento de honorários na Justiça Comum, pois haveria relação de consumo (Súmula 363, TST). 
Ex.: Uma pessoa que precisa de internamento será atendida por um médico. A prestação do serviço pode se dar em caráter liberal, autônomo ou subordinado. Se o médico é empregado do hospital, as controvérsias envolvendo o contrato de trabalho serão dirimidas na Justiça do Trabalho. Se o médico for trabalhador autônomo sem subordinação, as reclamações envolvendo a relação devem ser propostas na Justiça do Trabalho, pois há pessoa física que presta serviço para alguém que não é destinatário final do mesmo – o médico presta serviço ao hospital que, por sua vez, o oferece ao paciente, destinatário final do serviço. O hospital funciona como intermediário entre médico e paciente. Se o médico presta o serviço diretamente ao paciente, a relação é de consumo para a maior parte da doutrina. Não há qualquer intermediário entre o médico e o paciente – havendo relação de consumo, a Justiça do Trabalho não é competente para dirimir a controvérsia.
Quando o empregador não fornece ao empregado os documentos necessários para requerer o benefício do seguro-desemprego, a matéria é trabalhista e não previdenciária, pois o empregador é quem será responsável pela sonegação dos documentos que ele exige para a percepção do benefício pelo empregado. Somente nessa hipótese se admite a competência da Justiça do Trabalho para resolver esse tipo de litígio (Súmula 389, TST). O mesmo vale para o cadastramento do empregado no PIS – se o empregador não realiza o cadastro e, por conta disso o empregado não recebe o abono assegurado por lei, o empregador deve responder perante a Justiça do Trabalho. Ademais, demandas envolvendo meio ambiente de trabalho são de competência da Justiça do Trabalho. Em relação à complementação de pensão ou aposentadoria, o STF entende que há matéria previdenciária, e não trabalhista, ainda que haja vínculo entre a entidade de previdência privada e o contrato de trabalho – tais demandas são competência da Justiça Comum Estadual. Se houver conflito de competência entre órgãos da Justiça do Trabalho e da Justiça Comum, compete ao STF processar e julgar o conflito (art. 102, inciso I, alínea ‘o’, CF). 
Qualquer litígio que resulte ou surja do exercício do direito de greve é de competência da Justiça do Trabalho. Dessa forma, questões relativas a ações possessórias, interdito proibitório ou danos causados pelos grevistas ou sindicatos podem ser submetidas à Justiça do Trabalho, mesmo que o procedimento se encontre previsto no CPC – isso porque a controvérsia surge em face de dissídio eminentemente trabalhista (Súmula Vinculante nº. 23, STF). A Justiça do Trabalho também é competente para processar e julgar demandas sobre representação sindical e litígios entre sindicatos (ou entre sindicato e trabalhador ou sindicato e empregador).
Certas ações podem ser submetidas à Justiça do Trabalho, desde que os atos questionados nessas ações se sujeitem à sua jurisdição (mandado de segurança, habeas corpus e habeas data). A utilização desses remédios não é frequente, mas o empregado pode buscar consultar dados pessoais ou ter acesso a informações cadastrais em banco de dados de órgão público, por exemplo.
Cabe à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas envolvendo danos morais ou patrimoniais decorrentes da relação de trabalho.A questão encontra-se prevista na Súmula 392 do TST, que trata ainda da legitimidade dos sucessores ou herdeiros do trabalhador para pleitear indenização à Justiça do Trabalho, tendo em vista a possibilidade de reconhecimento de dano moral reflexo ou ricochete.
Discute-se se a Justiça do Trabalho possui jurisdição penal para apreciar e julgar determinados delitos que ocorrem em uma relação de emprego, tendo em vista que o art. 114 da Constituição indica que a Justiça do Trabalho possui competência para o julgamento de habeas corpus. Prevalece o entendimento de que a Justiça do Trabalho não possui jurisdição penal, logo, a identificação de ilícito penal enseja apenas a realização de notícia-crime aos órgãos competentes. O juiz do trabalho pode apreciar habeas corpus desde que o ato questionado esteja sujeito à jurisdição trabalhista (ex.: prisão em decorrência de descumprimento de ordem judicial).
O art. 114, inciso VII da Constituição trata de novidade no âmbito trabalhista – quando há fiscalização do empregador e, o auditor ou fiscal constata irregularidade ou violação de norma trabalhista, lavra-se o auto de infração, sob pena de crime de responsabilidade (exceção: hipóteses previstas nos arts. 67 e 67-A da CLT). No auto de infração há a cominação de penalidade de natureza pecuniária e, se o empregador entender que a aplicação da multa ocorreu de forma arbitrária ou ilegal, poderá a questionar judicialmente na Justiça do Trabalho. Quando o empregador não quita a dívida, há a inscrição de dívida ativa da União, que pode promover a execução fiscal para a sua cobrança – a inscrição em dívida ativa gera um título executivo extrajudicial que pode basear a cobrança judicial da multa no âmbito da Justiça do Trabalho. O empregador pode, por outro lado, buscar a anulação da multa e, a demanda a ser proposta é uma ação anulatória de débito fiscal perante o juiz trabalhista.
O art. 114, inciso VIII da Constituição atribuiu ao juiz trabalhista a competência para executar de ofício os valores das contribuições sociais previdenciárias devidas ao INSS, desde que decorram de sentenças condenatórias por ele proferidas. A sentença condenatória deve impor o cumprimento de obrigação de pagar quantia – a obrigação deve possuir caráter pecuniário e não apenas a determinação de obrigação de fazer ou não fazer. Pode ser que um juiz do trabalho seja provocado apenas para reconhecer vínculo empregatício para que o empregado averbe tempo de serviço junto ao INSS, por exemplo. Nesses casos, não há imposição de obrigação de pagar quantia. Nesses casos, o juiz não pode executar de ofício as contribuições previdenciárias sonegadas pelo empregador na vigência do contrato – nesses casos, é possível oficiar o INSS para que ele pleiteie as parcelas perante a Justiça Federal.
A Justiça do Trabalho é competente para apreciar e julgar controvérsias decorrentes de relação de trabalho na forma da lei – há cláusula aberta que possibilita a ampliação, através de lei, da competência da Justiça do Trabalho. O rol elencado no art. 114 da Constituição não é exaustivo.
· Competência para processar e julgar dissídio coletivo
O art. 114, §§2º e 3º da Constituição definem a competência da Justiça do Trabalho para apreciar e julgar o dissídio coletivo, processo que envolve conflito coletivo que, normalmente surge entre categorias profissionais e econômicas. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar controvérsias que surjam do exercício de direito de greve – quando a greve não atinge seus objetivos ou quando é frustrada a negociação coletiva, há um conflito e, as categorias podem, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo. Nesses casos, há o exercício do poder normativo que é um poder conferido pela Constituição à Justiça do Trabalho para editar normas gerais que regulam as condições de trabalho relativas às categorias envolvidas no dissídio. O dissídio é ajuizado diante de comum acordo – a petição inicial é subscrita por sindicado profissional e por sindicato econômico. Se não houver sindicato, é possível a substituição por federação ou confederação. Se não houver qualquer tipo de entidade sindical representando a categoria, empresa ou empregador podem assinar a petição inicial concordando com o ajuizamento do dissídio coletivo. Se um dos envolvidos se recusar a assinar a inicial, para que não haja violação ao direito de ação, os Tribunais admitem que umas das partes ajuíze o litígio sem a anuência da outra, notificando esta para que manifeste seu interesse em conciliar ou participar do dissídio. Se não houver manifestação expressa sobre a recusa, se entende que há aceitação tácita. Se houver recusa tácita, o processo é extinto sem exame do mérito por falta de condição específica de admissibilidade.
· Eficácia da norma
Quando a EC 45/05 foi promulgada, discutiu-se acerca da competência para causas envolvendo indenização por dano moral ou material decorrente de acidente de trabalho. Essa competência era da Justiça Comum, por isso se discutiu o que fazer com os processos já em curso. Para evitar migração desorganizada dos processos para o âmbito trabalhista, o STF editou a Súmula Vinculante nº. 22, estabelecendo um critério para firmar a competência da Justiça do Trabalho para esses tipos de causas e, tal critério se relaciona à prolação da sentença: para processos já sentenciados na Justiça Comum, não é devida a migração. Para processos ainda não sentenciados, é necessária a migração para a Justiça do Trabalho.
Competência pessoal
A competência pessoal é determinada em razão da qualidade do sujeito que integra certa relação jurídica material que é transportada para a relação jurídica processual. Os sindicatos podem atuar tanto em nome próprio quanto na defesa de terceiros – de qualquer modo, há competência da Justiça do Trabalho. Existem outros sujeitos que podem participar da demanda: organismos internacionais sediados no Brasil que praticam atos de gestão ou contratação relacionada a um empregado podem ser sujeitos de demanda judicial. A Justiça do Trabalho é competente para apreciar causas propostas pela União para a cobrança judicial de dívidas oriundas de penalidades aplicadas por órgãos de fiscalização. O INSS também pode ser credor em certas demandas judiciais trabalhistas. É possível que o empregado mova ação contra a CEF para cobrança de valores relativos ao FGTS, pois a CEF é a gestora do mesmo. A qualidade do sujeito é determinante para a fixação da competência da Justiça do Trabalho.
Competência funcional
Está nas chamadas atribuições conferidas a cada órgão que integra o Poder Judiciário, se relacionando às atribuições conferidas à um órgão na pendência de um processo judicial. O desrespeito às regras que determinam a competência funcional eiva o processo de nulidade absoluta, pois a competência funcional é absoluta, não podendo sofrer modificação pela vontade das partes ou do juiz. A incompetência funcional pode ser declarada de ofício, pois a matéria não preclui. A competência funcional funciona tanto no plano vertical quanto no horizontal. No plano vertical há os graus de jurisdição (a competência pode ser originária ou recursal). No plano horizontal se observa as funções de juízes do mesmo órgão (presidente, relator e revisor). 
A competência funcional pode ser de caráter administrativo ou jurisdicional – há um órgão especial que integra os TRT e que exerce funções muitas vezes meramente administrativas (ex.: deliberação de remoção de juízes – questões interna corporis). A competência funcional é determinada tanto por lei quanto pelos regimentos internos (arts. 652 e 653 da CLT). Muitas vezes ocorre divisão de atribuições entre o juiz titular da vara e o diretor de secretaria (orientação do trabalho dos servidores, expedição de certidões, realização de atos processuais por delegação do juiz).
Juízes de direito podem eventualmente exercer jurisdição trabalhista nos Municípios em que não há Vara do Trabalho – os recursos em face de suas decisões, todavia, devem ser interpostos perante o TRT que exerce jurisdiçãosobre a comarca, devendo ser julgados de acordo com as normas e procedimentos dispostos na CLT e não no CPC. O recurso cabível não é a apelação, mas o recurso ordinário (art. 669, CLT).
O corregedor e o vice corregedor e os membros da mesa diretora ficam eximidos da função de julgar para que exerçam as atribuições meramente administrativas (arts. 678 e 682 da CLT e regimentos internos). Órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho possuem suas atribuições definidas por lei (arts. 710, 717, 718 e 720 da CLT): tais órgãos ou pessoas são diretores de secretaria, oficiais de justiça e avaliadores. 
Competência territorial ou competência de foro– art. 651, CLT
A competência territorial diz respeito ao lugar em que a reclamação deve ser proposta – inicialmente, deve-se observar a matéria que é afeita à relação jurídica. Depois, deve-se observar a qualidade dos sujeitos que integram a relação. Após verificar as competências material e pessoal, é necessário observar qual órgão da Justiça do Trabalho será competente sob o ponto de vista funcional, para processar e julgar o litígio (primeira, segunda ou terceira instância). A competência territorial é o limite geográfico estabelecido por lei para que o juiz possa exercer sua função jurisdicional. Esse limite é estabelecido de acordo com a Lei de Organização Judiciária.
A regra geral prevista na CLT que fixa a competência territorial de uma Vara de Trabalho é o local da prestação de serviço, ainda que o empregado tenha sido contratado em outro local ou até mesmo no estrangeiro (art. 651, CLT). O que se busca é facilitar o acesso do empregado e do trabalhador à justiça – elegeu-se o local da prestação do serviço porque geralmente é o local em que se obtém provas mais facilmente e é onde o empregado reside. Caso o empregado tenha laborado em vários locais diferentes, a competência é fixada no local em que houve a última prestação de serviço – nem toda a doutrina crê nessa tese, de modo que há quem indique que a fixação do foro deve se dar no local onde o empregado se encontrar domiciliado: esse é o entendimento que prevalece (interpretação analógica do art. 651, §1º da CLT). A jurisprudência admite em alguns casos que o empregado proponha ação em local diverso de onde houve a prestação do serviço – isso ocorre se ele estiver residindo em outra cidade e se comprovar que não possui recursos financeiros suficientes para se deslocar até o local em que prestou serviço (princípio constitucional do acesso à justiça). 
A competência territorial é relativa, ou seja, pode ser prorrogada e, se não houver indicação pelas partes, não há nulidade do processo. A competência territorial pode ser considerada absoluta em algumas hipóteses, a exemplo das ações coletivas. Quando não há observância da competência territorial, os atos decisórios proferidos pelo juiz incompetente produzem efeitos até que outra decisão seja proferida por juiz competente (art. 64, §4º, CPC). Se a incompetência não for suscitada ela se prorroga e, o juiz territorialmente incompetente passa a ser competente para apreciar e julgar a causa. A incompetência territorial precisa ser arguida em petição, e não como preliminar da contestação (art. 799, CLT). 
O art. 795 da CLT indica que é necessário declarar de ofício a nulidade fundada em incompetência de foro, caso em que serão considerados nulos os atos decisórios. Essa previsão diz respeito à competência material, ou seja, ao foro trabalhista. Importante destacar a possibilidade de o juiz declarar de ofício a nulidade de cláusula de eleição de foro antes da citação – o empregado é hipossuficiente, de modo que não seria possível estipular cláusula contratual de eleição de foro. Com a reforma trabalhista o alto empregado passou a possuir tratamento diferenciado, por isso se entende ser possível a estipulação de foro de eleição.
O art. 651 indica que a regra geral de fixação de competência territorial é o local da prestação de serviço, mas existem exceções. A primeira exceção trata do agente ou viajante comercial: quando o empregado ostenta essa qualidade, a competência é da Vara em que o empregado possuir agência ou filial à qual o empregado estiver vinculado. Na falta de tal agência ou filiar, será competente a Vara em que o empregado se encontrar domiciliado: se não houver vara no local de domicílio, a competência será da Vara mais próxima. O agente ou viajante não possui local de emprego fixo, por isso o legislador entendeu que o local ao qual o empregado está vinculado é o ideal para a promoção da ação, visto que é comum que os documentos produzidos no curso da relação de emprego estejam armazenados em tal local. Se não for possível a fixação nessa localidade, utiliza-se o local de domicílio para facilitar o acesso à justiça.
O empregado contratado por empregador estrangeiro somente pode ajuizar ação na Justiça brasileira se seu empregador possuir agência ou filial no Brasil. Quando o empregado presta serviço no exterior, o TST determinava que a legislação a ser aplicada seria a do local da prestação do serviço – com o cancelamento da súmula a questão ficou aberta, mas a maior parte da doutrina entende que deve ser aplicada a legislação mais favorável ao empregado, considerada em seu conjunto (teoria do conglobamento) – o art. 1º da Lei nº. 7.064/82 trata do tema. Nos casos em que o empregador se encontra fora do local de celebração do contrato, é facultado ao empregado ajuizar a ação no local em que houve a prestação de serviço ou onde houve a celebração do contrato. Não é o empregado que presta o serviço em várias localidades, mas sim o empregador (não possui sede fixa). Parte da doutrina entende que essas disposições podem ser aplicadas nas demais relações de trabalho.
Conflito de competência ou conflito de jurisdição – arts. 803 a 812 da CLT
Quando dois juízes de declaram competentes ou incompetentes para analisar determinada matéria, ocorre o chamado conflito de jurisdição (art. 804, CLT). Em tais casos, o art. 808 da CLT indica a solução. Quando houver conflito entre Vara de Trabalho e Juiz de Direito investido na função jurisdicional trabalhista, a resolução se dará pelo TRT. Se um juiz trabalhista e um juiz federal ou estadual se indicam como competentes para julgar certa demanda e, esses últimos não estão exercendo jurisdição trabalhista, a competência para dirimir o conflito é do STJ (art. 105, inciso I, alínea ‘d’, CF). Se houver conflito entre dois TRT, o órgão competente para solucionar o conflito é o TST. Se um TJ ou um TRF entende ser competente para analisar certa demanda e o TRT também entende possuir competência, o STJ irá resolver o conflito (art. 105, inciso I, alínea ‘d’, CF). Qualquer conflito entre órgão da Justiça Comum e TST é resolvido pelo STF (art. 103, inciso I, CF).
O art. 805 da CLT indica que os conflitos de jurisdição podem ser suscitados pelos juízes e tribunais do trabalho, pelo procurador-geral e pelos procuradores regionais da Justiça do Trabalho ou pela parte interessada ou seu representante. O art. 806 da CLT indica que é vedado à parte interessada suscitar conflitos de jurisdição quando já houver oposto na causa exceção de incompetência. Nos termos do art. 807 da legislação trabalhista, no ato de suscitar o conflito, a parte interessada deve produzir prova de sua existência.
AÇÃO, PROCESSO E PROCEDIMENTO
NOÇÕES BÁSICAS
Ação
Ação é o meio conferido para obter prestação jurisdicional. O direito de ação é assegurado constitucionalmente a qualquer pessoa e consiste no direito de provocar o Poder Judiciário. O direito de ação é incondicionado: ainda que a pretensão seja considerada improcedente, nada impede o ajuizamento da ação. Uma vez ajuizada a ação, nasce uma relação jurídica específica, qual seja a relação processual. A relação processual compreende alguns requisitos que devem ser observados – nem sempre os sujeitos do processo coincidem com os sujeitos envolvidos na relação material subjacente no processo. O processo é composto de uma série de atos ordenados para o atingimento de determinado objetivo, qual sejao julgamento do mérito da causa. 
Processo
O processo sempre possui um caráter instrumental, devendo ser visto como um complexo de atos e não como um fim em si mesmo: o processo deve ser concebido e criado para atender necessidades do direito material que constitui seu objeto litigioso. É possível que o processo ocorra de forma una, possuindo uma fase de conhecimento na qual o juiz certifica a existência de um direito ou declara a existência ou inexistência de relação jurídica. A depender do tipo de pretensão deduzida processualmente, a sentença poderá ser condenatória, constitutiva ou meramente declaratória. A execução pode ser uma fase do processo ou pode ocorrer de forma autônoma. A função da execução é a realização do cumprimento forçado da obrigação. Quando houver título executivo extrajudicial, é necessário que se tenha processo autônomo de execução. Nos outros casos, o processo ocorre de forma sincrética, de modo que há a fase de conhecimento seguida da fase de execução. 
TIPOS DE PROCEDIMENTO
Procedimento é a forma ou modo como o processo se desenvolve – o procedimento não é único e, no processo do trabalho poderá ser ordinário, sumário, sumaríssimo e especial (ex.: dissídio coletivo, ação de cumprimento, mandado de segurança, ação rescisória, consignação em pagamento). A ação de cumprimento é proposta para forçar o empregador a cumprir uma das cláusulas previstas em instrumento coletivo. O mandado de segurança é regido por lei específica (Lei nº. 12.016/09), que estabelece condições específicas para que o mandamus seja impetrado. A ação rescisória é prevista no art. 966 do CPC.
Procedimento comum ordinário – arts. 837 e 852, CLT
As principais características desse tipo de procedimento, até a reforma trabalhista, eram a desnecessidade de indicação do valor da causa ou de pedidos líquidos. Antes, o reclamante só precisava indicar o valor da causa quando fosse se valer do procedimento sumaríssimo (causas entre dois e quarenta salários mínimos). Acima de quarenta salários mínimos a causa necessariamente deve ser submetida ao procedimento ordinário. Com a reforma, passou a ser obrigatório, mesmo nos casos de procedimento comum ordinário, que a parte realize a indicação do valor da causa na petição inicial de acordo com os critérios estabelecidos em lei. Os pedidos devem ser líquidos: a cada pedido há a necessidade de indicar o valor correspondente – isso facilitar a defesa, de certa forma. O juiz pode solicitar planilha que demonstre a pertinência dos valores indicados, concedendo prazo para cumprir a determinação – se tal determinação não for cumprida, é possível indeferir a inicial, julgando extinto o processo sem resolução do mérito. O juiz não poderá proferir sentença ilíquida, devendo estabelecer o valor da condenação. Essa mudança elimina a fase de liquidação de sentença, o que torna o processo mais célere. Esgotados os recursos, bastará o cumprimento em caráter definitivo da decisão, com a satisfação do crédito.
O art. 843 da CLT prevê que a audiência deve ser una – na mesma audiência ocorreria a tentativa de conciliação, recebimento de defesa, instrução do processo, alegações finais, segunda tentativa de conciliação, proferimento da sentença. Na prática isso é complicado, pois há grande número de demandas. O mais comum é que as Varas do Trabalho fracionem as audiências – há a audiência inaugural, a audiência de instrução e, eventualmente, audiência de julgamento (o comum é a divulgação via Diário Oficial). No procedimento ordinário permite-se a oitiva de, no máximo, três testemunhas. Quando houver inquérito judicial para apuração de falta grave cometida por empregado estável (dirigente sindical ou estabilidade decenal), admite-se um máximo de seis testemunhas.
Procedimento comum sumário (causas até dois salários mínimos)
A Lei nº. 5.584/70 criou procedimento específico, qual seja o procedimento sumário. Aplica-se o procedimento sumário nas causas com valor de até dois salários mínimos. Embora o procedimento se vincule ao salário mínimo, o TST entendeu que não há inconstitucionalidade. No procedimento sumário não há a necessidade de escrever fielmente o que foi declarado, bastando registrar na ata o que motivou o convencimento do juiz acerca da matéria de fato. Não cabe recurso contra decisões proferidas em procedimento comum sumário, salvo se a sentença versar sobre questão constitucional (recurso ao STF).
Procedimento comum sumaríssimo (causas entre dois e quarenta salários mínimos)
O procedimento sumaríssimo foi criado pela Lei nº. 9.957/99 que introduziu os arts. 852-A a 852-I na CLT. A parte poderá possuir duas testemunhas e, o procedimento envolve causas entre dois e quarentas salários mínimos em dissídio individual. O procedimento sumaríssimo não se aplica a pessoas jurídicas de direito público (administração direta, autarquia e fundação). A maior parte da doutrina entende que o procedimento sumaríssimo não revogou o procedimento sumário, de modo que os procedimentos convivem harmonicamente.
Peculiaridades
No procedimento sumaríssimo a parte deve formular pedido certo e determinado, indicando o valor dos pedidos – atualmente essa necessidade se estendeu ao procedimento ordinário. Todos os procedimentos devem qualificar as partes corretamente (art. 840, CLT). No procedimento sumaríssimo a lei vetou a citação por edital, logo, se o reclamante não conhecer o atual endereço do reclamado, deve abdicar do procedimento sumaríssimo. Alguns entendem que essa barreira é inconstitucional, indicando que, se o reclamante não souber o endereço do empregador, nada impede que o juiz realize citação por edital – o juiz poderá imprimir ao processo o procedimento ordinário ainda que a causa não ultrapasse quarenta salários mínimos
No procedimento sumaríssimo o juiz possui a obrigação, dentro do possível, de apreciar a petição inicial em prazo lega de quinze dias: a audiência inicial deve ser marcada em um prazo de quinze dias contados do ajuizamento da ação ou distribuição da reclamação, mas é difícil cumprir esse prazo. A audiência deve ser una, mas diante da necessidade de fracionamento, o juiz deve reincluir o processo em pauta em menos de trinta dias. No procedimento ordinário, a depender da movimentação da Vara, os prazos são outros. No procedimento sumaríssimo há apenas uma tentativa obrigatória de conciliação. No procedimento sumário são duas as tentativas. No procedimento sumário há a concentração dos atos em audiência, prevalecendo a oralidade.
Na audiência o juiz possui obrigação de apreciar todos os incidentes que possam interferir no andamento da causa em procedimento sumaríssimo, o que significa que o incidente suscitado deve ser resolvido em mesa – no procedimento ordinário a apreciação do incidente se dá posteriormente, a fim de não atrapalhar a pauta. No procedimento sumaríssimo a análise só pode ser posterior justificadamente. No procedimento sumaríssimo a parte deve se manifestar sobre os documentos e sobre a defesa em audiência – isso somente não ocorrerá diante de absoluta impossibilidade (muitos documentos, relativa complexidade da causa), hipótese em que o juiz deverá estabelecer prazo para que o reclamante se manifeste sobre os documentos e sobre a defesa. No rito sumaríssimo se admite duas testemunhas e, exige-se que a parte comprove que as convidou caso as mesmas não compareçam à audiência inaugural. Se a parte pretender que as testemunhas sejam notificadas para prestar depoimento, deve apresentar prova de que houve convite.
PARTES, CAPACIDADE E PROCURADORES
PARTES
O conceito de parte processual não coincide necessariamente com os sujeitos envolvidos na relação jurídica de direito material. Parte, no sentido processual, é todo e qualquer sujeito que integra a relação processual e que atua com parcialidade. As partes possuem interesse no que está sendo discutido no processo e, acreditam ser titulares e dignos de tutela jurisdicional. Parte é todo aquele que pode sofrer as consequências e efeitos de uma decisão judicial. O juiz é sujeito do processo, mas não é parte processual,tendo em vista que precisa ser imparcial.
Por vezes a lei autoriza que alguém que é não é titular do direito reivindicado no processo possa postular em juízo na defesa de interesses de outra pessoa. Nesse caso, há a figura do substituto processual ou de quem tenha legitimidade ordinária ou extraordinária para defender interesse alheio. Existem entes legitimados para a defesa coletiva de interesses coletivos difusos ou individuais homogêneos. Nem sempre o sujeito possui legitimidade para exercer defesa judicial de um interesse, seja próprio ou de outrem – nesses casos, a parte é considerada ilegítima para figurar no processo.
Denominações
No processo do trabalho as partes são chamadas de reclamante e reclamado. No dissídio coletivo as partes são chamadas de suscitante e suscitado. Quando o processo alcança a instancia recursal, utilizam-se os termos recorrente e recorrido. Na ação rescisória é possível se valer das denominações autor e réu. No mandado de segurança, costuma-se utilizar as expressões impetrante e impetrado ou autoridade coatora. Na execução, as partes se chamam exequente e executado.
Litisconsórcio
Litisconsórcio é a cumulação de lides que se ligam no plano subjetivo. O litisconsórcio ativo conjuga pessoas no polo ativo da demanda (mais de um reclamante). O litisconsórcio passivo cumula pessoas no polo passivo da demanda (mais de um reclamado). O litisconsórcio misto cumula pessoas no polo ativo e no polo passivo da demanda. O litisconsórcio pode ocorrer no início do processo ou de forma superveniente. O litisconsórcio simples ou facultativo depende da vontade das partes – já o necessário é imposto, ou seja, existem processos em que certas pessoas precisam estar presentes na qualidade de litisconsortes. Normalmente o litisconsórcio necessário será unitário, logo, o juiz deve decidir a demanda de forma uniforme. A CLT admite o litisconsórcio quando trata da chamada reclamação plúrima (art. 892, CLT) – é necessário que os fatos sejam comuns a vários empregados ou trabalhadores: os reclamantes se ligam por afinidade de fato ou de direito. Diante dessas questões, é possível que vários empregados queiram mover processo único através de reclamação plúrima – o juiz deve estar atento ao número de litigantes, pois se houver litisconsórcio multitudinário que dificulte o andamento processual, há obrigação de o limitar.
Quando há direitos individuais homogêneos, a depender do número de empregados titulares do mesmo interesse, a defesa poderá ser exercida de duas formas: individual se os empregados decidirem, por questão de conveniência, propor um único processo, uma ação individual; coletiva se os empregados entenderem que a propositura de ação individual pode os expor, de modo a procurarem sindicato para que o mesmo preste assistência judiciária gratuita – nesses casos, o sindicato atual como legítimo substituto processual (art. 8º, inciso III, CF).
CAPACIDADE
A capacidade apresenta certas dimensões e aspectos: há a capacidade de ser parte e a capacidade processual ou postulatória. A capacidade de ser parte coincide com a capacidade para a prática de atos da vida civil. A capacidade civil surge quando a pessoa natural ou jurídica adquire personalidade. A pessoa natural adquire personalidade a partir do nascimento com vida (arts. 1º e 2º, CC). Quando alguém adquire capacidade civil, também há capacidade de ser parte em um processo, porém, essa capacidade nem sempre traduzi a aptidão para a prática de atos processuais. A capacidade para atos processuais é a capacidade de estar em juízo (art. 70, CPC) e, ela somente é adquirida quando há capacidade plena ou absoluta. Após as reformas feitas pelo EPD, somente se consideram absolutamente incapazes os menores de dezesseis anos. A incapacidade relativa se aplica aos com idade entre dezesseis e dezoito anos, aos ébrios habituais, viciados em tóxicos, os que por algum motivo ou causa transitória não puderem exprimir sua vontade e o pródigo.
No direito trabalhista há um tipo de incapacidade relativa especial, que é a incapacidade do que possui entre quatorze e dezesseis anos (art. 402, CLT). Veda-se o trabalho de qualquer pessoa menor de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz (art. 7º, inciso XXXIII, CF). A reclamação trabalhista de menor de dezoito anos deve ser feita por seus representantes legais – pais ou tutores (art. 793, CLT). Na falta de tais representantes, em ordem sucessiva a representação ocorrerá pelo procurador do trabalho, pelo sindicato que representa a categoria que o menor integra, pelo MPE ou por curador nomeado pelo juiz (que pode ser um advogado). Aquele que labora pode ser emancipado, desde que possua dezesseis anos completos (art. 5º, CC) – considera-se que o trabalho oferece a possibilidade de economia própria quando o sujeito perceber ao menos um salário-mínimo.
Quando o juiz verificar que uma das partes se revela incapaz do ponto de vista processual (incapaz de estar em juízo), é obrigado determinar que se supra a incapacidade em certo prazo (cinco a dez dias), não podendo extinguir o processo sem resolução do mérito de logo (art. 76, CPC). Antes da nova legislação processual, a jurisprudência trabalhista não admitia suprir a incapacidade na fase recursal, mas somente em primeira instância, mas atualmente se aplica o art. 136 do CPC. Se o processo estiver no primeiro grau e a providencia couber ao reclamante, pode-se extinguir o processo sem resolução do mérito. Se a providência couber ao reclamado, ele será considerado revel (incapacidade constatada antes da apresentação de defesa). Se a incapacidade for verificada na fase recursal e a providência couber ao reclamante, a consequência é o não conhecimento do recurso. Se a providência couber ao reclamado, a consequência é o execramento das contrarrazões, se eventualmente existirem.
Representação e assistência
Representação não se confunde com assistência, mas tais institutos possuem finalidade específica, que é o suprimento de incapacidade processual das partes quando a apresentarem. A representação terá lugar sempre que o juiz estiver diante de incapacidade processual absoluta. Quando a incapacidade for relativa, a parte deve ser assistida. Na representação legal é possível, através da realização de mandato, eleger alguém para representar processualmente seus interesses ou para praticar determinados atos em seu nome – o mandato pode ser judicial ou não. O mandato judicial corresponde à procuração judicial – alguém pode constituir advogado para que o represente judicialmente no processo. 
É possível que as partes, desde que sejam empregado e empregador, postulem perante a Justiça do Trabalho sem advogados (art. 791, CLT). A representação legal poderá ser de pessoa física ou jurídica (art. 75, CPC). Pessoas jurídicas de direito privado podem ser representadas judicialmente pelos sócios ou quem o estatuto ou ato constitutivo indicar – nesse caso, há representação convencional.
A assistência pode ser judiciária ou judicial. A assistência judiciária normalmente é a assistência técnica prestada pela Defensoria Pública ou pelos sindicatos das categorias profissionais ou econômicas. Os sindicatos exercem tal função institucional, pois ela constitui um múnus – todo sindicato precisa prestar assistência judiciária gratuita (art. 14, Lei nº. 5.584/70). A assistência judicial existe para suprir a incapacidade relativa dos menores.
O legislador do trabalho comete certas impropriedades – o art. 843, §2º da CLT utiliza o termo representação erroneamente, fora do sentido técnico-processual. Indica-se que, se por doença ou outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato. A expressão correta seria ‘presentar’, pois o sujeito estaria fisicamente presente em audiência por motivo justo que impediu o comparecimento do empregado. O art. 791, §1º da CLT indica que nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão se fazerrepresentar por meio de sindicato, advogado, solicitador ou provisionado inscrito na OAB. Nesse caso, fala-se em assistência técnica-jurídica ou assistência judiciária e não em representação propriamente dita.
O caput do art. 791 da CLT autoriza que as partes postulem sem assistência de advogado, logo, prevê a capacidade postulatória – se as partes possuem tal capacidade, não deveria se falar em representação, tendo em vista que não há incapacidade a ser suprida. Nada impede a assistência técnica, todavia. O sindicato possui obrigação institucional de prestar assistência judiciária gratuita e, a parte pode optar por escolher contratar advogado. O solicitador provisionado equivale ao estagiário. 
Capacidade postulatória e jus postulandi
Capacidade postulatória é a aptidão técnica para a prática de atos processuais necessários ao andamento do processo. No processo trabalhista vigora a regra do jus postulandi, que permite que a parte ajuízes a reclamação trabalhista sem assistência de advogado. A parte pode se dirigir à Justiça do Trabalho ou ao sindicato e formular sua reclamação. Apenas empregado e empregador pode exercer o jus postulandi. Nem sempre o jus postulandi é a melhor forma de assegurar o acesso à justiça. O TST editou a súmula 425 indicando que o jus postulando ainda se encontra em vigor, porém, somente se aplica às instâncias ordinárias. Se não houver assistência de advogado, não se atinge as instâncias extraordinárias – não há capacidade postulatória. Ademais, em certos procedimentos específicos as partes não possuirão capacidade postulatória (ex.: ação rescisória, ação cautelar e mandado de segurança). O advogado é essencial à efetivação da justiça (art. 133, CF) e, diante de tal previsão, muitos passaram a defender que o advogado também seria indispensável para processos ajuizados perante a Justiça do Trabalho, motivo pelo qual teria ocorrido a revogação do art. 791 da CLT. Ocorre que, prevaleceu o entendimento de que não houve a revogação do jus postulandi (Súmulas 329 e 219 do TST).
Honorários advocatícios e jus postulandi
Se a parte não possui capacidade postulatória, será obrigada a contratar advogado particular ou obterá serviços gratuitos prestados pelo sindicato. Nesse caso, tanto o advogado quanto o sindicato terão direito de receber honorários advocatícios. Quando a parte receber mais que dois salários mínimos, deve declarar em juízo seu estado de pobreza. A concessão de assistência judiciária gratuita depende da demonstração de estado de pobreza – o sindicato teria direito a receber honorários advocatícios pelos serviços prestados: o juiz poderia condenar o vencido a realizar o pagamento dessa despesa judicial. Esse regime mudou a partir da reforma trabalhista. 
Em 2005 o TST editou a IN 27/05, que estabeleceu no art. 3º, §3º que “salvo nas lides decorrentes de relação de emprego, é aplicável o princípio da sucumbência recíproca, relativamente às custas”. Passou-se também a admitir a incidência de honorários, exceto nas lides decorrentes de relação de emprego. Com a ampliação da competência material da Justiça do Trabalho, percebeu-se que seria possível a condenação da parte contrária ao pagamento de honorários advocatícios em relações de trabalho diversas das empregatícias (esse entendimento prevaleceu até a reforma). Com a reforma, passaram a incidir as regras do art. 791-A da CLT.
Consolidou-se o entendimento de que são devidos honorários advocatícios ao sindicato quando ele atua como substituto processual ou quando presta assistência judiciária gratuita. Os critérios de definição do percentual devido a título de honorários são cumulativos, devendo o juiz sopesar tais critérios no momento de fixar os valores devidos em decorrência de sucumbência. Com a reforma trabalhista, o juiz é obrigado a estabelecer honorários de forma proporcional diante da sucumbência parcial.
Ainda que a parte requeira e seja contemplada com a justiça gratuita, é possível a sua condenação em honorários advocatícios em razão da sucumbência – o pagamento estará sujeito à condição suspensiva de exigibilidade que perdura por dois anos contados do trânsito em julgado da decisão judicial que reconhece o direito aos honorários. Não ocorre a suspensão se aquele que sucumbiu possuir direito de perceber algum crédito decorrente de outro processo trabalhista em curso – o advogado pode requerer ao juiz que oficie a Vara em que tramita o processo em que fora reconhecido o crédito para que parte dele seja reservado ao pagamento de honorários. Se após dois anos o credor dos honorários não comprovar que o beneficiário da justiça gratuita possui meios para realizar o pagamento da quantia devida, o crédito prescreverá. É vedada a compensação entre honorários, tendo em vista que o honorário é devido ao advogado.
 
PROCURADORES
Representação técnica
A representação técnica é desempenhada pelos advogados ou pelo corpo jurídico do sindicato – ao falar em representação, remonta-se à incapacidade postulatória. Diante do jus postulandi, a contratação de advogado é uma representação que ocorre não para suprir a incapacidade postulatória, mas para facilitar o exercício de direitos em juízo. A representação técnica não é obrigatória para empregado e empregador, mas é obrigatória para outros sujeitos que ingressam com ação trabalhista. Somente é possível exercer o jus postulandi em instâncias ordinárias. Ainda assim, no segundo grau de jurisdição existem ações de competência originária dos Tribunais que são sujeitas a ritos especiais, não sendo possível o exercício do jus postulandi.
Para que a procuração seja regular, devem ser observadas certas formalidades prescritas em lei. Se a procuração está irregular, o advogado não estará representando regulamente a parte e, o vício de representação não sanado oportunamente pode ocasionar em não reconhecimento do recurso ou em extinção prematura do processo. A Súmula 456 do TST trata da representação. Exige-se a correta identificação da pessoa que outorga a procuração e do advogado. Em caso de irregularidade, o juiz deve ficar prazo para que a mesma seja sanada. O TST pacificou a questão na IN 39/16. O art. 104 do CPC determina que nenhum advogado pode atuar sem procuração, salvo em casos em que se buscar evitar a preclusão, decadência ou prescrição – o advogado possuirá quinze dias prorrogáveis por mais quinze para apresentar procuração. O art. 105 do CPC indica os requisitos que a procuração deve preencher para ser válida. Salvo disposição expressa em contrário constante do próprio instrumento, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para o cumprimento de sentença.
A procuração pode conter poderes gerais (cláusula ad judicia) e pode conceder poderes para a prática de atos extrajudiciais. Além dos poderes gerais, existem poderes especiais previstos no caput do art. 105 do CPC (ex.: receber citação, dar quitação, requerer gratuidade da justiça, renunciar o pedido em que se funda ação, reconhecer procedência do pedido, firmar transação, firmar compromisso). A procuração expressa pode ser outorgada ao advogado através de documento particular ou público. Há ainda o chamado mandato tácito ou apud acta, que se configura quando o advogado acompanha a parte em audiência e requer que o juiz consigne em ata que a parte outorgou mandado judicial para representação. É possível solicitar que o juiz consigne a concessão de poderes gerais ou especiais. Parte da doutrina indica que o mandado tácito estaria configurado apenas com a simples presença da parte acompanhada pelo advogado, a despeito da requisição de que o juiz consigne expressamente em ata que houve a outorga de procuração. Atualmente há previsão legal indicando a necessidade de requerimento do advogado e de anuência da parte (art. 791, §1º, CLT). Quando a procuração for expressa, não há necessidade de indicar poderes especiais para a realização de substabelecimento – no mandato tácito há a necessidade de concessão de poderes especiais.
Preposição
A parte pode estar representadaem audiência não só por um advogado, mas também por preposto (arts. 841 e 843, CLT), que poderá estar presente em toda e qualquer audiência. É facultado ao empregador se fazer substituir pelo gerente ou qualquer preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente. Essa substituição não é uma substituição processual, mas sim no sentido comum. O substituto pode ser o preposto ou alguém com conhecimento do fato. Até a reforma, o TST entendia que esse preposto deveria ser trabalhador com carteira assinada pelo empregador, exceto nas reclamações feitas por empregados domésticos. A partir da reforma, não há tal necessidade (o legislador contrariou a disposição da Súmula 377 do TST), de modo que qualquer pessoa pode atuar como preposto do empregador. Para ser preposto, a pessoa deve possuir conhecimento dos fatos alegados no processo – a ignorância do fato enseja a confissão. A lei não estabelece forma solene para o exercício da preposição: se a parte não apresentar carta em audiência, o juiz somente poderá a exigir se a parte contrária questionar sua qualidade de preposto. Se o juiz entender como obrigatória a apresentação da carta, deverá estabelecer prazo razoável para sua juntada.
A preposição encontra certos limites, geralmente se restringindo a ato específico, que geralmente é a audiência. Os outros atos devem ser praticados pela parte, se possuir capacidade postulatória, ou por um advogado que a represente. Se o preposto não comparece na audiência inaugural, o reclamado é considerado revel, salvo se apresentar atestado que informe textualmente e de forma expressa a sua impossibilidade de locomoção (Súmula 122, TST). Se o reclamado ou o preposto estiver ausente, mas o advogado estiver presente na audiência munido da contestação e de documentos, o juiz pode aceitar a defesa. Nesse caso, a ausência do preposto irá acarretar em confissão ficta para matérias de fato, logo, o juiz presumirá como verdadeira as alegações do reclamante em sua inicial. Se o empregado não comparece em audiência, tem como consequência o arquivamento do processo. O empregado, por motivo de doença ou outro motivo poderoso, pode se fazer representar por outro empregado que pertença à mesma profissão ou pelo sindicato (art. 843, §2º, CLT) – a substituição se dá a fim de evitar o arquivamento e uma nova marcação de audiência. Antes da reforma, o reclamante poderia dar causa à três arquivamentos consecutivos sem qualquer consequência – atualmente, após dar causa a um arquivamento o reclamado deverá ao menos recolher as custas do mesmo antes de ajuizar nova reclamação.
Substituição processual pelo sindicato
O sindicato pode atuar em juízo como substituto processual dos membros da categoria profissional que ele representa. Essa legitimação extraordinária foi concedida pelo inciso III do art. 8º da Constituição. Primeira corrente entende que o constituinte outorgou ao sindicato legitimação extraordinária para atuar como substituto dos membros da categoria, defendendo seus interesses de forma ampla e irrestrita, independentemente do tipo de interesse que o representado busca tutelar ou que constitua objeto do processo (haveria interesse puramente individual ou interesse coletivo em sentido amplo – interesse coletivo em sentido estrito, interesse difuso, interesses individuais homogêneos) – para tal corrente, a Constituição concedeu ao sindicato a possibilidade de atuar como substituto em todo e qualquer tipo de demanda, inclusive para a defesa de interesse individual (essa corrente prevalece).
A segunda corrente indica que somente seria possível a atuação do sindicato como substituto processual na defesa de interesses coletivos e individuais homogêneos. Para tanto, seria necessário haver ao menos uma predominância de interesses comum sobre questões individuais dos empregados substituídos (ex.: pagamento de reajuste previsto em norma coletiva; insalubridade de setor específico da empresa). Para o STF e para o TST, a Constituição concedeu ao sindicato a prerrogativa de atuar como substituto processual em todo e qualquer tipo de demanda da Justiça do Trabalho, mesmo que a demande verse sobre interesse puramente individual. A Súmula 310 restringia a participação do sindicato como substituto apenas às hipóteses em que a própria lei admita sua atuação, mas foi cancelada. Uma das possibilidades legais era a reclamação de pagamento de ajustes salariais previstos em leis federais específicas. A CLT, no art. 195, §2º, autoriza expressamente aos sindicatos reclamarem o pagamento de adicionais de insalubridade e periculosidade sonegados pelo empregador.
ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS
A CLT dedicou vários artigos para tratar dos atos, termos e prazos processuais (arts. 770 a 782), mas não exauriu a disciplina, de modo que é necessário recorrer ao CPC para tanto.
ATOS
Processo é o conjunto de atos praticados de forma coordenada para o atingimento de um fim específico: a tutela jurisdicional. Tais atos devem ser sistematizados e organizados, praticados de acordo com a forma prescrita em lei e dentro do prazo por ela estabelecido, sob pena de preclusão. Um ato pode ser praticado de forma oral ou escrita. Os atos praticados oralmente precisam ser documentados no processo e, isso se dará de forma escrita (redução a termo). Os atos devem ser postos na ata de audiência, de modo que passam a integrar os autos do processo. Atos praticados no processo eletrônico também são documentados. O advogado precisa possuir certificado digital que autentique sua assinatura.
O art. 138 do CPC consagra o princípio da instrumentalidade das formas: não obstante a lei estabeleça forma para a prática de um ato, diante de sua inobservância ele deve ser considerado válido se houver o atingimento de sua finalidade. O juiz não deve de antemão declarar a invalidade do ato se ele atingir sua finalidade, mas sim buscar o sanar e o convalidar.
Características e princípios que envolvem os atos processuais
A primeira característica dos atos processuais é a publicidade (art. 5º, inciso LX e art. 93, inciso IX, CF). As audiências e sessões, em regra, são públicas. A publicidade poderá ser excepcionalmente restringida nos casos em que há necessidade de proteger a intimidade de uma das partes do processo ou quando o interesse público ou social exigir o sigilo dos atos processuais.
Os atos processuais precisam ser praticados em horários e dias específicos – em regra, os atos são praticados em dias úteis, das 06:00 às 20:00. As audiências devem ocorrer das 08:00 às 18:00. Dias úteis são dias em que há expediente forense e, para efeitos processuais, os dias que não possuem expediente são considerados como feriados (art. 212, CPC). O art. 770 da CLT traz exceção no seu parágrafo único, indicando que a penhora poderá ser realizada em domingo ou feriado, mediante autorização expressa do juiz ou presidente. O CPC possui previsão diversa no art. 212, indicando que, independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras poderão ser realizadas no período de férias forenses e nos feriados ou dias úteis fora do horário estabelecido. De acordo com a legislação trabalhista, o oficial de justiça não pode realizar a penhora sem autorização judicial e fora dos padrões estabelecidos, sob pena de nulidade do ato. As disposições do parágrafo primeiro podem ser aplicadas supletivamente ao processo do trabalho, todavia, a regra do parágrafo segundo não, pois se choca com regra expressa celetista. A citação e a intimação podem ser realizadas após 20:00 sem autorização judicial, já a penhora, não. 
As audiências devem ser públicas e realizadas na sede do Juízo ou Tribunal, não ultrapassando cinco horas seguidas de duração, salvo diante de matéria de urgência. Quando o ato processual for eletrônico, estará sujeito a regras específicas: o ato pode ser praticado até às 23:59 do último dia do prazo, inclusive os atos de petição. O horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado para fins de atendimento do prazo (ex.: horário de verão).

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