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ESÔFAGO E ESTÔMAGO Viviane Tiemi Kenmoti Exame clínico do esôfago Anamnese é capaz de dar o diagnóstico em até 80% dos casos de queixas esofageanas Queixas : disfagia, odinofagia, pirose, dor, regurgitação, eructação, soluço, sialose, hematêmese 1. Disfagia Dificuldade de deglutição Duração dos sintomas Qual tipo de alimento? Progressivo ou súbito? Sintomas associados? Perda ponderal? Evolução: contínua ou em surtos? Avaliação Idade >50 anos tumor Epidemiologia Zona endêmica de Chagas: megaesôfago Antecedentes pessoais: Esclerodermia DRGE DM AVC Miastenia gravis Hábitos de vida: tabagismo e etilismo Avaliação Ingesta de cáustico Sintomas crônicos( anos), com pouco comprometimento do estado geral: doença benigna (megaesôfago chagásico) Inicio recente+perda de peso+ idade acima de 40 anos: tumor 1. Duração dos sintomas Disfagia progressiva: sólidos-> pastosos->líquidos Acalásia Tumor Súbita: Espasmo esofageano difuso Evolução: disfagia intermitente :membranas, anéis, espasmo esofageano disfagia progressiva: tumores , estenoses e acalásia 2. Evolução da disfagia Sintomas associados Pirose : esofagite péptica Dor torácica: espasmo esofageano Perda ponderal: Rápida: neoplasias Progressiva: doenças benignas Sintomas associados Bucofaringea, alta ou de transferência Disfagia esofagiana, baixa ou de transporte Classificação da disfagia Engasgo Entalo Características: Alimento permanece todo ou em parte na cavidade bucal Pode haver broncoaspiração, seguida de tosse e regurgitação nasal Causas de disfagia bucofaringea Doenças do SNC: AVC-causa mais comum Diverticulo de Zenker, anel esofageano superior, inflamações da boca e faringe Miastenia gravis Ansiedade Disfagia alta= engasgo Sensação de parada do alimento no esôfago=“ entalo” As vezes não localiza com exatidão o local Causas mecânicas e motoras Disfagia baixa Tumores Estenoses Compressões extrinsecas Corpo estranho Aneis e membranas Causa mecânica Toda disfagia deve ser investigado para neoplasia Disfagia progressiva rápida Idoso Tabagista e etilista Perda de peso rápido Disfagia progressiva lenta Perda de peso lento Regurgitação Área endêmica de chagas Acalasia Disfagia súbita Sem progressão em relação ao alimento Intermitente Espasmo esofageano Estenose peptica Neoplasia de esôfago Corpo estranho Anel esofageano inferior ou de Schatzki Chagas/Acalasia idiopática Espasmo esofageano difuso Doença do tecido conjuntivo: esclerose sistêmica progressiva, LES disseminado Neuropatia do sistema nervoso autônomo:DM, alcoolismo Outras : esofagite, estenose caustica Causas motoras Acalasia Espasmo esofageano difuso Odinofagia Dor a deglutição Processo inflamatório/isquemico Contrações de grande amplitude Causas de dor Tipo de dor Intensidade da dor Sintomas associados Avaliação Pode ocorrer isoladamente, mas gte está associado a disfagia Caráter da dor: punhalada, constrictiva, espasmódica, queimação Queimação: DRGE Fator de piora: ingesta de alimentos ácidos ou condimentados Esofagite (cáustica, péptica, herpética, actínica,) Moniliase Úlceras por medicamentos (kcl, alendronato de na, tetraciclina, clindamicina) Distúrbios motores:contrações musculares no esôfago distal Causas Esofagite caustica Esofagite herpética Moniliase esofagite actinica Pirose Queimação Típico da DRGE Avaliação: Localização Irradiação Fatores desencadeantes ou de piora Sintomas associados Relação com a alimentação 3.Pirose Localização : Retroesternal (apêndice xifóide) Irradiação: Região epigástrica, ambos os lados do tórax, ou fúrcula esternal ( mais comum) Fator desencadeante: Refeições 3.Pirose Fatores de piora: Café , chocolate, alimentos gordurosos, álcool, frutas cítricas ou decúbito dorsal Sintoma associado: Regurgitação de pequenas quantidade de líquido de sabor azedo ou amargo 3.Pirose Dor esofageana Dor não relacionada com a deglutição Ocorre sem a ingesta de alimentos Causas: atividade motora anormal, processos inflamatórios ou neoplásicos Esofagite péptica:queimação Distúrbios motores do esôfago:espasmo esofagiano difuso Dor em cólica, constrictiva ou dilacerante 4.Dor esofageana Câncer de esôfago: dor surda, contínua Invasão de estruturas do mediastino Ruptura espontânea do esôfago( sd de Boerhaave) Dor de forte intensidade, acompanhados de sintomas gerais como taquicardia, sudorese, hipotensão Diagnóstico diferencial : dor de origem cardíaca Ambas podem causar sensação de opressão e irradiar p pescoço e mmss O uso de vasodilatadores tb pode aliviar a dor esofageana Diagnostico diferencial difícil Dor cardíaca gte aparece após exercício e atenua com repouso Dor esofageana gte aparece com o pcte deitado, melhora com o andar Uso de anti ácidos pode melhorar a dor esofagena, mas não a cardíaca Espasmo esofageano difuso Regurgitação “ Volta de alimentos ou secreções contidas no esôfago ou estômago à cavidade bucal, sem náuseas e sem a participação de músculos abdominais” Causas Estenoses, tumores, divertículo faringoesofageano( zenker) Obstrução da luz por alimentos Megaesôfago chagásico, acalasia idiopática, espasmo esofageano difuso( raro) 4.Regurgitação Ativa, dinâmica ou ortostática: surge durante ou imediatamente após as refeições; decorre da incoordenação motora do esôfago Passiva, de decúbito ou clinostática: manifesta tardiamente, quase sempre com o pcte deitado, a noite: Risco de broncoaspiração e pneumonia de repetição, Acorda de manhã e vê o travesseiro sujo de alimentos Tipos de regurgitação no megaesôfago: Eructação “ Arrotar” Não é sintoma próprio do esôfago Ocorre por uma maior ingesta de ar durante as refeições ou em situações de ansiedade Aerofagia : deglutição de grande quantidade de ar com o objetivo de eructar. Comum em ansiosos 5. Eructação Megaesôfago : Pcte deglute maior quantidade de ar durante a alimentação, de maneira proposital, com a finalidade de auxiliar a passagem de alimento para o estômago O ar deglutido acumula na parte superior do esôfago, empurrando o alimento para baixo e depois é expelido pela eructação Eructação Soluço Não é um sintoma próprio da doença do esôfago e do aparelho digestivo Causado por contrações clônicas do diafragma Deve ser investigado se: 6.Soluço Persistente (48h-30 dias) Intratável (>30 dias) Se persiste durante o sono: sugere causa orgânica Causas : AVE isquêmico ou hemorrágico; Encefalites e meningites; Traumatismo craniano; Álcool e uso de medicamentos; Bócio;Faringite ou laringite; Tumores, cistos e massas cervicais ou mediastinais. 2 doenças do esôfago: hérnia de hiato e megaesôfago( alimentação) 6.Soluço =Sialorréia ou ptialismo Produção excessiva de secreção salivar Causa esofagena: obstrução do esôfago, principalmente no megaesôfago chagásico Reflexo esôfago salivar de Roger: glândulas salivares são estimuladas através de receptores contidos no esôfago 7. Sialose Caracteriza a hemorragia digestiva alta= acima do ângulo de Treitz Avaliação: Quantos episódios? Qual o volume? Primeiro episódio? Sangue vivo?coágulo? 5.Hematêmese HDA Varizes de esôfago Cirrose H.Pylori e AINES Doença ulcerosa péptica Causa mais comum de origem esofageana: varizes de esôfago Sangramento volumoso Câncer de esôfago, úlceras: sangramento pequeno 5.Hematêmese HDA Varizes de esofago Sinais de hepatopatia crônica 55 Estigmas de insuficiência hepática crônica: telangectasia Ascite Circulação colateral 56 Estigmas de insuficiência hepática crônica: Ictericia Eritema palmar Ginecomastia Exame físico Inacessível ao exame físico Divertículo esofageano: pode ser palpável na face lateral esquerda do pescoço enquanto o paciente se alimenta Emagrecimento : Doenças que cursam com disfagia e regurgitação Megaesôfago Câncer: perda de peso rápido e grave, desproporcional aos sintomas Anemia crônica: EsofagiteCarência de ferro ( sd de Plummer-Vinson: disfagia+anemia + anéis) Tumor Exame físico geral Gânglio em fossa supraclavicular palpável ( Troisier): tumor de esôfago Alterações de pele, fenômeno de Raynauld: esclerodermia (palidez cianose hiperemia) Hipertrofia de glândulas salivares: megaesôfago chagásico Exame físico geral Linfonodo de Virchow Sinal de Troisier Mestastase linfatica Deve ser feito principalmente quando se suspeita de moniliase esofageana Monilíase oral: geralmente se acompanha de monilíase esofagena Exame da cavidade bucal Exame clínico do estômago Dor Náuseas e vômitos Sintomas dispépticos Hematêmese Sintomas Avaliação? Início Caráter Irradiação Fatores de melhora e piora Sintomas associados Evolução Fatores desencadeante? Ocasional ou constante? Intensidade 1.Dor Localização : linha mediana do epigástrio, poucos cm abaixo do apêndice xifóide Irradiação Para dorso:acometimento para o retroperitônio (úlcera péptica penetrando para pâncreas) HCD 1.Dor Fatores de melhora: Após ingesta de alimentos: úlcera, principalmente duodenal Fatores de piora: Piora com o jejum: úlcera duodenal Caráter: Queimação: úlcera Dor Sintomas associados: Náuseas e vômitos Plenitude pós prandial Perda ponderal Dor epigástrica constante+perda de peso: Câncer Dor úlcera péptica, úlcera perfurada, gastrites, espasmo pilórico, carcinoma gástrico pancreatite crônica ou aguda colecistite, litíase biliar perfuração do esôfago na porção inferior, esofagite química ou bacteriana infarto do miocárdio, pericardite, insuficiência cardíaca congestiva ou hérnia epigástrica Causas de dor Manifestação comum das doenças de estômago e duodeno Náuseas : acompanha de distúrbios vasomotores: Tonteira Fraqueza Sudorese Palidez Salivação Hipotensão Bradicardia 2. Náuseas e vômitos Sem obstrução mecânica: contem suco gástrico puro ou pequenas quantidades de bile se houver alimentos, esses são os recentemente ingeridos Grande quantidade de bile no vômito: obstrução intestinal alta Náuseas e vômitos Odor Composição Início Características do vômito Ácido: normal Inodoro Fecalóide : Obstrução intestinal, fistula gastrocólicas, câncer gástrico com necrose Odor Alimento : Presença de bile e alimento há mais de 8 horas: obstrução abaixo da ampola de Vater Suco gástrico: úlcera duodenal ativa com piloroespasmo Muco :gastrite crônica, gravidez, estase gástrica, malignidade Composição Pus : rotura de abscesso extra gástrico para dentro do estômago Sangue Corpo estranho: parasitose ou calculo biliar ( fistula ) Fezes : obstrução intestinal Bile : Obstrução abaixo da ampola de Vater Composição Manhã : Tóxicas:uremia, gravidez Gastrite alcoólica Logo após a alimentação: gastroenterite aguda, psicogênica Início 1-4h após a alimentação Ulcera gástrica ou duodenal com complicação: obstrução, piloroespasmo Colecistite Câncer gástrico Mais de 12h após: obstrução pilórica Intoxicação exógena Doenças do SNC: hipertensão intra craniana, distúrbios cerebelares IAM Litíase renal Infecções Hipertireoidismo Causas extra digestivas de náuseas e vômitos Úlcera Laceração da transição esôfago gástrica por vômitos ( sd de Mallory-Weiss) Gastrite aguda Câncer Hematêmese “ Qualquer dor ou desconforto abdominal em epigástrio, acompanhado ou não de saciedade precoce, plenitude gástrica, distensão ou náuseas” Causas: doenças orgânicas ou funcionais Sintoma freqüente Deve ser investigado: Acima de 40 anos Manifestações de doenças orgânicas: vômitos, hemorragia, perda de peso e anemia Dispepsia Dispepsia persistente ou recorrente ocorrendo pelo menos 12 semanas durante 12 meses anterior a consulta Sem evidência de qualquer doença orgânica Diagnóstico de exclusão Dispepsia funcional Classificação : Tipo úlcera: sintoma predominante de dor epigástrica Tipo dismotilidade: desconforto em epigástrio associado a saciedade precoce, sensação de peso, plenitude epigástrica pós prandial, náuseas, vômitos e distensão abdominal Tipo inespecífico: não se enquadra nos anteriores Dispepsia funcional Exame físico do estômago Peristaltismo gástrico visível: Obstrução da via de saída crônica: hipertrofia da mm lisa do antro e diminuição da espessura da parede abdominal devido a desnutrição associada Elevações da parede gástrica que se desenham sobre o rebordo costal esquerdo Deslocam da esquerda para a direita e desaparecem após ultrapassar a linha media Aparecem uma a uma, sucessivamente em uma freqüência máxima de 3/min Pode ser visível em pcte caquético Sintoma associado: vômitos Sinal associado: vascolejo Inspeção Em casos de estase gástrica provocar o ruído de vascolejo valor diagnóstico se o paciente estiver em jejum prolongado abalos na região do epigástrio com o indicador e polegar ruído semelhante ao causado pela agitação de água dentro de uma bolsa de borracha Palpação Superficial e profunda Superficial : Polpas digitais das duas mãos, de maneira simétrica Tensão e sensibilidade Dor intensa: úlcera perfurada ou câncer Palpação Polpas digitais das duas mãos colocadas juntas Deslizar no sentido crânio caudal Pode ser palpado a grande curvatura Tumorações: consistência, tamanho, mobilidade, aderência a planos profundos: mais facilmente palpável:antro e parede anterior Pode palpar piloro e região pré pilórica: estenose hipertrófica do piloro Palpação profunda
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