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Química Farmacêutica e Farmacodinâmica Aspectos gerais da ação dos fármacos Parte 2 – Etapa farmacêutica Administração do fármaco Efeito terapêutico FASE BIOFARMACÊUTICA desintegração da F.F. dissolução do fármaco FASE FARMACOCINÉTICA Absorção Distribuição Metabolismo Excreção hidrossolubilidade coeficiente de partição (P) lipossolubilidade pH/pKa FASE FARMACODINÂMICA interação fármaco - receptor especifiicidade da estrutura química É o processo pelo qual um fármaco, reversivelmente, abandona o leito vascular e entra nos tecidos. Distribuição de fármacos Corpo humano: 70% é constituído por água (~ 42 L – adulto de 70 Kg) taxa de perfusão dos órgãos permeabilidade capilar taxa de ligação às proteínas plasmáticas A distribuição depende: A velocidade do fluxo sanguíneo nos capilares teciduais varia bastante como resultado de uma distribuição desigual do débito sanguíneo (DS) aos vários órgãos. Fatores que interferem na distribuição Taxa de perfusão dos órgãos Estrutura dos diferentes capilares do organismo Fatores que interferem na distribuição Permeabilidade capilar Difusão passiva Transporte mediado por carreador Espaço intercelular na junção Difusão passiva Pinocitose FenestraMitocôndrias Processos pendunculares dos astrócitos Capilar cerebral Demais capilares Junção estreitada Características físico-químicas das moléculas dos fármacos Fatores que interferem na distribuição Permeabilidade capilar Influência da partição pH:pKaInfluência da partição óleo:água(P) FÁRMACO HIDROFÓBICO FÁRMACO HIDROFÍLICO lúmen do capilar Podem penetrar tanto a água intracelular quanto a extracelular Penetram com mais facilidade a água extracelular (mas podem entrar na célula por mecanismos ativos de transporte que envolvam carreadores específicos) MembranapH = 7 pH = 4 AH A- + H+ AH A- + H+ 107 - 8 = A - = 1 1 AH A- AH10 = 4 - 810 A - 1 =1 AH A- AH10000 Fármaco tende a se concentrar na circulação sanguínea Características físico-químicas das moléculas dos fármacos Fatores que interferem na distribuição Permeabilidade capilar Influência da partição pH:pKaInfluência da partição óleo:água(P) FÁRMACO HIDROFÓBICO FÁRMACO HIDROFÍLICO lúmen do capilar Podem penetrar tanto a água intracelular quanto a extracelular Penetram com mais facilidade a água extracelular (mas podem entrar na célula por mecanismos ativos de transporte que envolvam carreadores específicos) MembranapH = 7 pH = 4 107 - 8 = B = 1 1 10 BH+B + H+ BH+B + H + BH+ B BH+ 104 - 8 = B 1 =1 BH+ B 10000 BH+ Fármaco tende a se concentrar no tecido É reversível e segue a Lei de Ação das Massas Fatores que interferem na distribuição Taxa de ligação às proteínas plasmáticas sequestram os fármacos de forma não difusível (devido a elevada MM do complexo), retardando sua transferência para fora do compartimento extra-vascular (reserva); somente o fármaco livre está disponível para atuar no alvo (tecidos), assim como sofrer processos de biotransformação e excreção do organismo; F F F F Fármaco ligado à proteína plasmática Fármaco livre (distribuição e eliminação) Fármaco ligado à proteína tissular Fármaco livre (efeito farmacológico) K1 K 2 É reversível e segue a Lei de Ação das Massas Fatores que interferem na distribuição Taxa de ligação às proteínas plasmáticas F F F F Fármaco ligado à proteína plasmática Fármaco livre (distribuição e eliminação) Fármaco ligado à proteína tissular Fármaco livre (efeito farmacológico) K1 K 2 Fatores que determinam a quantidade de ligação do fármaco às proteínas: - concentração das proteínas plasmáticas: → concentração molar da proteína; → número de sítios de ligação por proteína; - força de ligação/afinidade: → constante de associação (K1/K2); - concentração do fármaco livre. → natureza química do fármaco (ácido/base/neutro) Fatores que interferem na distribuição Taxa de ligação às proteínas plasmáticas - atenolol, lítio - gentamicina - digoxina - penicilina G - teofilina - fenobarbital - carbamazepina - quinidina - verapamil - alfentanil - fenitoína - propranolol - clindamicina - nifedipino - amiodarona - digitoxina - clorpromazina - oxazepam - furosemida - cetoprofeno - diazepam - warfarina, ibuprofeno - fenilbutazona - naproxeno - flurbiprofeno T a x a d e l ig a ç ã o à s p ro te ín a s p la s m á ti c a s (% ) F F F F ligC = Concentração plasmática do fármaco ligada às PP Cliv = Concentração plasmática do fármaco livre, sem ligação às PP (%) = Clig Clig + Cliv . 100 100% livre para exercer a atividade farmacológica 0,1% livre para exercer a atividade farmacológica Fatores que interferem na distribuição Taxa de ligação às proteínas plasmáticas fármacos ácidos: - albumina (A), com elevada afinidade. fármacos básicos: -α1-glicoproteína ácida (GP); -β-globulina (BG); - albumina (A), fraca afinidade; - lipoproteína (LP). fármaco natureza química ácido acetilsalicílico anfotericina B clorotiazida diazepam dicloxacilina dicumarol digitoxina disopiramida fenilbutazona fenitoína flurbiprofeno heparina imipramina cetoprofeno lorazepam nortriptilina propranolol valproato A (I, II) A; GP A (I) A(II) A(II) A (I, II) A (d) A; GP A (I) A(I) A (I, II) LP A; GP A (II) A(II) A; GP A; GP; LP A (I) proteína de ligação taxa de ligação (%) ácido ácido; básico ácido básico ácido ácido neutro ácido; básico ácido ácido ácido - básico ácido ácido; básico básico básico ácido saturável 96 95 99 94 99 90 saturável saturável 90 100 95 > 90 92 93 95 93 saturável Fatores que interferem na distribuição Classificação dos Fármacos Quanto à Ligação às Proteínas Plasmáticas Classe I: - a concentração plasmática é menor que sua capacidade de ligação com a proteína (concentração sanguínea x sítios de ligação); - os locais de ligação da proteína estão em excesso em relação ao fármaco disponível; - a fração livre tende a ser baixa. Classe II: - a concentração plasmática excede sua capacidade de ligação com a proteína (concentração sanguínea x sítios de ligação); - os locais de ligação da proteína estãosaturados; - a fração livre tende a ser alta. Eliminação dos fármacos O que determina a eliminação de fármacos do organismo? rins fígado (bile) pulmão salivar suor fezes leite lágrima Solubilidade nos fluidos hídricos corporais, o que varia de acordo com a polaridade da molécula do fármaco. Eliminação dos fármacos BIOTRANSFORMAÇÃO saída irreversível do fármaco ou seu respectivo metabólito do organismo. processo metabólico do fármaco seguido da excreção do mesmo. ELIMINAÇÃO EXCREÇÃO conversão enzimática do fármaco, dentro do organismo, em seus metabólitos. Eliminação dos fármacos INTESTINO DELGADO grande quantidade e variedade de enzimas; boa perfusão sanguínea, que põe o fármaco em contato com as enzimas. FÍGADO CÉREBRORINSPULMÃO Eliminação dos fármacos Fase I: oxidação, redução e hidrólise - catabólicas, na maioria; - reações de funcionalização: - geralmente prepara a molécula para sofrer reação de fase II (mas não éobrigatória); - introdução ou desmascaramento de grupos funcionais reativos que funcionem como ponto de ligação do conjugado da fase II; - ajudam a incrementar a hidrossolubilidade; - podem aumentar, diminuir ou deixar inalterada a atividade farmacológica ou tóxica do fármaco. Fase II: conjugação - anabólicas, na maioria; - reações de conjugação: - com moléculas hidrofílicas que realçam muito a hidrossolubilidade; -acilação e metilação não tende a aumentar a hidrossolubilidade, mas são importantes para inativar o fármaco (especialmente no SNC). - com algumas exceções, tendema inativar fármacos. Eliminação dos fármacos estrutura molecular do fármaco sim inalterado sim ELIMINAÇÃO tem hidrossolubilidade suficiente? tem grupo funcional passível de ser conjugado? não não tem hidrossolubilidade suficiente? não sim metabólito de fase I metabólito conjugado FASE I FASE II oxidação redução hidrólise conjugação Pode ocorrer reversão da ordem das fases (FASE II → FASE I) Reações de fase I Reações Enzimas Substratos OXIDAÇÃO é a mais representativa citocromo P450 (CIP) fígado, intestino delgado, outros é a mais representativa monoamino oxidase (MAO) sistema nervoso central álcool desidrogenase xantina oxidase hidrocarbonetos álcool amina amida aldeído cetona outros saturações alifáticas ou cíclicas aldeído cetona nitro azo (N=N) sulfóxidos (S=O) redutasesREDUÇÃO éster amida esterases não-específicas amidases não-específicas aminopeptidases deciclases HIDRÓLISE Principais isoformas envolvidas na oxidação de fármacos Isoformas %* Substratos (fármacos) CIP3A4 60 amiodarona, budesonida, carbamazeoina, cocaína, dapsona, diazepam, diltiazem, espironolactona, finasterida, itraconazol, lidocaína, loratadina, losartam, lovastatina, miconazol, midazolam, paclitaxel, paracetamol, progesterona, rotinavir, saquinavir, sulfametoxazol, tamoxifeno, tetraidrocanabinol, tiagabina, triazolam, verapamil 25CIP2D6 CIPC9/10 15 carvedilol, celecoxibe, ibuprofeno, losartam, meloxicam, fenitoína, varfarina CIP2C19 15 citalopram, diazepam, omeprazol, naproxeno, pantoprazol, propranolol CIP2E1 CIP1A2 2 paracetamol, cafeína, clomipramina, tamoxifeno, varfarina bupranolol, carvedilol, clomipramina, clozapina, codeína, fluoxetina, haloperidol, metoprolol, olanzepina, paroxetina, propoxifeno, selegilina, timolol, venlafaxina 2 paracetamol, enflurano, halotano, etanol (via menor) Reações de fase II Conjugados Enzimas Substratos ÁCIDO GLICURÔNICO glicuronil transferase álcool, fenol, amina, tiol (SH), ácido carboxílico AMINOÁCIDOS glicina, glutamina glicina N-aciltransferase glutamil transferase ácido carboxílico epóxido ( ), haleto (F; Cl; Br), sulfonato (SPO3), nitrato (NO3), nitro glutationa-S-transferaseGLUTATIONA ACETILAÇÃO N-acetil-transferase METILAÇÃO metil transferase fenol, tiol, amina SULFATO sulfotransferase álcool, fenol, amina amina aromática, sulfonamida (SO2NH2), hidrazina (NHNH), hidrazida (CONHNH2) O Reações de fase II glicuronídeo-6-morfina metabólito 2 vezes mais ativo (exceção à regra de que reações de Fase II tendem a inativar fármacos) morfina analgésico glicuronil transferase Exemplo - glicuronidação fármaco já possui grupo funcional para ligação do conjugado Reações de fase II ácido salicílico ácido salicilúrico esterase glicina N-aciltransferase ácido acetilsalicílico anti-inflamatório analgésico metabólito mais ativo e mais tóxico, excretado na urina (10%) FASE I - hidrólise FASE II – conjugação com glicina metabólito inativo excretado na urina (75%) Reações de fase II paracetamol FASE I - oxidação FASE II – sulfatação sulfotransferase fenacetina analgésico hepatotóxico metabólito preserva a atividade analgésica metabólito hidroxilado hidroxilação desalquilação oxidativa CIP1A2 metabólito conjugado metabólito inativo excretado na urina Reações de fase II metabólito acetilado ácido nicotínicoisoniazida antimicobacteriano metabólito inativo metabólito inativo, excretado na urina conjugado com glicina N-acetil transferase amidase + NH2NH2 + COCH3 FASE II - acetilação FASE I – hidrólise biotransformação com reversão da ordem das fases Fatores que modificam a biotransformação de fármacos Físico-químicos A estrutura química do fármaco (grupos funcionais) determina a natureza da ação enzimática e o tipo de metabólito; Quanto mais lipofílico o fármaco, maior a taxa de metabolização: pois maior é a fração do fármaco que penetra intracelularmente para sofrer ação das enzimas intracelulares, em especial, CIP450; Estéreo-seletividade da interação enzima-substrato: O arranjamento molecular tridimensional dos isômeros determina o número de interações do fármaco com o centro catalítico e, quanto maior o número de ligações, maior a afinidade. Fatores que modificam a biotransformação de fármacos Fisiológicos Idade - Crianças: sistema enzimático imaturo Ex.: síndrome cinzenta em recém-nascidos (principalmente prematuros): atividade inadequada da enzima glicuroniltransferase causa acúmulo de cloranfenicol (hipotensão, cianose – pele cinza) - Idosos: decaimento da eficiência metabólica Estado hormonal - Corticosteróides: efeito depressor sob a biotransformação - Hormônios da tireóide: aumentam a atividade das reações do CIP450 microssomal Regime alimentar - Dieta com baixo teor proteico diminui a síntese protéica endógena ( e a maioria das enzimas são de natureza proteica) Circulação sanguínea - Competência em levar o medicamento aos órgãos metabolizadores Ex.: paciente com insuficiência cardíaca tem menor taxa de eliminação de fármaco, sem ter modificações na capacidade enzimática. Fatores que modificam a biotransformação de fármacos Individuais Polimorfismo em enzimas metabolizadoras. Causas mais comuns de polimorfismos genéticos são: deleções, mutações e substituições de base única ou de sequências repetidas Fatores que modificam a biotransformação de fármacos Bioquímicos fármacos CIP450 metabólitos INDUÇÃO aumento da oferta de enzimas catalizadoras da biotransformação Indução enzimática. Um fármaco (ou outro fator) aumenta a degradação dooutro: - diminuindo a degradação da enzima metabolizadora; - aumentando a síntese da enzima metabolizadora; - ligando-se à enzima, de forma a aumentar a afinidade do outro fármaco pelo sítio catalítico. maior quantidade de metabólitos Fatores que modificam a biotransformação de fármacos Bioquímicos CIP450 metabólitos diminuição da oferta de enzimas catalizadoras da biotransformação maior quantidade de substrato Inibição enzimática. Um fármaco (ou outro fator) inibe a degradação do outro: - aumentando a degradação da enzima metabolizadora; - diminuindo a síntese da enzima metabolizadora; - diminuindo a velocidade da reação enzimática de degradação; - ligando-se e bloqueando o acesso do fármaco ao centro catalítico da enzima. INIBIÇÃO fármacos Fatores que modificam a biotransformação de fármacos Bioquímicos CIP450 metabólitos diminuição da oferta de enzimas catalizadoras da biotransformação maior quantidade de substrato Inibição enzimática. Um fármaco (ou outro fator) inibe a degradação do outro: - aumentando a degradação da enzima metabolizadora; - diminuindo a síntese da enzima metabolizadora; - diminuindo a velocidade da reação enzimática de degradação; - ligando-se e bloqueando o acesso do fármaco ao centro catalítico da enzima. INIBIÇÃO fármacos
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