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A MULHER, O ASSÉDIO MORAL A EQUIDADE: A MULHER NO AMBIENTE DE TRABALHO POSSUI SEGURANÇA JURÍDICA CONTRA O ASSÉDIO MORAL? Carolina Gomes Oliveira; Gabriela Carvalho e Tavares; Iara Milreu Lavratti; Univem; Unesp; Unesp. carolinidades@gmail.com; carvalho.tavares3@gmail.com; iaralavratti@yahoo.com; ; iaralavratti@yahoo.com. Organizações Políticas e Mundo do Trabalh Woman, moral harassment and equality: the woman in her workplace gets o WOMAN, MORAL HARASSMENT AND EQUALITY: HAVE WOMAN JUSTICE LEGAL SECURITY AGAINT MORAL HARASSMENT Resumo Este artigo tem o intuito de refletir sobre os reflexos do assédio moral laboral sobre a mulher e dos recursos sociais, jurídicos, estatais e sociais de que ela dispõe, bem como da visão da mulher após sofrido e superado o assédio, de como a mesma rompe o ciclo de violência (e se essa ruptura ocorre de forma sistêmica). Para isso, partiremos de dois pontos de vista: o do Direito e da Sociologia do Trabalho. Da primeira área de saberes, elencando os entendimentos dos princípios legais que defendem a mulher enquanto igual e portadora da segurança jurídica, e questionando sua base, a partir da segunda área tentamos definir se isto é possível. Da Sociologia do Trabalho utilizamos duas análises complementares, uma da psicodinâmica do trabalho e outra da mulher na sociedade de classes, pois partimos de vivências de mulheres para falar da situação do assédio. A mulher que passa pela situação de assédio moral, enquanto tem sua mão de obra superexplorada, é o ponto central personagem social principal deste trabalho. As perspectivas teóricas foram voltadas para o debate da ética e da moral em relação a mulher, contrapondo-as, assim como contraem-se “fato e norma” no direito, buscando a compreensão de sua estrutura juridicamente e se são suficientes, tanto a moral quanto a norma, para assegurar a mulher. Para tanto, fizemos algumas entrevistas semi-estruturadas, além de com mulheres que sofreram assédio moral em seu ambiente de trabalho a fim de compreender esta situação. Abstract This article aims to reflect on woman’s harassment on workplaces and the social, legal, state and social resources available to them, as well women after suffering and overcoming harassment, how it breaks the cycle of violence (and whether this rupture occurs systemically). For this, we will start from two points of view: the Law and the Sociology of Work. From the first area of knowledge, listing the understandings of the legal principles that defend women as equal and having legal certainty, and questioning their basis, from the second area we try to define whether this is possible. From Sociology of Work, we used two complementary analyzes, one from the psychodynamics of work and the other from women in class society, since we started from the experiences of women to talk about the situation of harassment. The woman who goes through the situation of moral harassment, while having her workforce overexploited, is the central point of the main social character of this work. Theoretical perspectives were focused on the debate of ethics and morals in relation to women, contrasting them, as well as contracting “fact and norm” in law, seeking to understand its legal structure and whether it is sufficient, both morally as the norm, to ensure the woman as a worker. To this end, we did some semi-structured interviews, in addition to women who suffered bullying in their work environment in order to understand this situation. Palavras-chave: Mulher; Trabalho; Assédio moral. Keywords: woman; work; moral harassment. mailto:carolinidades@gmail.com mailto:carvalho.tavares3@gmail.com mailto:iaralavratti@yahoo.com mailto:carvalho.tavares3@gmail.com mailto:iaralavratti@yahoo.com Introdução “porque uns consentem em padecer sofrimento, enquanto outros consentem em infligir sofrimento aos primeiros?” (DEJOURS, 1999, P.16). Este artigo tem o intuito de refletir sobre como a mulher consegue lidar com o assédio moral em seu ambiente de trabalho. Para isso, partimos de dois pontos de vista: o do Direito, buscando os entendimentos do sistema jurídico brasileiro; e o da Sociologia do Trabalho a partir do análise de Dejours (1999) e nas ideias de Saffioti (1976). Começamos este artigo procurando entender de qual perspectiva o Estado brasileiro parte para positivar a legislação que temos em vigência. Assim, buscamos elencar os direitos da mulher que sofre uma experiência de assédio moral. Porém, devemos ressaltar que objetivo deste artigo não é enveredar pelo direito e sim pela vivência feminina. Para tanto, para além da pesquisa bibliográfica fizemos entrevistas em profundidade com mulheres que sofreram com o assédio moral no trabalho Para analisarmos as entrevistas feitas utilizarem dois autores: Dejours (1999) e Saffioti (1976), o primeiro investiga a condição do trabalhador pelo prisma da psicopatologia do trabalho, dando espaço para os sentimentos e elaboração psíquicas deles frente ao sofrimento advindo do trabalho. Já, a autora Saffioti (1976), fala da condição da mulher trabalhadora com uma visão ao mesmo tempo mais restrita e ampla. Mais restrita por ter o recorte do gênero e mais ampla por levar em consideração as relações econômicas capitalista, em um viés Marxista, com o intuito de compreender como a mulher vive e trabalha no capitalismos ao longo do tempo. Os dois autores se complementam para entendermos as vivências colhidas em entrevista. 1 Princípios do direito e a mulher Neste tópico faremos a inserção contextual de alguns conceitos do Direito, que serão trabalhados ao longo do trabalho. Em sua obra, Miguel Reale (1994) explica como a segurança jurídica é parte da tríade "fato, valor e norma" que constituem as leis e sua formação e, portanto, essencial no subconsciente coletivo. Assim para a lei existir, ela precisa: da existência de um fato de relevância jurídica; um valor social, ou seja, a partir da moralidade social; e a norma (escrita da lei) que será criada para tentar coibir que fato volte a se repetir. Neste artigo veremos o caso da mulher diante do assédio moral e como a segurança jurídica falha para elas. Para pensar sobre isto, sob um viés jurídico é imprescindível entender a mulher como um ser a ser tratado neste trabalho como demandante de tratamento de equidade. A mulher, apresenta nas diferenças salariais expressivas (visíveis em dados estatísticos) e na quantia de assédios morais e sexuais a que são submetidas. Com isso, ela não pode deixar de ser vista como um ser que exija mais que igualdade: a mulher em ambiente de trabalho necessita e luta por isonomia. Observando sob a ótica do pressuposto econômico, como exemplo real, podemos usar os dados do Observatório da Diversidade e da Igualdade de Oportunidades no Trabalho (dados de 2017), de uma das maiores cidades grande do Oeste paulista, Marília, veremos uma diferença salarial de 3.500 reais entre homens e mulheres nos cargos de direção de empresas com regimento celetista, sendo de 9,5 mil o salário dos homens, e na mesmafunção, 6,0 mil o das mulheres. Neste sentido, abordamos o Princípio Constitucional da Igualdade, tratado na Carta Magna de 1988 em seu art. 5º, caput, que transcreve-se: “Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. (BRASIL, 1988)” Porém, igualdade apenas como prevê o trecho acima, não seria o suficiente no caso da mulher. Cita Biancó (2018) faz um breve resgate histórico sobre o princípio de equidade: A equidade nasceu na Grécia com o nome Epieikeia. Quando se discute sobre o nascimento da equidade, não há como não citar a maior referência no assunto: Aristóteles, que definia a equidade como “A Justiça do caso concreto”. O filósofo abordou o tema em duas grandes obras: Ética a Nicômaco e Retórica. Aristóteles diferenciava a Equidade da Justiça e colocava a primeira como superior, por acreditar que somente a Equidade poderia se flexibilizar a ponto de oferecer o que seria mais justo para cada caso específico; ao contrário da Justiça, que seria universal e não tinha como oferecer o mesmo tipo de adaptação. Porém, mesmo diferenciando, Aristóteles ressaltava que existia uma forte relação entre a Justiça e Equidade, pois ambas tinham sempre um propósito benéfico, positivo. A equidade é um aspecto da igualdade em busca da justiça. Quando Aristóteles diz que a justiça universal não abrange a todas as pessoas, é busca pela equidade que supostamente colocaria os desiguais em situação de equivalência, através de adaptações que tornaria a vida social algo, então, mais justo a todos. Assumindo-se, então, ser a mulher um ser ainda em desigualdade no ambiente de trabalho, para que a mesma obtivesse condições de equidade, partimos do pressuposto do tratamento isonômico, no viés do direito , usando o conceito de Nery (1999, P. 42): “Dar tratamento isonômico às partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades”. Voltando-nos ao Princípio da Segurança Jurídica, é posto em breves linhas pela Constituição de 1988 no art. 5º, inc XXXVI, pelo texto “a lei não prejudicará o direito adquirido, a coisa julgada e o ato jurídico perfeito” (BRASIL, 1988). Contudo, o sentimento de segurança jurídica que buscamos analisar neste trabalho é: A mulher assediada em ambiente de trabalho por vezes consegue reconhecer a situação de assédio. E sabe, por alto, os recursos que dispõe, para denunciá-lo. Analisamos, por fim, se ela sente que o aparato jurídico é suficiente para que ela sinta-se segura para denunciar. O elo que se busca a analisar entre o Princípio da Segurança Jurídica e o Princípio da Isonomia é: A mulher no ambiente de trabalho possui segurança jurídica contra o assédio moral? Ela o sofre de alguma forma? E, caso entenda-se que o sofra, encontra dentro do direito, condições de defender-se retomar o status quo ante ao assédio sofrido, seja no mesmo trabalho ou em outro trabalho equivalente? Bruginsky (2013, p. 6) nos apresenta alguns exemplos de assédio moral no ambiente de trabalho que serão abordados em casos concretos no desenvolver deste artigo: Várias são as formas de se praticar assédio moral, como desprezar o empregado, deixando-o isolado no ambiente laboral; determinar o cumprimento de metas impossíveis de serem realizadas, levando-o ao descrédito pessoal; a determinação de cumprimento de tarefas alheias à sua função, como limpar sanitários; a “inatividade forçada”; a exposição a situações vexatórias etc. A Consolidação das Leis Trabalhistas (BRASIL, 1943) conta, em seu capítulo III, com o título “Da Proteção da Mulher”, que é um vestígio histórico na nossa legislação da necessidade de isonomia na aplicação das leis trabalhistas para as mulheres (este capítulo vai de definições da licença maternidade à limites de carga de peso que uma mulher deve carregar em seu trabalho). Embora não trate de danos morais específicos da mulher (tratando de forma abrangente danos à honra e moral) é o único aparato legal que se prestaria a atuar de preventivamente à proteção da mulher em ambiente de trabalho. Em nossa legislação, não há medidas ou leis que impeçam uma mulher de sofrer assédio em ambiente de trabalho. O reconhecimento do assédio laboral da mulher como uma questão de gênero ainda é delicado, às vezes de difícil identificação pela trabalhadora e, uma vez identificado, de difícil coibição na estrutura laboral do empregador. Por fim, resta a trabalhadora após o assédio, muitas vezes demitida, achincalhada e adoecida, a boa sorte de contar com a interpretação da Lei em busca de justiça nas Varas Trabalhistas. 2 A mulher no sistema capitalista e o assédio moral Neste tópico buscaremos entender as relações que envolvem a mulher urbana que trabalha em ambientes de escritórios, com hierarquias bem definidas. Este é o perfil das nossas entrevistadas, as duas moradoras de uma cidade do interior da região do Oeste paulista, preferiram manter suas identidades em sigilo por terem trabalhado/estarem trabalhando em empresas conhecidas regionalmente. Elas estiveram/estão em cargos de chefias, ou seja, desempenham/desempenharam papéis de poder nas organizações laborativas. As relações sociais vivenciadas por elas, elencadas neste trabalho, possuem características que demonstram o quanto a mulher na sociedade brasileira sofre para alcançar aqueles princípios que o Estado promete a assegurar. Para começarmos a tratar desta questão tão complexa, partimos alguns pressupostos, um deles qual é o entendimento que o capitalismo tem da mulher, para tal ressaltamos o seguinte trecho (SAFFIOTI, 1976, P. 13): A economia de mercado implica, pois, simultaneamente, na igualdade jurídica dos homens e, consequentemente, num afloramento à superfície da sociedade do fator econômico como distribuidor de oportunidades sociais. A dimensão econômica das relações sociais não mais se oculta sob e na desigualdade de status jurídico dos homens (status de homem livre, de servo, de escravo). É como livres possuidores de sua força de trabalho que os homens participam do mercado. Nem por isso, contudo, o mecanismo de operação do modo de produção capitalista pode ser imediatamente apreendido. Aparentemente, a igualdade de status jurídico é indicador suficiente da igualdade social. A liberdade de que cada homem goza na situação de mercado leva à ilusão de que as realizações de cada um variam em razão direta de suas capacidades individuais. Desta forma, como elenca a autora, a igualdade para a mulher emanaria do trabalho na economia de mercado das nações modernas capitalistas. Todos estamos em igualdade a partir da participação na competição pelo emprego, do esforço, da resiliência (discurso contemporâneo dos “coaching” do século XXI) e da meritocracia. Todos esses conceitos, muito bem utilizados pelos novos métodos de gestão empresarial, como bem aponta Dejours (1999, p. 24) ao se referenciaraos anos de governo de Mítterand na França (1981-95). O problema do cenário apresentado é que ele se torna um deserto cheio de ilusões para a mulher que vive no capitalismo, dela será pedido o maior esforço e o maior enfrentamento já que a mão de obra dela, seja em um cargo de chefia, seja em um cargo de abaixo no organograma da empresa, sempre é a mais bem explorada, ou, com maior mais-valia (maior lucro obtido da exploração feminina). O Princípio Constitucional da Igualdade, citado no tópico anterior, é o que orienta a visão do Estado em relação a mulher. Ela é uma igual ao homem, “ela é um homem” (apesar desta frase ser muito contraditória), mesmo demandando necessidades diferentes por ter em sua história a marca de todo tipo de exploração. Este princípio é o mesmo citado por Saffioti (1976, P 13), corroborando para uma injustiça institucional contra a mulher quando se alia àquela condição da economia de mercado. O “status jurídico” (SAFFIOTI, 1976, P. 13) de igualdade não permite a existência de isonomia, gerando uma situação contínua de injustiça. Como bem retrata a autora: Na situação da mulher não se expressa, pois, apenas a contradição que diz respeito a uma igualdade de status jurídico em contraposição com a desigualdade gerada pela divisão da sociedade em classes sociais, mas ainda pela contradição inerente ao privilegiamento de fato e de direito dos representantes do sexo masculino numa sociedade que se havia instituído em nome da igualdade (pelo menos jurídica) de seus membros. (SAFFIOTI, 1976, P. 35) O autor Dejours (1999, P.16), baseado no conceito de Hannah Arendt de “banalização do mal”, pensa a “banalização da injustiça social”, principalmente no ambiente laboral. Durante nossas entrevistas preguntamos para as mulheres por que elas não seguiram com denúncias contra as situações que viveram, umas das resposta mais marcantes foi: “as pessoas inclusive dizem “mas você está reclamando só por isso? Existe coisa muito pior”, então eu só poderia reclamar de abusos muito piores” (Anexo 1). É neste tipo de situação que a mulher trabalhadora se sente ansiosa, insegura, depressiva, doente… Ela está sofrendo com a injustiça de uma estrutura inteira contra si. É deste modo que a banalização legitima o ato de fazer o outro sofrer, exercendo assim, uma naturalidade, por exemplo, ao executar o assédio moral. Voltando aos conceitos jurídicos, do item anterior, podemos ressaltar a partir de Reale (1994, P 86) o seguinte conceito de sentimento de segurança jurídica: Há, pois, que distinguir entre o “sentimento de segurança”, ou seja, entre o estado de espírito dos indivíduos e dos grupos na intenção de usufruir de um complexo de garantias, e este complexo como tal, como conjunto de providências instrumentais capazes de fazer gerar e proteger aquele estado de espírito de tranqüilidade e concórdia. Segundo o autor, este sentimento deve fazer parte do indivíduo, em um leitura psicológica estaria em meio o subconsciente da mulher, porém ele se perde em algum momento diante tanta violência cotidiana no ambiente de trabalho. Há uma luta cotidiana pela estabilização psicológica (nos próximos parágrafos abordamos isso), e nesta dinâmica não sobram ferramentas de luta para o enfrentamento. A mulher que sofre assédio moral fica extenuada psicologicamente, muitas vezes ela sabe que “está certa”, que tem como combater aquela situação pelo sistema jurídico, pois acredita ser uma igual a qualquer homem que para lá recorrer. Porém, ela não quer fazer a denúncia, ela quer que a situação acabe, e que o status quo se restaure. Ao fazermos a questão “Você temia perder alguma coisa (material ou imaterial) depois que a situação se concluísse?”; a trabalhadora entrevistada respondeu: “Na verdade o maior problema foi a pressão em si, da situação chata. Sabia que não perderia nada porque eu não devia nada, mas com a situação eu perdi noites de sono e muito peso.” esta entrevistada acreditava que levar à cabo a denúncia “poderia trazer mais problemas do que ajuda” (Anexo 2). Outras vezes, como é o caso da outra entrevistada, o entendimento é de que o sistema jurídico não daria nenhum aparato, pois estaria lidando com poderes maiores. Neste caso, ela era liderança de um setor da empresa que trabalhava e por isso, como mesmo disse, “era obrigada” (Anexo 1) a acompanhar o advogado da empresa nas audiências trabalhistas. A impressão dela era de que nunca o trabalhador conseguiria ganhar uma ação, e fazer o movimento de denúncia seria se expôr. Voltando-nos a questão psicológica da mulher que sofre o assédio, para entendermos melhor estes sentimentos utilizaremos o conceito de “sofrimento indevido” (Pharo 1996, et al, Dejours 1999, p. 36), um sofrimento que não há justificativa para ter, pois ele se origina de dívida nenhuma, apenas do abuso de poder. Fazemos o esforço proposto por Dejours (1999, p. 45) para que o leitor ao “perceber o sofrimento alheio” tenha uma “experiência sensível e uma emoção a partir das quais associam pensamentos cujo conteúdo depende da história particular do sujeito que percebe”. Desta forma, “a percepção do sofrimento alheio provoca, pois, um processo afetivo. Por sua vez, esse processo afetivo parece indispensável à concretização da percepção pela tomada de consciência” (Dejours, 1999, p. 45). Tornar consciente o sofrimento de uma mulher frente a impossibilidade de justiça é entender muito de ser mulher dentro do ambiente de trabalho. Pensar o ser mulher frente a tantas injustiças e a incapacidade de ser percebida enquanto trabalhadora com direitos sociais é pensar a condição de ser mulher. Assim, nos perguntamos, como Dejours (1999, p. 19): “Como tolerar o intolerável?”. Ou melhor, o que estas mulheres pensavam ou faziam para seguir em frente e não apenas pedir demissão. Esta pergunta e resposta de uma das entrevistas nos ajudam a pensar: Entrevistadoras: Como você saiu dessa situação? Entrevistada: Como eu disse eu provei trabalhando, fazendo o meu trabalho sendo profissional. Respirando fundo e acreditando em Deus. Não foi fácil, chorava todos os dias, levava a maquiagem no banheiro retocava e voltava, fiz o melhor que eu pude, porque eu quis mostrar que o que me colocou onde estou não foi minha forma física, e ou ser mulher ou jovem e sim a minha capacidade intelectual. Isso que me motivou todos os dias a não desistir. (Anexo 2) Neste relato podemos perceber algumas características que serviram para esta mulher enfrentar a situação de assédio moral, entre elas as ideias de: acreditar em suas capacidades intelectuais - que encobre a crença na meritocracia do capitalismo financeiro; acreditar que aquela situação não estava relacionada diretamente com a sua condição de mulher no capitalismo (mas que isso era apenas um agravante, como ela ressalta em outra resposta), por isso a insistência em manter os símbolos femininos, como a maquiagem; a crença na religião, ao mencionar que acreditava em Deus. Estas ideias da nossa fonte fazem partede “estratégias defensivas”, que segundo Dejours (1999, P 36), “podem também funcionar como uma armadilha que insensibiliza contra aquilo que faz sofrer”, permitindo tolerável o sofrimento para seguir naquele ambiente. Em outra passagem da entrevista existe a sombra da possibilidade de que aquela situação volte a ocorrer: “acabou que aconteceu comigo e não sei se não vai acontecer novamente”, como se este fosse mesmo o julgo que a mulher deve carregar. Não sendo possível a isonomia pensada pelo Estado brasileiro. Como se uma voz no fundo do discurso dessas mulheres falasse sobre a acomodação neste papel que foi para ela imbuído de atuar. Neste mesmo sentido, sobre os papéis que a mulher desempenha, e como o sistema capitalista de mercado se utiliza deles para lucrar mais, podemos ressaltar um outro aspecto desta trama: as impossibilidades criadas à mulher de executar as funções laborativas que ela foi contratada para fazer. Pequenos obstáculos, colocados no cotidiano de trabalho, que a impedem de ser respeitada assim como um homem na mesma função. Estes obstáculos, que podem vir com o assédio moral, fazem com que o esforço empenhado no trabalho pela mulher se redrome, por que agora ele tem que superar a si mesma e a seus colegas homens. Saffioti (1976, P 19) reitera: A mulher faz, portanto, a figura do elemento obstrutor do desenvolvimento social, quando, na verdade, é a sociedade que coloca obstáculos à realização plena da mulher. As barreiras que a sociedade de classes coloca à integração social da mulher, todavia, não apresentam, no processo de seu aparecimento e vigência, muita uniformidade. Na medida em que esses obstáculos são regulados pelas necessidades da ordem imperante na sociedade competitiva e não pela necessidade que porventura tenham as mulheres de se realizar através do trabalho, as oportunidades sociais oferecidas aos contingentes femininos variam em função da fase de desenvolvimento do tipo social em questão ou, em outros termos, do estágio de desenvolvimento atingido por suas forças produtivas. A liderança feminina dentro das empresas é uma crescente aparente na atualidade, ela se dá por que é mais barato o salário de uma mulher que o salário de um homem em cargo de direção, como já apontamos acima. Porém, os obstáculos para desempenhar esses papéis de chefia são muitos, uma das nossas fontes relata: Existia, principalmente por parte da equipe (equipe de líderes). O líder homem que chama atenção é uma pessoa de pulso firme, reclamam, mas tem pulso firme. A líder mulher de mesma atitude é louca, tem falta de sexo, está de TPM, é desequilibrada e as pessoas acham que podem responder você. Na mesma equipe tinha líderes homens e ninguém respondia eles. E a mim respondiam como se eu fosse a mãe e não uma líder. (Anexo 1) Os valores sociais que norteiam as relações de trabalho em torno da mulher são todos baseados primeiro na ideia de “uma subvalorização das capacidades femininas traduzidas em termos de mitos justificadores da supremacia masculina” (Saffioti, 1976, P 18) , gerando uma ordem social neste sentido. O reconhecimento do trabalho, apontado por Dejours (1999, P 33) como principal fonte de impulsionamento motivacional, nesta lógica, para a mulher, fica sempre prejudicado. Precisamos ressaltar que a falta dele “acarreta em um sofrimento que é muito perigoso para a saúde mental”, pois o reconhecimento do trabalho se inscreve “na dinâmica de realização do ego” (Dejuors, 1999, P. 34). Compreende-se, portanto, que a mulher fica em um ciclo de exploração que se auto justifica, fazendo com que ela muitas vezes nem percebe do que fazem parte. Também podemos elucidar que a saída pelo sistema jurídico não parece para ela como a melhor opção. Esta não inspira nenhuma garantia, muito menos segurança, apensa exposição gerando piores situações. Outra saída seria a manifestação destas injustiças em movimentos sociais populares, e talvez usando de utopias sociais, seria esta a mais segura, não para nossa geração, mas para as próximas. 4 Considerações finais Ao nos voltarmos para o conceito de Reale (1994) de “fato, valor e norma”, depois de ter analisado as entrevistas ao transcorrer do trabalho, podemos perceber que existe uma disparidade para o caso da mulher. O fato, aqui levantado, é que a mulher possui uma, no capitalismo, uma condição ímpar, principalmente ao tratarmos da sua esfera laboral, especificamente quando ela é vítima do assédio moral. O valor social sobre a mulher trabalhadora é de que ela sempre estará em posição inferior à do homem, e isso vemos nas análises da autora citada (Saffioti, 1976) e nos relatos coletados. Porém, em sua contradição maior, a norma trata a mulher como uma igual a qualquer homem, quando se trata do assédio moral, sem levar em consideração toda sua condição real de desigualdade e o histórico violento que a história da trabalhadora ao longo da existência da humanidade. Aduz-se que a tríade não se cumpre. Pudemos perceber que não existe isonomia no tratamento entre homem e mulher no ambiente laboral, sem que haja uma real condições de trabalho igualitário para todas e todos. Assim, a mulher, se encontra em uma situação de extrema fragilidade e submete-se ao assédio moral e ao sofrimento psíquico por diversos motivos . Entendendo que aquilo é “possível” de ser suportado, pois não existe segurança nenhuma em para ela, em nenhum parte. Nos casos investigados não houve grandes atos que respaldassem a mulher durante ou após o assédio, tampouco políticas públicas haviam para que direções fossem tomadas. O abandono do Estado brasileiro, que não conseguiu ainda elaborar políticas públicas que, ao menos, diminua esses movimentos de desigualdade contra a mulher trabalhadora, mantém o status de fragilidade da mulher na sociedade brasileira. Será que ao menos com o aparato do sistema judiciário (conhecimento de direitos e acesso à eles) algumas situações de sofrimento em ambiente de trabalho poderiam ser evitadas? E se estas mulheres estivessem em condição de equidade social, poderiam ser denunciadas práticas de assédio moral sem, necessariamente, haver perseguição e/ou a perda de seus empregos? A partir do cumprimento do princípio de isonomia, essas práticas violentas deixariam de existir? Será que a saída jurídica seria mesmo a melhor opção para estas mulheres? Todas estas questões são impossíveis de responder por enquanto, agora apenas podemos falar: mulheres trabalhadoras, uni-vos! 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Último Acesso: 04/03/2020 BRASIL. Consolidação das leis trabalhistas (1943). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Último Acesso: 04/03/2020. BRUGINSKI, Marcia Kazenoh. Assédio Moral no Trabalho - Conceito, Espécies e Requisitos Caracterizadores - Revista Eletrônica do Ministério Público Federal (2013). Disponível em: http://www.mpf.mp.br/pgr/documentos/assediomaoralesuaprevenotrilho1_2.pdf.Último Acesso: 04/03/2020 DEJOURS, C. A banalização da injustiça social. Trad. Luiz Alberto Monjardim. Rio de Janeiro: FGV, 1999 PIANCÓ, Brenda Monteiro. EQUIDADE NA APLICAÇÃO DO DIREITO. (2018) Disponível em: http://portaljuridicobrasil.com.br/sergiocdreis/equidade-na-aplicação-do-direito. Último Acesso: 04/03/2020 SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani. A MULHER NA SOCIEDADE DE CLASSES: MITO E REALIDADE, 1976, vozes. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3825626/mod_resource/content/1/Saffioti%20%2819 78%29%20A_Mulher_na_Soc_Classes.pdf. Último Acesso: 04/03/2020 OBSERVATÓRIO DA DIVERSIDADE E IGUALDADE DE OPORTUNIDADES NO TRABALHO, Remuneração dos empregados (CLT) em Cargos de Direção por sexo - Marília, 2017. Disponível em: https://smartlabbr.org/diversidade/localidade/3529005?dimensao=genero. Último Acesso: 04/03/2020. REALE, Miguel. Teoria tridimensional do direito. 5. ed. São Paulo:Saraiva, 1994. NERY, Junior Nelson. Princípios do Processo Civil na Constituição Federal. 1999, p.8-79. Anexos Anexo 1 Entrevista Nº 1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.mpf.mp.br/pgr/documentos/assediomaoralesuaprevenotrilho1_2.pdf http://portaljuridicobrasil.com.br/sergiocdreis/equidade-na-aplica%C3%A7%C3%A3o-do-direito https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3825626/mod_resource/content/1/Saffioti%20%281978%29%20A_Mulher_na_Soc_Classes.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3825626/mod_resource/content/1/Saffioti%20%281978%29%20A_Mulher_na_Soc_Classes.pdf https://smartlabbr.org/diversidade/localidade/3529005?dimensao=genero Autoras: Essa entrevista é feita em profundidade, quanto mais detalhes e sentimentos puderem ser expostos, melhor. A pesquisa vai envolver a área das ciências sociais, da psicologia e do direito. Relate o que aconteceu. Fonte 1: A minha situação de assédio não foi apenas um dia. Foi coisa de mais de um ano de assédio Eu tive diversas situações de assédio. Eu tinha um cargo de liderança, eu tinha uma equipe de mais ou menos 150 pessoas, eu sofri assédio da minha líder direta, que era uma mulher inclusive, o que normalmente não é tão comum e eu sofri assédio de pessoas da equipe, de pessoas que eu era chefe. Eu sofri assédio de vários ângulos. Se você quiser eu posso ir te perguntando e você pode ir perguntando e eu ir relatando. Autoras: Nessas situações você sabia que era assédio? Fonte 1: Sabia. Autoras: O que mais te marcou? Fonte 1: Eu me senti exposta quando eu fui ameaçada de morte. Eu fui fazer cobrança de liderança, coisa normal. Ele chegava atrasado repetidas vezes, estava num processo de mais de dois meses nisso. Esse funcionário era muito agressivo e ele já tinha um histórico de ser cobrado e ser remanejado, sem ser prejudicado: Eu já era a quinta líder que ele tinha. Ele me mandou tomar no cu na frente de toda a equipe, fez gesto obsceno apontando para o pênis, me chamou de vagabunda, de um monte de palavrões. Eu falei para ele se retirar e reportei para minha liderança a situação. Minha liderança falou “ah, se vira, vê aí o que você vai fazer”, para eu reportar para a central de Bauru e eu fiquei mais de uma semana trabalhando com esse funcionário dentro da minha equipe, porque ele voltou a trabalhar como se nada houvesse acontecido. Ele só foi demitido por justa causa após a equipe se solidarizar e fazer carta de próprio punho pedindo a punição dele. E eu disse que se ele não saísse eu iria me demitir. Eu consegui a demissão dele e quando eu fui demitir-lo eu fui comunicar ele escoltada. Quando eu o comuniquei ele se recusou a assinar, eu disse que mesmo assim ele seria demitido e ele respondeu que “a gente se encontraria por aí”. E de fato. Ele me perseguiu em vários ambientes, ele me perseguiu e me intimidou na academia que eu fazia (ele ficava me encarando e me intimidando), meu marido ia me buscar no serviço porque ele ia me intimidar e após isso um dia no trânsito ele bateu no vidro do meu carro me xingando. Autoras: Você não processou a empresa? Fonte 1: Não, não processei. Autoras: O que você sentia nessas situações? Fonte 1: Me sentia impotente. Muito desvalorizada nessas situações. Hoje a gente sabe do feminicídio, mas nessa época, em 2015, 2016, a gente não falava tanto. A sensação era de insegurança mesmo. Autoras: Você sentia que levando isso para a justiça você teria algum respaldo? Fonte 1: Nenhum. Não me senti segura em levar isso para a justiça até porque eu já tinha ido em diversas audiências defender a empresa, porque eu era líder então eu era obrigada a fazer isso, é outra parte da questão de assédio. E eu via exatamente que não resolvia. As pessoas relataram atrocidades e nada acontecia. Eu falei “poxa, eu não vou me expor.”. Autoras: Você tinha medo de perder o emprego? Fonte 1: Não. Se eu decidisse processar eu iria. Mas eu não queria me desgastar mais do que eu já estava desgastada, pensei que não valeria a pena. Autoras: E do outro lado? E dos assédios da chefias Fonte 1: Eu sofri assédio diariamente. Eu passei por duas chefias lá. Reportei assédio a superintendente para sair de uma das equipes pelo assédio. O caso mais sério de agressão foi quando eu saí de férias. Eu não pude escolher minhas férias, mas até aí tudo bem. Quando eu voltei de férias, ela não falava comigo. Eu notei que ela estava chateada, brava por algum motivo e aí, numa sala de reunião, ela gritou tanto comigo que uma pessoa do RH interviu e pediu para ela falar mais baixo comigo. Todo mundo sabia que ela maltratava os funcionários dela, porque ela gritava com a gente abertamente. Ela disse que eu era irresponsável porque eu tinha saído de férias e não tinha ligado para ela durante o meu período de férias. Porque ela saía de férias e ia diariamente sem registrar o ponto durante as férias e ela esperava o mesmo de mim. Eu pedi remanejamento de equipe depois desse episódio Autoras: Você sentiu tremor, tristeza, melancolia ou ansiedade? Fonte 1: Nesse dia minha pressão foi a 18, eu chorei muito, me senti humilhada e injustiçada, foi um horror mesmo. Autoras: Essa questão da justiça, você acha que existe uma banalização da injustiça? Que as pessoas cometem injustiças com muita freqüência? Fonte 1: sim, as pessoas inclusive dizem “mas você está reclamando só por isso? Existe coisa muito pior” então eu só poderia reclamar de abusos muito piores. Autoras: Existia alguma diferença de tratamento entre as lideranças femininas e masculinas? Fonte 1: Existia, principalmente por parte da equipe. O líder homem que chama atenção é uma pessoa de pulso firme, reclamam, mas tem pulso firme. A líder mulher de mesma atitude é louca, tem falta de sexo, está de TPM, é desequilibrada e as pessoas acham que podem responder você. Na mesma equipe tinha líderes homens e ninguém respondia eles. E a mim respondiam como se eu fosse a mãe e não uma líder. Autoras: tanto os chefes como os subalternos? Fonte 1: sim, de ambos os lados. Autoras: Para finalizar, estruturalmente você nunca teve respaldo seu trabalho para cumprir a função que te incubiam? Fonte 1: Não, e quando tinha era muito pouco e de departamentos que não eram o meu, doRH e de áreas de suporte e de áreas do trabalho que apenas conversavam mas não agiam de forma efetiva. Autoras: Você comentou na situação da ameaça do subordinado que foi demitido que outras pessoas se solidarizaram e fizeram cartas de próprio punho pedindo a punição dele. Tinha uma maioria de gênero dessas pessoas ou era mista? Fonte 1: Ali era uma maioria de mulheres. Tinham poucos homens. Mas é porque na empresa, em geral, haviam poucos homens. Anexo 2 Entrevista Nº 2 Autoras: Você recebeu apoio de alguém na situação em questão? Fonte 2: Sim, o apoio na maior parte foi dos servidores colegas de trabalho. Autoras: Você sabia que aquilo era uma forma de assédio? Fonte 2: Na época eu não pensei nisso, então acho que não. Não percebi. Autoras: Você temia perder alguma coisa (material ou imaterial) depois que a situação se concluísse? Fonte 2: Para mim na verdade o maior problema era a pressão em si, da situação chata. Sabia que eu não perderia nada porque eu não devia nada, mas com a situação eu perdi noites de sono e muito peso. Autoras: Por que você resolveu não fazer uma denúncia formal daquela situação? Fonte 2: Eu optei por não denunciar por saber ser um problema político, sabia que poderia trazer mais problemas do que ajudar. Decidi que mostraria a minha inocência com a minha competência e trabalho, reclamando eu acho que acabaria demonstrando a minha fragilidade, Preferi lutar com as minhas armas, fazendo o que eu sei fazer, que é trabalhar. Autoras: Quais foram os sentimentos que você teve durante aquele período? Fonte 2: Senti muita tristeza, medo, angústia. Autoras: Você sentiu que tinha algo maior que você conduzindo a situação? Fonte 2: É e sempre foi uma questão política e também cultural, né. Por eu ser nova e mulher e estar em um cargo que gera muitas desconfianças, acabou que aconteceu comigo e eu não sei se não vai acontecer novamente. Geralmente mulheres jovens e com boa aparência física já são julgadas como incapazes e que conseguem as coisas pelo uso da sexualidade. Infelizmente isto ainda está na cabeça da maior parte da população. Autoras: Como você saiu da situação? Por favor relate em nível emocional e também em nível de relações sociais. Fonte 2: Eu provei trabalhando, fazendo o meu trabalho, sendo profissional. Respirando fundo e acreditando em Deus. Não foi fácil, chorava todos os dias, levava a maquiagem no banheiro retocava e voltava, fiz o melhor que eu pude. Porque eu quis mostrar que o que colocou onde eu estou não foi a minha forma física, e ou ser mulher ou jovem e sim a minha capacidade intelectual. Isso que me motivou todos os dias a não desistir.
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