Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
<Semiologia pediátrica> • A pediatria é a especialidade médica dedicada à assistência à criança e ao adolescente, nos seus diversos aspectos, sejam eles preventivos ou curativos. É importante entender que a consulta pediátrica começa antes mesmo da criança nascer. • É o estudo dos sinais e sintomas que irão constituir as síndromes, com finalidade diagnóstica. • A consulta pediátrica é, portanto, constituída por uma anamnese detalhada, exame físico e, quando necessário, exames complementares. • Os pediatras esperam que as consultas sejam momentos de “harmonia”, ou seja, que a criança não chore ou estranhe. Vale ressaltar que a idade em que as crianças estranham com mais facilidade varia de 11 meses à 2 anos. Dessa forma, é importante que o pediatra tenha matérias de apoio que chamem atenção da criança para que elas fiquem distraídas, evitando uma consulta conturbada. • Além disso, é de extrema importância o estabelecimento de uma boa relação médico- paciente e médico-família. A boa relação com a família é fator importante visto que muitas vezes a consulta é de acordo com a interpretação de uma 3ª pessoa (mãe, pai, tia, vó) que explica o que a criança tem sentido e como tem se comportado. Algumas vezes, essa pessoa chega a um diagnóstico e o pediatra precisa analisar e interpretar se essa análise está correta. Puericultura • É a especialidade da pediatria que se preocupa com o acompanhamento integral do processo de desenvolvimento e crescimento da criança. • Consiste na parte preventiva da pediatria e é responsável por acompanhar tanto o desenvolvimento físico como o psíquico da criança. • Na puericultura faz-se o controle da criança e deve-se avaliar crescimento, se está realizando ações compatíveis com a idade (marcos do desenvolvimento), alimentação, vacinação, prevenir acidentes e etc. • Atualmente, fala-se em “pediatria geriátrica” pensando não somente em uma infância e adolescência saudáveis, mas também em futuros adultos hígidos. Ou seja, é importante entender que a consulta não se preocupa apenas com o atual momento, mas sim em como aquela criança vai crescer e se tornar um adulto saudável. Gabriela Reis Viol Divisão etária da pediatria • Recém-nascido: 0-27 dias (período neonatal); • Lactente: 28 dias a 2 anos; • Pré-escolar: 3-5 anos; • Escolar: 6-9 anos; • Adolescência: 10-19 anos. Hebiatria • É a parte da pediatria que trata dos adolescentes. observação: de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, a adolescência pode excepcionalmente se estender até os 21 anos de idade. Mortalidade infantil • É um indicador importante porque mostra a saúde da população e está muito relacionado ao desenvolvimento da sociedade, à suas riquezas e nível de desenvolvimento do próprio país. • As principais causas de morte em crianças com menos de 1 ano são: 58% afecções originadas no período neonatal 22% malformações congênitas, deformidade e anomalias cromossômicas 4% afecções respiratórias 3% causas externas de morbidade e mortalidade Mortalidade neonatal (até 28 dias): • Precoce: atinge neonatos com idade até 7 dias completos → geralmente causada por problemas respiratórios (RN sem assistência ao nascer). • Tardia: atinge neonatos com idade entre 7 dias a 28 dias incompletos → geralmente causada por sepse. • Vale ressaltar que a maior parte das mortes ocorre na primeira semana de vida. Mortalidade perinatal • NÚMERO DE ÓBITOS FETAIS (a partir de 22 semanas de gestação e/ou 500g peso ao nascer) + ÓBITOS NEONATAIS PRECOCE (0 a 6 dias) por 1000 nascimentos totais (óbitos fetais + nascidos vivos), em um determinado período e local. Gabriela Reis Viol Nascido Vivo • Expulsão completa ou extração do corpo da mãe, independente da duração da gravidez, de um produto de concepção que, depois da separação, respire ou apresente qualquer outro sinal de vida, tal como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária, estudando ou não cortado o cordão umbilical e estando ou não desprendida a placenta. Óbito Fetal • É a morte de um produto da concepção, antes da expulsão ou da extração completa do corpo da mãe, independente da duração da gravidez. • Indica o óbito o fato de o feto, depois da separação, não respirar e nem apresentar nenhum outro sinal de vida – como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária. Período neonatal O período neonatal é de 0 a 27 dias sendo que: • Período neonatal precoce: primeiros 7 dias de vida (0 a 6 dias). • Período neonatal tardio: 7 a 27 dias de vida. • Período perinatal: 22 semanas de idade gestacional até 7 dias de vida. Classificação do recém-nascido (peso ao nascer) • RN de baixo peso (RNBP): PN < 2.500g; • RN de extremo baixo peso: PN < 1.000g; • RN excessivamente grande: PN > 4.500g; • O baixo peso nem sempre quer dizer que o recém nascido é prematuro. Muitas vezes nasce no tempo certo, mas com baixo peso devido a algum problema materno (mãe fumante, mãe teve infecção durante a gestação, mãe adolescente, etc) ou malformação. Classificação do recém-nascido (idade gestacional - ig) • RN a termo: IG de 37-41 semanas; • RN prematuro: IG < 37 semanas → geralmente possui problemas respiratórios, pois, ao nascer antes da hora, tem menor quantidade de surfactante e tende a colabar os pulmões. Gabriela Reis Viol • RN prematuro extremo: IG < 28 semanas; • RN pós-termo: IG > 42 semanas → nesse caso tem-se uma criança com maior predisposição a infecções (relaxamento de esfíncter anal e aspiração) por sofrimento fetal. • É importante saber a IG porque existem doenças que são característica dos prematuros e doenças que são do pós-termo. Classificação do recém-nascido (peso/ig) • PIG (pequeno para idade gestacional): abaixo do percentil 10; • AIG (adequado para a idade gestacional): entre o percentil 10 e 90; • GIG (grande para idade gestacional): acima do percentil 90. Classificação do recém-nascido (método new ballard) • Avalia a maturidade física e neuromuscular. • Através da pele, orelhas, olhos do recém nascido verifica-se a idade gestacional. <anamnese> • A anamnese feita na consulta pediátrica possui diferença da anamnese com o adulto, ou seja, a anamnese muda de acordo com a faixa etária. • Além disso, na consulta pediátrica existe o intermediário, que é a pessoa que interpreta o que a criança sente. • A interpretação do intermediário varia, visto que existem diferentes tipos de pais. Pode ocorrer: SUPERVALORIZAÇÃO: pais inexperientes que acabam valorizando exageradamente alguns sintomas e possuem característica de serem sempre protetores, além de sentirem remorso e culpa. SUBESTIMAR SINAIS E SINTOMAS: alguns pais podem acabar não valorizando os sintomas dos filhos. Essa subestimação pode ocorrer por terem muitos filhos, pouco convívio ou ausência. INTERPRETAÇÃO EQUIVOCADA: os pais podem acabar interpretando de forma errada. Gabriela Reis Viol Consultas necessárias de puericultura • 1ª consulta: primeiros 15 dias após alta da maternidade. É importante para acompanhar a amamentação, verificar icterícia que precisa de terapia e outras situações que não foram percebidas ao nascimento. • 2ª consulta: final do 1º mês . A partir daí tem-se consultas mensais até o 6º mês de vida. Avalia-se crescimento e desenvolvimento, orientação para prevenção de acidentes, vacinação e aleitamento materno. • Aos 9 e 12 meses. • Trimestrais até 2 anos. • Semestral em fase pré escolar. • Anual em fase escolar e adolescentes Características da anamnese • A anamnese precisa ser longa e quando feita apressadamente pode levar a erros diagnósticos. É ideal que o contato com a família já ocorra desde a gestação e é indispensável um relacionamento e paciência. • Durante a anamnese podem ser feitas perguntas dirigidas para enriquecer as informações,mas sempre tendo cuidado para não interferir em algumas respostas. O vocabulário precisa ser claro, evitando termos técnicos. • É importante chamar os pais pelos nomes, ter uma relação de confiança, respeito e atenção. Deve-se apresentar e ser simpáticos com os pais. • A anamnese é maior porque é importante saber alguns detalhes do nascimento. • É composta por: identificação, queixa principal, história da doença atual, história patológica pregressa, história da gestação/parto e nascimento, história alimentar, história do desenvolvimento, história vacinal, história familiar e história social. IDENTIFICAÇÃO: nome, data de nascimento/idade, cor, sexo, naturalidade, nacionalidade, endereço, procedência, profissão/ocupação dos pais. QUEIXA PRINCIPAL: deve ser colocada com as próprias palavras dos pais ou informante. É o motivo pelo qual procurou-se atendimento. HDA: início da doença, época, forma de evolução. Deve-se verificar os atendimentos anteriores, medicações utilizadas e se houve melhora para que não se insista em um tratamento que não foi eficaz. Fazer interrogatório sobre os demais aparelhos (ISDA) mesmo quando na consulta não houver uma queixa, deve-se sempre realizar um interrogatório complementar. Gabriela Reis Viol HPP: verificar doenças anteriores, incluindo DCI (doenças comuns da infância), internações anteriores, alergias (alergia medicamentosa é fator importante que deve sempre ser valorizada) , cirurgias, acidentes e uso de medicações. GESTAÇÃO: saber o número de gestações, paridade, abortos, natimortos, prematuros, pré-natal, intercorrências na gestação (infecções, traumas, fumo, álcool etc). PARTO E NASCIMENTO: tipo e local, intercorrências (uso de fórceps, asfixia etc), complicações, idade gestacional, peso ao nascer, apgar, anormalidades nos primeiros dias (icterícia), infecções logo após parto e testes de triagem. Essas informações estarão presentes no cartão da criança. TESTES DE TRIAGEM: (abaixo) HISTÓRIA ALIMENTAR: é importante saber se teve aleitamento materno e se foi exclusivo ou complementado, além de saber também qual foi a fórmula utilizada. Saber sobre a introdução de outros alimentos. Em crianças maiores deve-se saber a qualidade e quantidade dos alimentos, além do número de refeições. Nesse momento, pode-se perguntar de alergias e intolerância alimentar. HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO: deve-se verificar marcos importantes como: sorriso, sustentação da cabeça, sentar-se sem apoio, engatinhar, ficar em pé, andar. Além de saber do sono e o controle dos esfíncteres. HISTÓRIA VACINAL: deve-se verificar o cartão para saber se está em dia ou não, observar cicatriz de BCG e complicações. HISTÓRIA FAMILIAR: deve-se saber principalmente sobre pais e irmãos e doenças hereditárias. HISTÓRIA SOCIAL: zona rural ou urbana, apartamento ou casa, número de cômodos, saneamento, eletricidade, quintal de terra, número de pessoas, nível de instrução, escolaridade dos filhos, animais domésticos, creche ou escola, relacionamento com crianças, facilidade de aprendizagem, desempenho, notas, conceitos, fumo passivo, uso de tóxicos em casa, etc. observação: em um primeira consulta deve ser obtida história completa e essas informações devem ser atualizadas a cada retorno (consultas de seguimento). Deve-se atualizar os dados e informações no prontuário. Sempre ter letra legível e não fazer rasuras. testes de triagem • Teste do olhinho: exame oftalmológico em que se espera ver o reflexo vermelho, indicando que não existe obstrução no eixo óptico na passagem de luz. Caso venha Gabriela Reis Viol branco mostra glaucoma ou catarata congênita. É um teste obrigatório que precisa ser feito nos primeiros dias de vida. • Teste da orelhinha: emissões otoacústicas evocadas. É importante para verificar a surdez de forma precoce já que sem o teste só seria percebido quando o RN atrasasse a fala. Qualquer alteração, o RN é encaminhado para exames complementares e intervenção precoce. É um teste obrigatório e pode ser feito até 3 meses, mas o ideal é que seja feito nos primeiros 28 dias. • Teste do coraçãozinho: é um teste para cardiopatias congênitas. 30 a 40% dos RN que possuem cardiopatia grave recebem alta hospitalar porque nasceram sem sopro e o pediatra não suspeita. Avalia-se com oxímetro a saturação de oxigênio na mão direita e em um dos pés. Espera-se saturação de O2 maior ou igual a 95% nas duas medidas e diferença menor que 3% nas extremidades. Deve ser feito nos primeiros dias, preferencialmente na maternidade. Caso o teste possua alterações deve-se fazer exames complementares. • Teste do pezinho: faz diagnóstico de diversas doenças passiveis de tratamento ou de interferências, impedindo manifestações clínicas. As doenças que o teste do pezinho identifica são: hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, hemoglobinopatias, fibrose cística. Atualmente novas doenças podem ser identificadas: hiperplasia adrenal e deficiência de biotinidase. <Semiologia da face> <boca, FARINGE e ouvido> • Por se tratar do “terror” da consulta pediátrica, o exame de orofaringe normalmente é a última etapa do exame físico. • Para examinar, é necessário uma lanterna e espátula descartável (abaixador de língua). • O correto é examinar com o paciente sentado na cama de frente para o examinador, se for uma criança maior, é mais fácil colocá-la nessa posição. Quando o paciente for menor podemos colocá-lo no colo do acompanhante ou na maca, deitado com auxílio do mesmo (membros superiores ao longo do corpo e estabilizados pelo examinador ou esticados ao lado da cabeça e mantidos pelo acompanhante). Gabriela Reis Viol • A avaliação deve ser rápida e bem objetiva, para isso, é necessário já ter o conhecimento do que deve ser examinado. Isso pode ser feito através da memorização da sequência de estruturas a serem observadas (inspeção). • Quanto ao exame da face, essa é uma das primeiras coisas que observamos no paciente. É possível verificar se há assimetria de face, como no caso das paralisias faciais: observa-se a diferença por meio da pálpebra e comissura labial. No caso de alterações congênitas pode ser observado a retrognatia (queixo para trás). No exame palpatório é necessário palpar a ATM, linfonodos: submentonianos, submandibulares e pré-auriculares, além de glândulas: parótidas, submaxilar e sublingual. • Na inspeção da cavidade oral, que deve ser feita antes do exame de orofaringe (última coisa a ser examinada), devemos verificar a presença de qualquer lesão, seja ela uma fissura em canto labial por deficiência nutricional, geralmente deficiência de vitamina D, ou lesões como rachaduras no frio e falta de hidratação, além dos processos inflamatórios, como no caso da queilite. • Na inspeção dos lábios, pode-se observar também se há lábio leporino (verificar também a presença de fenda palatina) ou hemangioma (investigar se tem hemangioma em via aérea – quando paciente tem hemangioma em face, ele tem indicação para investigação de hemangioma em outras regiões, via aérea). • Cavidade oral e faringe: o correto é fazer um exame completo: “cantinhos” da bochecha - verificação de cândida, úlceras; gengivas, dentes, região interna da bochecha, frênulos e teste da linguinha, palato duro; língua, frênulo da língua; faringe posterior, pilares, palato mole, amígdalas. • Em relação aos dentes, há os de leite e a dentição permanente. O importante é ter a noção de que, geralmente, o primeiro dente a nascer é central e mandibular e aparece depois de seis meses. Entretanto, isso pode variar de criança a criança. Na sequência, vêm os laterais, primeiro molar, caninos e segundo molar. • Por volta dos seis anos começa a formação da dentição permanente e geralmente segue mais ou menos a mesma ordem: Gabriela Reis Viol observação: conclui-se então que, normalmente, começa a nascer com seis meses e os permanentes surgem com seis anos. O RN quenasce com dentes – dentes excedentes, isso atrapalha na amamentação e é indicada a sua retirada. Às vezes, alguns pais ficam angustiados porque a criança tem quase 01 ano e ainda não nasceu a dentição, mas, depois que passa de 01 ano e não nasce, é bom pedir uma avaliação do dentista, de repente faz uma radiografia para ver se há a existência de dente. • Avaliação dos dentes: número, forma, alterações do esmalte (cáries – o leite materno é menos problemático quanto ao surgimento de cáries, ele é menos cariogênico quando comparado aos outros leites, manchas, mudança de coloração, traumas). Pode-se observar fluorose (mancha esbranquiçada). • A orientação quanto à higienização dos dentes nos primeiros anos de vida é que ela seja feita ou com pasta sem flúor ou sem nada ou seguindo uma recomendação que seria usar pouca pasta, meio grão de ervilha (mas isso é complicado de passar para os pais). É importante, mesmo sendo pouca quantidade, os pais criarem o hábito de higienização dos dentes. • Quanto à avaliação das gengivas, deve-se observar: integridade, coloração, nódulos, hipertrofia, sangramento, aftas e candidíase oral. Essa última, quando na criança, não tem o mesmo significado quando no adulto (imunodeficiência). Há a possibilidade de a criança ter além do lábio leporino, a fenda palatina, portanto, isso deve ser avaliado. Há também o palato ogival que se relaciona com a respiração pela boca, a língua não fica em contado, ocasionando um crescimento anormal e mais estreito do palato. observação: olhar se tem sinais de candidíase (lembrando que candidíase não é sinônimo de imunossupressão em crianças, não é igual ao adulto e, nesse caso trata com antifúngico). • A língua é outra estrutura que deve ser examinada. Podem ocorrer alterações de mobilidade, de tamanho (Síndrome de Down – aumento da língua), além da presença de frênulo de língua que pode prejudicar a amamentação e língua geográfica que é caracterizada pelo tracejado na parte superior da língua, relacionado às condições inflamatórias. Dentre os testes de tem-se um que não é ainda obrigatório, mas algumas maternidades já estão fazendo que é o teste da linguinha: é um teste de suma importância, pois uma criança que não tem língua, ou uma disfunção nela, não consegue sugar o leite materno e, terá baixo peso. Tão cedo seja diagnosticado, a criança é encaminhada ao cirurgião pediátrico, desde que isso seja rápido de se resolver para a criança poder mamar e evitar a perda de peso. A língua geográfica é muito comum em pacientes alérgicos. Gabriela Reis Viol • Para avaliação da faringe é necessário observar: palato mole e úvula; pilares anteriores; fossa amigdaliana ou tonsilar; tonsilas ou amígdalas palatinas; parede posterior da faringe. • Tais estruturas dividem-se em: NASOFARINGE - acima do palato mole. OROFARINGE - palato mole até a base da língua. LARINGOFARINGE ou HIPOFARINGE - até as cordas vocais. • Na prática, o habitual é avaliar apenas orofaringe. Quanto à técnica de exame, o melhor é introduzir a espátula mais lateralmente. A partir do exame, pode ser detectada a má formação da úvula (localizada na região mediana com formato de gota) como a úvula bipartida. É possível também a detecção de paralisia quando ela se encontra desviada. • O mais comum no exame de orofaringe são os achados dos processos inflamatórios: hiperemia e presença de secreção purulenta (faringite, amigdalite) ou como nos quadros de sinusite ↔ gotejamento posterior. • Na faringe posterior se encontram os processos inflamatório por conta de faringites, infecções respiratórias, com possibilidade de gotejamento: secreção purulenta. A secreção posterior pode-se ter em quadros de alergia, mas geralmente, ela é mais clara. Pessoas com quadro de rinite apresentam esse corrimento posterior. E em quadro de sinusite tem-se o gotejamento mais secretivo. • As amígdalas são estruturas bilaterais com função de defesa, estão localizadas entre os pilares anterior e posterior da orofaringe, nas fossas amigdalianas. Apresentam depressões arredondadas em seu relevo chamadas criptas. Até os 6 anos podem ser hipertrofiadas ↠ o ideal é esperar elas diminuírem naturalmente, há casos que essa hipertrofia é mais acentuada e atrapalha na respiração, nesse caso faz-se cirurgia. E o que deve ser avaliado é: forma, tamanho e presença de lesões. Gabriela Reis Viol • Além do sinal de lábios arroxeados dessas crianças com hipertrofia de amígdala, outra observação que se deve ter é quando a mãe fala que a criança é muito “preguiçosa”, tem preguiça de comer tudo, só ingere o caldinho da carne, ou seja, algo está atrapalhando na ingestão de alimentos maiores. • Outra situação são as placas causadas por infecções bacterianas (mais comum) e as virais ↠ associadas à mononucleose, por exemplo, que podem desenvolver placas. • As úlceras são tipicamente de infecções virais, que quando na boca toda faz pensarmos em herpes, e quando somente nos pilares pensamos em herpangina, outro vírus, é uma doença de criança e ela geralmente dorme de boca aberta. • Na otoscopia será realizada inspeção e palpação. Quando à inspeção, procura-se alguma anomalia avaliando posição e aspecto geral: implantação, tamanho, sensibilidade, formato. Má formação de orelha, pensar em má formação renal. • Conduto auditivo externo: secreções, lesões cutâneas, sangramentos. E aspecto da mastóide ↠ pode ter mastoidite devido à otite: hiperemia, lesões. • Durante a palpação, as adenomegalias podem ser detectadas. • A técnica do exame é em posição de decúbito lateral no caso das crianças pequenas (estabilizando os membros inferiores e cabeça). Deve ser identificado: membrana timpânica, meato externo (corpo estranho, lesões, estenose, processos inflamatórios, secreções) e cerume. observação: ao introduzir o otoscópio reto, avalia-se só o canal, por isso o ideal é inclinar em direção o nariz para conseguir visualizar a membrana. NORMAL: membrana timpânica brilhosa, nos exemplos acima é possível perceber duas alterações ↠ hiperemia (qualquer processo inflamatório pode causar hiperemia), Gabriela Reis Viol opacidade e abaulamento (sendo os dois últimos mais específicos de otite – presença de secreção e dor). OTITE: há uma hiperemia de conduto externo que está mais relacionada a infecções virais. Por fim, devemos nos lembrar da presença de corpo estranho, comum em pacientes pediátricos. <Semiologia respiratória> Anamnese • A anamnese direcionada para a parte respiratória deve iniciar com a investigação da HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL, saber se a tosse, secreção ou qualquer queixa respiratória surgiu desde quando a criança nasceu ou se foi adquirida, isso para poder diferenciar doenças adquiridas de doenças congênitas. • Além disso, é importante saber a frequência dos sintomas, se há períodos sem sintomas ou se são contínuos, como também a presença de fatores desencadeantes. • O sintoma mais comum na queixa principal é a tosse, então a exemplo da tosse deve ser perguntando se há algum fator que favoreça seu surgimento: decúbito, mudança climática, infecção respiratória, exercício físico, fumaça, ar frio, emoções, cheiros fortes, poeira. • Ainda na história da doença atual, faz parte da investigação: a situação dos contactantes, se alguém que tem contato com a criança apresenta alguma infecção respiratória; procedimentos já realizados na criança (tratamentos e exames) e revisão de outros sistemas (manifestações cutâneas e digestivas – a criança não expectora secreção, é comum ela deglutir essa secreção e apresentar muco nas fezes). • HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA: obviamente procura-se saber se já teve alguma doença respiratória, alergias – rinite alérgica, alergia de pele (urticária, dermatite de contato, dermatite atópica), internações prévias ou períodos de observação em emergência, pneumonias ou outras complicações, ronco habitual e/ou apnéiado sono. observação: é muito importante avaliar todo sistema respiratório, não apenas voltado para queixa principal, por exemplo ↠ paciente com rinite frequentemente tem asma. • HISTÓRIA GESTACIONAL E PARTO: é necessário saber se houve complicações na gestação (infecções) e como foi feito pré-natal (sorologias e USG), mas principalmente Gabriela Reis Viol quais foram as condições de nascimento ↠ prematuro ou não, pós-maturo, asfixia, aspiração de mecônio (pós-termo), peso ao nascer, comprimento, taquipnéia, cianose, intubação, ventilação mecânica e essa última por quanto tempo (28 dias ou mais há lesão do pulmão pelo oxigênio ↠ displasia). O teste do pezinho é importante para pesquisa de fibrose cística, que se manifesta com pneumonia de repetição. • HISTÓRIA ALIMENTAR: pode ser perguntado o quanto de esforço essa criança faz para mamar, se ela chia (pulmão OU coração), se fica taquipneica, com sudorese, ou se tem dificuldade de ganhar peso. Além da ocorrência ou não de broncoespasmo ou tosse durante alimentação (refluxo ou alergia à proteína do leite de vaca). Esforço respiratório crônico pode aumentar a demanda metabólica de uma criança suficiente para desencadear desnutrição. • HISTÓRIA FAMILIAR: perguntam-se casos de doenças hereditárias na família (fibrose cística, asma, rinite) ou doenças contagiosas como tuberculose (criança não elimina bacilos, ou seja, elas não contaminam outras pessoas), pneumonia. • HISTÓRIA SOCIAL: se em casa há exposição à alérgenos ↠ poeira, mofo, inalantes, fumo passivo (qual a frequência disso e qual a gravidade – muito relacionado à asma), animais domésticos e inalação de fumaça industrial. Exame físico • Avalia a função respiratória do pulmão em região anterior, posterior e lateral. Pode ser na posição sentada ou no colo do responsável, no RN coloca-o deitado e vai virando-o de lado para analisar o tórax posterior. • Sempre deve ser analisada a simetria, sempre comparando um lado com o outro. • Na inspeção há deformidades facilmente percebidas como: pectus excavatum e pectus carinatum ↠ muitas vezes essas deformidades são encontradas sem que haja um achado respiratório, entretanto, se o paciente é, por exemplo, um asmático grave, ele pode vir a piorar essa deformidade se não tiver controle da doença (ou outras deformidades como: tórax em funil, tórax em sino). • Quanto menor a criança mais desregulada é a sua respiração, por isso o melhor é contar dentro de 1 minuto. RESPIRAÇÃO PERIÓDICA DO RN OU LACTENTE NOS PRIMEIROS MESES DE VIDA • Períodos de pausas respiratórias com duração de 5 a 10 segundos seguida de respiração de 50 a 60 irpm durante 10 a 15 segundos. • É mais frequente no prematuro. • Podem ocorrer pausas de até 20 segundos. Gabriela Reis Viol • Acima de 20 segundos acompanhado de bradicardia e/ou cianose caracteriza apneia ↠ é patológico. Indicação de intubação. • Níveis de taquipneia: ≤ 2m: FR ≥ 60 ipm 2m-11m: FR ≥ 50 ipm 1-5 anos: FR ≥ 40 ipm ≥ 6 anos: FR ≥ 30 ipm observação: febre e choro aumenta a frequência. • A taquipneia é um sinal muito importante para identificar tumor de pulmão. • Ainda na inspeção é importante verificar o esforço respiratório avaliando os músculos envolvidos: diafragma, intercostais (externos e internos), toracoespinhais (escalenos, esternocleidomastóideo), grande peitoral. • Criança maior geralmente relata dificuldade respiratória, já a criança menor, essa dificuldade deve ser observada em: retrações intercostais, retrações subdiafragmáticas, batimentos de asas do nariz, gemido expiratório, respiração paradoxal (perda do movimento sincronizado de expansão toracoabdominal na inspiração ↠ retração do gradil costal e expansão do abdome), estridor (obstrução ao nível de laringe ou epiglote). • Outra avaliação importante é a simetria da expansibilidade e a criança deve ficar de preferência no leito na posição dos pés, olhando em direção a cabeça. A assimetria pode ocorrer em fraturas ou no caso de criança intubada, na intubação seletiva ou em pneumotórax. • Lembrar sempre de ser feito a verificação de regiões extratorácicas respiratórias ou relacionadas com patologias respiratórias, como: NARINAS: observar permeabilidade (atresia de coanas ↠ tem que ser corrigido, o RN respira principalmente pelo nariz), obstrução, coloração de mucosa. PALATO: formato e fendas. PAVILHÕES AURICULARES: secreções. PELE: sinais de atopia, cicatriz BCG. Dentro dos sinais de atopia, há na segunda prega, abaixo do olho a atopia chamada de Prega de Dennie Morgan, há também a dermatite atópica com lesões hiperemiadas, descamativas e muito pruriginosas, a xerodermia o qual se refere a pele ressecada e atopia em prega nasal comum naqueles com rinite. EXTREMIDADES: baqueteamento digital e/ou cianose. Gabriela Reis Viol • Quanto à palpação e percussão são dados semiológicos que não são feitos de rotina, apenas em determinadas situações, isso porque inspeção e ausculta são os mais superiores. • A palpação é importante ser realizada em pacientes internados com quadros importantes, analisa-se também nesses casos o frêmito toracovocal, que quando diminuído pode sugerir pneumotórax e derrames, e quando ausentes, atelectasias. • Já na percussão, o som quando normal é caracterizado como som claro timpânico, quando diminuído é dito como som submaciço ou maciço e isso pode ser encontrado em derrames ou atelectasias. Na percussão é possível avaliar também as áreas com dimensões maiores. É uma parte do exame com grande utilidade quando associada a outros dados de semiologia (inspeção, palpação, ausculta). • Por fim, a ausculta, um dos dados mais importantes do exame respiratório. Deve ser realizada em ambiente tranquilo. Geralmente o RN e lactentes em decúbito dorsal (também pode ser realizada com lactentes no colo) e crianças maiores sentadas ou em pé. O choro muitas vezes pode dificultar e por isso deve ser aproveitado o intervalo do choro = inspiração, lembrar sempre que deve ser auscultada a maior área possível, sempre comparando os dois lados. • É possível avaliar então o murmúrio vesicular: verificar intensidade e simetria, considerando que diminuições podem ser resultantes de hipoventilação por presença de secreção ou líquido alveolar e/ou pleural, hepatização, atelectasias, pneumatocele ou pneumotórax. No caso de pacientes intubados, aspirar tubo antes e verificar posição dele. AUSCULTA ALTERADA • RONCOS: devido à secreção nos brônquios principais e traqueia, ou quando por obstrução nasal, chamados de roncos de transmissão (obstrução de vias aéreas superiores), comuns na criança pequena que não coopera em respirar de boca aberta. Macete para diferenciar de onde vem esse ronco: criança maior pede para criança tossir, quando a criança é menor pede para a mãe lavar o nariz, tirar a chupeta, mudar de posição, se o ruído sumir ↠ provavelmente é proveniente de VAS; se ele permanecer ↠ VAI. • ESTERTORES GROSSOS (subcrepitantes/bolhoso): movimento de secreção ou líquido através de bronquíolos. Em casos de broncoespasmo ↠ bronquiolite, asma. Ruídos não musicais, descontínuos. Gabriela Reis Viol • ESTERTORES FINOS (crepitantes): presença de líquido nos alvéolos ou súbita abertura quando atelectasiados (geralmente pneumonias, edema pulmonar); mais discretos e geralmente no final da inspiração. • SIBILOS: ruídos musicais agudos, contínuos, com duração mais longa, ocorrem por constrição ou edema ao nível dos bronquíolos. São difusos na asma, localizados em aspiração de corpo estranho ou embolia pulmonar. (Ar entra e sai por um canal mais estreiro). • SOPRO TUBÁRIO: ocorre quando o componente vesicular está abolido, e é ouvida apenas a passagem de ar pela glote (geralmente em pneumonias lobares). • ATRITO PLEURAL: ruído auscultado na fase inicial dos processos inflamatórios pleurais; rude; assemelha-se ao atrito de duas superfícies de couro. • GEMIDO EXPIRATÓRIO:comum em RN, oclusão da glote na fase expiratória na tentativa de manter os alvéolos abertos; é musical e contínuo. Ao nível da laringe ou glote. • ESTRIDOR: som inspiratório musical de longa duração causado pela obstrução parcial das vias aéreas superiores (laringe — principalmente, glote ou traquéia) produzidos por edema, constrição ou corpo estranho. EXAMES COMPLEMENTARES • Radiografia de Tórax: essencial e de suma importância. • Oximetria de pulso. • Gasometria arterial. • Análise de parâmetros de ventilação mecânica. Gabriela Reis Viol <Semiologia do> <Aparelho digestório> Anamnese • A anamnese voltada para uma queixa do aparelho digestivo geralmente aborda alguns sintomas principais, aqueles que são mais recorrentes. É importante saber, portanto, a definição desses sintomas para conseguir abordá-los de forma correta, dentre eles: REGURGITAÇÃO: diferente do vômito, a regurgitação é o retorno passivo de alimento ou secreção do estômago para esôfago, sem náuseas e sem participação de musculatura abdominal. O bebê com regurgitação encontra-se em bom estado geral, não possui nenhum mal estar ou nenhum outro sintoma associado (não possui palidez, febre etc). A regurgitação pode ser fisiológica nos primeiros meses de vida e não compromete o ganho ponderal entretanto devem ser investigada a frequência, a relação com introdução de novos alimentos (pois pode ser causada por um alimento que a criança não esteja tolerando muito bem, como por exemplo o leite de vaca) e a presença de outros sintomas associados. VÔMITOS: expulsão violenta do conteúdo gástrico pela boca que pode ser precedido de náuseas, palidez, taquicardia, sudorese, sialorréia. Esses sintomas devem ser investigados quanto à frequência (principalmente em relação aos vômitos), relação com introdução de novos alimentos, presença de outros sintomas associados. DISFAGIA: caracteriza-se pela dificuldade ou impossibilidade de deglutir alimentos. Essa disfagia pode ser alta ou pode ser baixa, por exemplo: corpo estranho no esôfago. ODINOFAGIA: dor que surge com a ingesta de alimentos (deglutição) e que pode estar relacionada a processos inflamatórios em cavidade oral ou lesões (faringite, amigdalite). A criança tem vontade de comer, mas ela não consegue. • É de extrema importância saber o significado de cada um dos sintomas acima para coletar melhor o dado clínico e fazer uma boa anamnese. • Entretanto, a queixa principal mais comum é a dor abdominal. Para avaliar essa queixa na História da Doença Atual, a primeira coisa que deve ser feita é descobrir a localização dessa dor e se há irradiação (para região que se possa ter relação com a parte urinaria ou apendicite), lembrando que se divide o abdome da criança da mesma forma que no adulto. • Outro dado importante é a intensidade dessa dor, algo difícil em pediatria, no caso de uma criança maior, isso é mais possível de ser perguntado, entretanto, crianças mais Gabriela Reis Viol novas não vão saber responder de forma verdadeira. Por isso, umas das coisas que podem ser usadas para essa investigação são os sinais de dor, como fácies de dor, história de que não está dormindo direito, reclama muito, chora, etc. Ainda na HDA deve ser perguntado os fatores desencadeantes e atenuantes, como o uso de medicamentos ou se após evacuação há alívio do sintoma. Junto a isso, investiga-se sintomas associados, a cronologia deles, evolução do quadro, frequência, se há períodos sem sintomas ou se são constantes. • Deve-se verificar também em relação a dor: CARACTERÍSTICA: cólica, queimação, pontada, início súbito ou não, melhora ou piora progressiva. INTENSIDADE: é subjetivo, como já foi dito, e deve-se observar características como: dor que acordar a criança a noite (dor forte). MANIFESTAÇÕES ASSOCIADAS: como náuseas, vômitos, sudorese, palidez. Normalmente essas manifestações estão associadas com dor de forte intensidade. RITMO/FREQUÊNCIA: se existem momentos que intercalam com ausência de dor. FATORES DESENCADEANTES E ATENUANTES: medicações, alimentação, evacuação. CRONOLOGIA. • É necessário verificar como é normalmente o hábito intestinal dessa criança, o quanto ela evacua por dia, se são todos os dias ou não e qual a consistência das fezes de acordo com a faixa etária. É importante lembrar que a principal causa de dor abdominal em crianças é constipação e a principal causa de constipação é o erro alimentar. Portanto, frequência semanal e a consistência das fezes (em bebês costumam ser mais pastosas pois a alimentação é liquida. A partir do momento em que inicia a alimentação com sólidos as fezes já se tornam mais endurecidas) são fatores que devem ser perguntados. • O bebê que toma leite materno obviamente terá fezes pastosas, menos consistentes. Daí surge o conceito de pseudodiarréia ou pseudoconstipação do lactente: lactentes amamentados exclusivamente ao seio materno podem apresentar fezes amolecidas sem déficit ponderal ou intervalo entre as evacuações que pode variar entre 3 e 10 dias (não é patológico). Muitas vezes essa demora preocupa muito a mãe, por isso é necessário esclarecimento de que isso é normal. Vale ressaltar que parar ser um quadro de pseudodiarreia ou pseudoconstipação é necessário que a alimentação seja exclusivamente pelo leite materno e que não haja outros sintomas associados. Gabriela Reis Viol A escala de Bristol muito usada na consulta pediátrica normal, seu uso é importante à medida que o médico pode mostrar para a mãe e ela mesma ident i f icar qual o t ipo predominante. O “padrão-ouro” é o tipo 4, podendo variar entre 3 e 5, entretanto, os tipos 1, 2, 6 e 7 s i g n i f i c a m q u e a l g o e s t á acontecendo, não são normais. • CONSTIPAÇÃO INTESTINAL: consiste na eliminação de fezes endurecidas, com dificuldade ou dor, podendo estar associada a ocorrência de comportamento de retenção. Pode ser dividida em aguda ou crônica. AGUDA: permanece por um tempo abaixo de duas semanas e pode estar relacionada a mudança de ambiente, doenças agudas. CRÔNICA: persiste por mais de 2 semanas. • ESCAPE FECAL/SOILING: perda involuntária de parcela do conteúdo fecal consequente à retenção de fezes no reto. Pode ser fisiológico ou casado após um período de constipação. A criança apresenta eliminação de fezes sem controle esporadicamente ou várias vezes ao dia podendo ser interpretado como diarréia. Uma situação muito comum é a criança que evita ir ao banheiro (porque está brincando/ entretida) por isso faz retenção e quando não consegue segurar mais, ocorre escape. Entretanto, essa situação deve ser diferenciada da encoprese. • ENCOPRESE: evacuação completa sem local ou em momento inapropriado, podendo ser, no entanto, uma causa de natureza psicológica ou psiquiátrica. • INCONTINÊNCIA FECAL: falta de controle esfincteriano devido a um distúrbio neuromuscular (Duchene). • DIARREIA: pode ser dividida em diarreia aguda e persistente: AGUDA: etiologia geralmente infecciosa, auto-limitada, que dura até 2 semanas. Pode levar a um quadro de desidratação. PERSISTENTE: diarreia por período superior a 14 dias. Pode comprometer o estado nutricional. É importante investigar o número de evacuações, presença de sangue ou muco (relacionado com infecções bacterianas) e fatores associados. Gabriela Reis Viol • ESTEATORREIA: aumento da quantidade de gordura excretada nas fezes. Caracteriza-se por fezes brilhantes, que flutuam. Geralmente associada com doença desabsortiva em que a criança não consegue absorver gordura. Por exemplo em fibrose cística que cursa com insuficiência pancreática. • TENESMO: sensação de dor no reto e no períneo com desejo imiperioso de evacuar com eliminação de fezes em pequena quantidade e muco. Geralmente presente em doenças bacterianas. • ACOLIA FECAL: coloração esbranquiçada das fezes devido a redução da bilirrubina. No RN sugere atresia de vias biliares. Examefísico • Partindo para o exame físico a primeira coisa que pode ser feita é verificar o estado nutricional para depois iniciar o exame abdominal específico. • Quanto à INSPEÇÃO, é possível verificar: I. Cor de pele e outras alterações cutâneas. II. Alterações do umbigo (como a presença de hérnias). III. Cicatrizes (provenientes, por exemplo de cirurgias prévias). IV. Contrações visíveis de vísceras ocas (peristalse em pacientes muito emagrecidos). V. Distensão abdominal como, por exemplo, em quadros obstrutivos. VI. Saliências e retrações, eventrações. VII.Movimentos respiratórios (respiração da criança é predominantemente diafragmática). • Em RN é muito importante detectar defeitos na parede do abdome quando presentes. Por exemplo: gastrosquise (através do umbigo ocorre exteriorização de vísceras) e onfalocele (esta é a mesma coisa que a primeira, mas há revestimento por peritônio – malformação da parede). • Depois de ser feita a inspeção, é importante seguir com AUSCULTA (antes da palpação e percussão para que não haja interferência no resultado dela). I. Deve ser realizada nos 4 quadrantes, no mínimo 15 segundos, sendo normal: 5 ruídos/minuto (mínimo 1-2). II. Quando os ruídos intestinais (borborismo) estão aumentados, deve-se pensar em diarréia ou início de peritonite, abdome agudo ou quadro obstrutivo. Já a situação inversa, é quando há redução ou ausência, nesse caso deve-se pensar em íleo paralítico e peritonite instalada. Gabriela Reis Viol • Seguido da ausculta tem-se a PERCUSSÃO: I. Realizada em pacientes que cooperam com o exame. Em RN ou crianças que choram muito durante o exame essa etapa não é possível de ser realizada. II. Permite delimitar órgãos maciços como fígado e baço, além de tumores e ascite. III. O timpanismo normalmente fica exacerbado em excesso de gases (aerofagia), obstrução intestinal e pneumoperitôneo. • Por fim, a PALPAÇÃO, essa deve ser a última a ser realizada. I. Primeira coisa a se considerar é que quanto menor a criança mais tensa é o abdome. Entretanto, o sucesso depende do relaxamento muscular da parede abdominal e para isso deve-se evitar manobras bruscas e potencialmente dolorosas. II. Quanto à posição a criança deve ficar em decúbito dorsal, relaxada, cômoda, sem travesseiro. Lembrar que se a criança estiver com queixa de dor no lado direito, o exame deve ser iniciado do lado esquerdo. III. Para ser realizado de forma correta, espera-se a inspiração (no choro há respiração profunda e isso ajuda), pois é o momento de maior relaxamento e com a mão espalmada e exploração com dedos faz-se a palpação superficial inicialmente e aumentando a pressão aos poucos, começando com regiões não dolorosas e aproximando das regiões mais sensíveis. IV. Durante a técnica pode-se tentar distrair a criança e evitar sugestioná-las. V. Por fim, as fossas ilíacas podem ser palpadas no final com as pernas da criança fletidas. VI. Pode-se considerar normal quando a parede é elástica, depressível e indolor. VII.É importante, portanto, avaliar a sensibilidade cutânea, se há contratura ou espasmo permanente, podendo este ser localizado, como por exemplo, na fossa ilíaca direita, que pode identificar uma apendicite: dor a descompressão brusca. Ou generalizado, caracterizado como sinal de Blumberg que muitas vezes identifica peritonite. VIII.Na palpação é possível também verificar a presença de tumoração: tumor, oliva pilórica (estenose hipertrófica de piloro), invaginação intestinal. Como também a presença de solução de continuidade: hérnias (a mãe pode notar durante o choro) – muitas delas regridem sozinhas, espera-se 2 a 3 anos para encaminhar, apenas quando é grande deve ter encaminhamento imediato). • Quanto à avaliação do UMBIGO faz-se, no período pré-natal, a observação da presença de 2 artérias e 1 veia. A artéria umbilical única pode estar relacionada com malformações renais (principalmente), digestivas e circulatórias. Gabriela Reis Viol • Pode-se analisar também se há ou não presença de granuloma do coto: umbigo úmido e secretante (deve ser tratado com nitrato de prata). Deve-se ainda perguntar quanto tempo o coto umbilical demorou para cair (o normal são 2 semanas). Cotos que demoram a cair podem estar relacionados a quadros de imunodeficiência. • Na avaliação do FÍGADO, verifica-se que na criança ele é maior do que do adulto. No lactente é palpado a 2-3 cm do rebordo costal direito. Quando 3-6 anos, geralmente ao nível da margem costal podendo ultrapassar 1-2 cm. Técnica: mão direita espalmada no abdome (hipocôndrio D), palpando com as polpas digitais indo de baixo para cima. Aproveitar a descida respiratória para palpá-lo. • O BAÇO que normalmente não é palpável, a não ser em uma pequena parte de crianças em que pode ser palpada a ponta de baço. Técnica: palpado a esquerda do paciente, com as mãos em gancho ou com a mão direita no quadrante abdominal superior fazendo uma ligeira inclinação. • Por fim, RETO/ÂNUS, recém-nascido que não evacuou mecônio nas primeiras horas pode ser sinal de malformação anorretal (atresia, imperfuração). Quando com dor anal pode ser geralmente distensão por fezes. Diferente de prurido anal que pode ser oxiuríase ou uma dermatite alérgica. • A técnica deve ser feita com o paciente em posição genupeitoral ou decúbito lateral, a palpação deve ser suave com polpas dos dedos. Já o toque retal é um exame não rotineiro realizado apenas em situações específicas. <Aparelho locomotor> Anamnese • Uma das coisas mais importantes é a idade. Algumas patologias são características de algumas faixas etárias. • O raquitismo é exclusivo da faixa pediátrica, já as infecções podem ocorrer em qualquer idade, mas osteomielite é mais comum em crianças ou jovens, os osteosarcomas são mais comuns no adulto (não é comum em pediatria) e as osteocondrites (Doença de Calvé-Legg - Perthes e Osgood Schlatter) têm suas primeiras manifestações na primeira década de vida. Gabriela Reis Viol • Quanto ao sexo, podemos ver na prática que algumas patologias são mais comuns em meninas do que em meninos e vice-versa, como por exemplo: osteocondrite do quadril - mais comum em meninos e luxação congênita de quadril - mais comum em meninas. • A história alimentar também pode contribuir na investigação à medida que detectamos deficiências nutricionais que falam a favor de raquitismo. • A prática de atividade física e trauma são outros dois dados importantes de serem perguntados. • Um dos sintomas mais comuns na queixa locomotora é a dor, portanto deve ser feito todas as perguntas que envolvem esse sintoma: LOCALIZAÇÃO: epífise, metáfise e diáfise, sendo ela única ou múltipla. Normalmente em queda/trauma o acometimento é em face extensora de membros, enquanto infecções geralmente são em extremidades ou em transição. DURAÇÃO: quando começou, se é ou não recorrente. INTENSIDADE: profunda, surda, intensa, capaz de acordar o paciente ou não; CARACTERÍSTICA DA DOR: noturna, diurna, contínua, se tem irradiação. AGRAVANTES E ATENUANTES: piora com o movimento (fratura) ou melhora (processo inflamatório), piora com a palpação do local, se tem dor articular ou artrite (deve ser visualizada ao exame físico). observação: em pediatria deve-se sempre pensar em dores de crescimento. A dor pode ser intensa, mas sem localização específica. É comum na faixa etária de 6-13 anos. • Quanto às deformidades ósseas, elas podem ser tanto únicas, como “caroços” ou “tumefações” localizados, palpáveis e/ou visíveis, que são geralmente decorrentes de doenças infecciosas ou sequela de fratura mal consolidada (mais comum). Como também podem acometer diversos ossos, exemplo: rosário raquítico (junções proeminentes), genu varo, genu valgo. • Por fim, deformidades da coluna como cifose, escoliose e cifoescoliose (vício postural, processo infeccioso como tuberculose ou mecanismo antálgico nos traumas), estas ocorremmais em adolescentes. É importante o conhecimento de malformações congênitas, como as hemivértebras (vértebras menores) ou mielomeningocele, além de manifestações sistêmicas associadas: febre, astenia, anorexia e perda de peso (mais em colagenoses e neoplasias). Exame físico • Deve ser realizado com a criança em pé, sentada e deitada, sempre comparando ambos os lados. Gabriela Reis Viol • Na inspeção é possível identificar: deformidades, o aumento de segmento ósseo, marcha alterada, por exemplo. As deformidades mais comuns são as deformidades dos dedos, pés, membros inferiores. • Quanto às DEFORMIDADES DOS DEDOS pode-se classificar como: POLIDACTILIA: dedo excedente, mais comum em meninas e raça negra. SINDACTILIA: dedos unidos por aderências fibrosas ou ósseas. ARACNODACTILIA: anormalidade familiar em que os dedos das mãos e pés são compridos e finos. DEDOS SOBREPOSTOS: comum em dedos centrais de RN, geralmente involui espontaneamente. • Já as DEFORMIDADES DOS PÉS, a principal é: PÉ TORTO CONGÊNITO: planta do pé voltada para dentro, a partir daí existem duas possibilidades: pé congênito verdadeiro, que é presente ao nascimento, e a deformidade por causa postural (ocorre pela posição que o bebe ficou dentro da barriga da mãe, com o tempo o pé retorna para o lugar). Entretanto, geralmente, quando é verdadeiro ocorre atrofia da panturrilha e o pé afetado é menor do que o normal. Pode ou não estar associado a outras malformações e deve ser encaminhado para o ortopedista. O tratamento inicial é com imobilizações engessadas. • No caso dos MMII podem ocorrer: GENO VALGO: pode estar mais evidente na fase de crescimento (em torno dos 4 anos de idade) e tende a normalizar ao final do crescimento. GENO VARO: é fisiológico antes da marcha (até os 2 anos mais ou menos). GENU RECURVATUM: hiperextensibilidade do joelho. • Durante a palpação pode ser detectado o aumento de volume, avaliando a consistência (quando endurecidas podem estar relacionadas com tumores), forma, localização, tamanho e relação com tecidos moles, além de sinais flogísticos presentes na osteomielite e presença de fístula (processo infeccioso crônico como tuberculose, micoses). • Outras duas avaliações importantes são a presença de crepitações que ocorrem em fraturas ou osteocondrose e dor a palpação, o que muitas vezes dificulta o exame, como na osteomielite, por exemplo. • No momento de examinar as articulações, deve ser levado em conta: FORMA E VOLUME: aumento de volume pode ser decorrente de edema, aumento de líquido sinovial, osteófitos. POSIÇÃO: alterações aponta processos crônicos. Gabriela Reis Viol SINAIS INFLAMATÓRIOS: afecções reumáticas. CREPITAÇÕES. MOVIMENTAÇÃO: ativa e passiva, se há ou não dor e limitações. observação: uma das manobras mais importantes de ser realizada durante a avaliação física das articulações (até os 2 meses) é a manobra de ortolani, ela é importante para pesquisa da displasia do desenvolvimento do quadril ou luxação congênita do quadril. No RN, geralmente há instabilidade articular que se não tratada pode evoluir de forma mais grave e prognóstico mais reservado. É mais comum no sexo feminino e em partos pélvicos. Deve ser realizada com a criança em decúbito dorsal em superfície firme. Faz-se então uma flexão dos quadris e joelhos a 90° e abdução bilateral. Na luxação é promovida redução com consequente sensação de “ressalto” (“saída da articulação”). Outra manobra que pode ser realizada complementando a manobra de ortolani é a manobra de Barlow, esta é utilizada para confirmar presença ou ausência de luxação congênita, para isso, é feito o movimento oposto à manobra de ortolani, ocorrendo então uma redução do quadril se ele estiver luxado. Só é feita quando o ressalto é sentido. • Para examinar a coluna vertebral, o paciente deve permanecer com a menor quantidade de roupas possível. É feito uma análise do plano frontal anterior e posterior, permitindo ver a simetria das cinturas escapulares e pélvica, alinhamento dos membros inferiores e posição dos pés. Nessa avaliação podem ser encontrados então os desvios laterais (escoliose). • Outra análise é em perfil, avalia as 4 curvaturas - lordose cervical, cifose torácica, lordose lombar e cifose sacra. • E por fim, a análise em posição antálgica. O paciente com algum acometimento de coluna pode se queixar de dor à palpação. • Um teste que pode ser feito é o teste de inclinação, este é realizado com o paciente de costas para o examinador, a técnica consiste em inclinar o tronco para frente com a pelve imóvel e joelhos em extensão. Ele avalia flexibilidade em conjunto, desvios - qualquer alteração rotacional na coluna lombar ou torácica representada pela gibosidade. observação: a lordose lombar não desaparece. Gabriela Reis Viol Doenças musculares • DISTROFIA MUSCULAR PROGRESSIVA:é uma doença de natureza genética, onde os músculos esqueléticos sofrem atrofia por acometimento neuromuscular. Tem-se o exemplo da doença Werdnig Hoffman, nela o paciente perde primeiro a força nas extremidades e depois vai perdendo força muscular de outras musculaturas importantes como a da respiração, prognóstico ruim. • ATROFIA MUSCULAR GENERALIZAD: geralmente associada a perturbações nutritivas – desnutrição, raquitismo, doenças debilitantes. • ATROFIA MUSCULAR LOCALIZADA: ocorre por alterações ósseas e articulares crônicas ou consequente imobilização prolongada de membro. Doenças congênitas • OSTEOGÊNESE IMPERFECTA: fragilidade óssea acompanhada de escleróticas azuis (forma mais grave) e flacidez dos ligamentos, é como se a criança fosse de cristal, puxa o braço e tem fratura. Tem apresentações diferentes com gravidades diferentes. A forma mais precoce (mais grave) se manifesta com várias fraturas desde nascimento. • ACONDROPLASIA: perturbação do crescimento cartilaginoso que ocorre desde o nascimento e se acentua com o crescimento. Afeta principalmente ossos longos, levando a micromelia (membros curtos). A cabeça e o tronco são normais e pernas e braços pequenos. Há acentuação da lordose lombar. • LUXAÇÃO CONGÊNITA DO QUADRIL: avaliada ao nascimento através das manobras de Ortolani/Barlow. Lesões por traumas • Por esforço repetitivo que acometem sobretudo adolescentes. APOFISITES: ocorrem em regiões com grande tensão ou sobrecarga, como no joelho: Osgood – Schlatter (inflamação na cartilagem do joelho e na tíbia/comum em adolescentes); calcâneo: Sever (epifisite do calcâneo, acometimento comum em pediatria na faixa 6-12 anos: uso de chuteiras); cotovelo: epicondilite do tenista (que ocorre mais em adultos). Gabriela Reis Viol causas de claudicação • SINOVITE TRANSITÓRIA DE QUADRIL: causa mais comum de claudicação não traumática na infância onde ocorre uma alteração inflamatória de causa não conhecida que pode ser precedida por infecção do trato respiratório superior. Ocorre principalmente em meninos de 3 a 8 anos de idade. Não há queda do estado geral e a dor quando presente ocorre nas primeiras 24 horas; dura 5-10 dias; limita principalmente rotação interna e abdução. Na radiografia resultado é normal e no máximo, uma ultrassonografia com efusão articular. Não deixa sequelas. • DOENÇA DE LEGG-PERTHES: também conhecida como osteocondrite do fêmur. Há uma alteração na epífise da cabeça femoral em crianças, sendo mais comum em meninos de 4-10 anos. É caracterizada por claudicação, dor no quadril ou referida no joelho com graus variáveis de limitação na mobilidade do quadril (abdução e rotações). O diagnóstico radiológico pode identificar alterações características que vão modificando até o final do crescimento. Tem uma boa evolução em 60-70%; na maioria das vezes é cirúrgico. Nessa doença ocorre uma necrose da cabeça do fêmur e, por gerar sintomas parecidos com a doença anterior, esta é um diagnóstico diferencial importante de ser feito. <Aleitamento Materno>• É de extrema importância entender sobre o aleitamento materno, porém o que falta nos profissionais é saber orientar como isso deve ser feito e o quanto é importante para o bebê. • Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções (a criança consegue captar anticorpos de todo o histórico infeccioso da mãe sem precisar se infectar), em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe. • As marcas de leite para lactentes lutam para chegar à fórmula ideal, entretanto, isso nunca será possível dentro desse conceito de amamentação. • Apesar de ser algo aparentemente simples, há dificuldades quanto sua execução, por isso defende-se que a primeira consulta deveria ser na gestação. Gabriela Reis Viol • Técnica inadequada: mães sem experiência. • Mamas ingurgitadas – inicialmente, a criança não consegue sugar todo o volume da mama, além disso, a sucção aumenta a secreção de prolactina e ocitocina estimulando a secreção de leite aumentando ainda mais o volume da mama, deixando-as ingurgitadas. • Traumas mamilares - não pega a mama da forma correta. • Ductos obstruídos - com formação de nódulos por ingurgitamento da mama. • Infecções: mastites. • Insegurança: a dúvida da mãe se ela consegue ou não fazer com que a criança ganhe peso somente com leite materno. • As soluções diante dessas limitações consistem em orientação e tratamento adequado, este último no que se refere às doenças, e isso, depende principalmente do conhecimento e habilidade do pediatra. • A amamentação é uma das intervenções mais eficazes para melhorar a saúde infantil. • Ela diminuiu a morbimortalidade por diarreia e infecções respiratórias e melhorou a qualidade de vida Mãe-Filho, pois o leite materno tem ação bactericida, antiinflamatoria, tem IgA secretora. • É muito importante o apoio da família e das avós quanto à amamentação. Atualmente, há campanhas que tentam aumentar a licença a maternidade paterna de 5 dias para 20 para melhorar essa situação. • Há um artigo sobre a influência das avós no aleitamento materno cuja conclusão foi que a ausência de avós durante o processo de aleitamento materno foi um fator de proteção para que a prática seja realizada com sucesso. É necessário “conquistar” a avó durante a consulta pediátrica. • A importância de mãe e avó apoiarem a prática de aleitamento materno reside no fato de que é notável a diferença de uma criança com leite materno exclusivo para aquela criança que iniciou com a fórmula, e por questões financeiras, passou a receber leite de vaca, favorecendo o surgimento de doenças como a anemia ferropriva. benefícios para o lactente • Nutrição ótima: a mãe tem o melhor leite e de graça! Além disso, o leite do prematuro tem composto a mais que o do a termo. • Crescimento e desenvolvimento adequados. • Proteção contra diarréia, infecções respiratórias, alergias (a introdução de leite de vaca muito cedo está muito associado ao surgimento de alergias), anemia ferropriva (crianças com leite materno exclusivo não tem necessidade de reposição de ferro, Gabriela Reis Viol apesar de fazer a reposição a partir do terceiro mês), hipertensão, hipercolesterolemia, obesidade e diabetes. • Efeito positivo no desenvolvimento da arcada dentária e da musculatura perioral (devido à prática de sucção). benefícios para a mãe • Previne contra câncer de mama. • Evita nova gravidez. É um método anticoncepcional, pois a mãe não menstrua quando amamenta exclusivamente. • Praticidade e economia com fórmulas. • Evita erros de preparo (diluição) e contaminação. • Fortalece vínculo afetivo entre mãe-filho (Lição de vida: assim como toda relação a dois, se um deles não quiser, ela não ocorre). benefícios para a nação • Menores custos na compra de outros leites, e com gastos com hospitalizações e doenças infantis para as quais o leite materno apresenta fatores de proteção. observação: o SUS é obrigado a fornecer a fórmula quando a mãe comprova que não tem como pagar, ou seja, mais um gasto para o governo. Aleitamento materno - oms • EXCLUSIVO: criança recebe somente leite materno, sem outros líquidos ou sólidos. O correto é o exclusivo até os seis meses e o complementar a partir desse tempo. • PREDOMINANTE: criança recebe além do leite materno, água ou bebidas à base de água, sucos de frutas, solução de sais de reidratarão oral, mas não recebe outro tipo de leite. • COMPLEMENTADO: quando a criança recebe além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de complementar o leite materno e não o substituir. Por exemplo: papa de misturas múltiplas. • MISTO OU PARCIAL: quando a criança recebe, além do leite materno, outro(s) tipo(s) de leite. É o caso de dar o leite materno e outro tipo de leite após com finalidade de fazer criança ganhar peso. • Além das definições acima, deve-se considerar que: leites de outras espécies utilizados para substituir o leite materno não são considerados alimentos complementares (estes Gabriela Reis Viol são: carne, ovos, legumes). O termo suplemento tem sido utilizado para água, chás, e/ ou substitutos do leite materno. • Início precoce da amamentação: criança colocada no seio materno na 1ª hora de vida. Essa prática é extremamente importante. • Desmame: completa cessação do aleitamento materno. • A partir de então, a OMS concluiu que o aleitamento materno deve ser exclusivo até os 6 meses (sem agua, chá, suco) e entre os seis meses até aos dois anos de idade, o aleitamento complementar. Fisiologia da Lactação • As mulheres possuem 15 a 25 lobos mamários (glândulas túbulos-alveolares), constituídos cada um, por 20 a 40 lóbulos. Cada lóbulo é constituído por dez a cem alvéolos, com células secretoras de leite. • A fisiologia da lactação se divide em: LACTOGÊNESE ESTÁGIO I quando ainda está grávida. • Gravidez: preparação da mama durante a gravidez com liberação de vários hormônios, dentre eles o estrogênio, responsável pela ramificação dos ductos lactíferos, e progestogênio responsável pela formação dos lóbulos. Há também a participação de outros hormônios que aceleram o crescimento mamário: lactogênio placentário, prolactina, gonadotrofina coriônica. • A Lactogênese inicia-se após o parto com queda dos níveis maternos de progesterona e aumento acentuado de prolactina. Gabriela Reis Viol • Os níveis de prolactina materna caem muito até 3º dia, mas o efeito da sucção leva a liberação de ocitocina pela neuro-hipófise levando a contração das células mioepiteliais que envolvem os alvéolos ocorrendo expulsão do leite produzido, além de provocar a contração da musculatura lisa uterina que promove dor nos primeiros dias mas também auxilia na diminuição do sangramento uterino. observação: a liberação da ocitocina provocada pelo estímulo da sucção também ocorre em resposta a estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e choro da criança, a fatores de ordem emocional como motivação, autoconfiança e tranquilidade. Porém, dor, desconforto, estresse, ansiedade, medo, insegurança e a falta de autoconfiança podem inibir o reflexo de ejeção do leite, prejudicando a lactação. Assim existe o PAPEL IMPORTANTE DO PEDIATRA. observação: além disso, se o peito permanecer cheio de leite, a secreção é interrompida, por isso pode dar mama ingurgitada. LACTOGÊNESE ESTÁGIO II: 2 a 3 dias após o parto com secreção abundante de leite. LACTOGÊNESE ESTÁGIO III (galactopoiese): manutenção na produção de leite durante toda a lactação – depende da sucção e esvaziamento da mama. Composição do leite materno • O leite materno é surpreendentemente homogêneo quanto à sua composição. • Apenas as mulheres com desnutrição grave podem ter o seu leite afetadotanto na qualidade como na quantidade. • Nos primeiros dias, o leite materno/colostro, contém mais proteínas e menos gorduras que o leite maduro, ou seja, o leite secretado após o 7º ou 10º dia pós-parto é rico em imunoglobulinas, especialmente IgA. • A concentração de gorduras no leite materno aumenta no decorrer de uma mamada. • Portanto, o leite do final da mamada é mais rico em energia e sacia melhor a criança, a mãe que tem dificuldade em esvaziar a mama acaba por diminuir a quantidade de gordura para o lactente e isso interfere em seu peso. Então, o início da mamada hidrata e o final da mamada engorda. • É orientado que a mãe primeiro esvazie uma mama toda para depois trocar de mama, na próxima amamentação, começar pela última mama para também esvazia-la e depois trocar novamente. Gabriela Reis Viol • A quantidade de calorias, lipídios e proteínas é maior no leite do pré-maturo (justamente para compensar o fato de serem pré-maturos, ou seja, nasceram antes de adquirirem todos nutrientes necessários). • Há também um conjunto de enzimas como: lisozima, lactoferrina, oligossacarídeos e fator bifiduss. • Quanto à composição do colostro (presente no primeiro ao sexto dia após o parto – cerca de 10 a 100 ml/dia - tem volume bem pequeno): Gabriela Reis Viol I. Amarelado, mais denso que o leite maduro sendo secretado em menores volumes. II. Rico em proteínas e vitaminas A, E e K; zinco e sódio. III. Contém menos gorduras e carboidratos, rico em proteínas. IV. Contém mais anticorpos (IgA) e mais células (linfócitos, neutrófilos e macrófagos). V. Laxativo e ajuda a eliminação do mecônio. Esse é o momento de saber se o bebe tem alguma obstrução intestinal. A demora na eliminação de mecônio preocupa. VI. Reduz a probabilidade do desenvolvimento de alergia alimentar. VII.Rico em fatores de crescimento que estimulam o amadurecimento do intestino da criança preparando-o para digerir e absorver o leite materno. Técnica de amamentação •Importante o bom posicionamento da mãe e do filho e da pega correta. •Ambos confortáveis. •Corpo do filho bem próximo do corpo da mãe (barriga com barriga). •Rosto do bebê de frente para a mama, olhando pra mama. •Tronco e cabeça alinhados, não deixar ficar com a cabeça caída. • Não pode fazer barulho, se fizer está ocorrendo entrada de ar, está errado. • Criança bem apoiada. observação: técnica incorreta leva a sucção ineficiente além de poder causar feridas e fissuras nos mamilos. Manejo da amamentação • Deve ser livre demanda sendo a média de 8/10 mamadas por dia. Deve ocorrer o esvaziamento completo das mamas, pois o leite do final da mamada é mais calórico. E é fundamental alternar as mamas, começando sempre pela mama que a criança mamou por último. • É importante também acompanhar o ganho ponderal. • O manejo das dificuldades deve considerar as causas mais prováveis: Gabriela Reis Viol I. Ingurgitamento mamário: É comum. A criança acorda, estimula a liberação do leite e dorme, acorda, estimula e dorme, ou seja, na mãe vai ocorrendo a liberação de ocitocina e com isso o leite se acumula na mama. Pode ser tanto fisiológico quanto patológico. No fisiológico: mamas cheias, doloridas, mas sem hiperemia ou edema e o leite flui facilmente, a sucção resolve. Em casos patológicos geralmente primeiros dias após o parto. Ambas as mamas difusamente edemaciadas, firmes e doloridas e o leite não flui bem. Deve ser retirado o excesso de leite por ordenha, aplicar compressas mornas ou ducha quente. observação: a solução é amamentar com mais frequência e não oferecer suplemento. II. Trauma das mamas: fissuras (técnica errada), eritema, edema, bolhas, etc. Deve-se corrigir a técnica, ordenhar um pouco de leite antes da mamada, manter mamilos secos (ou passar o próprio leite e deixar secar com exposição à luz solar). Evitar protetores e produtos. Se necessário: analgésico oral (PARACETAMOL). observação: umidade propicia candidíase. III. Infecções mamilares por cândida na mãe e bebê: tratar ambos com Nistatina (candidíase). IV. Bloqueio de ductos lactíferos (nódulos palpáveis): nódulos palpáveis sensíveis e dolorosos + hiperemia + calor local. Podem apresentar febre, deve-se então variar a posição do bebê na mamada, massagear, compressas mornas (banho morno) e uso de sutiãs adequados, que sustentem bem. V. Mastite: processo inflamatório geralmente unilateral e que pode estar associado à infecção bacteriana (causa: estase do leite) que ocorre nas 2-3 primeiras semanas. Deve-se fazer o repouso, ordenhar o leite e uso de analgésicos, se necessário antibiótico. VI. Abcesso mamário: antibiótico e drenagem. observação: o mais comum é o ingurgitamento. Mãe e trabalho • A mãe tem Licença maternidade durante 120 dias. E para dar continuidade à amamentação, dois intervalos de meia hora por dia até seis meses (dependendo a mãe pode negociar com o patrão para adequar esse direito com o que for melhor para ela, por exemplo: sair mais cedo do trabalho ou ter 15 dias a mais). É muito importante ter esse conhecimento para saber orientar as mães, pois o grande desafio para a amamentação prolongada é à volta ao trabalho. Gabriela Reis Viol • Em 2008, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) juntamente com a senadora Patrícia Saboya: projeto que levou à Lei 11.770/08, que proporciona participação voluntária, com opção das mulheres e das empresas Licença maternidade de 180 dias. • Uma alternativa eficaz é congelar o leite em recipientes esterilizados. O leite pode permanecer até 12 horas na geladeira e 15 dias no congelador. Antes de oferecer à criança deve-se descongelar em banho maria mas sem ferver a água. <Desenvolvimento> • CRESCIMENTO: significa aumento físico do corpo – como um todo ou partes – e pode ser medido em centímetos ou gramas. Sendo assim, traduz aumento do tamanho das células (hipertrofia) ou aumento do número de células (hiperplasia). • DESENVOLVIMENTO: É o aumento da capacidade do indivíduo na realização de funções cada vez mais complexas, com a finalidade de relacionar-se mais e melhor com o mundo. O desenvolvimento neuropsicomotor da criança depende, entre outros fatores, da mielinização no sistema nervoso, sendo que esse processo estará 90% completo entre 3 e 4 anos de idade, enquanto os 10% restantes se completam até o final da adolescência. • BOM PROGNÓSTICO: um bom prognóstico é observado quando a aquisição de habilidades se faz de maneira ordenada e progressiva – ou seja, com evolução constante, mesmo que com certo atraso e algo desajeitado. Uma vez adquirida, essa habilidade será de boa qualidade, pois as crianças treinam até conseguir fazer adequadamente. É importante ressaltar que, nesses casos, as aquisições são acompanhadas da inteligencia, ou seja, a criança mostra que compreendeu, tem consciência de que aprendeu algo. Tipos de Desenvolvimento I. MOTOR: é fácil de avaliar, pois envolve desenvolvimento de habilidades motoras grosseiras (que envolvem grandes músculos – ex: sentar, andar, ficar em pé) e finas (envolvem pequenos músculos das mãos – ex: pegar objetos com os dedos, pegar coisas mais delicadas). II. SENSORIAL: avalia o desenvolvimento da visão e audição. É importante ressaltar a importância do teste da orelhinha, em que pode-se detectar problemas auditivos antes da criança começar a falar, de forma que ela pode ser estimulada precocemente. Gabriela Reis Viol III. LINGUAGEM. IV. SOCIAL, ADAPTATIVO, EMOCIONAL E COGNITIVO: é um tipo de desenvolvimento mais difícil de se avaliar. Para tal, pode-se pedir laudos das professoras na escola, de modo a analisar o comportamento, relacionamento com pares e dificuldades da criança. • O desenvolvimento é um processo dinâmico, resultado de experiencias vividas e relações com o meio ambienta, gerando mudanças no aspecto físico, emocional, linguístico, cognitivo e social, bem como na construçãodo psiquismo. • Subjetividade: a subjetividade é que faz o indivíduo ser único, sendo ela construída desde o nascimento. Ela é resultado das vivencias individuais e coletivas do sujeito, que o torna um indivíduo único. Avaliação do Desenvolvimento • A avaliação da criança tem que se dar desde a entrada no consultório. Deve-se observar, incialmente, a relação entre o cuidador e a criança – o normal é a criança ter medo das pessoas com jaleco e estarem agarradas no cuidador, sendo assim, casos contrários não são normais e, devem, portanto, despertar desconfiança quando a criança parece confiar mais no médico do que no próprio cuidador. • Ademais, é importante detectar outras anormalidades, como crianças que não interagem (autista), crianças com comportamentos inadequados, depressivas e etc. Há situações que são comuns – como quando nasce um irmão e a criança mais velha perde o centro das atenções, podendo passar a urinar na cama, falar como um bebe e etc, mas isso é normal. • Dessa forma, sobre a avalição do desenvolvimento, deve-se sempre considerar: - A opinião da mãe sobre desenvolvimento. - Informações sobre fatores de risco. - Verificação de perímetro cefálico. - Presença de alterações fenotípicas – alterações que sugerem síndromes. - Avaliação específica: utilização de escalas de desenvolvimento (ex: Denver). • Fatores de risco para atraso no desenvolvimento normal - Antes de engravidar: a gestação foi planejada? - Durante a gestação: houve problemas? Doenças maternas, infecções, uso de álcool, fumo, drogas. - Durante o parto: anoxia, hemorragias. Gabriela Reis Viol - No nascimento: peso baixo, prematuridade. - No período neonatal: infecções, internações, distúrbios metabólicos. • Por isso, durante a anamnese é importante avaliar: HPP: doenças graves, traumatismos cranianos e convulsões; H. familiar: deficiencias ou transtornos psiquiátricos; H. do desenvolvimento: percepção dos pais sobre o desenvolvimento, ou seja, quetiona los sobre aquisições da criança, sobre marcos de seu desenvolvimento – pois nem tudo pode ser observado pelo exame físico. Fases do Desenvolvimento I. INTRAUTERINO: nesse momento o feto já pode reagir a sons e já possui certo grau de olfato, visão e tato. II. RECÉM-NASCIDO • Braços e pernas fletidos – pois há predomínio do tonus flexor. • Reage a barulhos intensos. • Dorme grande parte do tempo. • Tem percepções visuais e algumas olfativas. • É capaz de sorrir na segunda semana de vida – ao som da voz da mãe ou de alguma outra pessoa próxima (sorriso social). • Suas reações de necessidade são: sono, fome, saciedade e irritabilidade. • É uma fase de grande participação da mãe e do pai na constituição do psiquismo. • Realizam reflexos que traduzem a integridade do SNC: 1. Manifestações normais durante algum tempo e que desaparecem com a evolução, reaparecendo somente em condições patológicas. Ex: reflexo tonico-cervical (comum durante 1 a 2 meses); reflexo de moro (4 a 6 meses) e cutâneo plantar em extensão (normal até 18-24 meses). 2. Reflexos que existem normalmente, desaparecem com a evolução e reaparecem como atividade voluntária. São eles o reflexo de preensão, sucção e marcha. 3. Manifestações que persistem por toda a vida. São os reflexos profundos e reflexos cutâneos abdominais. Reflexos • REFLEXO DE MORO/REFLEXO DO ABRAÇO: É sempre importante avisar antes para o responsável que irá fazer o reflexo. Para tal, deve-se suspender o RN pelos membros superiores a alguns cm do leite e soltá-lo, o que normalmente provoca o reflexo. A Gabriela Reis Viol resposta normal consiste na abertura das mãos e extensão e abdução dos membros superiores, seguido de flexão anterior (abraço) dos membros superiores e choro audível. Ou seja, primeiro ele abre os braços e depois abraça – o reflexo é completo quando o bebê chora. Até o terceiro mês de vida é normal a resposta ao reflexo ser incompleta e, a partir do sexto mês, já é ausente. Quando ocorre assimetria no movimento deve-se pensar em patologia subjacente – ex: lesão de membro superior ou de clavícula ou paresia por lesão do SNC. • REFLEXO DE SUCÇÃO: Para avaliá-lo coloca-se a mão da criança na boca e ela deve pegar a própria mão, direcionar para a boca e começar a sugar. Até o 3º ou 4º mês. • REFLEXO DA FOSSADURA/REFLEXO DA PROCURA: Deve-se estimular as bochechas do RN com o dedo (“cutucar”) de tal forma que ele vire a cabeça para o lado estimulado, como se estivesse procurando o mamilo da mãe. Esse reflexo possui o mesmo signifIcado do reflexo de sucção, assim, pode-se fazer um ou outro – as vezes esse reflexo não está presente, mas não é patológico. • REFLEXO DE PREENSÃO PALMAR: É obtido ao roçar a palma da mão ou a superfície palmar dos dedos da criança (a criança aperta o dedo do examinador). Desaparece até 6 meses. • REFLEXO DE PREENSÃO PLANTAR: Reflexo primitivo. É obtido ao roçar a face plantar dos dedos dos pés (a criança fecha o pé apertando o dedo do examinador). Desaparece próximo dos 11 meses de vida – é um dos mais tardios para sumir. • REFLEXO DA MARCHA REFLEXA: Avalia-se segurando a criança pelas axilas em posição vertical, com as plantas dos pés apoiadas em um plano e o corpo posicionado verticalmente – a criança mexe as pernas como se estivesse andando (cruzamento das pernas, uma à frente da outra). Esse reflexo não possui muito significado e, portanto, sua ausência não demonstra nenhuma patologia. • REFLEXO TONICO-CERVICAL (assimétrico do Pescoço): Para desencadeá-lo deve- se produzir a rotação da cabeça da criança para um dos lados. Assim, observa-se a extensão dos membros superior e inferior do lado para qual virou a cabeça e flexão dos membros contralaterais. Esse reflexo desaparece até o terceiro mês de vida e sua ausência não é patológica, contudo, se permanecer presente após o 3 mês de vida aí sim é patológico, lesão do SNC. • REFLEXO CUTÂNEO-PLANTAR (superficial): Estimula-se suavemente com a unha ou com objeto rombo a face lateral da planta do pé. A resposta pode ser extensão ou flexão dos dedos – a extensão pode durar até os 2 anos de idade, mas costuma virar flexão até 1 ano de idade. Contudo, se mediante estimulação houver extensão dos dedos após os 2 anos de idade é um sinal patológico, denominado Sinal de Babinski. observação: nunca chamar de Babinski antes dos 2 anos de idade. Gabriela Reis Viol Avaliação Rotineira • Visão: deve-se fazer a pesquisa do reflexo vermelho (que é o teste do olhinho) ainda na maternidade. • Audição: o feto já deve estar familiarizado com ruídos da família no 5 mês de gestação. Deve ser feito o teste da orelhinha. Marcos do Desenvolvimento • As etapas do desenvolvimento são previsíveis e predeterminadas. A evolução é sempre no sentido céfalo- caudal, ou seja, as crianças aprendem primeiro a sustentar a nuca e o pescoço para depois ter força para sentar, levantar, continuar em pé e etc. Além disso, o desenvolvimento é do centro para a periferia, ou seja, inicialmente o bebe tem mais controle do tronco para depois tomar o controle das mãos e pés. Gabriela Reis Viol • Sendo assim, cada período da vida tem características diferentes de desenvolvimento e cada criança tem seu próprio padrão de desenvolvimento – ou seja, existem variações dentro da normalidade. • 3 MESES: Membros estendidos com mãos abrindo e fechando espontaneamente; já é capaz de firmar a cabeça (mas 10% podem ainda não firmar completamente); em decúbito ventral já é capaz de elevar o tronco e os membros; nessa idade o bebe já tem o sorriso social. • 6 MESES: nessa idade o bebe já passa a distinguir o familiar do estranho, já se senta por pouco tempo com apoio da cintura pélvica (consegue se manter sentado se for colocado, mas não consegue sentar sozinho), inclina-se para frente sobre as mãos e já consegue rolar sobre superfícies, girando. • 9 MESES: agora já consegue se sentar sozinho e sem nenhum
Compartilhar