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SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA II

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<Semiologia pediátrica> 
• A pediatria é a especialidade médica dedicada à assistência à criança e ao 
adolescente, nos seus diversos aspectos, sejam eles preventivos ou curativos. É 
importante entender que a consulta pediátrica começa antes mesmo da criança nascer. 
• É o estudo dos sinais e sintomas que irão constituir as síndromes, com finalidade 
diagnóstica. 
• A consulta pediátrica é, portanto, constituída por uma anamnese detalhada, exame 
físico e, quando necessário, exames complementares. 
• Os pediatras esperam que as consultas sejam momentos de “harmonia”, ou seja, que a 
criança não chore ou estranhe. Vale ressaltar que a idade em que as crianças 
estranham com mais facilidade varia de 11 meses à 2 anos. Dessa forma, é importante 
que o pediatra tenha matérias de apoio que chamem atenção da criança para que elas 
fiquem distraídas, evitando uma consulta conturbada. 
• Além disso, é de extrema importância o estabelecimento de uma boa relação médico- 
paciente e médico-família. A boa relação com a família é fator importante visto que 
muitas vezes a consulta é de acordo com a interpretação de uma 3ª pessoa (mãe, pai, 
tia, vó) que explica o que a criança tem sentido e como tem se comportado. Algumas 
vezes, essa pessoa chega a um diagnóstico e o pediatra precisa analisar e interpretar 
se essa análise está correta. 
Puericultura 
• É a especialidade da pediatria que se preocupa com o acompanhamento integral do 
processo de desenvolvimento e crescimento da criança. 
• Consiste na parte preventiva da pediatria e é responsável por acompanhar tanto o 
desenvolvimento físico como o psíquico da criança. 
• Na puericultura faz-se o controle da criança e deve-se avaliar crescimento, se está 
realizando ações compatíveis com a idade (marcos do desenvolvimento), 
alimentação, vacinação, prevenir acidentes e etc. 
• Atualmente, fala-se em “pediatria geriátrica” pensando não somente em uma infância e 
adolescência saudáveis, mas também em futuros adultos hígidos. Ou seja, é 
importante entender que a consulta não se preocupa apenas com o atual momento, 
mas sim em como aquela criança vai crescer e se tornar um adulto saudável. 
Gabriela Reis Viol 
Divisão etária da pediatria 
• Recém-nascido: 0-27 dias (período neonatal); 
• Lactente: 28 dias a 2 anos; 
• Pré-escolar: 3-5 anos; 
• Escolar: 6-9 anos; 
• Adolescência: 10-19 anos. 
Hebiatria 
• É a parte da pediatria que trata dos adolescentes. 
observação: de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, a adolescência 
pode excepcionalmente se estender até os 21 anos de idade. 
Mortalidade infantil 
• É um indicador importante porque mostra a saúde da população e está muito 
relacionado ao desenvolvimento da sociedade, à suas riquezas e nível de 
desenvolvimento do próprio país. 
• As principais causas de morte em crianças com menos de 1 ano são: 
58% afecções originadas no período neonatal 
22% malformações congênitas, deformidade e anomalias cromossômicas 
4% afecções respiratórias 
3% causas externas de morbidade e mortalidade 
Mortalidade neonatal (até 28 dias): 
• Precoce: atinge neonatos com idade até 7 dias completos → geralmente causada por 
problemas respiratórios (RN sem assistência ao nascer). 
• Tardia: atinge neonatos com idade entre 7 dias a 28 dias incompletos → geralmente 
causada por sepse. 
• Vale ressaltar que a maior parte das mortes ocorre na primeira semana de vida. 
Mortalidade perinatal 
• NÚMERO DE ÓBITOS FETAIS (a partir de 22 semanas de gestação e/ou 500g peso ao 
nascer) + ÓBITOS NEONATAIS PRECOCE (0 a 6 dias) por 1000 nascimentos totais 
(óbitos fetais + nascidos vivos), em um determinado período e local. 
Gabriela Reis Viol 
Nascido Vivo 
• Expulsão completa ou extração do corpo da mãe, independente da duração da 
gravidez, de um produto de concepção que, depois da separação, respire ou apresente 
qualquer outro sinal de vida, tal como batimentos do coração, pulsações do cordão 
umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária, estudando ou 
não cortado o cordão umbilical e estando ou não desprendida a placenta. 
Óbito Fetal 
• É a morte de um produto da concepção, antes da expulsão ou da extração completa do 
corpo da mãe, independente da duração da gravidez. 
• Indica o óbito o fato de o feto, depois da separação, não respirar e nem apresentar 
nenhum outro sinal de vida – como batimentos do coração, pulsações do cordão 
umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária. 
Período neonatal 
O período neonatal é de 0 a 27 dias sendo que: 
• Período neonatal precoce: primeiros 7 dias de vida (0 a 6 dias). 
• Período neonatal tardio: 7 a 27 dias de vida. 
• Período perinatal: 22 semanas de idade gestacional até 7 dias de vida. 
Classificação do recém-nascido (peso ao nascer) 
• RN de baixo peso (RNBP): PN < 2.500g; 
• RN de extremo baixo peso: PN < 1.000g; 
• RN excessivamente grande: PN > 4.500g; 
• O baixo peso nem sempre quer dizer que o recém nascido é prematuro. Muitas vezes 
nasce no tempo certo, mas com baixo peso devido a algum problema materno (mãe 
fumante, mãe teve infecção durante a gestação, mãe adolescente, etc) ou 
malformação. 
Classificação do recém-nascido (idade gestacional - ig) 
• RN a termo: IG de 37-41 semanas; 
• RN prematuro: IG < 37 semanas → geralmente possui problemas respiratórios, pois, 
ao nascer antes da hora, tem menor quantidade de surfactante e tende a colabar os 
pulmões. 
Gabriela Reis Viol 
• RN prematuro extremo: IG < 28 semanas; 
• RN pós-termo: IG > 42 semanas → nesse caso tem-se uma criança com maior 
predisposição a infecções (relaxamento de esfíncter anal e aspiração) por sofrimento 
fetal. 
• É importante saber a IG porque existem doenças que são característica dos 
prematuros e doenças que são do pós-termo. 
Classificação do recém-nascido (peso/ig) 
• PIG (pequeno para idade gestacional): abaixo do percentil 10; 
• AIG (adequado para a idade gestacional): entre o percentil 10 e 90; 
• GIG (grande para idade gestacional): acima do percentil 90. 
Classificação do recém-nascido (método new ballard) 
• Avalia a maturidade física e neuromuscular. 
• Através da pele, orelhas, olhos do recém nascido verifica-se a idade gestacional. 
<anamnese> 
• A anamnese feita na consulta pediátrica possui diferença da anamnese com o adulto, 
ou seja, a anamnese muda de acordo com a faixa etária. 
• Além disso, na consulta pediátrica existe o intermediário, que é a pessoa que interpreta 
o que a criança sente. 
• A interpretação do intermediário varia, visto que existem diferentes tipos de pais. Pode 
ocorrer: 
SUPERVALORIZAÇÃO: pais inexperientes que acabam valorizando exageradamente 
alguns sintomas e possuem característica de serem sempre protetores, além de sentirem 
remorso e culpa. 
SUBESTIMAR SINAIS E SINTOMAS: alguns pais podem acabar não valorizando os 
sintomas dos filhos. Essa subestimação pode ocorrer por terem muitos filhos, pouco 
convívio ou ausência. 
INTERPRETAÇÃO EQUIVOCADA: os pais podem acabar interpretando de forma errada. 
Gabriela Reis Viol 
Consultas necessárias de puericultura 
• 1ª consulta: primeiros 15 dias após alta da maternidade. É importante para 
acompanhar a amamentação, verificar icterícia que precisa de terapia e outras 
situações que não foram percebidas ao nascimento. 
• 2ª consulta: final do 1º mês . A partir daí tem-se consultas mensais até o 6º mês de 
vida. Avalia-se crescimento e desenvolvimento, orientação para prevenção de 
acidentes, vacinação e aleitamento materno. 
• Aos 9 e 12 meses. 
• Trimestrais até 2 anos. 
• Semestral em fase pré escolar. 
• Anual em fase escolar e adolescentes 
Características da anamnese 
• A anamnese precisa ser longa e quando feita apressadamente pode levar a erros 
diagnósticos. É ideal que o contato com a família já ocorra desde a gestação e é 
indispensável um relacionamento e paciência. 
• Durante a anamnese podem ser feitas perguntas dirigidas para enriquecer as 
informações,mas sempre tendo cuidado para não interferir em algumas respostas. O 
vocabulário precisa ser claro, evitando termos técnicos. 
• É importante chamar os pais pelos nomes, ter uma relação de confiança, respeito e 
atenção. Deve-se apresentar e ser simpáticos com os pais. 
• A anamnese é maior porque é importante saber alguns detalhes do nascimento. 
• É composta por: identificação, queixa principal, história da doença atual, história 
patológica pregressa, história da gestação/parto e nascimento, história alimentar, 
história do desenvolvimento, história vacinal, história familiar e história social. 
IDENTIFICAÇÃO: nome, data de nascimento/idade, cor, sexo, naturalidade, 
nacionalidade, endereço, procedência, profissão/ocupação dos pais. 
QUEIXA PRINCIPAL: deve ser colocada com as próprias palavras dos pais ou 
informante. É o motivo pelo qual procurou-se atendimento. 
HDA: início da doença, época, forma de evolução. Deve-se verificar os atendimentos 
anteriores, medicações utilizadas e se houve melhora para que não se insista em um 
tratamento que não foi eficaz. Fazer interrogatório sobre os demais aparelhos (ISDA) 
mesmo quando na consulta não houver uma queixa, deve-se sempre realizar um 
interrogatório complementar. 
Gabriela Reis Viol 
HPP: verificar doenças anteriores, incluindo DCI (doenças comuns da infância), 
internações anteriores, alergias (alergia medicamentosa é fator importante que deve 
sempre ser valorizada) , cirurgias, acidentes e uso de medicações. 
GESTAÇÃO: saber o número de gestações, paridade, abortos, natimortos, prematuros, 
pré-natal, intercorrências na gestação (infecções, traumas, fumo, álcool etc). 
PARTO E NASCIMENTO: tipo e local, intercorrências (uso de fórceps, asfixia etc), 
complicações, idade gestacional, peso ao nascer, apgar, anormalidades nos primeiros 
dias (icterícia), infecções logo após parto e testes de triagem. Essas informações estarão 
presentes no cartão da criança. 
TESTES DE TRIAGEM: (abaixo) 
HISTÓRIA ALIMENTAR: é importante saber se teve aleitamento materno e se foi 
exclusivo ou complementado, além de saber também qual foi a fórmula utilizada. Saber 
sobre a introdução de outros alimentos. Em crianças maiores deve-se saber a qualidade e 
quantidade dos alimentos, além do número de refeições. Nesse momento, pode-se 
perguntar de alergias e intolerância alimentar. 
HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO: deve-se verificar marcos importantes como: 
sorriso, sustentação da cabeça, sentar-se sem apoio, engatinhar, ficar em pé, andar. Além 
de saber do sono e o controle dos esfíncteres. 
HISTÓRIA VACINAL: deve-se verificar o cartão para saber se está em dia ou não, 
observar cicatriz de BCG e complicações. 
HISTÓRIA FAMILIAR: deve-se saber principalmente sobre pais e irmãos e doenças 
hereditárias. 
HISTÓRIA SOCIAL: zona rural ou urbana, apartamento ou casa, número de cômodos, 
saneamento, eletricidade, quintal de terra, número de pessoas, nível de instrução, 
escolaridade dos filhos, animais domésticos, creche ou escola, relacionamento com 
crianças, facilidade de aprendizagem, desempenho, notas, conceitos, fumo passivo, uso 
de tóxicos em casa, etc. 
observação: em um primeira consulta deve ser obtida história completa e essas 
informações devem ser atualizadas a cada retorno (consultas de seguimento). Deve-se 
atualizar os dados e informações no prontuário. Sempre ter letra legível e não fazer 
rasuras. 
testes de triagem 
• Teste do olhinho: exame oftalmológico em que se espera ver o reflexo vermelho, 
indicando que não existe obstrução no eixo óptico na passagem de luz. Caso venha 
Gabriela Reis Viol 
branco mostra glaucoma ou catarata congênita. É um teste obrigatório que precisa ser 
feito nos primeiros dias de vida. 
• Teste da orelhinha: emissões otoacústicas evocadas. É importante para verificar a 
surdez de forma precoce já que sem o teste só seria percebido quando o RN atrasasse 
a fala. Qualquer alteração, o RN é encaminhado para exames complementares e 
intervenção precoce. É um teste obrigatório e pode ser feito até 3 meses, mas o ideal é 
que seja feito nos primeiros 28 dias. 
• Teste do coraçãozinho: é um teste para cardiopatias congênitas. 30 a 40% dos RN 
que possuem cardiopatia grave recebem alta hospitalar porque nasceram sem sopro e 
o pediatra não suspeita. Avalia-se com oxímetro a saturação de oxigênio na mão direita 
e em um dos pés. Espera-se saturação de O2 maior ou igual a 95% nas duas medidas 
e diferença menor que 3% nas extremidades. Deve ser feito nos primeiros dias, 
preferencialmente na maternidade. Caso o teste possua alterações deve-se fazer 
exames complementares. 
• Teste do pezinho: faz diagnóstico de diversas doenças passiveis de tratamento ou de 
interferências, impedindo manifestações clínicas. As doenças que o teste do pezinho 
identifica são: hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, hemoglobinopatias, fibrose 
cística. Atualmente novas doenças podem ser identificadas: hiperplasia adrenal e 
deficiência de biotinidase. 
<Semiologia da face> 
<boca, FARINGE e ouvido> 
• Por se tratar do “terror” da consulta pediátrica, o exame de orofaringe normalmente é a 
última etapa do exame físico. 
• Para examinar, é necessário uma lanterna e espátula descartável (abaixador de 
língua). 
• O correto é examinar com o paciente sentado na cama de frente para o examinador, se 
for uma criança maior, é mais fácil colocá-la nessa posição. Quando o paciente for 
menor podemos colocá-lo no colo do acompanhante ou na maca, deitado com auxílio 
do mesmo (membros superiores ao longo do corpo e estabilizados pelo examinador ou 
esticados ao lado da cabeça e mantidos pelo acompanhante). 
Gabriela Reis Viol 
• A avaliação deve ser rápida e bem objetiva, para isso, é necessário já ter o 
conhecimento do que deve ser examinado. Isso pode ser feito através da memorização 
da sequência de estruturas a serem observadas (inspeção). 
• Quanto ao exame da face, essa é uma das primeiras coisas que observamos no 
paciente. É possível verificar se há assimetria de face, como no caso das paralisias 
faciais: observa-se a diferença por meio da pálpebra e comissura labial. No caso de 
alterações congênitas pode ser observado a retrognatia (queixo para trás). No exame 
palpatório é necessário palpar a ATM, linfonodos: submentonianos, submandibulares e 
pré-auriculares, além de glândulas: parótidas, submaxilar e sublingual. 
• Na inspeção da cavidade oral, que deve ser feita antes do exame de orofaringe (última 
coisa a ser examinada), devemos verificar a presença de qualquer lesão, seja ela uma 
fissura em canto labial por deficiência nutricional, geralmente deficiência de vitamina D, 
ou lesões como rachaduras no frio e falta de hidratação, além dos processos 
inflamatórios, como no caso da queilite. 
• Na inspeção dos lábios, pode-se observar também se há lábio leporino (verificar 
também a presença de fenda palatina) ou hemangioma (investigar se tem hemangioma 
em via aérea – quando paciente tem hemangioma em face, ele tem indicação para 
investigação de hemangioma em outras regiões, via aérea). 
• Cavidade oral e faringe: o correto é fazer um exame completo: “cantinhos” da 
bochecha - verificação de cândida, úlceras; gengivas, dentes, região interna da 
bochecha, frênulos e teste da linguinha, palato duro; língua, frênulo da língua; faringe 
posterior, pilares, palato mole, amígdalas. 
• Em relação aos dentes, há os de leite e a dentição permanente. O importante é ter a 
noção de que, geralmente, o primeiro dente a nascer é central e mandibular e aparece 
depois de seis meses. Entretanto, isso pode variar de criança a criança. Na sequência, 
vêm os laterais, primeiro molar, caninos e segundo molar. 
• Por volta dos seis anos começa a formação da dentição permanente e geralmente 
segue mais ou menos a mesma ordem: 
Gabriela Reis Viol 
observação: conclui-se então que, normalmente, começa a nascer com seis meses e os 
permanentes surgem com seis anos. O RN quenasce com dentes – dentes excedentes, 
isso atrapalha na amamentação e é indicada a sua retirada. Às vezes, alguns pais ficam 
angustiados porque a criança tem quase 01 ano e ainda não nasceu a dentição, mas, 
depois que passa de 01 ano e não nasce, é bom pedir uma avaliação do dentista, de 
repente faz uma radiografia para ver se há a existência de dente. 
• Avaliação dos dentes: número, forma, alterações do esmalte (cáries – o leite materno é 
menos problemático quanto ao surgimento de cáries, ele é menos cariogênico quando 
comparado aos outros leites, manchas, mudança de coloração, traumas). Pode-se 
observar fluorose (mancha esbranquiçada). 
• A orientação quanto à higienização dos dentes nos primeiros anos de vida é que ela 
seja feita ou com pasta sem flúor ou sem nada ou seguindo uma recomendação que 
seria usar pouca pasta, meio grão de ervilha (mas isso é complicado de passar para os 
pais). É importante, mesmo sendo pouca quantidade, os pais criarem o hábito de 
higienização dos dentes. 
• Quanto à avaliação das gengivas, deve-se observar: integridade, coloração, nódulos, 
hipertrofia, sangramento, aftas e candidíase oral. Essa última, quando na criança, não 
tem o mesmo significado quando no adulto (imunodeficiência). Há a possibilidade de a 
criança ter além do lábio leporino, a fenda palatina, portanto, isso deve ser avaliado. Há 
também o palato ogival que se relaciona com a respiração pela boca, a língua não fica 
em contado, ocasionando um crescimento anormal e mais estreito do palato. 
observação: olhar se tem sinais de candidíase (lembrando que candidíase não é 
sinônimo de imunossupressão em crianças, não é igual ao adulto e, nesse caso trata com 
antifúngico). 
• A língua é outra estrutura que deve ser examinada. Podem ocorrer alterações de 
mobilidade, de tamanho (Síndrome de Down – aumento da língua), além da presença 
de frênulo de língua que pode prejudicar a amamentação e língua geográfica que é 
caracterizada pelo tracejado na parte superior da língua, relacionado às condições 
inflamatórias. Dentre os testes de tem-se um que não é ainda obrigatório, mas algumas 
maternidades já estão fazendo que é o teste da linguinha: é um teste de suma 
importância, pois uma criança que não tem língua, ou uma disfunção nela, não 
consegue sugar o leite materno e, terá baixo peso. Tão cedo seja diagnosticado, a 
criança é encaminhada ao cirurgião pediátrico, desde que isso seja rápido de se 
resolver para a criança poder mamar e evitar a perda de peso. A língua geográfica é 
muito comum em pacientes alérgicos. 
Gabriela Reis Viol 
• Para avaliação da faringe é necessário observar: palato mole e úvula; pilares 
anteriores; fossa amigdaliana ou tonsilar; tonsilas ou amígdalas palatinas; parede 
posterior da faringe. 
• Tais estruturas dividem-se em: 
NASOFARINGE - acima do palato mole. 
OROFARINGE - palato mole até a base da língua. 
LARINGOFARINGE ou HIPOFARINGE - até as cordas vocais. 
• Na prática, o habitual é avaliar apenas orofaringe. Quanto à técnica de exame, o 
melhor é introduzir a espátula mais lateralmente. A partir do exame, pode ser detectada 
a má formação da úvula (localizada na região mediana com formato de gota) como a 
úvula bipartida. É possível também a detecção de paralisia quando ela se encontra 
desviada. 
• O mais comum no exame de orofaringe são os achados dos processos 
inflamatórios: hiperemia e presença de secreção purulenta (faringite, amigdalite) ou 
como nos quadros de sinusite ↔ gotejamento posterior. 
• Na faringe posterior se encontram os processos inflamatório por conta de faringites, 
infecções respiratórias, com possibilidade de gotejamento: secreção purulenta. A 
secreção posterior pode-se ter em quadros de alergia, mas geralmente, ela é mais 
clara. Pessoas com quadro de rinite apresentam esse corrimento posterior. E em 
quadro de sinusite tem-se o gotejamento mais secretivo. 
• As amígdalas são estruturas bilaterais com função de defesa, estão localizadas entre 
os pilares anterior e posterior da orofaringe, nas fossas amigdalianas. Apresentam 
depressões arredondadas em seu relevo chamadas criptas. Até os 6 anos podem ser 
hipertrofiadas ↠ o ideal é esperar elas diminuírem naturalmente, há casos que essa 
hipertrofia é mais acentuada e atrapalha na respiração, nesse caso faz-se cirurgia. E o 
que deve ser avaliado é: forma, tamanho e presença de lesões. 
Gabriela Reis Viol 
• Além do sinal de lábios arroxeados dessas crianças com hipertrofia de amígdala, outra 
observação que se deve ter é quando a mãe fala que a criança é muito “preguiçosa”, 
tem preguiça de comer tudo, só ingere o caldinho da carne, ou seja, algo está 
atrapalhando na ingestão de alimentos maiores. 
• Outra situação são as placas causadas por infecções bacterianas (mais comum) e as 
virais ↠ associadas à mononucleose, por exemplo, que podem desenvolver placas. 
• As úlceras são tipicamente de infecções virais, que quando na boca toda faz 
pensarmos em herpes, e quando somente nos pilares pensamos em herpangina, outro 
vírus, é uma doença de criança e ela geralmente dorme de boca aberta. 
• Na otoscopia será realizada inspeção e palpação. Quando à inspeção, procura-se 
alguma anomalia avaliando posição e aspecto geral: implantação, tamanho, 
sensibilidade, formato. Má formação de orelha, pensar em má formação renal. 
• Conduto auditivo externo: secreções, lesões cutâneas, sangramentos. E aspecto da 
mastóide ↠ pode ter mastoidite devido à otite: hiperemia, lesões. 
• Durante a palpação, as adenomegalias podem ser detectadas. 
• A técnica do exame é em posição de decúbito lateral no caso das crianças pequenas 
(estabilizando os membros inferiores e cabeça). Deve ser identificado: membrana 
timpânica, meato externo (corpo estranho, lesões, estenose, processos inflamatórios, 
secreções) e cerume. 
observação: ao introduzir o otoscópio reto, avalia-se só o canal, por isso o ideal é 
inclinar em direção o nariz para conseguir visualizar a membrana. 
NORMAL: membrana timpânica brilhosa, nos exemplos acima é possível perceber duas 
alterações ↠ hiperemia (qualquer processo inflamatório pode causar hiperemia), 
Gabriela Reis Viol 
opacidade e abaulamento (sendo os dois últimos mais específicos de otite – presença de 
secreção e dor). 
OTITE: há uma hiperemia de conduto externo que está mais relacionada a infecções 
virais. Por fim, devemos nos lembrar da presença de corpo estranho, comum em 
pacientes pediátricos. 
<Semiologia respiratória> 
Anamnese 
• A anamnese direcionada para a parte respiratória deve iniciar com a investigação da 
HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL, saber se a tosse, secreção ou qualquer queixa 
respiratória surgiu desde quando a criança nasceu ou se foi adquirida, isso para poder 
diferenciar doenças adquiridas de doenças congênitas. 
• Além disso, é importante saber a frequência dos sintomas, se há períodos sem 
sintomas ou se são contínuos, como também a presença de fatores desencadeantes. 
• O sintoma mais comum na queixa principal é a tosse, então a exemplo da tosse deve 
ser perguntando se há algum fator que favoreça seu surgimento: decúbito, mudança 
climática, infecção respiratória, exercício físico, fumaça, ar frio, emoções, cheiros fortes, 
poeira. 
• Ainda na história da doença atual, faz parte da investigação: a situação dos 
contactantes, se alguém que tem contato com a criança apresenta alguma infecção 
respiratória; procedimentos já realizados na criança (tratamentos e exames) e revisão 
de outros sistemas (manifestações cutâneas e digestivas – a criança não expectora 
secreção, é comum ela deglutir essa secreção e apresentar muco nas fezes). 
• HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA: obviamente procura-se saber se já teve 
alguma doença respiratória, alergias – rinite alérgica, alergia de pele (urticária, 
dermatite de contato, dermatite atópica), internações prévias ou períodos de 
observação em emergência, pneumonias ou outras complicações, ronco habitual e/ou 
apnéiado sono. 
observação: é muito importante avaliar todo sistema respiratório, não apenas voltado 
para queixa principal, por exemplo ↠ paciente com rinite frequentemente tem asma. 
• HISTÓRIA GESTACIONAL E PARTO: é necessário saber se houve complicações na 
gestação (infecções) e como foi feito pré-natal (sorologias e USG), mas principalmente 
Gabriela Reis Viol 
quais foram as condições de nascimento ↠ prematuro ou não, pós-maturo, asfixia, 
aspiração de mecônio (pós-termo), peso ao nascer, comprimento, taquipnéia, cianose, 
intubação, ventilação mecânica e essa última por quanto tempo (28 dias ou mais há 
lesão do pulmão pelo oxigênio ↠ displasia). O teste do pezinho é importante para 
pesquisa de fibrose cística, que se manifesta com pneumonia de repetição. 
• HISTÓRIA ALIMENTAR: pode ser perguntado o quanto de esforço essa criança faz 
para mamar, se ela chia (pulmão OU coração), se fica taquipneica, com sudorese, ou 
se tem dificuldade de ganhar peso. Além da ocorrência ou não de broncoespasmo ou 
tosse durante alimentação (refluxo ou alergia à proteína do leite de vaca). Esforço 
respiratório crônico pode aumentar a demanda metabólica de uma criança suficiente 
para desencadear desnutrição. 
• HISTÓRIA FAMILIAR: perguntam-se casos de doenças hereditárias na família (fibrose 
cística, asma, rinite) ou doenças contagiosas como tuberculose (criança não elimina 
bacilos, ou seja, elas não contaminam outras pessoas), pneumonia. 
• HISTÓRIA SOCIAL: se em casa há exposição à alérgenos ↠ poeira, mofo, inalantes, 
fumo passivo (qual a frequência disso e qual a gravidade – muito relacionado à asma), 
animais domésticos e inalação de fumaça industrial. 
Exame físico 
• Avalia a função respiratória do pulmão em região anterior, posterior e lateral. Pode ser 
na posição sentada ou no colo do responsável, no RN coloca-o deitado e vai virando-o 
de lado para analisar o tórax posterior. 
• Sempre deve ser analisada a simetria, sempre comparando um lado com o outro. 
• Na inspeção há deformidades facilmente percebidas como: pectus excavatum e pectus 
carinatum ↠ muitas vezes essas deformidades são encontradas sem que haja um 
achado respiratório, entretanto, se o paciente é, por exemplo, um asmático grave, ele 
pode vir a piorar essa deformidade se não tiver controle da doença (ou outras 
deformidades como: tórax em funil, tórax em sino). 
• Quanto menor a criança mais desregulada é a sua respiração, por isso o melhor é 
contar dentro de 1 minuto. 
RESPIRAÇÃO PERIÓDICA DO RN OU LACTENTE NOS PRIMEIROS MESES DE VIDA 
• Períodos de pausas respiratórias com duração de 5 a 10 segundos seguida de 
respiração de 50 a 60 irpm durante 10 a 15 segundos. 
• É mais frequente no prematuro. 
• Podem ocorrer pausas de até 20 segundos. 
Gabriela Reis Viol 
• Acima de 20 segundos acompanhado de bradicardia e/ou cianose caracteriza apneia 
↠ é patológico. Indicação de intubação. 
• Níveis de taquipneia: 
≤ 2m: FR ≥ 60 ipm 
2m-11m: FR ≥ 50 ipm 
1-5 anos: FR ≥ 40 ipm 
≥ 6 anos: FR ≥ 30 ipm 
observação: febre e choro aumenta a frequência. 
• A taquipneia é um sinal muito importante para identificar tumor de pulmão. 
• Ainda na inspeção é importante verificar o esforço respiratório avaliando os músculos 
envolvidos: diafragma, intercostais (externos e internos), toracoespinhais (escalenos, 
esternocleidomastóideo), grande peitoral. 
• Criança maior geralmente relata dificuldade respiratória, já a criança menor, essa 
dificuldade deve ser observada em: retrações intercostais, retrações subdiafragmáticas, 
batimentos de asas do nariz, gemido expiratório, respiração paradoxal (perda do 
movimento sincronizado de expansão toracoabdominal na inspiração ↠ retração do 
gradil costal e expansão do abdome), estridor (obstrução ao nível de laringe ou 
epiglote). 
• Outra avaliação importante é a simetria da expansibilidade e a criança deve ficar de 
preferência no leito na posição dos pés, olhando em direção a cabeça. A assimetria 
pode ocorrer em fraturas ou no caso de criança intubada, na intubação seletiva ou em 
pneumotórax. 
• Lembrar sempre de ser feito a verificação de regiões extratorácicas respiratórias ou 
relacionadas com patologias respiratórias, como: 
NARINAS: observar permeabilidade (atresia de coanas ↠ tem que ser corrigido, o RN 
respira principalmente pelo nariz), obstrução, coloração de mucosa. 
PALATO: formato e fendas. 
PAVILHÕES AURICULARES: secreções. 
PELE: sinais de atopia, cicatriz BCG. Dentro dos sinais de atopia, há na segunda prega, 
abaixo do olho a atopia chamada de Prega de Dennie Morgan, há também a dermatite 
atópica com lesões hiperemiadas, descamativas e muito pruriginosas, a xerodermia o 
qual se refere a pele ressecada e atopia em prega nasal comum naqueles com rinite. 
EXTREMIDADES: baqueteamento digital e/ou cianose. 
Gabriela Reis Viol 
• Quanto à palpação e percussão são dados semiológicos que não são feitos de rotina, 
apenas em determinadas situações, isso porque inspeção e ausculta são os mais 
superiores. 
• A palpação é importante ser realizada em pacientes internados com quadros 
importantes, analisa-se também nesses casos o frêmito toracovocal, que quando 
diminuído pode sugerir pneumotórax e derrames, e quando ausentes, atelectasias. 
• Já na percussão, o som quando normal é caracterizado como som claro timpânico, 
quando diminuído é dito como som submaciço ou maciço e isso pode ser encontrado 
em derrames ou atelectasias. Na percussão é possível avaliar também as áreas com 
dimensões maiores. É uma parte do exame com grande utilidade quando associada a 
outros dados de semiologia (inspeção, palpação, ausculta). 
• Por fim, a ausculta, um dos dados mais importantes do exame respiratório. Deve ser 
realizada em ambiente tranquilo. Geralmente o RN e lactentes em decúbito dorsal 
(também pode ser realizada com lactentes no colo) e crianças maiores sentadas ou em 
pé. O choro muitas vezes pode dificultar e por isso deve ser aproveitado o intervalo do 
choro = inspiração, lembrar sempre que deve ser auscultada a maior área possível, 
sempre comparando os dois lados. 
• É possível avaliar então o murmúrio vesicular: verificar intensidade e simetria, 
considerando que diminuições podem ser resultantes de hipoventilação por presença 
de secreção ou líquido alveolar e/ou pleural, hepatização, atelectasias, pneumatocele 
ou pneumotórax. No caso de pacientes intubados, aspirar tubo antes e verificar posição 
dele. 
AUSCULTA ALTERADA 
• RONCOS: devido à secreção nos brônquios principais e traqueia, ou quando por 
obstrução nasal, chamados de roncos de transmissão (obstrução de vias aéreas 
superiores), comuns na criança pequena que não coopera em respirar de boca aberta. 
Macete para diferenciar de onde vem esse ronco: criança maior pede para criança 
tossir, quando a criança é menor pede para a mãe lavar o nariz, tirar a chupeta, mudar 
de posição, se o ruído sumir ↠ provavelmente é proveniente de VAS; se ele permanecer 
↠ VAI. 
• ESTERTORES GROSSOS (subcrepitantes/bolhoso): movimento de secreção ou 
líquido através de bronquíolos. Em casos de broncoespasmo ↠ bronquiolite, asma. 
Ruídos não musicais, descontínuos. 
Gabriela Reis Viol 
• ESTERTORES FINOS (crepitantes): presença de líquido nos alvéolos ou súbita 
abertura quando atelectasiados (geralmente pneumonias, edema pulmonar); mais 
discretos e geralmente no final da inspiração. 
• SIBILOS: ruídos musicais agudos, contínuos, com duração mais longa, ocorrem por 
constrição ou edema ao nível dos bronquíolos. São difusos na asma, localizados em 
aspiração de corpo estranho ou embolia pulmonar. (Ar entra e sai por um canal mais 
estreiro). 
• SOPRO TUBÁRIO: ocorre quando o componente vesicular está abolido, e é ouvida 
apenas a passagem de ar pela glote (geralmente em pneumonias lobares). 
• ATRITO PLEURAL: ruído auscultado na fase inicial dos processos inflamatórios 
pleurais; rude; assemelha-se ao atrito de duas superfícies de couro. 
• GEMIDO EXPIRATÓRIO:comum em RN, oclusão da glote na fase expiratória na 
tentativa de manter os alvéolos abertos; é musical e contínuo. Ao nível da laringe ou 
glote. 
• ESTRIDOR: som inspiratório musical de longa duração causado pela obstrução parcial 
das vias aéreas superiores (laringe — principalmente, glote ou traquéia) produzidos por 
edema, constrição ou corpo estranho. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
• Radiografia de Tórax: essencial e de suma importância. 
• Oximetria de pulso. 
• Gasometria arterial. 
• Análise de parâmetros de ventilação mecânica. 
Gabriela Reis Viol 
<Semiologia do> 
<Aparelho digestório> 
Anamnese 
• A anamnese voltada para uma queixa do aparelho digestivo geralmente aborda alguns 
sintomas principais, aqueles que são mais recorrentes. É importante saber, portanto, a 
definição desses sintomas para conseguir abordá-los de forma correta, dentre eles: 
REGURGITAÇÃO: diferente do vômito, a regurgitação é o retorno passivo de alimento ou 
secreção do estômago para esôfago, sem náuseas e sem participação de musculatura 
abdominal. O bebê com regurgitação encontra-se em bom estado geral, não possui 
nenhum mal estar ou nenhum outro sintoma associado (não possui palidez, febre etc). A 
regurgitação pode ser fisiológica nos primeiros meses de vida e não compromete o ganho 
ponderal entretanto devem ser investigada a frequência, a relação com introdução de 
novos alimentos (pois pode ser causada por um alimento que a criança não esteja 
tolerando muito bem, como por exemplo o leite de vaca) e a presença de outros sintomas 
associados. 
VÔMITOS: expulsão violenta do conteúdo gástrico pela boca que pode ser precedido de 
náuseas, palidez, taquicardia, sudorese, sialorréia. Esses sintomas devem ser 
investigados quanto à frequência (principalmente em relação aos vômitos), relação com 
introdução de novos alimentos, presença de outros sintomas associados. 
DISFAGIA: caracteriza-se pela dificuldade ou impossibilidade de deglutir alimentos. Essa 
disfagia pode ser alta ou pode ser baixa, por exemplo: corpo estranho no esôfago. 
ODINOFAGIA: dor que surge com a ingesta de alimentos (deglutição) e que pode estar 
relacionada a processos inflamatórios em cavidade oral ou lesões (faringite, amigdalite). A 
criança tem vontade de comer, mas ela não consegue. 
• É de extrema importância saber o significado de cada um dos sintomas acima para 
coletar melhor o dado clínico e fazer uma boa anamnese. 
• Entretanto, a queixa principal mais comum é a dor abdominal. Para avaliar essa 
queixa na História da Doença Atual, a primeira coisa que deve ser feita é descobrir a 
localização dessa dor e se há irradiação (para região que se possa ter relação com a 
parte urinaria ou apendicite), lembrando que se divide o abdome da criança da mesma 
forma que no adulto. 
• Outro dado importante é a intensidade dessa dor, algo difícil em pediatria, no caso de 
uma criança maior, isso é mais possível de ser perguntado, entretanto, crianças mais 
Gabriela Reis Viol 
novas não vão saber responder de forma verdadeira. Por isso, umas das coisas que 
podem ser usadas para essa investigação são os sinais de dor, como fácies de dor, 
história de que não está dormindo direito, reclama muito, chora, etc. Ainda na HDA 
deve ser perguntado os fatores desencadeantes e atenuantes, como o uso de 
medicamentos ou se após evacuação há alívio do sintoma. Junto a isso, investiga-se 
sintomas associados, a cronologia deles, evolução do quadro, frequência, se há 
períodos sem sintomas ou se são constantes. 
• Deve-se verificar também em relação a dor: 
CARACTERÍSTICA: cólica, queimação, pontada, início súbito ou não, melhora ou piora 
progressiva. 
INTENSIDADE: é subjetivo, como já foi dito, e deve-se observar características como: dor 
que acordar a criança a noite (dor forte). 
MANIFESTAÇÕES ASSOCIADAS: como náuseas, vômitos, sudorese, palidez. 
Normalmente essas manifestações estão associadas com dor de forte intensidade. 
RITMO/FREQUÊNCIA: se existem momentos que intercalam com ausência de dor. 
FATORES DESENCADEANTES E ATENUANTES: medicações, alimentação, evacuação. 
CRONOLOGIA. 
• É necessário verificar como é normalmente o hábito intestinal dessa criança, o quanto 
ela evacua por dia, se são todos os dias ou não e qual a consistência das fezes de 
acordo com a faixa etária. É importante lembrar que a principal causa de dor 
abdominal em crianças é constipação e a principal causa de constipação é o erro 
alimentar. Portanto, frequência semanal e a consistência das fezes (em bebês 
costumam ser mais pastosas pois a alimentação é liquida. A partir do momento em que 
inicia a alimentação com sólidos as fezes já se tornam mais endurecidas) são fatores 
que devem ser perguntados. 
• O bebê que toma leite materno obviamente terá fezes pastosas, menos consistentes. 
Daí surge o conceito de pseudodiarréia ou pseudoconstipação do lactente: lactentes 
amamentados exclusivamente ao seio materno podem apresentar fezes amolecidas 
sem déficit ponderal ou intervalo entre as evacuações que pode variar entre 3 e 10 dias 
(não é patológico). Muitas vezes essa demora preocupa muito a mãe, por isso é 
necessário esclarecimento de que isso é normal. Vale ressaltar que parar ser um 
quadro de pseudodiarreia ou pseudoconstipação é necessário que a alimentação seja 
exclusivamente pelo leite materno e que não haja outros sintomas associados. 
Gabriela Reis Viol 
A escala de Bristol muito usada na 
consulta pediátrica normal, seu uso é 
importante à medida que o médico 
pode mostrar para a mãe e ela 
mesma ident i f icar qual o t ipo 
predominante. O “padrão-ouro” é o 
tipo 4, podendo variar entre 3 e 5, 
entretanto, os tipos 1, 2, 6 e 7 
s i g n i f i c a m q u e a l g o e s t á 
acontecendo, não são normais. 
• CONSTIPAÇÃO INTESTINAL: consiste na eliminação de fezes endurecidas, com 
dificuldade ou dor, podendo estar associada a ocorrência de comportamento de 
retenção. Pode ser dividida em aguda ou crônica. 
AGUDA: permanece por um tempo abaixo de duas semanas e pode estar relacionada a 
mudança de ambiente, doenças agudas. 
CRÔNICA: persiste por mais de 2 semanas. 
• ESCAPE FECAL/SOILING: perda involuntária de parcela do conteúdo fecal 
consequente à retenção de fezes no reto. Pode ser fisiológico ou casado após um 
período de constipação. A criança apresenta eliminação de fezes sem controle 
esporadicamente ou várias vezes ao dia podendo ser interpretado como diarréia. Uma 
situação muito comum é a criança que evita ir ao banheiro (porque está brincando/
entretida) por isso faz retenção e quando não consegue segurar mais, ocorre escape. 
Entretanto, essa situação deve ser diferenciada da encoprese. 
• ENCOPRESE: evacuação completa sem local ou em momento inapropriado, podendo 
ser, no entanto, uma causa de natureza psicológica ou psiquiátrica. 
• INCONTINÊNCIA FECAL: falta de controle esfincteriano devido a um distúrbio 
neuromuscular (Duchene). 
• DIARREIA: pode ser dividida em diarreia aguda e persistente: 
AGUDA: etiologia geralmente infecciosa, auto-limitada, que dura até 2 semanas. Pode 
levar a um quadro de desidratação. 
PERSISTENTE: diarreia por período superior a 14 dias. Pode comprometer o estado 
nutricional. É importante investigar o número de evacuações, presença de sangue ou 
muco (relacionado com infecções bacterianas) e fatores associados. 
Gabriela Reis Viol 
• ESTEATORREIA: aumento da quantidade de gordura excretada nas fezes. 
Caracteriza-se por fezes brilhantes, que flutuam. Geralmente associada com doença 
desabsortiva em que a criança não consegue absorver gordura. Por exemplo em 
fibrose cística que cursa com insuficiência pancreática. 
• TENESMO: sensação de dor no reto e no períneo com desejo imiperioso de evacuar 
com eliminação de fezes em pequena quantidade e muco. Geralmente presente em 
doenças bacterianas. 
• ACOLIA FECAL: coloração esbranquiçada das fezes devido a redução da bilirrubina. 
No RN sugere atresia de vias biliares. 
Examefísico 
• Partindo para o exame físico a primeira coisa que pode ser feita é verificar o estado 
nutricional para depois iniciar o exame abdominal específico. 
• Quanto à INSPEÇÃO, é possível verificar: 
I. Cor de pele e outras alterações cutâneas. 
II. Alterações do umbigo (como a presença de hérnias). 
III. Cicatrizes (provenientes, por exemplo de cirurgias prévias). 
IV. Contrações visíveis de vísceras ocas (peristalse em pacientes muito emagrecidos). 
V. Distensão abdominal como, por exemplo, em quadros obstrutivos. 
VI. Saliências e retrações, eventrações. 
VII.Movimentos respiratórios (respiração da criança é predominantemente diafragmática). 
• Em RN é muito importante detectar defeitos na parede do abdome quando presentes. 
Por exemplo: gastrosquise (através do umbigo ocorre exteriorização de vísceras) e 
onfalocele (esta é a mesma coisa que a primeira, mas há revestimento por peritônio – 
malformação da parede). 
• Depois de ser feita a inspeção, é importante seguir com AUSCULTA (antes da 
palpação e percussão para que não haja interferência no resultado dela). 
I. Deve ser realizada nos 4 quadrantes, no mínimo 15 segundos, sendo normal: 5 
ruídos/minuto (mínimo 1-2). 
II. Quando os ruídos intestinais (borborismo) estão aumentados, deve-se pensar em 
diarréia ou início de peritonite, abdome agudo ou quadro obstrutivo. Já a situação 
inversa, é quando há redução ou ausência, nesse caso deve-se pensar em íleo 
paralítico e peritonite instalada. 
Gabriela Reis Viol 
• Seguido da ausculta tem-se a PERCUSSÃO: 
I. Realizada em pacientes que cooperam com o exame. Em RN ou crianças que choram 
muito durante o exame essa etapa não é possível de ser realizada. 
II. Permite delimitar órgãos maciços como fígado e baço, além de tumores e ascite. 
III. O timpanismo normalmente fica exacerbado em excesso de gases (aerofagia), 
obstrução intestinal e pneumoperitôneo. 
• Por fim, a PALPAÇÃO, essa deve ser a última a ser realizada. 
I. Primeira coisa a se considerar é que quanto menor a criança mais tensa é o abdome. 
Entretanto, o sucesso depende do relaxamento muscular da parede abdominal e para 
isso deve-se evitar manobras bruscas e potencialmente dolorosas. 
II. Quanto à posição a criança deve ficar em decúbito dorsal, relaxada, cômoda, sem 
travesseiro. Lembrar que se a criança estiver com queixa de dor no lado direito, o 
exame deve ser iniciado do lado esquerdo. 
III. Para ser realizado de forma correta, espera-se a inspiração (no choro há respiração 
profunda e isso ajuda), pois é o momento de maior relaxamento e com a mão 
espalmada e exploração com dedos faz-se a palpação superficial inicialmente e 
aumentando a pressão aos poucos, começando com regiões não dolorosas e 
aproximando das regiões mais sensíveis. 
IV. Durante a técnica pode-se tentar distrair a criança e evitar sugestioná-las. 
V. Por fim, as fossas ilíacas podem ser palpadas no final com as pernas da criança 
fletidas. 
VI. Pode-se considerar normal quando a parede é elástica, depressível e indolor. 
VII.É importante, portanto, avaliar a sensibilidade cutânea, se há contratura ou espasmo 
permanente, podendo este ser localizado, como por exemplo, na fossa ilíaca direita, 
que pode identificar uma apendicite: dor a descompressão brusca. Ou generalizado, 
caracterizado como sinal de Blumberg que muitas vezes identifica peritonite. 
VIII.Na palpação é possível também verificar a presença de tumoração: tumor, oliva 
pilórica (estenose hipertrófica de piloro), invaginação intestinal. Como também a 
presença de solução de continuidade: hérnias (a mãe pode notar durante o choro) – 
muitas delas regridem sozinhas, espera-se 2 a 3 anos para encaminhar, apenas 
quando é grande deve ter encaminhamento imediato). 
• Quanto à avaliação do UMBIGO faz-se, no período pré-natal, a observação da 
presença de 2 artérias e 1 veia. A artéria umbilical única pode estar relacionada com 
malformações renais (principalmente), digestivas e circulatórias. 
Gabriela Reis Viol 
• Pode-se analisar também se há ou não presença de granuloma do coto: umbigo úmido 
e secretante (deve ser tratado com nitrato de prata). Deve-se ainda perguntar quanto 
tempo o coto umbilical demorou para cair (o normal são 2 semanas). Cotos que 
demoram a cair podem estar relacionados a quadros de imunodeficiência. 
• Na avaliação do FÍGADO, verifica-se que na criança ele é maior do que do adulto. No 
lactente é palpado a 2-3 cm do rebordo costal direito. Quando 3-6 anos, geralmente ao 
nível da margem costal podendo ultrapassar 1-2 cm. Técnica: mão direita espalmada 
no abdome (hipocôndrio D), palpando com as polpas digitais indo de baixo para cima. 
Aproveitar a descida respiratória para palpá-lo. 
• O BAÇO que normalmente não é palpável, a não ser em uma pequena parte de 
crianças em que pode ser palpada a ponta de baço. Técnica: palpado a esquerda do 
paciente, com as mãos em gancho ou com a mão direita no quadrante abdominal 
superior fazendo uma ligeira inclinação. 
• Por fim, RETO/ÂNUS, recém-nascido que não evacuou mecônio nas primeiras horas 
pode ser sinal de malformação anorretal (atresia, imperfuração). Quando com dor anal 
pode ser geralmente distensão por fezes. Diferente de prurido anal que pode ser 
oxiuríase ou uma dermatite alérgica. 
• A técnica deve ser feita com o paciente em posição genupeitoral ou decúbito lateral, a 
palpação deve ser suave com polpas dos dedos. Já o toque retal é um exame não 
rotineiro realizado apenas em situações específicas. 
<Aparelho locomotor> 
Anamnese 
• Uma das coisas mais importantes é a idade. Algumas patologias são características de 
algumas faixas etárias. 
• O raquitismo é exclusivo da faixa pediátrica, já as infecções podem ocorrer em 
qualquer idade, mas osteomielite é mais comum em crianças ou jovens, os 
osteosarcomas são mais comuns no adulto (não é comum em pediatria) e as 
osteocondrites (Doença de Calvé-Legg - Perthes e Osgood Schlatter) têm suas 
primeiras manifestações na primeira década de vida. 
Gabriela Reis Viol 
• Quanto ao sexo, podemos ver na prática que algumas patologias são mais comuns em 
meninas do que em meninos e vice-versa, como por exemplo: osteocondrite do quadril 
- mais comum em meninos e luxação congênita de quadril - mais comum em meninas. 
• A história alimentar também pode contribuir na investigação à medida que detectamos 
deficiências nutricionais que falam a favor de raquitismo. 
• A prática de atividade física e trauma são outros dois dados importantes de serem 
perguntados. 
• Um dos sintomas mais comuns na queixa locomotora é a dor, portanto deve ser feito 
todas as perguntas que envolvem esse sintoma: 
LOCALIZAÇÃO: epífise, metáfise e diáfise, sendo ela única ou múltipla. Normalmente em 
queda/trauma o acometimento é em face extensora de membros, enquanto infecções 
geralmente são em extremidades ou em transição. 
DURAÇÃO: quando começou, se é ou não recorrente. 
INTENSIDADE: profunda, surda, intensa, capaz de acordar o paciente ou não; 
CARACTERÍSTICA DA DOR: noturna, diurna, contínua, se tem irradiação. 
AGRAVANTES E ATENUANTES: piora com o movimento (fratura) ou melhora (processo 
inflamatório), piora com a palpação do local, se tem dor articular ou artrite (deve ser 
visualizada ao exame físico). 
observação: em pediatria deve-se sempre pensar em dores de crescimento. A dor pode 
ser intensa, mas sem localização específica. É comum na faixa etária de 6-13 anos. 
• Quanto às deformidades ósseas, elas podem ser tanto únicas, como “caroços” ou 
“tumefações” localizados, palpáveis e/ou visíveis, que são geralmente decorrentes de 
doenças infecciosas ou sequela de fratura mal consolidada (mais comum). Como 
também podem acometer diversos ossos, exemplo: rosário raquítico (junções 
proeminentes), genu varo, genu valgo. 
• Por fim, deformidades da coluna como cifose, escoliose e cifoescoliose (vício 
postural, processo infeccioso como tuberculose ou mecanismo antálgico nos traumas), 
estas ocorremmais em adolescentes. É importante o conhecimento de malformações 
congênitas, como as hemivértebras (vértebras menores) ou mielomeningocele, além de 
manifestações sistêmicas associadas: febre, astenia, anorexia e perda de peso (mais 
em colagenoses e neoplasias). 
Exame físico 
• Deve ser realizado com a criança em pé, sentada e deitada, sempre comparando 
ambos os lados. 
Gabriela Reis Viol 
• Na inspeção é possível identificar: deformidades, o aumento de segmento ósseo, 
marcha alterada, por exemplo. As deformidades mais comuns são as deformidades dos 
dedos, pés, membros inferiores. 
• Quanto às DEFORMIDADES DOS DEDOS pode-se classificar como: 
POLIDACTILIA: dedo excedente, mais comum em meninas e raça negra. 
SINDACTILIA: dedos unidos por aderências fibrosas ou ósseas. 
ARACNODACTILIA: anormalidade familiar em que os dedos das mãos e pés são 
compridos e finos. 
DEDOS SOBREPOSTOS: comum em dedos centrais de RN, geralmente involui 
espontaneamente. 
• Já as DEFORMIDADES DOS PÉS, a principal é: 
PÉ TORTO CONGÊNITO: planta do pé voltada para dentro, a partir daí existem duas 
possibilidades: pé congênito verdadeiro, que é presente ao nascimento, e a deformidade 
por causa postural (ocorre pela posição que o bebe ficou dentro da barriga da mãe, com o 
tempo o pé retorna para o lugar). Entretanto, geralmente, quando é verdadeiro ocorre 
atrofia da panturrilha e o pé afetado é menor do que o normal. Pode ou não estar 
associado a outras malformações e deve ser encaminhado para o ortopedista. O 
tratamento inicial é com imobilizações engessadas. 
• No caso dos MMII podem ocorrer: 
GENO VALGO: pode estar mais evidente na fase de crescimento (em torno dos 4 anos de 
idade) e tende a normalizar ao final do crescimento. 
GENO VARO: é fisiológico antes da marcha (até os 2 anos mais ou menos). 
GENU RECURVATUM: hiperextensibilidade do joelho. 
• Durante a palpação pode ser detectado o aumento de volume, avaliando a consistência 
(quando endurecidas podem estar relacionadas com tumores), forma, localização, 
tamanho e relação com tecidos moles, além de sinais flogísticos presentes na 
osteomielite e presença de fístula (processo infeccioso crônico como tuberculose, 
micoses). 
• Outras duas avaliações importantes são a presença de crepitações que ocorrem em 
fraturas ou osteocondrose e dor a palpação, o que muitas vezes dificulta o exame, 
como na osteomielite, por exemplo. 
• No momento de examinar as articulações, deve ser levado em conta: 
FORMA E VOLUME: aumento de volume pode ser decorrente de edema, aumento de 
líquido sinovial, osteófitos. 
POSIÇÃO: alterações aponta processos crônicos. 
Gabriela Reis Viol 
SINAIS INFLAMATÓRIOS: afecções reumáticas. 
CREPITAÇÕES. 
MOVIMENTAÇÃO: ativa e passiva, se há ou não dor e limitações. 
observação: uma das manobras mais importantes de ser realizada durante a avaliação 
física das articulações (até os 2 meses) é a manobra de ortolani, ela é importante para 
pesquisa da displasia do desenvolvimento do quadril ou luxação congênita do quadril. 
No RN, geralmente há instabilidade articular que se não tratada pode evoluir de forma 
mais grave e prognóstico mais reservado. É mais comum no sexo feminino e em partos 
pélvicos. Deve ser realizada com a criança em decúbito dorsal em superfície firme. Faz-se 
então uma flexão dos quadris e joelhos a 90° e abdução bilateral. Na luxação é promovida 
redução com consequente sensação de “ressalto” (“saída da articulação”). Outra manobra 
que pode ser realizada complementando a manobra de ortolani é a manobra de Barlow, 
esta é utilizada para confirmar presença ou ausência de luxação congênita, para isso, é 
feito o movimento oposto à manobra de ortolani, ocorrendo então uma redução do quadril 
se ele estiver luxado. Só é feita quando o ressalto é sentido. 
• Para examinar a coluna vertebral, o paciente deve permanecer com a menor 
quantidade de roupas possível. É feito uma análise do plano frontal anterior e posterior, 
permitindo ver a simetria das cinturas escapulares e pélvica, alinhamento dos membros 
inferiores e posição dos pés. Nessa avaliação podem ser encontrados então os desvios 
laterais (escoliose). 
• Outra análise é em perfil, avalia as 4 curvaturas - lordose cervical, cifose torácica, 
lordose lombar e cifose sacra. 
• E por fim, a análise em posição antálgica. O paciente com algum acometimento de 
coluna pode se queixar de dor à palpação. 
• Um teste que pode ser feito é o teste de inclinação, este é realizado com o paciente de 
costas para o examinador, a técnica consiste em inclinar o tronco para frente com a 
pelve imóvel e joelhos em extensão. Ele avalia flexibilidade em conjunto, desvios - 
qualquer alteração rotacional na coluna lombar ou torácica representada pela 
gibosidade. 
observação: a lordose lombar não desaparece. 
Gabriela Reis Viol 
Doenças musculares 
• DISTROFIA MUSCULAR PROGRESSIVA:é uma doença de natureza genética, onde 
os músculos esqueléticos sofrem atrofia por acometimento neuromuscular. Tem-se o 
exemplo da doença Werdnig Hoffman, nela o paciente perde primeiro a força nas 
extremidades e depois vai perdendo força muscular de outras musculaturas 
importantes como a da respiração, prognóstico ruim. 
• ATROFIA MUSCULAR GENERALIZAD: geralmente associada a perturbações 
nutritivas – desnutrição, raquitismo, doenças debilitantes. 
• ATROFIA MUSCULAR LOCALIZADA: ocorre por alterações ósseas e articulares 
crônicas ou consequente imobilização prolongada de membro. 
Doenças congênitas 
• OSTEOGÊNESE IMPERFECTA: fragilidade óssea acompanhada de escleróticas azuis 
(forma mais grave) e flacidez dos ligamentos, é como se a criança fosse de cristal, 
puxa o braço e tem fratura. Tem apresentações diferentes com gravidades diferentes. A 
forma mais precoce (mais grave) se manifesta com várias fraturas desde nascimento. 
• ACONDROPLASIA: perturbação do crescimento cartilaginoso que ocorre desde o 
nascimento e se acentua com o crescimento. Afeta principalmente ossos longos, 
levando a micromelia (membros curtos). A cabeça e o tronco são normais e pernas e 
braços pequenos. Há acentuação da lordose lombar. 
• LUXAÇÃO CONGÊNITA DO QUADRIL: avaliada ao nascimento através das manobras 
de Ortolani/Barlow. 
Lesões por traumas 
• Por esforço repetitivo que acometem sobretudo adolescentes. 
APOFISITES: ocorrem em regiões com grande tensão ou sobrecarga, como no joelho: 
Osgood – Schlatter (inflamação na cartilagem do joelho e na tíbia/comum em 
adolescentes); calcâneo: Sever (epifisite do calcâneo, acometimento comum em pediatria 
na faixa 6-12 anos: uso de chuteiras); cotovelo: epicondilite do tenista (que ocorre mais 
em adultos). 
Gabriela Reis Viol 
causas de claudicação 
• SINOVITE TRANSITÓRIA DE QUADRIL: causa mais comum de claudicação não 
traumática na infância onde ocorre uma alteração inflamatória de causa não conhecida 
que pode ser precedida por infecção do trato respiratório superior. Ocorre 
principalmente em meninos de 3 a 8 anos de idade. Não há queda do estado geral e a 
dor quando presente ocorre nas primeiras 24 horas; dura 5-10 dias; limita 
principalmente rotação interna e abdução. Na radiografia resultado é normal e no 
máximo, uma ultrassonografia com efusão articular. Não deixa sequelas. 
• DOENÇA DE LEGG-PERTHES: também conhecida como osteocondrite do fêmur. 
Há uma alteração na epífise da cabeça femoral em crianças, sendo mais comum em 
meninos de 4-10 anos. É caracterizada por claudicação, dor no quadril ou referida no 
joelho com graus variáveis de limitação na mobilidade do quadril (abdução e rotações). 
O diagnóstico radiológico pode identificar alterações características que vão 
modificando até o final do crescimento. Tem uma boa evolução em 60-70%; na maioria 
das vezes é cirúrgico. Nessa doença ocorre uma necrose da cabeça do fêmur e, por 
gerar sintomas parecidos com a doença anterior, esta é um diagnóstico diferencial 
importante de ser feito. 
<Aleitamento Materno>• É de extrema importância entender sobre o aleitamento materno, porém o que falta nos 
profissionais é saber orientar como isso deve ser feito e o quanto é importante para o 
bebê. 
• Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação 
profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua 
habilidade de se defender de infecções (a criança consegue captar anticorpos de todo 
o histórico infeccioso da mãe sem precisar se infectar), em sua fisiologia e no seu 
desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na saúde física e 
psíquica da mãe. 
• As marcas de leite para lactentes lutam para chegar à fórmula ideal, entretanto, isso 
nunca será possível dentro desse conceito de amamentação. 
• Apesar de ser algo aparentemente simples, há dificuldades quanto sua execução, por 
isso defende-se que a primeira consulta deveria ser na gestação. 
Gabriela Reis Viol 
• Técnica inadequada: mães sem experiência. 
• Mamas ingurgitadas – inicialmente, a criança não consegue sugar todo o volume da 
mama, além disso, a sucção aumenta a secreção de prolactina e ocitocina estimulando 
a secreção de leite aumentando ainda mais o volume da mama, deixando-as 
ingurgitadas. 
• Traumas mamilares - não pega a mama da forma correta. 
• Ductos obstruídos - com formação de nódulos por ingurgitamento da mama. 
• Infecções: mastites. 
• Insegurança: a dúvida da mãe se ela consegue ou não fazer com que a criança ganhe 
peso somente com leite materno. 
• As soluções diante dessas limitações consistem em orientação e tratamento adequado, 
este último no que se refere às doenças, e isso, depende principalmente do 
conhecimento e habilidade do pediatra. 
• A amamentação é uma das intervenções mais eficazes para melhorar a saúde infantil. 
• Ela diminuiu a morbimortalidade por diarreia e infecções respiratórias e melhorou a 
qualidade de vida Mãe-Filho, pois o leite materno tem ação bactericida, antiinflamatoria, 
tem IgA secretora. 
• É muito importante o apoio da família e das avós quanto à amamentação. Atualmente, 
há campanhas que tentam aumentar a licença a maternidade paterna de 5 dias para 20 
para melhorar essa situação. 
• Há um artigo sobre a influência das avós no aleitamento materno cuja conclusão foi 
que a ausência de avós durante o processo de aleitamento materno foi um fator de 
proteção para que a prática seja realizada com sucesso. É necessário “conquistar” a 
avó durante a consulta pediátrica. 
• A importância de mãe e avó apoiarem a prática de aleitamento materno reside no fato 
de que é notável a diferença de uma criança com leite materno exclusivo para aquela 
criança que iniciou com a fórmula, e por questões financeiras, passou a receber leite de 
vaca, favorecendo o surgimento de doenças como a anemia ferropriva. 
benefícios para o lactente 
• Nutrição ótima: a mãe tem o melhor leite e de graça! Além disso, o leite do prematuro 
tem composto a mais que o do a termo. 
• Crescimento e desenvolvimento adequados. 
• Proteção contra diarréia, infecções respiratórias, alergias (a introdução de leite de vaca 
muito cedo está muito associado ao surgimento de alergias), anemia ferropriva 
(crianças com leite materno exclusivo não tem necessidade de reposição de ferro, 
Gabriela Reis Viol 
apesar de fazer a reposição a partir do terceiro mês), hipertensão, hipercolesterolemia, 
obesidade e diabetes. 
• Efeito positivo no desenvolvimento da arcada dentária e da musculatura perioral 
(devido à prática de sucção). 
benefícios para a mãe 
• Previne contra câncer de mama. 
• Evita nova gravidez. É um método anticoncepcional, pois a mãe não menstrua quando 
amamenta exclusivamente. 
• Praticidade e economia com fórmulas. 
• Evita erros de preparo (diluição) e contaminação. 
• Fortalece vínculo afetivo entre mãe-filho (Lição de vida: assim como toda relação a 
dois, se um deles não quiser, ela não ocorre). 
benefícios para a nação 
• Menores custos na compra de outros leites, e com gastos com hospitalizações e 
doenças infantis para as quais o leite materno apresenta fatores de proteção. 
observação: o SUS é obrigado a fornecer a fórmula quando a mãe comprova que não 
tem como pagar, ou seja, mais um gasto para o governo. 
Aleitamento materno - oms 
• EXCLUSIVO: criança recebe somente leite materno, sem outros líquidos ou sólidos. O 
correto é o exclusivo até os seis meses e o complementar a partir desse tempo. 
• PREDOMINANTE: criança recebe além do leite materno, água ou bebidas à base de 
água, sucos de frutas, solução de sais de reidratarão oral, mas não recebe outro tipo de 
leite. 
• COMPLEMENTADO: quando a criança recebe além do leite materno, qualquer 
alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de complementar o leite materno e não 
o substituir. Por exemplo: papa de misturas múltiplas. 
• MISTO OU PARCIAL: quando a criança recebe, além do leite materno, outro(s) tipo(s) 
de leite. É o caso de dar o leite materno e outro tipo de leite após com finalidade de 
fazer criança ganhar peso. 
• Além das definições acima, deve-se considerar que: leites de outras espécies utilizados 
para substituir o leite materno não são considerados alimentos complementares (estes 
Gabriela Reis Viol 
são: carne, ovos, legumes). O termo suplemento tem sido utilizado para água, chás, e/
ou substitutos do leite materno. 
• Início precoce da amamentação: criança colocada no seio materno na 1ª hora de vida. 
Essa prática é extremamente importante. 
• Desmame: completa cessação do aleitamento materno. 
• A partir de então, a OMS concluiu que o aleitamento materno deve ser exclusivo até os 
6 meses (sem agua, chá, suco) e entre os seis meses até aos dois anos de idade, o 
aleitamento complementar. 
Fisiologia da Lactação 
• As mulheres possuem 15 a 25 lobos mamários (glândulas túbulos-alveolares), 
constituídos cada um, por 20 a 40 lóbulos. Cada lóbulo é constituído por dez a cem 
alvéolos, com células secretoras de leite. 
• A fisiologia da lactação se divide em: 
LACTOGÊNESE ESTÁGIO I quando ainda está grávida. 
• Gravidez: preparação da mama durante a gravidez com liberação de vários hormônios, 
dentre eles o estrogênio, responsável pela ramificação dos ductos lactíferos, e 
progestogênio responsável pela formação dos lóbulos. Há também a participação de 
outros hormônios que aceleram o crescimento mamário: lactogênio placentário, 
prolactina, gonadotrofina coriônica. 
• A Lactogênese inicia-se após o parto com queda dos níveis maternos de progesterona e 
aumento acentuado de prolactina. 
Gabriela Reis Viol 
• Os níveis de prolactina materna caem muito até 3º dia, mas o efeito da sucção leva a 
liberação de ocitocina pela neuro-hipófise levando a contração das células mioepiteliais 
que envolvem os alvéolos ocorrendo expulsão do leite produzido, além de provocar a 
contração da musculatura lisa uterina que promove dor nos primeiros dias mas também 
auxilia na diminuição do sangramento uterino. 
observação: a liberação da ocitocina provocada pelo estímulo da sucção também ocorre 
em resposta a estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e choro da criança, a 
fatores de ordem emocional como motivação, autoconfiança e tranquilidade. Porém, dor, 
desconforto, estresse, ansiedade, medo, insegurança e a falta de autoconfiança podem 
inibir o reflexo de ejeção do leite, prejudicando a lactação. Assim existe o PAPEL 
IMPORTANTE DO PEDIATRA. 
observação: além disso, se o peito permanecer cheio de leite, a secreção é 
interrompida, por isso pode dar mama ingurgitada. 
LACTOGÊNESE ESTÁGIO II: 2 a 3 dias após o parto com secreção abundante de leite. 
LACTOGÊNESE ESTÁGIO III (galactopoiese): manutenção na produção de leite durante 
toda a lactação – depende da sucção e esvaziamento da mama. 
Composição do leite materno 
• O leite materno é surpreendentemente homogêneo quanto à sua composição. 
• Apenas as mulheres com desnutrição grave podem ter o seu leite afetadotanto na 
qualidade como na quantidade. 
• Nos primeiros dias, o leite materno/colostro, contém mais proteínas e menos gorduras 
que o leite maduro, ou seja, o leite secretado após o 7º ou 10º dia pós-parto é rico em 
imunoglobulinas, especialmente IgA. 
• A concentração de gorduras no leite materno aumenta no decorrer de uma mamada. 
• Portanto, o leite do final da mamada é mais rico em energia e sacia melhor a criança, a 
mãe que tem dificuldade em esvaziar a mama acaba por diminuir a quantidade de 
gordura para o lactente e isso interfere em seu peso. Então, o início da mamada hidrata 
e o final da mamada engorda. 
• É orientado que a mãe primeiro esvazie uma mama toda para depois trocar de mama, 
na próxima amamentação, começar pela última mama para também esvazia-la e 
depois trocar novamente. 
Gabriela Reis Viol 
• A quantidade de calorias, lipídios e proteínas é maior no leite do pré-maturo 
(justamente para compensar o fato de serem pré-maturos, ou seja, nasceram antes de 
adquirirem todos nutrientes necessários). 
• Há também um conjunto de enzimas como: lisozima, lactoferrina, oligossacarídeos e 
fator bifiduss. 
• Quanto à composição do colostro (presente no primeiro ao sexto dia após o parto – 
cerca de 10 a 100 ml/dia - tem volume bem pequeno): 
Gabriela Reis Viol 
I. Amarelado, mais denso que o leite maduro sendo secretado em menores volumes. 
II. Rico em proteínas e vitaminas A, E e K; zinco e sódio. 
III. Contém menos gorduras e carboidratos, rico em proteínas. 
IV. Contém mais anticorpos (IgA) e mais células (linfócitos, neutrófilos e macrófagos). 
V. Laxativo e ajuda a eliminação do mecônio. Esse é o momento de saber se o bebe tem 
alguma obstrução intestinal. A demora na eliminação de mecônio preocupa. 
VI. Reduz a probabilidade do desenvolvimento de alergia alimentar. 
VII.Rico em fatores de crescimento que estimulam o amadurecimento do intestino da 
criança preparando-o para digerir e absorver o leite materno. 
Técnica de amamentação 
•Importante o bom posicionamento 
da mãe e do filho e da pega 
correta. 
•Ambos confortáveis. 
•Corpo do filho bem próximo do 
corpo da mãe (barriga com 
barriga). 
•Rosto do bebê de frente para a 
mama, olhando pra mama. 
•Tronco e cabeça alinhados, não 
deixar ficar com a cabeça caída. 
• Não pode fazer barulho, se fizer está ocorrendo entrada de ar, está errado. 
• Criança bem apoiada. 
observação: técnica incorreta leva a sucção ineficiente além de poder causar feridas e 
fissuras nos mamilos. 
Manejo da amamentação 
• Deve ser livre demanda sendo a média de 8/10 mamadas por dia. Deve ocorrer o 
esvaziamento completo das mamas, pois o leite do final da mamada é mais calórico. E 
é fundamental alternar as mamas, começando sempre pela mama que a criança 
mamou por último. 
• É importante também acompanhar o ganho ponderal. 
• O manejo das dificuldades deve considerar as causas mais prováveis: 
Gabriela Reis Viol 
I. Ingurgitamento mamário: É comum. A criança acorda, estimula a liberação do leite e 
dorme, acorda, estimula e dorme, ou seja, na mãe vai ocorrendo a liberação de 
ocitocina e com isso o leite se acumula na mama. Pode ser tanto fisiológico quanto 
patológico. No fisiológico: mamas cheias, doloridas, mas sem hiperemia ou edema e o 
leite flui facilmente, a sucção resolve. Em casos patológicos geralmente primeiros dias 
após o parto. Ambas as mamas difusamente edemaciadas, firmes e doloridas e o leite 
não flui bem. Deve ser retirado o excesso de leite por ordenha, aplicar compressas 
mornas ou ducha quente. 
observação: a solução é amamentar com mais frequência e não oferecer suplemento. 
II. Trauma das mamas: fissuras (técnica errada), eritema, edema, bolhas, etc. Deve-se 
corrigir a técnica, ordenhar um pouco de leite antes da mamada, manter mamilos 
secos (ou passar o próprio leite e deixar secar com exposição à luz solar). Evitar 
protetores e produtos. Se necessário: analgésico oral (PARACETAMOL). 
observação: umidade propicia candidíase. 
III. Infecções mamilares por cândida na mãe e bebê: tratar ambos com Nistatina 
(candidíase). 
IV. Bloqueio de ductos lactíferos (nódulos palpáveis): nódulos palpáveis sensíveis e 
dolorosos + hiperemia + calor local. Podem apresentar febre, deve-se então variar a 
posição do bebê na mamada, massagear, compressas mornas (banho morno) e uso 
de sutiãs adequados, que sustentem bem. 
V. Mastite: processo inflamatório geralmente unilateral e que pode estar associado à 
infecção bacteriana (causa: estase do leite) que ocorre nas 2-3 primeiras semanas. 
Deve-se fazer o repouso, ordenhar o leite e uso de analgésicos, se necessário 
antibiótico. 
VI. Abcesso mamário: antibiótico e drenagem. 
observação: o mais comum é o ingurgitamento. 
Mãe e trabalho 
• A mãe tem Licença maternidade durante 120 dias. E para dar continuidade à 
amamentação, dois intervalos de meia hora por dia até seis meses (dependendo a mãe 
pode negociar com o patrão para adequar esse direito com o que for melhor para ela, 
por exemplo: sair mais cedo do trabalho ou ter 15 dias a mais). É muito importante ter 
esse conhecimento para saber orientar as mães, pois o grande desafio para a 
amamentação prolongada é à volta ao trabalho. 
Gabriela Reis Viol 
• Em 2008, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) juntamente com a senadora 
Patrícia Saboya: projeto que levou à Lei 11.770/08, que proporciona participação 
voluntária, com opção das mulheres e das empresas Licença maternidade de 180 dias. 
• Uma alternativa eficaz é congelar o leite em recipientes esterilizados. O leite pode 
permanecer até 12 horas na geladeira e 15 dias no congelador. Antes de oferecer à 
criança deve-se descongelar em banho maria mas sem ferver a água. 
<Desenvolvimento> 
• CRESCIMENTO: significa aumento físico do corpo – como um todo ou partes – e pode 
ser medido em centímetos ou gramas. Sendo assim, traduz aumento do tamanho das 
células (hipertrofia) ou aumento do número de células (hiperplasia). 
• DESENVOLVIMENTO: É o aumento da capacidade do indivíduo na realização de 
funções cada vez mais complexas, com a finalidade de relacionar-se mais e melhor 
com o mundo. O desenvolvimento neuropsicomotor da criança depende, entre outros 
fatores, da mielinização no sistema nervoso, sendo que esse processo estará 90% 
completo entre 3 e 4 anos de idade, enquanto os 10% restantes se completam até o 
final da adolescência. 
• BOM PROGNÓSTICO: um bom prognóstico é observado quando a aquisição de 
habilidades se faz de maneira ordenada e progressiva – ou seja, com evolução 
constante, mesmo que com certo atraso e algo desajeitado. Uma vez adquirida, essa 
habilidade será de boa qualidade, pois as crianças treinam até conseguir fazer 
adequadamente. É importante ressaltar que, nesses casos, as aquisições são 
acompanhadas da inteligencia, ou seja, a criança mostra que compreendeu, tem 
consciência de que aprendeu algo. 
Tipos de Desenvolvimento 
I. MOTOR: é fácil de avaliar, pois envolve desenvolvimento de habilidades motoras 
grosseiras (que envolvem grandes músculos – ex: sentar, andar, ficar em pé) e finas 
(envolvem pequenos músculos das mãos – ex: pegar objetos com os dedos, pegar 
coisas mais delicadas). 
II. SENSORIAL: avalia o desenvolvimento da visão e audição. É importante ressaltar a 
importância do teste da orelhinha, em que pode-se detectar problemas auditivos antes 
da criança começar a falar, de forma que ela pode ser estimulada precocemente. 
Gabriela Reis Viol 
III. LINGUAGEM. 
IV. SOCIAL, ADAPTATIVO, EMOCIONAL E COGNITIVO: é um tipo de desenvolvimento 
mais difícil de se avaliar. Para tal, pode-se pedir laudos das professoras na escola, de 
modo a analisar o comportamento, relacionamento com pares e dificuldades da 
criança. 
• O desenvolvimento é um processo dinâmico, resultado de experiencias vividas e 
relações com o meio ambienta, gerando mudanças no aspecto físico, emocional, 
linguístico, cognitivo e social, bem como na construçãodo psiquismo. 
• Subjetividade: a subjetividade é que faz o indivíduo ser único, sendo ela construída 
desde o nascimento. Ela é resultado das vivencias individuais e coletivas do sujeito, 
que o torna um indivíduo único. 
Avaliação do Desenvolvimento 
• A avaliação da criança tem que se dar desde a entrada no consultório. Deve-se 
observar, incialmente, a relação entre o cuidador e a criança – o normal é a criança ter 
medo das pessoas com jaleco e estarem agarradas no cuidador, sendo assim, casos 
contrários não são normais e, devem, portanto, despertar desconfiança quando a 
criança parece confiar mais no médico do que no próprio cuidador. 
• Ademais, é importante detectar outras anormalidades, como crianças que não 
interagem (autista), crianças com comportamentos inadequados, depressivas e etc. Há 
situações que são comuns – como quando nasce um irmão e a criança mais velha 
perde o centro das atenções, podendo passar a urinar na cama, falar como um bebe e 
etc, mas isso é normal. 
• Dessa forma, sobre a avalição do desenvolvimento, deve-se sempre considerar: 
- A opinião da mãe sobre desenvolvimento. 
- Informações sobre fatores de risco. 
- Verificação de perímetro cefálico. 
- Presença de alterações fenotípicas – alterações que sugerem síndromes. 
- Avaliação específica: utilização de escalas de desenvolvimento (ex: Denver). 
• Fatores de risco para atraso no desenvolvimento normal 
- Antes de engravidar: a gestação foi planejada? 
- Durante a gestação: houve problemas? Doenças maternas, infecções, uso de álcool, 
fumo, drogas. 
- Durante o parto: anoxia, hemorragias. 
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- No nascimento: peso baixo, prematuridade. 
- No período neonatal: infecções, internações, distúrbios metabólicos. 
• Por isso, durante a anamnese é importante avaliar: 
HPP: doenças graves, traumatismos cranianos e convulsões; 
H. familiar: deficiencias ou transtornos psiquiátricos; 
H. do desenvolvimento: percepção dos pais sobre o desenvolvimento, ou seja, quetiona 
los sobre aquisições da criança, sobre marcos de seu desenvolvimento – pois nem tudo 
pode ser observado pelo exame físico. 
Fases do Desenvolvimento 
I. INTRAUTERINO: nesse momento o feto já pode reagir a sons e já possui certo grau 
de olfato, visão e tato. 
II. RECÉM-NASCIDO 
• Braços e pernas fletidos – pois há predomínio do tonus flexor. 
• Reage a barulhos intensos. 
• Dorme grande parte do tempo. 
• Tem percepções visuais e algumas olfativas. 
• É capaz de sorrir na segunda semana de vida – ao som da voz da mãe ou de alguma 
outra pessoa próxima (sorriso social). 
• Suas reações de necessidade são: sono, fome, saciedade e irritabilidade. 
• É uma fase de grande participação da mãe e do pai na constituição do psiquismo. 
• Realizam reflexos que traduzem a integridade do SNC: 
1. Manifestações normais durante algum tempo e que desaparecem com a evolução, 
reaparecendo somente em condições patológicas. Ex: reflexo tonico-cervical (comum 
durante 1 a 2 meses); reflexo de moro (4 a 6 meses) e cutâneo plantar em extensão 
(normal até 18-24 meses). 
2. Reflexos que existem normalmente, desaparecem com a evolução e reaparecem 
como atividade voluntária. São eles o reflexo de preensão, sucção e marcha. 
3. Manifestações que persistem por toda a vida. São os reflexos profundos e reflexos 
cutâneos abdominais. 
Reflexos 
• REFLEXO DE MORO/REFLEXO DO ABRAÇO: É sempre importante avisar antes para 
o responsável que irá fazer o reflexo. Para tal, deve-se suspender o RN pelos membros 
superiores a alguns cm do leite e soltá-lo, o que normalmente provoca o reflexo. A 
Gabriela Reis Viol 
resposta normal consiste na abertura das mãos e extensão e abdução dos membros 
superiores, seguido de flexão anterior (abraço) dos membros superiores e choro 
audível. Ou seja, primeiro ele abre os braços e depois abraça – o reflexo é completo 
quando o bebê chora. Até o terceiro mês de vida é normal a resposta ao reflexo ser 
incompleta e, a partir do sexto mês, já é ausente. Quando ocorre assimetria no 
movimento deve-se pensar em patologia subjacente – ex: lesão de membro superior ou 
de clavícula ou paresia por lesão do SNC. 
• REFLEXO DE SUCÇÃO: Para avaliá-lo coloca-se a mão da criança na boca e ela deve 
pegar a própria mão, direcionar para a boca e começar a sugar. Até o 3º ou 4º mês. 
• REFLEXO DA FOSSADURA/REFLEXO DA PROCURA: Deve-se estimular as 
bochechas do RN com o dedo (“cutucar”) de tal forma que ele vire a cabeça para o lado 
estimulado, como se estivesse procurando o mamilo da mãe. Esse reflexo possui o 
mesmo signifIcado do reflexo de sucção, assim, pode-se fazer um ou outro – as vezes 
esse reflexo não está presente, mas não é patológico. 
• REFLEXO DE PREENSÃO PALMAR: É obtido ao roçar a palma da mão ou a 
superfície palmar dos dedos da criança (a criança aperta o dedo do examinador). 
Desaparece até 6 meses. 
• REFLEXO DE PREENSÃO PLANTAR: Reflexo primitivo. É obtido ao roçar a face 
plantar dos dedos dos pés (a criança fecha o pé apertando o dedo do examinador). 
Desaparece próximo dos 11 meses de vida – é um dos mais tardios para sumir. 
• REFLEXO DA MARCHA REFLEXA: Avalia-se segurando a criança pelas axilas em 
posição vertical, com as plantas dos pés apoiadas em um plano e o corpo posicionado 
verticalmente – a criança mexe as pernas como se estivesse andando (cruzamento das 
pernas, uma à frente da outra). Esse reflexo não possui muito significado e, portanto, 
sua ausência não demonstra nenhuma patologia. 
• REFLEXO TONICO-CERVICAL (assimétrico do Pescoço): Para desencadeá-lo deve-
se produzir a rotação da cabeça da criança para um dos lados. Assim, observa-se a 
extensão dos membros superior e inferior do lado para qual virou a cabeça e flexão dos 
membros contralaterais. Esse reflexo desaparece até o terceiro mês de vida e sua 
ausência não é patológica, contudo, se permanecer presente após o 3 mês de vida aí 
sim é patológico, lesão do SNC. 
• REFLEXO CUTÂNEO-PLANTAR (superficial): Estimula-se suavemente com a unha ou 
com objeto rombo a face lateral da planta do pé. A resposta pode ser extensão ou 
flexão dos dedos – a extensão pode durar até os 2 anos de idade, mas costuma virar 
flexão até 1 ano de idade. Contudo, se mediante estimulação houver extensão dos 
dedos após os 2 anos de idade é um sinal patológico, denominado Sinal de Babinski. 
observação: nunca chamar de Babinski antes dos 2 anos de idade. 
Gabriela Reis Viol 
Avaliação Rotineira 
• Visão: deve-se fazer a pesquisa do reflexo vermelho (que é o teste do olhinho) ainda na 
maternidade. 
• Audição: o feto já deve estar familiarizado com ruídos da família no 5 mês de gestação. 
Deve ser feito o teste da orelhinha. 
Marcos do Desenvolvimento 
• As etapas do desenvolvimento são previsíveis e predeterminadas. A evolução é sempre 
no sentido céfalo- caudal, ou seja, as crianças aprendem primeiro a sustentar a nuca e 
o pescoço para depois ter força para sentar, levantar, continuar em pé e etc. Além 
disso, o desenvolvimento é do centro para a periferia, ou seja, inicialmente o bebe tem 
mais controle do tronco para depois tomar o controle das mãos e pés. 
Gabriela Reis Viol 
• Sendo assim, cada período da vida tem características diferentes de desenvolvimento e 
cada criança tem seu próprio padrão de desenvolvimento – ou seja, existem variações 
dentro da normalidade. 
• 3 MESES: Membros estendidos com mãos abrindo e fechando espontaneamente; já é 
capaz de firmar a cabeça (mas 10% podem ainda não firmar completamente); em 
decúbito ventral já é capaz de elevar o tronco e os membros; nessa idade o bebe já 
tem o sorriso social. 
• 6 MESES: nessa idade o bebe já passa a distinguir o familiar do estranho, já se senta 
por pouco tempo com apoio da cintura pélvica (consegue se manter sentado se for 
colocado, mas não consegue sentar sozinho), inclina-se para frente sobre as mãos e já 
consegue rolar sobre superfícies, girando. 
• 9 MESES: agora já consegue se sentar sozinho e sem nenhum

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