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AULA 1 
PROJETOS 
INTERDISCIPLINARES E 
EXPERIÊNCIAS EM EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
Profª Cláudia Sebastiana Rosa da Silva 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
Olá, aluno, seja bem-vindo à disciplina de Projetos Interdisciplinares e 
Experiências em Educação Infantil. Nesta primeira aula, abordaremos alguns 
conceitos e práticas voltados à compreensão de projetos interdisciplinares. O 
objetivo é provocar uma reflexão crítica, além de análise e reconstrução de 
práticas docentes. 
Nessa primeira etapa, você terá a oportunidade de compreender o conceito 
de interdisciplinaridade e toda sua importância para o desenvolvimento de 
projetos na educação infantil. Nas aulas subsequentes, trabalharemos com 
aspectos relacionados à formação de professores, as contribuições da 
complexidade para a interdisciplinaridade e experiências de projetos 
interdisciplinares de sucesso, as quais poderão servir de apoio para o seu estudo 
e trabalho nas escolas. 
 Assista, a seguir, a aula da Professora Me. Cláudia Rosa, que abordará 
com detalhes os temas descritos acima, os quais compõem a primeira aula da 
disciplina de Projetos Interdisciplinares e Experiências em Educação Infantil. 
CONTEXTUALIZANDO 
Já faz algum tempo que se discute o termo interdisciplinaridade. Os 
professores verbalizam no discurso e também incorporam o uso do termo quando 
falam sobre suas práticas. No entanto, vale questionar se estamos falando de 
interdisciplinaridade da mesma forma... 
A interdisciplinaridade não é um tema novo, nem nas escolas nem no 
cenário educacional. Vem sendo discutida desde a década de 1960, e de longa 
data se debate o conceito no intuito de ele ser incorporado às práticas de sala de 
aula. Conforme Fazenda (2002), esse movimento aparece na Europa 
(principalmente na França e na Itália) em meados da década de 1960, em prol de 
um ensino que considere o todo, o global das áreas de conhecimento, ou seja, a 
interdisciplinaridade. Você já parou para refletir sobre a relevância desse conceito 
no trabalho pedagógico realizado nas escolas? Como os professores podem 
organizar seu trabalho de forma interdisciplinar? De que forma os projetos 
pedagógicos podem ser estruturados de maneira interdisciplinar? 
Essas e tantas outras questões precisam ser debatidas no intuito de 
colaborar com o trabalho do professor e contribuir com a compreensão da 
 
 
03 
complexidade do conhecimento, favorecendo uma formação mais crítica e 
profunda sobre esse tema. 
Convido você a refletir acerca da interdisciplinaridade na escola, por meio 
do desenvolvimento de projetos na educação infantil, enfoque que trabalharemos 
nessa disciplina. A partir de agora, você acessará recursos didático-pedagógicos 
com aportes teóricos que visam contribuir significativamente para a construção e 
conceituação da interdisciplinaridade na educação infantil. 
TEMA 1 – INTERDISCIPLINARIDADE 
Conceituar interdisciplinaridade é uma tarefa complexa, devido a seu 
caráter polissêmico, suas muitas possibilidades de conceituação. Há enganos 
quanto à sua definição, pois muitos autores interpretam o termo como 
multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, transdisciplinaridade etc. No entanto, a 
característica maior desse termo é sua concepção única do conhecimento. Há 
ainda quem o compare com as definições de integração, interação ou inter-
relação. 
Os conhecimentos que a escola trabalha com os alunos no cotidiano 
educacional são organizados por meio de disciplinas científicas, o que nos faz 
compreender a relação entre esses conceitos. As disciplinas são campos 
demarcados pela produção de conhecimentos e definidas pelos objetos e 
métodos específicos de cada investigação. A organização desses campos 
apresenta formas características de delimitação. Eles representam um conjunto 
de estratégias organizacionais, uma seleção de conhecimentos que são 
ordenados e depois apresentados ao aluno, com o apoio de um conjunto de 
procedimentos didáticos e metodológicos de ensino e de avaliação da 
aprendizagem. 
Ao desenvolvermos um projeto de pesquisa interdisciplinar, é preciso 
entender que a interdisciplinaridade é muito mais que uma simples integração 
entre as disciplinas. Vejamos: 
A interdisciplinaridade não dilui as disciplinas, ao contrário, mantém sua 
individualidade. Mas integra as disciplinas a partir da compreensão das 
múltiplas causas ou fatores que intervêm sobre a realidade e trabalha 
todas as linguagens necessárias para a constituição de conhecimentos, 
comunicação e negociação de significados e registro sistemático dos 
resultados (Brasil, 1998). 
Portanto, é preciso que haja comunicação entre as diferentes disciplinas de 
um currículo. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação 
 
 
04 
Infantil, “a reorganização curricular em áreas de conhecimento tem o objetivo de 
facilitar o desenvolvimento dos conteúdos, numa perspectiva de 
interdisciplinaridade e contextualização” (Brasil, 1998). 
Trabalhar a partir de uma proposta de interdisciplinaridade pressupõe 
ligações de complementaridade, convergência, interconexões e passagens entre 
os conhecimentos. O desenvolvimento do currículo deve envolver conteúdos e 
estratégias de aprendizagem para preparar o aluno a viver em sociedade. De 
acordo com Morin (2000), “a educação deve romper com as fragmentações entre 
as disciplinas para mostrar as correlações entre os saberes, a complexidade da 
vida e dos problemas que hoje existem”. 
Vivendo num momento de globalização, conteúdos divididos e 
compartimentados impedem a contextualização dos saberes. De acordo com 
Morin (2000, p. 43), “a inteligência parcelada, compartimentada, mecanicista, 
disjuntiva e reducionista rompe o complexo do mundo em fragmentos disjuntos, 
fraciona os problemas, separa o que está unido, torna unidimensional o 
multidimensional”. 
Uma estrutura entre as disciplinas, de forma hierarquizada e com 
conteúdos delimitados, dificulta uma atitude interdisciplinar por parte dos 
professores. Faz-se necessário que o professor conheça bem sua disciplina para 
que possa fazer relações entre as várias disciplinas e para que compreenda como 
os alunos constroem seus conhecimentos e como desenvolvem suas capacidades 
mentais, para que este seja um elemento facilitador do processo de ensino-
aprendizagem. 
TEMA 2 – INTERDISCIPLINARIDADE COMO VIVÊNCIA GLOBAL 
Como vimos anteriormente, os conhecimentos que a escola trabalha com 
os alunos são organizados por meio de disciplinas. Nesse sentido, a 
interdisciplinaridade pode ser caracterizada como uma tentativa de estabelecer 
relações de trabalho associadas entre um conjunto de disciplinas, buscando uma 
aproximação entre conceitos, com o objetivo de analisar problemas específicos e 
concretos. A partir disso, pode-se considerar que o principal objetivo da 
interdisciplinaridade é superar a política de fragmentação entre as disciplinas. 
Para Japiassu (1976, p.74), “a interdisciplinaridade caracteriza-se pela 
intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de interação real das 
disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa”. Essa temática é 
compreendida, conforme o autor, como uma forma de trabalhar em sala de aula, 
 
 
05 
a partir da qual um tema é proposto com abordagens em diferentes disciplinas. 
Trata-se de compreender e entender as ligações entre as diferentes áreas de 
conhecimento, unindo-as para transpor algo inovador, resgatar possibilidades e 
ultrapassar o pensar fragmentado. É a busca constante de investigação, na 
tentativa de superação do saber. 
O conceito de interdisciplinaridade fica mais claro quando se considera 
o fato trivial de que todo conhecimento mantém um diálogo permanente 
como os outros conhecimentos, que pode ser de questionamento, de 
confirmação, de complementação, de negação, de ampliação, [...] 
(Brasil, 1998). 
Vale destacar que a interdisciplinaridade supõe um eixo integrador com as 
disciplinasde um currículo, para que os alunos aprendam a olhar o mesmo objeto 
sob perspectivas diferentes. A interdisciplinaridade aponta para a construção de 
uma escola participativa, o que é decisivo na formação do sujeito social. O seu 
objetivo tornou-se a experimentação da vivência de uma realidade global, que se 
insere nas experiências cotidianas de aluno e professor. No entanto, a escola 
ainda encontra seu currículo estruturado com base na lógica das ciências 
clássicas, apresentando os conhecimentos de forma segmentada, em que as 
disciplinas são ordenadas e classificadas com aparente homogeneidade, 
especialmente no que se refere à organização da prática pedagógica, metodologia 
de ensino, técnicas e regras. 
Para que o trabalho pedagógico aconteça satisfatoriamente, atendendo as 
demandas da atualidade, é preciso que haja reflexão e compreensão, 
especialmente por parte dos professores. Parte-se da ideia de que a 
interdisciplinaridade vai acontecer como uma forma de ver e sentir o mundo e de 
entender as múltiplas implicações que se realizam ao analisarmos os fenômenos 
sociais e culturais. Portanto, um trabalho pedagógico interdisciplinar requer 
também uma reflexão sobre a formação de professores para esse tipo de 
atividade, pois é preciso que eles sejam capazes de ver e entender o mundo em 
sua rede infinita de relações, em sua complexidade. 
Partindo da concepção de educação como uma prática cultural, é possível 
afirmar que, para construirmos projetos interdisciplinares, considerando a 
educação como um lugar de cultura, é preciso compreendê-la com ação social. 
Esse processo constitui um jogo de relações que incorpora a organização de 
atividades, instituições e relações culturais na sociedade, em qualquer momento 
histórico, também quanto a aspectos da cultura em relação à aquisição de 
conhecimentos. 
 
 
06 
Portanto, na cultura escolar a organização das atividades, bem como as 
relações estabelecidas no processo de ensino e aprendizagem, é feita pelos 
professores e alunos em diferentes momentos do cotidiano escolar; assim, é 
preciso que os professores tenham uma formação científica adequada. 
TEMA 3 – FORMAÇÃO DE PROFESSORES E A INTERDISCIPLINARIDADE 
Ser professor significa tomar decisões pessoais e individuais, ainda que 
reguladas por normas e regras coletivas. O professor é aquele indivíduo capaz de 
ensinar e viver uma história própria; ele é possuidor de uma formação específica, 
e está envolvido num mundo vasto de saberes e conhecimentos. 
Em um contexto geral, a formação é um conjunto de atividades que visam 
à aquisição de conhecimentos e atitudes que possam contribuir para o exercício 
de uma profissão. Para que essa formação docente se desenvolva, o professor, 
de acordo com Garcia (1989, p. 26), “deve refletir e investigar continuamente 
sobre seu próprio trabalho, procurando inovar a sua ação educativa, pois são eles 
os responsáveis pelo seu percurso profissional bem como outros aspectos 
voltados ao sistema educacional”. 
A formação de professores deve ser um processo contínuo e permanente, 
que se confirma no seguinte conceito apontado por Garcia (1989, p. 26): 
A formação de professores é a área de conhecimentos, investigação e 
de propostas teóricas e práticas que, no âmbito da Didática e da 
Organização Escolar, estuda os processos através dos quais os 
professores – em formação ou em exercício – se implicam 
individualmente ou em equipa, em experiências de aprendizagem 
através dos quais adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, 
competências e disposições, e que lhes permite intervir 
profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e da 
escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os 
alunos recebem. 
Maurice Tardif, filósofo e sociólogo canadense, pesquisou a formação 
docente, sugerindo que aconteça por meio de uma preparação universitária 
sólida, com programas de pesquisa mais eficazes, para oferecer aos futuros 
professores conhecimentos específicos relativos ao ensino. É preciso que as 
universidades estabeleçam um relacionamento com as escolas, para que elas se 
tornem “lugares de formação, de inovação, de experimentação e de 
desenvolvimento profissional, mas também, idealmente, lugares de pesquisa e de 
reflexão crítica (Tardif, 2002, p. 280) ”. Desse modo, as escolas tornam-se lugares 
de aprendizagem e formação para os professores iniciantes, e também um espaço 
de produção de saberes para os professores mais experientes. 
 
 
07 
A missão central dos formadores universitários e dos professores que 
atuam em instituições se define, segundo Tardif (2002, p. 295), em saberes. Trata-
se do conjunto de: 
conhecimentos, competências, habilidades que nossa sociedade julga 
suficientemente úteis ou importantes para inseri-los em processos de 
formação institucionalizados. Tanto a universidade quanto a escola têm 
como função, sobretudo, separar, selecionar e incorporar certos saberes 
sociais em processos de formação colocados sob o seu controle. 
Assim, a universidade e a escola transmitem os saberes escolares por meio 
de professores e estudantes universitários, atuando como fonte de competência, 
formação e fundamentação da qualificação profissional. 
De acordo com Tardif, Lessard e Lahaye (1991), os professores contam 
com o apoio de diferentes saberes, sendo eles: “o saber curricular, o saber 
disciplinar, que constitui o conteúdo a ser ensinado, o saber da formação 
profissional, o saber experiencial e o saber cultural herdado de sua história de vida 
e de uma cultura geral”. Com tantos saberes, conclui-se que os professores 
apresentam uma diversidade de conhecimentos e que fazem uso de diferentes 
tipos de competências. 
Atualmente, as transformações no modo de vida das pessoas invade as 
escolas, retirando das disciplinas a ideia de saberes científicos e sagrados. De 
acordo com Pooli (2012), não é possível ensinar e aprender por meio de 
disciplinas puras, isoladas em seus próprios discursos e afastadas de seus 
contextos culturais. Nesse sentido, é necessário que a formação docente vá além 
de questões metodológicas, didática e legislação. Essas áreas também são 
importantes, mas questiona-se se a partir delas é possível construir um ambiente 
de aprendizagem significativo, que promova a formação de cidadãos conscientes, 
inteligentes, socializados e preparados para enfrentar as situações do cotidiano 
da sociedade atual. É preciso compreender a sociedade, seus processos, 
configurações, transformações, continuidades e rupturas, para assim ter uma 
medida dos fins da educação. 
Nesse sentido, a interdisciplinaridade pode ser uma alternativa para a 
educação escolar, contribuindo para que novas gerações tenham processos de 
escolarização mais conectados com o cotidiano. O currículo globalizado e 
interdisciplinar converte-se em uma categoria capaz de agrupar uma variedade de 
práticas educacionais desenvolvidas nas salas de aula. Sabe-se que não é uma 
tarefa fácil construir e concretizar projetos interdisciplinares, mas isso não significa 
que as escolas não devam refletir sobre essas possibilidades. Cabe ao professor 
 
 
08 
buscar formação e apoio junto à equipe pedagógica e a seus pares, de modo a 
compreender que as propostas curriculares são capazes de tratar os conteúdos 
de modo interdisciplinar, buscando fazer integrar o cotidiano social com o saber 
escolar. 
TEMA 4 – AMBIENTE EDUCATIVO INTERDISCIPLINAR E A FORMAÇÃO 
DOCENTE 
Para pensar num ambiente educativo interdisciplinar, são necessárias 
novas articulações político-pedagógicas. Pooli (2012), sugere algumas questões 
a serem discutidas nas escolas: 
Pensar na construção de um projeto político-pedagógico que procure 
compreender o contexto social em que a escola se encontra inserida. 
Conceber a organização curricular nas escolas como política, 
pedagógica e cultural. 
Promover articulação entre as diferentes áreas deconhecimento, 
buscando ampliar as discussões teóricas aproximando as 
compreensões do mundo da vida, da realidade cultural dos sujeitos. 
Discutir a ideia de eficácia dos métodos de ensino, das didáticas e das 
metodologias, sem perdê-las de vista. 
Para Pooli (2012), cabe aos atores envolvidos serem proativos na 
construção de práticas interdisciplinares, permanecendo atentos às soluções e 
aos problemas que se apresentam como desafios ao longo do caminho. Para que 
as práticas interdisciplinares se efetivem, é preciso que a comunidade de 
aprendizagem, constituída por professores, alunos e equipe pedagógica, 
mantenha um diálogo constante e crítico, analisando o que, como e por que certas 
escolhas são feitas no cotidiano da escola. 
Um dos maiores desafios postos aos professores é superar a artificialidade 
do trabalho pedagógico, pois encontram-se submersos numa realidade cultural 
histórica que os mantêm no papel de centralidade do processo de ensino. A 
cultura é um fenômeno plural e dinâmico, um sistema de símbolos que fornece 
indicações e contornos de como as pessoas vivem. Para que se possa reconstruí-
la e não simplesmente adquiri-la, é necessária uma troca de experiências e 
interação social entre docentes e profissionais ligados ao âmbito educacional. 
Nesse sentido, reconhece-se que os professores que fazem formação 
continuada adquirem a cultura e a reproduzem tanto quanto a transformam. Os 
indivíduos e grupos das novas gerações desfrutam as experiências e significados 
culturais presentes no meio em que vivem de maneira desigual. Portanto, é 
necessário conhecer a diversidade cultural, complexa e conflitante, dentro de um 
mesmo grupo ou entre grupos distintos. 
 
 
09 
Zabalza (2004) afirma que os professores, ao se tornarem cada vez mais 
conscientes de seus atos, acabam por interpretar a sua prática. Ao repensarem 
sua formação, promovem a compreensão do significado de sua ação educativa, 
podendo assim reconstruí-la e melhorar a qualidade das aprendizagens com seus 
educandos. Assim, aproximam-se da proposta de desenvolver uma prática 
interdisciplinar. 
Vejamos os dados de uma pesquisa realizada em uma escola pública 
estadual: 
Há, na escola, uma comunicação específica daquele ambiente e que 
reflete a trajetória histórica e social da instituição, professores e alunos, 
na maneira de ser, agir, sentir, conceber e representar a vida escolar de 
acordo com o momento histórico em que vivem ou viveram. As 
experiências pessoais e profissionais tomam forma em memórias e 
heranças culturais, em concepções de formação, em conhecimentos, 
estratégias pedagógicas, representando assim, sentidos e significados 
sobre o papel da escola, alunos e professores (Silva, 2015, p. 22211 e 
22212). 
A escola é um espaço oportuno para a construção de uma cultura 
acadêmica, de uma cultura entre educandos e educadores e entre estes e a 
cultura social mais ampla. Sendo assim, o currículo deve ser um meio de vida e 
de ação para a construção e reconstrução do significado das experiências. 
Nesse sentido, o trabalho ganha significado se o foco se encontra na 
compreensão da realidade escolar e na construção coletiva de ações pedagógicas 
que se mostrem adequadas aos desafios apontados pelos professores e pela 
equipe pedagógica. O desafio dos professores consiste em reconhecer a escola 
como um ambiente em que trabalhar e formar não sejam atividades isoladas, mas 
sim integradas ao cotidiano e a projetos pessoais e profissionais. 
Portanto, para construir teorias e práticas interdisciplinares, é preciso 
determinação, dedicação e envolvimento por parte dos professores. É um desafio 
organizar esses novos tempos culturais e desenvolver um olhar global para que 
possamos construir um novo currículo com perspectivas interdisciplinares 
efetivas. 
TEMA 5 – A APRENDIZAGEM INTEGRADA E INTERDISCIPLINAR 
A concepção interacionista do desenvolvimento humano reconhece que o 
sujeito está em constante desenvolvimento e busca compreender a interação 
entre o sujeito e o objeto onde o processo de aprendizagem acontece. Sendo 
assim, a aprendizagem inclui diferentes dimensões: cognitiva, afetiva, social e 
cultural. O ser é visto como multidimensional, um sujeito complexo em que as 
 
 
010 
dimensões físicas, biológicas, psicossociais, culturais e espirituais interagem 
continuamente. Essas dimensões estabelecem relações e são interdependentes, 
constituindo assim uma “teia da vida” conforme Capra (2006), ou um padrão de 
rede, conforme Maturana e Varela (2001). Essa visão complexa fundamenta a 
ideia de que os sistemas estão inseridos dentro de outros sistemas mais 
abrangentes, ou seja, a totalidade e as partes encontram-se enredadas. 
Para Moraes (2004, p. 287), as dimensões construtivistas, dimensão em 
que o ser humano aprende na interação professor/aluno, aluno/meio, e 
interacionistas, são complementares, pois indicam que a construção do 
conhecimento depende da interação entre sujeito e objeto e objeto e meio. Fica 
sinalizado, dessa maneira, que a “interatividade acontece nos mais diferentes 
níveis da natureza e que organismo e meio constituem uma unidade biológica 
indissociável”. Portanto, toda organização viva está em constante interação com 
o meio através de diferentes ações. Se compreendermos melhor o funcionamento 
da vida, compreenderemos melhor a construção do nosso conhecimento. Moraes 
(2004), com base nos estudos de Maturana (1993), revela o aprender como 
fenômeno biológico, implicado no funcionamento do ser vivo com as suas 
circunstâncias. Por isso, estamos constantemente nos transformando, interagindo 
e dialogando. 
Para que a aprendizagem aconteça, a interação com o meio e com outros 
sujeitos leva à ocorrência de criações coletivas, pois, de acordo com Moraes 
(2004, p. 250), “é o indivíduo que, para conhecer, realiza algo, reconstrói a sua 
realidade, muda interiormente a partir da relação consigo mesmo, com os outros, 
com a cultura e o contexto”. E complementa: 
Aprendizagem não é acumulação de informações, mas resultado de um 
processo de transformação, de mudanças estruturais a partir de ações e 
interações provocadas por perturbações a serem superadas. E a 
aprendizagem progride mediante fluxos dinâmicos de trocas, análises e 
sínteses autorreguladoras cada vez mais complexas (Moraes, 2004, p. 
255). 
Segundo a mesma autora, para que a aprendizagem possa ser 
compreendida, faz-se necessário entender as relações que se estabelecem entre 
o sujeito e os objetos, entre o que ele sabe e o que pretende saber, de acordo 
com o contexto em que vive, para que as mudanças nas estruturas da organização 
do indivíduo possam ser processadas. 
O professor é o principal elemento do processo educacional, e a escola é 
o principal mediador. Portanto, vale ressaltar: 
 
 
011 
A possibilidade que um professor tem de mover seus alunos para a 
aprendizagem depende em grande parte de como ele mesmo enfrenta 
sua tarefa de ensinar (e aprender ensinando). A motivação dos alunos 
não pode se desligar muito da que têm seus professores, principalmente 
naqueles contextos que constituem uma verdadeira comunidade de 
aprendizagem, em que os alunos e os professores compartilham juntos 
muito tempo de aprendizagem (POZO, 2002, p. 145). 
Nesse sentido, concebe-se a aprendizagem como um processo de troca, e 
seu desenvolvimento ocorre mais eficazmente quando há interação entre o 
ambiente e os sujeitos ali inseridos. 
A atual estrutura curricular, tão fragmentada, requer maior reflexão, para 
dar sentido às informações que os alunos recebem nas diferentes disciplinas. 
Somente com propostas pedagógicas mais complexas, abertas, interativas e 
adaptativas o aluno poderá encontrar um sentido mais relevante e transformador. 
Assim compreendidos, os projetos interdisciplinares buscam favorecer uma 
aprendizagem que estimula os diferentes sentidos, a imaginação, a intuição, a 
colaboração ea aplicabilidade. Faz-se necessário criar diferentes estratégias, 
como espetáculos artísticos, músicas comentadas, ambientes virtuais de 
aprendizagem, dramatizações, projetos integradores, diálogos e debates, 
experiências compartilhadas, aproveitamento de situações ocasionais da vida etc. 
Portanto, por meio da criação de situações de aprendizagem nas quais 
estão presentes diferentes sentidos e processos mentais, nas quais ocorre o 
compartilhamento de significados e o envolvimento entre alunos e professores, há 
melhores chances que a aprendizagem seja integrada, global e interdisciplinar. 
FINALIZANDO 
Chegamos ao final da nossa primeira aula. Partimos do conceito de 
interdisciplinaridade, com o intuito de reconhecê-la a partir do princípio da 
globalização, em que a realidade é vista em sua totalidade. Tendo compreendido 
o conceito de interdisciplinaridade, você foi convidado a reconhecê-la como um 
processo educacional que possibilita a experimentação da vivência de uma 
realidade global no cotidiano escolar. Estudamos a importância da formação dos 
professores para a interdisciplinaridade e como um ambiente educativo 
interdisciplinar é constituído, tendo em vista o pensamento complexo e as 
contribuições dadas por questões interdisciplinares. Esperamos que você tenha 
aproveitado os temas e enriquecido sua aprendizagem, tendo em vista a 
aprendizagem dos seus educandos. 
 
 
012 
Em nossa próxima aula, trabalharemos com aspectos relacionados ao 
trabalho docente: a origem dos projetos e os elementos possíveis para a sua 
construção. Também apresentaremos exemplos de projetos para ilustrar a teoria 
estudada. 
 
 
 
013 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. 
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 
1998. 
CAPRA, F. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. 
São Paulo: Cultrix, 2006. 
FAZENDA, I. C. A. A pesquisa em educação e as transformações do 
conhecimento. Campinas: Papirus, 2002. 
GARCIA, C. M. Formação de professores para uma mudança educativa. 
Porto: Porto Editora,1989. 
JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: 
Imago, 1976. 
MATURANA, H. R.; VARELA, F. A árvore do conhecimento: as bases biológicas 
da compreensão humana. São Paulo: Palas Athena, 2001. 
MORAES, M. C. Pensamento eco-sistêmico: educação, aprendizagem e 
cidadania no século XXI. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. 
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São 
Paulo: Cortez, 2000. 
POOLI, J. P. et al. Projetos interdisciplinares. Curitiba: Intersaberes, 2012. 
POZO, J. I. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Porto Alegre: 
Artmed Editora, 2002. 
SILVA, C. S. R.; BRUCE, M. B. C. Formação continuada na educação básica: 
ambiente educativo e cultura escolar. 2015. Disponível em: 
<http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18033_8536.pdf>. Acesso em: 18 
nov. 2017. 
ZABALZA, M. A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento 
profissional. Porto Alegre: Artmed, 2004. 
 
http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18033_8536.pdf

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