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Direito das Coisas Professor Cleonalto Gil Barbosa INTRODUÇÃO AOS DIREITOS REAIS Direito das Coisas Conceito ⦿ Segundo a clássica definição de Clóvis Beviláqua, direito das coisas “é o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. Tais coisas são, ordinariamente, do mundo físico, porque sobre elas é que é possível exercer o poder de domínio”. Conceito O que regula o poder dos homens sobre os bens e os modos de sua utilização econômica (Orlando Gomes). Direito das Coisas vem a ser um conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens materiais ou imateriais suscetíveis de apropriação pelo homem. (Maria Helena Diniz). Previsão Legal: ❑ Artigos 1196 a 1510 (1510-A a 1510-E) do Código Civil ❑ Cumpre salientar que o direito das coisas não está regulado apenas no Código Civil, senão também em inúmeras leis especiais, como as que disciplinam, por exemplo, a alienação fiduciária, a propriedade horizontal, os loteamentos, o penhor agrícola, pecuário e industrial, o financiamento para aquisição da casa própria, além dos Códigos especiais já citados, concernentes às minas, águas, caça e pesca e florestas, e da própria Constituição Federal. (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, v. 5 – Direito das coisas, 12ª edição., 12th edição. Editora Saraiva, 2017, p. 24). [Minha Biblioteca]. Dos Bens ❑ Dos Bens: CC, Arts. 79 a 97? ❑ Das Diferentes Classes de Bens: ❑ Dos Bens Imóveis: CC, art. 79 ❑ Dos Bens Móveis: CC, Art. 82. ❑ Dos Bens Reciprocamente Considerados: CC, Arts. 92 a 97 (bem principal, bem acessório, pertenças e benfeitorias). ❑ Dos Bens Públicos: CC, Art. 98 a 103. Dos Bens Considerados em Si Mesmos ⦿ Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. ⦿ Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: ⦿ I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; ⦿ II - o direito à sucessão aberta. ⦿ . ⦿ Segundo a destinação, o Código Civil divide os bens públicos em três categorias ⦿ CC, Art. 99. São bens públicos: ⦿ I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; ⦿ II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; ⦿ III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. ⦿ Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. OCUPAÇÃO INDEVIDA DE BENS PÚBLICOS PODE CONFIGURAR POSSE? ⦿ STJ, Súmula 619 - A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias. (Súmula 619, CORTE ESPECIAL, julgado em 24/10/2018, DJe 30/10/2018) Bens e coisas são vocábulos sinônimos? ⦿ “A palavra coisa, ainda que, sob certas relações, corresponda, na técnica jurídica, ao termo bem, todavia dele se distingue. Há bens jurídicos, que não são coisas: a liberdade, a honra, a vida, por exemplo. E, embora o vocábulo coisa seja, no domínio do direito, tomado em sentido mais ou menos amplo, podemos afirmar que designa, mais particularmente, os bens que são, ou podem ser, objeto de direitos reais. Neste sentido dizemos direito das coisas”.(Clóvis Beviláqua) Bens e coisas são vocábulos sinônimos? ⦿ Bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor econômico. Somente interessam ao direito coisas suscetíveis de apropriação exclusiva pelo homem, sobre as quais possa existir um vínculo jurídico, que é o domínio. As que existem em abundância no universo, como o ar atmosférico e a água dos oceanos, por exemplo, deixam de ser bens em sentido jurídico (Silvio Rodrigues e Washington de Barros Monteiro) Dos Bens Móveis ⦿ CC, Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. ⦿ Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: ⦿ I - as energias que tenham valor econômico; ⦿ II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; Propriedade imaterial ⦿ LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. ⦿ Art. 1º. Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos. ⦿ Bens Incorpóreos: são bens abstratos que não possuem existência física, ou seja, não são concretos. Exemplos: direitos autorais, crédito, vida, saúde, liberdade, etc. (César Fiúza) Direitos autorais na Constituição Federal de 1988 CF, Art. 5º, XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; ⦿ XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: ⦿ a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; ⦿ b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; ⦿ XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 Art. 3º Os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens móveis. Obra caída no domínio público LEI Nº 9.610/ 1998: Art. 14. É titular de direitos de autor quem adapta, traduz, arranja ou orquestra obra caída no domínio público, não podendo opor-se a outra adaptação, arranjo, orquestração ou tradução, salvo se for cópia da sua. Art. 24. São direitos morais do autor: § 2º Compete ao Estado a defesa da integridade e autoria da obra caída em domínio público. Obra caída no domínio público LEI Nº 9.610/ 1998: Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1° de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil. ⦿ Parágrafo único. Aplica-se às obras póstumas o prazo de proteção a que alude o caput deste artigo. Do Registro das Obras Intelectuais LEI Nº 9.610/ 1998, Art. 18. A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro. Art. 19. É facultado ao autor registrar a sua obra no órgão público definido no caput e no § 1º do art. 17 da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973. OBS. Art. 17. Para segurança de seus direitos, o autor da obra intelectual poderá registrá-Ia, conforme sua natureza, na Biblioteca Nacional, na Escola de Música, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Instituto Nacional do Cinema, ou no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. § 1º Se a obra for de natureza que comporte registro em mais de um desses órgãos, deverá ser registrada naquele com que tiver maior afinidade. Natureza ❑ Ramo do direito civil, considerado o Direito como regra de conduta, permitindo a coação em determinadas circunstâncias, pelo poder competente. ❑ Direito subjetivo, que regula as relações jurídicas das pessoas, notadamente das relações que se estabelecem entre as “pessoas e os bens”. ❑ Direito real com vínculo entre a pessoa e coisa, prevalecendo contra todos, com seqüela e referência,sendo numerus clausus. Distinção entre os direitos reais e os direitos pessoais ❑ Apesar dos romanos não desconhecerem a diferença entre direito reais e pessoais, através das ações: “actio in rem” e “actio in personam”, a primeira para direitos reais e a segunda para direito pessoais,eles não desenvolveram esta separação. ❑ As expressões “jus in re” (direito das coisas) e “jus ad rem”(direito contra pessoa) são já do sec.XII, que do direito canônico foi incorporado ao direito moderno. ❑ Surgiu a teoria CLÁSSICA ou DUALISTA, onde o direito real consiste na relação entre a pessoa e uma coisa determinada. A qual será combatida pelas teses unitárias, ao quais se subdividem em: Distinção Entre os Direitos Reais e as Pessoais (Maria Helena Diniz) (1) PERSONALISTA: a) PERSONALISTA de PLANIOL: A relação jurídica só pode existir entre pessoas, jamais entre pessoas e coisas. Havendo no Direito Real, como nos demais, um sujeito ativo, um passivo e objeto. Essa relação é de natureza pessoal, como as demais obrigações, mas de conteúdo negativo. b) SISTEMA UNITÁRIO (DEMOGUE): Não existem direitos diferenciados, somente são mais ou menos fortes, mais ou menos eficazes, da mesma natureza, sendo que os mais fortes são oponíveis contra todos e os menos fortes não. Não havendo assim outra modalidade senão o direito obrigacional (pessoal) (2) IMPERSONALISTA, onde os direitos pessoais são absorvidos pelos reais, através da despersonalização da obrigação, salientando seu caráter patrimonial, abstraindo-se o devedor Dos direitos reais ⦿ CC, Art. 1.225. São direitos reais: ⦿ I - a propriedade; ⦿ II - a superfície; ⦿ III - as servidões; ⦿ IV - o usufruto; ⦿ V - o uso; ⦿ VI - a habitação; ⦿ VII - o direito do promitente comprador do imóvel; ⦿ VIII - o penhor; ⦿ IX - a hipoteca; ⦿ X - a anticrese. ⦿ XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) ⦿ XII - a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) ⦿ XIII - a laje. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) Atributos do direito de propriedade ⦿ Grud é um bom processo mnemônico para recordar os atributos do direito de propriedade, a saber : Gozar ou fruir (ius fruendi); Reaver ou buscar (direito de sequela ou reivindicatio); Usar ou utilizar (ius utendi) e, por fim, Dispor ou alienar (o ius disponendi). CC, Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Direitos obrigacionais ou pessoais e direitos reais: Principais distinções ⦿ Os direitos obrigacionais (jus ad rem) diferem, em linhas gerais, dos reais (ius in re): ⦿ a) quanto ao objeto, porque exigem o cumprimento de determinada prestação, ao passo que estes incidem sobre uma coisa; ⦿ b) quanto ao sujeito, porque o sujeito passivo é determinado ou determinável, enquanto nos direitos reais é indeterminado (são todas as pessoas do universo, que devem abster- se de molestar o titular). Distinguem-se ⦿ c) quanto à duração, porque são transitórios e se extinguem pelo cumprimento ou por outros meios, enquanto os direitos reais são perpétuos, não se extinguindo pelo não uso, mas somente nos casos expressos em lei (desapropriação, usucapião em favor de terceiro etc.); ⦿ d) quanto à formação, pois podem resultar da vontade das partes, sendo ilimitado o número de contratos inominados (numerus apertus), ao passo que os direitos reais só podem ser criados pela lei, sendo seu número limitado e regulado por esta (numerus clausus); Distinguem–se: ⦿ e) quanto ao exercício, porque exigem uma figura intermediária, que é o devedor, enquanto os direitos reais são exercidos diretamente sobre a coisa, sem necessidade da existência de um sujeito passivo; ⦿ f) quanto à ação, que é dirigida somente contra quem figura na relação jurídica como sujeito passivo (ação pessoal), ao passo que a ação real pode ser exercida contra quem quer que detenha a coisa. Características diferenciadoras Direito Pessoal Direito Real Ilimitado quanto a criação É limitado quanto a criação (Numerus Clausus). Art. 1225 do Código Cível e legislação em vigor. O objeto pode ser coisa genérica determinável O objeto é determinado. É eminentemente transitório Tende a perpetuidade Não podem ser usucapidos Pode ser usucapido Sujeito passivo determinado Sujeito passivo universal A ação só contra aquele que figure na relação jurídica (Se violada). Ação contra quem quer que detenha a coisa (Se violado). Figuras híbridas ⦿ Essas figuras, que constituem, aparentemente, um misto de obrigação e de direito real, provocam alguma perplexidade nos juristas, que chegam a dar-lhes, impropriamente, o nome de obrigação real. Outros preferem a expressão obrigação mista. Os jurisconsultos romanos as denominavam, com mais propriedade, obligationes ob rem ou propter rem. Os ônus reais, uma das figuras híbridas, têm mais afinidades com os direitos reais de garantia Obrigação proter rem no Código Civil ⦿ a) a obrigação imposta ao condômino de concorrer para as despesas de conservação da coisa comum (artigo 1.315); ⦿ b)a do condômino, no condomínio em edificações, de não alterar a fachada do prédio (artigo 1.336, III); ⦿ c) a obrigação que tem o dono da coisa perdida de recompensar e indenizar o descobridor (artigo 1.234); ⦿ d) a dos donos de imóveis confinantes, de concorrerem para as despesas de construção e conservação de tapumes divisórios (artigo 1.297, § 1º) ou de demarcação entre os prédios (artigo 1.297); ⦿ e) a obrigação de dar caução pelo dano iminente (dano infecto) quando o prédio vizinho estiver ameaçado de ruína (artigo 1.280); ⦿ f) e a obrigação de indenizar benfeitorias (artigo 1.219). Código Florestal: Lei Nº 12.651, de 25 de maio de 2012 ⦿ Art. 2o [...] ⦿ § 2o As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.206.484 - SP (2010/0139351-6) ⦿ ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. DANO AMBIENTAL. DEVER DE REPARAÇÃO. OBRIGAÇÃO PROTER REM. INDENIZAÇÃO EM FACE DAS RESTRIÇÕES ECONÔMICAS. SÚMULA 7/STJ. ⦿ 2. Esta Corte Superior tem entendimento sedimentado no sentido de que os deveres associados às APPs e à Reserva Legal têm natureza de obrigação propter rem, isto é, aderem ao título de domínio ou posse. ⦿ 3. Por esse motivo, descabe falar em culpa ou nexo causal, como fatores determinantes do dever de recuperar a vegetação nativa e averbar a Reserva Legal por parte do proprietário ou possuidor, antigo ou novo, mesmo se o imóvel já estava desmatado quando de sua aquisição. ((Dje 29/03/2011)) As obrigações ambientais possuem natureza propter rem ⦿ Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/12/2018, DJe 17/12/2018. Serviço essencial de energia: REsp 1269118 / RJ ⦿ PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ENERGIA ELÉTRICA. LEGITIMIDADE. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO. DÉBITOS ANTIGOS DE USUÁRIO ANTERIOR. ILEGALIDADE. ATUALIZAÇÃO DE DADOS CADASTRAIS. SÚMULA 283/STF. ALÍNEA "C". NÃO DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. ⦿ [...]a jurisprudência do STJ é no sentido da impossibilidade de suspensão de serviços essenciais, tais como o fornecimento de energia elétrica e água, em função de cobrança de débitos de antigo proprietário. (DJe 02/02/2015) Obrigação com eficácia real ⦿ Por fim, distingue-se a obrigação proter rem das obrigações com eficácia real. Nestas sem perder seu caráter de direito a uma prestação, há a possibilidade de oponibilidade a terceiros, quando houver anotação preventiva no registro imobiliário, como, por exemplo, no casos de locação e compromisso de venda. ⦿ (Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2017, p. 2010) Obrigação com eficácia real: exemplo na Lei de Locações Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado juntoà matrícula do imóvel. ⦿ § 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do mesmo. ⦿ § 2º A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa dias contados do registro da venda ou do compromisso, presumindo - se, após esse prazo, a concordância na manutenção da locação. (LEI No 8.245, DE 18 DE OUTUBRO DE 1991 (Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes) Obrigação com eficácia real CC, Art. 576. Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua vigência no caso de alienação, e não constar de registro. § 1º O registro a que se refere este artigo será o de Títulos e Documentos do domicílio do locador, quando a coisa for móvel; e será o Registro de Imóveis da respectiva circunscrição, quando imóvel. § 2º Em se tratando de imóvel, e ainda no caso em que o locador não esteja obrigado a respeitar o contrato, não poderá ele despedir o locatário, senão observado o prazo de noventa dias após a notificação. Obrigação proter rem ⦿ CC, Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita. ⦿ Parágrafo único. Presumem-se iguais as partes ideais dos condôminos. Dos Direitos de Vizinhança ⦿ CC,Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha. ⦿ Parágrafo único.Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança. LEI Nº 13.301, DE 27 DE JUNHO DE 2016 (Lei do mosquito) ingresso forçado Art. 1o Na situação de iminente perigo à saúde pública pela presença do mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus chikungunya e do vírus da zika, [...] ⦿ § 1o Entre as medidas que podem ser determinadas e executadas para a contenção das doenças causadas pelos vírus de que trata o caput, destacam-se: ⦿ III - realização de visitas ampla e antecipadamente comunicadas a todos os imóveis públicos e particulares, ainda que com posse precária, para eliminação do mosquito e de seus criadouros, em área identificada como potencial possuidora de focos de transmissão; ⦿ IV - ingresso forçado em imóveis públicos e particulares, no caso de situação de abandono, ausência ou recusa de pessoa que possa permitir o acesso de agente público, regularmente designado e identificado, quando se mostre essencial para a contenção das doenças. Obrigação de dar caução pelo dano iminente ⦿ Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente. ⦿ Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o prejuízo eventual. Do Direito de Construir ⦿ CC, Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho. ⦿ § 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros. ⦿ § 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros de altura de cada piso. Qual o prazo para exigir que se desfaça janela? CC, Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não poderá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho. Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quantidade, altura e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou contramuro, ainda que lhes vede a claridade. Edificações na Zona Rural ⦿ CC, Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de três metros do terreno vizinho. Da descoberta ⦿ CC, Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. ⦿ CC, Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la. ⦿ Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos. Da descoberta ⦿ No que se refere à recompensa (achádego) devida, frente ao fato de que o antigo Código Civil não estabeleceu parâmetros para seu valor, há que se aplicar, por analogia, o Novo Código Civil , que em seu artigo 1.234 estabelece o mínimo de 5% de o prêmio para o inventor. Além disso, há que ser indenizadas as despesas ocorridas em função do achado, mesmo que estas se resumam apenas aos honorários do advogado que atuou para ver reconhecido o antes negado direito à recompensa. (TRF- 4 – MS: 40565 PR 2003.04.01.040565-4, Relator: TADAAQUI HIROSE, Data de julgamento: 17/12/2003, SÉTIMA TURMA, Data de Publicação: DJ 14/01/2004) Apropriação de coisa achada ⦿ Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza ⦿ CP, Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: ⦿ Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. ⦿ Parágrafo único - Na mesma pena incorre: ⦿ Apropriação de tesouro ⦿ I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; ⦿ Apropriação de coisa achada ⦿ II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias. Das Coisas Vagas ⦿ CPC, Art. 746. Recebendo do descobridor coisa alheia perdida, o juiz mandará lavrar o respectivo auto, do qual constará a descrição do bem e as declarações do descobridor. ⦿ § 1o Recebida a coisa por autoridade policial, esta a remeterá em seguida ao juízo competente. ⦿ § 2o Depositada a coisa, o juiz mandará publicar edital na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, para que o dono ou o legítimo possuidor a reclame, salvo se se tratar de coisa de pequeno valor e não for possível a publicação no sítio do tribunal, caso em que o edital será apenas afixado no átrio do edifício do fórum. ⦿ § 3o Observar-se-á, quanto ao mais, o disposto em lei. ⦿ Do Achado do Tesouro ⦿ CC, Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente. ⦿ CC,Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado. ⦿ CC, Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja odescobridor. Características Direitos Reais a) Legalidade ou tipicidade: Os direitos reais somente existem se a respectiva figura estiver prevista em lei (CC, art. 1.225); b) Taxatividade: numerus clausus, ou seja, não admite ampliação pela simples vontade das partes; c) Publicidade: primordialmente para os bens imóveis, por se submeterem a um sistema formal de registro; Características Direitos Reais d) Eficácia erga omnes: Os direitos reais são oponíveis a todas as pessoas, indistintamente; e) Inerência ou Aderência: O direito real adere à coisa, acompanhando-a em todas as suas mutações. Nítida nos direitos reais de garantia vez que o credor gozando de um direito real vinculado à coisa prefere a outros credores; f) Sequela: O titular de direito real pode perseguir a coisa em mãos de quem quer que seja. Características Direitos Reais ⦿ Preferência – primazia que tem o credor ou titular do direito sobre outras pessoas. Estão presentes nos Direitos de Garantias como: no penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária. ⦿ CC, Art. 961. O crédito real prefere ao pessoal de qualquer espécie; o crédito pessoal privilegiado, ao simples; e o privilégio especial, ao geral. CC, Art. 1.419. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação. Preferência Princípio da exclusividade ⦿ Não pode haver dois direitos reais, de igual conteúdo, sobre a mesma coisa. Duas pessoas não ocupam o mesmo espaço jurídico, deferido com exclusividade a alguém, que é o sujeito do direito real. Assim, não é possível instalar-se direito real onde outro já exista. No condomínio, cada consorte tem direito a porções ideais, distintas e exclusivas. Princípio do desmembramento ⦿ Conquanto os direitos reais sobre coisas alheias tenham normalmente mais estabilidade do que os obrigacionais, são também transitórios, pois, como exposto, desmembram-se do direito-matriz, que é a propriedade. Quando se extinguem, como no caso de morte do usufrutuário, por exemplo, o poder que existia em mão de seus titulares retorna às mãos do proprietário, em virtude do princípio da consolidação. Este, embora seja o inverso daquele, o complementa e com ele convive.
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