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1 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO AULA 01 – 01/11/18 – MÁRCIA – COAGULAÇÃO, COAGULOGRAMA E COAGULOPATIAS: 1. COAGULAÇÃO: I. Hemostasia: corresponde a resposta fisiológica normal do corpo para a prevenção e interrupção de sangramentos e hemorragias. Resulta no bloqueio de qualquer lesão vascular. De maneira geral, garante a fluidez do sangue e a integridade dos vasos sanguíneos. Anormalidades podem resultar em sangramentos (hemorragias) ou na formação de trombos. É um conjunto de fenômenos paradoxais para formar, restringir e para desfazer o coágulo. O objetivo é manter o sangue sempre fluido e dentro dos vasos. A coagulação plaquetária (formação do tampão plaquetário), a coagulação plasmática (conversão do fibrinogênio em fibrina) a tromborresistência (mecanismos anticoagulantes) e a fibrinólise (quebra do coágulo), em conjunto, formam a hemostasia. II. Coagulação plaquetária: o coágulo primário é formado essencialmente por um tampão plaquetário. Há ruptura nas paredes vasculares e, imediatamente, as plaquetas fecham o local da lesão, em momento quase imediato, formando um tampão plaquetário. A coagulação, sob ponto de vista fisiológico, é muito eficiente a nível capilar, em grandes vasos o próprio fluxo sanguíneo atrapalha a coagulação. → Plaquetas interagem com a parede vascular lesada (se interagir com parede integra forma trombos) e as duas funções plaquetárias básicas são desencadeadas: Adesão – as plaquetas grudam em uma camada simples (parede vascular lesionada) e Agregação – quando uma plaqueta gruda umas sobre as outras, formando um agregado plaquetário. Esse processo também é denominado de coagulação primária. 2 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO → A interação plaqueta-vaso depende de receptores de membrana subendoteliais e glicoproteínas FvW (Fator de von Willebrand), que promovem a adesão plaquetária. O fator de von Willebrand circula no plasma sanguíneo, é sintetizado por células endoteliais e megacariócitos (células da medula óssea, responsáveis pela produção de plaquetas sanguíneas). Tem duas funções principais: mediar a adesão das plaquetas ao subendotélio lesado, funcionando como uma ponte entre receptores da plaqueta e o subendotélio lesado e manter os níveis plasmáticos do fator VIII (uma proteína pró-coagulante). O FvW liga-se a fator VIII, retardando a sua degradação. Um defeito quantitativo ou qualitativo do fator de von Willebrand leva a doença de von Willebrand – uma doença hemorrágica, hereditária causada por uma diminuição ou uma disfunção da proteína chamada de fator de von Willebrand (FvW). A coagulopatia se manifesta, basicamente, através da disfunção plaquetária associada à diminuição dos níveis séricos do fator VIII coagulante. Existem também casos raros de doença de von Willebrand adquirida. Foi descrita pela primeira vez em 1925, pelo médico finlandês Erik Adolf von Willebrand. FvW também é descrito como FvIII AG – estimula a parte imune, e o FvIII como FvIIIC (coagulante). III. Coagulação plasmática: simultaneamente a coagulação plaquetária, haverá a transformação (série de reações desencadeadas pela própria ruptura do vaso) do fibrinogênio em fibrina, proteína gelatinosa, que proporciona uma consistência gelatinosa ao tampão plaquetário, para formar um aspecto mais firme, proporcionando estabilidade ao tampão plaquetário, e fechar a lesão. Também é denominada de coagulação secundária. https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_de_von_Willebrand https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Hemorragia https://pt.wikipedia.org/wiki/Prote%C3%ADna https://pt.wikipedia.org/wiki/Fator_de_von_Willebrand https://pt.wikipedia.org/wiki/Erik_Adolf_von_Willebrand 3 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO → Fatores de ativação da coagulação plasmática: XII/XIIa e III – representam a via intrínseca e a via extrínseca (duas vias de coagulação). Via intrínseca: XII e XIIa – intrínseca ao vaso, fenômeno físico. Via extrínseca: III – a proteína sai da célula subendotelial para o plasma. Haverá fenômenos em cadeia que convergem para a via comum, para seguir o caminho final: a conversão de fibrinogênio em fibrina (fator I). O processo inicia-se de trás para frente: do fator XII e vai até o fator I. 4 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO → Substâncias importantes secretadas pelas plaquetas: ATP – potente ativador plaquetário e Tromboxano (TXA2) – uma prostaglandina, potente vasoconstritor para unir os bordos da lesão, também estimula a agregação plaquetária. A Prostaglandina (PGI2), também chamada de Prostaciclina, liberada por células endoteliais integras, faz o efeito oposto da Tromboxano (TXA2), atua como anticoagulante, vasodilatadora e antiagregação plaquetária (mecanismos de tromborresistência) – para não coagular o sangue onde o vaso está íntegro, restringir o foco de coagulação. IV. Tromborresistência: simultaneamente a coagulação plaquetária e a coagulação plasmática, há uma série de substâncias que inibem a ação dos dois mecanismos anteriores, denominadas substâncias tromborresistentes, que desencadeiam mecanismos anticoagulantes. A coagulação tem que ocorrer restritamente no foco. Como forma de restringir que todos os fatores ativados para formar o coagulo não se disseminem pela circulação, há o desencadeamento desses mecanismos anticoagulantes. V. Fibrinólise: simultaneamente também, no meio do coágulo que está sendo formado, inicia-se o processo de digestão do coágulo por uma enzima denominada plasmina. A fibrinólise, portanto, é o processo pelo qual o coágulo de fibrina é destruído. A fibrina é degradada pela plasmina, levando à produção de fragmentos solúveis circulantes, que são depois destruídos por outras proteases, rins ou fígado. Esse processo está relacionado com a ativação da coagulação. A fibrina é quebrada em fragmentos solúveis para recanalização do vaso, o que tem importância na reconstituição do vaso lesado. O plasminogênio é convertido em plasmina, qual quebra a fibrina em produtos da sua degradação (PDFs). Os ativadores do plasminogênio são: fator XII ativo, uroquinases e o fator tecidual do plasminogênio (ativador tecidual do plasminogênio – TPA), presente no endotélio vascular. As plaquetas secretam substâncias para formação do coágulo e um fator que estimula a mitose, para que a cicatrização tecidual da parede vascular ocorra o mais rápido possível. Quando a parede já estiver regenerada, o coágulo já não deve existir. Logo, a digestão do coágulo inicia-se quase que simultaneamente a sua formação. O empilhamento plaquetário e a transformação do fibrinogênio em fibrina (coagulação plaquetária e plasmática) são processos rápidos, em que o coágulo fica grande de forma rápida, ao passo que a digestão é desencadeada de forma lenta, porque depende da quebra enzimática e da fagocitose dos fragmentos desses coágulos. Observações: 1 – hoje tem-se um conceito em que acredita-se que esses fatores de coagulação estão nas superfícies celulares das plaquetas ativadas e das células endoteliais rompidas, que desencadeiam a coagulação. 2 – Atualmente, é utilizado concentrado de plaquetas para estimulação da cicatrização de problemas cirúrgicos e não cirúrgicos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Co%C3%A1gulo https://pt.wikipedia.org/wiki/Fibrina https://pt.wikipedia.org/wiki/Plasmina https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Prote%C3%ADnase&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Rim https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADgado 5 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO 2. COAGULOGRAMA E COAGULOPATIAS: O Coagulograma é o conjunto de exames, clínicos ou laboratoriais, que avalia a capacidade de formar coágulo – plaquetometria e provas de coagulação. Não avalia a tromborresistência e nem a fibrinólise, portanto, não avalia toda a hemostasia. É direcionado apenasa capacidade de formar o coágulo. Exames clínicos: exames com o paciente – tempo de sangramento e tempo de coagulação. É necessário ter padrões. Exames laboratoriais: amostras do paciente – plaquetometria (mais utilizado), TP e TTPA. → Quando solicitar o coagulograma: pré-cirúrgico – o cirurgião provoca lesões vasculares, portanto, é necessário saber se, em nível capilar, o paciente consegue interromper a hemorragia de forma fisiológica, sem auxílio mecânico (hemostasia mecânica). Vasos de grande calibre não permitem o fechamento do local antes da hipovolemia. E sinais de hemorragia espontânea. As provas de coagulação estão direcionadas para avaliar a coagulação plasmática (ou secundária), quando solicitada (pré-operatório, por exemplo) ou quando o animal estiver quadros de hemorragias espontâneas, sinais: petéquias – sangramento prolongado, forma fibrina, mas há falha na coagulação plaquetária; hematoma – hemorragia que não se comunica com o meio externo, sangue fluido, não há formação de fibrina e aspecto o gelatinoso que confere estabilidade ao tampão plaquetário – falha na cascata de coagulação. No caso do hematoma, é difícil a avaliação se foi realmente espontâneo ou causado. I. Plaquetometria: pontos importantes para ter boa plaquetometria – evitar estresse animal (libera serotonina, que estimula a agregação plaquetária, além da adrenalina, que faz esplenocontração, liberando plaquetas na corrente sanguínea); não ter interferência metodológicas na coletas (número de perfurações); acondicionamento; proporção do sangue adequada ao tubo; tipo do anticoagulante; processamento o mais rápido possível (6 horas no máximo); esfregaço o mais recente possível. É o exame mais importante do coagulograma, a trombocitopenia (plaquetopenia, queda do número de plaquetas abaixo do mínimo aceitável) é a alteração mais frequente. 6 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO II. Alterações plaquetárias quantitativas: plaquetopenia (trombocitopenia) – avaliar os valores de referência, acima de 100.000 tem hemostasia plaquetária eficiente, mesmo que 100.000 de plaquetas já represente plaquetopenia em algumas espécies, não tem perda da eficiência na formação do tampão plaquetário. Trombocitose: riscos clínicos – formação de trombos, isquemia, embolia etc. Plaquetopenia sem sinais clínicos: 100.000-300.000, a literatura cita que as alterações surgem com números abaixo de 30.000 de plaquetas. → Trombocitopenia: é uma das causas mais comuns de doença na coagulação primaria, a queda de plaquetas está associada com: diminuição da produção (na medula óssea), aumento da destruição (maioria dos casos é imunomediada – anaplasma plax, erlichia canis, etc, estimula a destruição imunomediada), perda aguda sem reposição (o baço é o órgão armazenador de plaquetas, além de hemácias) ou consumo aumentado (típico de doenças hemolíticas e coagulação intravascular disseminada, gerando baixa das proteínas da cascata de coagulação) e sequestro, na maioria das vezes é o próprio baço, por esplenomegalia, que leva diminuição na contagem de plaquetas. Trombocitopenia iatrogênica: o animal não tem trombocitopenia, o resultado ocorre por erro de manipulação. Pesquisa de sinais clínicos: petéquias. → Trombocitose: importância clinica menor, causas geralmente mais passageiras, está associado com: esplenocontração, corticosteroides, drogas anti-neoplásicas e hemorragias crônicas. Outro exemplo é o tumor mamário inflamatório – extremamente maligno, a resposta pelas citocinas inflamatórias leva a uma intensa trombocitose persistente. É necessário diferenciar trombocitose de trombocitemia, que é produção neoplásica excessiva de plaquetas, gerando contagens superiores a 3 milhões de plaquetas. Observação: megacariócito fica na medula, na corrente sanguínea caracteriza um tipo de leucemia. Observação: não formando fibrina, o tampão plaquetário se desprende, o que é mais grave. III. Alterações plaquetárias morfológicas: anisocitose plaquetária – fisiológica nos gatos mas, mesmo que haja a presença de macroplaquetas, indica aceleração na produção de plaquetas. Motivos: porque, por alguma razão, está havendo um consumo plaquetário acelerado. 7 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO IV. Alterações plaquetárias funcionais: principalmente a Doença de von Willebrand, também recebe o nome de pseudo-hemofilia – hemofilia é a expressão clínica para a falta do fator VIII (globulina anti-hemofílica), é mais grave que a deficiência primária, portanto, aparece mais sobre o ponto de vista clinico que a deficiência primaria. O animal pode ter número de plaquetas normal ou aumentado, mas não tem o fator de coagulação. O fator de von Willebrand em quantidade 0 é extremamente grave porque, além de não formar o tampão plaquetário, também irá diminuir a quantidade do Fator VIII, não formando fibrina – caracterizando uma alteração primária e secundária. Na Doença de von Willebrand, o Fator VIII circula sozinho na circulação passando, portanto, a ser catabolizado mais rapidamente. V. Inibição pelo ácido acetilsalicílico: o uso do Ácido Acetilsalicílico (AAS) é comum, porque interfere na produção de Tromboxane TXA2 (coagulante). Diminui TXA2 exatamente na via da síntese das Prostaglandinas, interferindo na síntese de várias Prostaglandinas, porque age na Cicloxigenase, enzima importante na síntese de qualquer prostaglandina. Entretanto, a via da TXA2 é mais sensível, é inibida em pequenas concentrações. Se houver aumento da concentração de AAS, por consequência, haverá interferência também na via de várias outras Prostaglandinas como, por exemplo, PGI2 (anticoagulante) interferindo, por fim, nos 2 mecanismos, tanto coagulante (TXA2) como anticoagulante (PGI2). A redução da TXA2 diminui a agregação, não gerando efeito vasoconstritor. O paciente vai sangrar por mais tempo, porque vai reter o sangramento apenas quando for formada a fibrina. 8 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO VI. Testes laboratoriais de avaliação da coagulação plasmática: para avaliar a cascata de coagulação: amostra em tubo com Citrato de Sódio (NA+) e não EDTA, que interfere em alguns fatores. É uma amostra que tem que ser processada imediatamente, ser mais fresca o possível, e ter parâmetro com amostra de um animal saudável, obtido nas mesmas condições. O tubo com citrato vem com quantidade de anticoagulante que precisa ser diluída com 9x de volume de sangue, em relação a quantidade de anticoagulante – 0,5 de citrato para 4.5 de sangue. Se a diluição for menor, o citrato sequestrará o cálcio, podendo dar falso positivo porque inibirá os fatores de coagulação dependentes de cálcio. Não processar a amostra na hora também gera falso positivo, porque os fatores serão decompostos – não haverá coagulação de forma eficiente. Os testes laboratoriais de avaliação da coagulação plasmática são utilizados para saber se tanto pela via extrínseca, quanto pela via intrínseca ou pela via comum o animal consegue formar fibrina. Se demorar mais por um caminho que pelo outro, identifica-se em qual via está o problema. Se demorar pelas duas vias, o problema pode estar na via comum. Ao saber que o tempo de uma via está normal, sabe-se que a comum também está normal. Os fatores de coagulação são sintetizados no fígado, exceto os fatores teciduais e o cálcio. → Tempo de Protrombina (TP) – avaliação da via extrínseca (via curta) e da via comum. Avaliação: Fator III, o qual nunca estará em falta, porque está em todos os tecidos e é produzido desde a fase embrionária, portanto, se não houver, o indivíduo não nascerá, e do Fator VII, que seguirá para a via comum (Fatores I (fibrinogênio), II, V e X). A via extrínseca é ativada pela liberação do Fator III (também chamado de fator tecidual, monoplastina tissular ou fator tissular), e o Fator VII, o único que realmentepode faltar – depende da vitamina K para ser sintetizado. O Fator III no plasma e com o cálcio (fator IV), ativa o Fator VII que, também com a disponibilidade de cálcio, segue para a via comum, para a transformação do fibrinogênio em fibrina. O sangue somente não irá coagular se houver deficiência do Fator VII ou se o nível de cálcio for 0, pela quelação do cálcio por anticoagulantes, já que a ausência de cálcio também é incompatível com a vida – o fator tecidual e o cálcio jamais geram coagulopatias no animal vivo. 9 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO → Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA) – avaliação da via intrínseca (via mais longa) e da via comum. A ativação é feita por contato. Avaliação: Fatores XII, XI, IX, VIII (via intrínseca) e Fatores I, II, V, X (via comum). O cálcio (IV) é cofator em algumas etapas. O Fator XII ativa o XI, que ativa o IX, que segue para a via comum – em seguida haverá produção do Fator V e VIII ativados. O Fator VIII é um acelerador da cascada de coagulação da via intrínseca, juntamente com o V, que é da via comum. A via intrínseca tem 4 fatores envolvidos e o cálcio (fator IV), que entra no final. O TP tem que ser associado com o TTPA. No caso do TTPA, se o tempo também estiver prolongado, pode ser deficiência do Fator VII da via extrínseca ou do Fator VIII da via intrínseca, mas que também participam da via comum, além de todos os outros fatores da via intrínseca e também da via comum. 10 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO VII. Testes clínicos da avaliação da coagulação: Tempo de sangramento – avalia a interação das plaquetas com o vaso (coagulação primária). Consiste em cortar e verificar o tempo, é necessário padronizar o corte: região mais vascularizada/menos vascularizada e demais detalhes metodológicos. Faz-se o corte, dispara o cronômetro e, em seguida, tocar o corte com papel absorvente de 30 em 30 segundos, para analisar se está saindo sangue, quando tocar e não molhar para-se o cronometro, a margem de erro vai ser de 30 segundos. Pode considerar os valores da literatura ou valores próprios de normalidade. O aumento do tempo de sangramento significa que a interação das plaquetas com o vaso não está adequada, podendo ser: trombocitopenia (mais comum), doença de von Willebrand, uso de AAS, doença genética plaquetária (rara). Portanto, a interação não adequada das plaquetas com o endotélio pode ser tanto quantitativa, como qualitativa. Sangramento recorrente: problema na cascata de coagulação (coagulação secundária), o sangramento cessa no tempo adequado, mas volta a sangrar novamente porque não forma fibrina para estabilizar o coágulo. Com isso, o tampão plaquetário é removido pelo fluxo sanguíneo, posteriormente as plaquetas irão fechar novamente (porque estão quantitativamente e qualitativamente normais), mas sem a fibrina o tampão é removido de novo, tornando-se um quadro recorrente – podendo, inclusive, gerar trombos e êmbolos, os mecanismos anticoagulantes irão regular isso. 11 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO Tempo de coagulação: avalia a cascata de coagulação (coagulação secundária). Consiste em coletar uma amostra de sangue sem anticoagulante e analisar em quanto tempo vai coagular. Há duas formas: excluir o fator tecidual – descartando o primeiro jato de sangue, a segunda amostra vem sem o fator tecidual, assim, foca-se na via intrínseca e comum, já que o fator tecidual é da via extrínseca. Descartando a via extrínseca e analisando somente a via intrínseca e a via comum, direciona-se para avaliar a possibilidade de ser hemofilia. A outra forma é não descartar nada e analisar tudo. → Detalhes metodológicos: deve-se que coletar com uma única perfuração, desprezar ou não o primeiro jato e manter a amostra aquecida (na própria mão), a 37°C – temperatura fisiológica do organismo. A cada 30 segundos inclinar o tubo em 90 graus e verificar se o sangue escorre pela parede, travar o cronometro quando o sangue não mais escorrer pela parede do tubo. No laboratório, pode-se coletar até 3 tubos e fazer no banho maria a 37°C, testa-se o primeiro tubo, quando coagular, testa o segundo tubo, quando coagular, testa o terceiro tubo – o 12 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO tempo de coagulação real é o tempo em que o terceiro tubo levou para coagular. O tempo disparado no cronômetro é um somatório, se coagular o primeiro, for para o segundo e o segundo já estiver coagulado, o tempo real de coagulação, portanto, é o do primeiro. Cada vez que deita-se o tudo, aumenta a superfície de contato, ativando a coagulação, principalmente a via intrínseca que ativa-se por contato. Ao chegar no terceiro tubo e ainda não estiver coagulado, é o tempo que mais reflete a menor interferência, sendo o tempo de coagulação mais real. É necessário padronizar os tubos e os volumes de sangue, além de processar um de cada vez. Os valores de referência são valores médios, considerando 25%-30% acima ou abaixo. Avaliar se é fisiológico ou patológico, de acordo com os padrões da literatura ou próprios. → Interpretação: ao desprezar o primeiro jato, o aumento do tempo de coagulação indica deficiência em algum/alguns dos fatores das vias intrínseca e/ou da via comum, da cascata de coagulação – com exceção do fator IV (cálcio). Sem desprezar o primeiro jato, avalia-se todas as vias, portanto, qualquer um dos fatores poderá estar deficiente. Observações: deve-se fazer a plaquetometria com EDTA e não com citrato, porque o resultado já embute a diluição. Albumina (gramas/dl) é mais presente que o fibrinogênio (mg/dl) no sangue. 1 dl = 100 ml. 13 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO VIII. Resultados do coagulograma em doenças específicas: inclui o coagulograma clínico e laboratorial: → Plaquetárias e quantitativas: Coagulograma clínico: Trombocitose – com o tempo de sangramento prolongado, corresponde a um defeito funcional das plaquetas. Trombocitopenia – o tempo de sangramento é prolongado e o tempo de coagulação não vai se alterar. Coagulograma laboratorial: plaquetometria, TP e TTPA – trombocitopenia/trombocitose: plaquetometria identifica; tempo da cascata de coagulação: normal. → Plaquetárias e qualitativas: Doença de von Willebrand (também chamada de pseudo-hemofilia) e o uso de AAS também. Coagulograma clínico: o tempo de sangramento aumentado ocorre porque não há agregação plaquetária eficiente, para de sangrar somente quando forma fibrina (cascata de coagulação). Coagulograma laboratorial: o AAS não interfere na qualidade das plaquetas. 14 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO → Doenças da coagulação plasmática: hereditárias x adquiridas Hereditárias: hemofilia (A – deficiência do Fator VIIIc; B – deficiência do Fator IX; C – deficiência do Fator XI), deficiência do Fator II, Fator VII ou do Fator X. As doenças da coagulação plasmática hereditárias correspondem, normalmente, a deficiência de apenas 1 fator. Coagulograma clínico: hemofilia – tempo de sangramento normal e recorrente, as plaquetas estão normais, mas não produz fibrina para dar estabilidade ao tampão plaquetário; tempo de coagulação 1 prolongado (aquele que descarta o primeiro jato prolongado); nas deficiências do II ou X vai depender (slide tá errado, ela falou no áudio); a deficiência do fator VII vai estar normal. Coagulograma laboratorial: hemofilias: normal; TP: normal; TTPA: prolongado (precisa do fator II, que está na via comum). 15 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO Adquiridas: são mais graves, afeta vários fatores, tanto da via extrínseca, quanto da via intrínseca ou da via comum. Corresponde a: envenenamento por bloqueadores da vitamina K – venenos para roedores e pragas, o paciente sangra até a morte porque impossibilitaos fatores II, VII, IX e X, ocasionando problemas em todas as 3 vias; insuficiência hepática – além dos fatores citados anteriormente (II, VII, IX e X), que depende da vitamina K, haverá deficiência de muitos outros, que são produzidos no fígado, podendo levar a morte por várias outras razões, além da hemorragia pela falta de produção de fatores da cascata de coagulação (grave, tratamento: transfusão de plasma fresco, além do transplante hepático); acidente botrópico – acidente com serpentes: não há conhecimento exato, mas interferem tanto no mecanismo de coagulação como no de controle da coagulação, o paciente sangra até morrer (hemorragia), o sangue não coagula e não há impedimento para a coagulação. O indicado é a administração de vitamina K (não é qualquer vitamina K), além da lavagem gastrointestinal, porque o veneno é absorvido progressivamente. Até com 20% da atividade o fígado mantém as funções e o paciente sem sinais clínicos. 16 PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA – P2 – NEWTON MELLO → Doenças relacionadas com a coagulação plasmática e plaquetária: hereditárias – doença de von Willebrand e Coagulação Intravascular Disseminada. Observação: A doença de von Willebrand é uma doença da coagulação plaquetária (primária), com reflexo na coagulação plasmática (secundária), porque sua falta acelera a catabolização do FVIII.
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