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Eficácia da lei no tempo e no espaço de MichelBarbosa | trabalhosfeitos.com SUMÁRIO: Introdução -------------------------------------------------------------------------------- 2 1 - Eficácia da Lei ----------------------------------------------------------------------- 3 1.1 - Início da vigência das Leis ------------------------------------------------------ 3 1.2 - Princípio da Obrigatoriedade das Leis ----------------------------------------- 5 1.3 - Princípio da Continuidade das Leis -------------------------------------------- 6 1.4 - Cessação da eficácia das leis: Revogação, derrogação, ab-rogação ------ 6 2 - Eficácia da Lei no Tempo ---------------------------------------------------------- 8 2.1 - Direito Intertemporal -------------------------------------------------------------- 8 2.2 - Princípio da irretroatividade da lei ---------------------------------------------- 8 2.3 - Teorias sobre a irretroatividade das leis ---------------------------------------- 8 3 - Eficácia da Lei no Espaço ----------------------------------------------------------- 9 3.1 - Princípio da Territorialidade ------------------------------------------------------ 9 3.2 - Extraterritorialidade no âmbito jurídico brasileiro ---------------------------- 9 3.3 - Estatuto Pessoal ---------------------------------------------------------------------10 3.4 - Noções de Direito Internacional Privado -------------------------------------- 10 Conclusão ---------------------------------------------------------------------------------- 11 Bibliografia-------------------------------------------------------------------------------- 12 Introdução Quando tem início a obrigatoriedade da lei: essa questão tem sido regulada por dois sistemas diferentes, o da obrigatoriedade progressiva e o da obrigatoriedade simultânea. No primeiro caso, o início da obrigatoriedade processa-se por partes, primeiro nas regiões mais próximas, depois nas mais remotas. No segundo, a lei entra em vigor a um só tempo em todo país. A Lei de Introdução adota o sistema da obrigatoriedade simultânea: salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. Esse princípio, entretanto, não é absoluto porquanto quase todas as leis atualmente expedidas prescrevem sua entrada em vigor na data da respectiva publicação. A lei torna-se obrigatória pela publicação oficial e segundo o que está publicado. Sucede, porém, que, muitas vezes, ela se ressente de erros e omissões. Se a lei, publicada com incorreções, ainda não entrou em vigor, a correção feita é reputada lei nova, para efeito de sua obrigatoriedade. O espaço de tempo compreendido entre a publicação da lei, e sua entrada em vigor, denomina-se vacatio legis. Geralmente é estabelecido para melhor divulgação dos textos. Enquanto não transcorrido esse período, a lei nova não tem força obrigatória, conquanto já publicada. Considera-se, pois, ainda em vigor a lei precedente sobre a mesma matéria. Do exposto se dá conta do relevante papel que apublicação desempenha na obrigatoriedade da lei. Uma vez publicada, ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 1 - Eficácia da Lei 1.1 - Início da vigência das Leis Encerrada a fase de elaboração da Lei, depois de votada, promulgada e publicada, merece cuidado o problema de sua vigência. Perfeita e completa, torna-se um comando, que dirige à vontade geral, ordenando ou proibindo, ou suprindo à vontade dos indivíduos. À semelhança da vida humana, também aa leis têm a sua própria vida, que é a sua vigência ou a faculdade impositiva: nascem, existem morrem. Estes três momentos implicam a determinação do início da sua vigência, a continuidade da sua vigência e a cessação da sua vigência. Com a promulgação, tem-se a Lei autenticada e perfeita. Mas não é possível recebe-la como uma ordem geral, antes da difusão do seu texto, que se realiza pela publicação. Esta se fazia outrora por pregões, anunciados a toque de tambor: divulgação mais simbólica que efetiva, pois não se podia aceitar, nem por presunção, que todas as populações ocorressem a ouvir o anúncio. No Brasil, a publicação se realiza através do Diário Oficial, em que o texto legal vem estampado, de sorte a permitir a todos sua leitura e seu estudo. Com a publicação da Lei, fixa-se a sua existência e identifica-se pela numeração que recebe e pela data da promulgação. Mas a sua vigência, a sua qualidade impositiva está sujeita a regras especiais. Poderá haver ou não coincidências, entre a data da publicação e o momento emque se inicia o seu vigor. Em qualquer caso, o ponto de partida é a publicação oficial. A fixação do início da vigência de uma lei deve ser buscada primeiramente nela própria, quando em disposição especial o estipula: ora estatui que entra a vigorar na sua mesma data de publicação, caso em que não ocorre qualquer tempo intermédio produzindo seus efeitos no mesmo dia em que é estampada no Diário Oficial, e a partir de então sujeitando todos os indivíduos ao seu império; ora estabelece uma data especialmente designada como o momento inicial da sua eficácia, caso que não há cogitar de nenhuma regra abstrata ou teórica, senão o de aguardar a chegada do dies a quo. A escolha de uma ou de outra determinação é puramente arbitrária para o legislador, que se deixa naturalmente levar por motivos de conveniência. Faz coincidir a data da publicação e a entrada em vigor quando entende desaconselhável ao interesse público a existência de um tempo de espera. Ao contrário, estipula uma data precisa, e mais remota, para aquelas leis que, pela importância, pela alteração sobre o direito anterior, pela necessidade de maior estudo e mais ampla divulgação, reclamam se entendam o tempo a data de início da eficácia, como ocorreu com o Código Civil, promulgado a º de janeiro de 1916, e com inicio da vigência estabelecido para1º de janeiro de 1917; o Código de Processo Civil, publicado em janeiro de 1973 para vigorar em 1º de janeiro de 1974. Na falta de disposição especial a respeito, vigora o princípio que reconhece anecessidade de decurso de um lapso de tempo entre a data da publicação e o termo inicial da obrigatoriedade. Neste tempo intermédio, que se denomina vacatio legis, já existe a lei, perfeita e completa, mas não está ainda em vigor, não obriga, não pode ser aplicada, não pode ser invocada, não cria direito nem impõe deveres. Mas nada impede que os interessados, espontaneamente, façam estipulações na conformidade da lei já publicada, mas ainda não vigorante. Por outro lado, são válidos os atos praticados de conformidade com a lei anterior. A duração da vacatio legis se sujeita ao princípio do prazo progressivo ou do prazo único. Pela antiga Lei de Introdução ao Código Civil, Contemporânea deste, tornava-se a lei obrigatória em momentos distintos, nas diversas partes do território nacional em função da sua distância relativamente à Capital Federal. Este sistema, adotado em razão da vastidão enorme do território brasileiro e das dificuldades de comunicação, era passível de crítica, por motivo de admitir, em lugares diferentes, às vezes próximos, diversidade de direito aplicável. Assim é que uma lei, na falta de disposição especial fixadora de outro prazo, entrava em vigor, no Distrito Federal, três dias depois de oficialmente publicada, 15 dias no estado do Rio de Janeiro, 30 dias nos Estados marítimos e no de Minas Gerais, 100 dias nos outros Estados e nas circunscrições não constituídas em Estados. O sistema do prazo progressivo, estão adotado, encontrava exemplo em outros países. A nova Lei de Introduçãoao Código Civil estabeleceu o início da obrigatoriedade sob o império do princípio do prazo único ou simultâneo, determinando o seu art. 1º que, à falta de disposiçãoexpressa em contrário, começa a vigorar a lei, simultaneamente, em todo o país 45 dias após a publicação. Mais fáceis e mais rápidas as vias de comunicação, considera-se esse período suficiente para que se torne a lei conhecida e seja estudada, ainda nos mais remotos rincões, e então, decorrido esse tempo de vacatio, obtém-se a obrigatoriedade uniforme da lei e a aplicação de um só direito para toda a nação. Muito embora a lei, como expressão da soberania, tenha aplicação no território nacional, pode estender-se além deste, quer no que diz às atribuições dos ministros, cônsules e demais funcionários de nossas representações diplomáticas, quer aos brasileiros ou estrangeiros no tocante aos atos destinados a produzir efeitos no Brasil, quer no tocante aos princípios e convenções de direito internacional. Prevendo-o, estabeleceu que nos Estados estrangeiros a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, tem início três meses depois de oficialmente publicada. O Projeto de Lei Geral de Aplicação das Normas mantém o sistema do prazo único e sugere 30 e 60 dias, respectivamente, para o País e para o estrangeiro. A forma de contagem do prazo da vacatio legis é dos dias corridos, com exclusão do começo e inclusão do de encerramento, computados domingos e feriados, de tal maneira que, no termo certo, inicia a sua obrigatoriedade, seminterrupção ou suspensão. Poderá acontecer que a lei, ao ser publicada, contenha incorreções e erros materiais, que exorbitando de pequenas falhas ortográficas que lhe não desfiguram o texto, exijam nova publicação, antes de entrar a lei em vigor, os artigos republicados terão prazo de vigência contado da nova publicação, para que o texto correto seja conhecido, sem necessidade de que vote nova lei: apenas anula-se o prazo decorrido, de sorte que o dispositivo emendado conte o prazo de vigência com observância da regra geral. As correções, porém, somente prevalecem no tocante a falhas materiais, pois que se o pretexto de emenda houver alteração na disposição legal, somente por via de outra lei poderá ser feita. As emendas ou correções à lei já tinha entrado em vigor são consideradas lei nova, a cujo começo de obrigatoriedade se aplica ao princípio geral da vacatio legis. Mas, pelo fato de a lei emendada, mesmo com incorreções, ter adquirido força obrigatória, os direitos adquiridos na sua vigência têm de ser resguardados, e não são atingidos pela publicação no texto corrigido. Quando a lei, ao ser votada, depende de regulamentação pelo Poder Executivo, sua vigência se considera suspensa, até que o decreto executivo seja expedido, e isto porque a necessidade de regulamentação opera como uma condição suspensiva à força obrigatória da lei. Mas é evidente que, se não toda a lei, mas apenas uma parte exige regulamentação, somente esta tem a sua eficácia suspensa até a a publicação do respectivo decreto,pois que, no mais, nenhum obstáculo existe a que de pronto adquira força obrigatória. À legislação estadual cabe fixar o início da vigência das leis votadas pelos Estados Federados, e, quando estatuem de maneira diversa, sua eficácia começa 45 dias após a publicação. Cumpre, entretanto, ressaltar está revogado o art. 1º, § 2º, da Lei de Introdução, que alude à elaboração das leis estaduais por autorização do Governo Federal, e na sua dependência da aprovação deste. Perdeu sua razão de ser, após a votação da Constituição Federal de 1946. Não só proibia esta a delegação legislativa, como por outro lado discriminava a atribuição específica dos Estados legislarem nas matérias de sua competência, o que evidentemente não depende de autorização nem de aprovação do Governo Federal. Esta a sistemática ora vigente. 1.2 - Princípio da Obrigatoriedade das Leis Uma vez em vigor a lei é uma ordem dirigida a vontade geral. È obrigatória para todos. A esta generalização da força impositiva dá-se o nome de princípio da obrigatoriedade da lei, e se exprime com a afirmativa da submissão de todos ao seu império. Noutros termos, ninguém pode ser furtar à sua observância, e ninguém se acusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Admite-se outrora, que o conhecimento da lei constituía uma presunção de natureza absoluta, decorrente de sua publicação. A lei era conhecida e a alegação de sua ignorância a ninguém escusava. Paralelamente a teoria da presunção, imaginou-se a da ficção. Embora se saiba que a lei nãoé conhecida de todos, sustenta-se que a sua publicação tem o objetivo de torna-la conhecida, e ela é obrigatória porque o ordenamento jurídico se desenvolve como se fosse o direito plenamente conhecido. O recurso à ficção parte do pressuposto de que esta opera como se fosse a própria verdade, não obstante não ser. E, como por ficção a lei é conhecida, muito embora em verdade não seja, ninguém se pode escusar sob alegação de desconhecê-la. 1.3 - Princípio da Continuidade das Leis A lei é uma ordem permanente, o que implica a dedução de sua continuidade. A lei em vigor permanece vigente, até que uma força contrária lhe retire a eficiência. A não aplicação da lei, por prolongado que seja, jamais se deverá considerar como abandono ou renúncia dos interessados. Nos regimes jurídicos em que a teoria geral das fontes de direito assenta na supremacia da lei escrita, tem este um começo certo e um fim precisamente caracterizado, somente cessando sua obrigatoriedade em razão de um fato em que o legislador reconhece, coo hábil a este resultado, que é a revogação. Enquanto ela não ocorrer, a lei permanece em vigor. Esta permanência é o principio da continuidade, que a sustenta até o surgimento de força contrária à sua vigência. 1.4 - Cessação da eficácia das leis: Revogação, derrogação, ab-rogação Pelo princípio da continuidade, a lei somente perde a eficácia em razão de uma força contrária à sua vigência. E tal força é a revogação. Revogação: Consiste na votação de outra lei, com a forçade fulminar a sua obrigatoriedade. A revogação encerrada do ângulo de sua extensão pode ser: Total ou Parcial. Total: por atingir a totalidade dos dispositivos. Apagando ela a eficácia completa da lei anterior. Dá-se a ela o nome de ab-rogação. Ab-rogada uma lei, desaparece e é inteiramente substituída pela lei revogadora, ou simplesmente se anula, perdendo o vigor de norma jurídica a partir do momento em que se entra em vigor a lei que a ab-rogou. Parcial: por atingir apenas uma parte de seus dispositivos. Apagando apenas uma parte da lei anterior, enquanto deixa íntegras as disposições não alcançadas. Chamada de derrogação. Derrogada, a lei não fenece, não sai de circulação jurídica, mas é amputada nas partes ou dispositivos atingidos, que apenas estes perdem a obrigatoriedade. A revogação encerrada do ângulo de sua atuação pode ser: Expressa ou direta e Tácita ou indireta. Expressa ou direta: Consiste na declaração inserta na lei, pala qual o legislador fulmina a lei velha, que ao declará-la extinta em todos os seus dispositivos, que ao apontar aqueles dos seus artigos que teve de abolir. Tácita ou indireta: é a forma de revogação mais frequente, porém mais delicada, sujeita a sutilezas, e por isso mesmo a doutrina mais detidamente a examina. No direito brasileiro não ficou ao arbítrio do intérprete pesquisar quando ocorre a revogação tácita. Entendeu o legislador fixar sob forma normativa e obrigatória regras que norteiam o próprio intérprete quando se lhe defronta o problema na investigaçãose a lei nova, sem mencioná-lo expressamente trouxe revogação à lei antiga, isto é, quando tem de averiguar, em face de nova manifestação da vontade da lei, se houve o propósito de abolir disposição legal anterior ou se existe a intenção de conservá-las coexistentes. Esta coexistência não é afetada, quando o legislador vote disposições gerais a par de especiais, ou disposições especiaisa par de gerais já existentes, porque umas e outras não se mostram, via de regra, incompatíveis. Não significa isto, entretanto, que uma lei geral nunca revogue uma lei especial, ou vice-versa. Uma lei revoga outra em três hipóteses, a saber: a) Quando expressamente o declare; b) Quando seja com ela incompatível; c) Quando regule inteiramente a matéria tratada na anterior. 2 - Eficácia da Lei no Tempo 2.1 - Direito Intertemporal Quando uma lei entra em vigor, revogando ou modificando outra, sua aplicação é para o presente e para o futuro. Com este sentido, afirma-se que a lei tem efeito, além de geral, imediato. 2.2 - Princípio da irretroatividade da lei Em doutrina pura, ou no terreno da abstração filosófica vige a noção universalmente consagrada da não retroatividade da lei, seja porque a palavra legislativa se volta do presente para o futuro, com o propósito de estabelecer uma norma de disciplina que no plano teórico passa a constituir uma regra de obediência a que as ações humanas pretéritas não podiam estar submissas, seja porque o efeito retrooperante da lei traz um atentado àestabilidade dos direitos, e violenta, com a surpresa da modificação legislativa, o planejamento das relações jurídicas instituído como base do comércio civil. Assentado, pois, o princípio, e com caráter de preceito constitucional, o problema de direito intertemporal consiste na indagação se a lei tem efeito retroativo, não podendo ser aplicada em caso afirmativo. 2.3 - Teorias sobre a irretroatividade das leis: a) Da teoria objetivista: que encaram o problema em face dos direitos. b) Da teoria subjetivista: Que procuram resolver o problema sob o aspecto das situações jurídicas criadas pela lei. A Lei de Introdução ao Código Civil de 1916 tomou rumo francamente subjetivista, ao prescrever, no art. 3º, que a lei não prejudicará em caso algum: a) O direito adquirido: no geral, abrange os direitos que o seu titular ou alguém por ele possa exercer. São os direitos definitivamente incorporados ao patrimônio do seu titular, sejam os já realizados, sejam os que simplesmente dependem de um prazo para o seu exercício, sejam ainda subordinados a uma condição inalterável ao arbítrio de outrem. A lei nova não pode atingi-los, sem retroatividade. b) O ato jurídico perfeito: è o já consumado segundo a lei vigente ao tempo que se efetuou. È o ato plenamente constituído, cujos requisitos se cumpriram na pendência da lei sob cujo império se realizou. c) A coisa julgado ou caso julgado: é a decisão judiciária de que já não caiba recurso. É princípio assentado que as leis de processo, com efeitoimediato, regulem todos os atos sob o seu domínio, alcançando as ações no ponto em que se encontrem, de tal forma que trâmites já percorridos obedeçam a lei antiga, mas os não efetuados automaticamente se sujeitam à lei moderna. 3 - Eficácia da Lei no Espaço A eficácia da lei no espaço é importante porque regula aquelas situações daqueles cidadãos de um país, que vivem em outro país, daqueles que celebram negócios fora de seu país, que se casam com cidadãos estrangeiros, a fim de que possam saber qual lei, e de qual Estado, aplicar-se-á, no caso em que estão vivenciando. Assim como podem existir conflitos com a lei no tempo, também podem existir conflitos da lei no espaço, diante das infindáveis ordens jurídicas existentes (uma vez que cada Estado tem sua própria ordem jurídica e os seus cidadãos estão, em princípio, sujeitos a ela), que normalmente regulam o mesmo assunto de forma totalmente diferente. 3.1 - Princípio da Territorialidade A territorialidade significa a aplicação da lei em ater-se às normas alienígenas de outros Estados. As normas jurídicas têm seu campo de abrangência limitado por espaços territoriais, em nível nacional, pelas fronteiras do Estado, o que inclui sua extensão de águas territoriais e ilhas, os aviões, os navios e as embarcações nacionais, as áreas de embaixadas e consulados, etc, bem como o subsolo e a atmosfera. Essa delimitação é chamada de princípio da territorialidade das normas jurídicas. 3.2 - Extraterritorialidade no âmbito jurídicobrasileiro O princípio da extraterritorialidade dita que é possível a aplicação da lei em território de outro Estado, de conformidade com o estabelecido em princípios e convenções internacionais. Com este princípio a norma tem autorização de ultrapassar suas fronteiras para atender os interesses de vários países. Assim, a extraterritorialidade designa os efeitos legais das normas além dos limites dos Estados. O Brasil aplica o princípio da territorialidade moderada, que diz que no território brasileiro são aplicadas as leis brasileiras, admitindo o abrandamento do princípio da territorialidade para aqui ter a aplicação estrangeira, em situações especiais autorizadas pela lei brasileira. 3.3 - Estatuto Pessoal O estatuto pessoal é a situação jurídica que rege o indivíduo. No Brasil, inicialmente, o estatuto pessoal se regia pela lei da nacionalidade que dispõe que lei nacional do cidadão é a lei que em princípio o deve acompanhar, regulando suas relações jurídicas privadas mesmo que em outro país. Entretanto, por ser o Brasil um país formado por imigrantes, restaria muito dificultoso e viraria uma algazarra se cada um tivesse como lei que regesse sua vida a aplicação da lei advinda da sua nacionalidade, razão pela qual o Estatuto Pessoal, no direito brasileiro, é regido, atualmente, pela lei do domicílio que dispõe que a lei que deve ser aplicada ao indivíduo é a lei donde ele firmou sua moradia. Com esta visão somente se terá a certeza do estatutopessoal do indivíduo após análise de que país ele está domiciliado, ou seja, o lugar onde a pessoa estabeleceu sua residência com ânimo definitivo, e nestes casos a lei relativiza o princípio da territorialidade para aplicar, então para aquela pessoa, a lei do seu domicílio. 3.4 - Noções de Direito Internacional Privado O Direito Internacional Privado é o conjunto de princípios e regras que determina os limites no espaço da competência legislativa dos Estados, quando tem de aplicá-las às relações jurídicas que podem ser submetidas a mais de uma legislação. O DIP ao contrário do que se pensa, não dita normas de caráter individual, ao contrário disso, somente procura indicar qual sistema jurídico deve ser aplicado no caso em concreto, quando houver conflitos de leis de Estados Diferentes disciplinando o assunto. E a LICC traz parte destes critérios utilizados pelo DIP para solucionar estes conflitos entre as leis no espaço. Conclusão As normas jurídicas, como normas de conduta que são, veem o sem âmbito de eficácia limitado pelos fatores tempo e espaço: elas não podem ter a pretensão de regular factos que se passaram antes da sua entrada em vigor nem os fatos que se passaram ou passam sem qualquer “contato” com o Estado que as edita. Elas não podem, por outras palavras, chamar a si a orientação daquelas condutas dos indivíduos que se passaram para além da sua possível esfera de influência. A base do direito intemporal constrói-se, por um lado, sobre o princípio da nãoretroatividade das leis, e por outro lado, sobre o respeito das situações jurídicas preexistentes criadas sob o império da lei antiga, assim o ponto de partida radical do Direito Internacional Privado assenta, por um lado, sobre a regra da não transitividade das leis e, por outro lado, sobre o princípio do reconhecimento das situações jurídicas constituídas no âmbito de eficácia de uma lei estrangeira. O direito de conflitos de leis assume como critério básico o da “localização” dos fatos: a “localização” no tempo para o direito intemporal e a “localização” no espaço para o Direito Internacional Privado. Essa a razão por que se afirma que estes dois critério são direitos “de conexão”:a conexão dos fatos com os sistemas jurídicos é que constitui o dado determinante básico da aplicabilidade dos mesmos sistemas jurídicos. Por isso, pode-se enunciar como regra básica de todo o direito de conflitos a seguinte: a quaisquer atos aplicam-se as leis – e só se aplicam as leis – que com eles se achem, em contato. No Direito Internacional Privado nem sequer basta o recurso a um princípio paralelo ao da teoria do fato passado e o recurso ao princípio do reconhecimento dos direitos adquiridos. Pelo que respeita às situações absolutamente internacionais, importa ainda, num segundo momento fazer intervir uma regra de conflitos capaz de dirimir o concurso entre as leis em contato com os fatos. Bibliografia Livro: Instituições de Direito Civil Volume I Autor: Caio Mário da Silva Pereira Editora Forense
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