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Tribunal do J·ri parte 01

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Tribunal do júri (parte 01) 
Tribunal do Júri 
 
Conceito: o júri é um órgão especial do Poder Judiciário de 1ª 
instância, pertencente à Justiça Comum (Estadual ou Federal), colegiado e 
heterogêneo (formado pelo juiz presidente e por 25 jurados), que tem 
competência mínima para julgar os crimes dolosos contra a vida, 
temporário (porque constituído para sessões periódicas, sendo depois 
dissolvido), dotado de soberania quanto às suas decisões, tomadas de 
maneira sigilosa e inspiradas pela íntima convicção, sem fundamentação, 
de seus integrantes leigos. 
O Tribunal do Júri realmente pertence ao Poder Judiciário? 
Apesar de não estar previsto expressamente no art. 92 da CF (organização 
do Poder Judiciário) é sim um órgão do Poder Judiciário. 
Ele está previsto expressamente no art. 5º da CF, pois o tribunal do júri 
é uma forma de participação popular no Poder Judiciário (presença dos 
jurados). 
Obs. Não há tribunal do júri na Justiça Eleitoral nem na Militar. 
Obs. 2. O MP não faz parte do tribunal, ou seja, ele apenas atua perante 
o tribunal. 
1. Princípios constitucionais – art. 5º, XXXVIII, CF 
Art. 5º [...] 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a 
organização que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes 
dolosos contra a vida; 
1.1. Plenitude de defesa 
Vai além da ampla defesa. 
Tribunal do júri (parte 01) 
 
Plenitude de defesa: o acusado e seu defensor podem se valer não 
apenas de argumentação jurídica, mas também de fundamentos de 
natureza extrajurídica. 
Ex. razões de ordem emocional, social etc. 
Essa plenitude se divide em duas: 
Plenitude de Defesa técnica: Art. 497, V, CPP. 
 Art. 497. São atribuições do juiz presidente do 
Tribunal do Júri, além de outras expressamente 
referidas neste Código: 
V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-
lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e 
designar novo dia para o julgamento, com a nomeação ou 
a constituição de novo defensor; 
STF, HC 85969: foi um caso em que o STF entendeu que o acusado 
estava indefeso. 
Plenitude de Autodefesa. 
 
1.2. Sigilo das votações 
A ninguém é dado conhecer o sentido do voto dos jurados, ou seja, 
ninguém pode ficar sabendo em que sentido votou o jurado. 
Sala Especial (Secreta): tem a função de resguardar esse sigilo. 
CPP, Art. 485. Não havendo dúvida a ser 
esclarecida, o juiz presidente, os jurados, o Ministério 
Público, o assistente, o querelante, o defensor do 
acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à 
sala especial a fim de ser procedida a votação. 
O público e o acusado JAMAIS poderão acompanhar a votação. 
E se o acusado for profissional da advocacia poderá entrar 
na sala de votações? Não. Mesmo sendo profissional da advocacia ele é 
Tribunal do júri (parte 01) 
o acusado. Nesse caso deve-se constituir um defensor ad hoc para esse 
momento. 
E se não houver essa sala especial na comarca? 
§ 1o Na falta de sala especial, o juiz presidente 
determinará que o público se retire, permanecendo 
somente as pessoas mencionadas no caput deste artigo. 
Essa sala é compatível com a CF/88? Sim, embora a regra dos 
atos processuais sejam públicos, quando houver interesse de ordem 
pública, pode haver essa restrição a essa regra. 
 
Incomunicabilidade dos jurados 
Art. 466. Antes do sorteio dos membros do 
Conselho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá 
sobre os impedimentos, a suspeição e as 
incompatibilidades constantes dos arts. 448 e 449 deste 
Código. 
§ 1o O juiz presidente também advertirá os jurados 
de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se 
entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre 
o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na 
forma do § 2o do art. 436 deste Código. 
 § 2o A incomunicabilidade será certificada nos 
autos pelo oficial de justiça. 
Não tem caráter absoluto, ou seja, o jurado pode conversar, o que não 
pode é conversar sobre o processo. Não pode se manifestar em relação ao 
processo. 
O que acontece com os jurados quando o julgamento dura 
mais de um dia? Em regra os fóruns possuem estrutura para acomodá-
los. Caso não tenha, serão recolhido a hotéis ficando em quarto separados 
e sem acesso a qualquer meio que posso se comunicar. 
Até qual momento se estende essa incomunicabilidade? Ela 
começa no momento em que é sorteado, se estendendo até o exato 
momento da leitura da sentença, pois esta marca o fim do procedimento. 
 
Votação unânime 
Tribunal do júri (parte 01) 
Antes da lei 11.689/08: todos os votos eram contados e uma possível 
votação unânime era revelada à todos. 
Os votos eram divulgados pelo juiz, e isso violava o sigilo. 
Depois da lei 11.689/08: a contagem dos votos devem ser interrompida 
quando forem atingidos 04 votos no mesmo sentido. 
 
Art. 483 [...] 
§ 1o A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, 
a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e II 
do caput deste artigo encerra a votação e implica a 
absolvição do acusado. 
 
Pela lei isso vale apenas para os quesitos de materialidade e autoria 
(quesitos I e II). Contudo, a doutrina entende que estende-se essa 
sistemática todos os quesitos. 
 
1.3. Soberania dos Veredictos 
Um tribunal formado por juízes togados não pode modificar no mérito 
a decisão dos jurados. 
A decisão sobre a existência do crime, autoria, presença de 
qualificadores etc., é dos jurados. Por isso não se admite que um tribunal 
formado por juízes togados modifiquem essa decisão, pois seria a 
modificação uma usurpação de competência do T. do Júri. 
 
Cabimento de Apelação contra Sentença do Júri 
As decisões do júri não são irrecorríveis, pois o duplo grau de jurisdição 
previsto implicitamente na CF e expressamente na CADH aplica-se ao T. do 
Júri. 
No que tange à apelação, esta é no tribunal do júri um recurso de 
fundamentação vinculada. 
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: 
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: 
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; 
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei 
expressa ou à decisão dos jurados; 
Tribunal do júri (parte 01) 
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da 
pena ou da medida de segurança; 
d) for a decisão dos jurados manifestamente 
contrária à prova dos autos. 
Limites do juízo ad quem no tocante ao julgamento da apelação 
 
Na alínea “a” haverá juízo rescindente, ou seja, a sentença será cassada 
e os autos remetidos para novo julgamento. 
Na alínea “b” a decisão não é dos jurados, mas sim do juiz-presidente: 
assim, o tribunal poderá fazer tanto o juízo rescindente ou rescisório. 
Na alínea “c” também é uma decisão do juiz-presidente, pois ele é quem 
aplica a pena. Assim, cometendo erro na dosimetria, o tribunal pode fazer 
o juízo rescindente. 
Na alínea “d” há decisão dos jurados: o juízo ad quem apenas pode 
fazer o juízo rescindente, devolvendo o acusado para que novo júri seja 
realizado. 
Art. 593 
 § 3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste 
artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a 
decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova 
dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a 
novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo 
motivo, segunda apelação. 
STF, súmula 713. O efeito devolutivo da apelação 
contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da 
sua interposição. 
Se, por exemplo, a apelação for fundada na alínea “a”, o juízo ad quem 
não poderá julgar com base na alínea “c”. 
 
Quesitos: estão no art. 483 CPP. 
 Art. 483. Os quesitos serão formulados na 
seguinte ordem, indagando sobre: 
Tribunal do júri (parte 01) 
 I – a materialidade do fato; 
 II – a autoria ou participação; 
 III – se o acusado deve ser absolvido; 
 IV – se existe causa de diminuiçãode pena 
alegada pela defesa; 
 V – se existe circunstância qualificadora ou causa 
de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em 
decisões posteriores que julgaram admissível a 
acusação. 
 
Obs. As agravantes e atenuantes serão apreciadas pelo juiz na hora da 
sentença condenatória. Art. 492, I, ‘b’, CPP. Antigamente eram os jurados 
que as apreciavam. Hoje é o juiz quem faz essa apreciação. 
As agravantes e atenuantes estão protegidas pela 
soberania dos veredictos? Não, pois quem analisa tais circunstâncias 
não são os jurados, mas sim o juiz. Assim, em eventual recurso de 
apelação o juízo ad quem poderá fazer o juízo rescisório, como por 
exemplo, afastar uma reincidência e via de consequência diminuir a pena. 
Cabimento de Revisão Criminal contra decisão do Júri 
É uma ação autônoma de impugnação que pressupõe o trânsito em 
julgado de sentença condenatória ou absolutória impropria. 
É perfeitamente cabível no Júri, não havendo violação à soberania dos 
veredictos, pois tanto a soberania dos veredictos e a revisão criminal foram 
instituídas em favor do acusado. 
O Tribunal (juízo ad quem) ao julgar uma revisão pode: 
1ª CORRENTE: Proceder ao juízo rescindente e rescisório, 
desconstituindo a decisão e proferindo nova decisão em substituição à 
decisão desconstituída. MAJORITÁRIA. 
2ª CORRENTE: pode proceder ao juízo rescindente, mas não pode 
prolatar nova decisão em substituição, devendo o réu ser submetido a novo 
julgamento em sessão plenária. 
1.4. Competência para julgamento dos crimes dolosos 
contra a vida. 
CF, art. 5º. 
Tribunal do júri (parte 01) 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a 
organização que lhe der a lei, assegurados: 
d) a competência para o julgamento dos crimes 
dolosos contra a vida; 
Essa competência é mínima que não pode ser suprimida nem mesmo 
por Emenda Constitucional. Trata-se de uma cláusula pétrea. 
Essa competência pode ser ampliada. Hoje ela já é ampliada, uma vez 
que o Tribunal do Júri tem competência para julgar os crimes dolosos 
contra a vida e os conexos/continentes (vis atrativa), salvo crimes eleitorais 
e militares. 
Infrações penais envolvendo mortes dolosas que não são julgadas pelo 
júri 
a. Latrocínio. 
STF, súmula 603. A competência para o processo e 
julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do 
Tribunal do Júri. 
b. Genocídio. 
Não é crime doloso contra a vida. É um crime que tutela a existência 
de grupo nacional étnico, de competência do juiz singular. 
Contudo, o STF no RE 351.487 decidiu que se o genocídio é praticado 
através da morte de pessoas desses grupos, o agente será julgado por 
todos os homicídios cometidos no T. do Júri, que julgará também o 
genocídio. 
c. Militar da ativa contra militar da ativa, ainda que praticado fora de 
lugar sujeito à administração militar. 
A competência é da Justiça Militar. 
d. Civil que mata dolosamente militar das Forças Armadas em serviço 
em área militar. 
 
O STF, no HC 91.003, entendeu que é competência é da Justiça Militar. 
 
e. Foro por prerrogativa de função previsto na CF (princípio da 
especialidade). 
STF, súmula 721. A COMPETÊNCIA 
CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DO JÚRI 
PREVALECE SOBRE O FORO POR 
Tribunal do júri (parte 01) 
PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ESTABELECIDO 
EXCLUSIVAMENTE PELA CONSTITUIÇÃO 
ESTADUAL. 
 
Essa súmula, em 08/04/15, foi transformada em uma súmula 
vinculante. 
Súmula vinculante 45. A competência 
constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o 
foro por prerrogativa de função estabelecido 
exclusivamente pela Constituição Estadual. 
f. Crime político do art. 29 da Lei 7.170/83. 
É a lei de segurança nacional. 
Prevê a morte de 04 autoridades: 
 Presidente da república; 
 Presidente do senado; 
 Presidente da câmera; 
 Presidente do STF. 
Matar dolosamente essas autoridades são considerados crime 
político, sendo julgado por um juiz singular federal. 
g. Tiro de abate 
A lei 12.432/11, alterou o CPM, art. 9º, parágrafo único. 
É julgado pelo Justiça Militar da União. 
 
2. Procedimento Bifásico do Tribunal do Júri. 
1ª Fase: sumário da culpa (iudicium accusationis). 
2ª Fase: julgamento em plenário (iudicium cauase). 
Tribunal do júri (parte 01) 
 
Quando não couber mais recurso contra 
essa decisão. 
CPP, Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os 
autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal 
do Júri. 
CPP, Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do 
Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do 
Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, 
e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, 
apresentarem rol de testemunhas que irão depor em 
plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em 
que poderão juntar documentos e requerer diligência. 
Obs. Em algumas comarcas o juiz sumariante da 1ª fase será o juiz 
presidente na 2ª fase. 
Obs. 2. A 1ª fase funciona como uma espécie de juízo de 
admissibilidade, para que assim, julgamentos temerários não sejam 
realizados em sessão plenária. 
 
Diferenças entre o Procedimento Comum Ordinário e o Sumário da 
Culpa (Iudicium Accusationis) 
Júri 
1ª) Há previsão expressa de oitiva da acusação após a apresentação da 
resposta a acusação (Art. 409, CPP). 
Tribunal do júri (parte 01) 
2ª) Momento da absolvição sumária: é ao final da audiência de 
instrução, ou seja, não absolve depois de apresentada a resposta a acusação 
como ocorre no procedimento comum ordinário. 
3ª) Na 1ª fase não há previsão legal de requerimento de diligências ao 
final da audiência de instrução, nem tão pouco de substituição das 
alegações orais por memoriais. NA PRÁTICA É OUTRA HISTÓRIA. 
4ª) Ausência ou deficiência das alegações orais da defesa. 
 
No caso de a defesa alegar que irá ficar em silêncio, pois acha que não 
é o momento oportuno para antecipar tese defensiva do acusado (estratégia 
do defensor), não há que se falar em acusado indefeso. É questão de não 
antecipar a defesa para o promotor, pois esta será sustentada em plenário. 
STF, HC 103.569: entendeu que o não oferecimento de alegações finais 
no júri é uma tática da defesa. 
Contudo, se essa deficiência ou silencio ocorre no procedimento 
comum aí sim o juiz deve declarar o acusado indefeso, pois logo após esse 
momento vem a sentença. 
 
Vamos analisar agora as 04 decisões que podem ser tomadas na 
primeira fase: 
3. Impronúncia – art. 414 CPP 
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do 
fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou 
de participação, o juiz, fundamentadamente, 
impronunciará o acusado. 
É uma decisão baseada na dúvida. O juiz não está convencido de que 
houve um crime, ou havendo, de que não há indícios de autoria ou 
participação. 
Nesse caso deve impronunciar o acusado. 
Tribunal do júri (parte 01) 
3.1. Natureza jurídica da decisão de impronúncia e coisa 
julgada 
É uma decisão interlocutória (porque não há apreciação do mérito para 
dizer se o acusado é culpado ou inocente) mista (põe fim a uma fase 
procedimental) terminativa (põe fim ao processo, ou seja, extingue o 
processo). 
Recurso cabível: nos termos do art. 416 do CPP é a APELAÇÃO. 
Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou 
de absolvição sumária caberá apelação. 
Atenção: o recurso cabível é a apelação, contudo, há uma 
impropriedade no artigo, pois a decisão de pronúncia NÃO É uma sentença. 
A decisão que absolve sumariamente é, todavia a decisão de pronúncia não 
é. 
 
*Legitimados: é o MP/Querelante/Assistente da Acusação. 
 Art. 584, § 1º + art. 598. 
Acusado (+defensor): é perfeitamente possível que a defesa 
apele de uma decisão de impronúncia. 
Pense: a impronúncia faz coisa julgada FORMAL, e o 
surgimento de novas provas pode dar ensejo a uma nova denúncia 
pelo mesmo fato. Assim, o acusado alegando ser inocente, apela, 
tendo como por exemplo, tese de legitima defesa (excludente da 
ilicitude),pugnando por uma absolvição sumária, que faz coisa 
julgada FORMAL/MATERIAL, e mesmo que surjam novas provas, 
não poderá ser oferecida nova denúncia. 
 
Coisa julgada: a decisão de impronúncia faz coisa julgada formal, ou 
seja, faz coisa julgada apenas dentro do processo em que ela foi proferida, 
baseada na cláusula Rebus Sic Stantibus. 
Tribunal do júri (parte 01) 
Art. 414. 
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a 
extinção da punibilidade, poderá ser formulada 
nova denúncia ou queixa se houver prova nova. 
A prova nova pode ser: 
a. Substancialmente nova: é a prova inédita, era desconhecida até 
então. Ex. um cadáver que não havia sido encontrado. 
b. Substancialmente nova: é a prova que já era conhecida, mas que 
ganhou novos contornos, nova versão. Ex. depoimento. A pessoa que dá um 
depoimento falso porque estava sendo ameaçada, agora vai até a delegacia 
e conta tudo. 
Ocorrendo uma causa extintiva da punibilidade aí já não se pode fazer 
mais nada. 
3.2. Impronúncia absolutória 
Existia antes da reforma processual promovida pela Lei 11.689/08. 
Nessa decisão havia análise do mérito, onde o juiz dizia, por exemplo, 
que o crime não existiu ou acusado não é o autor do crime. 
Nesse caso, como havia análise do mérito, essa decisão fazia coisa 
julgada formal e material. 
Com o advento da lei 11.689/08 as causas que geravam a impronúncia 
absolutória forma transformadas em causas de absolvição sumária. 
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde 
logo o acusado, quando: (Redação dada pela Lei nº 11.689, 
de 2008) 
I – provada a inexistência do fato; 
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; 
III – o fato não constituir infração penal; 
Essas eram as causas de impronúncia absolutória!!! 
3.3. Infração conexa 
O foco do juiz sumariante não é o crime conexo que eventualmente 
venha a ser praticado, mas tão somente o crime doloso contra a vida. 
Assim, no que se refere ao crime conexo o juiz não toma nenhuma 
decisão. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11689.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11689.htm#art1
Tribunal do júri (parte 01) 
Ex. homicídio + ocultação de cadáver. 
No caso de impronúncia, o crime conexo será encaminhado para o juiz 
singular competente. 
Obs. No caso de haver recurso de apelação contra a decisão de 
impronúncia, o juiz deve esperar o julgamento desta para ver o que 
acontecerá com o crime conexo. 
Apelação desprovida juiz encaminha o crime conexo ao juiz 
singular. 
Apelação provida acusado será pronunciado indo o crime 
conexo para julgamento junto com o doloso em sessão plenária. 
3.4. Despronúncia 
Nada mais é do que uma decisão de pronúncia transformada em uma 
decisão de impronúncia. 
Essa transformação se dá por interposição de um RESE. 
 
 
ATENÇÃO: a despronuncia pode ser feita tanto pelo juiz sumariante 
(pois o RESE traz a possibilidade do juízo de retratação) ou pelo juízo ad 
quem (quando o juiz sumariante não exerce o juízo de retratação). 
Cabe recurso contra essa decisão de despronúncia? Sim. Mas 
qual vai depender de quem despronunciou, se o juiz sumariante (em sede 
de juízo de retratação) ou o juízo ad quem (TJ/TRF). 
Juiz sumariante Apelação. 
Obs. Não se aplica o parágrafo único do art. 589 CPP para a 
despronúncia, pois o recurso agora é o de apelação. 
Direito intertemporal 
A lei 11.689/08 modificou o recurso contra a decisão de despronúncia. 
Essa lei entrou em vigor em 09/08/2008. Assim, as decisões de 
despronúncia até dia 08/08/08, dia anterior à entrada em vigor, são 
Tribunal do júri (parte 01) 
atacadas via RESE, e do dia 09/08/08 em diante, são atacadas via 
Apelação. 
 
Nesse exemplo acima, a parte terá direito ao RESE, pois a decisão de 
despronúncia se deu no dia 08/08/2008. É o momento da decisão que dá 
direito adquirido da sistemática recursal. Assim, mesmo que o momento de 
interpor o recurso seja na vigência da nova lei, ainda sim será o RESE. 
 
4. Desclassificação 
Art. 419. Quando o juiz se convencer, em 
discordância com a acusação, da existência de crime 
diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código 
e não for competente para o julgamento, remeterá 
os autos ao juiz que o seja. 
O juiz sumariante se convence de que não há crime doloso contra a 
vida, procedendo à sua desclassificação. 
O juiz não fica vinculado à capitulação contida na denúncia. Assim, 
pela narrativa fática o juiz pode entender que não se trata de um crime 
doloso contra a vida. 
Ex. denúncia narra art. 121 c/c art. 14, II e o juiz entende ser lesão 
corporal. 
ATENÇÃO: a desclassificação no Tribunal do Júri tem uma 
peculiaridade. Em linhas gerais, temos a desclassificação quando saímos de 
um crime e vamos para outro (ex. de roubo para furto; tentativa de 
homicídio para lesão corporal). 
No Tribunal do Júri só haverá a desclassificação quando saí de um 
crime doloso contra a vida para um crime não doloso contra a vida. 
Assim, como no exemplo que segue abaixo, caso haja a desclassificação 
para outro crime, mas saia de um doloso contra a vida para outro doloso 
contra a vida, não haverá decisão de DESCLASSIFICAÇÃO. 
Tribunal do júri (parte 01) 
 
A desclassificação pode ser feita para crime mais grave? 
Sim. A desclassificação não deve necessariamente ser benéfica ao acusado. 
Ex. de homicídio para extorsão mediante sequestro qualificada por 
morte dolosa. 
4.1. Desclassificação X Desqualificação 
 
É a exclusão de qualificadoras por ocasião da pronúncia, ou seja, na 
hora de pronunciar o juiz entende que não está presente a qualificadora. 
Ex. Acusado foi denunciado por homicídio qualificado é pronunciado 
por homicídio simples. 
O juiz pode fazer isso? Para a doutrina e jurisprudência essa 
competência de excluir qualificadora pertence ao Conselho de Sentença. O 
juiz sumariante só pode fazer isso em situações excepcionalíssimas, em que 
a presença da qualificadora se mostra verdadeiro absurdo. 
4.2. Nova classificação 
Ao desclassificar o crime para um não doloso contra a vida, o juiz 
sumariante deve se abster de fixar expressamente a nova classificação legal, 
ou seja, deve-se limitar a dizer que não se trata de um crime doloso contra 
a vida, pelos seguintes motivos: 
1º) Por não ter competência para tanto, já que o juiz sumariante tem 
competência para esse juízo de admissibilidade (sumário da culpa) dos 
crimes dolosos contra a vida. 
2º) Evitar um pré-julgamento. 
 
4.3. Procedimento a ser observado pelo juiz singular 
competente 
O que deve fazer o juiz singular ao receber os autos? Temos 
correntes: 
1ª Corrente: o acusado deve ser julgado de imediato. 
2ª Corrente: Antes de sentenciar, o juiz singular deve ouvir as partes. 
Tribunal do júri (parte 01) 
CPC, Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau 
algum de jurisdição, com base em fundamento a 
respeito do qual não se tenha dado às partes 
oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de 
matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
4.4. Infração conexa 
A infração conexa segue o mesmo caminho. Assim, se o crime for 
desclassificado, a infração conexa vai junto com o crime desclassificado 
para o juiz singular. 
CPP, Art. 81. 
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao 
júri a competência por conexão ou continência, o 
juiz, se vier a desclassificar a infração ou 
impronunciar ou absolver o acusado, de maneira 
que exclua a competência do júri, remeterá o 
processo ao juízo competente. 
E se houver recurso contra a desclassificação? A infração 
conexa ficará aguardando o julgamento do recurso. Aí dependerá da decisão 
do juízo ad quem. 
Provimento Pronúncia (indo tudo para o T. do Júri). 
Não provimento remete-se os autos ao juiz singular (indo tudo 
para este) 
 
4.5. Situação do acusado PRESO diante da desclassificação 
Em caso de desclassificação, o acusado preso não será 
NECESSARIAMENTE postoem liberdade. 
CPP, art. 419. 
Parágrafo único. Remetidos os autos do 
processo a outro juiz, à disposição deste ficará o 
acusado preso. 
 
 
Obs. Esse novo juiz ao receber os autos, FUNDAMENTADAMENTE 
deve se manifestar acerca da prisão. 
4.6. Recurso adequado – art. 581 CPP 
Tribunal do júri (parte 01) 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da 
decisão, despacho ou sentença: 
II - que concluir pela incompetência do juízo; 
Legitimados: MP, Querelante e Acusado. 
Quando houver desclassificação 
para crime + grave. 
E o assistente da acusação? Correntes: 
1ª Corrente: não pode recorrer, pois a lei no capítulo referente aos 
recursos não outorga essa legitimidade ao assistente. 
2ª Corrente: Sim. A reforma processual de 2008 transformou o 
interesse do assistente no processo, que era meramente patrimonial, sendo 
certo que agora tem interesse na justa aplicação da lei. 
4.7. Conflito de Competência Suscitado pelo juízo singular 
competente 
É a hipótese de o juiz sumariante desclassificar para um crime não 
doloso contra a vida, a parte interpõe RESE, e o tribunal NEGA provimento 
ao RESE, e remete os autos ao juiz singular competente. 
Esse juiz singular que recebe os autos vindos do Tribunal de Justiça, 
entender que o crime é doloso contra vida, e portanto não deveria ser 
desclassificado, e suscitar conflito de competência? 
 
1ª Corrente (Tradicional): o juiz singular competente não pode 
suscitar, pois houve preclusão (porque a matéria já fora apreciada). 
2ª Corrente (Ada Pelegrini): o juiz singular pode sim. A matéria 
competência é de ordem pública e não está sujeita à preclusão, além do fato 
de que não é uma Câmara qualquer no tribunal que tem competência para 
dirimir um conflito de competência, mas sim a Câmara Especial. 
 
Tribunal do júri (parte 01) 
Obs. Quando houver a desclassificação e remessa dos autos à outra 
Justiça, não há dúvidas quanto à possibilidade de se suscitar um conflito de 
competência. 
Exemplo: policial militar em serviço mata um civil (competência da 
justiça comum). O MP denuncia e o juiz sumariante entende que não foi 
homicídio doloso, mas sim lesão corporal seguida de morte (crime militar), 
desclassificando o crime. O MP interpõe RESE sendo negado provimento. 
A câmara que negou provimento reme os autos à Justiça Militar. 
O juiz militar, ao receber os autos, se entender que não é crime militar, 
mas é sim homicídio, PODE SUSCITAR O CONFLITO DE COMPETENCIA, 
uma vez que o juiz militar não está vinculado ao Tribunal de Justiça. 
 
STJ, CC 35.294.

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