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Acadêmicos: Eliquecio Rocha de Souza; Elielson Rocha de Souza. Professor tutor externo: Bruna de Abreu Vasconcelos Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (EFL 0683/7) – Prática do Módulo I – 23/09/19 RELAÇÃO DO TREINO DE FORÇA NA OBESIDADE EM ADULTOS USUÁRIOS EM ACADEMIAS DE MUSCULAÇÃO Acadêmicos: Eliquecio Rocha de Souza; Elielson Rocha de Souza. Tutor Externo: Bruna de Abreu Vasconcelos. RESUMO Este trabalho sobre a correlação da aptidão física e saúde para obesos usuários dos serviços prestados por academias convencionais de musculação apresenta um estudo longitudinal acompanhado na Academia Olimpo, localizada na rua São Vicente, 111 no bairro São Lázaro, da cidade de Manaus no Amazonas, onde foram aplicados conhecimento teóricos e práticos, sob a ótica da aptidão física e saúde para 20 voluntários adultos, com o Índice de massa corpórea maior que 30, classificados como obesidade grau 2, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Foram utilizados alguns métodos para avaliação da obesidade como índices antropométricos, aferição da composição corporal e Percepção Subjetiva de esforço (PSE) na escala de Borg. Após a coleta de dados, estes participantes foram submetidos a um treino de força com curta duração e alta intensidade durante 30 dias, respeitando a frequência cardíaca (FC) através de monitoramento individual. Foram observadas melhoras em todos os índices do grupo, portanto, com excelentes vantagens nesta amostra no que compreende a composição corporal, resistência cardiorrespiratória, força, resistência muscular e flexibilidade. Conclui-se que a metodologia escolhida tem que atender aos princípios do treinamento esportivo para assim extrair as os melhores benefícios no objetivo individual do aluno. Palavras-chave: Força; Intensidade; Obesidade. 1. INTRODUÇÃO A Educação Física no que se refere a aptidão física e saúde vem sendo uma constante na atuação de atender uma grande demanda da população que cada vez mais procura os profissionais para tratamentos de inúmeras patologias, dentre elas a obesidade. Segundo Florindo; Hallal (2011) o Ministério da Saúde, em 1998, realizou um levantamento sobre o estilo de vida da população brasileira, detectando assim que 67% dos entrevistados eram sedentários, ou seja, não praticavam nenhum tipo de exercício físico. O sedentarismo desacelera o metabolismo incidindo na perda de massa magra e aumentando o volume de gordura corporal denotando a obesidade que por sua vez colabora para o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis como a dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, deficiências respiratórias, distúrbios cardíacos, aterosclerose, esteatose hepática, patologias ortopédicas, depressão e até a morte. Duca e Nahas (2011) apontam que no ano de 2008, havia cerca de 1,5 bilhão de obesos pelo mundo e a preocupação é alarmante porque esse número vem aumentado a cada ano e em todas as faixas etárias. É consenso geral, que a prática de exercícios físicos regulares tem importância fundamental tanto na prevenção e promoção de saúde (GUEDES; GUEDES,1995). 2 Nesta ótica, a Educação Física não está tão somente associada a esportes coletivos e individuais, mas também na geração e manutenção da saúde no que tange a abordagem central desse estudo, a aptidão física e todo os seus fatores determinantes. Este trabalho se propôs a utilizar predominantemente dois fatores da aptidão física a saber a força e a resistência, embora todos os outros demais serão utilizados, pois de certa forma está tudo interligado neste contexto. Isto é, foram aplicados a intensidade vigorosa em períodos mais curtos no que tange a força e simultaneamente a resistência muscular localizada no aumento das repetições buscando sempre a elevação máxima do esforço em indivíduos obesos para assim, observar as respostas agudas e crônicas no tecido adiposo, bem como, as variações nos índices de desempenhos das capacidades físicas. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A inatividade física juntamente com as práticas inadequadas e o desiquilíbrio na ingestão de energia levaram a população em geral a aumentar seu percentual de tecido adiposo no corpo (GIANINI, 1998). Este aumento vem sendo percebido em todos os países e leva as organizações de saúde constatarem que a obesidade é uma condição relacionada ao surgimento e desenvolvimento de diversas doenças e que a prática regular de exercícios físicos atua como necessário na prevenção e tratamento. Quando observamos toda a estrutura de conhecimento na área dos exercícios físicos, identificamos claramente a pauta sobre conceitos fisiológicos de cada sistema/tecido, formação, estrutura, funções, cinética, variáveis associadas, condições patológicas e demais aspectos relevantes. Sabe-se que o exercício físico aeróbio é um importante aliado quando o objetivo é diminuir o percentual de gordura corporal. Os benefícios da atividade física podem ser encontrados em baixa, moderada ou alta intensidade. É importante lembrar que a intensidade será determinada conforme o objetivo do praticante. A magnitude definida para a realização dos exercícios será avaliada pelo estilo de vida do indivíduo, pela sua condição física inicial, entre outros, porém, independentemente de todos os critérios de avaliação, a prática de exercícios será importante para a prevenção de doenças e manutenção da saúde. (CASONATTO, 2016, p.88). Nesse contexto, o ACSM – Colégio Americano de Medicina do Esporte – (2009) orienta, que para a promoção da saúde é preciso praticar atividades aeróbias de intensidade moderada 30 min, cinco dias por semana ou atividades de alta intensidade pelo menos 20 minutos, três vezes por semana para pessoas entre 18 a 65 anos sedentárias. Fundamentado nessa recomendação, este trabalho optou para prescrição de um treinamento intenso com maior volume de exercícios numa duração de tempo mais curto. O treinamento com maior tempo em elevada intensidade possibilita o alcance maior no desgaste fisiológico melhorando as funções cardiorrespiratórias e metabólica do indivíduo (LAURSEN; JENKINS, 2002). Ou seja, as durações da recuperação estimulam diferentes sistemas energéticos e atuando no elevado grau de recrutamento de fibras musculares, que consequentemente, resulta numa maior captação da glicose pelas células musculares, segundo estudos de Litlle et al. (2010). A prescrição de um programa de condicionamento físico deve está baseado em algum parâmetro adequado dentro do objetivo que se busca alcançar de acordo com o perfil biológico do grupo a ser trabalhado. Como este trabalho buscou trabalhar com treinamentos de alta intensidade, 3 foi utilizado algumas ferramentas da literatura cientifica neste monitoramento de controle individual de cada participante. Dessa forma, optou-se por utilizar a frequência cardíaca individual, pois se trata de um grupo de obesos que automaticamente já se incluem em um grupo de risco coronariano. Pois segundo (Nunes; Barros, 2004), a obesidade está diretamente associada ao surgimento de doenças como hipertensão e complicações coronarianas. De maneira simples, pode-se descrever a frequência cardíaca (FC), como a quantidade de vezes que o coração bate num período de 1 minuto e assim delimitar a zona de treinamento mais eficiente dentro do percentual da FCmax de acordo com Londeree et al. (1995). De maneira simultânea, foi aplicado a escala de percepção subjetiva de esforço (PSE), pois de acordo com a escala de Borg é possível monitorar a intensidade do programa de treino. Essa ferramenta facilita a compreensão da alteração da frequência cardíaca por meio da própria percepção corporal durante a prática de exercícios. Neste conceito de aptidão física relacionada à saúde, dentro da dimensão morfológica foi abordado a composiçãocorporal, que se trata de um fracionamento da massa corporal para futura análise. O fracionamento utilizado foi a divisão feita em massa gorda e massa livre de gordura. Segundo Heyward & Stolarczyk, (2000) apesar dos termos massa corporal livre de gordura e massa magra serem, algumas vezes usadas como sinônimos, elas são bem diferentes. A massa corporal livre de gordura, não contem lipídios, ao passo que a massa magra inclui tão somente uma pequena quantidade de lipídios essenciais. Como se sabe, a obesidade não é necessariamente o excesso de peso do indivíduo, mas ela se refere ao acúmulo excessivo de gordura no corpo e isto está ligado a diversos fatores como sedentarismo, má alimentação ou ingestão de uma quantidade maior de energia do que o gasto energético e até mesmo a genética. 3. MATERIAIS E MÉTODOS A captação dos 20 voluntários foi realizada após uma abordagem amistosa expondo a natureza do estudo e apresentando a proposta a cada um individualmente com a ciência do proprietário da academia escolhida. Estes participantes foram submetidos a uma avaliação física inicial supervisionada por um professor responsável da empresa de maneira a validar ainda mais os procedimentos. De acordo com Fontoura, Formentin e Abech (2008), utilizou-se os dados obtidos na avaliação física para verificação da condição inicial do aluno e análise ampla para elaboração de um planejamento adequado dos exercícios a serem desenvolvidos. Nesta apresentação inicial de captação foi comunicado todo o programa, na intenção de dirimir quaisquer dúvidas relacionadas a horários, vestuário e foi criado um grupo em um aplicativo de mensagens para maior interação social. Antes do treinamento propriamente dito, durante 5 dias foi apresentado cada máquina e exercício a ser executado a fim de familiarizar cada aluno para que o durante o programa de treinamento não houvesse tantas dúvidas e com isto prejudicasse o andamento dos circuitos de exercícios. Embora se tratassem de alunos potencialmente avaliados pelos profissionais da empresa e considerados aptos para um programa de treinamento físico, optou-se por realizar uma anamnese sucinta do tipo PAR-Q (Physical Activity Readness Questionnaire) levantando 7 questões sobre histórico pessoal e familiar no que se refere a doenças crônicas não transmissíveis e deficiências ou limitações físicas. Este questionário simples sobre a prontidão para a atividade física foi utilizado como parâmetro de acesso ao programa de treinamento onde o critério de aceitação foi o de que todas as respostas deveriam ser afirmativas. Estas informações preenchidas foram devidamente assinadas por cada participante como garantia, inclusive para fins legais. 4 Também foi realizado uma avaliação antropométrica onde o avaliado descalço na posição ortostática foi submetido a aferição da sua estatura através de um estadiômetro fixo na parede. Esta medida foi registrada em centímetros observando todo o protocolo da medida. Foi também definido massa corporal total expressa em quilogramas, utilizando neste procedimento de mensuração uma balança digital com escala mínima de 100g. As medidas das circunferências e perímetros foram realizadas com o auxílio de uma fita antropométrica flexível com precisão elevada. Observou-se inicialmente as medidas da cintura (cm) considerando os riscos para doenças associadas à obesidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que quando o acúmulo de gordura tem predominância na região abdominal, os riscos de complicações a saúde aumentam proporcionalmente. Para esta análise, a referência para riscos esteve aplicada na tabela adaptada de (WHO, 2008) a seguir. Sexo Risco elevado Risco muito elevado Mulheres >80 >88 Homens >94 >102 Circunferência de cintura Dentre os principais índices antropométricos foi utilizado apenas dois que são mais comumente usados pois requer menos tempo de execução e baixo custo financeiro, a saber o Índice de Massa Corporal (IMC) e a relação entre as circunferências da cintura e do quadril (RCQ). A avaliação desse trabalho utilizou a fórmula (IMC = peso/altura²) no qual se refere a razão entre o peso (Kg) dividido pela estatura ao quadrado (E²), aderindo a tabela recomendada pela Organização Mundial de Saúde a seguir. IMC Classificação Obesidade (grau) Menor de 18,5 Magreza 0 Entre 18,5 e 24,9 Normal 0 Entre 25,0 e29,9 Sobrepeso I Entre 30,0 e 39,9 Obesidade II Maior que 40,0 Obesidade grave III Índice de Massa Corporal Também foi realizado a medição com o auxílio de uma fita métrica da região da cintura e do quadril e aplicando a formula (RCQ = cintura/quadril) e sujeitando os resultados na tabela de classificação de riscos. Homens Mulheres RCQ >0,90 cm >0,85 cm Relação Cintura-Quadril Embora, esse uso é padronizado como excelente indicador das causas da mortalidade relacionada a obesidade e a identificação dos agravos a saúde foi também aplicado a avaliação da composição corporal utilizando uma técnica duplamente indireta conhecida como Bioimpedância (BIA). Este método se baseia na condução de uma corrente elétrica através do corpo de maneira indolor e com bases nos cálculos pré-programados pelo soft do equipamento se evidencia o somatório das resistências oferecidas pelos tecidos, denominando essa resistência de impedância. Desta maneira se obtém a proporção estimada de massa isenta de gordura e de massa gorda corporal. Na execução desta avaliação foi observado as recomendações de KYLE et al., 2004 na busca de minimizar erros e imprecisões na leitura, como por exemplo: não usar medicamentos 5 diuréticos nos últimos 7 dias, manter-se em jejum por no mínimo 4 horas, ter-se abstido da prática intensa de exercícios físicos nas últimas 24 horas e urinar pelo menos 30 minutos antes da aferição da impedância. Após dados coletados foi aplicado a tabela de classificação de Pollock & Wilmore, 1993. Classificação Masculino Feminino Excessivamente baixa <6% <12% Baixa 6,01% a 10% 12,01% a 15% Adequada 10,01% a 20% 15,01% a 25% Moderadamente alta 20,01% a 25% 25,01% a 30% Alta 25,01% a 31% 30,01% a 36% Excessivamente alta >31% >36% Percentual de gordura corporal Por fim, foi aplicado uma avaliação funcional analisando a mobilização articular e aptidão cardiorrespiratória mensurando assim suas funções fisiológicas quando na necessidade de realizar um teste físico. Foi apresentado teste de andar e correr em 12 minutos sobre uma esteira ergométrica sem interrupção (COOPER, 1982). O teste foi aplicado com velocidade constante e ao apurar a distância foi identificado na tabela do autor, a categoria da capacidade aeróbica de acordo com o sexo e idade do avaliado. Capacidade Aeróbica 13-19 anos 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos + 60 anos Muito fraca Homens Mulheres <2090m <1610m <1960m <1550m <1900m <1510m <1830m <1420m <1860m <1350m <1400m <1260m Fraca Homens Mulheres 2090m-2200m 1610m-1900m 1960m-2110m 1550m-1790m 1900m-2090m 1510m-1690m 1830m-1990m 1420m-1580m 1660m-1870m 1350m-1500m 1400m-1640m 1260m-1390m Média Homens Mulheres 2210m-2510m1910m-2080m 2120m-2400m 1800m-1970m 2100m-2400m 1700m-1960m 2000m-2240m 1590m-1790m 1880m-2090m 1510m-1690m 1650m-1930m 1400m-1590m Boa Homens Mulheres 2520m-2770m 2090m-2300m 2410m-2640m 1980m-2160m 2410m-2510m 1970m-2080m 2250m-2460m 1800m-2000m 2100m-2320m 1700m-1900m 2130m-2490m 1760m-1900m Excelente Homens Mulheres 2780m-3000m 2310m-2430m 2650m-2830m 2170m-2330m 2520m-2720m 2090m-2240m 2470m-2660m 2010m-2160m 2330m-2540m 1910m-2090m 2130m-2490m 1760m-1900m Esta capacidade aeróbica se define como a quantidade de oxigênio que um indivíduo consegue captar do ar alveolar, transportar aos tecidos pelo sistema cardiovascular e utilizar em nível celular na unidade de tempo determinada. Este consumo de oxigênio se comporta de maneira diferente quanto a idade, a sexo, a constituição corporal, ao ambiente, entre outros, podendo aumentar ou diminuir dependendo do nível de prática de exercícios físicos (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2008). 6 Para obtenção do indivíduo durante as atividades de testes foi apresentado ao aluno a tabela para que a cada cinco minutos fosse apontado qual grau de dificuldade que o exercício estava oferecendo dentro de um nível de esforço. As opções vão do nível mais baixo até um nível de esforço exaustivo correspondendo aproximadamente a frequência cardíaca máxima. Durante os exercícios é natural que a frequência cardíaca aumente e com o objetivo de não ultrapassar os limites máximos suportados pelo sistema circulatório foi desenvolvida esta classificação. 6 7 Muito fácil 8 9 Fácil 10 11 Relativamente fácil 12 13 Ligeiramente cansativo 14 15 Cansativo 16 17 Muito cansativo 18 19 Exaustivo 20 Escala de Borg Basicamente, os números de 6-20 são baseados na frequência cardíaca de 60-200 bpm (batimentos por minuto), já o numeral 12 corresponde aproximadamente a 55% e o nível 16 a 85% da frequência cardíaca máxima. Isto aplicado após os cálculos pertinentes a frequência cardíaca de reserva e de treino e assim trabalhar na zona aeróbica que corresponde a 70-80% da zona de frequência ou de esforço. O modelo de equação utilizada foi oriundo do estudo de Karvonem et al. (1957), que traz uma abrangência para ambos os sexos, no caso a FCMáx = 220-idade, para assim munido dessa informação se determinou a zona alvo de treinamento para o grupo respeitando os princípios da sobrecarga, individualidade biológica e da adaptação. O programa seguiu conforme o esperado, com maior adesão por parte das mulheres que correspondia um total de 75%, ou seja, apenas cinco dos participantes eram do sexo masculino. Foi direcionado prática de 15 minutos de aeróbios distribuídos igualmente em esteiras, bicicletas e elípticos perfazendo um total de 5 minutos para cada equipamento. Este procedimento foi desenvolvido numa escala intervalada de alta intensidade 1x1, ou seja, 1 minuto no máximo nível de percepção subjetiva do esforço mantendo a FC dentro da zona de capacidade aeróbia pré- determinada, e outro minuto no nível de esforço relativamente fácil aproveitando para fazer a recuperação do sistema neuromuscular. Durante atividade aeróbia, este monitoramento dos batimentos foi realizado pelo sensor de cada equipamento troca de equipamento ergométrico e cada aluno estava sendo motivado a se manter dentro da faixa sugerida. Nos exercícios resistidos com cargas no salão de musculação o monitoramento seguiu sendo mantido num período de intervalo das séries de cada circuito através da verificação na artéria radial localizada no punho. Esta mensuração foi realizada por cada aluno 7 que durante um minuto realizava a verificação e comunicava em voz alta sua FC. Neste procedimento foi orientado a cada voluntário que contasse seus batimentos durante 15 segundo e depois multiplicasse por 4. Vale ressaltar que as bicicletas ergométricas escolhidas foram as do tipo horizontal, no intuito de garantir melhor estabilidade do tronco e apoio para a coluna vertebral em virtude do grupo está muito acima do peso ideal. Este modelo de equipamento foi escolhido também para melhor acomodação do quadril e toda cintura pélvica de modo a preservar a integridade dessa região. Após a atividade aeróbia, seguiu-se para o salão de musculação onde se alternava um circuito de 15 minutos aproximadamente em um dia membros superiores, tronco e no outro dia membros inferiores e glúteos. Se realizou exercícios conjugados observando-se carga relativa, isto é, um percentual da carga utilizada e relação à carga máxima suportável. As séries eram de no máximo 8 repetições geralmente já no limite da fadiga muscular, conforme abaixo apresentado no programa de treinamento aplicado neste período de 30 dias. Programa de treinamento de Aptidão Física para Obesos - 30 dias Pré-circuito: Esteira (5min); Bicicleta Horizontal (5min); Elípitco (5min) Circuito A (membros superiores/ tronco) Circuito B (membros Inferiores) Puxador triângulo Elev. unilateral perna estendida (Dec. Dorsal) Desenvolvimento máquina Leg press 45º Peck deck Máquina de glúteo Tríceps pulley Cadeira abdutora Rosca pulley Cadeira adutora Pinça isométrica (halteres) Panturrilha sentada Prancha isométrica abdominal Tibial leg press 45º (4 séries) rep. Máximas (4 séries) rep. máximas É importante relatar, que foi dado preferência para exercícios em maquinas ao invés de utilização de pesos livres. Baseado no comentário de Mccaw & Friday (1996), que reforça a segurança e facilidade do uso das máquinas, bem como na ajuda da estabilização do corpo. Além disso constatou-se que pode treinar com cargas mais pesadas (finalidade deste trabalho), sem precisar de assistência e nem risco de lesão ou acidente. Neste programa, não foi determinado um número de repetições para cada exercício pois era buscado sempre as repetições máximas dentro de cada exercício com carga proporcional estipulada, sendo assim esse número era uma variante de cada indivíduo. Como forma de realizar o rodizio nos exercícios propostos no circuito, era sempre quando o último terminava. Foram realizados por dia em cada circuito um total de 4 series completas onde ao termino de cada serie era feito o levantamento da FC de cada aluno. No circuito de treino para membros inferiores evitou-se exercícios de agachamento na posição vertical, como é o caso do hack vertical e Smith machine. Essa decisão foi a de diminuir riscos de lesões proveniente de execuções erradas, haja visto que o grupo era de obesos iniciantes na musculação. No final do treino, era realizado exercícios de volta a calma com utilização da respiração profunda, bem como, alongamento passivos principalmente da região lombar e do piriforme. Em 8 média, o treino diário tinha duração de 35 a 40 minutos intensos com recrutamento de vários grupos musculares e com exaustão sempre aparente. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na fase inicial, todos os participantes estavam com o IMC acima de 30 apresentando dificuldades motoras coordenativas e cansaço corporal acentuado. Foram aplicadas sessões de treinos intensos como treinamento intervalado de alta intensidade, técnicas de força e explosão muscular com carga proporcional. Já no final dos 30 dias de programa foi realizado a avaliação final utilizando os mesmos procedimentos da avaliação física inicial. Foi repassado de maneira individual a evolução individual de cada um nesse processo respeitando o sigilo pessoal. E de maneira geral e impessoal foi transmitido o resultado de todo o grupo com os percentuais de ganhos sem citação nominal. Houve um retorno positivo por parte dos participantes que expuseram que o treino anterior ao programa era muito longo, ou seja, se gastava 1 hora apenas caminhando na esteirade forma monótona sem falar dos outros exercícios. E que no programa realizava todo o treino em menos de 40 minutos e com a sensação se realmente ter havido um gasto energético. Com isto, ficavam menos tempo dentro da academia podendo dar continuidade na rotina particular e com a sensação de treino concluído com sucesso. Verificou-se também que havia um certo receio por parte de alguns participantes na realização dos exercícios resistidos por motivos variáveis. Contudo percebeu-se que como o grupo era razoavelmente numeroso, percebeu-se uma motivação mútua com o encorajamento de um ao outro no sentido de quebrar barreiras e se estimular a praticar novos modelos de treinos. De forma isolada uma aluna teve um mal-estar durante a fase aeróbia onde prontamente nossa equipe a atendeu realizando o retorno venoso com elevação dos membros inferiores. Após sua recuperação, ela nos relatou que estava no ciclo menstrual e que por isso não tinha se alimentado satisfatoriamente. Neste episódio pontual, esta aluna foi liberada e orientada a manter repouso nas próximas 12 horas. Muitas dúvidas foram sanadas principalmente alguns mitos sobre a musculação deixar as mulheres masculinizadas ou que somente atividades rítmicas poderiam realmente realizar a lipólise. O fundamental do programa de fato foi presenciar que na experiência pessoal de cada indivíduo em contato com os aparelhos e com o autoconhecimento do próprio limite de esforço e na superação frente a exercícios intensos de alto volume, muitos paradigmas foram quebrados tanto externos quanto internos. A literatura cientifica já produz muitos estudos sobre atuação comprovada dos exercícios puramente aeróbios de longa duração sobre indivíduos acima do peso. Por isso se faz necessário a demonstração de que cada metodologia tem suas vantagens específicas. Este trabalho por exemplo, propôs um resultado de treino de força com alunos obesos potencialmente sedentários buscando a ativação neuromuscular e melhorando as todas as capacidades físicas. Um dado importante, foi a redução não apenas do peso corporal, mas sim uma redução significativa do percentual de gordura corpórea. Em suma, da equipe formada por 20 participantes, 14 saíram da categoria obesidade grau II para o grau I e todos tiveram redução no índice de massa corporal. E 17 alunos alteraram sua classificação de forma positiva na tabela de massa gorda e 13 tiveram aumento superior a 2,0% no ganho de massa livre de gordura (hipertrofia muscular). 9 Houve relatos positivos por parte de todos no que tange a melhora na qualidade do sono, na diminuição do cansaço físico corporal, no aumento da força muscular, na redução de dores/ incômodos/ estalos nas articulações ósseas, melhoria cognitiva na concentração, além do aumento autoestima. Outro ponto importante, é que houve também uma sensação prazerosa em estar na academia, condição essa que não havia antes, isto é, se antes da intervenção do programa o fato de ir à academia se exercitar era um fardo ou obrigação, agora após a implementação do programa se tornou uma ação prazerosa como uma terapia necessária. 5. CONCLUSÃO Ao término de 30 dias intensos com alguns imprevistos, como atrasos por partes de alguns participantes naturalmente se observou que todos os índices relacionados a saúde como aptidão cardiorrespiratória, força/resistência muscular e flexibilidade e composição corporal contribuíram significativamente para a melhora da postura corporal, independência funcional, redução de dores articulares e melhor condicionamento físico. O mais gratificante foi poder notar esse novo olhar dessa fatia de pessoas obesas para a musculação como agente transformador, livre daquele estereótipo de “coisa de maromba”. Em suma, do ponto de vista prático, ao invés dos alunos obesos se sentirem segregados a ficarem apenas na área ergométrica e fadado a caminhar e pedalar continuamente, eles agora experimentaram um sentimento de inclusão na academia podendo transitar de forma irrestrita por todo o salão de cabeça erguida na busca dos seus resultados. Todo avanço obtido no grupo foi compensador pois nitidamente se percebia um brilho no olhar de cada aluno que ultrapassava seus próprios limites de esforço e se desafiando cada vez mais. Por fim, esta pequena amostra busca rever alguns conceitos na musculação que são deixados de lado por parte do mundo fitness, onde coloca imagens de pessoas com corpos esculturais levantando pesos e de forma inconsciente vai inculcando na mente da população obesa que aquela modalidade de exercícios não se encaixa no seu perfil. Para isso, é importante destacar que a aptidão física e saúde para obesos tem espaço dentro de um programa de treinamento específico dentro da musculação, observando cada aluno de forma específica e atento aos procedimentos com cautela e profissionalismo. 10 REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002. American College of Sports Medicine. Position stand. Progression models in resistance training for healthy adults. Medicine & Science in Sports & Exercise. V.41, p. 687-706, 2009. BERGAMO, V. R.; DANIEL, J. F.; MORAES, A. M. Medida e avaliação em educação física e esportes. Editora Campinas, 2008. CASSONATTO, Juliano; GRANDOLFI, Kamila. Fisiologia do exercício – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016 CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. São COOPER, K. N. The aerobics program for total well-being. 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