Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO PENAL I Professor Fernando Cesar Bolque www.bolque.com.br fernando@bolque.com.br Livros (Autores): Damásio Mirabete Capez Bittencourt André Stefan Provas: 1º semestre:- Intermediária: até tipicidade (conceito de crime).- Semestral: a partir de conduta até erro do tipo.- 2º semestre:- Intermediária: concurso de agentes, culpabilidade, penas privativas de liberdade, penas restritivas de direitos e pena de multa. - Prova auxiliar: concurso de crimes, conflito aparente de normas e aplicação da pena. - SUBSTITUTIVA Conduta, Resultado, Nexo e Tipicidade. Legítima defesa e Estado de Necessidade. Culpabilidade. Concurso de Agentes. Pena e Aplicação da Pena. Sursis e Livramento Condicional. Extinção da Punibilidade e Prescrição. PLANO DE AULAS Página 1 de DIREITO PENAL I www.bolque.com.br Introdução Conceito de Direito1) O Direito não é um conjunto de regras, mas sim um complexo de normas, pois estas são interdependentes. Assim, o direito é um complexo de normas jurídicas que rege a vida dos homens em sociedade, trazendo sempre uma sanção pelo descumprimento destas normas impostas. Estas sanções trazem respostas diferenciadas: multas, nulidade do ato jurídico, demissão do funcionário faltos, reparação dos danos, etc. O âmbito penal, é diferenciado pela natureza da sanção, sendo que o descumprimento de suas normas acarreta basicamente duas sanções, quais sejam, a pena e a medida de segurança. O Direito Penal é um complexo de normas que se interligam e são interdependentes (uma depende da outra). Uma norma completa a outra. Conceito de Direito Penal2) "É o segmento do ordenamento jurídico que detém a função de selecionar os comportamentos humanos mais graves e perniciosos à coletividade, capazes de colocar em risco valores fundamentais para a convivência social, e descreve-los como infrações penais, cominando-lhes, como consequência, as respectivas sanções, além de estabelecer todas as regras complementares e gerais necessárias à sua correta e justa aplicação." (CAPEZ) Características do Direito Penal3) 1. É um ramo do Direito Público É indisponível, obrigatório.- Suas regras são obrigatórias, cogentes, indisponíveis. Não há a possibilidade de transação quanto ao cumprimento ou não das normas penais. 2. É uma ciência Tem autonomia (pois não depende de outro ramo), é independente. Não faz parte de nenhuma outra ciência do Direito. Suas normas encontram-se sistematizadas por um complexo de princípios próprios. - É uma ciência cultural (pois não é lógica, não é imutável). Muda conforme a sociedade. Submete-se às leis humanas (relação de dever-ser) e não às leis da física (relação de ser). O Direito é uma ciência do "dever ser". - É uma ciência normativa (não se preocupa com o porque do crime, questões filosóficas ou sociológicas). Abstração de estudo filosófico, sociológico, quando de sua aplicação. O que importa para o cientista do Direito Penal é a existência da norma. - É uma ciência finalística: não se preocupa com o por quê, mas com a finalidade do agente. Toda conduta humana deve ser dirigida a um fim. Seu objetivo é revelar o conteúdo das normas jurídicas. Sem a análise da finalidade do agente é impossível realizar o enquadramento da conduta. A disciplina de Direito Penal deveria ser chamada de Direito Criminal, pois a pena é dada apenas no fim. - É uma ciência fragmentária: porque recai a criminalidade apenas sobre os fatos graves e sobre os valores mais importantes ao convívio social. O legislador fragmenta determinadas condutas, ele somente se preocupa com as mais importantes, como por exemplo: vida, liberdade, propriedade, hora, etc. A conduta deve ser penalizada do ponto de vista do direito penal. O Direito Penal é a última "ratio" (é o último que deve ser aplicado). - Funções do Direito Penal4) 1. Proteção dos bens jurídicos: do que é protegido normativamente, através de compromisso ético individual (valores culturais, sociais, religiosos, familiares) e de intimidação coletiva (norma penal), que é a prevenção geral. Bens jurídicos são valores ou interesses do indivíduo ou da coletividade, reconhecidos pelo Direito. Ex.: - INTRODUÇÃO Página 2 de DIREITO PENAL I Bens jurídicos são valores ou interesses do indivíduo ou da coletividade, reconhecidos pelo Direito. Ex.: vida, honra, dignidade sexual, patrimônio, honra, etc. - Intimidação coletiva: é a norma que estipula uma pena para a sua violação, esta norma serve para intimidar através da pena. - 2. Manutenção da paz social: através da proteção dos bens jurídicos. Paz social é a ordem que deve reinar na vida em comunidade.- O Direito existe para regular a paz social. Natureza do Direito Penal5) a) lesividade do resultado (desvalor do resultado); b) reprovabilidade da ação em si mesma (desvalor da ação). Pode ser aferida no momento da apreciação da conduta umana. Esta ação pode ser aprecicada em dois aspectos distintos: Conceito do crime6) Fato Típico + Antijuricidade + + Culpabilidade Punibilidade Sujeito Estado Fato típico = conduta. Necessidade para legítima defesa: Agressão injusta Agressão atual Ofendendo meu direito Possibilidade de repelir a agressão Repulsão de forma moderada e meio necessário Consciência que está agindo em legítima defesa. Página 3 de DIREITO PENAL I I. Direito Penal Brasileiro História1) Até 1500 - Não havia um Estado para tutelar os direitos. Não havia jurisdição, e sim vingança. Os índios, a mercê da inexistência óbvia de legislação, praticavam o direito consuetudinário, basicamente nos moldes da vingança privada, divina e pública. A vingança privada era desproporcional e impessoal (a tribo inteira poderia se vingar por apenas uma pessoa). Com o tempo a vingança privada evoluiu para a Lei de Talião (olho por olho e dente por dente), tornando-se proporcional e pessoal. Quanto a vingança divina, esta era dada através do cacique, o representante de deus na Terra. Já na vingança pública, escolhia-se um representante para decidir se haveria ou não vingança e como esta seria realizada. 1500 a 1830- o Brasil se torna colônia de Portugal, passando a valer as regras e normas desta metrópole. As mais importantes eram chamadas Ordenações do Reino (Manoelinas, Afonsinas e, as mais importantes, as Filipinas). As Ordenações Filipinas refletiam o direito penal da época, mas também abrangia todos os demais ramos do direito. As punições eram selvagens e desumanas. Os ricos eram punidos com multas, enquanto os pobres eram castigados e humilhados. Estas vigoraram até 1830, ou seja, até 8 anos após a declaração de independência brasileira. 1830 a 1892- Em 1830 surge o primeiro Código Penal Brasileiro, o Código Penal do Império, considerado extremamente avançado para a sua época, pois foi inspirado nos ideais de igualdades, liberdade e fraternidade da Revolução Francesa (1789). O Código do Império acabou com as penas bárbaras, desumanas. Acabou com a pena de morte. Teve característica liberal. Instituiu o "Dias Multa" (sistema de cálculo da pena de multa), utilizado até hoje. 1890 - Surge o Código Penal Republicano, que entrou em vigor em 1891. Foi extremamente retrógrado. Acabou com a individualização da pena trazida pelo Código Imperial. Devido a inúmeras falha, inúmeras leis subsequentes surgiram para retaliar tal Código, que acabaram por descaracterizá-lo como Código. 1932 - Os legisladores realizam uma Consolidação das leis penais (reunião de leis em uma única lei), devido à necessidade que surgiu com a retaliação que havia acontecido com o Código Republicano. 1940 - Por força do Decreto lei 2.848/40 surge o Código Penal Brasileiro, que está em vigor até hoje. Tal código entrou em vigor em 1º de janeiro de 1942. DIREITO PENAL BRASILEIROPágina 4 de DIREITO PENAL I Código Penal Brasileiro III. Código Penal Brasileiro1) Parte Geral -> art. 1º ao 120 (inteiramente reformulada pela Lei 7.209/84). Só possui normas não incriminadoras. Parte Especial -> art. 121 ao 361 (está sendo modificada paulatinamente). Em regra, possui normas incriminadoras. Por exceção encontram-se nesta parte normas não incriminadoras (ex.: arts. 128 e 327). Normas Penais:2) Não incriminadoras: não descrevem crimes. Podem ser permissivas ou explicativas.- Permissivas: permitem determinada conduta, como, por exemplo, legítima defesa (art. 23).a) Explicativas: finais ou complementares. Complementam o sentido de uma determinada norma, como, por exemplo, quando se define o que é um crime doloso, culposo, tentado, consumado, etc. Ex.: arts. 1ºe 2. b) Incriminadoras: incriminam, descrevem tipo incriminadores, crimes. - CÓDIGO PENAL BRASILEIRO Página 5 de DIREITO PENAL I Princípio da LegalidadeIV. CP - Art. 1º: "Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal". Tal princípio é o alicerce de todo o Código Penal Brasileiro. Também se encontra no inciso XXXIX, art. 5º da CF. Este artigo é uma cláusula pétrea da CF, pois trata de Direitos e Garantias Individuais, não podendo ser revogado ou alterado sequer por emenda à Constituição. Em regra, existe no mundo inteiro. Exceção: Não há Princípio da Legalidade na Inglaterra e nos EUA, estes têm um direito consuetudinário, utilizam o sistema anglo-saxônico (Common law), posto que vigora a analogia para a criação de normas. Reação: Alemanha Nazista (tal princípio era contrário aos ideais de Hitler) e Revolução Russa de 1926 (era contra os ideais do Partido Comunista de Stalin). O código russo não reconhecia tal princípio. Aspectos1) Aspecto Político: garantia para o cidadão e para o delinquente quanto à realização de determinadas condutas. Tudo é permitido, desde que não seja proibido por lei. Trata-se de garantia constitucional fundamental do homem, como forma de se evitar o arbítrio estatal.] a. Aspecto Histórico: surgiu em 1215 na Inglaterra com a Carta Magna de João-Sem-Terra, um rei autoritário ao qual foi imposta tal Carta a qual ele deveria respeitar sob pena de perder seus poderes. b. Em Montesquieu no séc. XVIII ("Do Espírito das Leis"), dando sequência aos ensinamentos de John Locke, no séc. XVII, desenvolveu-se a separação dos poderes e se afirmava que somente a lei poderia proibir condutas. Beccaria ("Dos delitos e das Penas") também preconizava que só as leis poderiam fixar as penas de cada delito. Entretanto, somente em 1787, na legislação austríaca, surgiu o princípio como nós conhecemos hoje. A Revolução Francesa (1789) consagrou o Princípio da Legalidade como um dos direitos humanos. No Brasil o princípio da legalidade chegou na Carta do Império e esteve presente em todas as demais constituições. Aspecto Jurídico:c. Princípio da taxatividade ou jurídico: remete à necessidade de que a conduta humana se enquadre perfeitamente na descrição feita pela lei, nos chamados tipos penais. Este princípio nada mais é do que a necessidade da taxatividade da conduta. Na Parte Geral tudo gira em torno da adequação da conduta a determinados elementos descritos na lei, da mesma forma que no tocante à taxatividade. Não pode haver descrição de conduta típica aberta. Teoria de Binding: Todo crime é um tipo penal. Este é formado por duas partes, a dizer: preceito (descrição do crime) e cominação (pena). Não há violação de LEI penal, e sim da NORMA penal. A lei é descritiva. Os preceitos não são proibitivos. Os tipos descrevem uma conduta, e se houver enquadramento, o sujeito não estará agindo contra a lei, mas em consonância a ela, recebendo em contrapartida, uma sanção ou pena. Subprincípios da legalidade2) São dois os subprincípios inerentes ao Princípio da Legalidade: PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Página 6 de DIREITO PENAL I 2.1. Subprincípio da Reserva Legal: Não há crime sem lei que o defina, não há pena sem cominação legal. É a necessidade de uma lei para estabelecer crime. Lei: há três aspectos que devem ser analisados por nós no que concerne à exigência de Lei. 1º: a Lei somente pode ser entendida como aquela que é fruto do procedimento legislativo constitucional. Trata-se da concepção de lei em seu sentido estrito, como estabelecido nos artigos 59 a 69 da CF, ou seja, oriunda dos procedimentos legislativos estabelecidos em tais artigos. Assim, atos administrativos, como Portarias, Decretos, Regulamentos, Ordens de Serviço não têm o condão de estabelecer e definir crimes. A competência para legislar sobre direito penal é, privativamente, da União (art. 22, I, CRFB). Esta poderá, porém, através de Lei Complementar, delegar esta atribuição aos Estados para questões específicas relativas a essa matéria. Trata-se, portanto, de uma Competência suplementar que poderá ser atribuída aos Estados (art. 22, parágrafo único, CRFB). Assim, são requisitos para que o Estado possa legislar sobre o Direito Penal: a autorização da União mediante Lei Complementar (que possui matéria reservada e necessita de quórum de maioria absoluta) e a restrição a temas específicos de matéria penal, não podendo ser abrangente. Medidas Provisórias podem estabelecer crimes? Antes da EC n. 32 as medidas tinham validade de 30 dias podendo ser alteradas livremente pelo Presidente da República. Desta forma, nesta época entendiam os doutrinadores que as medidas provisórias não poderiam conter matéria penal, pois são provisórias e não se tratam de lei, têm apenas força de lei, além disso elas provém do Presidente da República e não da União. Após a EC n. 32 tornou-se expressamente proibida a existência de medida provisória em matéria penal (CF, art. 62, §1, I, b). Tal subprincípio impede por absoluto o emprego da analogia em matéria de norma penal incriminadora. Também impõe que as condutas criminosas, os tipos penais, sejam detalhadas e específicas, não se coadunando com tipos genéricos, abrangentes. Pois nestes casos o legislador não terá condições de estabelecer todas as condutas possíveis. 2.2. Subprincípio da Anterioridade: Lei Anterior/prévia cominação legal. Complementa o sentido da Reserva legal. Não basta a existência da lei que defina a conduta criminosa. Esta lei deve ser, também, anterior à conduta cometida. É necessário que a lei já esteja em vigor na data em que o fato é praticado. Vigora o princípio básico "tempus regit actum". O princípio da Legalidade é o princípio mais importante do Código Penal. É através dele que será pautado todo o Código. Página 7 de DIREITO PENAL I Lei Penal no tempoV. Formação de Leis1) A formação de leis no Brasil compreende três fases distintas: fase introdutória ou de iniciativa; a fase constitutiva; e a fase complementar ou integratória de eficácia. Iniciativa: a fase da iniciativa é comum ou concorrente, pois é deferida a qualquer comissão ou membro do Poder Legislativo, ou também ao chefe do Poder Executivo. a. Sanção - Promulgação - Publicação Veto Constitutiva: a fase constitutiva ocorre com a deliberação parlamentar (discussão e votação em cada Casa) e a deliberação executiva (sanção ou veto). A lei nasce com a sanção, até então havia mero projeto de lei. Uma vez aprovado, na deliberação parlamentar, o projeto de lei passa para a fase de deliberação executiva. Votação: b. Complementar: fase de que depende a eficácia da lei. É onde se dará a promulgação e a publicação da lei. A promulgação confere executoriedade (aptidão para ser executada) e autenticidade (certeza de existência). A publicação confere certeza de conhecimento da norma, ninguém mais poderá alegar ignorância sobre sua existência e validade. Trata-se de um conhecimento público fictício. c. Vigência2) Em regra, uma vez publicada a lei já entra em vigor. Se, no entanto, o projeto de lei nada especificarsobre o prazo de entrada em vigor, será este de 45 dias ("vacatio legis"). A lei permanecerá válida até sua revogação, que pode ser tácita ou expressa; total ou parcial. Na revogação tácita a lei posterior nada menciona a respeito da revogação da lei anterior, ao contrário da revogação expressa, sendo que a revogação ocorre porque a lei nova trata da mesma matéria que tratava a lei interior de forma diversa, tornando-a incompatível com o novo ordenamento. Quanto ao conteúdo, a lei poderá ser revogada de maneira ABsoluta, total (ab-rogação), ou de maneira parcial (derrogação). Conflito de leis penais no tempo3) Ocorre a sucessão de leis quando uma nova lei entra em vigor ab-rogando ou derrogando a lei anterior. Em regra, o conflito é resolvido pelo princípio "tempus regit actum". Entretanto se a nova lei favorecer o réu, ela retroagirá. 3.1) Irretroatividade Em regra, a lei penal não retroage no tempo. Cabe no Direito Penal a regra: "tempus regit actum". Art. 5º, XL, CF. "A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu". 3.2) "Tempus regit actum" Princípio em que o tempo rege o ato. Deve ser aplicada a lei penal da época em que se der o fato. Trata-se da irretroatividade como regra. 3.3) Retroatividade Benéfica Exceção da regra da irretroatividade da lei penal (art. 5º, XL, segunda parte, CF). Conforme tal exceção só poderá haver retroatividade se a lei posterior for benéfica ao acusado. Caso a lei anterior tenha sido revogado por outra que seja menos benéfica ao réu, ou seja, por outra LEI PENAL NO TEMPO Página 8 de DIREITO PENAL I Caso a lei anterior tenha sido revogado por outra que seja menos benéfica ao réu, ou seja, por outra que não poderá retroagir, ocorrerá a Ultratividade da lei anterior, passando esta a ter eficácia mesmo depois de revogada. Se, por outro lado, a lei posterior for mais benéfica que a lei anterior terá esta eficácia retroativa, pois terá eficácia para um fato que se deu mesmo antes da sua data de entrada em vigor. Art. 2º, CP. "Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo Único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitado em julgado." Caput - "Abolitio Criminis": "Novatio legis" supressiva de incriminação. Trata-se de nova lei que deixa de considerar determinada conduta como criminosa. Nesta caso, cessará a pena e todos os efeitos penais mesmo após trânsito em julgado e durante o cumprimento da pena. O caso será arquivado e o réu voltará a ser primário. Ex.: tal aconteceu com a Lei 11.106/2005, que deixou de considerar a sedução como crime. A "abolitio criminis" tem natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade, nos termos do art. 107, III, CP. Assim, o Estado perde a possibilidade de punir o agente. Qual o alcance da "abolitio criminis"? Nos termos do art. 2º do CP, atinge a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Existem duas espécies de processo penal, quais sejam, o processo penal de conhecimento e o processo de execução da pena. A partir do transito em julgado da sentença condenatória acaba o processo de conhecimento, iniciando-se o processo de execução da pena. A "abolitio criminis" atinge o processo de execução da pena, cessando-o. Por conseguinte, todo o processo de conhecimento será arquivado. Assim, são excluídos todos os efeitos penais, de modo que a condenação é considerada inexistente, não podendo prevalecer para reincidência, por exemplo, maus antecedentes ou qualquer outra causa. Alcança os processos em andamento, os processos julgados em primeiro grau pendentes de recurso e até mesmo a execução da pena. Se estiver preso, deve ser solto. Entretanto, somente os efeitos PENAIS desaparecem, permanecendo os efeitos CIVIS, devendo o réu continuar obrigado a reparação dos danos causados à vítima ou sucessores. A sentença penal continuará valendo como título executivo na esfera civil, nos termos do art. 584, II, do CPC. Os efeitos secundários (civis, trabalhistas) continuarão a ter eficácia. Parágrafo Único - "Novatio legis in mellius": Trata-se de uma nova lei em benefício, que favorece o acusado. Ocorrerá "novatio legis in mellius" quando a lei posterior, mantendo a incriminação, torna menos gravosa a situação do réu. Ex.: lei que comina pena menos grave; lei que comina circunstâncias atenuantes; lei que cria causas extintivas da punibilidade, antijuricidade ou culpabilidade; lei que facilita o "sursis" ou livramento condicional; lei que transforma o crime em mera contravenção. O efeito na "novatio legis in mellius", assim como o da "abolitio criminis", alcança também a execução da pena. Portanto, o juiz da execução é quem irá adequar a nova pena. O juiz fará tal adequação "ex officio", independentemente do pedido de qualquer uma das partes. 3.4) Apuração de benegnidade Regime semi-aberto = colônia Regime aberto = albergue Reclusão: Regime fechado = cadeia Regime aberto Detenção: Regime semi-aberto A detenção, portanto, é mais benéfica ao réu. A apuração da maior benegnidade possível nem sempre é tarefa simples, sendo que, nestas hipóteses, pode ser ouvido o réu a respeito. 3.5) As leis penais revogadoras podem ser combinas às revogadas para benefício do réu? Página 9 de DIREITO PENAL I 1ª posição: Cláudio Heleno Fragoso, Nelson Umgria, Aníbal Bruno. Defendem que as leis não podem ser combinadas, pois se trataria de criação de uma nova lei pelo juiz. O juiz não é legislador. O Código Penal Militar, em seu art. 2º, §2º, proíbe expressamente a combinação de leis. 2ª posição: Frederico Marques, Damásio de Jesus, Mirabete, Rogério Greco, Flávio M. de Barros, Fernando Bolque, etc. Pode haver combinação. O juiz não está criando uma nova lei, apenas interpretando a lei em favor do acusado. Se o juiz pode aplicar a lei completa, por que não parcialmente? No âmbito dos Tribunais, a questão foi suscitada pelo advento da Lei 11.343/2006 que criou a figura da diminuição de pena do art. 33, § 4º. O STJ, HC 101.535 não admitiu a combinação, mas no HC 82.857, admitiu-a. O STF, pelo Min. Marco Aurélio, no HC 69.033-5 admitiu, o mesmo ocorrendo com o HC 95.435, do Min. Cezar Peluso, que também a admitiu. Hoje, entretanto, ao que parece, nosso Tribunais não tem admitido a combinação de leis. Por fim, o Código Penal Brasileiro, ao consagrar o princípio "tempus regit actum", impede-se a retroatividade da lei mais gravosa, representada pela "novatio legis incriminadora" e pela "novatio legis in pejus". Lei Temporária e Lei excepcional4) Lei temporária é a que vigora durante período determinado de tempo. Possui um prazo de validade, possui data de entrada em vigor e data de revogação. Tem autorrevogação, ela perde sua eficácia em um dia previamente ajustado. Exemplo.: SUNAP (Superintendência Nacional de Abastecimento de Preços). Lei excepcional é a que vigora em períodos e épocas excepcionais e distintas, como guerras, eleições, calamidades públicas, etc. Art.3º, CP. "A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência." Assim, não há que se falar em conflito destas leis no tempo. Aplica-se a lei em vigor à época do fato. Não há, em hipótese alguma, exceção ao princípio da "lex mitior". Na verdade, há efetiva aplicação do princípio "tempus regit actum". Se, entretanto, surgir uma sucessão temporal de leis excepcionais ou temporárias, haverá conflito, resolvendo-se pela retroatividade benéfica. Conflito de leis no tempo e crime permanente5) Crime permanente é aquele cuja consumação se prolonga no tempo. Ex.: sequestro. Neste caso, aplica-se a lei que rege o tempo. Sempre será aplicada a lei posterior,desde que tenha entrado em vigor durante a consumação do crime. Conflito de leis no tempo e Crime continuado6) Crime continuado é uma ficção legal, previsto no art. 71 do CP, que caracteriza-se por vários crimes praticados em concurso, com as mesmas condições de lugar, modo de execução, e outras semelhantes. Assim, embora tenha-se vários crimes, supõe-se que há um único crime, que foi praticado em continuidade. Destarte, tratando-se de crime continuado, aplica-se a lei mais gravosa, sob o mesmo argumento do crime permanente, ou seja, desde que a sua vigência ocorra durante a cadeia de crimes praticados em continuidade (posição do STF). Tempo do crime é o do fato em si, ou do resultado?7) Tempo do crime é a identificação do tempo em que o crime ocorreu, se este se deu à época da conduta ou do resultado. Há três teorias quanto a este assunto: Teoria da Atividade: considera tempo do crime a data da ação ou da omissão.○ Teoria do Resultado: considera tempo do crime a data do resultado.○ Teoria da Ubiquidade (Teoria Mista): considera tempo do crime tanto a data da ação ou da omissão, quanto a data do resultado. ○ Página 10 de DIREITO PENAL I Art. 4º, CP. "Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado." Destarte, adota-se no Direito Penal Brasileiro expressamente a Teoria da Atividade, e exclui-se, expressamente, a teoria do resultado. Processo Penal6) Conhecimento: Sentença Condenatória- Cautelar- Execução: Lei 7.210/84- Página 11 de DIREITO PENAL I Norma Penal em BrancoVI. Conceito1) A norma penal incriminadora é constituída de um preceito (conteúdo) e de uma cominação (sanção). A norma penal em Branco é aquela cuja definição da conduta criminosa é complementada por outra norma jurídica. Seu preceito secundário é completo, mas o preceito primário carece de complementação. Ou seja, a norma penal em branco é aquela que possui uma sanção definida, mas um conteúdo que depende de complementação. Exemplos: Art. 169, par. Único, I (CP): achar tesouro em prédio alheio Art. 171, §2º, VI (CP): Estelionato - complementado pela Lei 7357/85. Art. 178 (CP): complementado pelo Código Comercial Art. 237 (CP): contrair casamento sabendo da existência de impedimentos que o tornem nulo. Complementado pelo art. 1521 (CC). Art. 33 (lei 11343/06): Drogas - complementado pela Portaria Anvisa 344/98. Classificação2) Norma penal em branco em sentido lato: ou fragmentária. São complementadas por fontes homogêneas, ou seja, seu complemento provém da mesma fonte legislativa. Ex.: art. 169, par. Único, I do CP, complementado pelos arts. 1264 a 1266 do CC; e art. 237 do CP, complementado pelo art. 1521 do CC. a) Norma penal em branco em sentido estrito: são complementadas por fontes heterogêneas, ou seja, seu complemento provém de fonte legislativa distinta da norma incriminadora. Ex.: art. 33 da Lei de Tóxicos; e transgressão da tabela de preços, estabelecida no art. 6º, I, da Lei 8078/90. b) Conflito de leis no tempo e a Norma Penal em Branco3) Soluções: Quando o complemento da norma penal em branco também for lei, sua revogação retroagirá em benefício do agente, tornando atípico o fato cometido. Ex.: a modificação da lei civil excluindo algum impedimento matrimonial. Por outro lado, quando o complemento for ato normativo infralegal, sua supressão somente repercutirá sobre a conduta quando norma complementar não tiver sido editada em uma situação temporária ou excepcional. Ex.: assim, no caso de supressão da tabela oficial de preços, esta circunstância não acarretará a supressão do crime. NORMA PENAL EM BRANCO Página 12 de DIREITO PENAL I Lei Penal do EspaçoVII. Território1) A Lei Penal do Espaço refere-se ao território, ao local em que a lei será aplicada. Trata-se do espaço territorial de aplicação da norma, do espaço limite de aplicação da lei penal. O conceito de território abrange dois componentes: o geográfico e o jurídico. Território Geográfico, Físico ou Natural: É o espaço delimitado por fronteiras geográficas. São territórios geográficos: o solo, rios, mares, golpes, baías, portos e o mar territorial. O Território Geográfico é, então, a junção de terras, mesmo descontínuas, do mar (águas), em até 12 milhas marítimas (mar territorial), e do espaço aéreo. O mar territorial é a faixa de mar exterior ao longo da costa que se estende por 12 milhas marítimas de largura (Lei 8617/93). O Brasil exerce soberania plena, com exceção ao "direito de passagem inocente". Já a zona contígua, ou seja a faixa marítima entre 12 e 24 milhas marítimas, não é território nacional, mas nela o Brasil exerce poder de fiscalização. Há, ainda, uma terceira faixa, de 12 até 200 milhas marítimas, denominada zona de exploração econômica, ou zona econômica exclusiva, que só o Brasil pode explorar, mas não exerce o poder de fiscaliza- la. O Brasil tem nesta região direitos de soberania apenas para fins de exploração, aproveitamento, conservação e gestão de recursos naturais, não sendo ela considerada território nacional. O Espaço aéreo de território nacional corresponde ao espaço do solo e mar territorial (art. 11 da Lei 7565/86). Trata-se da dimensão estatal de altitude. Deve ser respeitado, porém, o espaço cósmico, um limite vertical protegido por tratados internacionais. O Espaço Cósmico não é considerado Território Nacional, pois conforme o Decreto Legislativo nº 41/68, não há soberania no mesmo, podendo ser utilizado livremente por todos os Estados, em condições de igualdade e sem discriminação. Território Jurídico, Político ou por Extensão: art. 5º, § 1º, CP: Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações ou aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. Assim, o território Jurídico é um território por extensão. Abrange todo o espaço em que o Estado exerce a sua soberania, além do critério geográfico. Os navios e aeronaves públicas que estejam a serviço do Estado brasileiro, regem-se pelas leis brasileiras, onde quer que se encontrem. Os particulares que navegam em alto- mar (sem soberania) são regulados pela lei da bandeira que ostentam. No mesmo sentido, as aeronaves no espaço aéreo internacional. É a regra. Previsto no art. 5º do CP: "Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direitos internacional, ao crime cometido no território nacional." (caput). Destarte, a lei penal só tem aplicação no território do Estado que a editou, pouco importando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo. Subprincípio da Territorialidade Absoluta: Só a lei penal brasileira é aplicável aos crimes cometidos dentro do território nacional. a) Subprincípio da Territorialidade Temperada: A lei penal brasileira, em regra, aplica-se aos crimes cometidos no território nacional. Excepcionalmente, no entanto, aplicam-se leis estrangeiras, convenções, tratados e regras de direito internacional no território nacional. Este foi o subprincípio adotado pelo Código Penal Brasileiro em seu art. 5º. Por conseguinte, aplica-se a lei brasileira aos crimes cometidos no território nacional (critério jurídico), de modo que ninguém, nacional ou estrangeiro, furte-se à aplicação da lei penal brasileiro, salvo quando as normas de direito internacional assim dispuserem em contrário. b) Hipóteses de não incidência da lei a fatos praticados no Brasil: Imunidades diplomáticas: as sedes diplomáticas não são consideradas mais extensão do território estrangeiro, mas possuem inviolabilidade como garantia dos representantes estrangeiros nele assentados. São os seguintes entes abrangidos pela imunidade diplomática: agentes diplomáticos,componentes da família dos entes, funcionários de organizações internacionais quando em serviço e chefes de Estado e membros de sua comitiva em visita ao país. 1.1) Princípio da Territorialidade 1.2) Princípio da Extraterritorialidade LEI PENAL NO ESPAÇO Página 13 de DIREITO PENAL I Consiste na aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos fora do território brasileiro. Não obstante a jurisdição ser territorial, é possível a aplicação da lei penal fora do território quando houver permissivo legal internacional. Entretanto, nada impede que o país exerça sua jurisdição, em seu próprio território, aos crimes cometidos fora do território. a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; I - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. II - os crimes: §1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. a) entrar o agente em território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça." § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: É a exceção. Previsto no art. 7º do CP: "Ficam sujeito à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: Formas de extraterritorialidade:a) Incondicionada: são as hipóteses previstas no inciso I do art. 7º. Não se subordina a qualquer condição para atingir um crime cometido fora do território nacional. - Condicionada: são as hipóteses do inciso II, sendo que só se aplica a lei penal brasileira aos crimes cometidos lá fora se presentes as condições estabelecidas no parágrafo 2º e nas alíneas a e b do parágrafo 3º do mesmo artigo. - Subprincípios dados conforme alguns motivos:b) 1. Subprincípio da Nacionalidade Ativa: O autor é brasileiro. Aplica-se a lei penal brasileira ao crime cometido por brasileiro fora do Brasil. 2. Subprincípio da Nacionalidade Passiva: A vítima é brasileira. Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. 3. Subprincípio Real, da Defesa ou da Proteção: Proteção de um Bem Jurídico Nacional. O crime afeta um interesse nacional. 4. Subprincípio da Jurisdição Universal: determinados crimes, pela sua gravidade, praticados em qualquer parte do mundo, poderão ser processados no Brasil. Além disso, qualquer que seja o crime, qualquer que seja a nacionalidade, poderá ser processado no Brasil, desde que o autor esteja no Brasil. 5. Subprincípio da Bandeira ou Representação: crimes cometidos no interior de embarcações ou aeronaves brasileiras privadas que estejam no exterior, desde que não sejam aí condenados. Hipóteses de Extraterritorialidade:c) Extraterritorialidade Incondicionada: art. 7º: caput, I, e §1º.- Inciso I: Alínea a, b, c: princípio real; ○ Alínea d: princípio da justiça penal universal (genocídio) ou princípio da nacionalidade (seja brasileiro) ou ainda princípio real (interesse real); ○ Extraterritorialidade Condicionada: art. 7º: II, §2º e §3º.- Inciso II: Alínea a: princípio da justiça universal;○ Alínea b: princípio da nacionalidade ativa;○ Alínea c: princípio da representação ou da bandeira.○ 1.2) Princípio da Extraterritorialidade Condicionantesd) Página 14 de DIREITO PENAL I Condicionantesd) Tratam-se de hipóteses de condições de punibilidade e não de procedibilidade, encontradas no §2º, art. 7º. A expressão "concurso" no §2º do art. 7º deixa claro que para que a lei brasileira seja aplicada, TODAS as condições, que são enumeradas em sequência, deverão estar presentes. Alínea a: a entrada do agente no território nacional poderá ser voluntária ou forçada, legal ou clandestina, ou resultante de simples passagem. A saída do agente não prejudica o andamento do processo. ○ Alínea b: se o fato for praticado em lugar não submetido a jurisdição de qualquer país, aplica-se a lei do nacional. ○ Alínea c: Crimes em que o Brasil não admite a extradição (requisição do país estrangeiro para que haja a punição): crimes políticos e de opinião. ○ O parágrafo 3º traz uma nova hipótese do princípio da extraterritorialidade condicionada e real. Será aplicada a lei penal brasileira quando o crime for cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil com as condições do parágrafo 2º e, ainda: não ter sido pedida, ou se for pedida ter sido negada a extradição; e a requisição do Ministro da Justiça. Devem, portanto, estar presentes as 5 condições do §2º e as 2 do §3º. Jurisdição Subsidiáriae) Hipóteses do §3º e inciso II, ambos do art. 7º. Se foi processado pela justiça estrangeira, sua sentença preponderará sobre a nacional. Caso tenha sido absolvido, aplicar-se-á a regra do "non bis in idem" para impedir a persecução penal. Se furtar-se à execução da pena, não lhe caberá o benefício. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil. "Non bis in idem": proibição de dupla punição pelo mesmo fato. Art. 8º, CP: A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Eficácia da lei estrangeira2) I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituição e a outros efeitos civis; II - sujeita-lo a medida de segurança. a) Para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; b) Para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça." Parágrafo Único. A homologação depende: Art. 9º, CP: "A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: Competência para homologação: Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 102, I, h, da CF. Esta será apenas de caráter formal (art. 788, CPP). Lugar do Crime3) São utilizadas as mesmas teorias do Tempo do Crime. Teoria da Atividade: lugar do crime é o lugar da ação ou da omissão. Teoria do Resultado: lugar do crime é o local onde ocorreu o resultado. Teoria Mista ou da Ubiquidade: pode ser lugar do crime tanto o lugar da ação ou omissão quanto o lugar do resultado. Art. 6º, CP. "Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado." Neste caso, portanto, é adotada a teoria mista ou da ubiquidade. Crimes à distância ou de Espaço Máximo: Se o crime ocorrer no Brasil e o resultado ocorrer no estrangeiro, aplicar-se-á a teoria mista. No Brasil será competente o local onde praticado o último ato de execução (art. 70, § 1º, CPP). Não importa a intenção em consumar no Brasil. Contagem do Prazo4) Nos termos do art. 10, inclui-se a data do começo e exclui-se a do fim. Art. 10, CP. "O dia do começoinclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum." No prazo processual é diferente, excluindo-se a data do começo (art. 798, §1º do CPP). O prazo penal é fatal e improrrogável, mas passível de interrupção e suspensão (Ex. Prescrição). Página 15 de DIREITO PENAL I Sujeitos do DelitoVIII. Sujeito ativo1) É a pessoa que pratica a figura típica descrita na lei. Tanto pode ser o autor, coautor ou partícipe. A pessoa jurídica pode ser autora de crime? O art. 225, §3º da CF, ao tratar de crimes ambientais, enquadra como possível responsável penal a pessoa física. Tal disposição foi regulamentada pela Lei nº9605/98, em seu art. 3º. Sujeito passivo2) É aquele que sofre a conduta praticada pelo sujeito ativo. Pode ser imediato, ou constante, que é o Estado; ou eventual, que é a vítima/pessoa que sofre a ação delituosa. Nem sempre há sujeito passivo eventual, sendo neste caso, a vítima a coletividade. Objetos do DelitoIX. Objeto jurídico1) É o bem jurídico, isto é, o interesse protegido pela norma penal. É a vida, o patrimônio, a integridade corporal, a dignidade sexual, etc. Objeto material2) A pessoa ou a coisa sobre as quais recaem a conduta delituosa. É o objeto da ação. É a pessoa do homicídio, a coisa alheia móvel no furto, etc. SUJEITOS E OBJETOS Página 16 de DIREITO PENAL I Conceito de CrimeX. Quanto ao conceito de crime, existem na doutrina diversos aspectos, sendo os mais importantes os aspectos material, formal e analítico. Aspecto material: busca a essência do conceito, o porquê do fato ser considerado crime. Assim, crime é um fato humano que lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da coletividade e da paz social. Não obstante a sua importância, não interessa para o cientista positivista do Direito Penal entender o porquê do crime. Destarte, não será considerado no estudo tal aspecto. Aspecto formal: mera subsunção da conduta ao tipo legal. Crime é tudo aquilo que o legislador descrever como tal, pouco importando seu conteúdo. Tal aspecto, porém, não leva em conta a finalidade do agente, o que é de fundamental importância para o Direito Penal. Aspecto analítico: busca juridicamente estabelecer os elementos estruturais do crime. Assim, crime é um fato típico e antijurídico. Tal aspecto será a base de toda a Teoria do Crime. Conceito Tripartido do crime- Crime é fato típico, antijurídico e culpável. Conceito Bipartido, Dicotômico do crime- Crime é Fato Típico + Antijuridicidade. Culpabilidade é pressuposto de aplicação de pena, e não elemento. Não é o fato que é culpável, mas sim o sujeito. Pode, portanto, haver crimes sem culpabilidade. Fato Típico: é o fato material que se amolda aos elementos constantes do modelo previsto em lei.1) Antijuridicidade: é a contradição do fato típico à uma descrição legal. Podem existir situações que tornam o fato típico, mas juridicamente aceito, como a legítima defesa, por exemplo. 2) Elementos do Fato Típico: São seus elementos a conduta, o resultado, o nexo de causalidade e a tipicidade. 3) A) Conduta: Teoria Causal: se origina do século XIX de Franz von Liszt, se baseia nas ciências físicas e naturais e no positivismo jurídico. Veio em substituição ao absolutismo dos reis, mas introduziu um estado formal do Direito (todos são iguais perante a lei porque a lei é igual para todos). Não havia campo para interpretação das normas. Bastava o enquadramento da lógica formal. Críticas: Não se analisa a finalidade do agente, está carente de análise subjetiva, volitiva, de culpa, dolo, etc. Se conduta é movimentação de corpo, na falta desta, ou seja, em casos de omissão, conforme esta teoria, não será considerado o crime. Conforme esta teoria a conduta é mera movimentação corporal, mera "distensão muscular". A conduta, nesta teoria, é uma mera relação de causa e efeito, independentemente de qualquer valoração, independentemente da análise da finalidade do agente. Aliás, não cabe, para tal teoria, a realização de tal análise. A conduta se caracterizava apenas pelo fato do agente causar fisicamente um resultado previsto em lei. Há três teorias a este respeito: a teoria causal, também chamada de teoria clássica, naturalística, mecânica ou mecanicista; a teoria da adequação social, ou teoria social da ação; e a Teoria Finalista: CONCEITO DE CRIME Página 17 de DIREITO PENAL I Críticas: O conceito de relevância social é um conceito jurídico indeterminado, não sendo possível defini-lo. É um conceito que pode mudar conforme a perspectiva de cada grupo social. Destarte, uma determinada conduta pode ser considerada crime para alguns grupos, enquanto não for caracterizada assim para outros. Além disso, os costumes não podem revogar a lei. Há, portanto, risco de subversão da ordem jurídica. Deve ser encarado, porém, como um princípio geral de interpretação do Direito Penal. Teoria da adequação social: só haverá conduta quando existir relevância social de tal ato. Um fato considerado normal, correto, justo e adequado pela coletividade, não pode ao mesmo tempo produzir algum dano a essa mesma coletividade. O direito é a relação histórico-cultural sujeita ao dinamismo social. Teoria Finalista: final da década de 1920 e 1930, com Hans Welzel. Busca, de uma determinada maneira, suprir as críticas realizadas em face das teorias causal e da adequação social. Passa-se do desvalor do resultado para o desvalor da conduta. Para esta teoria, conduta é ação ou omissão humana, consciente e voluntária, e dirigida a uma determinada finalidade. Analisa-se a finalidade do agente. A causalidade é cega; a finalidade é vidente (Francisco de Assis Toledo). Características da conduta finalista: deve originar de uma pessoa, seja física ou jurídica (afasta-se a possibilidade de prática de conduta pelo animal); deve ser consciente (implica em consciência, e não em capacidade de entendimento), ou seja, não é considerada em casos de hipnose, sonambulismo, etc; deve haver voluntariedade (quando não houver coação, quando não for obrigado, forçado; observando-se que somente a coação física afastará a conduta; a coação moral, por outro lado, afastará apenas a culpabilidade), assim, reflexos não são, também, considerados condutas, constituindo atos desprovidos de qualquer vontade ou finalidade. Críticas: Ao desconsiderar, em algumas hipóteses, a relevância social da conduta, esta teoria torna-se por demasiado rígida. As soluções para tal empasse foram dadas pela jurisprudência que, em face de casos de insignificância da relevância social de determinadas condutas, considerou não haver crime nestas (Princípio da Bagatela). É a teoria adotada pelo Código Penal (art. 18 e 20, caput). Se a ausência de dolo leva à atipicidade, sinal de que aquele pertence a este. Elementos da Conduta: Assim, acatando-se a teoria finalista, são elementos da conduta: Ação ou omissão humana;- Consciência;- Voluntariedade;- Finalidade (direção da conduta).- Conduta x Ato: O ato é apenas uma parcela da Conduta. Vários atos podem formar uma só conduta. Assim, conduta é a realização material da vontade humana, mediante a prática de um ou mais atos. A ação é a realização de um fato positivo, ou seja, fazer. Envolve movimentação corporal. Há desatendimento a preceitos proibitivos. A omissão é um não fazer, ou seja, a realização de uma conduta negativa. Envolve uma abstenção de movimento. Há desatendimento a um preceito imperativo. A omissão se subdivide em natural e normativa, porém o CP tem interesse apenas na última: Omissão natural: a omissão é um fenômeno causal, que pode ser claramente percebida pelo mundo dos fatos. O omitente, ao permanecer inerte, faz coisa diversa da que deveria ser feita. Porém, "do nada, nada surge". Assim, da omissão natural não poderia surgir nenhuma causalidade. Omissão normativa (art. 13, §2º, 1ª parte, CP): "A omissão é penalmenterelevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado". Destarte, a omissão Ação e omissão são denominadas formas de conduta. Formas de Conduta: Página 18 de DIREITO PENAL I quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado". Destarte, a omissão jurídica, ou normativa, é a omissão natural associada com a condição de poder OU dever agir para evitar o resultado. A omissão, em regra, é um nada, não podendo causar coisa alguma. A responsabilização provém da presença do "dever jurídico de agir". Comissivos: crimes praticados por ação. O crime omissivo próprio é aquele em que a própria lei descreve a omissão, como, por exemplo, o descrito no art. 135 do CP (omissão de socorro). O crime omissivo impróprio, ou comissivo por omissão (impuros, espúrios ou promíscuos), por outro lado, é aquele em que a lei descreve uma ação, mas o resultado é obtido pela omissão, como, por exemplo, matar alguém deixando de fazer algo. Ex.: a mãe mata o bebê deixando de alimenta-lo. Assim, o crime omissivo próprio é aquele que qualquer pessoa PODIA agir para evitar o resultado, envolvendo apenas adequação; quanto ao crime omissivo impróprio, porém, é aquele em que a pessoa DEVIA agir para evitar o resultado. Esta segunda hipótese, portanto, envolve o dever jurídico de agir, de evitar o resultado, seja ele dever legal, dever contratual ou garantidor. Por conseguinte, o dever legal, envolve quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; o dever contratual inclui quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e o garantidor é devido por quem, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado (art. 13, §2º, CP). O crime omissivo de conduta mista é aquele que a própria lei prevê, no mesmo artigo, tanto a ação quanto a omissão. É o caso do artigo 169, II, CP (apropriação de coisa achada), que envolve a ação de se apropriar e a omissão de não devolver ao legítimo dono. Omissivos: são crimes praticados pela omissão. Estes classificam-se, por sua vez, em: crime omissivo próprio, ou puro; crime omissivo impróprio, ou comissivo por omissão; e crime omissivo de conduta mista. Quanto à conduta os crimes se classificam em comissivos, omissivos. Classificação dos crimes quanto à conduta: B) Resultado Primeiramente há que se destacar que existe diferença entre resultado e evento. O último é qualquer acontecimento; o resultado é a consequência da conduta. Ex.: se um raio provoca um incêndio trata- se de um evento. Teoria jurídica ou normativa: resultado jurídico é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico (vida, patrimônio, honra, dignidade sexual, etc.) tutelado pela norma penal. Destarte, para tal teoria não há crime sem resultado. Ex.: o homicídio atinge o bem da vida, o furto o bem patrimonial, etc. Teoria naturalística: resultado natural é a modificação do mundo exterior pela conduta humana. Ex.: lesões corporais, morte, subtração, etc. Art. 13, caput, primeira parte, CP. "O resultado, de que depende a existência DO crime, somente é imputável a quem lhe der causa." O vigente Código Penal admite a existência de crime sem resultado naturalístico, como no caso da tentativa de homicídio, pois nesta não há resultado. Teorias: Há crime sem resultado? A resposta para esta pergunta dependerá da teoria acolhida. Crimes Materiais ou de Resultado: é aquele em que o tipo prevê e exige o resultado para a sua consumação. Esta exigência, no entanto, não precisa estar expressa. Ex.: art. 121, CP. Crimes Formais ou de Consumação antecipada: é aquele em que o tipo prevê o resultado, mas não o exige para a sua consumação. Ex.: art. 316, CP. Se, nestes casos, for obtido o resultado previsto no tipo, ter-se-á um exemplo de crime exaurido, que é a ocasião em que sujeito vai até as últimas consequências. Classificação dos crimes quanto ao resultado: Página 19 de DIREITO PENAL I consequências. Crimes de Mera conduta ou sem Resultado: é aquele em que o tipo não faz menção de resultado, só existe conduta. Ex.: art. 150, CP (violação de domicílio). C) Nexo de Causalidade ou Relação de Causalidade É a relação existente entre conduta e resultado. Sua importância é identificar se um determinado resultado ocorrido pode ser atribuído a uma determinada conduta praticada pelo agente. Não há, desta forma, que se falar em nexo de causalidade em crimes de mera conduta, ou seja, em crimes sem resultado. Nos crimes com resultado, no entanto, necessariamente há um nexo de causalidade. A verificação do nexo de causalidade atende apenas às leis naturais, físicas, tratando-se de mera relação de causa e efeito, não dependendo de qualquer valoração jurídica, ou seja, sem apreciar a existência de dolo ou culpa. Entretanto, para a existência do fato típico, não basta mera constatação física, mas há necessidade de um nexo normativo. De acordo com o art. 19 do CP, é imprescindível que o agente tenha concorrido com dolo ou culpa, uma vez que sem um ou outro não haverá fato típico. Assim, para a existência do fato típico há necessidade do nexo físico e normativo. Art. 13, caput, segunda parte, CP. "Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido." Ação ou omissão = conduta. Para determinar se determinado ato pode ser considerado causa, deve ser realizado um processo hipotético de eliminação: Sendo um ato realizado pelo agente for hipoteticamente suprimido, e do mesmo modo, ainda assim ocorrer o resultado, tal ação não poderá ser considerada causa. Se, porém, a supressão de tal ato provocar alteração na ocorrência do resultado, será este ato considerado causa. Ao falar da Relação de causalidade, o Código adota a Teoria da Equivalência dos antecedentes causais ("conditio sine qua non"). Ou seja, toda e qualquer conduta que contribuiu para o resultado, mesmo que minimamente, deve ser considerada sua causa. E, sendo considerado causa, responderá o sujeito por todas estas condutas. Para esta teoria, portanto, não há distinção entre causa, concausa, ocasião e outras: tudo que contribuir para o resultado é causa. Entretanto, há uma crítica, que diz respeito ao chamado "regressus ad infinitum" (regressão infinita, envolvendo TODOS os antecedentes causais). A solução é a necessidade do nexo normativo, não bastando o mero nexo físico, natural. Deve haver dolo ou culpa para a imputação do resultado. Nexo causal nos diversos crimes: Crimes omissivos próprios: não há nexo causal, pois inexiste resultado naturalístico;○ Crimes de mera conduta: idem;○ Crimes formais: não importa o resultado para o Direito penal;○ Crimes materiais: há nexo de causalidade;○ Crimes omissivos impróprios: não há nexo causal físico, pois a omissão é uma nada, e o nada não causa coisa alguma. Entretanto, para fins jurídicos, a lei considera existir um elo entre o omitente e o resultado naturalístico sempre que presente o dever jurídico de agir. ○ Concausa: é uma causa secundária. Tendo o nosso CP adotado a teoria dos antecedentes causais, não há sentido em falar-se em diferença entre causa, concausa, ocasião entre outras. Concausas dependentes são aquelas que, originando-se na conduta, inserem-se na linha normal de desdobramento causal da conduta. ○ Concausa independente é aquela que foge ao desdobramento causal da conduta, produzindo, por si só, o resultado. Seu surgimento não é uma decorrência lógica natural ao fato anterior, mas, ao contrário, um fenômeno totalmente inusitado, imprevisível. ○ Existem duas espécies de concausa, a dizer, dependentes ou independentes, podendo estas últimas serem absolutamente independentes ou relativamente independentes. Página 20 de DIREITO PENAL I Pré-existentes: Ex.: um homem toma veneno sai à rua e leva um tiro de raspão. Instantes depois falece. O tiro não alterou o resultado, portanto a concausa é pré-existente, ou seja, o veneno. □ Absolutamente independentes-Concomitantes: Ex.: um homem andando na rua leva voz de assalto e, no mesmo instante, porém por outros motivos, falece devido a uma parada cardíaca. □ Supervenientes: Ex.: um homem tenta matar sua sogra envenenando-a. Ela, no entanto, consome apenas uma pequena quantidade do veneno, e em seguida leva um tiro de um assaltante. A causa é o tiro, pois a quantidade de veneno digerido era inócua. □ As causas absolutamente independentes são excludentes de imputação, rompem totalmente o nexo causal e o agente só responde pelos atos até então praticados. Em nenhum dos casos anteriores o agente responderá pelo resultado. Pré-existentes: Ex.: um homem hemofílico leva uma facada durante um assalto e falece. A facada contribuiu para o resultado final, porém a morte só ocorreu pois o homem era hemofílico. □ Concomitantes: Ex.: um homem andando na rua leva voz de assalto e, por este motivo, vem a óbito por uma parada cardíaca. Portanto, o resultado ocorreu devido a voz de assalto. □ Supervenientes: Ex.: o motorista de um ônibus perde o controle e bate em um poste. Todos saem ilesos, porém, ao esperar o próximo ônibus, um fio do poste cai e mata todos os passageiros eletrocutados. □ Relativamente independentes:- As causas relativamente independentes, em regra, não excluem a imputação. Há no entanto uma exceção: Art. 13, §1º, CP. "A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só , produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou." Não se exclui o nexo de causalidade, pois este é natural, não pode ser rompido. Mas se a causa superveniente sozinha produzisse o resultado excluir-se-á a imputação. Teoria da Causalidade Adequada: só é considerada causa a condição idônea para a produção do resultado. São necessários, portanto: contribuição efetiva e idoneidade individual mínima. Não é muito aceita entre os doutrinadores. Teoria da imputação objetiva: surgiu para conter os excessos da teoria da "conditio sine qua non". O nexo de causalidade não pode ser estabelecido exclusivamente de acordo com a relação de causa e efeito, pois o Direito Penal não pode ser regido por uma lei física. Assim, além do elo naturalístico de causa e efeito, são necessários os seguintes requisitos: criação de um risco proibido; que o resultado esteja na mesma linha de desdobramento causal da conduta, ou seja, dentro de seu âmbito de risco; e que o agente atue fora do sentido de proteção da norma. Toda vez que o agente realizar um comportamento socialmente padronizado, normal, socialmente adequado e esperado estará gerando um risco permitido. Outras teorias da causalidade: além da Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais, adotada pelo atual Código Penal Brasileiro, existem outras teorias, quais sejam: D) Tipicidade Tipo: O tipo é um dos postulados básicos do princípio da reserva legal, posto que por seu intermédio é que o Estado promove a descrição da conduta delituosa. A teoria do tipo foi concebida em 1907 por Ernest Beling, professor da Universidade de Munique. O tipo é como um molde criado pela lei, em que está descrito o crime com todos os seus elementos. Pode ser definido como o conjunto dos elementos do crime. O tipo tem a característica de indicar a antijuricidade, dado o caráter indiciário da ilicitude. Tipicidade: É a adequação entre conduta, eventual resultado e nexo a uma descrição legal, a uma norma jurídica (subsunção). As palavras tipicidade e adequação são expressões sinônimas. Página 21 de DIREITO PENAL I norma jurídica (subsunção). As palavras tipicidade e adequação são expressões sinônimas. Adequação direta: é perfeitamente possível adequar o fato à lei. Encontra-se na lei diretamente um tipo que possa à conduta se adequar. ○ Adequação indireta: não é possível adequar os fatos diretamente à lei. Por exemplo, um homem levou um tiro, porém, ao ir ao hospital, sobrevive, sendo que o que ocorre é apenas uma tentativa de homicídio. Combina-se o caput do art. 121 com o art. 14 do CP(tentativa). É necessária a combinação com uma norma de extensão, uma norma de reenvio, uma "ponte de ouro". ○ Há duas espécies de adequação: Como explicado, ao falar de tipicidade estamos nos referindo ao tipo, ou seja, ao conjunto dos elementos que descrevem o crime. Ex.: art. 121 (matar alguém). Os elementos, ou as elementares, são aqueles dados imprescindíveis para a caracterização do crime. A ausência de um elemento leva à atipicidade. Não há que se confundir elementos com circunstâncias, pois estas são dados secundários. Elemento Objetivo: tem caráter descritivo. Pode descrever a conduta, através do verbo; o sujeito ativo; o sujeito passivo, o lugar, o tempo. Assim, todo tipo tem elemento objetivo, pois todo tipo descreve uma conduta. Um tipo que somente possua elementos objetivos é denominado Tipo Normal. - Elemento Subjetivo: indica duas circunstâncias, quais sejam, a finalidade especial do agente (sendo representado, nesse caso, no tipo, através das expressões no intuito de, com o propósito de, com a finalidade de, etc.) e um estado de consciência (referido como "saiba"). São encontrados nos chamados delitos de intenção, em que uma representação especial do resultado ou do fim deve ser acrescentado à ação típica executivo como tendência interna. Ex.: extorsão mediante sequestro (art. 159). - Elemento Normativo: é aquele que exige do intérprete um juízo de valor. Ex.: o revogado art. 215 do CP descrevia "ter conjunção carnal com mulher honesta, mediante fraude", sendo a expressão honesta extremamente valorativa. - Espécies de elementos: Um tipo que, além dos elementos objetivos, possua elementos subjetivos ou normativos, denominar-se-á Tipo Anormal ou Incongruente. Nada impede que os tipos possuam todos os elementos, como o antigo rapto (Art. 219). Página 22 de DIREITO PENAL I Tipo DolosoXI. I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;..." Art. 18, caput, I, CP. "Diz se o crime: Dolo1) Dolo é conhecimento e vontade da realização do tipo. Atitude subjetiva de vontade de decidir-se pela execução de uma ação lesiva a um bem jurídico. Claus Roxin afirma que dolo é o "saber e querer": conhecimento (saber), que significa o momento intelectivo; vontade (querer), que significa o momento volitivo. Requisitos para o crime doloso: Saber significa ter conhecimento dos elementos que compõe a situação fática, além da ciência de que a situação é proibida. O sujeito tem conhecimento da proibição daquela prática. Querer é a vontade da realizar a situação proibida, ou seja, a sua vontade consciente está voltada a execução do fato típico. O dolo, em nosso ordenamento jurídico, é a regra, sendo a culpa a exceção. Teorias sobre o dolo: Teoria da Vontade: é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. Assim, o dolo é aquele em que o agente quer o resultado, ele age com vontade de praticar o resultado. Adotado no dolo direto. A) Teoria da Representação: é a vontade de realizar a conduta, prevendo a possibilidade do resultado ocorrer, sem, contudo, desejá-lo. Assim, basta o agente prever a possibilidade do resultado para a conduta ser qualificada como dolosa. O sujeito age com dolo quando ele representa mentalmente um resultado, ou seja, quando ele sabe que a sua conduta poderá trazer um resultado doloso. Basta para esta teoria a mera representação mental do resultado, não havendo necessidade de haver a vontade. B) Teoria do Consentimento ou Assentimento: dolo é o consentimento do resultado, isto é, a previsão do resultado com a aceitação dos riscos de produzi-lo. Não basta, portanto, a consciência, deve haver a consciência da prática do resultado agregada à assunção daquele resultado. O resultado é indiferente para o agente. Adotado no dolo eventual. C) Assim, o CP, em seu art. 18, adota, na primeira parte do inciso I, a Teoria da Vontade,e, na segunda parte do mesmo inciso, a Teoria do Consentimento. Dolo não é só querer praticar o ato, é também praticar atos assumindo o risco do resultado. Espécies de Dolo2) Dolo direto: é o dolo de vontade, pois o sujeito age diretamente para a produção do resultado. É o dolo adotado pelo CP. A) Dolo indireto: é aquele em que o agente não age diretamente para a produção do resultado. Pode se dar de duas formas: Dolo Alternativo, quando ele age alternativamente para este ou para aquele resultado; ou Dolo Eventual, ou seja, quando ele não age para a produção do resultado, mas assume o risco da produção do resultado. Este último motivo é também adotado pelo CP. B) Outras espécies de dolo3) Dolo genérico: quando o sujeito não possui uma finalidade específica, e o tipo também não exige tal finalidade. Ex.: "matar alguém". A) Dolo específico: é aquele em que o tipo exige um finalidade específica, especial, do agente. Ex.: art. 302 (falsa identidade), onde há a finalidade de obter vantagem, lucro ou obrigação. B) TIPO DOLOSO Página 23 de DIREITO PENAL I 302 (falsa identidade), onde há a finalidade de obter vantagem, lucro ou obrigação. Página 24 de DIREITO PENAL I Tipo CulposoXII. I - ... II - culposo, quando a agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia;..." Art. 18, II, CP. "Diz-se o crime: Culpa1) A culpa ocorre quando o sujeito não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo. É ausência de dolo. Elementos que caracterizam o crime culposo:2) Conduta: ação ou omissão, consciente e voluntária dirigida a uma determinada finalidade.A) Resultado: involuntário. O resultado não é querido nem assumido. É absolutamente imprescindível para o crime culposo. B) Nexo de Causalidade: nexo existente entre uma conduta voluntária e querida, e um resultado involuntário e não querido. C) Tipicidade: adequação entre a conduta querida, o resultado não querido e o nexo entre eles, a uma descrição típica. D) Art. 18, Parágrafo Único, CP. "Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente." Assim, a tipicidade do crime culposo é uma tipicidade expressa, ou seja, ninguém pode ser punido por crime culposo, se não houver uma disposição expressa em lei. O dolo é a regra do Código Penal, enquanto a culpa é a exceção. Inobservância de um cuidado objetivoE) Previsibilidade objetivaF) Modalidades da Culpa3) Negligência: ausência de precaução○ Imprudência: realização de fato perigoso○ Imperícia: é a demonstração de inaptidão teórica.○ Espécies de Culpa4) Culpa inconsciente: é a culpa sem previsão, em que o agente não prevê o que era imprevisível;A) Culpa consciente ou com previsão: aquela em que o agente prevê o resultado, embora não o aceite. Ele acredita piamente que o resultado não vai ocorrer, acreditando em sua habilidade pessoal. Ex.: lançador de facas em uma apresentação circense. B) A culpa consciente difere-se do dolo eventual, porque neste o sujeito prevê o resultado, mas o tolera, o aceita, ao contrário da culpa consciente, em que o sujeito também não aceita o resultado, também está na iminência deste, mas não o prevê. Na aplicação prática não há diferença entre a culpa inconsciente e culpa consciente. Graus de culpa5) TIPO CULPOSO Página 25 de DIREITO PENAL I GraveA) LeveB) LevíssimaC) Não há diferença para efeito de cominação de pena, já que o agente, de qualquer modo, não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo. Compensação de culpas6) Não existe no direito penal, havendo apenas a hipótese de concorrência de culpas. No direito civil, em uma ação de indenização, um sujeito deve 100 a outro, e este deve 50 àquele. Se este cobrar os 100 do primeiro, o juiz dará a compensação de culpas, sendo que o primeiro pagará apenas 50. No direito penal, no entanto, não há compensação de culpa, se, por exemplo, dois motoristas colidem, sendo que um não respeitou a sinalização e o outro estava acima da velocidade permitida, haverá concorrência de culpas, e não compensação. Delito omissivo impróprio ou comissivo por omissão7) É possível a ocorrência de culpa nos delitos omissivos impróprios (aquele em que a lei descreve uma ação, mas o resultado é obtido com uma omissão), como no caso da babá que, por negligência, descumpre o dever contratual de cuida e vigilância do bebê, vindo a criança a falecer por afogamento. Página 26 de DIREITO PENAL I Tipo PreterdolosoXIII. É uma das 4 formas do chamado crime qualificado pelo resultado. Sendo aquele que o legislador após descrever uma conduta típica, com todos os seus elementos, acrescenta-lhe um resultado, cuja ocorrência acarreta um agravamento da pena, qualificando o crime principal. Espécies de crime qualificado pelo resultado:1) Dolo no antecedente (conduta inicial) e dolo no consequente (conduta final): ex.: marido que espanca a mulher até atingir seu intento, provocando-lhe deformidade permanente (art. 129, §2º, IV). A) Lesão corporal Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão corporal de natureza grave IV - deformidade permanente; Pena - reclusão, de dois a oito anos." § 2° Se resulta: Art. 129. "Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Culpa no antecedente e culpa no consequente: ex.: incêndio culposo com resultado morte também culposo. B) Culpa no antecedente e dolo no consequente: ex.: motorista culposamente atropela alguém, mas depois dolosamente foge para omitir o socorro. C) Dolo no antecedente e culpa no consequente: lesão corporal dolosa seguida de morte, que advém por culpa (Art. 129, §3º). Este é o chamado crime preterdoloso ou crime preterintencional (preter = além de). D) Lesão corporal Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão corporal seguida de morte § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos." Art. 129. "Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: TIPO PRETERDOLOSO Página 27 de DIREITO PENAL I Tipo Consumado ou ConsumaçãoXIV. I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;..." Art. 14, caput, I, CP. "Diz se o crime: O crime se consuma quando está inteiramente realizado, ou seja, quando o fato concreto se adequa no tipo abstrato descrito na lei penal, quando forem reunidos todos os elementos contidos na definição legal. "Iter criminis"1) Para realização do crime, faz-se necessário o "Iter criminis", que é o caminho do crime, ou seja, o caminho percorrido pelo agente até a prática do delito. O agente percorre necessariamente, invariavelmente este caminho. Este é formado por quatro fases: CogitaçãoA) É o aspecto psicológico do "Iter criminis". Ocorre internamente, mentalmente. O sujeito idealiza, mentalmente o crime. É uma fase psíquica, interior, intelectual, psicológica. Não há exteriorização de conduta. O agente pensa o crime. Não é punível, já que não houve exteriorização de conduta. PreparaçãoB) Ocorre quando o sujeito se prepara materialmente para a prática do delito. Ele busca informações sobre a vítima, compra a arma, prepara a emboscada, etc. Já existe uma exteriorização de conduta através de atos preparatórios. Ocorre que nesta fase o sujeito está apenas se preparando para cometer o crime. Embora já haja exteriorização de conduta, não há, ainda, ataque ao bem jurídico, este continua intacto. Art. 31, CP - "O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado." Assim, atos preparatórios como tal, em regra, não são puníveis. Se alguém, por exemplo, compra uma arma para matar alguém é punido pelo crime de portar a arma em si e não pelo ato de preparação para um homicídio. O ato preparatório apenas será consideradocrime nos casos em que a lei previamente determinar. Por exemplo, em casos que a pessoa estiver portando objetos que poderiam ser utilizados em condutas criminosas (petrechos de falsificação e de furto), tendo sido ela anteriormente condenada por tais condutas, será punida por este ato, quando a lei assim dispuser. ExecuçãoC) É a realização material da conduta. É a exteriorização da intenção delituosa. É o ataque ao bem jurídico tutelado pela norma. Tal ato é obviamente punível. A punição é plenamente possível na fase da conduta, pois já há a exteriorização de conduta. Eventual ConsumaçãoD) A consumação é a última fase do "Iter criminis". Ela ocorre quando o agente consegue reunir todos os elementos da definição legal. É o crime completo, o crime que alcança o seu objetivo. O conceito de consumação está no art. 14, I do CP, considerando-se o crime consumado "quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal." TIPO CONSUMADO Página 28 de DIREITO PENAL I Atos de preparação e Atos de execução2) Adotou-se o critério do início de realização do tipo, em que se dá o reconhecimento da execução quando se inicia a realização da conduta núcleo do tipo. Haverá início de execução de um delito a partir do momento em que houver ataque ao bem jurídico tutelado, ataque ao verbo descrito no tipo(matar, subtrair, constranger, etc.). Consumação dos Vários delitos3) Nos crimes materiais a consumação se dará com o resultado. O tipo prevê e exige o resultado para a sua consumação. Ex.: matar alguém. A) Nos crimes formais a consumação se dará com a conduta. O tipo prevê o resultado, mas não o exige para a sua consumação, esta é antecipada. Ex.: concussão (funcionário público exige determinada quantia para fazer ou deixar de fazer algo em virtude de seu cargo). Se o sujeito efetivamente alcançar o resultado haverá exaurimento do delito (o sujeito vai até as últimas consequências). O exaurimento não é punível, serve apenas como qualificador da pena, pois não faz parte do "Iter criminis", ocorrendo após a consumação. B) O crime culposo se consuma com o resultado. Não há crime culposo sem resultado.C) No crime preterdoloso a consumação se dará com o resultado final, qualificador. D) O crime omissivo próprio se consuma com a omissão. Ex.: omissão de socorro.E) O omissivo impróprio se consuma com o resultado. Ex.: mãe que mata o próprio filho deixando de alimenta-lo. F) O crime omissivo de conduta mista consumir-se-á, também, com a omissão. Ex.: apropriação de coisa achada, deixando de devolver ao proprietário ou à autoridade pública. G) O crime de mera conduta se consuma com a conduta. Só há conduta neste tipo.H) O crime permanente é aquele cuja consumação se prolonga no tempo. Ex.: sequestro.I) Já o crime habitual se consuma com a constância e com a habitualidade no tempo. Ex.: manter casa de prostituição. J) Página 29 de DIREITO PENAL I Tipo TentadoXV. II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente." Art. 14, II, CP. "Diz se o crime: A tentativa é um crime incompleto. É a realização incompleta do tipo penal, pois o agente pratica atos de execução, mas não ocorre a consumação por circunstâncias alheias à sua vontade. O sujeito não consegue alcançar a realização do delito por circunstâncias estranhas à sua vontade. Elementos que compõe a tentativa:1) Inicio de Execução: para a existência do crime tentado há a necessidade do início da execução, a lei não se contenta com o mero ato preparatório, deve haver ataque ao bem jurídico. A) Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente: o sujeito inicia a execução no delito, mas não o consuma, não por vontade própria, mas por uma circunstância que foge ao seu controle. Se esta circunstância for de vontade do agente haverá tentativa abandonada. B) Dolo: há vontade, consciência. Não há tentativa de crime culposo, pois não se pode tentar o que não se quer. C) Teorias:2) Subjetiva ou voluntaristas: se contenta com a exteriorização da vontade através da prática de atos preparatórios. A) Sintomática: pune-se a tentativa por periculosidade subjetiva manifestada.B) Objetiva: exige início típico de execução. Foi a teoria adotada pelo CP brasileiro.C) Espécies:3) Tentativa perfeita ou crime falho: ocorre quando o agente esgota todos os meios de execução que estavam à sua disposição. Ex.: o sujeito descarrega o revólver na vítima, mas a vítima não morre por circunstâncias alheias à sua vontade. A) Tentativa imperfeita: ocorre quando o agente não consegue realizar todos os atos de execução que estavam à sua disposição, por circunstâncias alheias à sua vontade. Ex.: no momento que o sujeito iria desferir uma segunda facada na vítima a polícia chega e o espanta. B) Tentativa branca ou incruenta: o sujeito não consegue ferir o bem jurídico tutelado pela norma. Ex.: o sujeito dispara tiros contra a vítima, mas não consegue atingi-la. C) Inadmissibilidade da tentativa:4) Crime culposo: pois neste não há vontade do agente. Há ausência de dolo. É caracterizado pela inobservância de um cuidado objetivo manifestado pela negligência, imperícia ou imprudência. A) Crime preterdoloso: pois neste há dolo na conduta inicial, mas culpa na conduta final que é o que agrava o delito. Ex.: lesão corporal seguida de morte (se eu não queria matar, B) TIPO TENTADO Página 30 de DIREITO PENAL I que é o que agrava o delito. Ex.: lesão corporal seguida de morte (se eu não queria matar, como eu iria tentar?). Crimes unissubsistentes: são aqueles que se realizam por um único ato. Não é possível fraciona-lo, como nos crimes plurissubsistentes (Ex.: homicídio: pegar a arma, carregar a arma, puxar o gatilho, etc.). Ex.: crimes contra a honra na forma verbal, como a calúnia. C) Crime omissivo puro: é o que se pratica pela omissão. Não é possível tentar se omitir.D) Crimes habituais: dependem de constância e habitualidade. Não é possível, por exemplo, tentar manter a casa de prostituição. E) Contravenções penais: não é punida a sua tentativa por expressa determinação legal, mesmo que seja possível na prática. F) Art. 4º da LCP (Lei das Contravenções Penais). "Não é punível a tentativa de contravenção." Punição da tentativa5) Art. 14, Parágrafo único, CP. "Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços." Pena: pune-se com a mesma pena aplicada ao crime principal, diminuída de 1/3 a 2/3, dependendo da extensão do "iter criminis". Há, portanto, uma hipótese de diminuição de pena a ser aplicada na terceira fase da aplicação desta. O juiz opta pela fração de diminuição conforme a aproximação da consumação. O crime de atentado não se enquadra nesta hipótese, pois ele já é punido como tal, e não como crime principal. Página 31 de DIREITO PENAL I Tentativa AbandonadaXVI. A tentativa possui sua definição no artigo 14 do CP, possuindo 3 requisitos: início de execução, não consumação por circunstâncias alheias a vontade do agente e dolo. Natureza Jurídica1) Há exclusão da tipicidade, é causa extintiva desta. Provoca a exclusão da adequação típica (tipicidade) indireta, fazendo com que o autor não responda pela tentativa, mas pelos atos até então praticados. Não há hipótese de adequação típica relacionada à tentativa. Elementos que compõem a tentativa abandonada2) Início da Execução (ataque ao verbo);- Não consumação;- Interferência da vontade do próprio agente.- Espécies da tentativa abandonada3) Art. 15, CP. "O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados." Na tentativa abandonada havia uma tentativa, mas o agente, por vontade própria, abandonou-a, impedindo a consumação do delito. A não consumação se dá por uma circunstância própria. Desistência
Compartilhar