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Caminhos para educação de jovens e adultos

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15
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
RESUMO
CAMINHOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
 
Licenciatura em Matemática
Disciplina: Vivência na prática educativa IV
Professora: Marinilda da Gama Viana Ribeiro
Turma: C844NQ
Alunos: Antonio Carlos Perrone Matrícula: 20160840285
Débora da Silva Oliveira Matrícula: 20160840467
Jairo Jaques dos Passos Matrícula: 20160840491
Matheus Albuquerque C. Santos Matrícula: 20160840471
Rogerio Lima Teixeira Mendes Matrícula: 20160841351
Belém-PA
2018
1. Conquistas e desafios
A história do EJA nos revela um processo de avanços e recuos, tendo uma dinâmica especifica a partir do século XX. Se, por um lado, é nesse período que o Brasil avança na consolidação de sua identidade e autonomia política e econômica enquanto nação de votação própria, por outro, as lutas sociais também vão consolidando e conformando sua identidade cultural.
Nesse processo a EJA acumulou muitas especificidades, as quais lhe atribuem, nos dias atuais, uma forte identidade. Elaborar uma proposta para a EJA implica, portanto, clareza dos contextos, das particularidades e dos objetos.
No período de colonização, a educação brasileira baseava-se nos pressupostos da evangelização. Conquistar as terras brasileiras passava pelo desafio de aculturar os povos aqui existentes.
Somente após quase meio século da “descoberta do Brasil” é que se iniciou a atividade educativa no país, com a chegada dos jesuítas em 1549, voltada fundamentalmente, para a aculturação da população ameríndia, por intermédio do Ratio Studiorium que se baseava nos estudos clássicos. (Romão e Gadotti, 2007, p. 63)
Com a saída dos jesuítas do país, o novo cenário político não consolidou na educação um sistema diferenciado. Muitas das práticas e concepções ainda existentes na EJA foram impregnadas dessas influencias iniciais. Podemos considerar que esses primórdios da educação são fundamentais para compreendermos como se constitui a EJA no Brasil.
Com a independência, ainda que a Constituição outorgada de q824 previsse a “instrução primaria e gratuita para todos os cidadãos” (art.179), na prática nada foi implementado para se atingir este alvo.
Durante todo o período imperial, a educação de adultos ficou por conta das diferentes províncias que tinham que arcar com, praticamente, todo o ensino das primeiras letras. Por isso o Brasil chega ao final do império com cerca de 85% de sua população analfabeta. (Romão e Gadotti, 2007, p. 64)
As primeiras décadas do período republicano praticamente não lograram uma mudança significativa desse cenário. Ainda que a questão do analfabetismo continuasse na pauta educativa, a falta de estrutura dos estados e dos municípios impediu que a EJA garantisse uma agenda especifica na pauta das políticas publicas.
Esse movimento mais sistemático de responsabilização do estado, aliado à criação de políticas mais efetivas, começou a ocorrer somente a partir da década de 1940, período em que também se observou o crescente processo de industrialização e reconfiguração política no Brasil. As demandas de uma agenda fundamentada na garantia dos direitos humanos, assim como as contribuições de outros campos de conhecimento, passaram a redefinir paradigmas educacionais cada vez mais progressistas e inclusivos.
A EJA, a partir do pós-guerra, passou a consolidar conquistas de diferentes características.
Breve história – características da EJA:
1946 – 1958: Período das grandes campanhas voltadas à erradicação do analfabetismo, entendido como causa do subdesenvolvimento, uma “doença a ser curada”. Destaque para a campanha de Educação de adultos, que mais adiante consolidaria a implantação do “ensino supletivo”.
1958 – 1964: esse período é marcado pelo avanço de um movimento critico no âmbito das políticas sociais. O analfabetismo deixa de ser compreendido como causa e passa ser interpretado como um dos efeitos do subdesenvolvimento e das desigualdades socioeconômicas. 
Destaque para o surgimento do Centro Popular de Cultura (CPC) e do Movimento de Educação de Base (MEB).
No Brasil, Paulo Freire e suas teorias passam a ser marco paradigmático na revolução do pensamento pedagógico como um todo e, mais especificamente, da EJA.
1964 – 1985: Esse período representa um rompimento histórico com os processos democráticos e o retorno a concepções mais conservadoras no âmbito da EJA. A ditadura militar esvaziou as ações educativas de seu sentido ético, político e humanizador (como defendia Freire), atribuindo à educação escolar um caráter moralista e disciplinador, e, à EJA, uma posição cada vez mais assistencialista, do qual a expressão máxima foi o Movimento de Brasileiro de Alfabetização (Mobral).
A EJA, a partir de meados da década de 1980 e, na primeira metade dos anos 2000 caminhou em duas grandes frentes: uma que reúne um conjunto de ações de governo e outra que reúne ações da sociedade civil organizada e dos movimentos populares. No âmbito das ações governamentais, a EJA como ação supletiva e compensatória ainda é muito presente, da mesma forma que o movimento de alfabetização ainda é pensado na perspectiva de campanhas periódicas.
As últimas três décadas não foram suficientes para fazer frente a quase 500 anos de abandono e equívocos. Nosso desafio de alfabetizar os brasileiros ainda permanece.
Desafios à parte é importante destacar que nunca estivemos tão preparados e abertos para enfrentar tais realidades e assumir o compromisso com a construção de um país menos desigual.
Ninguém duvida que os avanços são muitos e que, nestas primeiras décadas do século XXI, o país vive uma temporada de maturidade e estabilidade. A EJA ganha espaço para ser pensada e consolidada na perspectiva segundo a qual autonomia e criatividade são bases para o desenvolvimento.
2. Os marcos legais do EJA
A educação é um direito fundamental de todos. Cada pessoa precisa ter a oportunidade de educação formal, voltada para atender as necessidades básicas de cidadania aprendizagem. 
Além do mais, é um poderoso argumento em favor do desenvolvimento, da democracia, da justiça, da igualdade de cor/raça, gênero, classe social, idade, localização do desenvolvimento socioeconômico e científico, além de um requisito fundamental para a construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo, à educação e à cultura de paz baseada na justiça. (Baseado na Declaração de Hamburgo sobre a EJA)
Década de 30
A educação de adultos começa a delimitar seu lugar na história da educação no Brasil.
A Constituição de 1937 instituiu o ensino primário obrigatório e gratuito, porém, essa gratuidade “não exclui o dever de solidariedade para com os mais necessitados”.
Década de 40
Ampliação da educação elementar, inclusive da educação de jovens e adultos. Nesse período, a educação de adultos toma a forma de Campanha Nacional de Massa.
O Decreto Lei nº 8.529, de 2/1/1946, que institui a Lei Orgânica do Ensino Primário, reserva o capítulo III do Título II ao curso primário supletivo. “Voltado para adolescentes e adultos, tinha disciplinas obrigatórias e teria dois anos de duração, devendo seguir os mesmos princípios do ensino primário fundamental”(MEC, 2000, p.19). (disciplinas: linguagem oral e escrita, matemática, geografia, história, vida social, saúde, trabalho, desenho, trabalhos manuais, educação física e canto.
Década de 50
A Campanha se extinguiu antes do final da década. As críticas eram dirigidas tanto às suas deficiências administrativas e financeiras, quanto à sua orientação pedagógica.
Década de 60
O pensamento de Paulo Freire, assim como sua proposta para a alfabetização de adultos, inspira os principais programas de alfabetização do país.
A Lei nº 4.024/1961 - Primeira LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: 
.Ano de 1964
Aprovação do Plano Nacional de Alfabetização, que previa a disseminação por todo o Brasil, de programas de alfabetização orientados pela proposta de Paulo Freire.Essa proposta foi interrompida com o Golpe Militar e seus promotores foram duramente reprimidos.
Ano de 1967
O governo assume o controle dos Programas de Alfabetização de Adultos, tornando-os assistencialistas e conservadores. Nesse período lançou o MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização.
A Constituição de 1967 reafirma a educação como direito de todos e, pela primeira vez, estende a obrigatoriedade da escola dos 7 até os 14 anos (art.176, § 3º, II). 
Lei nº 5.379/1967 institui a fundação denominada Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), de duração indeterminada, com sede na cidade do Rio de Janeiro, cujo objetivo era erradicar o analfabetismo e propiciar a educação continuada de adolescentes e adultos
Ano de 1969
Campanha Massiva de Alfabetização
Década de 70
O MOBRAL expandiu-se por todo o território nacional, diversificando sua atuação. Das iniciativas que derivaram desse programa, o mais importante foi o PEI – Programa de Educação Integrada , sendo uma forma condensada do antigo curso primário.
Nova LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação - Lei nº 5.692/1971, [...] o ensino supletivo ganha um capítulo próprio (IV), composto por cinco artigos, cujos objetivos eram suprir a escolarização regular para os adolescentes e adultos que não a tenham seguido ou concluído na idade própria, bem como proporcionar, mediante repetida volta à escola, estudos de aperfeiçoamento ou atualização para os que tenham seguido o ensino regular no todo ou em parte. A lei também previa que os cursos supletivos poderiam ser ministrados em classes ou mediante a utilização de rádios, televisão, correspondência e outros meios de comunicação que permitissem alcançar o maior número de alunos.
Década de 80
Emergência dos movimentos sociais e início da abertura política. Os projetos de alfabetização se desdobraram em turmas de pós-alfabetização.
Ano de 1985
Desacreditado, o MOBRAL foi extinto e seu lugar foi ocupado pela Fundação Educar, que apoiava, financeira e tecnicamente, as iniciativas do governo, das entidades civis e das empresas.
Ano de 1988
A Constituição de 1988 – No Art. 205 diz: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
Década de 90
Com a extinção da Fundação Educar, criou-se um enorme vazio na Educação de Jovens e Adultos.
Alguns estados e municípios assumiram a responsabilidade de oferecer programas de Educação de Jovens e Adultos.
A história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil chega à década de 90 reclamando reformulações pedagógicas.
Ano de 1990
Acontece na Tailândia/Jomtiem, a Conferência Mundial de Educação para Todos, onde foram estabelecidas diretrizes planetárias para a Educação de Crianças, Jovens e Adultos.
Ano de 1996
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96), no Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.
§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008).
Ano de 1997
Realizou-se na Alemanha/Hamburgo, a V Conferência Internacional de Educação de Jovens, promovida pela UNESCO (Organização das Nações Unidas). Essa conferência representou um importante marco, a medida em que estabeleceu a vinculação da educação de adultos ao desenvolvimento sustentável e equitativo da humanidade.
Ano de 1998
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9394/96, dedica dois artigos (37 e 38), no Capítulo da Educação Básica, Seção V, para reafirmar a obrigatoriedade e a gratuidade da oferta da educação para todos que não tiveram acesso na idade própria.
Ano de 2000
Sob a coordenação do Conselheiro Carlos Roberto Jamil Cury, é aprovado o Parecer nº 11/2000 – CEB/CNE, que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Também foi homologada a Resolução nº 01/00 – CNE.
Em Mato Grosso, foi homologada a Resolução nº 180/2000 – CEE/MT, que aprovou o Programa de EJA para as escolas do Estado, a partir de 2002.
"Reconhece a educação como direito de todos e no Título VI, capítulo II, ao tratar do ensino primário diz no art. 27: O ensino primário é obrigatório a partir dos 7 anos e só será ministrado na língua nacional. Para os que o iniciarem depois dessa idade poderão ser formadas classes especiais ou cursos supletivos correspondentes ao seu nível de desenvolvimento" (MEC, 2000, p.19).
Marcos Legais / Normatização da/para EJA 
• Lei nº 5692/71: Ensino Supletivo – cursos e exames 
• Constituição Federal de 1988 
• Substitutivo Jorge Hage/1990: Educação Básica Pública de Trabalhadores – condições básicas de oferta: professores especializados, programas sociais de alimentação, material didático, transporte, horário especial para aluno-trabalhador
• LDBEN nº 9394/96: Educação de Jovens e Adultos – cursos e exames 
• Lei nº 11.494/2007 – FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos/das Profissionais da Educação (FUNDEF - Lei 9424/1996)
• Lei nº 11.947/2009 – PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar (extensão do programa para toda a rede de educação básica e de jovens e adultos e a garantia de que 30% dos repasses do FNDE sejam investidos na aquisição de produtos da agricultura familiar) 
• Resolução nº 18/2007 – Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e Adultos – PNLA 
• PNLD EJA/2010 
• Decreto nº 7084/2010 – PNBE - Programa Nacional Biblioteca na Escola inclui a EJA
• DCN de EJA - Parecer nº 11/2000 e Resolução nº 01/2000
• Diretrizes Operacionais de EJA - Parecer nº 06/ 2010 e Resolução nº 03/2010
• Emenda Constitucional n.59 de 2009
Art. 208 I - Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria - Idade mínima de entrada na EJA: 18 anos / Revisão da Resolução n.3/2010 do CNE
3. Políticas e programas de EJA
O surgimento de cenários mais favoráveis ao progresso das políticas sociais permitiu que as temáticas educacionais recebessem crescente atenção por parte dos mais diferentes segmentos da sociedade: as transformações econômicas e tecnológicas criaram novas demandas de letramento e a permanente reafirmação da educação como direito humano impactou de maneira qualitativa a educação. Na década de 1980, as políticas de orientação neoliberal e de minimização do papel do Estado perante as questões sociais determinaram uma realidade de crescente exclusão, cada vez mais presente no contexto sociopolítico e econômico brasileiro.
Se por um lado a matrícula das crianças atingiu a casa dos 98%, os números da educação de jovens e adultos permaneceram preocupantes. Em nosso país, 14% da população com 15 anos ou mais é considerada analfabeta, e 21% desse contingente frequentou menos de quatro anos de escola, representando um universo de analfabetos funcionais (IBGE, 2008).
Nesse contexto, acordos internacionais (como a Declaração Mundial de Educação para Todos e a Confitea) e planos educativos foram firmados, unindo governos e sociedade civil para efetivar o direito à educação para todos. A EJA tem sido apontada como um campo estratégico e tem ganhado novas dimensões parafazer frente à exclusão e à desigualdade social, sendo entendida como uma via para construção de uma sociedade mais justa, democrática e sustentável.
Os avanços foram significativos no campo legal - a garantia, na Constituição Federal, do direito ao ensino fundamental gratuito, inclusive aos que a ele não tiveram acesso na idade. No entanto, não tivemos a tradução da lei em políticas públicas permanentes e de qualidade. Pelo contrário: na prática as reformas educativas implantadas se mostraram pouco efetivas no que diz respeito à garantia de direitos 
Esse processo de substituição do papel do Estado no atendimento educativo de jovens e adultos não escolarizados ou com baixa escolaridade não ocorreu totalmente em sintonia com os princípios e concepções assumidos em documentos oficiais e acordos internacionais
Atualmente, programas organizados pelos governos federal, estadual e municipal, por empresas públicas e privadas e por entidades e organizações da sociedade civil, executando ações de diferentes alcances - nacionais, regionais e locais voltadas ao combate do analfabetismo jovem e adulto. São os casos, por exemplo, do Programa de Alfabetização e Inclusão - PAI, do governo do Estado de São Paulo (gestão 2002-2006); do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos - Mova, iniciativas de entidades da sociedade civil organizada, geralmente em parcerias firmadas com o poder público; do EJA Sesc e Sesc Ler, iniciativas do Sesc Nacional; do Brasil Alfabetizado, iniciativa do Governo Federal, gestões 2003-2006 e 2007-2010.
Essa diversidade apresenta como aspecto positivo o atendimento das especificidades da EJA e, muito provavelmente, um maior alcance de diferentes populações, comunidades e grupos. Por outro lado, esse cenário pode também representar uma dispersão ou uma sobreposição de recursos. Muitas vezes, são políticas que ignoram as reais demandas das comunidades, dialogando mais com interesses particulares em detrimento dos interesses públicos. 
Como resposta a esse descompasso, o Governo Federal tem buscado privilegiar a participação de diferentes segmentos da sociedade na definição e gestão das políticas, criando e implementando Grupos de Trabalho (GTs) e Conselhos Gestores de Políticas Públicas. 
A criação, em 2004, do Grupo Interministerial da Juventude (GTI), que identificou os principais desafios e concluiu pela necessidade de integrar as ações dos vários ministérios e secretarias nacionais. Desse trabalho resultou a criação do Conselho Nacional de Juventude e da Secretaria Nacional de Juventude, além do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), vinculados à estrutura da Secretaria-Geral da Presidência da República para atender ao segmento na faixa etária entre 15 e 29 anos.
O Governo Federal ainda unificou seis programas dirigidos aos jovens - Agente Jovem, ProJovem, Saberes da Terra, Consórcio Social da Juventude, Juventude Cidadã e Escola de Fábrica - em um único programa denominado Projovem. Em consideração ao contexto geográfico e social, esse programa atende em quatro modalidades: Projovem Urbano, ProJovem Trabalhador, Projovem Adolescente e Projovem Campo. 
Com o objetivo de atender a essa crescente demanda por educação, emprego e qualificação profissional, o Governo Federal criou o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - Proeja (Decreto n° 5.840, de 13 de julho de 2006), que abrange: I - formação inicial e continuada de trabalhadores; 11 - educação profissional técnica de nível médio. A iniciativa privada também oferece formação profissional através dos Serviços Nacionais de Aprendizagem:
• Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); 
• Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac); 
• Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); 
• Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat); 
• Serviço Nacional de Cooperativismo (Sescoop). 
Os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) são parcialmente investidos no financiamento de programas de qualificação profissional, por meio do Plano Nacional de Qualificação (PNQ), ambos vinculados ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). 
O Pronera, mantido pelo Incra, capacita educadores para atuar nas escolas dos assentamentos e coordenadores locais, que agem como multiplicadores e organizadores de atividades educativas comunitárias. O programa é desenvolvido em parceria com os movimentos sociais e de trabalhadores e trabalhadoras rurais, instituições de ensino e governos locais. 
A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), criada em 2004 pelo Governo Federal, congrega diferentes temáticas e visa contribuir para a redução das desigualdades educacionais atuando na área de educação de jovens e adultos, educação do campo, ambienta, indígena e diversidade étnico-racial. Em suas políticas e programas desenvolvidos para a área de EJA, citamos: 
Brasil Alfabetizado - O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) atua na alfabetização de jovens, adultos e idosos. É desenvolvido em todo o território nacional, com o atendimento prioritário aos municípios cuja taxa de analfabetismo é igual ou superior a 25%. 
Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e Adultos (PNLA) - O PNLA visa a distribuição, a título de doação, de obras didáticas às entidades parceiras, com vistas à alfabetização de pessoas com idade de 15 anos ou mais. 
Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLD EJA) - Visa à distribuição de obras didáticas aos sistemas educacionais com vistas à escolarização e à continuidade dos estudos de pessoas com idade de 15 anos ou mais.O PNLD deste segmento busca ampliar e articular as oportunidades educacionais e fornecer livro didático adequados ao público da EJA, como subsídios para o processo de ensino-aprendizagem. 
No entanto, esse conjunto de políticas públicas educacionais atende aos objetivos e necessidades dos usuários dessas políticas. 
As distinções que separam a realidade social dos sujeitos também operam no plano político e simbólico e sugerem deslizamentos conceituais. Abramovay e Castro (2007 p. 18-19) sobre o conjunto de propostas, conceitos e políticas formulados pelo Banco Mundial e pelos membros do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), até 2008, demonstra uma lógica dicotômica sobre o "ser jovem
As propositivas de ambas as instituições demarcam posições distintas e por vezes contraditórias. Para o Banco Mundial, as políticas neoliberais de Estado mínimo e de livre comércio são estratégicas, enquanto o Conjuve aponta para a necessidade de buscar a igualdade que valorize as diferenças. Ao Banco interessa o "combate à pobreza"; ao ConJuve, o combate às desigualdades sociais, uma vez que estas conjugam outros elementos além da pobreza material. As propostas de ambas ilustram uma polarização entre o que preconiza a sociedade civil e o que a instituição conceitua e entende como ação necessária e estratégica sobre a juventude brasileira.
4. A importância dos fóruns de EJA: uma década de mobilização cidadã
Os fóruns de discussão são extremamente importantes para botar em pauta vários temas, entre eles, a Educação de Jovens e Adultos:
“Há um desafio principal para a educação de jovens e adultos. "O principal desafio é conseguir que os gestores públicos, em todas as esferas, entendam que a educação de jovens e adultos é uma modalidade, não é projeto, não é programa, não é algo que se faz, quando se quer fazer", explica a membro do Fórum Nacional de Educação (FÓRUNS de EJA do Brasil), Analise de Jesus da Silva. Para ela, é necessário também fazer com que a sociedade respeite esta modalidade que foi criada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em 1996. "Já faz 20 anos que ela (LDB) está sendo desrespeitada na perspectiva da legislação. O sujeito desta modalidade – homens, mulheres, jovens, adultos, idosos, negros, indígenas, brancos, trabalhadores e trabalhadoras e, seus filhos e filhas – tem sido desrespeitados há 516 anos nestepaís". Segundo Analise, é necessário conseguir fazer com que gestores compreendam a EJA como modalidade. "Para isso acredito que cada vez mais precisaremos fazer com que a sociedade civil entenda isso".
O diretor Geral de Programas Educativos e Culturais da Secretaria Geral da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), Carlos Abicalil, reforça a necessidade de avançar em conquistas para o espaço da EJA no Brasil:
 "É preciso prosseguir nessa afirmação deste espaço próprio. Desta identidade coletiva própria". Ele reconhece que a afirmação e visibilidade da demanda desta modalidade é um dos fatores fundamentais que podem assegurar a presença da política pública voltada a EJA, inclusive que esteja presente nos orçamentos dos três entes federados. Abicalil ainda aponta outros aspectos relativos à visibilidade. Ela serve "para assegurar o envolvimento de atores sociais relevantes. Para afirmar a diversidade como valor na oferta educacional. Para cessar a pressão de administrações públicas que seguem fechando estabelecimentos que oferecem (esta educação) às populações isoladas. Para prosseguir o debate sobre processos avaliativos e (...) de certificação", explica.
Logo, fica evidente a necessidade da discussão para garantia dos direitos constitucionais e para fazer com que se aplique de maneira abrangente em todos os estados e municípios. Também podemos notar que os fóruns tem conseguido se firmar como espaço/tempo de aprendizagens, de diálogos, de construções, de descobertas, de intercâmbios compartilhados e de novas possibilidades democráticas.
Não podemos negar que são vários os desafios:
“Para a secretária-geral do Conselho Internacional de Educação de Adultos (Icae), Katarina Popovic, a educação dos adultos nunca foi tão necessária e tão pouco valorizada no mundo, mas o Brasil tem "levado muito a sério" a responsabilidade sobre a educação voltada para a esse público. Para o secretário de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) do Ministério da Educação (MEC), Paulo Gabriel Nacif, as ações voltadas a este público devem continuar. "Temos 81 milhões de brasileiros, com mais de 18 anos, sem o Ensino Médio, 58 milhões de brasileiros sem o Ensino Fundamental. Este é um público maior que a educação regular. É uma dívida absurda". Para Nacif, essa lacuna educacional impacta na qualidade da cidadania no Brasil e na produtividade enquanto sistema socioeconômico. "Exatamente por isso, a educação de jovens e adultos tem que ter um destaque na sociedade brasileira. Esperamos que a Confintea dê este destaque e estabeleça novos caminhos para a educação de jovens e adultos no Brasil", aponta.”
5. Considerações finais
5.1. Antonio Carlos Perrone
Neste capítulo, foi relatado como é a participação do Estado e Sociedade Civil Organizada na promoção da educação como direito universal, regulamentada por leis, compreendendo assim que para uma educação democrática, igualitária e universal, é necessário desenvolver programas que contemplem, não só o caráter assistencialista, mas como formar sujeitos pensantes e críticos, capazes de mudar a realidade social em que vivem
5.2. Débora da Silva Oliveira
Neste capitulo a autora faz um panorama, desde os primórdios da colonização do Brasil até as essas primeiras décadas do século XXI, sobre a prática da EJA no país.
 Ela diz, que a causa do analfabetismo no Brasil é fruto da precariedade das estruturas dos estados e municípios, os quais são responsáveis por garantir a educação à população.
É difícil de aceitar que em pleno século XXI ainda existem jovens e adultos não alfabetizados em nosso país, depois de “tanto” investimento na educação. 
Será que nossas escolas estão mesmo preparadas para alfabetizar nossos educandos, independentemente da idade? Será que a educação é uma questão política? Será que as escolas são única e exclusivamente responsáveis por essa educação? Como a família pode ajudar nesse processo? Estas são algumas das perguntas que nós fazemos sobre esse assunto. 
Atualmente, a educação de jovens e adultos (EJA) apresenta um conjunto de desafios educativos que busca dar resposta aos problemas decorrentes das desigualdades socioeconômicas, políticas e culturais que afetam a humanidade em escala global. 
A partir da leitura do capitulo pude refletir sobre os desafios enfrentados por educandos e educadores para consolidar uma educação que atenda às múltiplas necessidades de aprendizagem, de forma autônoma e compromissada com a transformação da realidade.
5.3. Jairo Jaques dos Passos 
O texto citado faz uma breve abordagem histórica a respeito dos caminhos percorridos pela Educação de Jovens e Adultos - EJA no Brasil. Mostrando vários aspectos e nuances que influenciaram esses caminhos. Compreender o contexto histórico onde se desenvolveu a EJA no Brasil é acompanhar a História da Educação como um todo e seus pilares atuais, imprescindível para atingir os patamares necessários para o processo de inclusão social que vivenciamos na atualidade.
A história da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil está intimamente ligada às transformações sociais, econômicas e políticas que caracterizaram os diferentes momentos históricos que viveu o Brasil. Entretanto essa mesma história demonstra que esse segmento nunca foi contemplado com ações amplas e prioritárias por parte do poder público e que sempre funcionou sem maior interesse do ponto de vista da formulação política e da reflexão pedagógica. Mesmo com o avanço e consolidação de identidade, autonomia política, econômica e cultural, o Brasil ainda relega à segundo plano a Educação de Jovens e Adultos, tanto pelos governantes, quanto pela sociedade. Ainda que as oportunidades educacionais para jovens e adultos tenham sido ampliadas na última década, a realidade ainda é bastante difícil. Principalmente, porque a escola permanece reproduzindo uma estrutura de desigualdades sociais, apontando para a divisão dos sistemas educacionais, à semelhança das diferenças existentes em nossa sociedade, reflexo de quase 500 anos de abandono e equívocos nas políticas públicas de educação. Mesmo sabendo da relevância social que a Educação de Jovens e Adultos tem para a população brasileira, não existe por parte da própria sociedade e dos governantes, um comprometimento com as políticas públicas a favoreça. Tendo como consequência, altos índices de analfabetismo funcional e grande evasão escolar em nosso país, refletindo na educação, as nossas próprias diferenças regionais, como marca registrada de desigualdade social. 
Em síntese, o EJA não conseguiu atingir o seu objetivo, o de reparar uma realidade injusta, dos jovens e adultos que não tiveram a oportunidade e nem direito de escolarização.
5.4. Matheus Albuquerque C. Santos
Então, para que haja a conscientização da academia e da população em geral, e para que os direitos de todos os alunos, garantidos na constituição de 1988, sejam respeitados, os fóruns são fundamentais e sua realização em diversos estados, favorece o intercambio, a troca de ideias, e aplicação mais democrática do ensino.
5.5. Rogerio Lima Teixeira Mendes
A educação de jovens e adultos já vem sendo realizada desde da colonização do Brasil, ficou esquecida por bastante tempo. Com a falta de estrutura dos estados e municípios, impediu que a EJA consolida-se, no período republicano.
Porém veio ganhado força com o passar dos anos, principalmente depois da constituição federal, que garantia a educação básica para todos, inclusive para os que não puderam usufruir dela no tempo recomendado, que seria nos anos iniciais.
Então as diversas políticas públicas e privadas voltadas para o ensino de jovens e adultos, são de extrema importâncias para essas pessoas que por algum motivo não puderam estudar, para que elas possam usufruir não só do conhecimento das matérias dadas em sala de aula, mais que elas possam participar ativamente da sociedade, tornando-se assim sujeitos pensantes.

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