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@jorstudy Sepse Sepse é uma situação em que há a síndrome de resposta inflamatória sistêmica causada por uma infecção bacteriana, viral, fúngica ou parasitária. Taxa de letalidade Sepse: 33,9% Sepse grave: 46,9% Choque séptico: 52,2% Com o SEPSIS-3 surgiram novas definições de sepse choque séptico: Sepse: Disfunção orgânica com risco de vida, causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção (definida como um score SOFA ≥2 pontos) Choque séptico: Sepse associada à persistência de hipotensão, necessitando de vasopressores para manter PAM ≥ 65mmHg e com um nível de lactato sérico >2mmol/L apesar da reposição volêmica adequada. Fisiopatologia A sepse começa pelo reconhecimento do agente etiológico, ou seja, de seus antígenos expressos (PMRP - padrões moleculares relacionados aos patógenos). Dentre os principais estão os LPS das bactérias gram-negativas. essas moléculas se ligam aos receptores CD14 e TLR4 que ficam na superfície de monócitos, macrófagos, células dendríticas e neutrófilos. Após essa fase de reconhecimento, há a ativação celular e a produção de citocinas. A ligação dos PMRP aos receptores TLR4 leva a ativação da cascata de sinalização intracelular, com a participação das proteínas intracelulares NOD e MyD88. A MyD88 interage com a enzima IRAK, que leva à ativação das quinases IkKa e IkKB, que ativam fatores de transcrição responsáveis pela ativação de genes de citocinas, como o NF-KB. Com isso, há a produção de várias citocinas pró- inflamatórias, como IL-1, IL-2, IL-6, IL-8, IL-12, TNF-∂ e TNF-ß. Porém, citocinas anti-inflamatórias também são produzidas, como a IL-4, IL-5, IL-10, IL-11 e IL-13, fazendo com que haja maior chance de sobrevivência. O TNF-∂ estimula os leucócitos e as células endoteliais a liberarem outras citocinas e a expressar moléculas de adesão e a aumentar o turnover de ácido aracdônico. Além d isso, e le age junto com a IL-1 , causando o desenvolvimento de um estado pró-coagulante pela inibição da trombomodulina, além de gerar aumento da permeabilidade vascular, diminuição da resistência vascular periférica e inotropismo negativo. O sistema complemento também é ativado, havendo assim liberação de C3a e C4a, os quais levam a vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, potencialização da agregação plaquetária e ativação/agregação de neutrófilos, e tudo isso contribui para o choque séptico. As endotoxinas bacterianas também levam à liberação de calicreína, cininogênio e bradicinina (que é um potente vasodilatador), além da ativação do fator XII, o qual ativa a via intrínseca da coagulação, causando a coagulação intravascular disseminada (CID). Há também a inibição dos fatores anticoagulantes endógenos (anti-trombina II, proteína C, proteína S e o TFPI) CID: - ativação intravascular da coagulação - formação e deposição de fibrina na microvasculatura - consumo de plaquetas - alterações na fibrinólise A CID causa então a obstrução do fluxo sanguíneo, gerando a má perfusão dos tecidos (que já estava agravada pela hipotensão) e falência de órgãos e sistemas. Além disso, o consumo de fibrina e de plaquetas (devido à @jorstudy ativação intravascular da coagulação) pode desencadear hemorragias graves, complicando ainda mais este panorama. O óxido nítrico também é liberado, causando mais vasodilatação. Com tudo isso, ocorre a lesão endotelial disseminada, com extravasamento de fluidos, edema intersticial e hipovolemia, distúrbios da coagulação (que diminuem o suprimento sanguíneo pela obstrução), e ainda há um aumento na liberação de hormônios contra-insulínicos (glucagon, corticosteróides, catecolaminas e GH), resultando em hipermetabolismo, com aumento da glicogenólise e da gliconeogênese hepática, aumento da lipólise e do catabolismo proteico muscular, intestinal e do tecido conjuntivo. Tudo isso leva à hipóxia tissular, acidose lática (a hiperlactatemia é associada com a gravidade da doença), e morte celular. Quadro clínico A sepse se caracteriza pela presença de sinais de resposta inflamatória e aquelas manifestações associadas ao foco infeccioso em questão. Na sepse grave há também os sinais de disfunção orgânica, com manifestações clínicas decorrentes dos órgãos em disfunção. Há então: Hipotensão Taquicardia (reflexa à redução da resistência vascular, pra garantir o débito cardíaco) Taquipnéia (pelo aumento da produção de CO2, pelo estímulo direto do centro respiratório por citocinas ou pela insuficiência respiratória por causa da hipoxemia). Diagnóstico O diagnóstico é sugerido pelos achados clínicos e laboratoriais e depois é confirmado pelo isolamento do agente etiológico (cultura). Métodos de imagem (radiografia, ultrassonografia, cocardigrama, tomografia computadorizada e ressonância magnética) podem ser úteis, não só para o diagnóstico, mas também para a avaliação evolutiva. Marcadores laboratoriais: nenhum exame laboratorial permite o diagnóstico apropriado de sepse. Apesar de também serem limitados na capacidade de fazer essa diferenciação, alguns achados clínicos e laboratoriais podem ser úteis, como edema periférico ou balanço hídrico muito positivo, sugerindo aumento de permeabilidade capilar, níveis aumentados de lactato, níveis aumentados de proteína C-reativa e procalcitonina e hiperglicemia. Em 2014, uma força-tarefa de estudiosos em patobiologia da sepse, fora designada para reavaliar e reformular os antigos critérios e definições de sepse, publicada como Sepsis-3! A principal mudança é que agora TODA sepse tem disfunção orgânica associada! Isso fez com o conceito de SIRS para diagnosticar e definir sepse fosse deixado de lado, porém seus componentes (febre, taquicardia, taquipneia e leucocitose com desvio para a esquerda) ainda possam ser utilizados na prática clínica para diagnóstico de infecção grave!. Outra mudança importante foi a retirada do conceito de sepse grave, por se entender que sepse por si só já se configura numa situação de alta gravidade com a presença de disfunção orgânica. Como então avaliar a disfunção orgânica de um paciente? Diante dessa questão, sugeriu-se a utilização do Sequential Sepsis-related Organ Failure Assessment (SOFA), um score que avalia disfunção de 6 sistemas do corpo através de exames laboratoriais. Foi encontrada então a correlação de que um aumento ≥ 2 na pontuação do SOFA estava associada com disfunção o r g â n i c a c o m r i s c o d e m o r t a l i d a d e d e 1 0 % , aproximadamente. Abaixo vocês podem conferir os critérios do SOFA: Pacientes com infecção devem ser averiguados os critérios do qsofa. Se qSOFA >= 2, deve-se realizar os exames do SOFA. Se SOFA >=2, paciente está com um quadro séptico @jorstudy @jorstudy Tratamento O tratamento da sepse, da sepse grave, do choque séptico e da disfunção de múltiplos órgãos e sistemas incluem vários pacotes. Pacotes são um conjunto de medidas que devem ser instituídas dentro de uma meta de tempo. Antes, havia os pacotes de 3 e 6 horas. Agora, esses pacotes foram juntados em um pacote único de “1 hora" - Registrar em prontuário o diagnóstico/suspeita (pra dar início ao pacote de 1 hora) - iniciar imediatamente o pacote de 1 hora. todo paciente com sepse deve ser priorizado! - anamnese e exame físico, com atenção p/ sinais de disfunção orgânica. se houver, é indicado ir pra UTI 1. Manobras de reposição volêmica é indicada para pacientes hipotensos (PAS < 90 mmHg, PAM < 65 mmHg ou queda ≥ 40 mmHg na PAS basal); ou em pacientes com sinais de hipoperfusão (inclusive lactato > 2x LSN). 30ml/kg de cristalóide o mais rápido possível, dentro da 1ª hora. *considerar menor velocidade em cardiopatas 2. Antibioticoterapia deve-se iniciar o antimicrobiano imediatamente após a suspeita ou confirmação diagnóstica. antimicrobiano empírico (seguindo recomendações da CCIH da instituição). se houver suspeita de infecção por bactéria multirresistente, utilizar terapiacombinada. 3. Controle do foco infeccioso Além da antibioticoterapia de amplo espectro precoce, a diretriz preconiza o controle do foco infeccioso, que pode ser definido como “todas as medidas físicas necessárias para eliminar o foco de uma infecção, controlar a contaminação e restabelecer os marcos anatômicos e funcionais normais”, o que inclui a drenagem de coleções ou abscessos, desbridamento de tecidos infectados e/ou necrosados, retirada de corpo estranho (seja externo ou uma prótese infectada) e/ou correções de lesões anatômicas que estejam contaminando o organismo, como cólon perfurado; bem como retirar/trocar um acesso venoso profundo possível foco de infecção. 3. Emprego de corticosteróides e vasopressores Está indicado em todos os pacientes com hipotensão ou outros sinais hipoperfusão tecidual que não responderam ou responderam parcialmente à ressuscitação volêmica. Atualmente, preconiza-se que a ressuscitação volêmica deva ser instituída precocemente (na 1ª hora), e que ainda na 1ª hora o vasopressor seja considerado naqueles que permanecem hipotensos, mesmo que a reposição volêmica ainda esteja sendo administrada. Corticosteróides: (hidrocortisona 200-300 mg/dia, administrado a cada oito horas, por sete dias) é recomendado para os pacientes com choque séptico, que se mantenham hipotensos após reposição volêmica vigorosa, necessitando de fármacos vasopressores para manter uma pressão arterial satisfatória. 5. Controle glicêmico 6. Suporte ventilatório 7. Medidas terapêuticas adicionai https://pebmed.com.br/a-importancia-do-controle-do-foco-infeccioso-source-control-como-parte-do-manejo-da-sepse-grave/