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Metodologias Ativas - Texto Aula 5

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AULA 5 
METODOLOGIAS ATIVAS 
Profª Ligia Maria Bueno Pereira Bacarin 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Prezados cursistas, nesta aula objetivamos dar continuidade à 
apresentação dos recursos e estratégias de ensino para a aplicação das 
Metodologias Ativas (MA). 
É consenso que o ensino tradicional é aquele em que o docente transmite 
os seus conhecimentos para os estudantes. A proposta desta aula é aprofundar o 
contraponto dessa perspectiva metodológica tradicional. Anteriormente, 
entendemos que as denominadas Metodologias Ativas podem tanto 
complementar a perspectiva metodológica tradicional de ensino como também 
podem partir de um conceito totalmente novo. 
Partiremos da compreensão de que Metodologias Ativas são métodos de 
ensino que incentivam o aluno a ter um papel mais ativo na própria aprendizagem. 
Com isso, a noção geral de aprendizagem passa pelo entendimento de que, em 
vez de o estudante permanecer sentado como receptor passivo das informações 
que são emitidas pelo professor, esse educando realizará ativamente uma tarefa, 
a qual estimulará o estudante a pensar com mais profundidade analítica, a 
desenvolver argumentos que servirão de embasamento no debate, a ter mais 
iniciativa e, sobretudo, a aprender como é a sua própria assimilação do 
conhecimento. Nesse sentido, para alguns teóricos, as Metodologias Ativas 
conseguiram dar um salto de qualidade em relação à teoria do “aprender a 
aprender”. 
Existem várias Metodologias Ativas, porém, nesta aula iremos priorizar 
apenas uma: a Aprendizagem Baseada em Problemas, conhecida como ABP, ou 
Problem-Based Learning (PBL), que é uma proposta de MA em que o professor 
apresenta um problema e os estudantes devem propor uma solução. Compete ao 
docente facilitar o estudo e a discussão dos discentes para que eles encontrem 
uma solução, todavia serão os próprios estudantes que precisarão encontrar as 
habilidades e os conhecimentos que precisarão desenvolver e aplicá-los na 
solução da questão que foi problematizada pelo educador. 
Também abordaremos propostas metodológicas que representam um 
desdobramento ou uma metonímia da aprendizagem baseada em problemas. 
 
 
3 
 CONTEXTUALIZANDO 
Partiremos do pressuposto de que a Aprendizagem Baseada em 
Problemas (ABP) é um método de aprendizado inovador para o ensino educativo. 
Conforme Souza e Dourado (2015, p. 182): “algumas estratégias metodológicas 
de ensino diferenciadas vêm sendo desenvolvidas por professores, que acreditam 
ser possível promover mudanças em suas práticas pedagógicas, tendo em vista 
uma aprendizagem significativa”. 
Os referenciais que estudaremos ao longo desta aula incluem os principais 
autores da vanguarda do estudo da Aprendizagem Baseada em Problemas. O 
exame dessas reflexões dos autores escolhidos se desdobra em uma análise 
detalhada, que não se limita à superficial assimilação e circunscrição do objeto 
desta aula — o que possibilita a produção de um conhecimento aprofundado 
acerca dessa perspectiva de ensino. Com isso, podemos elencar as questões que 
serão o norte para direcionamento deste módulo, sendo elas: quais são os 
pressupostos e os conceitos da ABP? E os elementos que indicam os processos 
e resultados? De que forma estes foram articulados com os diversos estudos para 
compreensão do significado da relação entre o tema e o contexto do tema? 
À vista disso, estudaremos a importância da Aprendizagem Baseada em 
Problemas como método de aprendizagem, abordaremos os seus elementos 
conceituais e históricos, as suas propriedades e fases do processo de 
aprendizagem, buscaremos clareza acerca de como se desenvolve o processo de 
avaliação e, por fim, apresentaremos uma apreciação sobre as vantagens e as 
dificuldades da Aprendizagem Baseada em Problemas na constituição da 
aprendizagem em âmbito escolar. 
TEMA 1 – ASPECTOS CONCEITUAIS DA APRENDIZAGEM BASEADA EM 
PROBLEMAS 
Como a própria nomenclatura sugere, essa metodologia parte de uma 
situação-problema que necessariamente precisa ser embasada na realidade 
concreta e material, estar relacionada ao tópico que o docente objetiva 
desenvolver com os educandos e desenvolver uma problemática que, de um lado, 
não se apresente com um grau de dificuldade que desmotive os estudantes e, de 
outro, não seja fácil ao ponto de apresentar uma resolução óbvia. Para Barrows 
(1986, p. 482): 
 
 
4 
a ABP representa um método de aprendizagem que tem por base a 
utilização de problemas como ponto de partida para a aquisição e 
integração de novos conhecimentos. Em essência, promove uma 
aprendizagem centrada no aluno, sendo os professores meros 
facilitadores do processo de produção do conhecimento. Nesse 
processo, os problemas são um estímulo para a aprendizagem e para o 
desenvolvimento das habilidades de resolução. 
Nesse sentido, a Aprendizagem Baseada em Problemas estimula as 
capacidades de pensar criticamente, trabalhar em grupo, resolver problemas e 
argumentar. Essas habilidades serão muito úteis na construção da compreensão 
de mundo e na interação que os estudantes desenvolverão ao agir em sociedade. 
Ao elencar o principal debate acerca da conceituação da Aprendizagem 
Baseada em Problemas, Souza e Dourado (2015, p. 184) apresentam a seguinte 
revisão bibliográfica: 
Na definição dada por Delisle (2000, p. 5), a ABP é “uma técnica de 
ensino que educa apresentando aos alunos uma situação que leva a um 
problema que tem de ser resolvido”. Lambros (2004), em uma definição 
muito semelhante à de Barrows (1986), afirma que a ABP é um método 
de ensino que se baseia na utilização de problemas como ponto inicial 
para adquirir novos conhecimentos. Já Barell (2007) interpreta a ABP 
como a curiosidade que leva à ação de fazer perguntas diante das 
dúvidas e incertezas sobre os fenômenos complexos do mundo e da vida 
cotidiana. Ele esclarece que, nesse processo, os alunos são desafiados 
a comprometer-se na busca pelo conhecimento, por meio de 
questionamentos e investigação, para dar respostas aos problemas 
identificados. 
Ou seja, o consenso entre as várias conceituações faz com que Souza e 
Dourado (2015, p. 184-185) compreendam a Aprendizagem Baseada em 
Problemas 
como uma estratégia de método para aprendizagem, centrada no aluno 
e por meio da investigação, tendo em vista [a] produção de 
conhecimento individual e grupal, de forma cooperativa, e que utiliza 
técnicas de análise crítica, para a compreensão e resolução de 
problemas de forma significativa e em interação contínua com o 
professor tutor. 
O importante é compreender que, no processo histórico da educação, 
múltiplos paradigmas foram desenvolvidos e contribuíram, cada qual à sua 
maneira e com suas próprias limitações, para o que entendemos atualmente sobre 
as teorias metodológicas e didáticas configuradas em diversos modelos 
educacionais. O objetivo agora é apresentar um breve histórico dessas teorias 
para que possamos visualizar a trajetória do pensar metodológico e suas práticas. 
Para isso, dividiremos essas informações da seguinte maneira: 
 
 
 
5 
ALGUMAS DAS TEORIAS DA APRENDIZAGEM 
1. Associacionista, comportamentalista, de condicionamento, de 
estímulo-resposta 
a. Conceito de educação: pragmática, objetiva a difusão de conhecimentos e 
a capacitação técnica por meio de competências e habilidades. 
b. Conceito de aprendizagem: processo mecânico de associação de 
estímulos e respostas, provocado e determinado pelas condições externas, 
ignorando as internas. 
c. Conceito de ensino: preparar e organizar as contingências de reforço que 
facilitam a aquisição dos esquemas e tipos de condutas desejadas. 
d. Conceito de professor: planejador e analista de contingências. Sua função 
é arranjar contingências de reforço. 
e. Principais teóricos: Pavlov, Watson, Guthrie, Hull, Thorndike, Skinner. 
2. Mediacionais: gestalt, genético-cognitiva, significativa 
a. Conceito de educação: processo de conhecimento, de compreensãodas 
relações em que as condições externas atuam mediadas pelas condições 
internas. 
b. Conceito de aprendizagem: supremacia da aprendizagem significativa, que 
supõe reorganização cognitiva e atividade interna. 
c. Conceito de ensino: a aprendizagem constrói-se em processos de troca. 
d. Conceito de professor: sujeito e objeto interagem em um processo que 
resulta na construção e reconstrução de estruturas cognitivas. 
e. Principais teóricos: Kofka, Köhler, Whertheimer, Maslow, Rogers, Piaget. 
3. Aprendizagem genético-dialética 
a. Conceito de educação: função da comunicação e do desenvolvimento 
(resultado do intercâmbio entre a informação genética e o contato com o 
meio historicamente constituído). 
b. Conceito de aprendizagem: a formação das estruturas formais da mente é 
realizada pela atividade e pela coordenação das ações que o indivíduo 
realiza e pela apropriação da bagagem cultural. 
c. Conceito de ensino: desenvolvimento do indivíduo como resultado de um 
processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da 
aprendizagem nesse desenvolvimento. 
 
 
6 
d. Conceito de professor: o conhecimento não é visto como uma ação do 
sujeito sobre a realidade, como no construtivismo, e sim como resultado da 
mediação feita pelos outros sujeitos. 
e. Principais teóricos: Vygotsky, Luria, Leontiev, Rubinstein. 
4. Aprendizagem significativa 
a. Conceito de educação: representa a reorganização dos conhecimentos 
após a confrontação com a realidade. 
b. Conceito de aprendizagem: conhecimentos e habilidades que não só 
adquirimos, mas que também podemos utilizar em situações diversas. 
c. Conceito de professor: mediador que auxiliará o educando a atribuir 
significado ao conteúdo aprendido, possibilitando estabelecer vínculos 
substanciais entre as novas aprendizagens e as que já possuem. 
d. Principais teóricos: Ausubel, Coll. 
Observamos que essa tipificação das principais teorias da aprendizagem 
se fez necessária, uma vez que a Aprendizagem Baseada em Problemas se 
apresenta como uma metodologia de ensino que se ancora na abordagem 
significativa. Nesse sentido, a imagem a seguir (Figura 1) elucida a necessidade 
de compararmos as diferenças entre essas teorias no momento de sua aplicação 
em sala de aula. 
Figura 1 – Evolução histórica do paradigma de ensino 
 
Fonte: Adaptado de Freitas, 2001. 
Freire (2001, p. 25) considerava que o educador precisa saber que “ensinar 
não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção 
ou a sua construção”. Essa afirmativa se contrapõe aos modelos tradicionais de 
ensino utilizados pelas áreas de exatas, nas quais o mestre, respaldado por seus 
 
 
7 
anos de experiência em áreas específicas, transmite o saber em aulas expositivas 
e, em alguns casos, com baixo grau de interação. 
TEMA 2 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA APRENDIZAGEM BASEADA EM 
PROBLEMAS 
A Aprendizagem Baseada em Problemas foi gestada com base na teoria 
criada pelo francês Charles Maguerez, que tem como objetivo aplicar o ensino e 
promover a aprendizagem com base na realidade. 
A teoria criada pelo francês foi inserida na formação para o trabalho de 
analfabetos oriundos de países africanos, que migraram para países em 
desenvolvimento para trabalhar em indústrias, usinas petrolíferas e na 
agricultura. A proposta era compreender conteúdos específicos do 
trabalho, a língua e a cultura do novo país. Da observação do real 
seguia-se à maquete do objeto estudado, à discussão das teorias e à 
execução de outra maquete, para depois estudar o que tinham aprendido 
com base na realidade. 
Conforme Neusi Berbel (1996): 
O modelo que resultou em eficácia ganhou a adesão de estudiosos como 
o paraguaio Juan Díaz Bordenave e Adair Martins Pereira, autores do 
livro Estratégias de Ensino – Aprendizagem, publicado em 1977 e 
atualmente na 27ª edição. A pesquisadora brasileira Neusi segue a 
mesma vertente. Do ponto de partida que consiste na realidade, tudo é 
levado em conta, inclusive a subjetividade de cada um em relação ao 
real. O próximo passo é o recorte da realidade, para se ter uma 
delimitação que seja razoável. Em síntese, observa a realidade, 
identifica os problemas e os seleciona para um estudo de cada 
vez. (Ensino, 2012) 
Ou seja, a primeira referência para a Abordagem Baseada em Problemas 
é o Método do Arco, de Charles Maguerez, do qual conhecemos o esquema 
apresentado por Bordenave e Pereira (1982). Nesse esquema há cinco etapas 
que se desenvolvem com base na realidade ou de um recorte da realidade: 
Observação da Realidade; Pontos-Chave; Teorização; Hipóteses de Solução; 
Aplicação à Realidade (prática). De seu autor e do próprio esquema de Bordenave 
e Pereira (1982) não se obteve mais informações documentadas em artigos ou 
pesquisas significativas. 
Para Berbel (1996), o Método do Arco é “uma prática transformadora, 
com o retorno do estudo à realidade. Ainda que não seja possível em 
todas, é importante que uma ou mais hipóteses sejam colocadas em 
prática, as exequíveis, a mais urgente ou necessária. É possível a ação 
transformadora da realidade em algum grau, mas, para isso, é preciso 
planejamento e execução da ação”. (Ensino, 2012) 
Figura 2 – Planejamento do Arco da Problematização de Charles Maguerez 
 
 
8 
 
Fonte: Prado, 2012, p. 176. 
“Na base esquerda da figura geométrica utilizada na teoria de Maguerez 
está a observação do problema. Logo acima, antes do início da curva, 
são dispostos os pontos chave, com os fatores e assuntos determinantes 
maiores do problema. No centro da curva aparece a teorização, que não 
é somente a teoria já elaborada e difundida, mas a busca de 
informações. É a investigação propriamente dita. Depois da curva, 
aparecem as hipóteses de solução, por meio das quais é permitido criar 
e ousar ao máximo, para sair do círculo vicioso e chegar ao virtuoso. Na 
base direita inferior está a aplicação, que é a prática”. (Ensino, 2012) 
Inferimos, então, que a metodologia da problematização representa um 
horizonte a ser percorrido em etapas distintas, com base em um problema 
diagnosticado na realidade. Constitui-se assim um método que busca preparar o 
educando para tomar consciência da sociedade e agir intencionalmente para 
transformá-la em um lugar mais correto para todos os seres humanos. 
TEMA 3 – ETAPAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM 
BASEADA EM PROBLEMAS 
A metodologia adotada pela perspectiva da ABP tem por base a Teoria da 
Problematização de Neusi Aparecida Navas Berbel (1996), a qual conta com as 
cinco etapas do Arco de Maguerez: 
1. Observação da realidade 
2. Identificação dos problemas ou pontos-chave 
3. Teorização 
4. Hipóteses de solução – planejamento 
 
 
9 
5. Aplicação – execução da ação (Prática) 
Em linhas gerais, a ABP baseia-se em grupos tutoriais (particularmente 
prefiro o conceito de grupos mediados) que são formados por um pequeno 
agrupamento de estudantes (entre 8 e 12 membros), acompanhados de um 
mediador. Nesses encontros, um problema ou caso pré-estruturado é colocado 
em discussão pelo educador, que orienta os educandos a analisá-lo 
cientificamente. 
Tendo em vista que a cada caso se apresentam temáticas diferenciadas, 
cada sessão de tutoria escolhe, de forma democrática, um coordenador e um 
secretário. Isso acontece de maneira contínua, pois ao término de um caso um 
novo tema é proposto e um novo coordenador e um novo secretário são eleitos. 
A dinâmica do grupo tutorial obedece a uma técnica própria denominada 
sete passos, assim elencada por Schmidt (1993): 
1. esclarecer os conceitos não compreendidos na leitura do problema; 
2. definir o problema; 
3. analisar o problema; 
4. desenhar um inventário das explicações inferidas a partir do passo 3; 
5. formular objetivos de aprendizagem; 
6. coletar informações adicionais fora do grupo; 
7. sintetizar e testar as informações recém-adquiridas. 
As avaliações acontecem ao final de cada módulo, com basenos objetivos 
e conhecimentos específicos definidos no projeto da instituição. Assim sumarizam 
Afonso e Pereira (2013, p. 36): 
Segundo Schmidt (1993), o tutor é fundamental ao bom desenvolvimento 
das atividades do grupo, tendo como principais atribuições: estimular 
todos os membros do grupo a participarem das discussões; ajudar o 
coordenador com a dinâmica do grupo e na administração do tempo; 
assegurar que as anotações sejam corretamente realizadas pelo 
secretário; evitar desvios na discussão; assegurar que o grupo atinja, no 
mínimo, os objetivos de aprendizagem preestabelecidos; checar a 
compreensão do grupo; e, avaliar o desempenho dos membros e do 
grupo como um todo. Ao estudante que desempenha a função de 
coordenador cabe: liderar o grupo durante o processo; estimular todos 
os membros do grupo para que participem das discussões; manter a 
dinâmica do grupo; administrar o tempo; assegurar que o grupo cumpra 
a sua tarefa, assegurar que o secretário acompanhe as discussões e 
realize corretamente as anotações. O estudante na função de secretário 
tem responsabilidades de: anotar os termos desconhecidos, os 
problemas identificados, as formulações e hipóteses oferecidas e os 
objetivos de aprendizagem definidos; ajudar o grupo a ordenar as suas 
ideias; participar das discussões; enviar a primeira fase de anotações 
aos membros do grupo; anotar as fontes usadas pelo grupo; elaborar o 
 
 
10 
relatório final; e, enviar o relatório final aos membros do grupo. Aos 
demais estudantes cabe seguir em sequência os sete passos do 
processo; participar das discussões; ouvir com atenção e respeito à 
contribuição dos demais membros; perguntar abertamente sem receios; 
pesquisar, no mínimo, todos os objetivos de aprendizagem 
estabelecidos; partilhar o conhecimento adquirido com os colegas. 
Tendo em vista o exposto, iremos adaptar a APB a três etapas que 
mesclarão as propostas de Berbel (1996) e Schmidt (2003) a uma metodologia de 
ensino desenvolvida por Afonso e Pereira (2013, p. 37), as quais, combinadas a 
recursos tecnológicos, possam “[...] viabilizar o processo de transferência e 
compartilhamento de conhecimento aos alunos em um domínio específico”, tendo 
como resultado o processo chamado MaTUTO (Mapear, TUtoriar e Transformar 
em Ontologia). 
Figura 3 – Adequação dos passos da APB para a construção das Ontologias 
 
Fonte: Afonso; Pereira, 2013, p. 37. 
TEMA 4 – IMPLEMENTAÇÃO 
1ª etapa – Mapear: observação da realidade social  refere-se aos 
passos 1, 2 e 3 do esquema apresentado na Figura 3 (classificar os 
conceitos, definir e analisar o problema). 
 
 
11 
Nesta primeira etapa da ABP, elenca-se uma temática e ela é apresentada 
aos estudantes. Para isso, trabalha-se com questionamentos ou 
questões-problema. Com base nesse questionamento, abre-se um debate, em 
que todos os alunos possam expor suas ideias a respeito da temática — o que foi 
denominado de tempestade de ideias. Em seguida, realiza-se a leitura de um texto 
com caráter conceitual sobre a temática em debate. O texto tem a função de 
aprofundar a reflexão inicial dos estudantes, migrando de uma compreensão de 
senso comum para uma compreensão analítica, em que os educandos consigam 
sistematizar o que perceberam sobre a realidade referente à temática em questão. 
Importante registrar que a questão-problema dessa etapa se refere apenas ao 
momento inicial do processo, limitando-se a fomentar o debate. 
2ª etapa – Tutorear: pontos-chave  refere-se aos passos 4 e 5 do 
esquema apresentado na Figura 3 (desenhar um inventário das explicações 
e formular objetivos da aprendizagem). 
Na segunda etapa, os estudantes assistirão a um filme ou a parte de um 
documentário, ouvirão uma música, visualizarão uma imagem ou acessarão 
qualquer outra fonte oriunda da internet com o intuito de observar as várias causas 
que levam ao problema inicial. Depois realizarão um segundo debate, no qual o 
mediador solicitará que eles abordem fatos e elementos acerca do tema. Por fim, 
farão uma síntese dos principais motivos que são causas prováveis do problema. 
Após a síntese, o mediador realizará um novo debate, ainda mais reflexivo, 
justamente com o intuito de observar o crescimento dos estudantes. Para finalizar 
essa etapa, o mediador solicitará que os estudantes analisem uma fonte sobre o 
tema com mais qualificação que a anterior (Prado et al., 2012). 
3ª etapa – Traduzir em Ontologia: teorização e inferências  refere-se 
aos passos 6 e 7 da Figura 3. 
Nessa etapa os alunos realizarão uma grande pesquisa, em revistas, 
jornais, internet, entre outros, com o intuito de ampliar seus conhecimentos sobre 
o assunto. Após análise dos dados (que precisam seguir um método analítico, 
como por exemplo o uso de tabelas ou dados comparativos), infere-se sobre a 
melhor solução para o problema levantado. 
Para Berbel (2006), “esta etapa implica na construção de respostas mais 
elaboradas para o problema, proporcionando um amadurecimento mental 
baseado nos questionamentos do que é observado e fundamentado nos 
pontos-chave, definidos na etapa anterior.” 
 
 
12 
Ou seja, após as leituras, análise das tabelas e outros materiais teóricos 
referentes ao tema, os estudantes farão um registro dos dados para que, 
posteriormente, eles possam ser utilizados na resolução do problema. 
Acerca dessa etapa, Afonso e Pereira (2013, p. 39) observam que: 
Como tarefa inicial dessa etapa, coube ao tutor criar a estrutura da 
ontologia e a forma como os problemas poderiam ser ali classificados. 
Aos estudantes, coube questionar e propor mudanças nessa estrutura a 
fim de que ela pudesse ser extensível ao maior número de problemas 
possíveis. 
TEMA 5 – INFERÊNCIAS SOBRE A ABP 
Ribeiro et al. (2003) acreditam que a PBL contempla três princípios 
fundamentais sobre a aprendizagem: 
(1) a aprendizagem é um processo construtivo e não receptivo – o 
conhecimento é estruturado em redes de conceitos relacionados entre si 
e conceitos novos são aprendidos na medida em que são relacionados a 
redes preexistentes, sendo, portanto, importante ativar o conhecimento 
prévio dos alunos sobre o assunto em questão de modo a conseguir a 
aprendizagem de novos conceitos relacionados a ele; 
(2) a metacognição afeta a aprendizagem – habilidades tais como o 
estabelecimento de objetivos (o que vou fazer?), a seleção de estratégias 
(como vou fazer?) e avaliação dos resultados (funcionou?) são 
consideradas essenciais à aprendizagem; e 
(3) fatores contextuais e sociais influenciam a aprendizagem – o contexto 
em que o ensino se dá favorece ou inibe a aprendizagem, assim, a 
aprendizagem é otimizada quando o conteúdo ensinado está próximo do 
contexto profissional futuro dos alunos e quando os alunos compartilham 
responsabilidades e visões diferentes sobre uma mesma questão, o que 
leva os alunos a aprofundarem seu questionamento sobre o assunto e a 
desenvolverem habilidades tais como senso crítico, aceitação de opiniões 
diferentes, construção de consenso etc. 
O problema na ABP é um fim aberto, ou seja, que “não comporta uma única 
solução correta, mas uma (ou mais) melhor solução dadas as restrições impostas 
pelo próprio problema ou pelo contexto de aprendizagem em que está inserido, tais 
como tempo, recursos etc.” (Ribeiro et al., 2003). 
Conforme Ribeiro et al. (2003), 
segundo GIJSELAERS (1996) o papel primordial do professor nesta 
metodologia é o orientar os grupos, dando apoio para que a interação 
entre os alunos seja produtiva e ajudando os alunos a identificarem o 
conhecimento necessário para solucionar o problema. Em contrapartida, 
os alunos devem se responsabilizar por sua aprendizagem, 
desenvolvendo-a de modo a satisfazer suas necessidades individuais e 
perspectivas profissionais. 
 
 
13 
FINALIZANDO 
Nesta aula, exploramos, com base na teoria das Metodologias Ativas, a 
Abordagem Baseada em Problemas. Para sintetizar esse debate, faz-se necessário 
retomar asquestões que orientaram nossa trajetória nesta etapa: quais são os 
pressupostos e os conceitos da ABP? Quais os elementos que indicam os 
processos e resultados? De que forma estes foram articulados com os diversos 
estudos para compreender o significado da relação entre o tema e o contexto do 
tema? 
Com base nessas questões, inferimos que nessa forma de aprendizagem os 
estudantes percorrem 8 etapas educativas: 
1. explorar o problema, levantar hipóteses, identificar e elaborar as questões 
de investigação; 
2. tentar solucionar o problema com o que se sabe, observando a pertinência 
do seu conhecimento atual; 
3. identificar o que não se sabe e o que é preciso saber para solucionar o 
problema; 
4. priorizar as necessidades de aprendizagem, estabelecer metas e objetivos 
de aprendizagem e alocar recursos de modo a saber o que, quanto e quando 
é esperado e, para a equipe, determinar quais tarefas cada um fará; 
5. planejar e delegar responsabilidades para o estudo autônomo da equipe; 
6. compartilhar o novo conhecimento de forma eficaz, de modo que todos os 
membros aprendam os conhecimentos pesquisados pela equipe; 
7. aplicar o conhecimento para solucionar o problema; 
8. avaliar o novo conhecimento, a solução do problema e a eficácia do processo 
utilizado e refletir sobre ele. 
Com essas informações compreendemos que a ABP não significa uma 
técnica para resolver problemas. Ela representa uma metodologia em que o 
conhecimento é construído na busca da solução dos problemas, e as habilidades 
e atitudes desenvolvidas nesse processo são mais relevantes que a solução em si, 
conforme analisam Ribeiro et al. (2003). 
 
 
 
14 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
BERBEL, N. A. N. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de 
estudantes. Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, p. 25-40, jan./jun. 
2011. 
Nesse texto se descreve o eixo condutor do conceito de Metodologias Ativas 
aplicadas por meio da Aprendizagem Baseada em Problemas. 
Texto de abordagem prática 
OLIVEIRA, M. M. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. 
Um dos pilares da Abordagem Baseada em Problema se encontra na capacidade 
de realizar pesquisas. Nesse sentido, esse livro didaticamente aponta elementos 
que auxiliam na compreensão de como realizar uma pesquisa com qualidade 
metodológica. 
Saiba mais 
BERBEL, N. A. N. Metodologia da problematização: Fundamentos e aplicações. 
Londrina: INP/UEL, 1999. 
Nesse texto se desenvolvem estratégias para o exercício da Aprendizagem 
Baseada em Problemas. 
 
 
 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
AFONSO, R. A.; PEREIRA, C. F. Matuto: adaptação da metodologia de 
aprendizagem baseada em problemas aplicada ao ensino de ontologias. Atoz: 
novas práticas em informação e conhecimento, Curitiba, v. 2, n. 1, p. 34-43, 
ago. 2013. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/atoz/article/view/41318/25254>. 
Acesso em: 10 nov. 2018. 
BARROWS, H. S. A Taxonomy of Problem-Based Learning methods. Medical 
Education, v. 20, p. 481-486, 1986. 
BERBEL, N. A. N. Metodologia da problematização no ensino superior e sua 
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WOODS, D. R. The MPS Program: the McMaster Problem Solving Program. [S.l.]: 
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	Conversa inicial
	Contextualizando
	TEMA 1 – ASPECTOS CONCEITUAIS DA APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS
	TEMA 2 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS
	TEMA 3 – ETAPAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS
	TEMA 4 – IMPLEMENTAÇÃO
	TEMA 5 – INFERÊNCIAS SOBRE A ABP
	FINALIZANDO
	LEITURA OBRIGATÓRIA

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