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PETIÇÃO - ARGUIÇÃO DESCUMPRIMENTO PRECEITO FUNDAMENTAL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL 
 
 
 
 
 
 
PARTIDO POLÍTICO BETA, que possui representação no Congresso 
nacional, na forma do Art. 2º, inciso I, da Lei nº 9.882/99, e Art. 103, inciso VIII, da 
CRFB/88, devidamente inscrito no Cadastro Nacional de Pessoas jurídicas sob o n. 
________, com sede no endereço __________, Telefones _________, endereço 
eletrônico _________, neste ato representado pela pessoa do Presidente do Partido, 
Sr. _________, brasileiro, qualificação completa (estado civil, nacionalidade, função, 
portador da da cédula de identidade RG n. _________, devidamente inscrito no 
Cadastro de Pessoas Físicas sob o n. _________, e do título de eleitor n. _________, 
por intermédio do seu ADVOGADO __________________ que subscreve a presente, 
com endereço profissional indicado em procuração e eletrônico _________, com 
fundamento no art. 102, § 1º, da CRFB/88 e Lei nº 9.882, de 3 de dezembro de 1999, 
ajuizar a presente 
 
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 
 COM PEDIDO DE LIMINAR 
 
em face do ato legislativo consistente na da Lei Orgânica do Município 
Alfa, de responsabilidade da Câmara Municipal do Município Alfa, especialmente pelos 
seus Art. 11 e Art. 12, pelas razões a seguir expostas. 
 
I. DOS FATOS (DA EXPOSIÇÃO FÁTICA / SÍNTESE DOS FATOS) 
 
 
O Partido Político BETA tomou conhecimento, pelo Prefeito do 
Município Alfa, que a Lei Orgânica do referido município, publicada em 30 de maio de 
1985, estabelece, no seu Art. 11, diversas condutas como crime de responsabilidade do 
Prefeito, entre elas o não atendimento, ainda que justificado, a pedido de informações 
da Câmara Municipal, inclusive com previsão de afastamento imediato do Prefeito a 
partir da abertura do processo político. 
Tomou-se conhecimento também, que a mesma Lei Orgânica, 
em seu Art. 12, contém previsão que define a competência de processamento e 
julgamento do Prefeito pelo cometimento de crimes comuns perante Justiça Estadual 
de primeira instância. 
 
Como se pode verificar, a legislação municipal em questão, 
anterior à CRFB/88, possui diversos vícios de forma, e devido a isto está causando lesão 
a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. 
 
Exemplificando a lesão a preceito fundamental, há o fato recente 
ocorrido, no contexto da disputa política local, em que houve representação oferecida 
por Vereadores da oposição com o objetivo de instaurar processo de apuração de crime 
de responsabilidade do Prefeito, com fundamento no referido Art. 11 da Lei Orgânica, a 
qual poderá ser analisada a qualquer momento. 
 
Devido à constatação explícita de que a norma municipal está 
em dissonância com a CRFB/88, é que se apresenta a presente medida, cujas razões 
de direito serão a seguir expostas. 
 
II. RAZÕES DE DIREITO. 
 
II.1. Da legitimidade ativa para propositura da Ação Direta de constitucionalidade. 
 
Conforme se verifica da apresentação da petição, esta é 
ajuizada pelo Partido Beta, cuja importância para o regime democrático de direito é 
assegurada constitucionalmente. Trata-se de partido que possui representação no 
Congresso Nacional, na forma do Art. 2º, inciso I, da Lei nº 9.882/99 c/c o Art. 103 da 
CRFB/88. 
 
São legitimados a propô-la os mesmos legitimados da ADI 
genérica (art. 2º Lei ADPF). A legitimidade ativa está demonstrada, o que encontra 
amparo constitucional, vide artigo 103, VIII da CRFB, que dispõe: 
 
Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade: 
 
I - o Presidente da República; 
II - a Mesa do Senado Federal; 
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; 
IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa 
do Distrito Federal; 
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
VI - o Procurador-Geral da República; 
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; 
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito 
nacional. 
 
No tocante à Pertinência Temática, por se tratar o Partido Beta de 
Autores Universal, não se exige demonstrar pertinência temática. 
 
É, portanto, legítimo o Partido Beta, para ajuizamento da presente 
medida. 
 
II.2. Da competência do STF para processamento e julgamento da A. D. 
Constitucionalidade. 
 
Não há dúvidas acerca da competência do STF para processamento 
e julgamento da Ação Direta de Constitucionalidade, que ora se apresenta pelo 
legitimado ativo, veja-se previsão constitucional: 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, 
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
 
§ 1º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, 
decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo 
Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado em § 1º pela 
Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93) 
 
É, portanto, competente o STF, para processamento e julgamento da 
presente medida. 
 
II.3. Do cabimento da ADPF frente ao ato impugnado ‘Lei Orgânica do Município 
Alfa”, que ocasiona lesão a preceitos fundamentais, a saber, Princípio da 
Separação de Poderes, e ofensa à competência legislativa privativa da União. 
 
Sabe-se que a ADPF tem por objeto evitar ou reparar lesão a preceito 
fundamental, resultante de ato ou omissão do Poder Público; 
 
Cabe destacar preliminarmente que a ADPF é a única ação de 
controle objetivo de constitucionalidade cabível (subsidiariedade) na forma do 
Art. 4º, § 1º, da Lei nº 9.882/99, quando for relevante o fundamento da controvérsia 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc03.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc03.htm#art1
constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os 
anteriores à Constituição; 
 
Busca-se sua procedência, para comunicação às autoridades ou 
órgãos responsáveis pela prática dos atos questionados, fixando-se as condições e o 
modo de interpretação e aplicação do preceito fundamental. 
 
Inicialmente, no tocante ao princípio da separação dos Poderes, tem-
se o seguinte definido pela CRFB/88: 
 
Art. 2º CRFB/88: São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
 
 O art. 2º da CF consagra a separação dos Poderes fulcrada na 
independência e harmonia entre os órgãos do poder político, o que resulta, com relação 
aos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, na ausência de subordinação funcional 
e no controle mútuo. 
 
Há ainda ofensa à Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de 
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e 
julgamento são de competência legislativa privativa da União. 
 
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 22, I delimita 
expressamente a competência privativa da União para legislar sobre Direito Eleitoral. 
 
 
Art. 22 Compete privativamente à União legislar sobre: 
 
I – direito civil, comercial, penal, processual, ELEITORAL, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...) (grifo acrescido). 
 
 
Tal competência é expressão do princípio do federalismo, conferindo 
a cada ente legitimidade para legislar sobre determinadas matérias, neste caso, de 
forma privativa, como maneira de garantir a convivência ordenada entre as diversas 
esferas sociais, e abrindo espaço para combater a inconstitucionalidade 
 
Adentrando ao caso em questão, nota-se que, reservar à lei orgânica 
do Município, competência para legislação sobre crimes de responsabilidade do 
prefeito, que se enquadram no campo do direito Eleitoral, é evidente que a atividade 
legislativa municipal invade competência PRIVATIVA da União, o que explicita desde 
logo a inconstitucionalidade da norma, eivada de vício porque emanada de órgão sem 
competência 
 
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em 
dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovadapor dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a 
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta 
Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os 
seguintes preceitos: 
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; 
 
O Art. 29, inciso X, CRFB/88 (0,10), dispõe sobre os municípios e 
sobre as respectivas leis orgânicas, as quais devem observar os preceitos 
constitucionais, especialmente garantindo aos Prefeitos a prerrogativa de foro perante 
o Tribunal de Justiça em crimes comuns . 
 
Os problemas do artigo 11 e 12 da Lei Orgânica de 1985: 
 
É possível notar que há problemas insuperáveis na referida Lei 
orgânica. No seu Art. 11, prevê diversas condutas como crime de responsabilidade do 
Prefeito que geram consequências que fogem às prerrogativas do Devido Processo 
Legal e da Legalidade. 
 
Por exemplo a possibilidade de afastamento imediato do Prefeito a 
partir da abertura do processo político pelo simples descumprimento de pedido de 
informações da Câmara Municipal ainda que justificado, o que pode servir de 
instrumento de manipulação dos opositores da situação política e mecanismo para 
prejudicar a autoridade municipal. 
 
No seu Art. 12, contém previsão que define a competência de 
processamento e julgamento do Prefeito pelo cometimento de crimes comuns perante 
Justiça Estadual de primeira instância, contrariando explicitamente o que diz a própria 
CF no Art. 29, X; 
 
Por todos esses argumentos acima tecidos, mostra-se imprescindível o 
reconhecimento da incompatibilidade com a Constituição da República Federativa do 
Brasil, e consequente descumprimento dos preceitos fundamentais desta, provocada 
pelos Artigos 11 e 12 da Lei Orgânica, de 30 de maio de 1985, do Município Alfa, o que 
demonstra a procedência do presente pedido. 
 
II.4. Da necessidade de deferimento da medida cautelar 
 
Conforme previsão nos Art. 5º, § 3º, da Lei 9.882/99, há a possibilidade 
de. 
Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria 
absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida 
liminar na argüição de descumprimento de preceito 
fundamental. 
 
§ 1o Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, 
ou ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a 
liminar, ad referendum do Tribunal Pleno. 
 
§ 2o O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades 
responsáveis pelo ato questionado, bem como o Advogado-
Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no prazo 
comum de cinco dias. 
 
§ 3o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e 
tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos 
de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que 
apresente relação com a matéria objeto da argüição de 
descumprimento de preceito fundamental, salvo se 
decorrentes da coisa julgada. (Vide ADIN 2.231-8, de 2000) 
 
Mostram-se presentes os requisitos do fumus boni iuris e periculum in 
mora. 
 
O fumus boni iuris se verifica pela fundamentação toda trazida no tópico 
antecedente, pelas plausíveis razões de direito que evidenciam a incompatibilidade com 
a Constituição da República Federativa do Brasil, e consequente descumprimento dos 
preceitos fundamentais. 
 
O periculum in mora se verifica pelo riscos a que está submetido o Sr. 
Prefeito devido à infundada representação oferecida por Vereadores da oposição com 
o objetivo de instaurar processo de apuração de crime de responsabilidade do Prefeito. 
 
Pleiteia-se, portanto, a tutela de urgência cautelar visando sustar a 
eficácia do art. 11 e, por consequência, suspender o trâmite da representação por crime 
de responsabilidade oferecida em desfavor do Prefeito. 
 
 
 
III. DOS PEDIDOS: 
 
 
1. Que seja concedida liminar para suspender o trâmite da 
representação por crime de responsabilidade oferecida em desfavor do Prefeito. 
 
2. a notificação das autoridades e órgãos, responsáveis pela violação 
ao preceito fundamental da Constituição Federal, para querendo, manifestem-se, caso, 
assim se entender; 
 
3. a notificação, caso Vossa Excelência entenda pertinente, do Exmo. 
Sr. Advogado Geral da União para se manifestar sobre o mérito da presente ação, nos 
termos do artigo 5º, § 2º, da Lei nº 9.882/99; 
 
4. a oitiva do Exmo. Sr. Procurador Geral da República e do Ministério 
Público, nos termos do artigo 5º, § 2º, e do artigo 7º, p. ú. da Lei nº 9.882/99; 
 
5. seja julgado procedente o pedido para declarar a incompatibilidade 
com a Constituição da República dos Artigos 11 e 12 da Lei Orgânica, de 30 de maio de 
1985, do Município Alfa. 
 
Diante do exposto e, do que mais dos autos constar e suprir a elevada 
consciência jurídica desse d. Juízo, REQUER-SE, recebida e autuada a presente 
petição: 
 
Deixa-se de atribuir valor à causa, em razão da impossibilidade de 
quantificar seu conteúdo econômico OU Dá-se à causa, o valor de R$ _____ para fins 
de alçada. 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Cidade___________, data____, mês_____, ano______. 
 
________________________ 
Advogado 
Número de Registro na OAB/UF.

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