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Singularidades da semiologia pediátrica

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Singularidades da semiologia pediátrica – síntese da aula da 
prof. Fernanda Ferreira Fagundes – Unipampa 
 
Semiologia é a parte mais importante da medicina, desenvolvida em 1670. Os achados 
são variados de acordo com a faixa etária. 
 
Consultas 
A consulta pediátrica conta com anamnese, exame físico e exames complementares. É 
dividida em fases: lactente (0 a 2 anos), pré-escolar (2 a 6 anos), escolar (6 a 10 anos) e 
adolescente (10 a 19 anos). 
A frequência de consultas na primeira ou segunda semana de vida, mensal até os 6 meses, 
trimestral até 2 anos de idade, semestral até 5 anos e anual até 19 anos de idade (de acordo 
com a Sociedade Brasileira de Pediatria). Nos primeiros dias de vida a criança tende a 
perder peso, mas o recupera por volta do décimo dia. 
O exame físico se inicia na recepção da criança, com a ectoscopia. Em seguida, é realizada 
a antropometria e, por fim, a avaliação de órgãos e sistemas. As medições e pesagem são 
feitos sem roupa. 
 
Inspeção 
Observar nível de consciência, aspecto de higiene, desenvolvimento da fala, marcha, 
coordenação motora, equilíbrio, grau de independência, adaptação psicossocial, 
desenvolvimento psicomotor, interesse da criança pelo ambiente e capacidade de 
aprendizado. Além disso, postura, movimentação, proporcionalidade e simetria dos 
segmentos corporais, padrão respiratório, choro, coloração e grau de umidade da pele e 
mucosas, elasticidade da pele e turgor, estado nutricional, grau de obesidade e lesões 
dermatológicas são importantes. 
 
Medidas antropométricas 
Avalia-se peso, estatura e perímetros cefálico, torácico e abdominal. 
Peso: até 16 kg, balança para RN, e acima disso, balança para adultos. Nos primeiros 4 a 
5 dias, perda de 3 a 10% do peso, recuperando-se em torno do décimo dia. Primeiro 
trimestre, ganho de uma média de 25 a 30 g/dia; segundo trimestre, 20 g/dia; terceiro 
trimestre, 15 g/dia. 5 a 6 meses, dobro do peso do nascimento; 12 meses, triplo do peso 
do nascimento; e 10 anos, triplica em relação aos 12 meses. 
Crianças até 1 metro, medir em decúbito dorsal (antropômetro de Harpender) e, a partir 
disso, medir na balança biométrica. No primeiro ano de vida, aumento médio de 25 cm; 
segundo ano, 12,5 cm; terceiro ano, 9 cm; até a puberdade, 6 cm/ano. Entre 12 e 13 anos, 
triplo da estatura ao nascimento. 
É preciso medir o perímetro cefálico até, mais ou menos, o segundo ano de vida, passando 
pela região protuberante do occipital e pela glabela, sem passar por cima das orelhas. No 
primeiro ano, o crânio cresce de 10 a 12 cm. No primeiro semestre, o crescimento é de 
aproximadamente 1 cm/mês, enquanto no segundo semestre, o crescimento é de cerca de 
meio centímetro ao mês. 
 
Órgãos e sistemas 
Cabeça e pescoço 
A avaliação de órgãos e sistemas se dá em sentido craniocaudal. Faz-se a palpação das 
cadeias ganglionares, que alcança seu desenvolvimento máximo aos 6 anos. Em pré-
escolares, é comum palpar gânglios na região cervical, submandibular e inguinal, 
medindo mais ou menos 1 cm de diâmetro, sendo elásticos, móveis e indolores. 
Importante verificar localização, tamanho, consistência, mobilidade, coalescência e 
sensibilidade. Em infecções, ocorre alteração do padrão. 
Exame da cabeça e pescoço: observar fácies (podem indicar má-formação), simetria, 
formato, proporção crânio facial, presença de abaulamentos, implantação de cabelos e 
formato e implantação das orelhas (traçar linha reta da parte lateral do olho em direção à 
lateral da cabeça; se a orelha estiver abaixo da linha, indica problema de implantação). 
Na palpação da cabeça, observa-se consistência óssea e suturas, fontanelas bregmática e 
posterior (dimensões, abaulamentos e depressão). A fontanela bregmática fecha-se por 
volta de 18 meses, enquanto a posterior se fecha ao final do primeiro mês. Abaulamentos 
podem indicar meningite, pressão intracraniana elevada ou outras infecções. Depressão 
pode indicar desidratação. 
No olhos, observa-se formato, distância entre eles, simetria, movimentos (nistagmo e 
outros), capacidade de acompanhar a luz ou objetos, tamanho e cor das pupilas, brilho e 
transparência das córneas, pálpebras e presença de secreções. 
Observar formato e permeabilidade das narinas em crianças menores (atresia de coanas). 
Nas crianças maiores, rinoscopia anterior e observar cor e brilhos da mucosa nasal, 
presença de secreção e permeabilidade anterior das narinas. 
Na boca, observa-se aspecto e coloração dos lábios e região peri-oral, condições dos 
dentes, palato mole, úvula e amígdalas, e presença de secreção. Atentar para presença 
fenda palatina. 
No pescoço, inspecionar e palpar para identificar tumorações e alterações musculares, 
mobilidade passiva e ativa, examinando criança sentada e deitada. Deve-se, ainda, palpar 
a tireoide. 
 
Tórax e aparelho respiratório 
O exame do tórax e aparelho respiratório deve ser comparativo entre ambos os hemi-
tórax. Inspecionar frequência respiratória, ritmo e amplitude dos movimentos 
respiratórios. Observar abaulamentos, retrações e outras alterações. 
Frequência respiratória: 0-2 anos, até 60 ipm; 2-11 meses, 50 ipm; 1-4 anos, 40 ipm; 
adolescente, 20 ipm. Padrão respiratório do lactente é abdominal, aos 3 anos é mista e 
após os 7 anos é torácica. 
A palpação procura por pontos dolorosos, tumorações, nódulos, frêmito tóraco-vocal, 
expansibilidade e simetria. 
A ausculta deve ser bilateral e comparativa, em sentido craniocaudal, observando regiões 
laterais e axilares. 
A percussão é em toda a extensão torácica, com som claro. Som submaciço do lado 
esquerdo corresponde à área cardíaca e do lado direito é a borda superior do fígado. 
 
Aparelho cardiovascular 
Aparelho cardiovascular: checar cianose perioral ou ungueal e sinais de desconforto 
respiratório. A palpação observa a localização do ictus cordis (extensão, intensidade e 
ritmo dos batimentos). Até 3 meses, entre terceiro e quarto espaço intercostal esquerdo 
para fora da linha hemiclavicular. De 3 a 9 meses, entre quarto e quinto espaço intercostal 
esquerdo. Aos 7 anos, no quinto espaço intercostal esquerdo. 
O foco mitral é na região do ictus cordis; o foco tricúspide, no quarto espaço intercostal, 
próximo ao esterno; o foco pulmonar, no segundo espaço intercostal, próximo ao esterno; 
e o foco aórtico, próximo ao esterno, ao lado direito. 
A ausculta deve determinar a frequência cardíaca, o ritmo, a intensidade e a presença de 
atrito, sopros. A frequência cardíaca até o primeiro mês é de até 190 bpm; entre 1 e 11 
meses, de 80 a 160 bpm; aos 3 anos, de 80 a 130 bpm; e aos 7 anos, entre 75 e 115 bpm. 
Deve-se, ainda, verificar os pulsos radiais, femorais e pediosos, sempre bilateral e 
comparativamente, avaliando a intensidade, o ritmo e a simetria. Afere-se, também, a PA. 
 
Abdome 
O exame abdominal avalia a forma, a simetria, a cicatriz/coto umbilical, presença de 
movimentos peristálticos, abaulamentos e circulação colateral, sendo comum encontrar 
diástase de músculos retos abdominais. 
A ausculta precede a palpação e a percussão, iniciando-se na fossa ilíaca esquerda, 
seguindo-se pelo flanco esquerdo, hipocôndrio esquerdo, epigástrio, região periumbilical, 
hipocôndrio direito, flanco direito, fossa ilíaca direita e hipogástrio. Ruído hidroaéreo 
aumentado pode indicar diarreia e fase inicial de peritonite e obstrução. Os ruídos 
reduzidos podem representar íleo paralítico e peritonite. 
A palpação deve aproveitar a inspiração da criança, devido ao relaxamento muscular. 
Inicia-se com a palpação superficial, deslizando-se a mão sobre o abdome, procurando 
por dor, massas ou visceromegalias com a palpação profunda. No lactente, o fígado é 
palpado a 2-3 cm do RCD, podendo-se palpar o baço, mas não os rins. 
A percussão é em todo o abdome, com som timpânico, macicez em hipocôndrio direito e 
esquerdo (fígado e baço, respectivamente). 
 
Genitálias 
Examina-sea genitália masculina, observando-se o tamanho e o aspecto do pênis e a bolsa 
escrotal. Deve-se expor a glande, checar a localização do orifício uretral. Palpa-se os 
testículos, que devem ser tópicos, retráteis e líquidos. A genitália feminina deve 
apresentar simetria de grandes lábios, coloração da mucosa da vulva e entrólito vaginal, 
as características de clitóris, pequenos lábios e hímen, além da presença de secreções. 
 
Região anal 
O exame da região anal conta com a pesquisa do pregueamento do esfíncter, de presença 
de má formação e de fissuras. 
 
Aparelho osteoarticular 
O exame do aparelho osteoarticular conta com a ectoscopia, observando-se a simetria 
entre os lados, proporcionalidade entre segmentos, relevo muscular e tendíneo, aspecto 
das articulações e amplitude dos movimentos. Palpa-se o esternocleidomastoideo, gradil 
costal e coluna vertebral. Observa-se na região sacrococcígea, vendo se há presença de 
fosseta, seio pilonidal e tumorações. Avalia-se a mobilidade das articulações (manobra 
de Ortolani e, após primeiro mês, manobra de Galeazzin ou Allis). 
Observa-se, também, os pés (presença de má formação). O geno varum é fisiológico até 
os dois anos de idade e os pés planos são normais, com presença de gordura no arco 
longitudinal medial do pé. Em pré-escolares, é comum o valgismo fisiológico em MMII. 
O arco longitudinal medial do pé estará formado aos 7 anos e o valgismo desaparece. 
Quanto à marcha, avalia-se o ritmo, a harmonia dos movimentos, a relação entre os 
segmentos corporais, com a criança podendo caminhar com pés em discreta rotação 
externa, de até 10%. A marcha diz respeito sobre a massa muscular e compara grupos 
musculares. 
 
Referências 
1. Tratado de pediatria : Sociedade Brasileira de Pediatria / [organizadores Dennis 
Alexander Rabelo Burns... [et al.]]. -- 4. ed- Barueri, SP: Manole, 2017. 1412p. 
2. Pediatria Básica: Eduardo Marcondes,Tomo I , 9 ed. São Paulo 
3. Burn, et al.,Tratado de Pediatria: SBP, Manole, Barueri,SP, 2017 
4. Brasil, MS.Atenção à saúde do recém nascido. Departamento deAções 
Programáticas Estratégicas 3013. 2 ed. Brasília. MS, 2013.

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