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MAITE MAMERI- TURMA 66 1 1 ESÔFAGO E ESTÔMAGO SISTEMA DIGESTÓRIO II AULA 5- HISTOLOGIA I- DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO: • Durante a vida embrionária, o esôfago e todos os órgãos ocos do tubo digestório são formados por uma proliferação celular a partir do endoderma e o órgão fica fechado, sem luz, até que as células começam a sofrer apoptose e a luz é formada. • O estômago é formado incialmente como um tubo. Em um determinado momento, a parte posterior da porção que futuramente será o estômago começa a proliferar mais que a porção anterior. Dessa forma, a porção posterior forma a curvatura maior do estômago e a anterior forma a pequena curvatura. • Após isso, o estômago “gira” e com isso, também inerve a inervação das porções do órgão, dada pelo nervo vago. Assim, a o nervo vago direito inerva a face posterior e o nervo vago direito inerva a porção anterior. II- INTRODUÇÃO: • Todo o tubo digestório é dividido em camadas: mucosa, submucosa, muscular, serosa ou adventícia (depende do local do órgão). • A muscular da mucosa é uma camada muscular dentro da mucosa que separa ela da submucosa. • No caso do esôfago, o terço superior possui a muscular do tipo musculoestriado com duas camadas de musculo estriado: uma circular interna e uma longitudinal externa. O terço médio do esôfago é do tipo lisoestriada, com a circular lisa e a longitudinal estriada. Já no terço inferior, as duas camadas são lisas. • As duas camadas da muscular do esôfago, ao se contraírem, impulsionam o alimento em direção ao estômago por meio do peristaltismo. • Abaixo do diafragma, a camada mais externa é a serosa e acima do diafragma é a adventícia. • Órgãos como o esôfago, que atravessam o diafragma por sua extensão, possuem uma porção com a camada externa adventícia e uma serosa. • No tórax, só se tem serosa na pleura e no pericárdio, ou seja, revestindo os pulmões e o coração. • Abaixo do diafragma, isto é, esôfago, duodeno, jejuno, íleo, IG... é serosa. • A diferença fundamental entre a serosa e a adventícia é que a serosa é mesotélio (epitélio pavimentoso simples) apoiado sobre tecido conjuntivo e a adventícia é somente tecido conjuntivo fibroelástico. III- PLEXOS NERVOSOS: • Ao longo do tubo digestório existem 2 plexos nervosos, isto é, um conjunto de gânglios ligados por ramos interganglionares (prolongamentos de neurônios). • Os gânglios desses plexos contem neurônios do SNA parassimpático (todo neurônio dentro do órgão é do parassimpático), sendo assim neurônios pós- ganglionares do parassimpático. Maitê Mameri EMESCAM 66-B Prof.: Novaes BASES ESTRUTURAIS II 28/09/2018 Obs.: nas aves, a musculatura do esôfago é pobre e por esse motivo, quando elas bebem agua, levantam a cabeça a fim de retificar o esôfago e facilitar a deglutição. {viciado em zoologia} Obs.: inversão do peristaltismo: ocorre regurgitação, como exemplo dos bebês, vômito e etc. MAITE MAMERI- TURMA 66 2 2 ESÔFAGO E ESTÔMAGO • Além da inervação parassimpática, existe também uma inervação simpática que é dado pelo SNA simpático, cujos neurônios estão na coluna lateral da medula. • Além da inervação simpática e parassimpática, existe também uma inervação entérica. Por isso, hoje o SNA é dividido em: simpático, parassimpático e entérico. • Nas lâminas, jamais irá se ver um plexo inteiro, é possível visualizar somente parte dos gânglios. • Plexo Submucoso ou de Meissner: localizados na submucosa, os neurônios desse plexo controlam a secreção. • Mioentérico ou de Auerbach: localizado na camada muscular entre a circular interna e a longitudinal externa. Esses neurônios controlam o peristaltismo. • Em casos de aumento da atividade parassimpática ao longo do tubo digestório, ocorre um aumento do peristaltismo e assim, não vai haver a reabsorção de água pelo intestino grosso. Não havendo reabsorção de água, o indivíduo apresentará fezes liquidas ou diarreica- DIARREIA e CRISE PERISTALTICA. • Diversos fatores podem provocar crise peristáltica: estresse, alimento, medicamentos ou qualquer coisa que possa causar desconforto intestinal. CORRELAÇÃO CLÍNICA- ANGANGLIONOSE INTESTINAL Por defeito no desenvolvimento embrionário em que os neurônios do neuroectoderma não migram para o intestino, a criança nasce sem os gânglios dos plexos nervosos entéricos. Nesses casos, os indivíduos possuem o peristaltismo prejudicado, que culmina em dilatação do intestino, gerando megacolon congênito ou doença de Hirschprung, megaesôfago... Obs.: megacolon adquirido ou megacolon Chagassi: ocorre na doença de Chagas, em que o protozoário da doença provoca a destruição dos gânglios do parassimpático. Obs.: ao longo do tubo digestório, existem somente dois locais em que se pode encontrar glândulas na submucosa: esôfago e duodeno (glândulas de Brünner ou duodenais) MAITE MAMERI- TURMA 66 3 3 ESÔFAGO E ESTÔMAGO IV- ESÔFAGO: • Tubo de média de 25 cm que conduz o bolo alimentar até o estômago. • Protege contra a invasão de corpos estranhos por meio das células de Langerhans. • Possui mucosa com epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado, um epitélio por característica ser descamativo ou esfoliativo (em todo o ep. estrat. pav. Não queratinizado- mucosa oral, vagina...). • Possui glândulas na submucosa que lançam a secreção na luz do esôfago, as glândulas da submucosa ou glândulas esofágicas. CORRELAÇÃO CLÍNICA- DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) Pode ocorrer em indivíduos com crises recorrentes de asma por conta do aumento da atividade simpático com inversão de peristaltismo ou em indivíduos com relaxamento do hiato diafragmático (abertura do ângulo de Hiss). Um dos tratamentos adequados para DRGE é elevar a cabeceira da cama, evitar alimentos que provocam refluxo (café, refrigerante...) ou até mesmo o tratamento cirúrgico. Esses pacientes, em casos de tratamento ineficaz, podem evoluir para metaplasia, uma vez que a parte terminal do esôfago que não é acostumada a receber esse conteúdo gástrico. O epitélio do esôfago, estratificado pavimentoso não queratinizado, se transforma em epitélio do esôfago, prismático simples. Além disso, a metaplasia na porção terminal pode evoluir para um Adenocarcinoma de Esôfago, sendo necessário assim retirar essa porção do esôfago e implantando uma prótese no lugar. CORRELAÇÃO CLÍNICA- ATRESIA DE ESÔFAGO Durante a vida embrionária, o esôfago e todos os órgãos ocos do tubo digestório são formados por uma proliferação celular a partir do endoderma e o órgão fica fechado, sem luz, até que as células começam a sofrer apoptose e a luz é formada. No caso da atresia, a luz não é formada em uma das partes, ocorrendo assim um DEFEITO DE CANALIZAÇÃO DO ORGÃO do tipo ATRESIA DE ESÔFAGO. A mãe da criança, devido a isso, manifestará polidrâmnio, uma vez que o bebê não deglute o líquido amniótico.O bebê, ao nascer, apresenta episódios recorrentes de regurgitação e pode até manifestar asfixia. Nesses casos, coloca-se uma prótese para suprir o defeito ao nascer. O diagnóstico é dado por um exame com sonda nasogástrica, que ao passar pelo esôfago, termina em fundo cego. Além disso, a atresia de esôfago pode vir acompanhada de fístula traqueoesofágica dependendo da região de onde a atresia ocorrer. MAITE MAMERI- TURMA 66 4 4 ESÔFAGO E ESTÔMAGO V- TRANSIÇÃO GASTROESOFÁGICA: • Ocorre quando o epitélio do esôfago (estratificado pavimentoso) não queratinizado passa a se tornar prismático simples. • Além disso, epitélio, que do esôfago não possui glândulas na mucosa, passa a possuir e não ter na submucosa. • Isso ocorre por o estômago possui glândulas gástricas na mucosa, diferentemente do esôfago. • Anatomicamente, a transição gastroesofágica se apresenta como uma linha, a linha Z. VI- ESTÔMAGO:A. REGIÕES DO ESTÔMAGO: • Anatomicamente, o estômago apresenta 4 porções: - Cardia: porção logo abaixo do diafragma e em continuidade com esôfago- JUNÇÃO ESOFAGOGASTRICA - Fundo: porção do estômago onde geralmente se concentra ar. Esse ar acumula quando normalmente o individuo engole ar e é ele que causa o barulho das contrações de fome quando se movimenta, o “ronco”. - Corpo - Região pilorica: transição do estômago com o duodeno. • Histologicamente, fundo e corpo são iguais. Desta forma, histologicamente, o estômago é dividido em: - Cardia - Fundo e corpo - Região pilórica. • Separando o estômago do duodeno, há um esfíncter: o esfíncter pilórico. Obs.: capacidade máxima do estômago: 1200 mL. MAITE MAMERI- TURMA 66 5 5 ESÔFAGO E ESTÔMAGO B. AÇÃO DIGESTIVA: • No estômago, ocorre a redução do bolo alimentar em quimo pela ação do suco gástrico (HCl, muco, enzimas) e movimentos peristálticos. • O pH do estomago varia de 2 a 3, por isso, há a necessidade do muco, para não haver corrosão da parede estomacal. • Além disso, esse pH ocorre devido ao suco gástrico ácido determinado pelo HCl. C. CORTE DE ESTÔMAGO: • Mucosa: epitélio prismático simples + lâmina própria. • Camada muscular da mucosa: separa a mucosa da submucosa. • A mucosa realiza invaginações chamadas “criptas” ou fossetas gástricas. No fundo das criptas ficam as glândulas gástricas. • Na mucosa do estômago ainda há nódulos linfoides- GALT. • Comparando histologicamente as diferentes regiões do estômago, pode-se perceber que: - No piloro: a cripta é longa e a glândula é curta. - No corpo e no fundo: a cripta é curta e a glândula é longa. - Cardia: cripta e glândula praticamente do mesmo tamanho. • Dependendo da região de localidade da glândula no estômago, ela pode ter um nome topográfico. Se ela estiver na cárdia é glândula cárdica; se estiver no fundo, glândula fundica; se estiver no piloro, pilórica e se estiver no corpo, glândula do corpo. • Glândula gástrica= qualquer glândula do estômago. D. CÉLULAS DAS GLÂNDULAS GÁSTRICAS: • As glândulas gástricas possuem células que lançam a secreção na luz da glândula. • A secreção, por sua vez, sobe e cai no estômago. • Numa glândula gástrica, existe: CORRELAÇÃO CLÍNICA- HIPERTROFIA DE ESFINCTER PIOLORICO Acomete algumas crianças. Nesses casos, a musculatura do esfíncter pilórico fica hipertrofiada e assim, a criança ao mamar e encher o estômago de leite, pode manifestar regurgitação e vômito em jato, já que a passagem para o duodeno fica prejudicada. Nesses casos, o procedimento mais adequado é correção cirúrgica da hipertrofia da musculatura: faz se um corte na camada circular e se retira um pouco das fibras. CORRELAÇÃO CLÍNICA- ATRESIA DE DUODENO A criança manifesta regurgitação e vômito em jato, uma vez que a passagem do duodeno fica fechada. Nesse tipo de paciente, na imagem da ultrassonografia, observa-se a imagem da dupla bolha (uma virada ao estômago -normal- e outra no duodeno), a característica da atresia do duodeno. Nesses casos, indica-se procedimento cirúrgico para correção da atresia. MAITE MAMERI- TURMA 66 6 6 ESÔFAGO E ESTÔMAGO - Célula mucosa do colo: células prismáticas com núcleo basal. Realizam a produção de muco para proteger a parede do estômago contra o sulco gástrico. - Célula parietal ou oxíntica: células esféricas ou piramidais, acidófilas (cora com eosina) por grande quantidade de mitocôndria (por conta da produção de HCl) e apresenta canalículos intracelulares e citoplasma mais escuro que a célula mucosa do colo. Secretam HCl e fator gástrico antianêmico. - Célula zimogênica ou principal: mais abundantes, são células prismáticas baixas, ricas em ribossomos e produz secreção rica em pepsinogênio (inativo, só ativo com a presença de HCl, se transformando em pepsina), lipase e leptina (inibe a fome). - Célula fonte ou indiferenciada: células responsáveis pela renovação do epitélio, assim, podem se transformar em qualquer tipo ao se diferenciar. - Célula enteroendócrina ou SNED (Sistema Neuroendócrino Difuso): responsáveis pela estimulação e/ou inibição das glândulas e da musculatura lisa. Foram descobertas primeiramente no intestino. Obs.: o íleo possui receptores que reconhecem o fator gástrico antianêmico e que, por estar associado à vitamina B12, é capaz de ser absorvida pela mucosa intestinal. Se o fator estiver diminuído ou ausente, a vitamina B12 não será absorvido adequadamente e o indivíduo terá anemia perniciosa. Se houver diminuição na ingestão de Vitamina B12, será anemia megaloblástica. PRODUÇÃO DE HCl PELAS CÉLULAS PARIETAIS O CO2, dentro da célula, reage com a água na presença da enzima Anidrase Carbônica e forma H2CO3 ainda dentro da célula. O H2CO3 dissocia em protohidrogênio e bicarbonato. O HCO3- é jogado para o sangue e é trocado pelo cloreto, ou seja, sai HCO3 e entra Cl- para dentro da célula. Esse HCO3- jogado para o sangue provoca alcalinização do sangue, que por sua vez provoca depressão do centro da vigília ou maré alcalina, causando sono. Já o H+ é bombeado para dentro da célula através da bomba K+H+ ATPase encontrada na membrana dos canalículos intracelulares, na proporção 1 H+ saindo para 1 K+ entrando gastando ATP para movimentar a bomba. O K+ que entra, reage com o Cl- trocado com o bicarbonato e forma KCl dentro da célula. O KCl, por sua vez, dissocia e joga ambos ions para fora do canalículo. O Cl- rega com o H+ que sai e forma o HCl. MAITE MAMERI- TURMA 66 7 7 ESÔFAGO E ESTÔMAGO • As glândulas são divididas em: - Colo: região mais estreita e mais “alta”, em contato com a cripta. Onde se encontram as células mucosas do colo. - Corpo: região mais dilatada. E. INERVAÇÃO DO ESTÕMAGO: • O estômago é inervado pelo nervo vago {X par craniano, forame jugular, AVE, EVG, EVE e tals}. • O nervo vago direito inerva a face posterior do estômago e o vago esquerdo, a face anterior. F. CONTROLE DA SECREÇÃO GÁSTRICA: • FASE CEFÁLICA: a primeira, é induzida por impulsos parassimpáticos oriundos do nervo vago com liberação de acetilcolina. Ocorre em casos de estresse, odor, pensamento ou visualização do alimento. Em casos de ulcera gástrica por estresse, essa é a fase hipertrofiada. • FASE GÁSTRICA: é induzida pela presença de alimentos no estômago, tem contato com a mucosa gástrica e realiza a distensão da parede do órgão com liberação de gastrina, histamina e acetilcolina. • FASE INTESTINAL: induzida pela presença do alimento no duodeno com liberação de gastrina pelas células G do intestino delgado (a mesma célula do estômago). G. INIBIÇÃO DA SECREÇÃO GASTRICA: • Os hormônios somatostatina, prostaglandina e peptídeo inibidor gástrico (GIP) inibem a secreção de ácido clorídrico pelas células parietais. • A somatostatina atua sobre as células G, que produz gastrina, e células ECL, que produz histamina, inibindo a produção de gastrina e histamina, respectivamente. – INIBIÇÃO INDIRETA BLOQUEIO DA BOMBA K+H+ ATPase Em casos de ulcera de estresse, por exemplo, em que se deve diminuir ou até mesmo sanar a produção de HCl, pode-se administrar medicamentos que bloqueiam a bomba K+H+ ATPase, a fim de reduzir a produção de HCl. Esses remédios são conhecidos como omeprazol, pantopratol e pantoprazol.A diferença do omeprazol para o pantoprazol é que o omeprazol se toma de 30 a 40 min antes da refeição. Já o pantoprazol, pode-se tomar em qualquer momento do dia. CÉLULAS DO SNED DO ESTÔMAGO • Célula A - Secreta glucagon (estimula a glicogenólise) • Célula D - Secreta somatostatina (inibe as células do SNED) • Célula EC - Secreta serotonina (ativa a peristalse do estômago) • Célula ECL - Secreta histamina (estimula a secreção de HCl) • Célula G - Secreta gastrina (estimula asecreção de HCl) • Célula GL - Secreta glicentina (estimula a glicogenólise) • Célula F (PP) - Secreta o polipeptídio pancreático (estimula as células principais e inibe as células parietais) • Célula VIP - Secreta o peptídio intestinal vasoativo (ativa a peristalse dos intestinos) MAITE MAMERI- TURMA 66 8 8 ESÔFAGO E ESTÔMAGO • A prostaglandina e o GIP agem diretamente sobre as células parietais inibindo a produção do ácido clorídrico. – INIBIÇÃO DIRETA • Adicionalmente, a urogastrona (produzida pelas glândulas de Brünner do duodeno na submucosa) atua diretamente sobre as células parietais inibindo a produção do HCl. • A aspirina e o ibuprofeno, drogas anti-inflamatórias, podem causar úlcera gástrica em virtude de inibirem a secreção das prostaglandinas, que protegem a mucosa gástrica.
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