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Disciplina: Bioquímica 1º Semestre de 2020 Curso: Farmácia UNICSUL – SM 1) Discutir a seguinte afirmação: a estrutura primária de uma proteína determina sua estrutura terciária. 2) Em que diferem as pontes de hidrogênio da estrutura secundária e terciária de proteínas globulares? 3) (Desafio) Uma mistura contendo as proteínas citocromo c (pI =10,6) e mioglobina (pI = 7,0) foi submetida a eletroforese utilizando-se soluções tampão com os seguintes valores de pH: 3,7; 10,6 e 12. Mostrar a migração das proteínas em cada caso. 4) Julgue as seguintes afirmações (Desafio) I - Em valores extremos de pH, uma proteína apresenta menor número de grupos com carga elétrica do que em pH 7; II – Quanto maior a porcentagem de aminoácidos hidrofóbicos em uma proteína, tanto maior será a concentração de sal para precipitá-la; III – Aminoácidos que apresentam 3 valores de pka participam das interações hidrofóbicas de uma proteína; IV – As ligações de hidrogênio da estrutura folha beta de uma proteína são estabelecidas entre os grupos das cadeias laterais dos aminoácidos; V -Excluindo-se os grupos das cadeias laterais dos aminoácidos, as regiões em alfa hélice de proteínas diferentes são idênticas; VI – A desnaturação de uma proteína acarreta a perda de sua função. 5) Em solução aquosa qual a posição dos grupos (polares e apolares) de uma proteína? 6) Definir desnaturação de uma proteína e descrever a ação do pH extremo e da temperatura sobre a estrutura das proteínas. 7) Definir estrutura terciária de proteínas globulares. Esquematizar os tipos de ligações que as mantêm, indicando os aminoácidos que participam dessas ligações. Disciplina: Bioquímica 1º Semestre de 2020 Curso: Farmácia UNICSUL – SM 8) Definir proteínas fibrosas. Dê um exemplo dessa classe de proteínas. 9) (Curiosidade). Por que os aminoácidos que formam a ligação peptídica encontram-se na conformação trans e não cis? Qual aminoácido na estrutura da proteína tem maior liberdade rotacional? Por quê? (Se quiser, estude por curiosidade, veja o que é conformação cis e trans) 10) O que são motivos de uma proteína? E domínios? 11) Descreva a estrutura quaternária de proteínas: Dê um exemplo de uma proteína com estrutura quaternária Respostas 1) Discutir a seguinte afirmação: a estrutura primária de uma proteína determina sua estrutura terciária. R. A Organização espacial da proteína é resultante do tipo de aminoácidos que a compõem e de como eles estão dispostos uns em relação aos outros. A sequência dos aminoácidos irá determinar o tipo de interação possível entre as cadeias laterais, as quais apresentam características de carga, volume e reatividade com água muito variáveis. 2) Em que diferem as pontes de hidrogênio da estrutura secundária e terciária de proteínas globulares? R. Tanto nas alfa hélices quanto nas folhas beta, as pontes de hidrogênio que mantém estas estruturas são realizadas pelas unidades peptídicas, mas sem a participação dos grupos das cadeias laterais. Enquanto isso, a estrutura terciária é estabilizada por ligações não covalentes entre as cadeias laterais dos resíduos de aminoácidos. Enquanto na estrutura secundária os aminoácidos que estabelecem as ligações de hidrogênio estão próximos na estrutura primária (alfa hélice) ou de segmentos próximos (folhas beta) as ligações de hidrogênio na estrutura terciária podem ocorrer entre resíduos distantes da estrutura primária. Disciplina: Bioquímica 1º Semestre de 2020 Curso: Farmácia UNICSUL – SM Veja a figura: As pontes de hidrogênio (amarelo) estabelecidas entre os aminoácidos para manter a alfa hélice (direita) e as folhas beta (esquerda) ocorrem entre os átomos de C, H e N da cadeia principal dos aminoácidos. Agora reparem em uma analogia da estrutura terciária de proteínas e peptídeos. As ligações não covalentes que contribuem para o dobramento final da proteína. A ponte de hidrogênio é destacada em amarelo. Estas ligações são realizadas pelos grupos das cadeias laterais dos aminoácidos. No caso da ligação de hidrogênio, esta é realizada pelos grupos das cadeias laterais da serina (em cima) e do aspartato (abaixo). 3) Uma mistura contendo as proteínas citocromo c (pI =10,6) e mioglobina (pI = 7,0) foi submetida a eletroforese utilizando-se soluções tampão com os seguintes valores de pH: 3,7; 10,6 e 12. Mostrar a migração das proteínas em cada caso. R. O pI (Ponto Isoelétrico) de um aminoácido ou proteína é o pH onde a biomolécula tem carga líquida igual a zero. Sendo assim podemos montar uma tabela e prever as cargas das proteínas nos diferentes pHs. Disciplina: Bioquímica 1º Semestre de 2020 Curso: Farmácia UNICSUL – SM pH citocromo c (pI =10,6) mioglobina (pI = 7,0) Cargas (+, 0, -) 3,7 + + 10,6 0 - 12 - - Lembrando que em meios onde o pH tem valor menor que um grupo ionizável, este grupo estará protonado. Se o grupo for amina estará com carga líquida (+) enquanto um ácido carboxílico terá carga líquida zero. Se o o pH tiver maior valor em relação aos pKas, ambos estarão desprotonados e a amina terá carga líquida zero, enquanto o ácido carboxílico terá carga líquida (-). Em pH igual a 3,7 as proteínas estão abaixo de valores de pI e, portanto, suas cargas líquidas totais têm valor positivo (+); Em pH igual a 10,6 o citocromo c está em pH igual ao seu pI e, portanto, sua carga líquida é igual a zero, enquanto a mioglobina está em pH acima de valor de pI e sua carga líquida total será negativa (-); Em pH 12 ambas as proteínas estarão em meio onde o valor de pH é superior ao valor de seus pIs e, portanto, suas cargas líquidas totais serão negativas (-). Se imaginarmos uma eletroforese onde as biomoléculas partem de um centro, tendo polos positivos (ânodos) e polos negativos (cátodos). Em pH 3,6 ambas as proteínas se deslocarão para o cátodo; Em pH 10,6 o citocromo c com carga zero não se deslocará enquanto a mioglobina com carga negativa migrará em direção ao ânodo; Em pH 12 ambas as proteínas migrarão para o ânodo, pois suas cargas líquidas serão negativas. 4) Julgue as seguintes afirmações: I - Em valores extremos de pH, uma proteína apresenta menor número de grupos com carga elétrica do que em pH 7; R. É provável que em pH extremos ( 1 e 14) as proteínas apresentem menos grupos ionizáveis carregados, visto que em pH extremamente baixos os grupos ácidos carboxílicos estarão protonados e sem carga, enquanto que em pH extremamente altos os grupo amino estarão desprotonados e igualmente sem carga. Disciplina: Bioquímica 1º Semestre de 2020 Curso: Farmácia UNICSUL – SM II – Quanto maior a porcentagem de aminoácidos hidrofóbicos em uma proteína, tanto maior será a concentração de sal para precipitá-la; R. Falso. Se lembrarmos do método de purificação de proteínas Salting out, veremos que a adição de sal promove interações com os grupos carregados das proteínas diminuindo a interações deles com os grupos carregados de outras proteínas e assim solubilizando as proteínas em solução (salting in). Se a adição de sal continuar, os íons provenientes do sal começarão a interagir com as moléculas de água, o que causa disrupção da interação proteína-água e consequente agregação e precipitação das moléculas de proteína (salting out). Desse modo, podemos concluir que proteínas com muitos grupos hidrofóbicos tem pouco interação com água e agregam-se com maior facilidade frente a adição de baixas concentrações de sal. III – Aminoácidos que apresentam 3 valores de pka participam das interações hidrofóbicas de uma proteína; R. Falso. Visto que as interações hidrofóbicas de uma proteína são realizadas pelos grupos hidrofóbicos contidos nas cadeias laterais dos aminoácidos; Sabendo que aminoácidos com 3 pKas apresentam grupos ionizáveisem suas cadeias laterais; Concluímos que estes aminoácidos não participam das interações hidrofóbicas de uma proteína. Devemos lembrar que nem todos os aminoácidos com apenas 2 pkas participam de interações hidrofóbicas de uma proteína, pois há aminoácidos com 2 pkas onde o grupo da cadeia lateral é polar, porém sem carga, como é o caso da serina: Exemplos de aminoácido com 3 pkas: Lisina Disciplina: Bioquímica 1º Semestre de 2020 Curso: Farmácia UNICSUL – SM IV – As ligações de hidrogênio da estrutura folha beta de uma proteína são estabelecidas entre os grupos das cadeias laterais dos aminoácidos; R. Falso. Veja a figura abaixo: As pontes de hidrogênio (amarelo) estabelecidas entre os aminoácidos para manter a alfa hélice (direita) e as folhas beta (esquerda) ocorrem entre os átomos de C, H e N da cadeia principal dos aminoácidos e não destes átomos contidos nos grupos das cadeias laterais dos aminoácidos. V -Excluindo-se os grupos das cadeias laterais dos aminoácidos, as regiões em alfa hélice de proteínas diferentes são idênticas; Verdadeiro. As regiões em alfa hélices de proteínas diferentes são totalmente iguais, visto que, os grupos das cadeias laterais não participam das ligações para manter esta estrutura. O que diferem os aminoácidos são seus grupos laterais, os restantes de suas cadeias são totalmente idênticos. Disciplina: Bioquímica 1º Semestre de 2020 Curso: Farmácia UNICSUL – SM VI – A desnaturação de uma proteína acarreta a perda de sua função. Verdadeiro. A desnaturação de uma proteína acarreta a quebra das ligações não covalentes que mantem a conformação ideal da proteína para realizar suas funções. 5). Em solução aquosa qual a posição dos grupos (polares e apolares) de uma proteína? R. Em solução aquosa os grupos apolares de cadeias laterais voltam-se para o interior da proteína, enquanto os grupos de cadeias laterais polares voltam-se para o exterior da proteína, interagindo desta forma com o meio aquoso. 6). Definir desnaturação de uma proteína e descrever a ação do pH extremo e da temperatura sobre a estrutura das proteínas. R. Ao proceder-se ao isolamento e purificação de uma proteína, a partir de células onde ela é encontrada, são introduzidas alterações físicas e químicas no seu meio ambiente, que podem afetar sua estrutura espacial a ponto de ocasionar a perda de sua função biológica. A proteína é dita, então, desnaturada, sua conformação nativa é destruída devido à quebra de ligações não covalentes (as ligações peptídicas são mantidas) e o resultado é uma cadeia polipeptídica distendida. 7) Definir estrutura terciária de proteínas globulares. Esquematizar os tipos de ligações que as mantêm, indicando os aminoácidos que participam dessas ligações. Disciplina: Bioquímica 1º Semestre de 2020 Curso: Farmácia UNICSUL – SM A estrutura terciária descreve o dobramento final da cadeia polipeptídica por interações de regiões com estrutura regular (alfa hélice e folha beta) ou de regiões sem estrutura definida. Neste nível de organização, segmentos distantes da estrutura primária podem aproximar-se e interagir, através de ligações não covalentes entre as cadeias laterais dos resíduos de aminoácidos. Ligações de Hidrogênio: Estabelecida entre os grupos laterais polares com ou sem carga. As ligações de hidrogênio da estrutura terciária, naturalmente, não apresentam um padrão regular de disposição, ao contrário do que ocorre com as ligações de hidrogênio da estrutura secundária, com as quais não devem ser confundidas. Serina, treonina, asparagina, glutamina, tirosina, lisina, arginina, histidina, aspartato e glutamato são aminoácidos que realizam ligações hidrogênio. Interações Hidrofóbicas: Formadas entre as cadeias laterais hidrofóbicas dos aminoácidos apolares. Estas cadeias não interagem com a água, determinando uma retração das moléculas de agua ao seu redor. Os grupos hidrofóbicos aproximam-se reduzindo a área apolar exposta ao solvente. Naturalmente, as maioria das cadeias hidrofóbicas localizam-se no interior das proteínas. As interações hidrofóbicas são as mais importantes para a manutenção da conformação espacial da proteína devido ao grande número de aminoácidos hidrofóbicos (8). Alanina, leucina, isoleucina, prolina, triptofano e fenilalanina são exemplos de aminoácidos que realizam interações hidrofóbicas. Ligações eletrostáticas ou iônicas: incluem-se, nesta categoria, interações de grupos com cargas opostas, como os presentes nos aminoácidos básicos (arginina, histidina e lisina) e ácidos (aspartato e glutamato). Estas ligações têm importância para o dobramento da cadeia polipeptídica, quando ocorrem no interior da proteína. Todavia, esta situação não é muito frequente: a maioria dos grupos carregados de uma proteína localizam-se na sua superfície, estabelecendo interações íon-dipolo com as moléculas de água, que forma uma camada organizada em volta da molécula proteica, a camada de solvatação. Pontes Dissulfeto: Ao contrário das outras três, as pontes dissulfeto (-S-S- ) são ligações covalentes geradas a partir da oxidação do grupo lateral de duas cisteínas. 8) Definir proteínas fibrosas. Dê um exemplo dessa classe de proteínas. R. As proteínas fibrosas apresentam forma alongada, são geralmente insolúveis e desempenham um papel basicamente estrutural nos sistemas biológicos. São formada por módulos repetitivos, possibilitando a Disciplina: Bioquímica 1º Semestre de 2020 Curso: Farmácia UNICSUL – SM construção de grandes estruturas. O componente fundamental de proteínas fibrosas são cadeias polipeptídicas muito longas com estrutura secundaria regular. Um exemplo é a alfa-queratina, onde duas ou três cadeias em alfa-hélices associam-se lateralmente, formando longos cabos helicoidais, que reunidos formam fibrilas ou fibras. As alfa queratinas são o componente principal da epiderme de vertebrados e de estruturas relacionadas, como: cabelo, lã, chifres, unhas, cascos, bicos e penas. Nestas proteínas, é frequente a formação de pontes dissulfeto entre resíduos de cisteína de cadeias polipeptídicas ou fibrilas adjacentes, conferindo grande resistência as fibras. O padrão de distribuição destas pontes confere o grau de ondulação do cabelo e da lã. 9). Por que os aminoácidos que formam a ligação peptídica encontram-se na conformação trans e não cis? Qual aminoácido na estrutura da proteína tem maior liberdade rotacional? Por quê? R. A Ligação peptídica pode adotar uma destas duas conformações: trans (180o) ou cis (0o). A grande maioria das ligações peptídicas estão na forma “trans” (180o) pois nesta conformação, a cadeia peptídica evita colisões estéricas desfavoráveis que acontecerão na conformação cis. No caso da glicina, as áreas de possível conformação são muito mais amplas do que as dos outros ácidos aminoácidos, porque tem somente H como cadeia lateral. Disciplina: Bioquímica 1º Semestre de 2020 Curso: Farmácia UNICSUL – SM 10) O que são motivos de uma proteína? E domínios? R. Muitas vezes, pode-se distinguir na estrutura terciária de uma proteína monomérica, ou na estrutura terciaria das subunidades componentes de uma proteína polimérica, regiões diferenciadas, chamadas domínios. Cada domínio tem uma organização espacial compacta, com interior hidrofóbico e superfície externa polar. O grau de interação entre domínios pode variar desde domínios independentes ligados por um segmento flexível da cadeia polipeptídica, ou domínios separados por uma fenda estreita, até aqueles que estabelecem um contato muito íntimo. Em qualquer um dos casos, os domínios podem movimentar-se, uns em relação aos outros. Esta flexibilidade é fundamental para que a molécula de proteína possa ligar-se eficientemente a outros compostos. Exemplo de uma proteínaque possui quatro domínios. Dois possuem atividade regulatória (SH2 e SH3) enquanto outros dois são domínios catalíticos. Motivos: Descreve a conectividade de elementos de estrutura secundaria. Podem ser a junção de duas alfa hélices, como a junção de folha beta, alfa hélice, folha beta e até mesmo estruturas em formas de barris. Disciplina: Bioquímica 1º Semestre de 2020 Curso: Farmácia UNICSUL – SM 11). Descreva a estrutura quaternária de proteínas: Dê um exemplo de uma proteína com estrutura quaternária. R. Estrutura Quaternária descreve a associação de duas ou mais cadeias polipeptídicas (subunidades), para compor uma proteína funcional oligomérica. A estrutura quaternária é mantida por ligações não covalentes entre as subunidades, do mesmo tipo que mantém a estrutura terciaria. As subunidades que compõem uma proteína podem ser iguais ou diferentes. Um exemplo de proteína com estrutura quaternária é a hemoglobina, formada por quatro cadeias polipeptídicas, iguais duas a duas, chamadas alfa e beta, associadas sobretudo por interações hidrofóbicas, com contribuição menor de pontes de hidrogênio e interações eletrostáticas.
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