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PROCESSO PENAL II Procedimento Comum Ordinário - Sumário

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Aula 6
Procedimento Comum – Ordinário - Sumário 
Processo e procedimento são expressões que não se confundem. Processo é um instrumento pelo qual o Estado exerce a jurisdição, ao passo que, procedimento é o modo pelo qual os diversos atos se relacionam na série constitutiva do processo, ou seja, é o modo de como o processo se desenvolve.
O procedimento a ser adotado está previsto no Art. 394, § 1º do CPP. Quando o crime tem pena máxima privativa de liberdade igual ou superior a 4 anos, o procedimento será comum ordinário (Art. 394, § 1º, I do CPP). Quando a pena máxima em abstrato da pena privativa de liberdade for inferior a 4 anos, porém superior a 2 anos, o procedimento será o comum sumário (Art. 394, § 1º, II do CPP), pois quando o crime tiver privativa de liberdade de até 2 anos ou contravenção penal, independentemente da pena máxima, o procedimento adotado será o Sumaríssimo, previsto na Lei 9099/95.
Na hipótese de conexão de crimes, ou seja, dois ou mais crimes reunidos em um único processo com procedimentos distintos, prevalece o entendimento na doutrina e na jurisprudência que o procedimento adotado será aquele que possibilita ao réu maior ampla defesa, conforme já foi decidido no HC 117208 veiculado no informativo 374 da 6ª Turma do STJ.
Obs.: de acordo com o Art. 394, § 4º do CPP, os arts. 395, 396 e 397 (Art. 398 revogado), devem ser observados em todos os procedimentos penais de primeiro grau, exceto no procedimento Sumaríssimo, previsto na Lei 9099/95.
Oferecida a denúncia ou a queixa, o juiz pode rejeitar se a peça acusatória for manifestamente inepta, ou seja, inobservar o que determina o Art. 41 do CPP (Art. 395, I do CPP). É caso também de rejeição, da denúncia ou da queixa, quando faltar pressuposto processual, como por exemplo, litispendência, ou, faltar condição para o exercício da ação penal, como por exemplo, ilegitimidade de partes (Art. 395, II do CPP). A última hipótese de rejeição da denúncia ou da queixa é quando falta justa causa para a ação penal, ou seja, o suporte mínimo probatório de indício de autoria e materialidade do crime (Art. 395, III do CPP).
Não sendo caso de rejeição da denúncia ou da queixa, o juiz, nos termos do Art. 396 do CPP, recebe a peça acusatória e determina a citação do acusado para responder à acusação no prazo de 10 dias. 
Obs.: no confronto entre os Art. 396 e 399 do CPP, pode parecer que existem dois momentos para o recebimento da denúncia ou da queixa. Em que pese, divergência doutrinária, prevalece o entendimento de que o momento do recebimento da denúncia é o da fase do Art. 396 do CPP, como já entendeu o STJ no HC 138089 da 5ª Turma.
Na resposta à acusação, deve a defesa observar o que determina o Art. 396-A do CPP, pois a partir da vigência da Lei 11.719/08, é possível no processo penal o julgamento antecipado do processo, ou seja, absolvição sumária nos termos do Art. 397 do CPP.
De acordo com o Art. 397 do CPP, é possível a absolvição sumária, quando o juiz reconhecer a existência de excludente de ilicitude, como por exemplo, reconhece que o réu agiu em legítima defesa, quando o juiz reconhecer causa que exclui a culpabilidade, como por exemplo, coação moral irresistível, porém, salvo a inimputabilidade do doente mental, pois nesta hipótese é necessária a instrução processual para que o juiz profira sentença absolutória imprópria, nos termos do Art. 386, parágrafo único, III do CPP. Será caso também de absolvição sumária, quando fato imputado não constituir crime, como por exemplo, o dano culposo que não é crime no código penal comum. Assim como também é causa de absolvição sumária, quando o juiz reconhece extinta a punibilidade do agente, vale dizer, quando reconhece por exemplo, a prescrição.
Não sendo caso de absolvição sumária, o juiz designa data para a audiência de instrução e julgamento, nos termos do Art. 399 do CPP, devendo nesta audiência observar o que determina o Art. 400 do CPP, valendo destacar que na audiência de instrução e julgamento não pode ocorrer inversão da ordem de inquirição das testemunhas, ou seja, primeiro ouve-se as testemunhas de acusação e depois as testemunhas arroladas pelas defesa, sob pena de nulidade dessa audiência por violação ao devido processo legal.
Após a audiência de instrução e julgamento, nos termos do Art. 400 do CPP, é possível requerimento de diligências nos termos do Art. 402 do CPP, desde que exista circunstâncias ou fatos que foram apurados na audiência de instrução e julgamento.
Não havendo requerimento de diligências ou o juiz indeferindo o pedido, observa-se o Art. 403 do CPP, ou seja, passa para a fase das alegações finais orais. Conforme o Art. 403, § 3º do CPP, é possível alegações finais por escrito que tem o nome de memoriais, sendo certo que nas alegações finais, primeiro se manifesta a acusação e depois a defesa, seja alegações finais orais ou por escrito.
Obs.: para o STF, a falta de alegações finais por parte da defesa é causa de nulidade absoluta, conforme decisão no HC 95667.
Obs.: na ação penal de iniciativa privada, deve o querelante pedir expressamente nas alegações finais, a condenação do querelado, conforme o Art. 60, III do CPP, sob pena de perempção, que é causa extintiva da punibilidade, conforme Art. 107, IV do CP.
· 
· Procedimento Comum Sumário (Art. 531 a 538 do CPP)
Esse procedimento é basicamente idêntico ao procedimento comum ordinário, havendo pequenas diferenças a partir da audiência de instrução e julgamento.
A primeira diferença está no prazo para a audiência de instrução e julgamento, pois no procedimento ordinário, o prazo é de 60 dias (Art. 400 do CPP), já no procedimento sumário, o prazo é de 30 dias (Art. 531 do CPP).
A segunda diferença está no número legal de testemunhas arroladas por cada parte, pois no procedimento ordinário, cada parte pode arrolar até 8 testemunhas (Art. 401 do CPP), já no procedimento sumário, cada parte pode arrolar até 5 testemunhas (Art. 532 do CPP).
A terceira diferença está na possibilidade de requerimento de diligências após a audiência de instrução e julgamento, uma vez que existe previsão legal no procedimento ordinário (Art. 402 do CPP), não existindo previsão legal de diligências no procedimento sumário.
A quarta diferença está nas alegações finais, pois é possível no procedimento ordinário, alegações finais orais ou por escrito (Art. 403, caput e § 3º do CPP), ao passo que, no procedimento sumário, só existe previsão legal de alegações finais orais, conforme se verifica do Art. 534 do CPP.

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