Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
6 Percepção e tomada de decisão individual Decidir é fácil. O difícil é acertc,r' Robeno Pino, dire1or-exec1<1ioo da Viso Vote. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Depois de ler este capítulo, você será capaz de: 1 Definir percepção e explicar os fatores que a influenciam. 2 E.plicar a teoria da atribuição e listar os três determinantes de atribuição. 3 Identificar as simplificações que os indivíduos utilizam para fazer julgamentos sobre os outros. 4 Explicar a relação entre percepção e tomada de decisão. 5 Aplicar o modelo racional de tomada de decisão e compará-lo com a racionalidade limitada e intuição. 6 Identificar e explicar os vieses ou erros comuns de decisão. 7 Explicar como as diferenças individuais e restrições organizacionais afetam a tomada de decisões. 8 Comparar os três critérios éticos para a tomada de decisões. 9 Definir criatividade e discutir o modelo de três componentes de criatividade. BRASIL: PARAÍSO DOS IMIGRANTES? N osso país sempre foi visto como um país hospitaleiro, que recebe os turistas e imigrantes de 'braços aber-tos'. Após nossa independência, no início do século XIX, passamos a receber muitos fluxos migratórios de diversos países europeus, como Alemanha e Itália. - As guerras de unificação e, posteriormente, as duas Grandes Guerras Mundiais incentivaram a saida de muitos europeus para o Brasil, que buscavam um lugar pacífico para continua- rem suas vidas. No entanto, essas ondas de imigrantes não trouxeram só europeus. Desde o início do século, também milhares de agricultores japoneses começaram a chegar ao Brasil, como é ilustrado na foto, formando uma das maiores colônias japonesas fora do Japão (hoje estimada em 1,5 mi- lhão de habitantes). Em função da receptividade de nosso povo e de nossa cultura aberta, consolidou-se o estereótipo do brasileiro como um indiví· Capitulo 6 Percepção e tomada de decis3o individual 1 S9 duo afetuoso e amistoso, que recebe bem a todos que aqui de-sembarcam. Muito provavelmente em função disso, o fato de autoridades espanholas terem barrado a enttada de brasileiros naquele pais causou grande revolta entre a população do Brasil em 2008 e 20CYl. Se os brasileiros são um povo tão hospitaleiro, aberto aos imigrantes e dispostos a integrar dife- rentes culturas, por que estariam sendo impedidos de visitar um pais com o qual mantém relações diplomáticas cordiais? De acordo com um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), enttetanto, as coisas não são tão simples assim. Apesar de serem vistos em todo o mundo (e de se verem também!) como um povo 'amigo do imigrante', a pesquisa do órgão da ONU verificou que 43 por cento da população brasileira é a favor de limitar ou proibir a imigração para o país. Além disso, outros 45 por cento são favoráveis à imigração apenas na con- dição de existirem empregos disponíveis. Segundo o mesmo levantamento, apenas 9 por cento dos brasileiros são favoráveis à entrada irrestrita de imigrantes no país. Os valores encontrados mostram um grande aumento da preocupação dos brasileiros com relação ao fluxo mi· gratório, principalmente em virtude dos problemas do mercado de trabalho local. Os níveis de aversão à imigração igualaram-se aos de países europeus reconhecidamente mais fechados, como a Itália (42 por cento) e a própria Es· panha (43 por cento). A pesquisa do PNUD é bastante útil para desconstruir dois estereótipos bastante enraizados no mundo atual e para, simultaneamente, promover uma profunda reflexão. O primeiro viés perceptivo identificado é o de que obra- sileiro é um povo aberto aos imigrantes e com reduzido grau de xenofobia. O segundo é o de que os imigrantes são grupos que 'roubam empregos dos habitantes locais' e que se sustentam com os serviços prestados pelo governo. De acordo com o relatório, •quando as competências (dos imigrantes) complementam as das populações locais, ambos os grupos saem beneficiados". Com isso, os imigrantes tornam-se não um fardo, como o estereótipo o apre- senta, mas sim um dinamizador da economia local.' O caso de <lbC1'1nl'n deste ca1:>í1ulo a borda os cs1crcôtipos dos brasileiros con, relação aos in1igra1ncs. r\ o longo d o c.aphulo, \'a .-nos cxa1ninar os es1c1·cólipos 001no parte de nossa discussão sobre rx:rccpçõcs e cxpl icar co1n o c·lcs influcnciarn os julg.u11c1nos que Í:lz<:111os dos oull'OS. Depois~ ,·,unos cx;:uni11ar a rclaçl,o <.'ntrc percepção e ton,acla de clccis.:.\01 eles,. crcvcr co1no as d ecisões d<:vciian1 ser toinaclas e como e las são cfcti,·a1ncntc rc-ali'l .. aclas no coticLiê1no das orga1üz.açôc.:s. [!] que é percepção? Percepção Processo pelo qual os individvos organizam e interpretam suas impressões sensoriais com a finalidadé dê dar I sentido ao sev meio~ t\ p e rcep ção pod, ... ser d t"finida co,no o proCC!i.SO pt."lo qual os indivíduos orga- nizarn e i111erpre1a1n suas irnpressões sensoriais con1 a íina.lidade de dar sentido ao seu :unhientc. l~ntreutnto , e, que u1na pessoa percebe pode ser suhstanc iahnentc difc· rente ela reaJidadc o l~jetiva. Por exemplo, é possí\'cl c1uc alguns funcioná rios d e u1na cn1prcsa a ,·cja,n con,o uni excelente local para. trabalhar - cond ições favoráveis de trabalho1 t;H·efas e atividades interessantes, boa rc1nuneraç.'.lo, c~cclcntcs benefícios, ad,ninisu·a\:!10 rcspo1,s,l\·el e co1Y1prccnsivíl , ao passo que outros niio aprcci<:rn 1an10 a n,csn1a realidade. Por <1ue a pe1'C<:p~ào é in11>0rtan1C' para o estudo d o con1po1·1an1en10 organizacional? Sin,plcs1llentc porque o <;on1por1a1llento das pessoa~ baseia-se cn1 sua 1>ercepçào d:t reali- dade, não na reaJidad(• ctn s i. O rruu1do que in1porla fN,ra o co1nportan1tnlo é o 1nu11do 11a.for11u1 tnt que é pnubiáo. Fatores que influenciam a percepção Con10 podc1nos explicar o fi,10 de as pessoas olharc111 para un,a n1esn1a coisa <' cada uma a perceber d e u1na 111:·111cira diferente? Urna sé1it· de fi,1.orc.s a tua n1olclando c1 por ,-cr.cs, clistortcndo " nossa 1>c1tc1>çâo :;obre uma realidade. l':sscs füwrts podem 1,scar no J>t•r(tpl1Jt, 110 objeto ou "''"' ela p<:1'C'cpçf10 ou no con1cxLo da JilJu,;ii.() e 1n que CSHt se d;í (\'Ct Figura 6.1). 160 Compott.amento organiza~ional Figura 6.1 Fatores que influenciam a percepção fa tores no perceptor • Ati tudes • Personolidode • Motivoções • lnté(O$$$$ • Experiência • Expectativas Fotores no situoçõo i • Momento : PERCEPÇÃO I • Ambiente de 1,obolho • Ambionte sociol t f olores no alvo • Novidode • Movimento • Sons • Tomonho • Cenó,k> • Pro)(imidode • SGmeJhonço - Quando \'ocê ohsc1, 1a un1 a lvo e tenta interpretar o que está pc.rccbenc:101 essa in· lc rprctaçào é fortc1ncntc influenci;,da pelas características pessoais. 1\s ca ractc1í s ticas que afcla rn a percepção incluem atitudes, personalidade, 111otivações. interesses, experiências passadas e cxpcctativ~1s. Por cxc1nplo 1 se voei: espera. que policiais excrçan1 sua autoricladt·, que j ovens stjan'I prcgliiçosos ou c1uc funcion(írios p\1blicos sc..'ja1n incstrupuJosos, vocC vai pcn'rbê--lo~ <lt·~a forn1a1 indcpcndcn11c:;nlc11tc de c~Jcs p·os~uírc1n 0 ,1 n t10 esses traços. A~ carar tctístic;as cio alvo que cstci s.cnclo obscl'vado 1a1nbé:1n podc111 afe tar a pctecp- çâo. ;,\ s pessoas que f.'llanl aho cosnuna1n chanlar rnais a a tenção do q ue as quietas. Isso ta1nbé111 pode ser d ito a rcspcilo de pessoas rnuito ou pouco atraentes. Co.-110 os al\'os não são observados isolach,111cntc. sua relação conl o cená rio inAucnc ia a percepção. asª sinl como nO~ l tendência de ag rupar coisas próxi1nas ou parecidas. J)or cxcn1plo. corn frequência perccbcnlos 111ulhcrcs. honlcn$. brancos, negros. asiéilicos ou n1c111bros de <1uais- qucr outros grupos que possua1n ca ractc1ísticas nitidan1cntc distintas corno scn1clht1111cs 1a1nbé1n cn, aspcc1os scn1 conexão i-llgurna. As percepções que os gestores têm da realidade podem ser muito diferentes entre si e, inclusive, diferir radicc1lméntê de comoas coisas de fato são. ?ara aprimorar a percepção qve os administradores da organização têm sobre o compottamento dos cons\Jmidores e o processo de atendimento e venda, a área de recursos humanos da emp,esa de telefonia môvel Vivo lançou vm programa interessante. Todos os seus gestores, dos mais variados níveis hie,árquicos, devem trabalhar alguns dias em setores operacionais - no atendiménto ao cliente, em lojas próprias e nas vendas corporativas. Cessa forma, a companhia pretende aprimorar a percepção deles sobre os processos da linha de frente. de modo qve eles proponham mudanças que tnelhorem diretamente os resultados cor'potatjvos.l Capitulo 6 Percepção e tomada de decis3o individual 161 ENQUETE COMPORTAMENTAL Autopercepções infladas Porcentagem de indivíduos que se consideram acima da média em cada atributo 100 80 60 ~ 20 o Desempenho Senso de humor Relacionamento interpéSsoal F0rtte: 8~000 em C. Merlde e M. Weber, True ()ve(co{ifidence - The lnabit,ry o( Rarional lnformarf()f) Pt~ ro Accoun1 for App1utnt OvM:onfidcnco (Mtrço 2009). 0$pc>nívo-1 tm: <http://ssrn,comfe~t• 137367S>, O con,cxlo 1arnhê1n é i,npon.ante. O 1no1nc1uo c1n que u,n objcLo ou C\'ClltO 1:. obser- vado pode influcncinr a atenção, l>cnl ('o,no outros t--uon::s situacionais. Posso n,lo reparar c1n u1na jovcn1 de 25 anos ntaquiada e c.,n lraje de gala c,n un\ casan1cn10 cn1 u1na noite de sábado. ~,Jas, se tssa n1csn1a jovc,n se apn·sen1assc vestida as~i1n na ,nanhà de scgunda- .. fc ira para assistir a tuna aula na f:tculcladc, ct·r1a1ncntc cu (hc1n con10 o resto cios alunos) rcpar.uia nela . Nc1n o obsc1,·ador nc1n o alvo n1udara1n da noite de s.'ibaclo para a 111anhà de segunda-feira, ,nas a situação é difcrc1nc. l ercepção de pessoas: fazendo julgamentos sobre os outros Teoria da atribuição Tentativa de determinar se o comportamento de um individuo tem c.1usa I interna ou externa. ~ r\ gora. ll'tllt'lrc,nos da aplic.ação dos conceiros sobre percepção ,nais relevantes pan1 o estudo do con1po1·ta1nc11Lo or~ranizacional: a pertef)(,i!J de /)(JSOâS, ou pc,-cepçôcs cp.,e as pes- sons f()rnu1n1 a respeito l11nas das outl'as. Teoria da atribuição Os objetos inani,naclos - co1no 11\C's,.1.s. 1náciuinas ou edilir ios - es1ào sujeiros às leis da natureza~ 1nas nào 1ê1n c rença.s1 n1otivações ou intenções. As pessoas tênt. Consc- qucntc1n<·ntc1 quando obsc1,711nos as p<"ssoa.\ 1cn1an1os explicar os n1oüvos de seus co1n· port.:uncntos. l'\ossa pcrccp<;ào e julgan1cnto das açõc-.s de u111 individuo, port;lnto, .ser.to significativarncntc iníluc,,ciados pel;ls suposições <1ue Í.:'lzcn,os sobre seu esu1do de espí1i to . • A. teoria da atribuição roi 1:,1-oposta pai~ explica,· por qucjul~ n,os as pes.was de n,odo distinto1 dcpcndc1ldo do significado <1ue a11·ibui1nos a ,nn dado co11\1,on:=unen10.1 Hasic;i,ne111e, a teoria sugf'l'Y" que, quando obscrvrunos o co1l1pon:unento de alguén1, 1cn1a1nos dc1er1ninar se a caus.1. (Jt>s1e é i111çrna O\t extçrna. 10:.•:;,sa clçtçrn\inaçào, c:;qnr,1do1 de1x:nçl~ ntuit() clç u·~ f31ort;S: ( J) difcrcnciaçàoi {2) consenso e {3} consistCncia. Pri111ciro, csclareccn.;ntos as diferenças entre causas internas e causas cxtcrntL~ e, depois, discuúrcn1os cada un1 dos três f:'ltorc.s dctcrn,inantcs.. 162 Compott.amento organiza~ional Os con1poruuncntos 111otivados por (atisas internas s.'10 aqueles vistos co1110 sob o con- lrolc cio individuo. O co1npor1an1cnto por causas t:i:ler,u,s é aquele que ilnagina1nos ter sid o provocado por tuna situação cnfi'Cnta<la pelo indivíduo. Se sc-u íuncionáiio chega a1 !'asado ao trabalho, você pode i,riaginar que t.:IC" ficou na farra até tarde e 1><:rdcu a hora de lcvoH1- tar. Essa seria u1na atribuição inter1:1tL. ~Ias ,·ocê també1n pode in,a&'lnar <1uc o atraso se deve a un1 cnorn1c cngarrafh1llcnto de tr.insito causado por tun acidente. Essa sc1ia tuna :nribuiçào cx1et11a. ,\gora. ,·tunos discutir cada urn dos três fatores dctcrrninantes. t\ difern1ciaçào se 1·cfctc á questão ele o indivíduo n1ostrar, ou não, con1portcu11cntos d iferentes c.111 situações divcrs.ts. O funcionário que chcgou 1arde hoje é o n,csn10 que 1e1n sido alvo de rcclan1açõc-s dos cole· gas po1· !ler u,11 ·f(llgado '? O que q11c1--c1noi:. apt1ra1" é se rssl' co1npoi·uuncn10 é ou não t1$ual. Sé não for, o 1x:rceptor pro,·avchnentc lhe d;:ucí. u1na atribuiçào <.:xtcrna. Caso contrário, ccru,n1cntc será julgado con10 de c.1ws.1 interna. Se todas as pessoas qu(· cnfrc·ntan1 dc1cr1ninacla si1uaçào l'cspondc.111 de ,nancira se,ncJhantc, poclc,nos dizer que esse co111po1·ta,nc1uo ap1-esc11ta co11J(11w. No cxc,nplo e.lo íuntio1uíiio atrasado, cs.sc se1i'1 o caso se todos os colegas que fllién1 o n1cs1no can1inho uunbén1 tivcssc1n se atrasado. Do ponto ele ,~sta da atribuição, se o consenso é aho1 espera· ·Se u1na causa externa; 111:1$ se os ou11ros fi1ncionârios que f::lzen1 o 11,esn10 ca1ni11ho chega- rtun no hor;,lrio, você deve cont lui1·c1ue a causa cio atraso é i1net1H1. Finalmente, o pcrccptor busca n co,isistê11cia nas açõc.·s de tuna pc.·ssoa. l~sta reage sc1n- prc da 1ncs111a fOrn1a? Chegar clcz n1inulos a1rasado não é un1 co1nportan1cnto ,~sto ela 1ncsn1a rnancira para un1 funcion;lrio que não se atrai.a há n1e!lcs co1no é para aquele que chega u1rde duas ou três \'Czes 1>0r semana. Quanto mais consistente o co1npor1anlento, 1nais inclinado fica o perccptor a atribuí .. to a causas internas. A Figura 6.2 rcsuntc os clc:1ncntos b:lSicos ela teoria da atribuição. E.h, pode 110S- 1nosu·ar. pot e..xe,nplo, que se urna flu1cio11á1ia - va,nos cha,ná-la.Joana Go1nes - cos- ltuna ter o 1nesn10 nÍ\'CI de dcscn1pcllhO c1n diferentes tarclà.s Q,aixa difcrcnciaç.7io), se ou- tros íi.111cion{uios gcrabncntc tên1 dcse1npcnho diferente. n1clhor ou pior cio que o de Joana en1 clcter1ninada 1arcfa ~)aixo consenso). e se seu desc1np<'nho nessa tarefa é consis1entc ao longo do 1c1npo (alta consistência,), :·l pc!;.$:Oa que julgar seu I rahalho a11·ihuil':l ,,Joana ;t responsabilidade tot.:U pelo J)l"Óp1io <lcsc1npenho (a tribuição interna). U1na das dcscohc11as 111ais interessantes na pesquisa da teoria da au·ihuiçcio é que cxls .. 1cn1 erros e vicscs que poclc1n dis1orccr as atTibuiçõcs. Quando julgan1os o con11>0rtan1c:nto dos ou11'0S, 1ende,nos a subcsti111ar a influência dos f.itorcs ex1et11os e supcres1i1nar a i11fluên- Figura 6 .2 Teoria da atribuição Obsctvoçõo ----11~ Comportamento do in.cUvídvo Alribuiç.õo lnterprcloçõo ----1-de couso Aho Ex1erno Oife1encioçõo Baixo Interno Alio Externo Consenso HBo;xo: Interno Aho Interno Consistência Baixo [Xl~rl\Q Erro fundamental de atribuição Tendê"cia de $ubesti1nat a influência dos fatores externos e superestimar a inffuincia dos fatores internos ao julgar o comportamento dos outros. _J Vié$ de autoconveniéneia Tendência de os indrvíduos atribuírem o próprio sucesso a fatores internos e colocarem a culpa dos fracassos em I fatores externos. ___J Percepção selotiva Tendencia que as pessoas têm de interpretar seletivamente o que veem. com base nos própnos interesses. experiências _J e atitudes. Capitulo 6 Percepção e tomada de decis3o individual 163 eia daqueles internos ou pessoais.:. lsso C chan1ado e rro funda.mental de atribuição e pode explicar por que un1 gerente de \'énda.s está pronto a atribuir o fi·aco dc:scrnpcnho de seus vendedotes ii pn.:gujça deles,<,- nfto ao lançan1cnto de l llll produto concorrente inovado,: Há 1,~1nhérn a 1cndt·ncia df' os Íll(lividuos au·ibuírc,n o pl'úprio l\uccsso a fh1on.:s in1ernoit, con10 capacidade e esfôrço, e d e ,colocar a culpa do!\ li'acas.sos c,n fiuo1'(·s c·x1c1·nos. co,no ralra de sorte . Isso é ch;unado viés de autoconveniência." U1n cxc1nplo típico do ,~és de autoconvcniência ocorreu (e conli11ua ocorrendo) no n1crcado ele capilais c1n todo o n1undo. De 2002 a 1ncados de 2008. as bolsas ele todo o planeta cxpcrin1cntara1n forte crcscin1cnto.Nesse contexto, gestores de fundos ,·angloriava1n -sc de suas habilidades e conhechncntos. Con1 o <.-Stou1"ú da crise financeira nn1ndial na segunda 111<:taclc d<: 2008, 111uitos grupos cxpcri1ncntaran1 grandes pn;jui;,n.s. Ncsl\e 1lovo cená,~o de petdas rnaciças~ os 111csn1os g<..-s- 101·cs colocara,n a culptt na 'ilnptcvisí\'cl' situação cio 1ncl'·c .. 1do i1nobiliário nor1c-a1ncricano, tentando sal\'al' sua 1'Cputaç;lo de h;\l)(·is adtninistradorcs financ<:il'os. Simplificações no julgamento das outras pessoas Cosu11na1nos lHili1.;11· diversas si1nplificaçõcs quando julga1nos outras pessoas. Ess.a.s lécnicas costun1:in1 ser valio~,s. E las nos pcr1nitc1n chegar rapidan1cntc ., pcrccpçõcs p rc· cisas e ofcrccc1n dados \'<Ü.idos para previsões. Entrct;u1to1 não cst,lo livrcs de e rros. ·ran1 .. l:X:111 podcn1 nos criar problen1as1 e fícqucntcrncntc o filzcn1. 1\ co1nprccni)(1o desses atctlhos 1ncntais que usa1nos p;,ra sin,plificar o p1"0Ct."SSO de julgan1cnlO dos outros pode ser útil para reconhctcn11os quando podc111 resultar cn1 distorções significati"as. Percepção seletiva ,..fodas a.s <:t,ractciístjcas que flt.zcn1 que u1na pl'SSôa1 un1 objeto ou un1 C\'énto sobr("Ssaia aun1<:11uun a probabilidade de que ele seja pc.:rtcbido. Por quê? Porque é impoSt>i\'CI assllnil,,r tudo o que vc,nos apenas alguns cstúnulos podc,n ser assinülados. Essa tendência explica porc1uc, corno n1c11cionarnos antes, prcstan1os ,nais atenção c1n ca11'0s iguais ao llOS$0 ou por que u1l'I supcl'ior cha1na a a1ençc\o de alguns runcioná1ios e não de ot11ros quando f.1zc1n a n1csnla coi.sa. Con10 não podernos ohsc:1,•ar tudo o qu<" se pas.-;.1. a nos.~..., Vúha, cxc1'Ccn1os uma percepção seletiva. Un1 cxcnlplo clássico n1ostra corno nossos inlcrcsscs poclcn1 inílu<:nciar significativan1entc quais ser.lo as qul-stõcs que pcrccl.x:rt1nos. Pesquisadores pedi.ra1n a 23 ,cxccuth·os (stís de vcnckLS. cinco de produção. quatro de contabilidade e oito cn1 funções ,tiversas) que lcsse1n urn caso abrange,ue descrevendo a organização e as atividades de urna sidc1'\111,,ica.' Cada cxccu1i\·o escreveu qual, c nl sua opinião, e ra o p1~1lcipal problc1na encontrado no caso. Oitenta e lris por cento dos cxccu- livos de \'Cndas clissc,~un ser as vendas a ,na.is in1portantc1 contra 29 por cento dos dcn1ais. l~ssc f.110, junto con1 outros rcsuhado~ do cs1udo, lc\'OU os 1>esquisaclorcs à conclusão de que os pa11icipanlcs perc:cbian1 aspectos da situação cspccilican1cnl<: relacionados conl as atividades e n1ctas elas unidades à.s quais eles csU\\·an1 ligados. A pcrccp<:ào de un1 g rupo co,n rclaç~1o ;.\s atividadc-.s organi;, ..... '\cionais é ahcrada sclcti\'an1c1nc.: para focar os interesses do grupo CJUC representa. Corno não podcn1os assi,nilar tudo o que obsel'\'an,os, nós pcrcebe,nos u,n pouco de cada , ·(!".t,,. ~ las esse pouco nt10 e'- <'Scolhiclo alcato1·ian1entc; na ,-el'dade, ê escolhido de n1ancira seletiva, de acordo co,n nossos interesses, expcl'iências passadas e atitudes. A per· ccpçào seletiva nos pcrmilc un1a 1.s.acada rápida~ a respeito cios ouuY,s. 1nas co1n o 1isco de.~ ohlcrtnos un1a fi~'l1J1, in1prcci.sa .. t\o ,·cr1nos aquilo que qucre1nos, poclc1nos tirar conclusões erradas de un1a situação a1nbígua. E11<.:ontráu1os outro cx<:1nplo de p,cl'(:epção seletiva nos n1crcados fi11ftncciros. Depois da gra"e c1;se íir1a11ccira nu.ul<lial de 2008, as bolsas de valotcs erra quaS(: todo o ,nuHdo descel'a1n signifiea1ivarnente (11,uilas pal'a n1cnos de ,nctadç do valot pl'é-ctise). 1\ioda as- sin1, na nlcsn,a época, as rcco,ncndaçôcs ele vencia (c1n geral, os analis1as classifica1n a.s ;u;õcs ele urna canpresa de acordo co n1 três l'(;coancnclaçõcs: con1pra, venda ou nlanutcnçào) po r parl<: dos analistas na verdade (/it11inuira1n apenas ligcir.uncntc. E.1nhora cxista1n várias razões p<:las quais os analistas rclutcrn cm dar rcoo1ncndaçõcs ele vcndtl nas :·Lçôcs, tuna dtlas é t1 pertc.:pç.ào seletiva. Quando os preço.s cac,n , os analistas rnuitas ,·ezcs se prcndc1n ao pass.ido (dizendo que o preço da aç3o é tuna barganha crn co,npo:u-aç;to ton1 o preço 164 Compottamento organizacional Efeito de halo lendência de formar uma impressão geral de alguém com basé en: . 1 vma \!nica caractori~ Efeito de contraste Tendência do comparar a$ caracteristicas de_Jum 1nd rvíduo com as de outras pCS$0tlS. Estereotipagem Julgamento de uma pe$SOa com base n, percepção sobfe o grupoaoqual _J ela pertence. anterior) c1n ,·ez de olhar para o futuro {a tendência de queda pode ntuito bcrn continuar). Co,no notou tun gerente fu1a11cciro; ''(:ada vez que o 111e1tado caia era luna nova opo1'tun.i- daclc par.:L <:01nprar a aç.:i.o 1nais barata (llndc,1~:• Isso nf10 deixa de ser ,,c,·dade, é clat0, ,nas l'rlOSlra o prrigo ela pcrccpçt10 ~clc1iva: ao considerai" ;1penas o pl"CÇO antigo, oii analistas confiara1n cnl uni ponlo de rcfcl'(°:ncia Í.'tlso e não pudcrcun reconhecer que o que havia caído podc1ia cair ainda n1ais. O efeito d e halo Quando for,nan,os un1a irnpressào geral de aJgué1t1 oon, base c1t1 1.una un1ca camcler1suca co1no sua iote ligênci<l, sociabilidade ou aparência , dá-se o efeito de halo.'' \ 'cja o caso do cx·dircto1· financeiro ela $;1dia1 1\clriano J ,i1na Ferreira. No fina) de 2008, após a ernprcsa reportar u1n prejuízo de 2,5 bilhões de reais, ele foi su1naria111cnte dcn1itido e, e1n ab1il do ano seguinte. Í<>i processado pelos acionis,as da co1npauhi.,, que o acusara1n de ter rcali.1 ... ado operações no n1crcado de derivativos scn1 avisú~los. Scgu11do ele, poré111. t-ssas me.sinas operações ,eriarn sido r<:sponsl1.,·eis por grande parcela dos lucros ;1n - tc1iorcs da cornpa11h.ia1 r.:17.-flO que cxr>l.icaria sua ascensão e fortalec-in1e11to na organização. Dcs.,;a forrna, enquanto a cslratégia ptoduzia bons rcsuhado~. o gestor era elogiado e pro- 1novido, ao passo que, quando ela con1eçou a ela,· cr1·.:1do, ele se tol'nou o llnico culpado16. l~sscs s.-\o os dois lados do cfCito de h-alo (ou você é bon1 ou é ruin,, 1:>oder-sc·ia d izer). 1-\ existência real cio clêi10 de halo foi confirmada por l111l estudo chlssico en1 que era pc· dido aos parlicipanlcs que avaliassc1n tuna pc:ssoa a qut nl u1n co1~u1uo de traços se aplic.."ava. Esst'~ traços cra.n1 intcligCncia~ habilidaclé, senso pr{1tico, zelo, clc,ern1in.1çào e sirnpalla. u Quaudo s.c <.·voca\'a1n c:ss<::s u·a~·os, a J;>cSsoa erajulg.,da corno cspcr,a. cngr<-u;ada, popular e jm;_~,inallva. Quando ess.a lista era 1l'1odificad:, con1 fiicia substituindo si,npatia , sutgia u1lta avaliação con,plct.irnente <lifc1'C1lt('. l·icou cla1'0 que os pan.icipa111es pe1·111iLian1 que l1rn llnico tl"dÇO influenciasse sua i1npl'cssão geral da pcs.wa que era a,·;i.Jiada. Efeito de contraste Existe tuna a,nig..i n·,áxjrna entre.: os a,o,·cs de t~s1>ctúculos de va- riedades: 1'~unca fa.;-a seu n\ln,ero depois de urna apresentação con1 c,·ia11ças ou a1li1naisu. Sabe po1· quê? O ~cnso co111lun clii. que as pessoas an1a1n 1a1no as Cl'ianças e os bichinhos que você vai parecer l'uirn depois deles. l'..Sse excn1plo ilustra corno o efeito de contraste pode dislorccr a percepção. Não avalia1nos as pessoas de 111ancira isolada. Nossa rraçào a al~'11érn é sc111prc inílucnciada pelas outras pc:ssoas que cncon,ra1nos rcc<·ntcn,cnlc. l~,n u1na situaçào c1n que ocorr;:1. u111a séiie de entrevistas, por cxc:111plo, à avalia('ào de qualquer candidato pode sofi'(:r d isto rçõcs por causa de sua posição na ordem de chan1ada. Ele f)O(lcr<l ser beneficiado se os <:arlc:liclatos antc::,iores rorc,n n,cdíocrcs, ou prejudicado se os antecessores fon::1n btilh.=antes. Estereotipagem Quando julg:u,,os alguén1 con1 base c1n nossa pcrtepçAo do grupo do qual essa pessoa Í.:')Z p::1rtc, cst:unos usando 1.ut1:ri J0111,;, de si1nplificaçào charnada estereo~ tipagern. n No início deste C'apÍlulo,jtí 1nencio11a1nos os ptúblc,nas que a estr1'COlip"gc1n pode causar: os brasileí1'0S não s.io ião 1'CCCf)t:ivos con, 1'claçãoaos itnigl'antes co1no se in1aginava! Nós nos hasean1os c,n generalizações t<XIO$. os cliast pois ela.\ nos ajudan1 a to1nar decisôf>s rapida1ncnte. li urn n1cio de .si1nplificar u1n inundo co1nplcxo. É n1ais lãcil lidar con1 1.1111 n(uncro não adn1inistrávcl ele cstín1ulos se uülizarrnos llturlslicas ou estereótipos. Por cxcn1plo. de fi1to faz sentido p1·c:.sun1ir que (:ciso= o novo funcionário da Contabili- dade, sabe algun,a coisa sobre orça1ncntos1 ou <1uc Cauà1 de FiiHu'tç;ls, poderá .:~ud;.l-lo a rcs.oh·cr tnn pl"Oblc::n,~ de pr<'vis;;io. t\ dificuldade, é claro, surge quar,do gcncraliza,nos de forn1a i1np1-eC'isa ou exagerada. Na~ Ol'ga11izaçõcs1 cos1un)a1noii Ou\'i1· (on1c1uádos que 1'Cp1-esen1an1 estereótipos baseados enl gênero, idad<", t'~1çai religião, etnia ou até no peso das pe~soas (ver Caphulo 2):1' ·r\.~ n1ulhC"res não accica1n n1udar ele cid:lclf' por causa de u1na pro111oçào~i, «os ho111cns não u-;n1 jc:ito para cuidar de c,iançasn, «~r raha.lhaclorcs 111ais vc· lhos não conscguern aprender novas h..tbilidadcs"1 ' 1 ln1igrantes asiâlicos St'lo trabalhadores e conscienciosos·1, ''Pessoas corn excesso de JX:SO s.:lo i1•dlscipli1n1das". Os estereótipos podcrn estar tiao profunda,ncnle arr;,igados ·t" ser tão poderosos qut cl1cga1n a ir,tluenciar decisões de vida ou 11lor1c. U,n <:Sh.1do ,,os t-:stados Unidos, que a,,alisou u,na ,nuhiplicidadc de íh101·cs (1ais ro1no r i«unstâncias agravantes ou a1cnua1ues) e1n julga,nen1os c1i1nioais J>Ot assassina10, nlos1m11 que o grau e111 que os réus negros se pat'ccia111 ro1n o ·esler<:ótj1>0 Capitulo6 Percepção e tomada de decis3o individual 165 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL INTERNACIONAL As percepções negativas podem prejudicar as relações comerciais internacionais? J apão e China poderiam parecer parceiros econô· micos naturais, visto que estão muito próximos geograficamente. No entanto, hoje, as empresas japonesas ficam atrás tanto dos Estados Unidos quanto da Europa no comércio com a China. Apesar de a indús· tria automobilística japonesa ter tido um enorme suces· so em outros países, inclusive nos Estados Unidos, as marcas de carro mais vendidas na China são produzidas pela GM (empresa norte·americana) e pela Volkswagen (empresa alemã). Além disso, a indústria japonesa de eletrônicos atualmente possui somente 5 por cento do mercado chinês. Mas quem seria o culpado pelo triste relacionamen- to entre Japão e China? As percepções do público, nos dois países, podem ser a resposta. Por exemplo, muitos chineses ainda estão irritados com um relato de que os empregados de uma construtora japonesa contrataram prostitutas chinesas para uma festa da empresa. E mui- tos japoneses acreditam que os imigrantes chineses são culpados pelos muitos crimes violentos que acontecem no Japão. Além desses eventos recentes, as relações entre esses dois países, historicamente, têm sido tensas. Pequim ainda está contrariada com a invasão militar da China nos anos 1930 e 1940, invasão essa que não rece- beu reparação por parte do Japão. Essas percepções negativas dificilmente podem ser revertidas se os erros de percepção, tais como o erro fundamental de atribuição e efeito de halo, estiverem operando. Isto é, ambas as nações se culpam mutua- mente por seus comportamentos (atribuição interna) e ambas tendem a ver a outra de forma negativa (efei- to de halo negativo). Por causa desses erros, compor- tamentos futuros, mesmo que ambíguos, poderão ser percebidos negativamente pelo outro pais. Fontes: Baseado em C. Chandfer, "Bus,ness Is Hot. Relations Are Not", Forwne {Europe}, 19 abr. 2004, p. 20-21; e "Chtna U.rges Japan to Do More to lmprO\te Ties", lhe Associated Press, 14 mar. 2005, típico cios afroa1nciicanos' dobr.,va suas chances ele receber pena de 1nortc caso fosscn1 considerados cttlpttdos. u E1n u1na pesquisa rcaliz.-tda pelo Instituto Urasilciro de ,t.\náliscs Sociais e.: Econ6n1icas (lbasc) (: pele, Ft111claçiio Getúlio \ largas (FC\'), 2·J por cento dos 4-00 rno1-ado1"eS de un'la f.,vela carioca que f01-arn cnu-ç,~stados disS<:ta,n j~l rei' pctclído algu,na opo1'tuniclade ele cntprcgo por t<:n;:n'I dito onde 1norrlva1n. Oe acol'do con'I a 1nc~n'la p,cs- quis..1, 78 ix,r cento dos ntoraclorc:s da Í.'lvcla de ~ languinhos e 74 por cento dos habitantes do •asfi,lto • (n'loradorcs ele bairros •regulares') disscran1 perceber a existência de forte prc· conceito contra os fi1\·c lados.1.s l>clo f.,to de. nor1naln1cnte) o.s traficantes ele drogas e outros c1in1inosos $e csco11clcrcn1 nas favelas, os 111oradon:s dessas ;:Í,~·eas é1<:aba1n se11do rotul,,clos con10 cl1111pliccs dos bancli- dos. Co1n isso, (tp<·nas o l'hto de v~\'CI' c.~n·, urn~, Hi.vcla é suficiente parH que o in(U\'iduo seja visto corno po1cncial crin'linoso, f;11xndo (1uc a.s cntn:·vis1as de .$C1cç<lo scja,n 11111ito 1nais rigorosas par.:l ele 011 que:. ele ncn, 111cs1110 seja ch:unado para elas. !)essa 1nanc:.ira, apesar de a grande 1naio1ia das pessoas que n1or.1n1 nas. f.'l,·cl;1s ser honesta e u·abalhadora, que optou por esse tipo ele n1oradia p;u·a estar próxin1a .-o local de u,1balho, elas tê1n de pas&'lr por di\'CrSós úpos de constr.tngin1cnto quando panicipan1 ele prort'SSOS seleli\'OS. Esse dcbalc é in1porlanlc, pois i1nplica a necessidade de: equilíbrio cn- u-e os d ireitos individuais e o bcn1-cstar da socic<l.tde cosno tun todo. J\ s organizaçõ<:s ptccisan1 cscla1·ccc1· sc;us ft1ncio11ários qua,110 aos danos <1uc a gcncrali7.(lÇ,io ele pcl'fi l étnico pode causar. Uni dos problcrnas dos cstcrcótiJ>OS é que eles são 111uito difundidos e u-ata-sc de gcncrali;,.,açõcs úteis) apesar do fhto de não tcrc111 qualc1ucr traço de \'crdade ao scrcn1 uti· lizados co,n relação a unia pessoa ou situação cn1 pa11icuJa1: f\ssi1n1 constanten1cntc tcn1os dt nos policiar p,m, nos cc1tificm· ck: que não estamos usando t'Sltrcótipos cm n0:1xllí aYal.iaçõts e decisões injusta ou incorrcta111c11t<.·. Os cstér<.·ólipos si'lO u1n cxcn1plo do que diz o aviso: 11Qual'HO n1,ti~ útil, n1;;1is chances há de ser n1al u1ili1,ado". ' 166 Compott.amento organiza~ional MITO OU CIÊNCIA? Os estereótipos são sempre prejudiciais Essa sentença é falsa. Na maioria das vezes, os es· tereótipos são bastante úteis, ajudando-nos sobre-maneira a tomar decisões correta e rapidamente. Esse 'vício perceptivo' serve como um atalho mental e, como todo atalho, traz riscos, mas pode nos levar ao des- tino desejado de maneira muito mais rápida. Os estereó- tipos são frutos de experiências vividas por nós e por outros, servindo como uma espécie de instinto humano. Dessa forma, apesar de algumas vezes eles nos levarem a cometer erros de julgamento e a tomar decisões erradas, não se pode ignorar a validade desse instrumento psico- lógico como um meio de análise de uma situação. Veja algumas situações em que eles nos podem ser muito úteis. Imagine que você seja um gerente de recur- sos humanos e esteja selecionando um funcionário para um cargo que requer muitos conhecimentos técnicos em computação. Diz-se que os alunos que cursam deterrni· nada faculdade têm grande domínio das ferramentas de informática que serão utilizadas pelo novo funcionário. Caso haja um candidato que tenha estudado nessa ins· tituição, por que não selecioná-lo? Obviamente, caso esse seja o único parâmetro da escolha, pode·se come· ter um erro. Entretanto, selecioná-lo é, provavelmente, a opção que maximiza a probabilidade de acerto. Outro exemplo bastante corriqueiro envolve a própria segurança. Imagine que você esteja andando de noite em uma rua deserta em sua cidade. O que lhe geraria mais te· mor. um sujeito forte, sem camisa, descalço e com aparên· cia suja ou uma menina segurando uma bola de encher? A resposta é bastante óbvia para a maioria das pessoas (ex· ceto para os homens de preto e outros agentes secretos do governo!). Nossa experiência e as informações que re· cebemos de diferentes meios servem como um importante ins.tinto queconsegue diferenciar rápida e intuitivamen· te situações de perigo. Nesse caso específico, é o possível estereótipo de criminoso que nos levará a atravessar a rua ou a entrar em uma farmácia para nos sentirmos seguros. Esses exemplos podem ser extremados, mas servem para mostrar como os estereótipos e outros atalhos men- tais ajudam-nos a tomar decisões acertadas em intervalos ml.lito curtos. Logicamente, não podemos confiar plena· mente em nossos sentidos e instintos. Muitas vezes, ba· sear nossas escolhas unicamente em estereótipos pode nos levar a cometer injustiças e, em geral, ser preconcei· tuosos e intolerantes (afinal de contas, o que uma menina com um balão faz em uma rua deserta e escura?). En· tretanto, quando os prazos são curtos e as situações nos pressionam a tomar decisões. talvez seja melhor confiar- mos nas experiências 'vividas e ouvidas' do que arriscar passar por situações complicadas. Nesse sentido, melhor basear a escolha no estereótipo e entrar na farmácia a ter de andar cinco quadras até sua casa sem sapatos. Aplicações nas organizações ./\;; 1x:sso,1s nas org,u,iz(1çõcs çstào scrnprt j ulgando urnas às outras. Os t•xccutivos f)l'C- cisao'I avalia!' o clcse,npcnho ele seus suhordin~1clos.J ulga1nos qua1110 nossos colegas S<: dcdi- ca,n a seu 1rahalho. Quando u1n HO\'O n1cn1hro entra para u111a equipe, ele; é in1ecli:-ita111en1c olhado 'de ci111a a baixo• pelos dc1nais. ~·fui tas vezes, esses jullr.tntcntos tént consequências i111portan1cs para a organização. \ lalnos cxan1inar sucintan1cntc algun1as aplicações 1nais óbvias. Profecia autor-realizável Situação em que uma pe,cepçio disto,cida de uma pe$$03 faz que o comportamento de outra seja co&rente com es,a ( percepção. _J Entrevista de seleção Pocl<:ntos di1.<:r que poucas 1:x.--ssoas s.io conu,nadas sc1n pas- sar por unia cntrc,~sta. ~ l'as os cntrc::vistadorcs f;,zcn1 julgan1cn1os de pcrccpç.io frcqucn· tcn1cntc crrõncos1(,. e for111an1 in1prcssõcs precipitadas que logo se 1ornan1 resistentes. r\ s pesquisas rnostr;un que fornuunos irttprcssõcs dos outros cn1 u111 décirno de SCb'ltndo, co111 hasc: na pri1ncir,1 ,·cz que ollu1n1os pa ra eles. •i Se essas prin1cir.1s irnprcss&:s são ncg-4'ti\'as, elas tcndcrn ~l ter urn peso cada \'CZ n1aiol' dur-,u1tc (t cnu-cvi:;.Hl do que se a 111cs111() infor- 1naçào surgisse postcrio,·n1cn1c. u, r\ n1aior p;\1,c' d;\S decisões dt)S t:nu"Cvis1adores pouco 111ucla dc::poi~ dos p1i1nciros <1u<Ul'ü ou cinco 1ninu1os ela cn11'Cvis1a. Ent consequência, as inforn1açôc..~ colhidas no con1cço lên1 un1 peso n,uito n1aior do que aquelas obtidas depois, e lllll 'bon1 candidato' é, provavch11c11tc1 caracterizado 1nai.s pela ausência de c;.u·ac1c1ísticas dcsf'hvor<.l,·cis do que pela presença d as fa,·onívcis. Expectativas sobre o desempenho r\s pessoas scn1pn; 1c111a111 valida!' suas pc;:rccpçõcs da rcalidadc, n1cs1110 <1uando estas cstào erradas.''> Os t<:rn1os profecia autorrealizável Capitulo6 Pe rcepção e tomad a de decis3o individual 167 e efeito l>ig111akào dcscrc,·cnl co1no o con1portarn cnto das pessoas é dctcrn,in ado pelas cxpcc- taúvas dos outros. Se un1 gestor espera grandes lêitos de seus subordinados, pt"O\lê\\'chncnte eles não o dccepcionart,o. c:ontudo~ se ele cs1x:ra que suc1 equipe f.:1ça o ntínirno, ela se coo1- J)011a1·;í de· acordô co1n <'..SSa haixa C:::<JXC1t1ri\la. 1\ cxpcc1a1iva se IOl'na l'calidadc. 1\ profi·cia autorrcalizávcl tcn1 provado ser un·1 fator que afC1a o dcsc1npcnho dos <:studant<:'$ nas e:.~cola.1.1 dos soldados c1n con1batc e até dos contadores. :.10 Avaliação do desempenho \ !crc,nos con, ruais detalhes o in1p<1cto das avaliações de descanpcnho sobl'C o cornporta,i-\e 11to no Capítulo 17, 1n;ts vanlOS apenas lcrnbrar aqui que ioda avaliaçfio de funcit)nál'io depende n,uito do procc:sso de 1:>erccpçào.21 O fulul'O de u1n íuncion;hio c.stà (Ortcn1cntc ligado a sua avaliaç,io - proinoçÕL's, au1ncn1os ele saht,io e a p<:r1nanê11cia no ctnpn.:go .sào algun1as elas con.scquCncias 111ais evidentes. f.n1bora a ava .. liaç.ào poss,a ser obj etiva (por cxcn,plo, u1n vendedor J>Odc ter seu dcsen1pcnho a,-..,liado c:n1 relação ao l)uuran1cnto que consegue gerar), a n1aio1ia das funções e cargos org:u1izacio- nais é avaliada de 1nancira subjct:i,·a. 1\"aliações subjetivas1 apesar de frcquc11tcme11tc ne- cessári,1s. são problc,nfuicas, 1:>ojs s.:"io afetadas por todos os cn'Os que disc\ui,nos :ué agora: JX:l"Cepçào seletiva, cícilos ele con1irastc, cfcilo de halo e outros. J 1"0nican1en1e~ algu111.rs vezes as classificações de cle.«:n1pc.nho clizcn1 i.uno a respeito do avaliador quanto do t1valiado! !!l igação entre a percepção e a tomada de decisões individual Oeeisão E$co1ha que s.e fat en_ue I duas ou mais alterna~ Pfoblem& Uma disetepãnc:ia entre o estado atual das co;sas e I o estado de-séjável. Nas organizações, o incliví(luo tonta decisão, faz escolhas entre duas ou m.1is alternativas. Os altos executivos, 1::ior cxc1nplo. deter1·nina1n as rnct{tS da organização. quais produtos ou s<:n1iços oferecei; c-0n10 financiar suas OJX:r"n(ôes ou onde estabelecer tuna no,·a unidade da eolpres.'1. Os gerentes dos uiveis n,édio e i11ferior deter1ninan1 o c,-onograrna de produção, scleciooarn os novos funciooários e dccidern co,no d.istrib1..1ir os au,nentos saltt- 1iais. Os dernais fU1lcioná1ios dectclc1n quanto esforço dc:spendcr nas a1ividadcs e c,1n1p1i1· ou nào o que foi clel(·rn1inado pelo chefe i1necliato. ~ os últi1nos anos, un1 nlln1c1'() crescente de organizações cst<l dando 1naior autonon1ia a seus ll111cio11ários, para to1nar decisões an· tig-.u11e1nc rcse,,,adas apenas ttos •tcl1ninistradores. 1\ to1nacla de dccisào individual é, por- ta.1110, uma parte inlporta.11te do co1nportan1cnto Orf:,ranizacional. ,;\,Jas a íorrna <:01110 as 1>cs- soas 10,nam dccisôes e a qualidade de suas escolhas dependen1 1nui10 de suas perc::epçõcs. r\ to1nada de decisão ocorre e1n l'éação a \1111 problema.n Unl problen1a exis1c quando se vc1ifica urna discrepância enu-c o cstt1do atual das coisas e seu es1ado dc-sejávcl, o que exige n111a avaliação dos cursos de açào ahcrna1ivos para atingir es!K' cs1ado clc~jávcl. Se seu c,1.1To qucbn1r e você depender dele par:a chegar ao Lrahalho, você tcnt un1 prohlc1na que requer ,una ton1acla de dccis.lo. lnfclb'.rncntc, a rnaioria dos problcn1as não se aprcscn1a dL' fOr1na tão clara, co1n urn rótulo dizendo 'problcn1a' para f.ltilitar sua id<·ntilie,açào. O que é uni proble,na para unia pessoa pode ser u1n esladoJaJi.ifatlJ,iQ par.1 ou1ra. U,n ad,ninistrador pode ver a qucd,1 de 2 por cento nas "endas do ul1ncs11'é de sua clivisão co,no lnn problerna S(',io, que exige n<;ào i,nediata . 1:.:,n contraste} ouu'O ad1ninis1rador da 1nes1na e,npt"('s.11 cn1 01..,u-a divisão que tan1hé'n1 apl'escntou crueda de 2 por cento na~ vendas, pode considerar esse 111í111e1'0 pcl'- íci1a111cnte aceitável no a1ual <:ontcxto ele nlcn:ado. J)c;ssa fo r111a, ad1nitir a existência de un1 problcn1a e a ncccssicladc ele se lon1ar ou não tuna dccis..'1.o clcpc.ndc da percepção da pessoa. Por sua ,·cz) todas as dccisÕl'S cxigcrn intcrpn.:1~-\çào e a\laliaçào de infOrn1açõcs. Os dados costtunarn vir de diversas fontes e prctis.lnl i;cr sclccionados1 processados e inter- pretados. Quais deles sl10 rclcvant.cs par~, dctcr1nillada dcc::is.t,o e quais nfio sào? .~\ 1-es-1>0sta fica 1>0r CO!lta da pe1'Cepçào de q1.1e1,1 1001a a decis;lo. Deven1 ser elabo,-adas altc1·ot1ti\lns, con1 análisl" dos r>0n,os fortes e fracos de cada ,una delas. ~lais urna vez, o processo de percepção pal'a a ton1ada de dccis..-'i.o iudi,idual nfc1a1·0:l a solução final encontl'ada. Por fin1, c.'nl todo o proC'csso cl<·cisório, 1nuitas ,·c;,.cs surgc1n distor<;õcs pcrccplivas que podc1n a fetar as análises e concluSÕ<:s. 168 Compo11amento organiia~ional No início de 2008, o comando da Ser asa. maior empresa de infoimações de a edito da América latina, mudou de mãos. Após 17 anos. Etc.iodeLvcca foi substituído na pl'esidência por Fl'ancisco Valim. Pa,a o novo ocupante do cargo. es.sa mudanç.) é fundamental par,;1 a continuidade do c,escimento da empresa. Segundo ele, "quem está ali todo d ia pode não percebe, oportunidades que uma pessoa d iferente acaba vendo". Ainda segundo ele, "a rotatividade é fundamental"', mostrando como as pe,cepç.ões das pessoas sob,e uma mesma fealidade podem ser muito diferentes.» llomando decisões nas organizações Racional Refere-se ã pesso.a que faz escolhas consistentes pafa maximizai' o valo, dentro de limitações I especificadas. _J Modelo racional de tomada de decisão Um modelo que dl}Setove como os individuos devem se comportar para m,ximizar dowminados I ,esuhados. ,\:j escolas de a<l111i11iso-ação gcr~ll,n<:nl<: lr<:inarn os alunos para utilizar os 1nodelos r;;1- cior1ais 1las tOllH)das de decisf10. E1nlJora esses rnodclos l<:11ha1n rnuito.s ,néricos, uão 11cccs- saria1ncntc dc..;c""~"en1 corno as pessoas ton1;,n1 n.~ dcciS<><:S na realidade. 11 aqui <1uc cnu·a c1n ação o papel do co1npor1::11nento organii.acional: para 1nclhorar a ntancira de 1on1ar decisões nas organizaç0Cs1 tcrcn1os de cnlcndcr os trros que as pessoas con1c1cn1 ao 1;azê .. lo (alén1 dos erros de percepção que· acahan1os de cliscuLir). A seguir, clt'Scrc,·crcn1os e:sscs. e rros., con1cçando co1n u1n" brc,·c ,~~•lo gcr;tl do n1odclo racional ele tomacl~, de dt:cis;\o. O modelo racional, a racionalidade limitada e a intuição Modelo racional de tomada de decisão Kormalmeme pensamos que ac111elc que nte lhor torna decisões é un1a pessoa r acional, que í.,z escolhas <.:ocrcn1es e de \'alor 1naxi- n1iiado$ dentro de certos lirnitcs e 1·cst1içõcs.14 l,:Ssa.~ escolhas são feitas scguindo·sc u1n modelo racional de ton1ada de decisão.1~ Os seis passos desse n1oclclo cstào especifi- cados 110 Quadro 6.1. O 1nodelo n:,cional se baseia <:nl vá1~as prc,nissas, incluindo a de que o ton1(ldor de dccisôcs tenhn lodas as infotrriações, seja capaz de identificai' cod.:LS as opções ,-ele"arncs de fol'ana i1npal'cial e opie 1>ela a1ter11a1iva <1ue 1na~i1niza sua u1il idade.-M Co11,o você pode i1naginar, boa parte das decisões 1on1adas no rnundo real não SCg\tC o n1odelo racional. f\ s pesso"s gcrahncntc se contcntan1 en, encontrar \una solução aceitável ou razoável para o prohlc1na cm vez de buscar a altern ativa ótint-'. Co1no observou rcccntcn1cntc \111). <.:spc .. cialista cn1 to1nadâ de decisões, "a rn aioiia das dccis&:s significativas é tornada ,nais por 1ncio dejulg.:1111e11tos subjetivos do qoc por u1n 1nodclo pn::scritivo··.1; 1\Jé111 do n1ai~ o que é ,nuito interessa111c, ~.s pessoas não 1>crcelx:n, que tonlam deciSÕ<:s inadequadas.18 Quadro 6.1 Passos do modelo racional de tomada de decisão 1. Definir o problema. 2. Identificar os critérios para a decisão. 3. Atribuir pesos específicos a cada um desses critéri0$. 4. Desenvolver alternativas. 5. Avaliar a~ aharnatívM. 6. Escolhêt a melhor altel'nativa. Capitulo6 Percepç.\o e tomada de decis3o individual 169 Segundo Marcelo Cardoso. vice~presidente de Desenvolvimento Organizacional da Natura, tomar decisões racionais tornou-se ainda mais d ifícil ao longo do tempo. Isso, entretanto, não se deve ao fato de os executivos terem menos dados e ferramentas . .. No passado, era dificil tomar decisões porque havia pouco acesso à informação. Hoje, por termos informações demais, o processo tornou-se ainda mais complexo." Isso evidencia as limitações do modelo racional de tomada de decisão e, de acordo com o executivo, "é om paradoxo"' que precisa ser aceito e compreendido.20 Racionalidade limitada Processo de tomar decisões construindo modélos simpllflcados que e>cvaem os aspectos essenciais dos problemas sem c.1p1urar toda a _J sua complexidade. Racionalidade lim itada ~oi.sa capacidade li,nitada de 1)1-occssafnento de infor1naçôes torna i1npossível assi1nih1.1· e co1lrpl'eenclet todos os dados necessátios ptt1·a a oti1nizaçâo de u1na deçisào.'° Endlo, a n1ai()ria das pcs.,;;oas reage a un1 problcn1a con1plcxo a·edu· 1.indo·o a u111 nível cn, que se 1»ssa entendê-lo pron1an1cntc. D.i n1cs1na fOrn1a, 1nuitos prohlc1nas Lcndc1n a não apresentar tuna solução ótin,a por scrc111 con1plictldos d.;n1ais p;:1r.1 ser subdivididos de acordo co1n os parún1clros do 111.odclo de 10111ada de decisão racional. É aj que as pcs.soa.s Jf satisfi1<.tn1, islo é;, buscan\ soluções que scjan1 suficientes e salisfató1ias, e. nf,o óti1na~. Qua11do você escolheu cp.ntl u111ive1-sidadc cu~ar, analisou todas as ahcl'nativas ,~tíveis? \locê iden1ificou c0<los os c1i1érios i1npo1·1a111es pal'a sua decisão? r\valiou cada tuna das ai. tcrna1iva..~ co,n relação a ~cus critérios pal'a encontrar a univc;:rsidade idral? Pl'ovavch1tcntc as respostas para essas perguntas são negativas. Kào se aborrt~ça. Poucas 1x:ssoas escolhc1n tuna fi1cu1dadc dessa 111a11cira. J~m vez de oti1nizari você provavcl111cntc apcnâS s<: S.'lÜSfcz. Co1no a c:,pacidadc d[l mente ht11nana u;io consegue for1nular e solucionar problernas con,plexos co,n racionalidade plena. as pessoas opera1n denu·o de un,a racional.idade limitada. Construín1os ,nodelos sirnplif-icaclos que cxcrae1n os aspectos essenci;iis dos p1'0blentas, se1n capturai' toda a s.ua cornplexich1dc.31 Po<lt1no\ en1ão, agi,· raeionalinente cle11t1'0 dos lin1ites desse:: ntodt~lo si,nplificado. Co1no a racionalidade lintitada funciona para a ntaioiia? Unta vez iclcntificacio tun problc1na1 co1ucça.1nos a buscar critérios e alternativas de solução. ~las a lista de critérios. coslun1,1 s<:r cnorn1c. O to1nador de decisões vai idtntificar1 então, tnntl lista co1n as cSCO· lhas 111ais rclcvantcs1 que süo as rnais fáceis de encontrar e tcnden1 a ter bas1ant<: ,~sibi· !idade, as quais 11or1nahnen1e rc1,rcsenuun crité1ios f;uniliarcs e soluções já tesladas. Ern seguida, co,neça a tevis.âo das escolhas, ,nas essa revisão não será abrangente. En) vez d isso, é p1-eciso focar a1lcrna1 ivas <iue diíel'l"rtl apenas 11111 pouco ela escolha c1ue e~tá sendo feita. Seguindo u,n cantinho fiuniliar e hcnt conhecido, quando encontrar unta ahcrnali\'a 'suficicntcn1cntc hoa' - que atenda a un1 nível aceitável de dcstn11:>enho - , a busca cstar;:í lc rn1inada. DL-ssa fOrn1a 1 a solução final r(~prcscntar:.l tnna c.scolha satisfatóiia - a prin1cira rnals a<:cit.ávcl encontrada - , nãc, a ideal. Esse processo de se salisf.:1zer não i': sen,p1-c urna ,ná ideia: us..1s \Ul\ processo si,nples pode 1nuitas ,-czc-s ser ntais sc1lsato do cp.1e o 1)1odclo clássico de to rnada de decis~o racio- nat.J.'l P;il'a us;ir o 1noclelo racionam no inundo 1-eal1 \'OCê pl'ecisa reuni,· 111ui1as infor1naçõcs sobl'c 1odas as opções. con1pu1ar os pesos aplicáveis e depois calcular os \'alorcs de unta infinidade de cri1é1ios. ~rodos cssC's processos poclcn1 lhe custai' tc1n1)0, energia <; dinheiro. I~. se houv .. ·r u1n grande nl1111cro ele variáveis dcsconhccida.s no nto1ncnto ele aplicar pesos ê preferências. o rnodclo 1otalmcn1c racional pode não ser ,nais preciso cio que u,n sirnplcs palpite. ;\s ,·czes unt 1nodclo r~-lpido e si,nples de resolver um problcnla pode ser a melhor opção. \folta11do ú escolha de sua universid'1de) seri:l realincnte ,nais i111eligente atravessar o país de avião pal'a visitar dezenas de í.1culdades cn1 1>0t<:11cial e paga,· pel~ i1lscrição no 170 Compottamento orgc1niza~ional Os truques feitos por um mágico são um bom exemplo de como a racionalidade limitada afeta nossa decisão. Números clássicos como aqueles em que os ilusionistas são presos por correntes ou camisas de fotça, trancados em caixas ou amarrados dentro de aquários servem de analogia para as decisões que p,ecisam ser tomadas em r~pidos intervalos e com elevada dose de tensão. Em função disso. a filial btasileira do labo,atótio GlaxoSmithKline (GSK), localizada no Rio de Janeiro, ptomoveu u,na apresentação do ilusionista lssao lmamura para 40 deseus executivos. O objetivo era mostrar como a racionalidade das decisões é muitas vezes limitada por pressões temporais e pelo estresse da situação. Oes.sa maneira, por vezes. seria pteferivel encontrar uma solução satisfatória a uma ótima. Afinal de contas, é melhor se libenar com o cabelo bagunçado do que permanecer penteado dentro de uma caixa em chamas.» Tomada d& decisão intuft.iva Processo cognitivo incons.ciente ge,ado pelas experiências _J vrvidas. vestibular de todas essas universidades? É rcahncntc possível sahcr qual é 'a 1nc1hor• uni\·cr· sidadc para você assitn que sai cio c11sino 1nédio ou h;l 1nuitas i11for111açõcs desconhecidas sobre quais int<:rCS$CS você dcscnvoh·c:n\ ao longo do tc1npo? Quc1n sabe ,·ocê ncn1 se forn1c uo cu1-so que escolheu ao entrai: Poclc ~cr tnuito n'lelhor ach;Jr algu1nas universidades que cstejan, de aco1'(lo con-. a 1-.-.aicu· pa1·te de suas pl'cfi::1-i:ncias e foca,· .sua atenção em Í.'IZCI' u1na difi::rcnciaçào c.,nre elas. Intuição làlve-.t a n1a11cira 1ncnos racional de to1nar decisões sc::ja confiar na intuição. 1\ tomada d e d ecisão intuitiva é u,n processo cogr1i1ivo inconsciente apoiado 11a.s cx1>el'iênci;is vividas.1• Suas p1·incipa is cal'actcristicas são: ela ocorre fom cio pcnsa,nento conscir.n1e; apoia·sc cn, associaç4X's ho1ísLicas ou conc·xões dill,1s:as c.:1111'(: iníorn1ações divçr- gcntcs~ é rápida e u;n1 u111 grtuult con1po11e11/e qJ;IÜ..'o, o quç signiíica que gcrahncnL<: t.:nvolvc Clll0ÇÔCS.3l 1\ pcsa.r de a intuic;ào não ser racional, isso não significa que seja errada, 11e111 <:1uc H.111- ciou(' nccessa1ia1ncntc conlo \una a.Jccrnati,·a ao 111étodo raciona.l. Na ,·crda.dc, eles pode1n ser con-.plt n1cntarcs. ~·-las irlluição não é superstição, nern produ10 de urn sexto sc111ido n,ágico ota patanotn1al. Co,no IOi notado c,11 \U11a recente 1"e\'isào da li 1etan11-a, "a intui- ção é un1a f()1·n1a aha1ne1ne co,nplcxa e desc;n\'Ol\'ida de ,·aciocínio, baseada en, anos de expcriênci.1 e aprcndizaclo''.'li> E a intuição pc><le ser tuna (Orça poclcros.-'l no prc,çcsso de to1nada de decisões. Pesqui- sas co1n jogadores de xadrez, por cxc111plo1 ofcrtce1n cxcclc1,tcs exemplos do n1odo con,o furu.:iona a intuição. Un1 tabuleiro rc11.l, poré1n un1 pouco difr·rcntc do co1nun1, con1 1nais ou ,ncnos 25 peças, foi rnostrado a joga.dores no,·cuos e a 1ncsu-cs de xadrez. l)cpois de cinco ou dc-.t segundos, as peças fora,n 1·cüracl(\S t foi 1x-clido aosjogadote::i <1ue as colocasscnl na posição c1n que rs1a,~n, a.1lteS-. E1n 111édia, os n,(~Stl'CS fol'anl capazes de recolocar de 23 a 2•~ peças co1·re1anlen1e1 ao passo que os nov:uos oonscguiran, 1'Ccolocar apenas seis delas. O exercício f()i 1nuclado depois. J)css.a , ·cz, as peças foran, d ispostas de n,ancira alca1ória no tabuleiro. Novan1cntc, os novatos não conscguiran1 recolocar 1nais ele seis 1><:ças1 n,as a~rorá isso tan1hén'l ~,contcccu coin os nlest1·t!i! Esse segundo exercício dernonstrôu que os 1ncstrcs uào possuían, n1ern6iia n1ais eficiente <1uc a dos novntos. Eles tinha1n a ca1>acidadt· bastada na cxp<:riência de ter jogado 1nilharcs de p,1rtidas ele xadre-1. de l"CConheccr padrões e! aglo,neraclos de peças que <:Oslu1nan, ocon-er durante u,n jogo. Estudos tan1bé1n n1osu·a. ra1n que os ptofissionais dr xadre;,. são capazes de jogar 50 ou n,ais parridas ~i1nuha1h~a. nlcntc, quando as dccisõe.~ tê1n de ser 101nada..~ cn, poucos segundo~, con1 un, nível técnico apenas pouco :,baixo daquele revelado crn jogos de can1pcona10, quando cada dccis..io pode de1nor.\r até 1nais de n1cia hora. ,\ cxpcriCncia cio n1cstrc lhe pcrntitc rcconhcct.:r o padrão de eada situação e usar i11forn,ações1 j:.t aprc11clidas, associadas f-tquclc padrão1 para escolher rapida1nenlc a dccisào sob,--c a jo{irada. O resultado é que o to,nador de decisões intuiLi,·o é capaz de decidil' tapicla1nente con-. hase no que parece ser un, \'Oh1111e de infor- n1ações 1nui10 lin1ilado. f J Afifmaf que as decisões mais impon.al\tes e cefteifas de suas carreiras foram frutos de intuição é tarefa quase impossivel pafa os gestofes. Isso ocorre pofque a racionalidade é extremamente valorizada pela maioria dos adminisuadofes e é tida como 'o jeito certo de tomar decisões'. Ê por essa razão que a honestidade de João Zangfandi Neto, dirctor,presidente da Saeoo do 8fasil. subsidiária da fabricante ,taliana de máquinas de café, causa espanto. Quando perguntado se a razão do sucesso de suas decisões foi sorte ou intuição, ele responde prootamente: 'as duas'. Em sua trajetória empreendedora. ele já importou máquinas de limpeza a vapor, foi dono de uma fabricante de facas para colheita mecanizada de cana, fundou a fáb,ica de massas premium Granzani e, em 2008, representava a marca de máquinas de cafê expresso Saeco no Brasil. Em todas essas de,cisões, a êXperii!ncia teve um peso importante e a intuição de que obteria sucesso foi o fator decisivo em suas escolhas.:,, Capitulo6 Percepç.\o e tomada de decis3o individual 171 l)utantc a 1naiot p:-ittc do século XX, ac1·edi1ou-se que o uso d,-. intuição pelos to,na- dol"cs de decisões Cl'a irracional e incfic,.-.z. Isso não aconte<'c 1nais.~ f-lojc 1Y;conhccc1nos que o n1oclclo racional 1cn1 sido su pcrenfrttizado e que, ean certas situações, confiar nn inlui- çào pode resultar e111 decisões n1clhorcs.l"f ,\.,Jas nào podemos confiar 111uilo nela. Por nào ser qu:-\ntific~l\'CI, é diíicil saber c1uando nossos palpilcs cst<io certos ou errados. O segredo é não abandonar a intuição e nczm confiar cxclusivazncnte ntla1 1nas con1pltn1cnt;:\-la 00111 (!\~dê11cias e bo1n-sc11-so. Erros e vieses mais comuns na tomada de decisão .r\l c.':1n cUl racionalid:1dc li1nita(~l, Lu'n grnnde 1~lunero de 1.>esc1ui&l.S indica que os toll'1a- dol'eS de deciW<:s lan1bc.':1n per1ni1cn1 que cri'OS e vieses s.is1e1ttá1icos aut1p.1Jhcn1 scusjulga,ncn- tos. ló Pata 1nini,nizar o c:i:f01"Ço e evitar dile1nas, as pesso;is tcndcn1 a se vale,· e.xcess.iv;\111enlc da própria expcl'iência, de seus inlpulsos., i1t51in1os e regra.5 de 'senso co1nun1• con,·cnicnte$ no 111on1en10. E1n rnuil.a'i si luações.. esse=> atalhos podc1n ser \'álidos. Contudo, eles tan1bén1 podcn1 conduzir a sérias distorçôc.~ da rcali<ladc. A.nalis.c1rc1nos a seguir as distorções rnais comuns. Excesso de confiança U,na 1náxi111a conhecida afi r1na <1ue "nenhunl prohlen1a dc-jul- ga1ncn10 e con1ada ele decisão é n1ais. connun e po1<;nçiahnente catastrófico do que o ex- cesso de confiança".~• Qpando no,s íhzc1n p<:rguntas sobre assuntos concrelos e pcdc111 que avalie111os a probabilidade de ;ice rto de nossas 1-cs1>0stas, costunlarnos ser c.·xccssi\'a111cnlc oti1nista~. Quando ;1s pcS!iOas dizt'"ITI estar de 65 p<>r cento a 70 por cento c•-:rt<.1$ q uanto à correção de suas r(..-spostas, n.:~ verdade seu índice de acerto é d(! (lJ.><:nas 50 1>0r <.:Cnto.u Quando l(·11, l 00 1>01' cc,uo d<- CCL"tCZa: seu indicc de ace1'to é, na \'Crdadc, de iO po1· cc,,to a 85 por cento. 0 \ leja OUll"O$. cxenl plos intetessa11les. Un1 expeii1ncn10 condui ido conl pro- fissionais do ,nercado financeiro h·ra.~ilriro exe111plifira o \'iés C:SLuclado. ]·Oi-lhes pedido que dcLernlinasse111 un1 intrrvalo, conl 80 por cento d~ precisão~ para o valor do índice lbovcspa cn1 un1 horizonte de urna scrnana. 1\ pcsar de podcrc:n1 escolher os valores que quiscssc:111 (por cxc1nplo, entre O e 100 rnil pontos), o grau de acerto íoi ele cerca de 62 por cento, o que indi<:a u111 'excesso ele coníiança 1r1é<lio' de 18 por ccnlO .... Ern u1na l>t..''Squisa rcalizad.-1 11os Estados Unidos, 90 por ccr"llO dos 11orlc-~11ncri~nos adul- tos dis.scran1 que eS)x:1-av.:,111 ir pal'a o céu. Em outr.-i pesquisa, so,nente 861>01" cc1110 1x ns,.-.van1 que ~ ladr-e l ê:res..1 estava no céu. Isso é que é excesso de confiança! ~ indivíduos que poss.uen1 habilidades intc.:lecn1ais ~ i1ueq:>essoai~ 1naisfiacas aprcsent:un 111aiorcs prohabilidacles de su1>Crcsti1nar sua capacidade- e dcsr.1nprnho.4·' t\ssin1, ((lLanto anais tnn adn1inisu1tdor ou subordinado aprende a respeito ele aJgu1na coisa, 1ncnor será a proba~ bilidaclc de ele dcn1onstrar ('XCCS.W ele Confian<-a, .. , rran1bé111 lui \Ulla rcf~lÇàO llC~r.ltiv;., entre O otimi.lmo do:; cmprccnclcclorcs e o dcscm1x:nho de suas no,,is empresas: quanto mais otimij, tast ,nenos succsso.4 : J\ tendência aprcsc,nada pol" .-'llguns «·n1pl'Ccnck .. "<lorc~ de ser confia11le...s den1ais e1n st1;is ideias pode i1npcdi1· o plan~jan1cnto pai-a ('\itar p1'0ble1nas evcnruais. 172 Compo11amento organiia~ional Ancoragem Tendência de ancorar o julgamento em uma informação inicial, o que dificulta o ajuste diante.de informaçõ::Js postenor0$. Evidência confirmadora Tend3ncia a buscar informações que corroborem escolhas anteriore-s é désearttlr as que co-ntestem I julgamentos prévios~ Viés de disponibilidade Tendência de julgar as coisas com base nas infortnações mai! 1 facilmente disponiv~ l\pcs..u· ele o excesso de confi:u1<;a tender a surgir quando os 111cn1bros de u111a org•tn.izaç;io u-;:lba.Jhan1 fora de sua área ele CS§Xx:ialidade, isso 11c"io significa que os charnados ·cspc.'Cialis.tas' scja1n i1t1\111es a ele. U,n t-srx:ciali.sta de 511,-est.i,ncnto d.:1 1"(.·vista /Ylrh11iedcclarou, cn1 ~1bril de 2008, (j\1(· :.<> ano vai 1c.;1·rnin::u· na roluna pO$.itiv~1" <.: a<TCSC<:1uou q~,c a\ perda-. do n1cr'Ci1do =·conli1·- 1na111 que n1inha aposaa ... fOi s.'lhia ". Bern, ncrn o ano tcrn1inou a~in1 nc1n s.ua a.posta foi .s.'lhia. Fishc1; cnt,lo, rc.x:on,cnclou vivan1cnte que se co1npraSS(::1n ações de quatro cn1prcsas: ' lOyota (que !'ª""'" dc I07 dólares para 77 dólar<.-s um ano depois), BP (que Í<>i de 62 dólares pam 40 dólares cm um ano), JPMorgan Chase (de 46 dól;ux-s para 33 clólar<:s) e Abbou Labs (de 55 dól:m.'S par:, 43 dólares). Pelo n1cnos lCnlóS de aclrnb·ar a vitória da confiança sobre o 1nérito nesse t~tSO! Ancoragem O ,-iés ele ancorage1n é a tcnclênci:, ele nos íixar,nos cn, unia inforn1açào con10 ponto de p:trtid.t e a dificuldacle de nos ajustannos diante ele infor1naçÕl'S postc1io- rcs. 18 Jsso ocorre porque noss.:.t n1cn1c tende a dar u1na é11f.tse dcsprop-Orcional à pri1ncira infor111açào c1uc recebe.•" ,\.s âncoras são n1uito utiHiada.s por profissionais con10 publici- tários, ad,nlnislradores, políticos, corretores de i1nóveis e advo!,rados círeas en, que as habilidades ele pcrsuas~o e negocia(Ho !,.ão i1n1>0tlantes. 10da vez que u1na ncgocia(ào ocotrc, uunbt,n acontece ancotage,n. Na rncdida c,n que alguérn c~:iabclccc uni nlnncro, su;i capacidade de ignorá-lo ol~jc1.iv,unenll": rica con1pro· n1etida. Pot cxc1nplo> quando a \ laJc negoei.t o preço do nliuéiio de fe rro con1 as siderúrgicas chinesas e japonésas, os valores acertados por css.:.ts empresas sc1,·cn1 de base (fn1cor..-1.) para suas futuras ncgoc:iaçõc-:; coin outras rnineracloras. Quando u1n potencial c111prcgador per- gunta " ,·ocê qual era seu salário anle1io1; sua resposti1 sc1,~rá co1no âncora da oferta q ue C'lc..: lhe f.1r.:l {Je,nbrc·.sç disso d~1 próxirna vez que nc.~gociar seu saJá,io, fix,lndo a ,lncora no 111~íxi,no qlle pud<:t. n,as de for,na rcnlista.). Fi1lal11H·1uc-, qua11lo ,,,ais precisa íot sua t111cota, n1enor será o ajus1c feito. Algun1as 1xsquisas sugcJ'e111 que cenas pessoas conS'idera111 ajuste o arrcdonda1ncnto do nún1cro fixado na ancoragcrn. Se você propõe tun sal;lrio-alvo inicial de 5 .500 reais> seu cllcfc consiclc.rará os valores enLrc 5 1n il reais e 6 niil reais., tuna boa n1ar- gtn1 de negociaç•lo. Poré1n1 se 1nencion<'ir 5.560 n.:ais1 seu chefe fic.ir:i propenso;\ considerar corno ,·alor de ntgociaçào ;\lgo entre 5.500 reais e 5.600 reais. Evidência confirmadora O proCt~o de tomada de decisões racionais pressupõe que Jcvan- tc111os inforn1açõcs de rnanrir.l objcti"ª· ~·las isso não acontece. Lcvanlan1os as infôr111açõcs se.lttll:all1n1le. O viés da evidência confirmadora representa u111 úpo cspec'iíico de 1)(:rtep· ção scletjva: busca,nos inforn,açõcs c1uc corrobor<:111 nossas t.."SColhas ;H1t<.:1iores (' desprc-/.a- 1nos aquelas que as co11testa1n.S1.1 1à n'lbé,n lendc,nos a aceitar pro11lan,cnte as inforn1açõcs que coníir1na1n 1lOSSOS (>01uos de vista p1'('concebidos e son1os críticos ou céticos con1 1·claçâo àqt1elas qoc os oontl'aria1n . Por1an10, as infonnaçõcs que levantan1os J>OSS\1cn1 un, viés de ron- firn1açào das opiniões c1uc já únhan10.,;;.. ·1cnclc1nos até n1esn10 a pro<.'l1rar íontcs onde s..1bc1nos que encontraremos o c1uc qucrcn1os ou,i ,: Isso 1a1nbén1 nos leva a dar 1nuito mals in1ponância {is inlônnaçõt.-s que corrobora1n noss.a. opinião e a cle.sprczannos as que a contrarian1. Viés de disponibilidade ~\ri ui10 nnais gente ten1 n1ecto de ,·oar de a,iào cio <1ue de dirigir u,n carro. 1' las, se- voar ern un, avião con1erciaJ fOssc tão perigoso quanto dirigir unt carro, para iguaku· o risco de se 111orrcr c1n u1n acidente au101nobilís1ico seria1n ncc<:ss..1.rios dois acidentes sc1n sohrcvivcntcs a cada sc111ana com aeronaves do tipo 747 lotad:ts. No entanto, a mídia <h\ 1nuíto rnais atenção aos acidentes aén::os e atabarnos por supe1-cs.1in1ar o riscô de viajar de ;,vlf,o <~ subes1i111ar o de dirigir un, au101nóvel. () viés d e dis po n.ib ilidade é :11enclê11('ia de a.s p<:S$0a.Sjulga,·ern as rois;:,$ COlll base nas inforn,ações ,nais disponíveis.l ' Os rvento.s que despc1'1an, nossas e,noçõcs. <JlH .. são particular1nente vividos ou que ocorrera1n há pouco l<:1npo 1cnden1 a estar mais disponíveis enl noss..1. n1c1nória, Jcvando~nos a supcrcs1in1ar e,·cntos itnprovávcis co1no os acidentes de avião. O viés ele disponibilidade tan1bé1n pode explicar por que os cxcculivos1 quando Í."lzc1n suas avaliações anuais> dão rnais peso aos co,nportan, cntos 1nais recentes de:: seus runcio,1fi1ios do que àc1ueles de seis o u 110,·t 1ncws au·{1s ou 1'>0r que as agências de crédilo, con,o a tvloody's e a S1andard & Poor1s, auibuc,n classificações de ,isco e.xcc::ssiva,nentc positivas <111ando se apoi.:i1n e,n iníor1nações aprcs<'n1aclas por l1lstitt1i(ôes ele crédi10, que 1ênl lH11 incentivo para íOrnccer dados tn1 seu Í.'lvor. Escalada do comprometimento Apego a uma decisão anterior, a des.peito de infoflnaçôe'S negativ&s. Erto de alet1toriedade Tendência individual de acreditar que se pode prever o l'e$ultado de I eventos aleatôrios. __J Avt($ãO ao l'ÍS(O Tendência a preferir um ganho certo de uma quantidade modérada a \lm resultado mais arriscado, mesmo que este tenha uma . 1 compensação mais ~ Capitulo6 Percepç.\o e tomada de decis3o individual 173 Esca lada do comprometimento Outro ,iês que arncaça as decisões é a tendência de au1ncntar o cornpro111cti1nento.s1 ªi\ escalada do comprometimento pode ser definida con10 o apego a un1a decisão antc 1ior; 111cs1no quando fica cla1"ó que ela foi tun erro. ln1a- gine ur'll a1nigo que esteja 11:;11YH)1·a11do urtl;.'I n1oça IHá ciuau-o anos. 1~1nbor;\ ad,nita que a.s coisas nt10 vão 1nui10 bc1n en1rc os dois, ele d iz que ,·ai SC' casar c.01n C'la. Su:1 jui.lifirativa: ,:1 nve$ri ,nu ito nesse rclarionan1cnto!" . .1-\ s pessoas aun1cn1a1n seu con1p1'01nct.in1cn10 corn ações 1llalsuccdidas quando se vccn1 co1no rcspons.:Í.\'cis pelo ffacasso.» Elas dcspcrrliçan1 1nui1a energia para rccu1>erar o prejuízo na tentativa de dc1nonstrar que sua decisão inicial não l'SUl\~t errada e não ter de adn,itir que co111ctcra111 un1 e1To.1 • O caso do fundo ele pc11.sào cios f'uncioná1ios do Banco do Brasil, Pr<:vi. e o cOnlplcxo b~ia no de rtSorlS Cosla do Sauipc é c1nb1cl'nático. l)csdc sua consu·uç-?10, cn1 199i. até 20031 a Prc\'i teve de n::aliiar seguidos inveiairncntos 1>ara solu- cionar l))'Oblen1as corn soas pareci t".-lS e gal'an1i,· a 1nanutcnçào do negócio, 1nes1no sabendo que os resultados cstrlva1n n1nito :aquén1 do esperado:"" ~ a verdade, ac1uelcs que colc1a1n e ponderan1 as in10rn1ações cuidadosa1nc:ntc, seguindo o n1o<lc.lo da to1nada de decisões racional, aprcsc111arnu1na tendência 1naior ele se envolver cn1 escalada de con1pro1nctin1cnto do ql1c os que gastan1 1ncnos tc111po pc 11sanclo c1n suas opções.:.-. 'I"alvcz isso ocorra porque eles invcstir-An1 tanto te1npo e energia c1n suas decisões que acab~u11 se convencendo de que estão no ca1ttinho certo e não atuali,:a111 seu conhcci,ncnto diarut da$ novas i11fonnaçôcs. i\lu itas orgaoi?'..-:'l(ÕCS j<á sofrcra1n por<1ue 111n executivo 1·csolvcu 111'Qvar que sua decisão 01iginal es1a,~ reria e continuou colocando rccl1rsos cn1 u,na causa prrdida . Erro de a leatorie dade Os sc1·.;.·s hu1n<-1nos 1ên1 dificuldade para lidar co111 o acaso. 1-\ n1aio ria de nós pn:fCrc acrcdi1ar ((UC tc.:n'I ;;1lgu,n controle sobre o ,nundo e sobre o prúp1io destino. Nossa tcnclênci:1 en1 ac,-cditat c1uc podcn1os pte,'(:I" o l'CSuhaclo de (·, .. c:ntos al<:a· 1ó1ios chan1a-sc erro de aleatoriedade. O processo de to1nada de decisões fica prejudica.do quando lcntan1os criar u nl sc111ido para eventos alcató rjos, p1i ncipal n1cntc quando trHnsforn1a1nos padrões Unaglnários cn1 supcrstiçõcs:H Estas poclc1n ser total111cntc in ,·cntadas ('1.Eu nunca ton10 decisões i111po r~ t;lnlcs cn1 scxtas-fcirns 13") ou decorrentes de algtllll padrão de co1nportamcnto reforçado prc,~al'ncnte ("'Felipe ~·lassa veste scn1prc a 1ncsn1a cueca nos 1rcinos de classificação, aos s,íb.iclos, e uas corridas, HOS do,ni ,,gos, p.11·a 'dar s(n'tC)t).se: Os co,11J'4)1'lt111,c.n1os supen;ticio- sos podc1n ser oorivos quando aurapalhan1 nosso julgan\cnto cotidiano ou clis1orcc1n u1na decisão i1npor1antc. Aversão ao risco Se pcnscássc mos n,a1e1nc11icanlé11te1 un, jogo ele cara ou coroa para ganhar ccan reais t<:riê-'I o 111ci.n10 ,·alor <1uc 50 reais gal'a111 iclos . . i\final de contas, o valor esperado da apos1a d ividido pelo 11t'i n1c1·c, de possih ilicladt·s de ,·cnccr é de 50 tc~is. c:on- 1uclo, a n1aioria das pessoas não considera essas duas opçôe:,, igu:1ln1cn1c válidas. Pelo contrário, quase todo inundo> con1 cxccç~lo ele aposcadorcs 'viciados', preferiria o rc-sul~ taclo ec110 a un1a possibil idade a rriscada. Para n1uilos. os 50 por cento de possibilidade de ganhar un1a aposta ele cara ou coroa, 1ncsn10 por 200 1-Ctiis, pode não ,·alcr tanto q u<nlló a garanti;-\ de ganhar 50 rcais1 n1esn10 quando a 1\pOsta corresponde 1-riatcrnatica1n<:nte ao dobro do valor gar,1111ido! Ess"1 t<: 11clência ele prcfcrlr o que é certo ao resultado <u·riscado é a avers ão ao risco. ..-\ aversão ao ,isco tenl in1plic-'çôcs in,pol'tantcs. Pc1ra contrabalançar os riscos inc- rentes de un1 pagan1cn10 por con1issào, as cn1prcsas paga,n aos f uncion~áiios co,nis.sionados consideravcln1cntc 1nai.s do que aos que ganhan1 un1 salário fi :...o. Os trabalhadores a\'Cssos ao risco manté1n sua nuu1ci.ra t'St.t.bclccida de fazer o trabalho cm vez dt• arriscar o uso de 1nétodos inovadores ou criati,·os. Coutinuar corn tuna cstra tébria que funcionou no passé,dO de ~uo ,ninimiia o ri$CO, ,n.,s, no l<Jngo pr4z.o. lcv;-1 il cstagnaçào. As pessoas an1bici0Sr'IS que ci.tâo suscc1ívcis ~1 perder $eo po<ll~r (.=i 1naioria d~ gcs1orcs) pa,-ecenl 1c1· t•special aversão :10 risco, talv(·z por não q\l<:l'c·rc1l 'I perder, e,n 11111a apos1a, tudo<> que~ lu111ra1n tanto pa!'a conseguir:;? Os CJ~Os que eorrcnn o risco de ser dcnli1idos 1a1nbé1n são excepcional111en1c avessos ao risco, 1ncsn10 quando uana cstr.ul:gia ele invcstin1c1110 n1ais arriscada é n1als in· tercssantc para sua tn1prcsa.1.ii 174 Compottamento orgc1niza~ional Con10 as p<."SSOas s..1o n1cnos propensas a cscaJar o co1npron1cürncnto quando o grau de i.11cc11c1.a é gn1nde, as in1plicaçõt1, cl ;:1 avcrs.\o ;10 tisco não s.-lo de todo ruins. Quando u111 in- , -cstirncnto de 1i,S(,."O não se p.ag.: ... , a 111aioria das pcs...-.oas prefere :i:,gir co,n cautcl.:1 e çort:'\I' suas perdas. ,nas, c1uand<> pcns;1n1 que o 1esuh.acl-0 e'· r<;no, elas continua1n no c:uninho ela cscaJada. A~ p l'cfCrências pelo risco às vezes acon1cccn1 ao con1 ,-.trio: as pessoas pl'cfr:t't~111 ar- riscar a sorte quando tentarn evitar un1 rcsuhado ncgati,·o.61 Prcrcrern t'hzcr tuna aposca de 50 por cento de chance de 1x:rder 100 reais a aceita r a perda certa de 50 reais. Ponanto, prcfcren1 arriscar perder 111uito dinheiro c1n un1a jogada a 111ini1niz.ar os prejuízos. ' fentar encob1ir un1 crin1c c1n vez de adn1itiir u111 erro) apesar do iisco de enfrentar u1na cobertura COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL NA MÍDIA A maldição do vencedor nos lei lões de rodovias federais A maldiçâo do vencedor é outro viés que normal- mente induz ao erro os tomadores de decisão. Isso acontece quando os participantes de um lei- lão, na ânsia de conseguir vencer, sobre-estimam o valor do bem a ser leiloado. Uma forma pela qual a maldição do vencedor é exemplificada é por meio do esquema de f,xação de tarifas de pedágio nos leilões de rodovias fe- derais. Desde o inicio do processo de desestatização no Brasil, em meados da década de 1990, muitas rodovias públicas passaram por processos de leilão. Com isso, a administração de muitos trechos de estradas foi trans· ferida para empresas privadas, que se comprometiam a realizar investimentos e, em contrapartida, poderiam cobrar tarifas de pedágio pelo see,iço prestado. A disputa pela concessão das rodovias ocorria por meio de licitações em que cada empresa interessada deveria apresentar o valor da tarifa que seria cobrada nos pedágios. Como todas se comprometiam a realizar obras de melhorias semelhantes, como a duplicação de pistas e o aprimoramento da sinalização, ganharia a em- presa que oferecesse o menor preço pelo see,iço. Foi aqui que teve início a maldição para as empre- s,,s vencedoras das sete licitações de rodovias federais realizadas em outubro de 2007. As tarifas oferecidas por elas foram muito baixas, apresentando desvalori· zação de até 65 por cento em relação ao teto apre- sentado pelo governo. Isso gerou uma euforia muito grande na população e nos órgãos públicos, que co- memoraram o fato de as tarifas variarem de 0,997 real a 3,865 reais. Contudo, muitos especialistas criticaram a agressividade das vencedoras. Em setembro de 2009, entretanto, as empres,,s ven- cedoras apresentaram um plano de reequilíbrio econô- mico-financeiro, solicitando o aumento do valor da tarifa ou o prolongamento do prazo de realização dos investi- mentos, avaliados em 20 bilhões de reais, até 2032. De acordo com as concessionárias vencedoras dos leilões, isso seria necessário em virtude da lentidão da burocra- cia estatal, que teria dificultado a instalação das praças de pedágio. Por essa razão, o pedágio começou a ser cobrado com alguns meses de atraso, o que prejudicou a situação financeira das empresas. De acordo com sindicatos de empresas de trans- porte e logística, porém, as exigências administrativas estatais, como licenças e outros documentos, já eram conhecidas pelas empresas vencedoras quando estas ofereceram seus lances no leilão. Logo, não seria justo aceitar as solicitações das concessionárias. Em setembro de 2009, Bernardo Figueiredo, dire· tor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTI), disse que • os atrasos no início de operação das praças de pedágio decorrentes de problemas que ex- trapolam o risco da concessionária" seriam avaliados. "Aqueles que estariam previstos no contrato, não.• Não há uma maneira infalível de evitar a maldição do vencedor sem saber o valor futuro de um bem ou todos os riscos envolvidos; logo, é praticamente impossível impedir que ela ocorra. Mas, os proponentes podem reduzir a probabilidade de sua ocorrência fazendo sua 'lição de casa' para que possam prever o valor futuro da forma mais exata possível. Com isso, eles podem ofe· recer lances um pouco mais baixos do que o valor que consideram justo ou, como no caso analis,,do, tarifas um pouco mais altas. Isso pode fazer que o proponente seja menos propenso a vencer o leilão, mas irá protegê-lo de pagar mais quando ganhar. Proponentesexperientes sabem que não querem ganhar se isso significar que pa- garão mais do que o preço justo. FMtt : ' Ju!l,ç,> l;b<,,• l•a&o d6 ,odov,u Oó PM.10$' . G 1- E......,,,. é N~,. 9 evt. '2007: • Rén6t Pé,•u>. ' Rõdô.,u I•&<•;• J)édónl ,...;, ped&gío" e ,.Gove<no vai eStvdar aiso a C3&0", O Estado de S. P1vk>. 24 sei. "l!X1/, Vi6s da compreensão tardia Tend@ncia a achar que sabíamos antecipadamente o re-suhado de um evento depois de _J ele ter ocorrido. Capitulo6 Percepç.\o e tomada de decis3o individual 175 de i1nprt'nsa rcahncntc catastrófica ou atC 1ncsn10 ser preso. é outro cxc111plo d i.sso {\'cja o ca.so do goleiro Bruno!). f\s situações cstrcssttntes podc1n tornar essa prcfcrénri;, pelo risco aind<'I ,·n3is rortc. QuHndo cst~o sob o efeito de estresse,~ pCSSO(tS tendérll a se con·1portar de rnanci,-a .-'ln'isc.:1d;, se: isso c·nvol\'e1· n:.:suhados ncg:11ivos e d(• 01.:uu·ira a\'cs.sa ao risco se.: os rc:..~uhados fOrc1n posi1ivos. Compreensão tardia Es.se viés é nossa tendência de, <lepois da ocorri:ncia de un1 C\'CH- to, ter a tàlsa in1pre~ão de c1ue S<lbfrunos qual Sel'ia s.<:u resultado."1 Q\1ando te1nos \una inf01·nH1.çào })l'(:Cisa de un1 ,·csuhado, p.:11·ccc-nos 1nui10 claro que este era óbvio. Un1 cxcn1plo n1uito claro O<'o,rrc no ca1npo das finanças: co1npol'lan1cntais e é de,nons- trado p<:las ações e afirrnaçõcs doo investidores. S<·1npr<: que ui-na ação sobe n1uito, ou cai 1nuito1 é con1u1n ouvir fras.cs do t ipo: '·sabia c1ue isso ocorreria., e "deve da ter con1prado esse papcl1 era évidcnlc que ele se va101izaria '\ Os executi\·os de \ Vali Su-ec1 lan1bé111 lc- vara1n a culpa p-01" supostan1cnté 11ào ter cnxergndo o que ago1-;.l nos parece Ób\·io: que os preços do ,11c1'C.:1.do i,nobili<'lrio csta\·an, i_nflados, que ,nuitos e1nprésti1nos arriscados ün- ha1n sido ICitos e que o valor de 1n1.titas ·gal'atllias' IOi baseado e,n suposições frá.geis. 1\pcsar de podei' haver al~1111 1nêri10 na.~ c1·íticas, con1 fi-cc1u(:ncia as coisas pare-ccn1 ('laras dc1nais quando analisadas depois que já acon1eccrarn. C:on10 cStl'(:vcu tvlalcon1 Clad"·cll, autor d<: BU11k e ele Tltt '1ipf>i11g f billt: ··o que parece c laro quando visto ele unia perspectiva tardia é r.,ra1nentc chlro anlcs do fato aco111ccido" .t,1 O viés da compreensão tardia reduz no.ss.-t capacidade dé ,,prender co1n o pa.ssado. Ele pcrinite que c,creditc111os que :;01nOl5 n1clhorcs do <1uc 11a verdade so1nos e1r1 lhzcr prc- ,~sôcs e nos torn.:l t:,lsanltnlé ço11fia11t('S. Se o vc.:rdadciro ínclicc de açettos de nossa,!) p1"(.·visõcs é; de 40 pot cento, 11las acttdita1nc>s: C(\•C ele seja de 90 1)()r cento, ptov.:1vel1nc1uc clesconíiare- rnos pouco ele noss.1 real capacidade de ra1.cr p1-c,isõcs. ftnfluências na tomada de decisões: diferenças individuais e restrições organizacionais ,\qui. conccn1ran::1r10-nos cm unia d.iSéussiio sobre os íatores que inllucncia1n o n1odo con,o as 1>essoas to1nanl decisões e o grau crn que elas ~ .. o suse<:tívcis a ci-ros e vic:;<:s. l)iscu- tire,11os corno as diferenças individuais e as rcs1l'ições o rganiiacionais co1uribucnl para isso. Diferenças individuais Na ptálica, a ton1ada de decisões carnctcri? .... '1-SC pe.la tacionalidade li1ni1ada1 pelos cr- ms e vieses conlu ns ao processo decisó1io e pelo uso ela in1uiçào. Alé,n disso, hà dife1-cnças individuais <1ue resuharn e1n desvios do 1nodclo raciQnal. Nesta seção, exanlinare1nos 1rê-s vari;\veis ele difêrcnças individuais: personalidade, gênero e habilidade 1ncn1aL Personalidade 1\ pouca pesquis.-"l íci1,l até hojt sobl'(· pc1-so11aliclad .. ~ e 101nada de dc;c.isõc.~ sugere c1uc a prin1cita de fruo inAucncia a segunda. Exarninarernos aqui a consci<~nriosicla<lc e a au1oc-stin1a. Fac;cras específicas da conscienciosidade - e não o u·aço considerado con10 lUll todo - podcn1 influenciar na escalada do con1pron1ctin1c1110.61 Duas í.,cctas de con~ scicnciosicladc) cn1 pa1ticular - esforço na rcali7.açào e dedicação - aprcscntar;un efeitos co111r,-lrios nesse.' quesito. 1\s pessoas que se csfor{av;:,m na rcaJi7.açào tc11dian1 a intcn~ sific,1 r seus <:on1pro1n issoi:, ao pa:sso (lU(' a!> dcdic<1das cr~un 1nc11os propensas a isso. Po1· quê? Ccralrncntc ,1s rlcssoas voltadas à realização odci:un làlhar, por iss.o inl<:nsi fic;11n seus ço1npro1nissos nn esperança de cvi1ar o fl'acasso .. A.s pessoas dedicadas, no entanto, são n1ais inclinadas a làicr o (1uc acharn ser rnclhor para a org;iniiaçâo. E,n segundo lugar> os indivíduos que se csíorçan1 na realização parcccrn ser anais suscetíveis ao vié:1 da con1prcensào tardia~ talvci por tcrcrn urna grande necessidade de ju:Hificar a adcquabilidadc de suas açõcs.":i J nfcliz111cnlc1 não há evidências ele que as pessoas dedi- cadas scjan, in,uncs e, esse viés. 176 Compottamento orgc1niza~ional Marcos Tanaka exemplifica bem co,no os t,aços de personalidade afetam a tomada de decisão individual. Ao ,eceOOr um convite para ser sôcio-di,etor da Boo·Box. uma emp,esa iniçiante de marketing on-line do São Paulo, ele abandonou sou emprego em uma grande çonsultoria, onde ,ecebia aumentos salariais anuais e tinha grandes chances de ascensão. Sua nova função "é muito diferente daquela carreira trilhada de multinacional ", conta ele. Extrovertido e aberto a novas experiências. o executivo diz que *queria ser pioneiro, empreender e criar mais". mostrando o poderoso papel de nossa pe,sonalidade nas decisõe-$ que tomamos.t<i> Por llltin10, aqueles que possuenl elevada autocs.tiina sf10 baslantê n10Livados a n1antê· -la.1 t nui.o us.-Hn o viés da auloconvcniência para prese1,r.,l-la. Eles cu1pan, os ou1ros por sua.s r:-.Jhas enquanlo l"Ccebe,n os crédílos pelos sucessos.''' Gênero Pcsc1uisas sobre run1inaçào ofcrecc1n algun1as ideias sobre as diferenças entre os gCncros no processo de to1ntldà de dc<:i.sões.6! 1\ ru111i11<1ç,io é urn lt rn10 que se n.::rcre à rcílcxão ,ninu<:iosa sobre tnn assunto. Dentro do processo de 1ornada de d<·cisõcs. significa pensar dcnlais nús problC"111as. \finte anos <le estudos indica,n qut a.\ rnulherc:s ~s1•.11n 1nuito ,nais 1c1npo an;alis;indo o p;ai;sado, o presente e o fi1111m. Elas trndc1n a exagerar na análise dos pmhle,nas antes de 10111ar u1na decisão e, tuna vez ton1ada. voha1n a. <'Xan1iná·la. Isso pode levar a tuna consideração 1nais cuidados.a dos problcrnas e das <.iscolha.~. Contudo. t::u11bén1 pode dificultar a resolução cios problc111as e levar ao arrcpendin1cnto pelas escolhas lêitas e à depressão. ,.._\s 1nulhcrcs 1é1n o dobro da lCndência dos ho1ncns ptu-a dcs.cnvolvcr dcprcssào.1t• 1\ inda não cst,\ cl<11"() 1>0r <1uc as :inulhc1-cs ru1ni11'11n ,nais que os ho,ncns. Urna das teo- rias scr·ia tt de que os pais cncor}\ja,n e rcrorç.-11n as exp,-c~ôes de, 1ristc1.a e .-1nsicdacle ,nais nas rncninas do que nos n1c11inos. 011tJ-a argu111cnta que as nu1lhe1-cs., n1ais ql1e os ho1ne11.s, bascia111 sua au1ocstin1a e bcn,~cstar na opinião que os ouLros tê111 sobre elas. U,na terceira possibilidade é que as n111Jhcrcs 1ên1 n1ais se11cin1cnto de cntpatia e) assin1 , s...1.o n1ais afCtada.i pe lo que acontece às oulras pessoas. Por isso, elas 1ên1 n1ais coisas sobre as quais rtnninar. E1n torno dús I J anos de idade as rncninas j ::i. 11.1n1.ina1n 111ais que os 111cninos. Cozn o pass.."'r do Lcrnpo1 c..·ssa clifcrcnça l<:ndc a dirr1inuir. ,\s diferenças são rnaiores duranLc o cornc(O da vida adul1a e n1cnorcs depois dos 65 anos, qua,,do a,nbos os gêneros n11nina1n 1llCnos.ro O modo como Elisabete Waller, vice-presidente de aplicativos da Oraclé do Bl'asil, conduziu uma das deçisões mais difíceis de sua carreira serve de exemplo p~rc1J as influências do gênéro feminino na tomada de decisões. Tendo de cortar 1 S por cento dos seus 250 funcionários, a éxecutiva fofmou um comitê com det membros de sua equipe, ao qual recorria sempre que considerava necessário. Atém disso, utilizou divérsas informações do passado. como o histórico de avaliações semestrais
Compartilhar