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GABRIEL FREITAS SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS IV Problema 1: Fases da Lua OBJETIVOS: REVISAR A FISIOLOGIA E FUNCIONAMENTO DAS GLÂNDULAS ADRENAIS, COMPREENDER AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME DE CUSHING E PESQUISAR A FISIOPATOLOGIA, TRATAMENTO E DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PARA ESSA SÍNDROME. ANATOMIA DAS GLÂNDULAS ADRENAIS As glândulas suprarrenais são revestidas por fáscia renal, pelas quais estão fixadas aos pilares do diafragma. Embora o nome “suprarrenal” sugira que os rins são a relação primária, a principal fixação das glândulas é aos pilares do diafragma. Elas são separadas dos rins por um septo fino, parte da fáscia renal. Cada glândula tem um hilo, pelo qual as veias e vasos linfáticos saem da glândula, ao passo que as artérias e nervos entram nas glândulas em diversos locais. Cada glândula suprarrenal tem duas partes: o córtex suprarrenal e a medula suprarrenal, essas partes têm diferentes origens embriológicas e diferentes funções. CÓRTEX O córtex suprarrenal é derivado do mesoderma e secreta corticosteroides e androgênios. Esses hormônios causam a retenção renal de sódio e água em resposta ao estresse, aumentando o volume sanguíneo e a pressão arterial, também afetando músculos e órgãos como o coração e os pulmões. MEDULA A medula suprarrenal é uma massa de tecido nervoso permeada por capilares e sinusoides derivados das células da crista neural associadas à parte simpática do sistema nervoso. As células cromafins da medula estão relacionadas com os neurônios dos gânglios simpáticos tanto em derivação (células da crista neural) quanto em função. Essas células secretam catecolaminas (principalmente epinefrina) para a corrente sanguínea em resposta a sinais de neurônios pré-ganglionares. Os potentes hormônios medulares epinefrina (adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina) ativam o corpo para uma resposta de fuga ou luta. Também aumentam a frequência cardíaca e a pressão arterial, dilatam os bronquíolos e modificam os padrões de fluxo sanguíneo, preparando para o exercício físico. IRRIGAÇÃO, DRENAGEM E INERVAÇÃO As artérias suprarrenais ramificam-se livremente antes de entrarem em cada glândula, de modo que 50 a 60 artérias penetram a cápsula que cobre toda a superfície das glândulas. As artérias suprarrenais têm três origens: Artérias suprarrenais superiores Artérias suprarrenais médias Artérias suprarrenais inferiores A drenagem venosa das glândulas suprarrenais se faz para veias suprarrenais calibrosas. A veia suprarrenal direita curta drena para a VCI, enquanto a veia suprarrenal esquerda, mais longa, frequentemente se une à veia frênica inferior e drena para a veia renal esquerda. GABRIEL FREITAS SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS IV Os vasos linfáticos suprarrenais originam-se de um plexo situado profundamente à cápsula da glândula e de outro em sua medula. A linfa segue até os linfonodos lombares. A inervação das glândulas suprarrenais provém do plexo celíaco e dos nervos esplâncnicos abdominopélvicos. As fibras simpáticas pré- ganglionares mielínicas derivadas principalmente do corno lateral da medulares, atravessam os gânglios paravertebrais e pré-vertebrais, sem fazer sinapse, e são distribuídas para as células cromafins (As células cromafins são uma espécicie de neurônios simpáticos pós ganglionares que são estimuladas pela aceticolina) na medula suprarrenal. FISIOLOGIA DAS GLÂNDULAS ADRENAIS CÓRTEX Os principais hormônios secretados pela face cortical das glândulas adrenais são os mineralocorticoides (ALDOSTERONAL), glicocorticoides (CORTISOL) e uma pequena quantidade de hormônios androgênicos. Os mineralocorticoides receberam este nome porque afetam, os eletrólitos dos líquidos extracelulares, sobretudo sódio e potássio. Os glicocorticoides têm este nome por seus importantes efeitos que aumentam a concentração sanguínea de glicose e apresentam efeitos adicionais nos metabolismos proteico e lipídico. O córtex das adrenais são divididos em: Zona Glomerulosa, Fasciculada e Reticular. A Zona Glomerulosa é a responsável por produzir a maior quantidade de Aldosterona, sendo modulada pela Angiotensina II e pela concentração de K+. A Zona Fasciulada tem por função produzir a maior quantidade de cortisol e corticoesterona, ambos glicorcorticóides, e em menor quantidade androgênios, sendo controlada pelo ACTH produzido na face anterior da hipófise, ou adenohipófise. A zona reticular produz a maior parte dos androgênios como DHEA e androestediona e é regulada pelo ACTH e pelo hormônio estimulante do androgênio cortical, produzido pela hipófise. Porém, esses mecanismos de controle ainda não são tão bem entendendidos. Altas de Histologia- MED UESB Todos os hormônios esteroides humanos, incluindo os produzidos pelo córtex adrenal, são sintetizados a partir do colesterol. Embora as células do córtex adrenal possam apresentar síntese, de novo, de pequenas quantidades de colesterol a partir do acetato, aproximadamente 80% do colesterol usado para a síntese dos esteroides é fornecido por lipoproteínas de baixa densidade (LDL) no plasma circulante. O transporte do colesterol para as células adrenais é regulado por mecanismos de feedback que podem alterar, acentuadamente, a quantidade disponível para a síntese dos esteroides. Por exemplo, o ACTH, que estimula a síntese de esteroides adrenais, aumenta o número de receptores de LDL nas células GABRIEL FREITAS SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS IV adrenocorticais, bem como a atividade das enzimas que liberam o colesterol da LDL. Uma vez que o colesterol entra na célula, é transportado para as mitocôndrias, onde é clivado pela enzima colesterol desmolase, formando pregnenolona e os hormônios em sequência. Os hormônios adrenocorticais plasmáticos ligma-se a proteínas plasmáticas, especialmente uma globulina chamada globulina ligadora de cortisol ou transcortina, e, em menor quantidade, à albumina. Esse alto grau de ligação às proteínas plasmáticas reduz a velocidade de eliminação do cortisol do plasma e faz com que ele permaneça por mais tempo no organismo. Esses hormônios são metabolizados no fígado e o cortisol, está presente em alta quantidade no início da manhã e entra em declínio durante o dia. ALDOSTERONA Sem os mineralocorticoides, a concentração de íons potássio, no líquido extracelular, eleva-se acentuadamente, sódio e cloreto são rapidamente eliminados do organismo, e os volumes totais do líquido extracelular e do sangue são muito reduzidos. Rapidamente se desenvolve redução do débito cardíaco, que evolui para um estado semelhante ao choque, seguido de morte. O cortisol, apesar de ser um glicocorticoide, também pode ligar-se a receptores de mineralocorticoides, atuando como um. Funções: Aumentar a reabsorção tubular renal de sódio; Aumentar a secreção de potássio; O excesso de aldosterona aumenta o volume do líquido extracelular e a pressão arterial, mas apresenta pequeno efeito na concentração plasmática de sódio (Na+ reabsorvido junto com água); O excesso de aldosterona provoca hipocalemia (perda excessiva de K+) e fraqueza muscular; O déficit de aldosterona provoca hipercalemia e toxicidade cardíaca; O Excesso de aldosterona aumenta a secreção tubular de íon H+ e provoca Alcalose; A regulação da secreção de aldosterona pelas células da zona glomerulosa é quase inteiramente independente da regulação do cortisol e dos androgênios pelas zonas fasciculada e reticular. São conhecidos os seguintesquatro fatores que desempenham papéis essenciais na regulação da aldosterona: 1. A elevação da concentração de íons potássio no líquido extracelular aumenta muito a secreção de aldosterona. 2. A elevação da concentração de angiotensina II no líquido extracelular também aumenta acentuadamente a secreção de aldosterona. 3. A elevação da concentração de íons sódio no líquido extracelular reduz muito pouco a secreção de aldosterona. 4. O ACTH formado pela hipófise anterior é necessário para a secreção de aldosterona, mas tem pequeno efeito no controle da secreção. GLICOCORTICÓIDES Pelo menos 95% da atividade glicocorticoide das secreções adrenocorticais resulta da secreção de cortisol, também chamado hidrocortisona. Além disso, uma pequena, mas significativa, quantidade de atividade glicocorticoide é produzida pela corticosterona. Funções: Agem no metabolismo dos carboidratos estimulando a gliconeogênese (Produz carboidratos a partir de outras substâncias); O cortisol antagoniza os efeitos da insulina para inibir a gliconeogênese hepática; Redução da utilização celular de glicose; GABRIEL FREITAS SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS IV Elevação da concentração sanguínea de glicose e “Diabetes Adrenal”; Redução de proteínas celulares; Mobilização de ácidos graxos e aumento da sua concetração plasmática; Excesso pode causar obesidade; Resistência ao estresse e à inflamação; Efeito Anti-inflamatório; Bloqueia a resposta inflamatória a reações alérgicas; O ACTH Estimula a Secreção de Cortisol e é produzido pela hipófise anterior. Ele é controlado pelo fator liberador de corticotropina do hipotálamo (FLC) e o O ACTH atiiva as Células Adrenocorticais para Produzir Esteroides pelo Aumento do AMPc. O Estresse Fisiológico Aumenta a Secreção Adrenocortical e de ACTH. O aspecto fundamental desse controle do cortisol é a estimulação do hipotálamo por diferentes tipos de estresse. Esses estímulos ativam todo o sistema, provocando a rápida liberação de cortisol, que, por sua vez, inicia uma série de efeitos metabólicos, cujo objetivo é aliviar a natureza lesiva do estado de estresse. Também existe o processo de feedback negativo direto do cortisol no hipotálamo e na hipófise anterior, reduzindo a concentração de cortisol no plasma, nos momentos em que o organismo não está em estado de estresse. Contudo, os estímulos de estresse são preponderantes; eles sempre podem se impor ao feedback inibitório direto do cortisol, provocando exacerbações periódicas de sua secreção em múltiplos momentos ao longo do dia ou sua secreção prolongada em situações de estresse crônico. SÍNDROME DE CUSHING Esse distúrbio é causado por condições que produzem níveis elevados de glicocorticoides. Em geral, a síndrome de Cushing pode ser dividida em causas exógenas e endógenas. A maioria dos casos de síndrome de Cushing resulta da administração de glicocorticoides exógenos (síndrome de Cushing “iatrogênica”, ou seja, resultado de um tratamento médico). As causas endógenas podem, por sua vez, ser divididas naquelas que são dependentes do ACTH e naquelas que são independentes do ACTH. Os adenomas hipofisários secretores de ACTH são responsáveis por aproximadamente 70% dos casos de hipercortisolismo endógeno, sendo a forma hipofisária é conhecida como doença de Cushing. HIPERCORTISOLISMO EXÓGENO A prescrição de um Glicocorticóide (GC) sistêmico pode estar relacionada a diversas situações (doenças crônicas e emergenciais). Quadros de emergência (choque anafilático, nefrite lúpica, choque séptico, síndrome enxerto X hospedeiro, broncoespasmo grave etc.) podem necessitar do uso de GC. Nesses casos, geralmente a administração é realizada por via parenteral, em altas doses e por poucos dias (pulsoterapia) até que a terapia primária estabelecida apresente eficácia. GABRIEL FREITAS SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS IV A terapia crônica com GC é empregada em diferentes doenças anteriormente descritas e é nessa situação que o médico deve estar atento aos riscos da corticoterapia prolongada e abusiva. Assim, alguns critérios devem ser obedecidos ao iniciar uma terapia crônica com GC. Iniciar somente se existem evidências clínicas estabelecidas na literatura do seu benefício terapêutico Utilizar somente frente à falência de outras terapias específicas Utilizar critérios de resposta objetivos Administrar uma dose necessária por um tempo suficiente para se atingir à resposta desejada Identificar um objetivo terapêutico específico Muitos dos efeitos colaterais da corticoterapia podem ser confundidos com os achados da SC propriamente dita. A principal diferença entre a SC exógena e a endógena é que esta última apresenta maior ação mineralocorticóide, resultando em maior incidência de hipertensão arterial sistêmica (HAS), hipocalemia e sintomas de hiperadrogenismo (hirsutismo e sintomas de virilização). HIPERCORTISOLISMO ENDÓGENO DEPENDENTE DE ACTH Os adenomas hipofisários secretores de ACTH são responsáveis pela maioria dos casos de hipercortisolismo endógeno, sendo, na maioria dos casos, causado por um microadenoma hipofisário produtor de ACTH. Em alguns casos, há um macroadenoma subjacente e raramente se verifica hiperplasia das células corticotróficas sem um adenoma distinto. A hiperplasia celular corticotrófica pode ser primária ou surgir secundariamente ao estímulo excessivo da liberação de ACTH por um tumor hipotalâmico produtor do hormônio liberador de corticotrofina (HLC). As glândulas adrenais em indivíduos com doença de Cushing são caracterizadas por graus variáveis de hiperplasia cortical nodular, causada pelos elevados níveis de ACTH. A hiperplasia cortical, por sua vez, é responsável pelo hipercortisolismo. A secreção ectópica de ACTH pelos tumores não hipofisários é responsável por cerca de 10% da síndrome de Cushing dependente de ACTH. Em muitos casos, o tumor responsável é um carcinoma de células pequenas do pulmão, por exemplo. Além dos tumores que produzem o ACTH ectopicamente, uma neoplasia neuroendócrina ocasionalmente pode produzir o hormônio de liberação de corticotropina ectópico (HLC), o qual, por sua vez, leva à secreção de ACTH e ao hipercortisolismo. Assim como ocorre na variante hipofisária, as glândulas adrenais sofrem hiperplasia cortical bilateral. HIPERCORTISOLISMO ENDÓGENO INDEPENDENTE DE ACTH As neoplasias adrenais primárias, como os adenomas e os carcinomas adrenais, são as causas subjacentes mais comuns da síndrome de Cushing independente de ACTH. A condição bioquímica necessária da síndrome de Cushing independente de ACTH é a presença de níveis séricos elevados de cortisol com baixos níveis de ACTH. Os carcinomas corticais tendem a produzir hipercortisolismo mais marcante do que os adenomas ou hiperplasias. Em casos de neoplasia unilateral, o córtex adrenal não envolvido e o córtex da glândula oposta sofrem atrofia por causa da supressão da secreção de ACTH. A maioria das adrenais hiperplásicas são ACTH dependentes, e a hiperplasia cortical primária (ou seja, hiperplasia independente de ACTH) é incomum. A hiperplasia macronodular é, tipicamente, uma condição não esporádica (não sindrômica) observada em adultos. Sabe-se agora que, embora a condição seja independente de ACTH, não é inteiramente “autônoma”. Especificamente, a produção de cortisol é GABRIEL FREITAS SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS IV regulada pelos hormônios circulantes não ACTH, sendo resultado da superexpressão ectópica deseus receptores correspondentes nas células adrenocorticais. Tais hormônios não ACTH incluem peptídeo inibidor gástrico, LH, ADH, e seus receptores são superexpressos nas células corticais adrenais hiperplásicas. O mecanismo por meio do qual esses receptores para hormônios não ACTH são superexpressos nos tecidos adrenocorticais é, no entanto, desconhecido. Um subgrupo de hiperplasia macronodular surge na condição da síndrome de McCune-Albright, caracterizada por mutações somáticas que provocam hiperplasia através do aumento dos níveis intracelulares de AMPc, que é um importante segundo mensageiro em muitos tipos de células do sistema endócrino. ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS As principais lesões da síndrome de Cushing são encontradas nas glândulas hipofisária e adrenal. A hipófise mostra alterações independentemente da causa. A alteração mais comum, resultado dos altos níveis de glicocorticoides endógenos e exógenos, é chamada de alteração hialina de Crooke. Nessa condição, o citoplasma granular e basofílico normal das células produtoras de ACTH torna-se homogêneo e pálido na adenoipófise. Essa alteração resulta do acúmulo de filamentos intermediários de queratina no citoplasma. Dependendo da causa do hipercortisolismo, as adrenais apresentam uma das seguintes alterações: (1) Atrofia cortical (2) Hiperplasia difusa (3) Hiperplasia macronodular e micronodular (4) Adenoma ou carcinoma. Nos pacientes em que a síndrome resulta de glicocorticoides exógenos, a supressão do ACTH endógeno tem como sequela a atrofia cortical bilateral, decorrente da falta de estímulo das zonas fasciculada e reticular pelo ACTH. Nesses casos, a zona glomerulosa é de espessura normal, porque essa porção do córtex funciona independentemente do ACTH. Em casos de hipercortisolismo endógeno, as adrenais são hiperplásicas ou contêm uma neoplasia cortical. A hiperplasia difusa é encontrada em indivíduos com a síndrome de Cushing dependente de ACTH. O córtex adrenal está difusamente espessado e variavelmente nodular, embora o último não seja pronunciado, como visto nos casos de hiperplasia nodular independente de ACTH. Sob o aspecto microscópico, o córtex hiperplásico demonstra uma zona reticular expandida e “pobre em lipídios”, compreendendo células eosinófilas compactas, circundadas por uma zona externa de células vacuoladas “ricas em lipídios”, semelhantes àquelas vistas na zona fasciculada. Em geral, qualquer nódulo presente é composto de células vacuoladas “ricas em lipídios”, que são responsáveis pela coloração amarelada das glândulas difusamente hiperplásicas. GABRIEL FREITAS SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS IV Hiperplasia difusa da adrenal contrastada com a glândula adrenal normal. Na seção transversal, o córtex adrenal é amarelo e engrossado e uma nodularidade sutil é vista. Ambas as glândulas adrenais estavam difusamente hiperplásticas nesse paciente com síndrome de Cushing dependente de ACTH. Em contraste, na hiperplasia macronodular as adrenais são quase inteiramente substituídas por nódulos proeminentes de tamanhos variados, os quais contêm uma mistura de células pobres e ricas em lipídios. Diferentemente do que ocorre na hiperplasia difusa, as áreas entre os nódulos macroscópicos também demonstram evidência de nodularidade microscópica. A hiperplasia micronodular é composta de micronódulos com pigmentos escuros (marrom a preto) e áreas atróficas entremeadas Acredita-se que o pigmento seja lipofuscina, um pigmento associado ao desgaste celular. A. Hiperplasia adrenocortical micronodular com nódulos pigmentados proeminentes na glândula adrenal. B. No exame histológico, os nódulos são compostos de células contendo o pigmento lipofuscina, visto na parte direita do campo. As neoplasias adrenocorticais primárias que causam síndrome de Cushing podem ser malignas ou benignas. Os adenomas ou carcinomas funcionantes do córtex adrenal como fonte de cortisol não são morfologicamente distintos das neoplasias das adrenais não funcionantes. Tanto as lesões benignas quanto as malignas são mais comuns em mulheres dos 30 aos 50 anos. Os adenomas adrenocorticais são tumores amarelos envoltos por cápsulas bem desenvolvidas. Microscopicamente, são compostos de células que são similares àquelas encontradas na zona fasciculada normal. Os carcinomas associados à síndrome de Cushing, pelo contrário, tendem a ser maiores do que os adenomas. Esses tumores são massas encapsuladas, com todas as características anaplásicas de câncer. Com os tumores funcionantes, tanto benignos quanto malignos, o córtex adrenal adjacente e o córtex da glândula adrenal contralateral são atróficos, como resultado da supressão do ACTH endógeno pelos altos níveis de cortisol. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A síndrome de Cushing se desenvolve lentamente e pode ser muito suave em suas manifestações precoces. Os estágios iniciais desse distúrbio podem apresentar- se com Hipertensão e Ganho de peso. Com o tempo, o padrão mais característico de deposição do tecido adiposo se torna aparente na forma de obesidade do tronco, rosto arredondado e acúmulo de gordura na parte posterior do pescoço e nas costas (corcova de búfalo). Achados clássicos O hipercortisolismo causa uma atrofia seletiva das miofibras de contração rápida, resultando em massa muscular diminuída e fraqueza proximal nos membros. Os glicocorticoides induzem a gliconeogênese e inibem a captação de glicose pelas células, resultando em hiperglicemia, glicosúria e polidipsia (diabetes secundária). GABRIEL FREITAS SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS IV EFEITOS CUTÂNEO O hipercortisolismo inibe a proliferação de fibroblastos levando à perda de colágeno e tecido conectivo. A atrofia cutânea e o aparecimento de púrpuras. Essas geralmente atingem áreas expostas ao sol (dorso das mãos e ombros) e não são acompanhadas de edema palpável. Os efeitos do catabolismo causam perda de colágeno e reabsorção óssea, consequentemente, a pele é fina, frágil e facilmente machucável. A cicatrização de ferimentos é pouco eficaz e as estrias cutâneas são particularmente comuns na área abdominal. Púrpuras Presença de estrias EFEITOS ÓSSEOS A reabsorção óssea resulta no desenvolvimento de osteoporose, com consequente dor nas costas e suscetibilidade a fraturas aumentada. EFEITOS IMUNES As pessoas com síndrome de Cushing estão sob risco para uma variedade de infecções, porque os glicocorticoides suprimem a resposta imunológica. Os GC aumentam o número de leucócitos polimorfonucleares que são liberados da medula óssea e diminuem sua aderência ao endotélio. Também reduzem o número de linfócitos, monócitos e eosinófilos. EFEITOS NO SISTEMA REPRODUTOR Hipercortisolismo pode causar irregularidade menstrual e infertilidade tanto no homem como na mulher, provavelmente pela inibição da secreção das gonadotrofinas. Além desse efeito central, em nível ovariano e testicular observa-se inibição da produção de estrógeno ou testosterona pelas células da granulosa e de Leydig, respectivamente. OUTROS EFEITOS As manifestações adicionais abrangem diversos distúrbios mentais, incluindo mudanças de humor, depressão e psicose franca, assim como hirsutismo. DIAGNÓSTICO Exame Clínico: Positivo na presença de sinais típicos de excesso de glicocorticoide, como a distribuição anormal de gordura nas fossas supraclaviculares e temporal, debilidade nos músculos proximais, estria roxa larga e nova irritabilidade, diminuição da cognição e memória de curto prazo reduzida. Achados laboratoriais: A administraçãoexógena de glucocorticóide deve ser excluída antes de classificar a síndrome de cushing endógena. Os exames solicitados são de urina, saliva e cortisol sérico. GABRIEL FREITAS SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS IV O diagnóstico laboratorial da síndrome de Cushing se baseia no seguinte: (1) Concentração de cortisol livre na urina por 24 horas, que está aumentada; (2) Perda do padrão diurno normal de secreção de cortisol. Teste de Supressão da Dexametasona O teste de supressão da dexametasona se aproveita do efeito de retroalimentação negativa dos corticoides em reduzir o ACTH. A dexametasona é ingerida em certo horário e a dosagem é medida depois de um certo espaço de tempo. A determinação da causa da síndrome de Cushing depende do ACTH sérico e da medida da excreção urinária de esteroides após a administração de dexametasona (teste da supressão de dexametasona). Os resultados desses testes seguem três padrões gerais: • Na síndrome de Cushing hipofisária, a forma mais comum, os níveis de ACTH estão elevados e não podem ser suprimidos pela administração de uma dose baixa de dexametasona. Por isso, não há redução na excreção urinária dos 17-hidroxicorticosteroides. No entanto, após a injeção de altas doses de dexametasona, a hipofisária responde diminuindo a secreção de ACTH, o que é refletido pela supressão da secreção urinária de esteroides. • A secreção ectópica de ACTH resulta em um nível elevado de ACTH, mas sua secreção se mostra completamente insensível às baixas ou altas doses de dexametasona exógena. • Quando a síndrome de Cushing é causada por um tumor adrenal, o nível de ACTH é muito baixo devido à inibição retroativa da hipófise. Assim como ocorre na secreção ectópica de ACTH, tanto baixas quanto altas doses de dexametasona falham em suprimir a excreção de cortisol. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Pelo fato de muitos sinais e sintomas serem inespecíficos, o diagnóstico pode ser confundido com distúrbios psiquiátricos, síndrome do ovário policístico, síndrome metabólica, obesidade simples, fibromialgia ou doenças agudas. Mudanças de humor e cognição são marcadores úteis de hipercortisolismo. TRATAMENTO Tratamento Cirúrgico - Ressecção cirúrgica da lesão produtora do ACTH, se esta for malsucedidad ou não puder ser realizada a adrenalectomia bilateral é uma opção. - A combinação com radiação também é uma terapia indicada; - Cura de 80 a 90% nos pacientes com microadenoma e de 25 a 75% naqueles com macroadenoma da hipófise; - Nos pacientes em que o rumor hipofisário não é identificado, hipofisectomia parcial; Radioterapia - Combinada com a terapia médica adjunta pode normalizar os níveis de cortisol em pacientes que não podem ser submetidos à cirurgias; - Pacientes com recidiva do hipercortisolismo após tratamento cirúrgico; Farmacologia GABRIEL FREITAS SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS IV -A definição do esquema terapêutico depende da identificação da causa e caracterização da forma clínica. Normalmente Cetoconazol, metirapona, aminoglutetimida, mltotano, bromocriptina e dproeptadina são os medicamentos mais usados para tratamento. - Indicado no pré-operatório de pacientes com doença de Cushing, para diminuir a morbimorralidade do ato cirúrgico; CASO CLÍNICO Caso 1: Como agir perante à pacientes com uso crônico de corticoides como em doenças autoimunes como o lúpus? Nesses casos, mantemos o uso do corticoide e é feito um monitoramento regular em como é receitado fármacos que controlem os efeitos adversos para evitar a progressão no desenvolvimento da síndrome de cushing. SÍNDROME DE PSEUDOCUSHING Quadro clínico semelhante ao da síndrome de Cushlng, mas com hipercortisolismo leve a moderado. Causas: Transtorno depressivo e alcoolismo crônico. O diagnóstico diferencial com a síndrome de Cushing pode ser difícil, requerendo acompanhamento por meses ou anos até definição do quadro clínico e laboratorial. FARMACOLOGIA DOS CORTICÓIDES Os corticoides da classe dos glicocorticoides são uma classe de hormônios adrenais produzidos naturalmente pelo nosso corpo e que também podem ser ingeridos sinteticamente para tratamento de algumas comorbidades. CLASSIFICAÇÃO Essa classe de medicamentos pode ser agrupada de acordo com seu tempo de ação: em curta, intermediária e prolongada. - Curta: Hidrocortisona e Cortisona - Intermediária: Prednisolona - Prolongada: Betametasona/Dexametasona !! Corticóides de longa duranção são utilizados normalmente para o tratamento de doenças autoimunes como o lúpus e é totalmente contraindicado para gestantes. GLICOCORTICÓIDES: OCORRÊNCIA NATURAL (CORTISOL) Sua síntese e secreção estão estreitamente reguladas pelo sistema nervoso central (SNC), que é muito sensível à retroalimentação negativa dos níveis circulantes de cortisol e glicocorticoides sintéticos. Sua síntese é dada a partir das moléculas de colesterol e a velocidade de secreção segue um ritmo circadiano, governado por pulsos de ACTH que alcançam um pico nas primeiras horas da manhã e após as refeições. A globulina (CBG) é a molécula responsável por se ligar ao cortisol em cerca de 90% e apenas 10% está presente na forma livre, podendo desenvolver função biológica. A CBG aumenta durante a gravidez e em caso de administração de estrogênio, bem como no hipertireoidismo. Ocorre redução de CBG em consequência de hipotireoidismo, defeitos genéticos em sua síntese e estados de deficiência de proteína. FARMACODINÂMICA Os efeitos conhecidos dos glicocorticoides são mediados, em sua maioria, por receptores amplamente distribuídos, que integram como os promotores dos genes-alvo e fazem sua transcrição. Alguns efeitos dos glicorticoides podem ser atribuídos à sua ligação aos receptores mineralocorticoides. Com GABRIEL FREITAS SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS IV efeito, os MR ligam-se à aldosterona e ao cortisol com afinidade semelhante. FUNCIONAMENTO E EFEITOS - Normalmente utilizado para tratamento de doenças autoimunes; - Cortisol: Imunocompetente Corticoide: Imunesupressor - Os glicocorticoides promovem retenção de sódio e água, provocando edema; - Funções: Antialégica, Analgésico, Anti-inflamatório e imunossupressor; EFEITOS FISIOLÓGICOS - Respostas homeostáticas da insulina e do glucagon; - As respostas lipolíticas das células adiposas às catecolaminas, ao ACTH e ao hormônio de crescimento são atenuadas na ausência de glicocorticoide; EFEITOS METABÓLICOS - Estimulam a gliconegonênese e a síntese de glicogênio em jejum; - Estimula a liberação de aminoácidos durante o catabolismo muscular; - Aumentam os níveis séricos de glicose, e, portanto, estimulam a liberação de insulina e inibem a captação de glicose pelas células musculares; - Estimulam a lipase sensível ao hormônio, promovendo lipólise; - Aumento efetivo da deposição de gordura, em conjunto com aumento na liberação de ácidos graxos e de glicerol na circulação; - Maior crescimento de pelos finos na face, coxa e tronco; - Aparecimento de Acne, Insônia e aumento do apetite; EFEITOS CATABÓLICOS E ANABÓLICOS - Redução da massa muscular, fraqueza e adelgaçamento da pele; - Efeitos catabólicos e antianabólicos no osso que constituem a oestoporose de cushing; - Nas crianças reduzem o GH e seu crescimento; EFEITOS ANTI-INFLAMATÓRIOS E IMUNOSUPRESSORES - Reduzem manifestações da inflamação; - Efeitos supressores nas citocinas e quimiocinas inflamatórias; - Aumento na concentração de neutrófilos e redução de linfócitos,monócitos, eosinófilos e basófilos; - Inibem a fosfalipase A2, reduzindo síntese de Ac. Aracdônico, prostaglandinas e leucotrienos; - Redução da permeabilidade capilar em detrimento da quantidade reduzida de histamina liberada dos basófilos e mastócitos; OUTROS EFEITOS - Depressão; Euforia; Distúrbios do sono; - Aumento da pressão intracraniana com um pseudotumor cerebral; - Suprimem secreção hipofisária, GH. TSH e LH em formas crônicas; - Antagoniza o efeito da vitamin D na absorção do cálcio; - Redistribuição da gordura do corpo; - Deficiência: Comprometimento renal; - Estímulo à produção de surfactante no período de desenvolvimento fetal; - Administração VO normalmente é rápido e completo; GABRIEL FREITAS SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS IV - Presença de úlceras pépticas, miopatia grave, cataratas sucapsulares, glaucoma e elevação da PA; !! Em geral, a dieta de um paciente em uso de corticoesteroides deve ser hiperproteica e rica em potássio MECANISMO DE AÇÃO - Age no DNA para estimular a produção de lipocortina, um anti-inflamatório natural, que inibe a fosfolipase A2; - Inibe a Estidina Carboxilase que é responsável pela a síntese de histamina e produzindo o efeito anti- alérgico; CONTRAINDICAÇÕES - Doenças fúngicas sistêmicas; - Herpes Simples; - TB ativa ou histórico de TB; - Histórico de doenças psicóticas; - Hipersensibilidade à droga; PRECAUÇÕES - Gestante e Lactantes; - Diabéticos e portadores de HAS; - Cardiopatas e Ulcerosos pépticos; - Infecções agudas e Asma brônquica; SUPRESSÃO SUPRARRENAL No caso da administração de pacientes com mais de duas semanas em uso de corticoide, é preciso fazer uma terapia suplementar e se houver necessidade reduzir a dose dos corticoesteroides, porém de modo lento e gradual, em 10% da dose por dia. Esse processo deve ser realizado para que não tenhamos uma insuficiência da suprarrenal caso seja removido com rapidez, podendo os sintomas da doença reaparecer ou piorar. Pacientes com baixos níveis de corticoesteroides podem apresentar anorexia, náuseas, vômitos, perda de peso, letargia, cefaleia, dor articular, muscular ou hipotensão postural. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Farmacologia Básica e clínica, Katzung Anatomia Orientada para Clínica, Moore Patologia e Bases Patológicas, Robbins Tratado de fisiologia médica, Guyton Vademecum de Clínica Médica, Celmo Celeno Porto
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