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Aula 8 - HIV na Gestação

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Infecção pelo HIV na Gestação
Curso de Nutrição
Disciplina de Nutrição Materno-Infantil
Profas. Samara Mesquita; Ana Carolina Montenegro
Histórico
	1977 e 1978: Primeiros casos nos EUA, Haiti e África Central
	1980: Primeiro caso no Brasil, em São Paulo
	Classificação apenas em 1982.
	1983: Primeira notificação de caso em criança.
	1985: Fundação do Grupo de Apoio à Prevenção à AIDS (GAPA)
	Primeira ONG do Brasil e da América Latina na luta contra a AIDS.
Histórico
	2006: Brasil reduz em mais de 50% o número de casos de TRANSMISSÃO VERTICAL (quando o HIV é passado da mãe para o filho, durante a gestação, o parto ou a amamentação)
Fisiopatologia
	Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
	Acquired Immunodeficiency Syndrome 
	Causa: Infeccção pelo Vírus HIV 
* Human Immunodeficiency virus
	Infeccção  AIDS
	Problema de Saúde Pública
	Grande número de acometidos e repercussões clínicas
Infecção por HIV
	Atinge principalmente linfócitos e macrófagos
	Tratamento: terapia antirretroviral
	Objetivo: retardar a progressão do vírus
	 mortalidade, complicações, tempo de internação etc.
Fases da Infecção pelo HIV
	1ª fase: infecção aguda (incubação do HIV)
	Sem sinais
	Período varia de 3 a 6 semanas
	Organismo leva de 30 a 60 dias após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV
	Primeiros sintomas: parecidos com gripe (febre e mal-estar)
Fases da Infecção pelo HIV
	2ª fase: assintomático (interação entre as células de defesa e as constantes e rápidas mutações do vírus)
	O organismo ainda tem resistência a novas doenças
	Esse período, em algumas pessoas, pode durar muitos anos
	Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. 
Fases da Infecção pelo HIV
	3ª fase: sintomática inicial  (organismo cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns)
	Fase caracterizada pela alta redução dos linfócitos
	Sintomas mais comuns: febre, diarréia, suores noturnos e emagrecimento.
Fases da Infecção pelo HIV
	4ª fase: AIDS
	A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas
	Se aproveitam da fraqueza do organismo
	Surgimento de doenças mais graves:
	Hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer. 
Janela Imunológica
	Intervalo de tempo entre a infecção pelo vírus e a produção de anticorpos anti-HIV no sangue.
	Os exames de detecção procuram por estes anticorpos
	ELISA, Imunofluorescência indireta, Imuoblot, Western Blot , Etc.
	Na maioria dos casos, a sorologia positiva é constatada de 30 a 60 dias após
	Existem casos de 120 dias após a relação de risco
Gestantes com HIV
	Portadoras do vírus
	Risco: transmissão direta ao feto 
 (Transmissão vertical)
	Gestação, parto ou aleitamento: 20%
	Em terapia: níveis menores que 1%. 
	Remédios antirretrovirais (grávida e recém-nascido)
	Parto cesáreo
	Não amamentação
Em alguns países da África, mulheres e crianças representam 60% dos portadores do vírus HIV
	Aumento de risco de transmissão vertical:
Gestantes com HIV
Diagnóstico durante o Pré-Natal
	Teste: 1º trimestre + repetição (3º trimestre)
	Gestante sem pré-natal adequado:
	Fazer mesmo assim: até no 3º trimestre ou na hora do parto. 
	Em caso de diagnóstico positivo:
	Tratamento com os medicamentos para prevenir a transmissão para o feto
	Acompanhamento durante a gestação, parto e amamentação. 
Parto em Soropositivas
	Escolha do tipo de parto: 
- Depende do estado de saúde da mãe, principalmente
	Casos mais graves: cesariana eletiva
	Realizada antes do início do trabalho de parto, sem rompimento da bolsa
	Geralmente: 38ª semana.
Parto em Soropositivas
Cuidados durante o parto
	Medicação na veia (AZT)
	Desde o início do trabalho de parto
	Indicação de cesariana: AZT 3 horas antes da cirurgia até o nascimento.
	Durante a gestação, trabalho de parto e parto:
	Não recolher sangue do cordão umbilical e de líquido amniótico
	Parto normal: evitar corte cirúrgico feito entre a vagina e o ânus (períneo)
Parto em Soropositivas
	Recomendações pós-parto
	Recém-nascido:
	Precisa tomar o AZT xarope das primeiras duas horas de vida às próximas seis semanas. 
	Acompanhamento em serviço de referência para crianças expostas ao HIV.
	Não amamentar
Equipe Multiprofissional
Exemplo: Programa Modelo
	Programa de Assistência à
 Gestante HIV Positiva
	Rio de Janeiro 
	Atividades em grupo enquanto
aguardam consultas
	Pré-natal com nutricionista
	Acompanhamento: Avaliação Nutricional, Clínica e Socioeconômica
Nutrição X Gestante HIV Positiva
Estado Nutricional
	EN Pré-gravídico e durante a gestação são determinantes à saúde da mãe e do RN
	EN adequado   transmissão vertical
	Melhora resposta imune (mãe e bebê)
	Reduz vários riscos (BPN, prematuridade, má formações…
	A infecção pelo HIV aumenta o requerimento energético! 
Aumenta a TMB.
Mudanças no Requerimento Energético
Demanda fisiológica da Gestação
+
Demanda gerada pela Infecção pelo HIV
=
Gestação de alto risco
Gestação de Alto Risco
	Em caso de demanda não atendida: desnutrição
	Baixas reservas fetais: 
	 sistema imune do feto
	 chance de contaminação do feto
	Outras complicações:
	Má formação de placenta,TGI; etc.
Gestação de Alto Risco
	Resultado de metanálise em países desenvolvidos e subdesenvolvidos
	Mães infectadas pelo HIV tiveram maior prevalência de RCIU, parto prematuro e BPN
	Complicações dietéticas podem ser exacerbadas pelos medicamentos
	Efeitos adversos dos antirretrovirais
	Perda de peso no início da gestação
	Bons resultados com suplementação:
	Vit. B, C e E.
Acompanhamento Nutricional
Cuidados Principais com a Alimentação
	Saudável e equilibrada
	Economicamente acessível
	Respeitar aspectos culturais
	Alimentos que preservem o sistema imune
	Alimentos que ajudem a tolerar os efeitos adversos dos medicamentos
IMPORTANTE:
	Estabelecer uma relação de confiança;
	Diálogo objetivo e claro;
	Formulação compartilhada de estratégias
Avaliação Antropométrica
	1ª consulta: idem gestantes de baixo risco
	Avaliação do EN pré-gestacional
	IMC pré-gestacional:
	Previsão de ganho de peso:
	CB e CMB:
	
= não infectadas
Recomendações Nutricionais
Adendo: Interação Droga X Nutriente
	Ex:
Distribuição Calórica
Consenso Brasileiro:
	55 a 75% do VCT: Carboidratos
	Cereais (preferência por integrais), leguminosas, legumes, verduras e frutas. 
	15 a 30%: Gorduras
	10 a 15%: Proteínas
Distribuição Calórica
	ENERGIA:
	OMS: Não existem recomendações específicas para gestante com HIV
	Recomenda-se:
	Calcular EER para adulta com HIV
	Adicionar + 10% referente ao aumento na TMB
	Em fase sintomática, adicional + 20 ou 30%
	Depois adicionar as calorias adicionais para gestação (VER FÓRMULA DRI)
(8 x SG) + 180
Ou
300 Kcal
Depende do protocolo usado
Distribuição Calórica
	ENERGIA (Exemplo):
Micronutrientes
	De forma geral: Idem gestantes não infectadas
	Suplementação de ferro e ácido fólico
	Possibilidade de suplementação com vitaminas: C, B12, B6, E
	Resultados positivos ao sistema imune
	Gestantes com carências: suplementar até atingir 100% das recomendações
Recomendações Gerais
Recomendações Nutricionais
	2006: MS publica a cartilha “ Alimentação e nutrição para pessoas que vivem com HIV e AIDS”
	Dicas de alimentação saudável
	Dicas de alimentação nas complicações
	Receitas
	Lista de alimentos ricos em vitaminas
Cartilha do MS
Cartilha do MS –
Cartilha do MS – Ex.:
Intercorrências mais comuns
	Náuseas e vômitos
	Doença periodontal
	Úlceras orais
	Candidíase oral
	Esofagite
	Hiperlipidemia
	Baixo consumo alimentar
	Perda de peso e massa magra
	Lipodistrofia
	Diarréia 
Doença Periodontal
	Gengivite com halitose e hiperemia na gengiva
	Sangramento
	Periodontite com rápida perda óssea
	Intercorrência: dificuldade de mastigação
	Necessidade de modificação na consistência da dieta
Úlceras Orais
	Várias causas:
	Herpes, aftas inespecíficas
	Intercorrência: dores, dificuldade demastigação e deglutição
	Necessidade de modificação na consistência da dieta
Candidíase Oral
	Placas brancas cobrindo a 
 mucosa oral
	Mesmo com a remoção, a superfície fica vermelha e hemorrágica
	Intercorrências: dores, dificuldade de mastigação e deglutição
	Necessidade de modificação na consistência da dieta
	Reduzir alimentos açúcarados para evitar proliferação de fungos
Esofagite
Hiperlipidemia
	Causada geralmente pelos medicamentos da terapia antirretroviral
	Recomendação:
	Avaliar qual o tipo de dislipidemia
	Realizar as modificações dietéticas respectivas
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos, 2018
Perda de Peso e de Massa Magra
	Consequência do baixo consumo alimentar e das intercorrências associada a fatores emocionais
	Pior prognóstico: sobrevivência reduzida
Diarreia, Anemia e Náuseas
	Recomendações específicas e já conhecidas
	Consequência das intercorrências associada a fatores emocionais
	Recomendação:
- Adequação da dieta às intercorrências
- Aumento da densidade energética da dieta
Ex.: óleo vegetal, carboidratos
Baixo Consumo Alimentar
Lipodistrofia
	Redistribuição da gordura corporal
	Perda da gordura subcutânea da face, braços e pernas
	Deposição de gordura no pescoço e na parte superior das costas
	Pode ser acompanhada de:
	Resistência à insulina
	Hipertrigliceridemia
	Baixos níveis de HDL
	Causas:
	Medicamentos?
	Predisposição genética?
	Intervenções dietéticas:
	Relacionadas às dislipidemias e a hiperglicemia (se houver)
Segurança Alimentar
SAN X Risco de Infecções
	Utilizar água filtrada ou ferver a água
	Lavar bem as mãos e os utensílios
	Observar data de validade e a integridade física das embalagens
	Lavar bem os alimentos
	Cozinhar bem os alimentos
	Evitar contaminação cruzadas
	Armazenar os alimentos com segurança (temperatura e isolamento)
HIV 
X
Aleitamento Materno
Transmissão no Aleitamento
	0,8 a 20% de chance
	Aleitamento materno exclusivo: 
	Risco ao bebê:  3 a 4x 
	Risco à mãe:  demanda energética para a lactação   progressão da doença 
	Dilema de países pobres:
	Amamentar exclusivamente:  sobrevivência, mas  transmissão
Uso de Fórmulas Infantis
	Risco zero
	Conduta mais indicada
	Necessidade de orientação individualizada
	Quantidade
	Diluição/ Modo de preparo
	A OMS só recomenda aleitamento materno se houver total segurança para a mãe e o bebê.
O MS contraindica o aleitamento por mães portadoras do vírus HIV 
Referências da Aula
	ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C.; LACERDA, E.M.A. Nutrição em obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2009.
	Capitulo 12 
	BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais. Portal sobre AIDS, doenças sexualmente transmissíveis e hepatites virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: <http://www.aids.gov.br>
	BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e AIDS. Recomendações para Profilaxia da Transmisão Vertical do HIV e Terapia Antirretroviral em Gestantes. Brasília, 2010. 172 p
	BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. – Brasília : Ministério da Saúde, 2018

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