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Marcella Hani ‐ TXXI CIRURGIA – TÉCNICA CIRÚRGICA Metodização do conjunto de manobras manuais ou instrumentais executadas pela equipe cirúrgica para se levar a efeito, da maneira mais eficiente possível, um determinado ato operatório ou cirúrgico. POSIÇÃO DO CAMPO CIRURGICO O posicionamento dos profissionais, dentro do campo cirúrgico, em sítio cirúrgico supra‐umbilical, dá‐se com o cirurgião posicionado à direita do paciente, mais próximo da cabeça do mesmo; o primeiro auxiliar deve ser posicionado imediatamente à frente do cirurgião; o segundo auxiliar posicionado à direita do cirurgião, e o instrumentador posicionado à esquerda do primeiro auxiliar, sempre de frente para o cirurgião. Em cirurgias de abdome inferior o cirurgião se posiciona à esquerda do paciente, junto à transição pélvica. A partir daí, os demais profissionais posicionam‐se como mencionado acima. Cirurgias de cabeça e pescoço, pélvicas, craniais ou de membros podem exigir posicionamento diferente dos mencionados. Como regra, o cirurgião deve ter acesso adequado ao sítio operatório por membro dominante. É importante ressaltar que o posicionamento cirúrgico varia conforme o ato a ser realizado e conforme a preferência do cirurgião, sendo esse quem decide o melhor posicionamento dos demais profissionais, dentro do campo cirúrgico. CLASSIFICAÇÃO DO PROCEDIMENTO Classificamos os procedimentos em relação ao seu porte, ao tempo em que são realizadas, à sua finalidade e à contaminação do sítio cirúrgico. 1. PORTE CIRÚRGICO : tenta pressupor as perdas de fluidos advindas do procedimento. A) Pequeno porte ‐ ato operatório mais simples, rotineiramente realizada em regime ambulatorial. Exemplos: lesões de pele ou de tecido celular subcutâneo, biópsia de linfonodos e outras lesões superficiais, dissecção venosa, traqueostomia, punções sobre órgãos ou cavidades naturais. B) Médio porte ‐ ato operatório de porte maior que o especificado no item anterior e que demanda tempo maior para sua realização, embora geralmente restrito a uma ou duas horas. Passíveis de realização em regime ambulatorial, embora alguns em centro cirúrgico convencional, com internação hospitalar do paciente. Exemplos: procedimentos para tumores profundos na parede corpórea, hérnias da parede abdominal, colelitíase, mioma uterino, correções estéticas (face, mama, abdome e outros), nascimentos (parto normal ou cesariana). C) Grande porte ‐ ato operatório com duração de várias horas ou com duração indeterminada, decorrente de enfermidades benignas ou malignas relacionadas aos órgãos principais. 2. ÉPOCA: em que a cirurgia deve ser realizada estima, pelo exame do paciente, quanto tempo a terapia cirúrgica pode aguardar até ser iniciada. emergência‐ imediatamente pois oferece risco eminente à vida. urgência‐ horas ou dias. eletiva‐ ela não precisa ser praticada naquele exato momento, ou mesmo nas próximas horas ou dias. Pode ser programada para uma data que leve em consideração o desejo do paciente, assim como a sua comodidade e a do cirurgião que a vai realizar, em horário previamente agendado no centro cirúrgico. 3. A FINALIDADE DO PROCEDIMENTO, estimado antes do seu início, pode ser alterada conforme o caso individual. 4. CONTAMINAÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO : da mesma forma que as feridas cirúrgicas, o ato operatório pode ser classificado como limpo ou asséptico, potencialmente contaminado, contaminado ou séptico e sujo, de acordo com a presença ou ausência de microorganismos patogênicos. Ferida limpas: Decorrente de operações eletivas, com fechamento por primeira intenção, não traumática, sem contato com cavidade corporais colonizadas. Ex: feridas decorrentes de herniorrafias, tireoidectomias, etc. Ferida potencialmente contaminada: Não traumática, decorrente de penetração de cavidade corporal colonizada por microrganismo (sem presença de inflamação aguda). Ex: feridas decorrentes de gastrectomias, histerectomias, etc.; Ferida contaminada: Traumática, com extensa contaminação da cavidade corporal. Incluem‐se nesta categoria as feridas crônicas abertas para enxertia. Ferida infectada ou suja: Decorrentes da manipulação de afecções supurativas, como abscessos; advinda de perfuração pré‐operatória de cavidade corporal colonizada por microrganismo ou decorrente de ferida traumática penetrante. ASSEPSIA X ANTI‐SEPSIA Assepsia é a eliminação de qualquer fonte potencial de infecção, portanto é algo inatingível, porém deve‐se sempre persegui‐la. A assepsia pode ser representada pelo uso da vestimenta estéril pelo membros da equipe cirúrgica, pela delimitação do campo operatório por coberturas estéreis e pelo uso de instrumentos cirúrgicos submetidos a processos de esterilização. Marcella Hani ‐ TXXI Anti‐sepsia é o conjunto de procedimentos e práticas destinados a atingir a assepsia, em especial mediante o uso de agentes químicos, com o emprego de anti‐sépticos como o álcool, o iodo, a clorexidina, etc. Como podemos prevenir infecções? No pré‐operatório: tricotomia (imediatamente antes da cirurgia com material asséptico), banho, profilaxia antimicrobiana, retirada de adornos, esterilização do material cirúrgico. No peroperatório: preparação do ambiente, vestimentas esterilizadas, uso de luvas, gorros, máscara. No pós‐operatório: proteger incisão, limpar com solução estéril, troca de curativos. ANTIBIÓTICOS PROFILÁTICOS A antibioticoprofilaxia não substitui os requisitos absolutos da precisa técnica cirúrgica. Os benefícios de sua administração devem ser maiores que os riscos oferecidos (resistência bacteriana). Não devem ser administrados no pós‐ operatório a não ser que existam outras condições que o determinem. Em caso de uso deve‐se adotar um antibiótico de acordo com a microbiota responsável pela provável infecção do campo cirúrgico e neste caso o antibiótico profilático deverá ser continuado no pósoperatório. Indicações: procedimentos considerados potencialmente contaminados (orofaríngeo, gastrointestinal, ginecológico), cirurgias para colocação de próteses e enxertos, lesões penetrantes em vísceras abdominais ocas e pacientes com comprometimento do sistema imune, dentre outras. TEMPOS CIRÚRGICOS – ATO OPERATÓRIO PREVIAMENTE=> EPIS, lavagem cirúrgica das mãos, paramentação, calçamento de luvas, e no caso do instrumentador => abrir o campo para mesa, abrir a caixa com o instrumental. de forma asséptica, sem contaminação. A mesa será colocada sempre a frente do cirurgião. Em cirurgia sem instrumentador a mesa ficará ao lado do cirurgião ou pode‐se usar a mesa de mayo. 1. DIÉRESE = solução de continuidade entre tecidos, divisão, incisão, secção, separação, punção e divulsão. As características básicas da diérese são: incisão proporcional ao procedimento, técnica adequada a cada plano anatômico, dissecção apropriada com hemostasia e manipulação cuidadosa. São utilizados bisturis, tesouras, serras, ruginas e cisalhas em seu procedimento, bem como afastadores, pinças, clampes, etc. Delimitação da diérese cutânea : Feita após a anti‐sepsia, deve‐se traçar o local da incisão, seja com fios, canetas ou com o próprio bisturi (deve ser desestimulada, pois pode levar a cultura de bactérias no local ou cicatrizes e quelóides). Isolamento provisório do local da incisão: Colocação de compressas laterais para evitar contato direto com a pele e absorver o sangue. Fixação da pele : Feita com os dedos, para que a pele fique relativamente imóvel. O bisturi deve ser aplicado suavee uniformemente, uma única vez. Sentido da incisão : Da esquerda para a direita e do lado distal para o proximal (em relação ao cirurgião). Caso seja feita em áreas de declive (ex.mama) deve ser feita de baixo para cima, para que o sangue não escorra em cima do local onde você ainda não fez a incisão. Instrumentos Bisturi e cabo do bisturi Os cabos de bisturis são designados por números, por exemplo: cabo n°3 adequados para laminas n°10, 11,12,15, ou seja lâminas menores possibilitando incisões mais criticass e mais delicadas. cabo n°4 utiliza laminas mariores n° 20,21,22,23,24,25. Tesouras : cortar, divulsionar, dissecar materiais orgânicos e inorgânicos , podendo ser reta ou curva, ponta aguda romba ou fina‐romba. Teosura Metzenbaum ‘’tesoura do cirurgião’’: Menos cortante= menos traumática, indicada para corte de tecidos delicados e cavidades. É inclusive usada para dissecção de tecidos, divulsão ou descolamento de tecidos. 1/3 proporção de um terço Tesoura Mayo: Mais traumática, uso rotineiro na cirurgia para corte de fios, tecidos mais grosseiros, em superfícies ou cavidades. ½ metade de proporção. Outras tesouras 2. HEMOSTASIA: detém‐se o sangramento e hemorragias, ocasionado pela diérese. Uso de compressas, pinças hemostáticas, bisturi elétrico, clampeamento, garrote ou torniquete, posição hemostática quando cirurgias em metade inferior = posição de trendelenburg , medicamentosa ( vasocontritores como adrenalina e hipotensores = nitroprussiato de sódio), ligadura de vasos, clipe, tamponamento por compressas. Pinças + comuns Halsted mosquito =delicada pequena Pinça kelly= vasos , fios grossos, tecidos menos grosseiros Marcella Hani ‐ TXXI Pinças de prenssão ou de dissecção Pinças de prenssão atraumáticas Pinças de prenssao traumáticas Pinças de campo tração de aponeuroses prenssão transversal 3. INSTRUMENTOS AUXILIARES : servem para afastar estruturas teciduais. São divididos em manuais (posicionamento dinâmico, alterado em função da necessidade momentânea de campo operatório) e auto‐estáticos, que permanecem em uma posição pré‐determinada pelo cirurgião. Afastadores mecânicos de parede Marcella Hani ‐ TXXI Afastadores mecânicos de cavidade Afastadores auto‐estáticos de superfície Afastadores auto‐estáticos de cavidade Outros instrumentos especiais SOLICITAÇÃO DOS INTRUMENTOS CIRÚRGICOS 4. SÍNTESE É a reconstituição anatômica e/ou funcional de um tecido ou órgão. As bordas teciduais unidas devem ser perfeitamente justapostas, minimizando as cicatrizes. Podendo ser uma Síntese imediata e total ou Síntese tardia e parcial: cicatrização por 2ª intenção (natural), ou por 3ª intenção ( aproximar as bordas da lesão) Porta agulhas, agulhas de sutura, fios de sutura, grampos, adesivos de pele AGULHAS Os fios cirúrgicos são utilizados soltos, para nós manuais, ou com auxílio de agulhas. Podem ser originalmente fabricados e montados com agulha ou o processo de acoplamento fio‐agulha ser realizado no ato operatório. Quanto ao seu formato, podem ser retas ou circulares. Embalagem de um fio agulhado (montado)=> Azul: calibre e suporte à tensão do fio; vermelho: fração de um círculo que a agulha perfaz; amarelo: formato da ponta da agulha; verde: composição e formato do fio. Maneira de preensão da agulha com o porta‐gulhas=> Em ângulo de 90º entre portaagulhas e agulha, na transição entre terços médio e proximal da agulha. Marcella Hani ‐ TXXI FIOS DE SUTURA TERMOS Absorção – capacidade de reter líquido Capilaridade – propagação de líquido pelo fio, propicia carregamento de MOs. Resistência – força oposta pelos tecidos à sua função Força tênsil – força que vence a resistência Força tênsil efetiva – força para que o nó não sofra deslizamento/ruptura. Memória – capacidade do material voltar à forma original dps de manuseado Flexibilidade Plasticidade – pode expandir quando submetido à tração por estiramento Elasticidade – retornar a forma e comprimento originais, quando estirado. Coeficiente de fricção – quanto maior, menor a facilidade do fio deslizar pelos tecidos, maior será o arrasto tecidual. CARACTERÍSTICAS DO FIO IDEAL. Baixo custo, flexibilidade, fácil manuseio, grande resistência à tração e à torção, facilidade para o nó cirúrgico, calibre fino e regular, baixa reação tecidual, facilmente esterilizável e não deve servir de nicho para infecção CLASSIFICAÇÃO DOS FIOS DE SUTURA A) Degradação pelo organismo (absorvíveis ou inabsorvíveis) Fios absorvíveis geram reação local de hidrólise ou proteólise, perdendo cerca de 50% de sua força tênsil em quatro semanas. São completamente eliminados em determinado período de tempo, com secundária perda de função, porém esse processo gera reação de corpo estranho local de amplitude mais importante quando comparados aos inabsorvíveis. Espaco de tempo=> Curtíssimo – categute simples – 7 a 10 dias; Curto – categute cromado – 15 a 20 dias; Médio– ácido poliglicólico e poliglactina 910 – 50 a 70 dias; Moderado – poliglecaprona – 90 a 120 dias; Longo – polidioxanona – 90 a 180 dias; poligliconato: 150 a 180 dias. Fios inabsorvíveis: não são completamente degradados pelo organismo, como os fios de aço, de algodão, de nylon ou de polipropileno. Perdem sua força tênsil em tempo variável (por exemplo, fio mononylon diminui 20% sua força tênsil em um ano). Porém, mesmo sem a totalidade de sua função, permanecem presentes no organismo, gerando reação de corpo estranho. Biodegradáveis : seda 2 anos e nylon 20% ao ano. B) Quanto à origem, os fios podem ser orgânicos, sintéticos, mistos ou minerais. Fios biológicos/naturais: podem ser de origem animal categute, colágeno e seda; vegetais algodão e linho => geram maior reação de corpo estranho, porém são fios geralmente de menor custo. Fios minerais: aço inoxidável, são os que produzem menor reação, permanecendo com suas propriedades e exercendo sua função durante tempo indefinido. Entretanto, são de difícil manuseio e sua presença e inextensibilidade podem causar lesões. Os fios sintéticos: nylon (poliamida), dacron (poliéster), polipropileno (poliolefina), ácido poliglicólico (polímero do ácido glicólico), poliglactina (polímero dos ácidos glicólico e lático), polidioxanona (polímero da paradioxanona); possuem características intermediárias entre os dois grupos. C) Configuração dos fios‐ monofilamentar ou multifilamentar Fios monofilamentares menor capilaridade , mais maleável, porém possuem tendência à memória. Multifilamentares podem ser torcidos, trançados ou trançados revestidos. D) Absorção – capacidade de reter liquido E) Capilaridade – propagação do liquido pelo fio. Categute: maior capilaridade. Poliéster revestido por teflon ou silicone: menor capilaridade Obs: item D e E têm influência surgimento e propagação de infecção.. F) Diâmetro: fios têm diâmetros ou calibres variados expressos em número de zeros (#‐0), por exemplo 2‐0 ou 6‐0.; o aumento do diâmetro aumenta a força e resistência tênsil. Resistência é a força oposta àquela de discência realizada pelos tecidos. Força tênsil é a força que “vence” essa resistência e deve ser mantida até o final da cicatrização. Colas biológicas e adesivos cirúrgicos foram desenvolvidos com o propósito de auxiliar ou mesmo suprimir a função dos fios na síntese de tecidos. Entretanto permanecem sendo materiais pouco utilizados pelo seu preço e sua indicação restrita a síntesesde determinados tecidos (como a pele, por exemplo). Marcella Hani ‐ TXXI SUTURAS ‐ PROCEDIMENTO Sutura = união/aproximação de estruturas teciduais pela aposição ordenada de inúmeros nós cirúrgicos, podendo ser contínua ou descontínua. Na contínua (chuleio), existe continuidade do fio, temos um nó no começo e outro no final, já nos pontos separados (descontínua), para cada alça de fio, temos um nó. Historicamente realizada por meio da confecção de pontos (fios cirúrgicos e nós), atualmente pode ser realizada com a utilização de materiais outros, especialmente confeccionados para tal (colas, selantes, adesivos, grampos, etc. CONDIÇÕES PARA UMA BOA SÍNTESE Antissepsia, ou minimização do risco de contaminação, evitará a perda de coaptação de bordas por inviabilidade decorrente de processos infecciosos. Apresentação adequada das bordas da ferida permite uma sutura sem irregularidades ou falhas de aproximação. A hemostasia prévia diminui a possibilidade de infecções e infiltração dos tecidos, além de evitar a perda da sutura por formação de coleções (hematomas). A ausência de tensão entre bordas, por aproximação de planos profundos, quando necessário, evita deiscências por erro técnico e propicia cicatrizes com melhor qualidade (em planos profundos e superficiais). Evitar planos teciduais não preenchidos (‘espaços mortos’) e remover corpos estranhos ou tecidos desvitalizados previne complicações e necessidade de reintervenções. A escolha de material adequado (instrumental, fios, agulhas) contribui substancialmente para o sucesso do procedimento. Dá‐se preferência a fios e agulhas menos calibrosos, que tecnicamente permitam a realização de sutura adequada e permaneçam com sua função, durante o processo cicatricial fisiológico de cada tecido. Da mesma forma, instrumental grosseiro ou inadequado provocará trauma desnecessário aos tecidos. Exemplo disso é a preferência pela utilização de pinças com dente para manuseio da pele, em que a preensão inadequada repetida, provocada por uma pinça sem dente, pode ser mais danosa. Em contrapartida, a utilização de pinças com dentes em mucosas intestinais, por exemplo, pode ser o ponto de partida para formação de uma fístula. Deve‐se escolher o instrumental mais delicado possível para cada tipo de sutura, porém que cumpra sua utilidade de maneira eficaz. Técnica de sutura A agulha deve transfixar os tecidos em ângulo de 90º. A secção do fio, após o nó, deve levar em consideração o fio utilizado e o tecido suturado. Fios monofilamentares (por ex., polipropileno) possuem memória, tendendo a que os nós se desfaçam, exigindo secção com cotos maiores. Em suturas internas (que não serão removidas) opta‐se por manter menor coto possível, diminuindo reação de corpo estranho. A adequação da secção dos cotos obtém‐se por maior (cotos mais longos) ou menor angulação da tesoura após esta tocar o nó. DIFERENÇA ENTRE SUTURAS Sutura com ponto separado: afrouxamento ou quebra de um nó não interfere no restante da linha da sutura. Sutura contínua: mais rápida e hemostática, usa mais fio e pode causar deiscência pela abertura de um único nó. SUTURAS BÁSICAS A. SUTURAS SEPARADAS 1. Ponto simples: a derme deve ser transposta pela agulha em sua totalidade. A agulha penetra a pele a 90º e, na outra derme em sua totalidade, sai através da pele. A distância entre a entrada da agulha e a incisão em uma borda e a saída na outra deve ser a mesma. 2. Ponto em U vertical (Donatti) (“longe‐longe”, “perto‐perto”): o início da sutura não difere do ponto simples; após isso, antes do nó, o fio retorna para a borda inicial, em plano intradérmico e à frente do passo inicial. Usado na pele, em suturas de pequena tensão, ou quando os lábios da ferida tendem a invaginar. Resultado estético inferior, mas permite boa hemostasia. 3. Ponto em U horizontal ou ponto de Gillies, a agulha penetra a pele de forma intradérmica na fase inicial, em uma das bordas. Na borda contralateral a passagem do fio é totalmente intradérmica, de forma horizontal, em U. O fio não é exteriorizado nesta borda. Após a confecção do U horizontal intradérmico, a agulha retorna verticalmente e ao lado de sua entrada, também intradérmica. Utilizado na pele quando há tensão, mas não oferece boa estética. 4. Ponto em X A sutura em X, com componente de força de tensão e hemostasia, o fio é passado em um lado da incisão e, após, a um nível abaixo nas duas bordas, iniciando pela borda contrária à inicial. Ao final, para finalizar a sutura, o fio é passado em mesmo nível ao inicial, em borda oposta. B. SUTURAS CONTÍNUAS 1. Ponto contínuo simples Confecção de pontos simples, seriados e sem interrupção. O nó é realizado no início e no final da sutura. Comumente chamado de “chuleio”. https://www.youtube.com/watch?v=urRR4q5A1pk 2. Ponto contínuo ancorado Realizado da mesma forma que a sutura simples contínua, porém com o cruzamento do fio entre os nós. https://www.youtube.com/watch?v=09wgB8u3VhE Marcella Hani ‐ TXXI 3. Ponto em U horizontal (barra grega ou colchoeiro) Sutura realizada em U, horizontalmente, transfixando a pele em suas bordas. A entrada e saída dos fios são realizadas lado a lado, de forma contínua. https://www.youtube.com/watch?v=WePSjnX3D90 4. Sutura em bolsa A sutura em bolsa é aplicada com o intuito de inversão das bordas e de seu conteúdo. Realizada por sutura circunferencial, transfixando os planos parcialmente e espaçada entre 0,3 e 0,5 cm. Reparar e manter folga no fio em 0/360º e 180º permite que, ao realizar o nó cirúrgico, o auxiliar possa invaginar através de pinça o seu conteúdo. 5. Ponto em U horizontal interno (intradérmico) A sutura intradérmica é realizada por passagem do fio de forma horizontal, em plano mais superficial possível. A passagem do fio contra lateral deve ser realizada no mesmo nível do término da passagem imediatamente anterior. O fio deve ser cruzado. O fio pode ser exteriorizado, com ou sem nó externo, nas duas extremidades. https://www.youtube.com/watch?v=LlQ_qYm4ihY NÓS CIRÚRGICOS Os nós cirúrgicos têm extrema importância durante o ato cirúrgico para hemostasia e síntese. Eles podem ser feitos manualmente, com o auxílio de um porta‐agulhas ou serem usados ambos, com o primeiro seminó realizado com o porta‐agulhas e o segundo com as mãos. O nó bem‐executado exige atenção aos seguintes itens: não deve ser cruzado, sob risco de rompimento; o primeiro nó não deve estar frouxo; deve‐se empregar forças iguais em ambos os braços do fio, sem deslocar o nó; os dedos indicadores acompanham o laço do nó, dirigindo‐o e fixando‐o no local apropriado e com tensão apropriada; na execução do segundo nó, evita‐se a tração do primeiro já executado, pois qualquer tração mais intensa removerá o primeiro nó; o número de nós varia de acordo com o tipo de fio empregado e com os tipo de tecido. Os fios finos e monofilamentares (mononylon e Prolene), pela propriedade de “memória” do fio, exigem a execução de mais de três nós. menor impressão na pele. Mau resultado estético, mas bom resultado funcional. TIPOS DE SUTURAS PREFERENCIAIS EM DIFERENTES TECIDOS Pele : Pontos separados simples ou de Donnatti, com fios não absorvíveis ou absorvíveis em longo espaço de tempo, 4‐0 ou 5‐0. Em crianças, pode se usar o categute simples ou cromado 3‐0 ou 4‐0. Em regiões sensíveis, fios de curto ou moderado espaço de tempo 0, 2‐0 ou 3‐0. Na planta do pé, fios não absorvíveis ou em moderado a longo espaço de tempo, 0 ou 2‐0. Linha de sutura transdérmica com fios de moderado tempo elimina a necessidade desutura cutânea e tem um bom resultado estético (4‐0 ou 5‐0). Tecido celular subcutâneo : Pode haver reações a corpo estranho. Pontos simples separados com fios de médio tempo (3‐0 ou 4‐0). Evita‐se o categute, pois ele leva a inflamação. Aponeurose: Fios não absorvíveis ou de longo espaço de tempo (0, 1 ou 2). Pode ser sutura continua interrompida ou com pontos separados. Bizu de prova: usar Poliéster ou poligliconato! Vasos sanguíneos : Chuleio simples, fios não absorvíveis 5‐0 ou 6‐0. Suturas com pontos separados simples são em vasos de pequeno calibre ou crianças. Em anastomoses arteriais com enxertos sintéticos se usa o polipropileno. Musculatura: Pontos simples ou em U com fios absorvíveis de curto/moderado espaço de tempo, 2‐0 ou 3‐0. Peritônio Chuleio simples, fios absorvíveis de curto/moderado espaço de tempo, 0 ou 2‐0. Tubo digestório : Sutura em um ou dois planos. Plano único: pontos separados simples com fio não absorvível ou absorvível em médio/longo espaço de tempo, ou chuleio simples, diâmetro 3‐0 ou 4‐0. Dois planos: primeiro se usa chuleio simples com fios absorvíveis 3‐0 (categute cromado até mesmo absorvidos em médio/longo espaço de tempo) e o segundo com fios não absorvíveis ou de médio/longo espaço de tempo (3‐0 ou 4‐0); Na prática.. se faz em 2 planos com PDS. Vias biliares : Fios absorvíveis em moderado/longo tempo 4‐0, 5‐0 ou 6‐ 0, com agulha não traumática. Suturas contínuas ou em pontos separados. Anastomoses de ductos menos calibrosos, pontos separados, enquanto nos mais calibrosos se usa chuleio. Fígado e baço : Feridas hepáticas traumáticas: pontos separados ou pequenos chuleios, fios absorvíveis tipo categute cromado ou sintéticos como ácido poliglicólico, poliglactina 910 e polidioxanona (2, 1 ou 0) Baço: mesmos fios podem ser utilizados, porém devem ser 0 ou 2‐0. Vias urinárias : Fios absorvíveis em médio/moderado tempo, como ácido poliglicólico, poliglactina 910 e polidioxanona, mas se usa também o categute cromado. Anastomoses uretero‐ureterais se usa pontos separados de 4‐0 ou 5‐0, e suturas vesicais podem ser contínuas com fios 2‐0 ou 3‐0. RETIRADA DOS FIOS DESUTURA CUTÂNEA Feridas com edema ou isquemia devem ser investigadas Aconselha‐se que, após a retirada dos pontos, o paciente não faça movimentação brusca do local Áreas de grande movimentação e tensão (joelho, cotovelo, etc), as suturas são retiradas mais tardiamente. Feridas extensas: retiram‐se alternadamente os pontos, completando o restante alguns dias depois. Experiência do cirurgião que determina a época mais oportuna para a retirada dos pontos cutâneos.
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