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Iter Criminis 1. Cogitação: é a ideação do crime. A fase da cogitação é impunível (desdobramento lógico do princípio da materialização do fato ou exteriorização do fato). Atenção: querer punir a cogitação é fomentar direito penal do autor. O Ordenamento Jurídico Brasileiro adotou o direito penal do fato. Cuidado: a cogitação não implica, necessariamente, premeditação. 2. Preparação: é a fase dos atos preparatórios, também denominado de “conatus remotus”. O agente procura criar condições para a realização da conduta idealizada. Atenção: os atos preparatórios, em regra, são impuníveis. Existem hipóteses em que os atos preparatórios que são puníveis. 3. Execução: atos executórios. Traduzem a maneira pela qual o agente atua exteriormente para realizar o crime idealizado. Em regra, o interesse de punir depende do início da execução, isto porque, excepcionalmente, temos casos de atos preparatórios puníveis, conforme exposto no item acima. 4. Consumação: é o instante da composição plena do fato criminoso. Art.14 – Diz-se o crime: I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Classificação doutrinária quanto a consumação Crime Material O resultado naturalístico é imprescindível para que o crime seja consumado. Ex.: Homicídio Crime Formal A consumação se dá com a prática da conduta, com isso esse resultado naturalístico não precisa ocorrer para que o crime seja consumado. Ex.: Extorsão (Art. 158, CP.) Crime de Mera Conduta Não tem resultado naturalístico. O crime se consuma com a prática da conduta. Ex.: Omissão de socorro. Crime Permanente A consumação de protrai no tempo. Crime Habitual A consumação exige reiteração de conduta típica. Crime Consumado Crime Exaurido Encerra o Iter Criminis. Abrange os resultados posteriores ao encerramento do iter criminis. Ex.: Gabriel exige vantagem mediante violência (consumação). A entrega da vantagem é exaurimento, são atos posteriores a consumação. O crime se consuma com a exigência da vantagem a vítima. O recebimento da vantagem é mero exaurimento do crime. · Tentativa Conforme dispõe o art. 14, II, do Código Penal: Diz-se o crime: tentando, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Classificação da Tentativa Quanto ao Iter Percorrido Tentativa Imperfeita/Inacabada Tentativa Perfeita/ Acabada/Crime Falho O agente é impedido de prosseguir no seu intento, deixando de praticar TODOS os atos executórios à sua disposição; O agente, apesar de praticar todos os atos executórios à sua disposição, não consegue consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade. Ainda tinha atos executórios a serem praticados. O agente não possuía mais atos executórios a sua disposição. Já praticou todos. A execução é interrompida antes de ser esgotada. A execução se esgota. Quanto Ao Resultado Produzido Na Vítima Tentativa Incruenta/ Branca Tentativa Cruenta/ Vermelha O golpe não atinge o corpo da vítima. O golpe atinge o corpo da vítima. Quanto à possibilidade de alcançar o resultado Tentativa Idônea Tentativa Inidônea O resultado era possível de ser alcançado O resultado é absolutamente impossível de ser alcançado. A tentativa inidônea é sinônimo de crime impossível (Art. 17, CP). Crimes Que Não Admitem Tentativa · Crimes Culposos; (Salvo, culpa impropria); · Crime Preterdoloso; · Crimes Omissivos Próprios ou Puros; · Crimes Unissubsistentes; · Contravenção Penal; · Crime de atentado ou de empreendimento; · Crimes habituais; · Crimes condicionados ao implemento de um resultado. Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. Consequência: só responde pelos atos já praticados. São causas de extinção da punibilidade da tentativa, respondendo o agente pelos atos já praticados. 1. Desistência Voluntária “Na desistência voluntária, o agente, por manifestação exclusiva do seu querer, desiste de prosseguir na execução da conduta criminosa. Trata-se da situação em que os atos executórios ainda não se esgotaram, entretanto, o agente, voluntariamente, abandona o seu dolo inicial” (Rogério Sanches (Manual de D. Penal, 2016, p. 357). Cuidado: A desistência deve ser voluntária, ainda que não espontânea, ou seja, admite-se interferência subjetiva externa. 2. Arrependimento Eficaz *Resipiscência Conceito: ocorre quando os atos executórios já foram todos praticados, porém, o agente abandonando o intento, desenvolve nova conduta para impedir o resultado. Atenção! O arrependimento eficaz só tem cabimento nos crimes materiais. Lembrando: isto porque nos crimes formais e de mera conduta, o esgotamento dos atos executórios já consuma o crime, (o agente não tem como impedir que o resultado se produza). Diferenças Desistência Voluntária Arrependimento Eficaz Art. 15, 1ª parte, CP Art. 15, 2ª parte, CP São espécies de tentativa qualificada Exige voluntariedade Exige voluntariedade + eficácia O agente abandona o dolo antes de esgotar os atos executórios. O agente abandona o dolo após os atos executórios, porém, impede a consumação. O crime não se consuma por circunstancias inerentes à vontade do agente. Extingue-se a punibilidade da tentativa, punindo o agente pelos atos já praticados. Ponte de Ouro: a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são consideradas ponte de ouro. 3. Arrependimento posterior Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Desistência Voluntária Arrependimento Eficaz Arrependimento Posterior O abandono do intento ocorre durante a execução. O abandono do intento ocorre com o fim da execução. O arrependimento ocorre após a consumação do crime Ponte de Ouro Ponte de Ouro Ponte de Prata Requisitos Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa. Reparação do dano ou restituição da coisa. A reparação deve ser integral. Até o RECEBIMENTO da denúncia ou queixa Ato voluntário do agente (não se exige espontaneidade). Não é necessário ato espontâneo. Uma vez atendidos todos os requisitos previstos em lei, a reparação do dano ou restituição da coisa tem como consequência a redução de 1/3 a 2/3 da pena do agente. A diminuição se opera na terceira fase de aplicação da sanção penal e terá como parâmetro a maior ou menor presteza (celeridade e voluntariedade) na reparação da restituição. Crime Impossível Previsão legal: art. 17, CP. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Teoria Adotada pelo Código Penal Teoria objetiva temperada ou intermediária: a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto devem ser absolutas para que não haja punição. Sendo relativas, pune-se a tentativa. Esta corrente faz uma distinção: · Se os meios ou objetos forem relativamente inidôneos, haverá crime tentado. · Se os meios ou objetos forem absolutamente inidôneos, haverá crime impossível. Vigilância nos estabelecimentos x Crime Impossível Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. Elementos do crime impossível · Início da execução; · A não consumação por circunstâncias alheias a vontade do agente; · Dolo de consumação; · Resultado absolutamente impossível de ser alcançado. Duas são as formas de crime impossível · Crime impossível por INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO; A inidoneidade absoluta do meio se verifica quando falta potencialidade causal, pois osinstrumentos postos a serviços da conduta não são eficazes, em hipótese alguma, para a produção do resultado. Ex.: João para matar Antônio, se vale sem saber de uma arma de brinquedo. 2) Crime impossível por IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO; Também se dá o crime impossível quando a pessoa ou a coisa que representa o ponto de incidência da ação delituosa (objeto material) não serve à consumação do delito. A inidoneidade do objeto se verifica tanto em razão das circunstâncias em que se encontra (objeto impróprio) quanto em razão da sua inexistência (objeto inexistente). Ex.: João tenta praticar aborto em mulher que imagina estar grávida.
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