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CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS I – EQUINOS Prof. Dr. Neimar Roncati 1 MEDICINA PREVENTIVA Não só a medicina curativa, aquela que visa tratar os animais já acometidos por uma doença deve ser estuda e utilizada por nós veterinários durante o desenvolvimento da clínica médica veterinária, mas também a medicina preventiva. Cabe a nós a idealização e realização de programas profiláticos a muitas doenças, que conjuntamente com práticas de bom manejo podem resultar em vários benefícios as criações de cavalos, quer seja com menos animais doentes como na economia financeira ao proprietário. VACINAÇÃO Um fator essencial para um bom programa preventivo de doenças é a realização da vacinação contra as doenças infecciosas. Mesmo que nenhuma vacina seja 100% efetiva na prevenção destas afecções, sua utilização pode reduzir consideravelmente a morbidade e mortalidade na maioria dos planteis equinos. Conjuntamente à vacinação deve-se incluir outros programas na realização de uma boa profilaxia como, por exemplo: baias arejadas, limpeza adequada, alimentação correta, vermifugação, além do isolamento dos animais doentes – fatores estes essenciais na diminuição das condições de estresse de qualquer criação. A grande maioria das doenças infecciosas equinas já possuem vacinas comerciais prontas para a utilização, sendo as mais importantes para o território nacional: Encefalomielite – leste e oeste; Tétano (toxóide tetânico); Influenza; Herpesvírus equino – tipos 1 e 4; Raiva. Muitas destas vacinas podem ser encontradas isoladamente para aplicação, ou até de forma associada (ex: tríplice = tétano+encefalomielite+influenza). A escolha da vacina apropriada pode estar relacionada à preferência do veterinário, época do ano, idade do animal, além da predisposição à exposição aos agentes que se quer prevenir. Programa profilático vacinal 1. Tétano – doença causada pela neurotoxina tetânica, produzida pelo Clostridium tetani, sendo muito difícil, se não quase impossível, o tratamento dos animais doentes, resultando em morte na maioria dos casos. Portanto é necessário vacinar os animais anualmente. Existem trabalhos demonstrando que esta vacina teria capacidade de imunizar os animais até por cinco ou mais anos. 2. Encefalomielite – doença transmitida por insetos hematófagos dos depósitos naturais como aves e animais silvestres para o cavalo, causada por três tipos de vírus: leste, oeste e Venezuelana (esta última pode ser transmitida entre cavalos, através dos insetos hematófagos, mas ainda não foi relatada no Brasil). É considerada uma zoonose, portanto pode ser transmitida aos humanos também. CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS I – EQUINOS Prof. Dr. Neimar Roncati 2 Quando ataca os cavalos tem o potencial de levar a óbito acima de 90% dos casos. A vacinação deve ser aplicada anualmente. 3. Influenza – doença altamente contagiosa do trato respiratório equino. A maior dificuldade é a inabilidade das vacinas atuais de conferirem imunidade por um longo período. Os animais com alto risco de exposição ao agente devem ser vacinados semestralmente ou a cada quatro meses. Como regra internacional, os animais aglomerados em hípicas ou hipódromos devem ser vacinados semestralmente. 4. Raiva – mesmo que não seja uma enfermidade comum nos cavalos, pode aparecer em regiões endêmicas, sendo fatal, além de ser uma zoonose, mesmo que não haja descrição da transmissão cavalo-homem. Todos os cavalos devem ser vacinados anualmente. O Ministério da Agricultura brasileiro requer a vacinação semestral em regiões com alta incidência de casos. 5. Herpes vírus equino – maior causador de abortamento nas éguas, além de afecções respiratórios em potros e cavalos adultos. As éguas devem ser vacinadas no 5º, 7º e 9 º mês de gestação, mas já existem vacinas indicadas para uma única dose durante a gestação. No restante dos animais do plantel, assim como a vacina da Influenza, deve ser administrada semestralmente, pois assim diminui a incidência de casos. Potros devem ser vacinados quando não mais tiverem a imunidade passiva (adquirida via colostral) atuante e já forem imunicompetentes, portanto a partir dos 3 ou 4 meses de idade. Normalmente, para facilitar o manejo do planteis, costuma-se vacinar junto à data de desmama, ou seja, por volta dos 5 ou 6 meses de idade. A revacinação deve ser sempre realizada um mês após a primo vacinação em todos os potros, que após este período entram no mesmo programa do restante do plantel. Um fato importante é quando se realiza a introdução de um novo animal na criação, ou mesmo quando da aquisição de um equino que não tenha histórico prévio de vacinações, neste caso, recomenda-se a vacinação de todas as afecções supracitadas e também a revacinação um mês após a primeira vacinação, mesmo sendo o animal um adulto. Abaixo descre-se um exemplo de programa vacinal: TABELA DE VACINAÇÃO Vacinas / categoria Potros jovens Reforço Cavalos adultos Éguas prenhes Tétano 5 meses 6 meses Anual Anual Encefalomielite 5 meses 6 meses Anual Anual Raiva 5 meses - Anual Anual Influenza 5 meses 6 meses Semestral Semestral Herpes vírus 5 meses 6 meses semestral 5º,7ºe 9º mês CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS I – EQUINOS Prof. Dr. Neimar Roncati 3 VERMIFUGAÇÃO Juntamente ao programa profilático vacinal é importantíssimo regrar, para qualquer equino, um adequado manejo profilático de parasitas intestinais através de vermifugações periódicas. Torna-se fundamental a vermifugação periódica, nos equinos, devido aos seus hábitos alimentares, sendo herbívoros por natureza e, portanto mais susceptíveis aos parasitas intestinais e suas reinfestações, pois normalmente se alimenta em pastagens bastante contaminadas por ele próprio ou por outros animais do grupo. Muitas espécies de parasitas intestinais podem acometer os cavalos, sendo os vermes do grupo dos nematóides (vermes redondos) os mais importantes, mas alguns vermes chatos (cestóides) além de larvas de determinados grupos de moscas podem trazer muitos problemas como cólicas, hiporexia, queda de rendimento, anemia, diarréias, deficiência de crescimento, aneurisma verminótico, etc. Para escolha de um vermífugo deve-se considerar as características individuais como: idade, estado nutricional, grau de exposição aos parasitas, assim como características ambientais como o clima, além da eficácia do produto e da estratégia de controle. Um fatos que não pode deixar de ser citado na realidade nacional é a escolha do princípio ativo de acordo com o preço proposto no mercado. Programa de Controle Parasitário Muitas e diferentes estratégias de controle têm sido propostas, cada qual com suas vantagens e desvantagens. Na prática opta-se pela vermifugação de todos os animais regularmente, sendo o intervalo de aplicações regido pela composição do produto utilizado. A idealização de um bom programa deveria levar em conta o nível de parasitose dos cavalos, sendo aplicado vermífugo apenas naqueles animais com significante número de ovos nas fezes. Portanto um exame que pode ser complementar ao programa de controle e também auxiliar no diagnóstico do grau de infestação dos animais seria a contagem de ovos por grama de fezes (OPG). Considera-se um nível aceitável de ovos nas fezes um total de 300 a 400 OPG, já que a vermifugação dos animais com estes níveis é efetivo para o tratamento individual e também para minimizar a contaminação das pastagens. É importante agrupar os potros jovens desde o primeiro mês de vida no controle parasitário, sendo importante a repetição do produto a cada mês até a desmama, já que animais jovens tendem a praticar naturalmente a coprofagia. Para os animais adultos, a vermifugação com intervalos de 60 ou 90 dias regularmente, na dependência da composição do produto, pode ser bastante eficaz.Como exemplo de tratamento pode-se citar: Moxidectin – gel oral – 0,4mg/kg – cada 90 dias Ivermectina – pasta oral – 0,2mg/kg – cada 60 dias Como a maioria destes vermífugos não atinge os “vermes chatos”, deve-se utilizar produtos associados, ou pelo menos, intercalar sua aplicação periodicamente como, por exemplo: CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS I – EQUINOS Prof. Dr. Neimar Roncati 4 Palmoato de Pirantel – pasta oral - 6,6mg/kg – pelo menos duas vezes ao ano, principalmente nos animais jovens. Praziquantel – pasta oral – 2,5mg/kg – normalmente associado à Ivermectina. Associado a aplicação de vermífugo em todos os animais do plantel deve-se realizar o rodízio de pastagens, além de limpeza adequada das baias, destino adequado do material recolhido das baias em esterqueiras, e se possível, recolher regularmente as fezes dos piquetes. Abaixo descre-se um exemplo de programa antiparasitário intestinal: Produto Potros jovens Reforço Adultos Ivermectina 1 mês vida mensal até 6 meses A cada 2 meses Moxidectin 4 mês vida A cada dois meses até a desmama A cada 3 meses Intercalar Palmoato de Pirantel 2 meses vida 4 meses vida semestral Praziquantel 2 meses vida 4 meses vida semestral Atualmente existem muitos produtos comerciais que já associam duas diferentes moléculas como a Ivermectina e o Praziquantel, mas um cuidado especial deve-se ter com a concentração desta moléculas nestes produtos.
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