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1 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY REVISÃO Questão 1 Dentre os padrões de apresentação de uma cefaleia, aquele mais possivelmente relacionado um quadro secundário, seria: a- progressão lenta, com picos e remissões, padrão em crises b- progressão lenta, recorrência diária, leve intensidade c- progressão rápida, recorrência diária, moderada intensidade d- progressão lenta, evolução insidiosa, com piora gradual da intensidade e- progressão rápida, padrão em crises, com náuseas e fotofobia Questão 2 São sinais que sugerem gravidade diante de uma cefaleia: a- início após atividade física e recorrência diária, com padrão em “peso”, no final do dia. b- Nova padrão álgico em pacientes menores que 10 anos e maiores que 40 anos. c- Febre associada à cefaleia, em paciente transplantado renal. d- Nova cefaleia em paciente na prova de vestibular para medicina. e- Cefaleia recorrente no período vespertino em mãe de um bebê de dois meses. Questão 3 Paciente admitido na emergência deve ser submetido à exame de imagem quando apresentar: a- cefaleia com mudança recente no padrão e crise epiléptica na ultima semana. b- cefaleia com início após os 30 anos de idade. c- Cefaleia acompanhada por náusea e vômitos d- cefaleia que precisou de analgesia venosa para melhorar e- Cefaleia com início antes dos 10 anos de idade Questão 4 Poliana tem 30 anos de idade e veio à consulta neurológica apresentado queixa de cefaleia. Durante anamnese ficou evidente crises duas vezes por semana há pelo menos 4 meses. Dor latejante nas regiões laterais da cabeça, que alternam. Às vezes chega a ser tão forte que pode vomitar, chegando a ficar incapacitada para trabalhar. Esta paciente deve ter, como principal hipótese diagnóstica: a- cefaleia em salvas b- neuralgia do trigêmeo c- migrânea comum d- cefaleia tensional e- cefaleia funcional Questão 5 Julio, 45 anos, chegou ao pronto atendimento desesperada, referindo estar com uma dor excruciante acima do olho direito. Ao exame, você percebe hiperemia conjuntival, edema palpebral, rinorreia. Ele referiu que a dor teve início há 40 minutos. Foi o seu primeiro episódio. Ficou extremamente agitado e as medicações administradas não surtiram muito efeito até que, após cerca de terem se passado 90 minutos, a dor sumiu como num passe de mágica. Diante desta apresentação, sua principal hipótese seria: a- cefaleia tipo migranosa b- cefaleia tipo tensional c- cefaleia tipo trigêmino- autonômica d- cefaleia psicogênica e- cefaleia em pontadas Respostas: 1-D, 2-B, 3-A, 4-C, 5-C ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL Objetivos de aprendizagem do dia ▪ Aprender aspectos semiológicos que me permitam identificar a possível etiologia do déficit neurológico focal agudo apresentado pelo paciente. ▪ Alguns aspectos relacionados à avaliação pré e intra- hospitalar. ▪ Identificar programas de prevenção realmente eficazes. Introdução Se tratando de AVC, precisamos pensar que esse é a personificação de quase tudo que imaginamos como apresentação clínica dentro da neurologia, que é um déficit neurológico focal súbito. Então, quando temos uma apresentação rápida, aguda, súbita, tratam-se de casos que podem estar relacionados a um comprometimento vascular, então, não só dentro da neurologia, mas, de forma sistêmica, esse tipo de apresentação pode denotar um comprometimento vascular, arterial ou venoso. Mas, existem alguns diagnósticos diferenciais, no caso de um déficit neurológico focal súbito, QUADROS NÃO VASCULARES QUE PODEM MIMETIZAR UM AVC podem ser paralisia de Todd (paralisia que acontece após o paciente ter uma crise epiléptica, não é raro de acontecer, portanto, se pegarmos um paciente na emergência, depois do chamado estado pós-ictal- ictus é quando o paciente está tendo a crise epiléptica, depois que essa crise já acabou, muitos pacientes permanecem com rebaixamento do nível de consciência, ficam dormindo em um sono profundo, mas a crise já passou, e, podem apresentar durante minutos ou até horas, uma hemiparesia, hemiplegia), essa, entra DISCIPLINA BASES ANATÔMICAS DA SEMIOLOGIA NEUROLÓGICA AULA 9- O AVC... EXISTE PREVENÇÃO? PROFESSOR JÉSSICA 2 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY como diagnóstico diferencial de AVC. Bem como, as neoplasias, essa, pode evoluir insidiosamente, sem um sintoma, mas, a partir de um determinado momento, essa pode gerar um sintoma considerado agudo, ou é uma neoplasia que estava crescendo insidiosamente, sem ter manifestação alguma, e, de repente, ela sangrou, teve uma hemorragia, necrose, e, o paciente vai começar a ter uma manifestação clínica aguda, por conta dessa hemorragia intra tumoral. Pacientes com esclerose múltipla, ou com NMO, esses, podem se apresentar com déficit neurológico focal agudo, um quadro inflamatório autoimune. Doenças infecto- parasitárias, como neurotoxoplasmose, também são diagnósticos diferenciais. Encefalopatias metabólicas, e, aqui * entra um dos principais diagnósticos diferenciais, que é a hipoglicemia. Paciente chegou na emergência com hemiparesia, hemiplegia, desvio de comissura, afasia, é mandatório fazermos glicemia capilar nessa paciente, porque um dos principais diagnósticos diferenciais é a hipoglicemia. Outro diagnóstico diferencial que não está aqui, mas, fazendo associação com a aula passada, é a aura da enxaqueca, a qual pode ser uma aura motora, sensitiva, e, existe uma entidade clínica chamada enxaqueca hemiplégica, em que o paciente apresenta uma hemiparesia, ou uma hemiplegia, que pode durar durante o curso, ou, após o curso da enxaqueca. A hemiplegia pode durar até 24, até 48 horas, e, essa entidade, tem um componente familiar, tem uma mutação genética já relacionada, já foi identificada a isso, e, é o mesmo gene, inclusive, relacionado a paraparesia espástica, também uma doença genética. Lógico, também temos que lembrar de uma causa psicogênica que precisa ser investigada, mas, não é atoa que deve ser investigada como último item, já que, causas psicogênicas, sempre são * diagnósticos de exclusão (tomar muito cuidado na prática clínica). Então, 95% permanecemos com um quadro de ETIOLOGIA VASCULAR, e, então, vem uma necessidade de fazermos o diagnóstico diferencial entre um quadro hemorrágico (15%-que veremos na semana que vem), e, um quadro isquêmico (85%). Precisamos de um exame de imagem para diferenciar se trata de um AVC isquêmico ou hemorrágico, já que as manifestações podem ser idênticas. Algumas peculiaridades que acontecem no AVC hemorrágico podem ajudar no diagnóstico, mas, elas também podem ocorrer em um AVC isquêmico de forma mais rara. Isso iremos abordar melhor na próxima semana, mas, apenas pela clínica, não posso afirmar se trata de um AVC isquêmico ou hemorrágico, mas, se fizermos uma suposição, levando em consideração o aspecto epidemiológico, vou pensar logicamente, em um quadro isquêmico. Em síntese, um paciente chegando com déficit neurológico focal, hemiparesia, hemi hipoestesia, comprometimento em toda a metade do corpo, preciso classificar esse paciente, como veremos abaixo. Existe uma classificação, a chamada “Classificação de TOAST”, a qual deveria ser empregada a todos os pacientes que são internados devido a um AVC, e, esse paciente deveria sair do hospital com a Classificação de TOAST preenchida. Classificação de TOAST TOAST 1 60% TOAST 3 20% TOAST 2 15% TOAST 4 5% TOAST 5 ATEROSCLEROSE DE GRANDES ARTÉRIAS AVC LACUNAR CARDIOEMBÓLICO OUTRAS ETIOLOGIAS CRIPTOGÊNICO -Trombose in situ: Temos uma ruptura por um hiperfluxo sanguíneo, decorrente, por exemplo, de uma placa lipídica, decorrente de colesterol, rompendo a parede íntima da artéria, e, com isso, ocasionar a ativação de processos inflamatórios, ativação da cascata de coagulação, formar um trombo, e, esse ocluir as artérias. -Embolia artério- arterial: O trombo in situ pode ser pequeno, um parte da placa por ser instável, podendo embolizar, e, parar em umartéria mais distal, com calibre menor, em que ela não consegue mais passar. -Aterosclerose de pequenas artérias: Como consequência, temos um AVC lacunar. Pacientes hipertensos, diabéticos, idosos, a parede das artérias fica cada vez mais fraca, e, acaba não conseguindo filtrar, já que, a parede dos vasos do nosso SNC ela é muito sábio, o nosso SN tenta não propagar para dentro do SN as alterações de pressão arterial, só que, esse sistema, se esse paciente, tem por exemplo, uma hipertensão arterial de longa data não controlada, esse sistema acaba, por muitas vezes, sendo falho, não satisfatório, e, então, essa pressão pode ser passada para essas artérias menores, que ficam na região dos vasos perfurantes, e, esses vasos, podem não ter fluxo sanguíneo suficiente, por conta de trombose dentro desses vasos pequenos, ou, podem sangrar com facilidade, já que a parede desses vasos não está satisfatoriamente conseguindo impedir a propagação dessa hipertensão para dentro desses vasos pequenos. Nesse caso, o mais importante, é lembrarmos de pacientes com Fibrilação Atrial, e, doença de Forame Oval patente. Por exemplo, paciente que tem Lúpus, já que essa doença pode acarretar qualquer sintoma dentro da neurologia, semelhantemente a pacientes com HIV. Dissecções arteriais, como um paciente jovem que teve m trauma importante na região cervical, um chamado “trauma em chicote”, ele pode fazer uma dissecção na artéria carótida, a qual pode ocluir o fluxo carotídeo, acarretando um AVC da circulação anterior. Pacientes com vasculite, doenças inflamatórias, como as doenças inflamatórias intestinais. Enxaqueca, que sabemos que quem a tem, já tem um fator vascular intrinsecamente relacionado, por isso, o uso de contraceptivos orais, que é outro fator de risco para quadros vasculares, leva a esse comprometimento vascular, então, quem tem enxaqueca, já tem contraindicação relativa, e não absoluta, para fazer uso de contraceptivos. É aquele que investigamos todo o resto, e, mesmo assim, não conseguimos encontrar uma definição etiológica de porque o paciente teve AVC isquêmico. PACIENTE CHEGA COM DÉFICIT NEUROLÓGICO FOCAL CLASSIFICAÇÃO DE TOAST 3 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY Essa classificação é importante, já que, a partir dela, conseguimos fazer os exames de propedêutica médica, quando o paciente interna. Paciente que chega com clínica de um déficit neurológico focal agudo, ele precisa passar por um ECG, já que se tiver uma FA, sabe-se que, provavelmente, foi um TOAST 2, onde podemos iniciar medidas para isso. Precisamos identificar se esse paciente tem aterosclerose de grandes vasos, então, esse paciente será submetido a um doppler de carótidas vertebrais, além de um ecocardiograma, já que, as vezes, ele não tem FA, mas, tem por exemplo, uma endocardite, fazendo um AVC devido a uma vegetação que soltou, o que chamamos de embolia séptica. Um paciente que teve um IAM, tem aumento de câmara cardíaca, tem uma dificuldade de fração de ejeção, então, o sangue se acumula nas câmaras cardíacas esquerdas, pode trombozar, e, pode embolizar para circulação distal. Esse paciente precisa de exame de sangue, para fazer o rastreio de algumas doenças infecto-contagiosas, ou hipovitaminoses, ou, outros fatores de risco, como uma simples anemia, que entra como fator de risco para o paciente ter um AVC, e, obviamente, precisamos de uma anamnese muito bem feita, para buscar os outros fatores de risco como mulher jovem, grávida, puérpera, em uso de contraceptivo, tabagista, etilista, história familiar positiva. A investigação de etiologia de AVC é muito complexa, mas tudo depende da faixa etária do paciente, do local/ dos locais que foram comprometidos por conta da apresentação vascular. Existe prevenção para um AVC isquêmico? ▪ A Hipertensão Arterial é o mais importante e melhor documentado fator de risco para AVC – a mortalidade por doença cardiovascular aumenta a partir de PA: 140 x 90mmMg de forma linear, contínua e independente. A principal consequência é a morbidade, tendo classificações para isso, avaliando a sobrevida do paciente. ▪ O tratamento com drogas anti-hipertensivas reduziu em 32% o risco de AVC em comparação com o grupo sem tratamento. ▪ É o fator de prevenção primária com maior relevância quando comparado ao diabetes, dislipidemia e tabagismo. Importante se lembrar de outros fatores de risco ▪ Consumo excessivo de sal; ▪ Consumo de álcool; ▪ Apneia obstrutiva do sono. Fibrilação atrial ▪ Risco aumentado de AVC em 4 a 5x; ▪ Pacientes com flutter também apresentam risco semelhante; ▪ Escores de avaliação: CHA2DS2VASc, usamos para saber se o paciente tem necessidade de ser medicado com anticoagulante. Relembrando AVC Para gente, AVC, significa tempo, e, tempo, significa perda neuronal. A isquemia começa quando temos fluxo menor que 20ml por mm cúbico de comprometimento vascular. É importante lembrarmos que o cérebro corresponde apenas a 2% da nossa massa corporal, mas, consome 20% do nosso volume sanguíneo, então, a cada minuto, chegam cerca de 2 litros de sangue no nosso cérebro, e, isso é muito relevante, já que ele é muito dependente de oxigenação, já que a diminuição do fluxo, pode levar a isquemia, infarto, necrose, e, fibrose daquela região (encefalomalácia). Se meu paciente tem alteração de força, de face, de fala, esse paciente precisa ser examinado o quanto antes, já que, a minha conduta, pode fazer com que meu paciente não tenha sequela alguma. Já que, em muitos centros conseguimos fazer trombólise (Valença não), trombectomia mecânica, então, é importante lembrar da possibilidade terapêutica, que cada vez mais abrange a população, e, evita sequelas catastróficas. 4 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY Escala para avaliar na ambulância Valor preditivo positivo de 97%. O protocolo Rinke (sl) da aula de vertigem, também tem alto VPP, o que nos mostra que as vezes, a abordagem clinica é muito significativa. Doenças Cerebrovasculares: Desvastadoras e Incapacitantes ▪ 2° causa de morte no mundo; ▪ 10% das mortes (5,5 milhões/ano); ▪ 44 milhões de pessoas incapacitadas; ▪ >16 milhões de casos/ano; ▪ 70% em países pobres. Vascularização do SNC Essa imagem representa o arco da aorta, a saída da artéria subclávia, e, a saída direta da artéria carótida comum. Da artéria subclávia, a direita, temos a saída da artéria vertebral, e, da artéria carótida comum. A Artéria carótida comum vai ser dividida em artéria carótida externa e artéria carótida interna, a partir da carótida interna, temos o sifão carotídeo, que é um local muito comum de apresentar placas lipídicas, podendo fazer tanto uma oclusão local, quanto uma alteração tromboembólica, ou seja, gerar um trombo nessa região, e, esse trombo embolizar para uma artéria mais distal. As artérias carótidas vão gerar a Artéria Cerebral Anterior, e, Artéria Cerebral Média, onde temos a circulação anterior. Já a Artéria Vertebral, tanto do lado direito quanto esquerdo, vai gerar a circulação posterior. As duas Artérias vertebrais se juntam para gerar a Artéria Basilar, e, dessa, temos os ramos perfurantes para o tronco, e, a Artéria Basilar vai gerar a PAICA, a AICA, que vão irrigar a região do cerebelo, e, também, a Artéria Cerebral Posterior. 5 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY Aqui, temos outra imagem mostrando a união das Artérias Vertebrais, formando a Artéria Basilar, as Artérias Cerebelares, e, as perfurantes da Artéria Basilar. Nessa imagem à direita, conseguimos ver a conformidade desses vasos na base do crânio, compondo o famoso “Polígono de Willis”. Dividindo em CIRCULAÇÃO ANTERIOR e CIRCULAÇÃO POSTERIOR. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Aqui, temos os ramos da Artéria Carótida, lembrando que seu primeiro ramo é a Artéria Oftálmica, portanto, a definição de AVC contempla qualquer déficitneurológico focal, incluindo um déficit visual, paciente que perdeu a visão, chegando com uma amaurose em questão minutos/segundos, ele pode ter tido a oclusão da Artéria Oftálmica*. Podemos ver na imagem, a angulação da Artéria Cerebral Média, que é a principal artéria comprometida quando temos comprometimento cardioembólico, e, isso se dá devido seu ângulo. Artéria Cerebral Anterior ▪ Também ramo da ACI; ▪ Descrevem trajeto paralelo; ▪ Conexão anastomótica através da artéria comunicante anterior (muito importante para a gente na próxima aula, já que corresponde a 40% de aneurisma congênito*); ▪ artéria comunicante anterior e ramos adjacentes da artéria cerebral anterior: 40% das formações aneurismáticas 6 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY A Artéria Cerebral Anterior irriga principalmente, a parte medial da foice do cérebro. Pegando parte do lobo frontal. Podemos ter manifestações motoras, e, lembrando do Homúnculo de Penfield, nessa região do lobo frontal, mais interna, em um AVC de Artéria Cerebral Anterior, a parte mais acometida seria os membros inferiores. Então, nesse caso, poderíamos ter uma Hemiparesia Completa ou Incompleta (na maioria das vezes incompleta), desproporcionada, de predomínio crural, por conta desse predomínio dos MMII. Síndrome ▪ Hemiparesia e pode ter perda sensitiva do membro inferior contralateral (pode também ser todo dimidio, tem déficit sensitivo, apesar de ser no lobo frontal, já que, nesse, existem as áreas de associação secundária e terciária, que juntam as áreas corticais primárias sensitivas e motoras na região subcortical, e, outra coisa importante, é que na fase aguda essa área será circundada por edema, primeiro vasogênico, e, depois citotóxico. Então, essa região edemaciada pode comprimir as estruturas adjacentes. Será mostrado uma TC na fase aguda tardia, para vermos o quanto de edema podemos ter, portanto, essa manifestação nem sempre estará associado ao ictus da área isquemiada); ▪ Afasia motora transcortical (hemisfério dominante for comprometido-esquerdo); ▪ Negligência motora (hemisfério não dominante for comprometido- direito); ▪ Abulia (alteração comportamental importante, lembrando que o lobo frontal está associado a comportamento); ▪ Apraxia da marcha, apraxia ideomotora, anomia tátil-paciente não consegue mais nomear objetos a partir do toque das mãos (hemisfério não dominante for acometido); ▪ Incontinência urinária, já que as fibras que irrigam o esfíncter vesical saem do córtex frontal Artéria Cerebral Média ▪ Ramo mais calibroso da ACI – * grande maioria dos AVCs; ▪ Comprometimento embólico, seja cardio ou tromboembolia, que pode ser formada na região do sifão carotídeo; ▪ Síndrome clínicas dependem dos ramos e do hemisfério comprometidos, já que essa é uma artéria muito grande; o Tronco, divisão superior, divisão inferior e artérias lenticuloestriadas; o Colaterais disponíveis. As Artérias Lenticulo-estriadas são também as perfurantes, as quais são acometidas em casos de AVC lacunar. Veremos na semana que vem, que quando essa for comprometida de forma isquêmica, temos o AVC lacunar (pequeno), mas quando se rompem, temos formação de Microaneurismas de Charcou- Bouchart (pequenos aneurismas, vistos quando submetidos a autópsia). A divisão superior faz intrínseca relação com a região da Artéria Cerebral Anterior. Temos que raciocinar com o Homúnculo de Penfield novamente. 7 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY Síndrome Combinação variável de hemiplegia, hemianestesia, desvio/ preferência do olhar, hemianopsia e afasia (hemisfério dominante) ou heminegligência multimodal profunda (hemisfério não dominante). Devemos lembrar que a Artéria Cerebral Média acomete lobo frontal, parietal, pouco do lobo temporal, pouco do lobo occipital, portanto, pode ter as mais variadas apresentações clínicas. Na figura à esquerda, está ilustrado um paciente com heminegligência, o qual negligencia tudo a sua esquerda, esse, provavelmente teve um AVC na região cerebral direita pegando a região do lobo parietal inferior, e, por isso, evolui com essa heminegligência. Podemos ter uma hemiplegia incompleta de predomínio braquial. Posso ter pegando região de cápsula interna, uma hemiplegia completa, proporcionada. Posso ter comprometimento de face, ou não. Tudo depende da região, e, do tamanho do que foi comprometido. Pegando o tronco, temos o chamado * AVC maligno da ACM, já que, nesse caso, toda a parte marcada será comprometida, vai expandir, e, gerar muito edema. 8 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY CASO CLÍNICO 1 Homem de 58 anos, tinha HAS. Últimos meses: vários episódios de descontrole pressórico apesar do tratamento. Uma noite despertou com sensação de fraqueza na perna direita, que persistiu por alguns minutos antes de voltar ao normal. Durante o café da manhã, percebeu que o café escorria pelo canto direito de sua boca e teve dificuldade para articular palavras. Ao mesmo tempo, o braço direito parecia-lhe fraco. Não tinha mais força para se levantar. Hospital: Neurologista detectou força grau 3 em MS e MI D, paralisia facial central à D, sem quaisquer déficits sensitivos associados, porém com alteração da fala. IRM demonstrou os seguintes achados: A esquerda, temos um RM, na sequência da difusão, com restrição a difusão. E, no FLAIR, temos hipersinal na mesma região Quais os diagnósticos sindrômicos, topográfico e etiológico para este paciente? Temos a região núcleo capsular (cápsula interna e núcleos da base) comprometida, onde passam fibras do trato corticoespinhal. CASO CLÍNICO 2 Nessa, temos uma TC. A seta está evidenciando a Artéria Cerebral Média Hiperdensa, esse, é o chamado “Sinal da Corda”. Temos que levar em consideração o desenho das topografias que podem estar acometidas na região da Artéria Cerebral Média. Na imagem, temos hiper densidade do tronco da ACM. Isso vai dar uma grande repercussão. Na fase hiperaguda a pessoa pode olhar a TC, e, não conseguir encontrar alteração, já que, olhando o córtex, realmente não temos alteração. Logo depois, a TC do paciente já fica da forma mostrada à direita, tendo um AVC maligno com comprometimento de praticamente todo hemisfério esquerdo do paciente, com até um desvio da linha média. Isso é um paciente gravíssimo. Podemos, como na imagem, ter algumas transformações hemorrágicas, devido a fragilidade dos vasos em decorrência do edema encefálico significativo. Então, conseguimos identificar os riscos que esse paciente apresenta, sendo essa uma contraindicação para o paciente fazer uma trombólise venosa, devido ao seu alto risco de evoluir para uma transformação hemorrágica. Artéria Cerebral Posterior ▪ Origina-se da bifurcação da A. basilar (circulação posterior); ▪ Dentro da cisterna ambiente divide-se em seus ramos corticais principais: o calcarina, occipitotemporal e os ramos temporais. ▪ Maior parte do fluxo provém do topo da A. basilar, mas tem pequena contribuição da A. carótida interna, pela comunicante posterior, comunicando-se com a circulação anterior. ▪ ACP e comunicante posterior emitem ramos perfurantes para mesencéfalo e tálamo. 9 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY Manifestações clínicas O protótipo de apresentação clínica de um acometimento de ACP, é um comprometimento visual, já que, é sabido que as fibras das radiações ópticas, terminam na região do sulco calcarino. Portanto, em um acometimento como o mostrado na primeira imagem, praticamente todas as radiações ópticas foram comprometidas, chegando no hemisfério cerebral a direita. Pensando, portanto, em um acometimento de toda a região do sulco calcarino à direita, o que teríamos em uma campimetria por confrontação seria uma Hemianopsia homônima à esquerda. Sistema Vertebrobasilar Agora temos que lembrar que a circulação posterior também gera circulação para regiões maisbasais do encéfalo, como cerebelo e tronco encefálico. Esse acometimento gera as síndromes que veremos a seguir. Síndromes alternas/ cruzadas ▪ Tratos motores descendentes; Isso ocorre, já que no tronco encefálico temos tratos motores descendentes, como o trato corticonuclear, que gera a inervação dos núcleos de pares cranianos que tem função motora, como hipoglosso, facial e trigêmeo. ▪ Tratos sensitivos ascendentes; E tratos sensitivos ascendentes, como trato espinotalâmico lateral, posterior, as fibras sensitivas ascendentes dos núcleos dos pares cranianos que tem função sensitiva, como a sensibilidade visceral especial do nervo facial (gustação), sensibilidade da face relacionada ao trigêmeo, sensibilidade do nervo Glossofaríngeo, também relacionada a gustação. ▪ Par craniano ipsilateral. Aqui já estamos falando do núcleo para frente. Os pares cranianos que têm função motora, também funcionam como o trato corticoespinhal, também temos o 1° neurônio motor, que vai do córtex, até o tronco, e, temos o 2° neurônio motor, que vai do núcleo para frente, até a estrutura periférica. Por isso, temos comprometimento que se manifesta como uma paralisia facial central, e, por isso temos acometimento que se manifesta como paralisia facial periférica. CASO CLÍNICO 3 Paciente de 56 anos iniciou, há cerca de 20 horas, tonteira e instabilidade postural com tendência a cair para o lado esquerdo (pensaria em acometimento vestibular, mas foi dito que paciente com comprometimento vestibular periférico, a famosa labirintite, ele tem vertigens paroxísticas, que ocorrem quando ele mexe a cabeça, e, ao ficar parado melhora, mas, esse paciente tem vertigem há 20 horas). Exame clínico demonstrou ataxia e assinergia do lado esquerdo (não conseguia mexer, nem ficar em pé, não conseguir equilibrar o tônus do lado esquerdo com o lado direito), além de um déficit protopático no lado direito do corpo. TC de crânio era normal. Comente o caso A TC estava normal, já que essa tem muita sobreposição por artefato ósseo nessa região de fossa posterior, ainda mais se não for um comprometimento cerebelar grande. Ainda sobre o Sistema Vertebrobasilar Tivemos uma restrição a difusão, e, em T2, tivemos uma alteração na mesma região, à esquerda, pegando região de pedúnculo cerebelar, por isso, não tenho comprometimento hemisférico cerebelar, ele dá manifestação chapada e isolada do cerebelo, mas tive comprometimento de estruturas do tronco do mesmo lado, em região lateral do bulbo. Nesse paciente, podemos ter manifestação facial, que pode gerar Síndrome de Horner, nistagmo, disartria, disfagia, de um lado, já que, tenho comprometimento de núcleo de pares cranianos com aspecto periférico. Podemos ter comprometimento sensitivo de um lado do corpo, e, atáxico, do outro lado do corpo. Isso se dá já que as fibras sensitivas, algumas já cruzaram lá embaixo, como ocorre no trato espinotalâmico lateral, que já cruza quando entra na medula. As fibras do trato posterior (grácil e cuneiforme) vão cruzar quando subirem pela região bulbar, e, as fibras periféricas da face, vão gerar sua inervação a partir do tronco naquela região. 10 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY Síndromes Alternas do Tronco: Síndrome de Wallenberg ▪ Início súbito de vertigem e nistagmo (núcleo vestibular inferior e pedúnculo cerebelar inferior); ▪ Náusea e vômitos (área postrema); ▪ Disartria e disfonia (núcleo ambíguo); ▪ Soluços (centro respiratório da formação reticular); ▪ Lesão bulbar dorsolateral. É POSSÍVEL FAZER O DIAGNÓSTICO USANDO APENAS A CLÍNICA PARA DIFERENCIAR ENTRE AVCI E AVCH? Apesar de alguns achados serem altamente sugestivos, apenas uma Tomografia de Crânio sem contraste realizada o mais breve possível, possibilitará a exclusão de um quadro hemorrágico. OBJETIVO DA AULA ▪ Aprendemos síndromes neurológicas que permitem a suspeita quanto a um quadro vascular agudo, seja ele isquêmico ou hemorrágico; ▪ Sempre existe necessidade de um exame de imagem para confirmar a etiologia; ▪ O conhecimento da anatomia vascular do SNC permite topografar a lesão na grande maioria das vezes.
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