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Trabalho EPC-COVID-19 (1)

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO
Dalila Oliveira 
Elaine Santos 
Jailma Brito
Ruth Lima
Crise do Coronavírus - Cenários e Impactos Estratégicos para a Sociedade e para as Empresas
SALVADOR-BA
2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO
Dalila Oliveira 
Elaine Santos 
Jailma Brito
Ruth Lima
Crise do Coronavírus - Cenários e Impactos Estratégicos para a Sociedade e para as Empresas
Atividade avaliativa apresentada a disciplina de Estratégia de Produtividade e Competitividade do curso de Administração de Empresas.
Docente: Fernando Antônio. 
SALVADOR-BA
2020
INTRODUÇÃO
É fato que estamos vivenciando um cenário singular. Inúmeros países do mundo foram postos em isolamento por conta de um inimigo invisível: o SARS-CoV 2, nome científico do causador da popularmente conhecida Coronavírus, e com isto uma grande parte da população mundial teve suas rotinas alteradas. De acordo com o site BBC um terço do mundo cumpre medidas restritivas de convívio social, fato historicamente inédito e que vai de encontro a essência social tipicamente humana. Além de grandes influências sobre a rotina das pessoas a crise mexeu com diversos hábitos de consumo. Atividades corriqueiras como ir a shopping e ao trabalho foram interrompidas em muitos locais do Brasil e do mundo o que altera drasticamente a forma de consumir e a disposição da cadeia de suprimentos. Diante destes aspectos iremos analisar como o COVID-19 está influenciando nas decisões e posicionamentos organizacionais e assim trazendo um cenário completamente novo para a sociedade atual.
DESENVOLVIMENTO
1. Cenário antes da Crise 
A realidade da economia antes da pandemia do Covid-19 já não era tão animadora, era possível perceber os desafios do comércio mundial que estava apresentando um encolhimento, as incógnitas em torno dessas mudanças deixando o mercado perigoso e a necessidade de um Governo ativo liderando reformas. 
Em uma entrevista cedida ao Poder360, a doutora em Economia Zeina Latif afirma que o cenário financeiro já era “desafiador” antes da crise desencadeada pela pandemia de coronavírus. Latif destaca que a economia brasileira, em particular, já enfrentava dificuldades como “o preço de ativos se deteriorando num ritmo superior ao de países emergentes parecidos”. como possível causa deste cenário, a economista aponta a falha do governo em não estabelecer um foco para a agenda econômica. 
Como possível forma de “blindar” a economia, Zeina aponta o fato de que deveria ter havido mais reformas além da que foi realizada na previdência, considerando o ano de 2019 “decepcionante”. com tudo, Latif ressalta a necessidade de “cuidar das pessoas para poder reduzir o contágio na economia”. 
Sendo assim, é possível perceber que os impactos da pandemia na economia agravaram o cenário mas não se pode deixar de observar que, decorrente de erros na gestão do país e das mudanças no mercado mundial, já existia uma crise com proporções menores, e que isso tornou o Brasil mais frágil, dificultando sua capacidade de gerir a crise advinda do Covid-19.
0. A crise: o provável período de duração
Na verdade, a crise é anterior ao COVID-19, ela teve início em meados de 2014 e uma de suas consequências foi a forte recessão econômica, levando a um recuo no PIB por dois anos consecutivos.
Ninguém sabe por quanto tempo essa situação atual com a pandemia do coronavírus irá durar ou como serão os próximos meses. Nesse cenário, cientistas e pesquisadores trabalham no contingenciamento da COVID-19, quebrando as linhas de transmissão, impedindo novas infecções com o isolamento social. Investimentos em massa na saúde pública e no rastreamento das pessoas com o novo coronavírus, são boas soluções. Segundo o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o pico de casos deve acontecer até o mês de junho.
O que a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia previu, foi que o Brasil passaria por uma recessão no primeiro semestre de 2020 devido aos impactos econômicos do avanço do novo coronavírus. A profundidade e duração da crise ainda são difíceis de se estimar, por se tratar de um evento inédito na história econômica mundial, segundo a Secretaria de Política Econômica.
Não se tem como prever ou planejar estrategicamente como ou quando essa crise irá acabar, seria um exercício de como prever o futuro. A única previsão que se pode ter a essa altura, é a previsão de curto prazo, as demais serão somente especulação.
0. O pós crise e a sobrevivências das Empresas e Organizações 
O COVID-19 trouxe a palavra crise para as manchetes do mundo todo. Diferente de outras turbulências recentes, os impactos do novo coronavírus não estão isolados em apenas alguns setores, eles atingem empresas de todos os portes e segmentos, a sociedade civil, os governantes, a saúde e a economia. Qualquer empresa que estava preparado ou se preparando para enfrentar obstáculos para o mundo de antes da pandemia correrá sérios riscos de sobrevivência pós-Covid.
No cenário que ainda está por vir e tende a não ser nada otimista, se faz necessário pensar de forma exponencial.  A diferença entre o pensar linear e o exponencial é gritante. A crise do Covid-9 quebrou este paradigma do pensamento linear. E obriga aos responsáveis pelas empresas a repensarem tudo, de forma abrupta. A linearidade perdeu o sentido. Essa é uma lição essencial para os negócios: em um mundo exponencial não podemos pensar de forma linear.
Esse pensamento exponencial já é realidade para algumas empresas que precisam reavaliar a forma de funcionamento da mesma, seja em um novo produto para se adequar às necessidades atuais do mercado, ou no formato de trabalho, ou até mesmo em meios para minimizar o impacto que será causado pós Covid. E será através deste pensamento e com as atitudes e agilidade necessária, que as empresas enfrentaram esse cenário de pós-crise nada otimista.
Diante do que está por vir, será imprescindível a criação de um planejamento estratégico, onde será fundamental o investimento em marketing, em novos produtos ou serviços, em setores de vendas e pós-vendas, etc., a fim de enfrentar da melhor forma possível e sem danos tão profundos e duradouros a recessão econômica mundial.
0. Questões sociais e da empregabilidade
A pandemia iniciada no final do ano de 2019 está trazendo cenários negativos para diversas áreas e uma das mais afetados é, sem dúvida, empregabilidade. De acordo com um estudo da Organização Mundial do Trabalho publicado em 20 de maio de 2020 a pandemia de COVID-19 irá afetar o mundo laboral em 3 dimensões.
1) Quantidade de vagas de trabalho disponíveis: cadeias produtivas em todo o mundo sofreram grandes impactos, principalmente as que são ligadas ao turismo, o que infelizmente tende a ocasionar um cenário recessivo na empregabilidade.
2) Qualidade do trabalho: a diminuição da demanda causada pela quarentena deve gerar um aumento no nos subempregos, pois quando muitas vagas de trabalho se fecham é comum que o setor informal ganhe notoriedade. 
3) Efeitos em grupos específicos mais vulneráveis: trabalhadores que já não possuem uma infraestrutura ideal de trabalho são os que mais tendem a sofrer em momentos de crise.
Apesar de termos vivido outros momentos de crise, a atual tende a causar efeitos mais devastadores do que a grande recessão de 2008, registrando, segundo o FMI uma queda de cerca de 3% no PIB mundial, ainda segundo a organização o Brasil pode registrar uma queda de 5,3% no seu PIB, se este número se confirmar será o pior resultado desde 1901. Estes números trazem além de uma sensação negativa uma incerteza de recuperação já em 2021.  
Ainda de acordo com a OIT há uma indicação de um acréscimo no desemprego global entre 5,3 milhões (cenário “otimista”) e 24,7 milhões (cenário “pessimista”) a partir de um nível base de 188 milhões em 2019. Alguns setores da economia já registram perdas irrecuperáveis pois não conseguem recuperar demanda reprimida. O setor de turismo representou em 2018 8,1% do PIBe é uma das áreas que deve acumular maiores perdas. Outras áreas que já acumulam prejuízos são bares, restaurantes e cinemas. A rede Cinemark já oferece planos de demissão voluntária em alguns estados.  No setor aéreo muitas perdas também devem ser registradas. A IATA prevê um impacto mundial de cerca de 25 milhões de empregos no setor aéreo de todo o mundo.
Diante de um cenário com tantas incertezas, é preciso que medidas sejam tomadas para que os efeitos sobre a empregabilidade sejam atenuados. Segundo o jornal Estado de Minas muitos países já efetuaram ações para o combate às perdas laborais, relativas a renda e sociais. Neste momento as transferências governamentais estão se consolidando como uma oportunidade de minimizar a evasão financeira da economia e o empobrecimento da população.
No Brasil, uma das medidas mais efetivas foi a sanção da lei 13.282, em primeiro de abril de 2020 que instituiu o valor de R$600,00 de auxílio financeiro para trabalhadores informais, microempreendedores individuais e contribuintes individuais do INSS além dos beneficiários do bolsa-família. Muitas famílias terão como única renda no período de crise os valores desembolsados pelo governo através na nova lei. Outra lei que tem grande impacto para proteção das empresas é a que permite redução da jornada de trabalho e da renda salarial em 3 níveis: 25%,50% ou 70%. O governo brasileiro realizará desembolsos para complementar a renda daqueles que após a redução salarial o valor a ser recebido será menor que o valor de benefício do seguro-desemprego.
  
0. Como será o mundo do trabalho pós crise?
É inegável que a nossa sociedade já está enfrentando drásticas mudanças nas relações trabalhistas decorrentes da chamada quarta revolução industrial. A transformação digital já é uma realidade vivenciada pela geração atual e muitos produtos e processos já sofreram modificações na indústria decorrentes da nova realidade. 
Muitos CEOs de grandes organizações optaram por ter seus salários reduzidos durante a quarentena, talvez esta medida não tenha muita efetividade no caixa das organizações mas apresentam um grande simbolismo pois aumenta a sensação de que as organizações estão se movimentando e contribuindo para a permanência de outros funcionários, com salários menores.
Num momento de crise é preciso agir rápido e a descentralização age em momentos de crise para permitir uma maior agilidade. De acordo com Bresser (1980) e Chiavenato (1993), uma das principais vantagens da descentralização é que outros elementos da organização se tornam aptos a tomar decisões o que permite a flexibilidade. Este ponto deverá ser uma tendência ainda mais forte nas organizações.
Mas um aspecto muito forte se consolida durante a quarentena: a utilização digital. O próprio governo brasileiro utilizou amplamente durante o período de isolamento social as redes para o cadastro dos benefícios sociais, medida inédita para o governo que tende a ser um dos setores com maiores lentidão a digitalização. Além disso, entidades de ensino presencial passaram a atuar com ensino à distância.  Esta tendência será, certamente, algo presente no futuro das organizações.
Segundo Yuval Noah Harari no artigo ‘O Significado da Vida em um Mundo sem Trabalho’ até 2050, surgirá uma classe que não conseguirá ser mais produtiva do que o massivo número de algoritmos  já utilizados e para isso deve-se criar uma renda universal que as sustente e distrações para que elas se mantenham ocupadas. Se isto irá realmente se consolidar ainda é um mistério, mas o fato é que nos últimos dias estamos diante de uma experiência próxima dos pensamentos de Yuval, com isolamento social e renda promovida pelo governo.
CONCLUSÃO
Diante das pesquisas realizadas, nas discussões em torno dessa pandemia e das expectativas, sejam elas boas ou não, a palavra de destaque é incerteza. A maneira como os casos de pessoas infectadas cresce, a dificuldade de atender a todas, as mudanças nas previsões de duração do isolamento, do pico de contágio e as estimativas em torno do futuro da economia mudam todos os dias, novos índices, novas informações, isso gera pânico, atrapalha muito mais a construção de um planejamento estratégico adaptado à nova realidade.
Muito se fala sobre o suporte que a tecnologia pode oferecer, mas diante de uma crise com tamanha dimensão, não há como a tecnologia, até então existente, conseguir suprir as necessidades de todo o mundo, mas isso é um ponto de partida para se pensar em evolução, no que precisa ser feito para que, em outras situações similares que possam ocorrer, o mundo esteja muito mais preparado, e a tecnologia, claro, muito mais abrangente e eficaz.
Na tentativa de obter mais informações sobre as relações de trabalho atualmente, foi realizada uma pesquisa voltada ao uso do Home Office, buscando perceber como esse modelo de trabalho tem ajudado, ou não, durante esse período de isolamento. A amostra contou com 72 participantes que se voluntariaram para responder um formulário com perguntas relacionadas ao home office. 
Ao analisar os dados foi constatado que 79,2% dos participantes estão realizando home office, 11,1% está fazendo o uso parcial desse meio de trabalho e 9,7% não está trabalhando remotamente. Outro dado obtido foi sobre ser a primeira experiência, ou não, destas pessoas com o home office, 55,7% respondeu que sim e 44,3% disse que não é a primeira vez que usam esse modelo de trabalho. Quanto ao grau de satisfação dos entrevistados com o trabalho remoto, 34,3% qualificou como boa, 28,6% como ótima, 27,1% como regular, 7,1% considera ruim, 1,4% acha a experiência péssima e 1,4% foi indiferente. Quanto a sentir falta de aspectos do trabalho presencial a maioria, 56,5%, disse sentir falta do convívio com os colegas de trabalho,  47,8% diz sentir falta da facilidade para resolver problemas, 31,9% diz sentir falta das facilidades oferecidas pela empresa (almoço, infraestrutura), 26,1% sente falta da rotina estabelecida, 13% diz não sentir falta, 5,6% indicaram outros motivos. E por fim, ao serem questionados se haverá uma maior utilização de home office após a crise do Covid-19 80% acha que sim e os outros 20% responderam não.
Portanto, analisando esses dados e todas as informações que compõem este artigo, o que pode ser percebido é uma mudança no modelo e na cultura de muitas empresas, que precisaram se adaptar à nova realidade decorrente desta pandemia, e o lugar de destaque indiscutível que a tecnologia assumiu, auxiliando na continuidade, mesmo que parcial, dos serviços de inúmeras empresas, e como o cenário futuro é, mais que nunca, uma incógnita para o mundo como um todo. Como ficará a economia? Como o mundo voltará a “rotina” após essa pandemia? São questões que ainda precisam de muita análise e informações as quais ainda não é possível ter exatidão. 
REFERÊNCIAS
BRESSER-PEREIRA, L. C. Centralização e Descentralização. In: MOTTA, Fernando Prestes e BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Introdução à organização burocrática. 1a edição. São Paulo: Editora Thomson, 1980. p. 73- 147.
BBC. Porque o H1N1 não parou a economia. Disponível em<https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52078906>. Acesso em Abril de 2020.
FOLHA VITÓRIA. Gestão e Resultados. Disponível em: <https://www.folhavitoria.com.br/economia/blogs/gestaoeresultados/2020/04/11/como-enfrentar-a-turbulencia-do-cenario-atual-e-preparar-sua-empresa-para-o-pos-crise/>. Acesso em abril de 2020.
NEOFEED. Empresas que não se adaptarem ao mundo pós-Covid irão desaparecer. Disponível em: <https://neofeed.com.br/blog/home/empresas-que-nao-se-adaptarem-ao-mundo-pos-covid-irao-desaparecer/> Acesso em abril de 2020.
ILO.org. Covid-19 e o mundo do trabalho, impactos e políticas públicas. Disponível em:<https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---dgreports/---dcomm/documents/briefingnote/wcms_738753.pdf>. Acesso em abril de 2020.
THE GUARDIAN. O significado da vida em um mundo sem trabalho. Disponível em:<https://www.theguardian.com/technology/2017/may/08/virtual-reality-religion-robots-sapiens-book>.Acessoem abril de 2020.
BBC. Pib do Brasil vai cair 5 vezes mais do que a média dos emergentes. Disponível em:< https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52282293>. Acesso em abril de 2020.
PODER 360. Cenário econômico já era desafiador antes da covid-19, explica Zeina Latif. Disponível em <https://www.poder360.com.br/economia/cenario-economico-ja-era-desafiador-antes-da-covid-19-explica-zeina-latif/>. Acesso em abril de 2020.
VEJA.com. Com crise do coronavírus Cinemark abre plano de demissão voluntária. disponível em: <https://veja.abril.com.br/entretenimento/com-crise-do-coronavirus-cinemark-oferece-plano-de-demissao-voluntaria/ >. Acesso em abril de 2020.
VALOR ECONÔMICO. IATA vê risco para 25 milhões de empregos do setor aéreo devido a pandemia. Disponível em: <https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/04/07/iata-ve-risco-para-25-milhoes-de-empregos-do-setor-aereo-devido-a-pandemia.ghtml>. Acesso em abril de 2020.
ANEXOS

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