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Caso Harvard - Escândalo da contabilidade da Toshiba

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E EXCELÊNCIA EMPRESARIAL
ESCÂNDALO DA CONTABILIDADE DA TOSHIBA: COMO A GOVERNANÇA CORPORATIVA FALHOU
Referência: MISAWA, Mitsuru. The Toshiba Accounting Scandal: How Corporate Governance Failed. Harvard Business School, 2016. Acesso em: 31 mar. 2020. 
O estudo de caso proposto para análise trata-se de um escândalo da empresa japonesa Toshiba que veio à tona em 2015, logo após a revelação de irregularidades nos números e a superestimação dos lucros durante um período de sete anos. O prejuízo foi de mais de 2,14 bilhões de dólares e levou a renúncia do executivo-chefe e presidente Hisao Tanaka e de oito membros do conselho, incluindo o vice-presidente Norio Sasaki.
Também foi revelado que a empresa havia feito várias reduções. Com adoção de metas difíceis para compensar as perdas após o desastre de Fukushima em 2011, os executivos inflavam números dando a entender de que essas metas estavam sendo atingidas. O novo presidente da Toshiba, Masahi Muromachi, emitiu um pedido público de desculpas com a promessa de que iria garantir que uma nova cultura corporativa seria implementada. Foi incumbido à Muromachi a difícil tarefa restabelecer a empresa e apresentar medidas cabíveis para responder ao escândalo. 
O que este escândalo nos revela é que entre os problemas a serem discutidos, a principal falha na empresa foi a ausência de transparência na administração, o que resultou em um caminho livre para que fossem realizadas tais irregularidades. O estudo ainda cita uma especulação de que o conselho de administração, composto por 16 membros, apresentavam integrantes que não possuíam o conhecimento necessário para identificar as manipulações nos números da contabilidade.
Outro fator está relacionado à cultura de organização. A empresa japonesa era composta por funcionários que possuíam uma fidelidade cega aos seus superiores. É importante sim ter uma relação de respeito entre componentes no trabalho, mas a estima incondicional pode acarretar em uma fraca averiguação quanto à real honestidade da alta administração. Se faz necessário uma reformulação no sistema de administração para que a governança corporativa apresente eficácia nos resultados.
A estrutura corporativa da Toshiba demonstrou fraqueza quanto ao seu modelo, que era visto como exemplo para todos. Além do fato de possuir membros com pouca experiência, integrantes internos não tinham acesso às informações verdadeiras e os externos não enxergavam os problemas. 
Para restaurar a reputação da empresa, o novo presidente anunciou medidas importantes para serem executadas. Adoção de metas possíveis a serem alcançadas, incrementar e compartilhar as novas estratégias, assegurar que os novos membros do conselhos tivessem conhecimento sobre o ramo do negócio e desenvolver novos planos estratégicos que possam orientar a direção da organização, portando-se corretamente no mercado. Planos como esses, trariam grandes desafios para Muromachi restabelecer o desempenho da Toshiba no ambiente interno e externo.
Pode-se afirmar que a cultura de trabalho no Japão influenciou muito nos fatos ocorridos. Algumas diferenças a serem levantadas em comparação à cultura de trabalho norte-americana, mostra que o Japão ainda carrega características enraizadas do passado, tais como fidelidade cega no trabalho, desigualdades estruturais e de gênero. O Japão é um país no qual a vida profissional é muito mais valiosa que a vida social do cidadão, e esse pode ser um dos motivos pelo qual os funcionários das empresas atendessem sem contestar os valores de seus líderes, o que resultou na “cultura do engano”.
O escândalo da Toshiba nos mostra que mesmo sendo uma grande corporação, apresentando publicamente um ótimo sistema de administração (invejável, como é descrita no estudo de caso), pode possuir fragilidades que não deveriam ser ignoradas. No momento em que uma má conduta foi feita e a empresa não verificou corretamente, deixando as irregularidades passarem despercebidas, sua imagem tornou-se abatida no mundo dos negócios. A partir das consequências, se faz necessário que as medidas propostas tragam a transparência na administração e que, gradualmente, se restaure a confiança. Além de que os funcionários da Toshiba se adequem às mudanças da nova cultura de governança corporativa.