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FISIOLOGIA DA DOR Profa. MS. JULIANA B. CORRÊA DOR • “Experiência sensorial e emocional desagradável, associada a dano tecidual potencial ou de fato ou, ainda, descrita em termos que sugerem tal dano”. (IASP) • A dor é sempre subjetiva. DOR “A dor é uma experiência angustiante associada a dano tecidual potencial com componentes sensoriais, emocionais, cognitivos e comportamentais” AS EXPLICAÇÕES PODEM VARIAR COMO ANDA O ENSINO DE DOR NO BRASIL? 24 (7%) apresentavam uma disciplina específica sobre dor DOR EM IDOSOS Mito # 1: A dor é uma parte natural do processo de envelhecimento e piora ao longo do tempo Idosos com OA: "É assim que você sabe que está vivo ... Você dói.“ Profissionais: "O que você espera? Eles estão ficando mais velhos.” Thielke. Journal of Family Practice (2012) Mito # 2: Aceitação resignada “É melhor você se acostumar com isso.” DOR E ACHADOS NA IMAGEM DOR WOOD, 1998 • Sensação necessária para o funcionamento do corpo; • Função protetora; • Sempre que possível deve-se intervir na causa! http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=DBmrcIrm4aLNLM&tbnid=CxOCjrGA-ivDNM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.clinicajoelho.com.br/dicas_de_saude.php&ei=0AAUUpC_LuXEyQGzwYHABg&bvm=bv.50952593,d.b2I&psig=AFQjCNHE6J0QZLqHX641feilq92FLOxp8A&ust=1377128996637257 DOR • A dor é um dos mecanismos de defesa do organismo, que alertam o cérebro a respeito de algum perigo aos tecidos, ainda que a dor possa ser iniciada sem que tenha ocorrido danos físicos aos tecidos. • A resposta da dor é um fenômeno complexo que envolve componentes sensoriais, comportamentais, emocionais e culturais. • Quando os nociceptores (receptores especializados) são ativados, enviam impulsos de dor ao cérebro. DOR NOCICEPTORES terminações nervosas livres (estímulos térmicos, mecânicos, químicos) Alto limiar de ativação Este limiar é alterado por mediadores químicos como bradicinina, substância P, histamina, prostaglandinas WOOD, 1998 TIPOS DE FIBRAS NERVOSAS • Fibras A-delta (δ): pequeno diâmetro, mielinizadas. • Estímulos térmicos e mecânicos de alta intensidade • Velocidade de condução: 5 a 30 m/s • Dor Rápida TIPOS DE FIBRAS NERVOSAS Fibras Tipo C: pequeno diâmetro, não- mielinizadas. Estímulos mecânicos, térmicos e químicos (polimodais) Velocidade de condução: 0,5 a 2 m/s Dor Lenta TIPOS DE FIBRAS NERVOSAS Fibras A-beta (): grande diâmetro, mielinizadas. Estímulos mecânicos: tato, pressão, vibração Velocidade de condução: 30 a 75 m/s Importância na modulação da dor TIPOS DE DOR • DOR AGUDA – Breve latência – Alta intensidade (proteção) – Reações autonômicas – Perfeita localização (pele/músculo) – Duração relativamente curta (segundos, minutos ou dias) – Pequeno envolvimento emocional (ansiedade) – Fibras A delta e Tipo C TIPOS DE DOR DOR CRÔNICA Maior duração (3 – 6 meses) Não se resolve no período usual da reparação Continua mesmo na ausência do estímulo nocivo ou lesão tecidual Difusa ou imprecisa Latejante ou em queimação Alterações físicas, psicológicas e sociais Fibras Tipo C TIPOS DE DOR DOR REFERIDA É a dor sentida em um local distante de sua fonte de origem CAMERON, 1999 DOR AGUDA X DOR CRÔNICA DOR AGUDA DOR CRÔNICA MELHOR ACEITA DIFICULDADE EM EXPLICAR PODE ENVOLVER LESÃO TECIDUAL NÃO EXISTE MAIS LESÃO EVENTO IDENTIFICÁVEL PERDA DA FUNÇÃO DE ALERTA MECANISMO DE PROTEÇÃO MUDANÇAS COMPORTAMENTAIS VIAS ASCENDENTES RESPONSÁVEIS PELA TRANSMISSÃO DA DOR • Trato Espinotalâmico (Neo-Espinotalâmico) – Dor Aguda • Trato Espinorreticular (Paleoespinotalâmico) – Dor Crônica • Trato Espinotectal / Espinomesencefálico – Dor Crônica TEORIA DAS COMPORTAS Na teoria das comportas medulares , estímulos sensoriais ativam fibras não- nociceptivas (fibras Aβ) que, por sua vez, ativam interneurônios que inibem a transmissão do impulso nervoso das fibras nociceptivas no corno posterior de medula espinal (fibras Aδ e C), gerando analgesia localizada TEORIA DAS COMPORTAS (MELZACK E WALL, 1965) CUSTOS COM DOR LOMBAR CRÔNICA Aproximadamente 90% dos custos indiretos estão relacionados com dor lombar Custos com tratamentos para dor lombar maior com pacientes crônicos Tulder et. al, 2006, Indrakanti et. al, 2012, Dagenais et. al, 2008 Brasil ?? 100 bilhões de dólares 2 a 4 bilhões de euros ESCALAS DE AVALIAÇÃO DA DOR Escala Numérica de Dor/ Pain Numerical Rating Scale(NRS) Costa et. al, 2008; Turk & Melzack , 1992 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Nenhuma dor Pior dor possível ESCALAS DE AVALIAÇÃO DA DOR Escala Visual Analógica Barr et. al, 2004 10 cm 0 cm 3,4 cm ESCALAS DE AVALIAÇÃO DA DOR LIMIAR DE DOR POR PRESSÃO Algometria Meeus et. al, 2010; Schenk et. al, 2007; O’Neill et. al,2011 SOMAÇÃO TEMPORAL DA DOR Sensibilização central Teste somação temporal Cathcart et. al, 2009 S MODULAÇÃO CONDICIONADA DA DOR Vias descendentes de dor Teste do frio pressórico Knudsen et. al, 2009 S Os profissionais de saúde e os pacientes são capazes de compreender as informações atualmente disponíveis sobre a neurofisiologia da dor? https://www.neura.edu.au/research/themes/moseley-group As perguntas do estudo: • (1) Por que é difícil reconceituar a dor para os pacientes portadores de dores crônicas? • (2) Os profissionais de saúde e os pacientes são capazes de compreender as informações atualmente disponíveis sobre a neurofisiologia da dor? • (3) Os profissionais de saúde estimam com precisão a capacidade dos pacientes para entender a neurofisiologia da dor? Método: • Testes de conhecimento sobre a dor foram aplicados em 276 pacientes com dor crônica e em 288 profissionais, antes (não treinados) e depois (treinados) de um processo de educação sobre a neurofisiologia da dor. • Os profissionais ainda estimaram qual seria o desempenho médio dos pacientes no teste. 276 pacientes 288 profissionais Resultados: • A pontuação dos pacientes estimada pelos profissionais (46% +/- 18%) foi menor do que a pontuação real que os pacientes obtiveram (61% ± 19%)(P <0,005). • Os resultados sugerem que os profissionais e os pacientes podem compreender a neurofisiologia da dor, mas os profissionais subestimam a capacidade dos pacientes de entende-la. Testes de conhecimento sobre a dor pré e pós aulas Profissionais Pacientes Antes 55% (± 19%) 29% (± 12%) Depois 78% (± 21%) 61% (± 19%) Ganho 23% 32% Implicações práticas desses resultados: 1. O conhecimento dos profissionais sobre as informações atuais acerca da dor é pobre; e 2. Subestimar a capacidade dos pacientes em compreender essas informações e a própria falta de conhecimento dos profissionais são as principais barreiras para reconceituar o problema da dor crônica para os leigos. Em resumo: • Esse estudo constatou que, embora tantos os profissionais de saúde quanto os pacientes tenham um conhecimento pobre sobre a neurofisiologia da dor, fornecer informações a eles melhora significativamente o conhecimento em ambos os grupos. Os profissionais de saúde não devem subestimam a capacidade de seus pacientes de entender essas informações. Consequências da falta de informações dos profissionais: • Informações atuais e precisas sobre a neurofisiologiada dor não formam a base teórica do tratamento e não são apresentadas para os pacientes, como parte de um programa de gestão dos casos da dor crônica. • A falta de informações sobre a dor é barreira primária para a reconceituação do problema da dor crônica, tanto para clínicos quanto para leigos. A FALTA DE INFORMAÇÕES PROVAVELMENTE LIMITA A EFICÁCIA DE QUALQUER INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA. Por que é difícil (re) conceituar a dor para os pacientes portadores de dores crônicas? Subestimar a capacidade dos pacientes em compreender as informações. Principais barreiras para reconceituar o problema da dor crônica para os leigos. Não reconhecer a nossa própria falta de conhecimentos. Exige estratégias de aprendizagem que envolvam ensinar conceitos novos que são potencialmente desafiadores, até mesmo ameaçadores. Outro problema: A cabeça do paciente não é uma caixa vazia Mudar conceitos é diferente de aprender informações novas; implica em contestar o conhecimento já existente. Nós estamos reforçando isso o tempo todo! Ver: S. Straube et al. PAIN 157 (2016) 2160–2172 Dor Lombar É uma hernia Coping Percepção MRI, evite inclinar-se A dor continua Avaliação C O G N IT IO N S Sintomas Modelo de Autorregulação via Senso Comum de Leventhal et al (2003) Pergunta: o quanto nós, profissionais, temos de senso comum? http://pesquisaemdor.com.br/?p=683 http://pesquisaemdor.com.br/?p=683 Annemarie Frank no Facebook: • 28 de novembro às 19:13 • Paciente hoje contando que dormiu por dois meses com pés e mãos amarrados com ataduras aos cantos da cama porque acreditava que dormir com os braços para cima ou de bruços lhe fazia mal. • Superem essa. Um parênteses: Alertas e amarelos Sinais de Wadell Dor nas Costas - Sinais de Alerta - Sinais de Alerta ‘VERMELHOS’ = risco físico Intervenção Médica Sinais de Alerta AMARELOS = risco psicológico para dor crônica e baixa produtividade Abordagem Cognitivo-Comportamental Alertas ‘Vermelhos’ na história clínica Idade < 18 anos Espondiloóise, Discite Espondilolistese,Tumor Idade > 50 anos Neoplasias, Fraturas, Aneurisma aórtico Trauma, uso crónico de esteróides Fratura História de neoplasia Neoplasia (metástases) Febre, Suores, Perda de peso Neoplasia, Infecção Uso de drogas e.v., Imunossupressão Infecção Resistência ao tratamento conservador (> 4 semanas); aumento da intensidade da dor Neoplasia, Infecção Dor noturna Neoplasia, Infecção, EA Incontinência, anestesia em sela do períneo, déficit neurológico bilateral ou unilateral Síndrome da Cauda Equina Síncopes/ Hipotensão Aneurisma aórtico Alertas ‘Amarelos’ na história clínica Mais de 3 Sinais de Waddell • Depressão • Alcoolismo • Insatisfação no trabalho • Famílias hiperprotetoras ou falta de apoio familiar Fatores de risco psicológico: • Crença de que a dor é ela própria lesiva (catastrofização) • Comportamentos de evitação por medo mesmo frente a atividades de baixos níveis de exigência (cinesiofobia) • Crenças de que tratamentos que não implicam na participação ativa do próprio paciente sejam mais eficazes que os tratamentos ativos, participativos. O paciente e os exames complementares Fontes de Pensamentos Virais 2015 O que o paciente pensa sobre a necessidade dos exames de imagem? Estes pacientes não apresentaram dor, fraqueza, nem alterações sensoriais! Este paciente apresenta fraqueza e alterações sensoriais, mas não dor Este paciente apresenta fraqueza e alterações sensoriais, mas não dor Exemplo de Laudo MRI não ‘nocebento’
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