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CASO CONCRETO 7 – INGRID PEREIRA DO NASCIMENTO - 201602567859 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO XXXXX Autos de Prisão nº MATIAS, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG sob o nº ___ e inscrito no CPF sob o nº ____, residente e domiciliado em _____, CEP: _____, vem, por seu advogado que ao final subscreve, conforme procuração anexa, com escritório profissional em _________, endereço eletrônico _______, com fundamento no art. 5º, LXV da CFRB/88, requerer a concessão de RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO Em face dos Autos de Prisão em Flagrante, pelos fatos e fundamentos que passa a expor: I. DOS FATOS Em 15/11/2016, por volta das 22 horas, Matias conduzia veículo automotor, marca Volkswagen, modelo Gol, placa XYX 0611, pela Av. Brasil, na Comarca da Capital, na altura do n° YY, quando foi abordado por uma guarnição da Policia Militar, tendo em vista que o veículo que ele dirigia se tratava de produto de crime. Diante disso, Matias foi preso em flagrante no incurso nas penas do art. 180, do CP. Na sede policial, a proprietária do veículo, Sra. Miranda, reconheceu Matias como autor do crime, nos termos do art. 266 do CPP. O roubo ocorreu no dia 13/11/2016, 2 dias antes da prisão. Matias encontra -se preso e o Auto de Prisão em Flagrante foi lavrado no delito previsto no art. 180 do CP. II. DO DIREITO 1. Da ausência de requisitos para Prisão em Flagrante De acordo com o CPP, em seus artigos 301 a 310, considera-se em flagrante delito o agente que preencher esses requisitos ou se encontrarem em uma de suas hipóteses. Entretanto, caso não sejam observados os pressupostos, a prisão em flagrante se torna ilegal, tendo em vista a ocorrência do vício no momento da prisão. Renato Brasileiro de Lima (2011, p. 177), conceitua a prisão em flagrante da seguinte forma: “A expressão “flagrante” deriva do latim “flagrare” (queimar), e “flagrans”, “flagrantis” (ardente, brilhante, resplandecente), que no léxico, significa acalorado, evidente, notório, visível, manifesto. Em linguagem jurídica, flagrante seria uma característica do delito, é a infração que está queimando, ou seja, que está sendo cometida ou acabou de sê-lo, autorizando-se a prisão do agente mesmo sem autorização judicial em virtude da certeza visual do crime. Funciona, pois, como mecanismo de autodefesa da sociedade.” Para Paulo Rangel (2007, p. 585), são exigidos dois elementos para sua configuração, quais sejam: atualidade e visibilidade. Vejamos as palavras do autor: “A atualidade é expressa pela própria situação flagrancial, ou seja, algo que está acontecendo naquele momento ou acabou de acontecer. A visibilidade é a ocorrência externa do ato. É a situação de alguém atestar a ocorrência do fato ligando-o ao sujeito que o pratica. Portanto, somadas a atualidade e a visibilidade tem-se o flagrante delito.” No caso em tela, o acusado encontra-se preso por crime de receptação, nos termos do art. 180 do CP, contudo, foi reconhecido pela vítima no crime de roubo, do art. 157, CP, que teria ocorrido em 13/11/2016, ou seja, 2 dias da Prisão. Assim, não restam dúvidas que a prisão apresenta vício, haja vista a ausência de flagrante delito. Diante disso, conclui-se que o acusado não preenche os requisitos da prisão em flagrante descritas nos incisos do art. 302 do CPP, pois o crime ocorreu 2 dias antes da prisão. Portanto, conforme determina o art. 5º, LXV da CFRB/88, nos casos de prisão ilegal, haverá relaxamento na prisão em flagrante. Acerca do assunto, a jurisprudência entende: “HABEAS CORPUS. ART. 16, DA LEI N.º 10.826/03. PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. PLEITO DE RELAXAMENTO DA PRISÃO CAUTELAR. EXCESSO DE PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. LIMINAR DEFERIDA. ORDEM CONCEDIDA Paciente que se encontra preso há um ano e quatro meses e, conforme informado pelo Juízo de piso, as duas oportunidades de mandado de busca e apreensão do laudo de exame de arma de fogo restaram negativas “em razão de não constar a entrada da requisição e/ou do material”. Escapa ao critério da razoabilidade o excesso de prazo no caso, mormente, quando não se pode imputar ao Paciente, qualquer responsabilidade pelo atraso no andamento do processo, não sendo possível atribuir a demora na prestação jurisdicional a entraves processuais. A constrição do Paciente ofende o princípio da razoabilidade da duração do processo, não podendo permanecer, por tempo indeterminado, a espera de uma condenação ou absolvição. A liberdade é um direito inalienável, que não pode estar à mercê da morosidade judicial. ORDEM CONCEDIDA, RATIFICANDO-SE A LIMINAR DEFERIDA”. (TJRJ – HC 000980023.2018.8.19.0000, Relator: JOAQUIM DOMINGOS DE ALMEIDA NETO, Data de Julgamento: 15/05/2018, 7ª Câm. Criminal) III. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer: a) O acolhimento de Relaxamento de Prisão em flagrante delito, com fulcro no art. 5º, LXV e LXVI, tendo em vista a ausência dos requisitos dos incisos do art. 302 do CPP, bem como a expedição do alvará de soltura; b) Caso não seja esse entendimento, pugna pela concessão de liberdade provisória nos termos do art. 310, parágrafo único do CPP. c) A notificação do MP para que apresente seu parecer. IV. DO COMPROMISSO JUDICIAL O requerente se compromete a comparecer a todos os atos judiciais, sob pena de revogação da medida. Termos em que, Pede deferimento. Local, xx de xxxx de xxx. ADVOGADO OAB/UF XXXX
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