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Litisconsórcio

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TEMA
1.Litisconsórcio. 
Definição Litisconsórcio, segundo a definição tecida por Fredie Didier Jr, “é uma pluralidade de sujeitos em um polo de uma relação jurídica processual”
Quando se referir à principal relação jurídica do processo, manifestar-se-á quando houver mais de um autor ou mais de um réu, sendo, pois, a cumulação subjetiva de demandas. Rege-se pelo título II do CPC, e sua definição legal está contida no artigo 113: Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
 I — entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
 II — entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; 
III — ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
2. Classificações 
O litisconsórcio possui diversas classificações, a saber: 
2.1)Ativo, passivo ou misto: refere-se ao polo da relação processual. 
Quando há mais de um autor é ativo. 
Mais de um réu é passivo. 
E é misto quando ambos se manifestam. 
2.2) Inicial ou ulterior: regra geral, o litisconsórcio será formado no início do processo ou do incidente. Excepcionalmente forma-se após o início do procedimento, chamando-se ulterior. São os casos de intervenção de terceiro, de sucessão processual e de conexão ou continência.
2.3) Simples ou unitário: no litisconsórcio simples, há autonomia entre as partes que estão no mesmo polo. Tal fato se deve à existência de mais de uma relação jurídica material, possibilitando ao juiz que as decida diferentemente. É exemplo uma obrigação solidária divisível. Já o unitário, como define o art. 116, CPC, é “quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes”. Há, pois, uma única relação jurídica material indivisível sendo discutida. 
2.4) Necessário ou facultativo: A classificação em questão merece um pouco mais de atenção. O art. 114, CPC, traz o seguinte: 
Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
A regra geral introduzida pelo art. 114 dispõe que o litisconsórcio será necessário em dois casos:
 O primeiro é quando “a lei assim dispor”, como no exemplo do art. 73, CPC, trata de litisconsórcio necessário entre cônjuges quando a ação verse sobre direito real imobiliário e não forem casados sob o regime de separação absoluta de bens
Atenção:
Para propor ação sobre direito real imobiliário e o regime de casamento não for o regime de separação absoluta de bens, o cônjuge que não ingressar, deve dar o consentimento ao outro que queira ingressar com a ação. Isso se explica uma vez que ninguém é obrigado a litigar (o litisconsórcio ativo necessário, não se aplica), por outro lado o outro cônjuge que queira litigar tem o direito de ação, devendo, entretanto, observar a regra que exige pelo menos o consentimento do outro cônjuge (art. 73, CPC).
Caso o outro cônjuge não quiser dar o consentimento (sem motivo justo), ou quando for impossível concedê-lo, este pode ser suprido judicialmente. (art. 74, CPC)
Em ação que verse sobre direito real imobiliário e o regime de casamento não for o regime de separação absoluta de bens, a eficácia da sentença depende da citação de ambos os cônjuges.
O segundo refere-se à “natureza da relação jurídica controvertida”. Ex: Ação de anulação de casamento pelo Ministério Público devido a impedimento absoluto como no caso de irmãos que se casam.
Em outras palavras, quando for passivo e unitário. Isto se deve ao fato de que, quando há apenas uma relação jurídica em litígio e esta relação produz efeitos a uma pluralidade de litisconsortes, os princípios do contraditório e da ampla defesa imperam pela citação de todos os réus no caso concreto, para que tenham a possibilidade de se manifestar. Contrariamente, a definição de litisconsórcio facultativo recai nas situações em que é facultado à parte litigar com litisconsorte ou não. 
Via de regra, o litisconsórcio ativo será facultativo, uma vez que o direito de litigar é prerrogativa constitucional, não podendo ser indevidamente cerceado ou vinculado a um terceiro. 
Nos casos em que houver litisconsórcio passivo necessário e o juiz perceber a falta de citação pelo autor dos demais réus do processo (litisconsortes passivos necessários), o magistrado deverá promover a intervenção iussu iudicis, isto é, de ofício determinará que o autor convoque os possíveis litisconsortes passivos, sob pena de extinção do processo (art. 115, parágrafo único, CPC). 
Quando o litisconsórcio for multitudinário, ou seja, facultativo e com um número excessivo de partes envolvidas que acaba por prejudicar a defesa, a rápida solução do litígio ou o cumprimento da sentença, o § 1º do art. 113 facultou ao juiz a possibilidade de limitar o número de litisconsortes. 
3. Litisconsórcio unitário e coisa julgada
Relativamente ao litisconsórcio unitário no polo ativo, por definição facultativo, os demais autores podem atuar como terceiros interventores (ex: denunciação à lide) ou optar por não ingressar no processo, seguindo normalmente. Nesses casos, em que os litisconsortes facultativos não agem, havia a discussão no CPC de 1973 se a eles gerava-se coisa julgada.
A regra anterior definia que a coisa julgada restringia-se às partes que litigaram, mas parte da doutrina defendia que se formasse coisa julgada ultra partes, ou seja, para além das partes do processo, enquanto que outra parcela doutrinária pretendia a formação de coisa julgada a terceiros secundum eventus litis, ou seja, apenas se essa decisão beneficiasse os terceiros. Aparentemente o atual CPC adotou esse último entendimento, como se extrai do Art. 506, in verbis:
A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.
Na previsão anterior, manifestada no art. 472 do CPC/73, o legislador manifestava expressamente que “a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros”. O silêncio indica que os benefícios passarão a atingir terceiros, caso do litisconsorte ativo facultativo que não litigou.
Ademais, o art. 117, CPC acrescenta que, se tratando de litisconsorte unitário “os atos e as omissões de um não prejudicarão, mas poderão beneficiar”. 
Em resumo: o litisconsórcio é a pluralidade de partes numa relação jurídica, segundo suas hipóteses de incidência constantes do artigo 113, CPC. Pode ser ativo ou passivo, tanto como inicial (regra geral) ou ulterior, ou seja, formado após o início do processo. Além disso, quando houver autonomia entre os litisconsortes, será simples. Do contrário, como rege o art. 116 do CPC, será unitário. Por fim, o litisconsórcio necessário é aquele cuja sentença só será eficaz com a citação de todos os litisconsortes (art. 114, CPC), diferentemente do litisconsórcio facultativo.

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