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Prescrição no Direito Civil

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Aula28 - Luciano Masson - Da Prescrição
1. PRESCRIÇÃO
Inicialmente, o professor recomenda que o aluno estude os acórdãos e decisões judiciais citados em aulas, pois eles ilustram situações concretas que podem facilitar na absorção da matéria. Neste contexto, é imprescindível o estudo sobre prescrição previsto entre os artigos 189 e 206 do CC.
1.1 CONCEITO
Prescrição é a perda da pretensão em virtude do transcurso do tempo, é uma punição àquele que foi inerte e não levou ao Judiciário determinada situação que lhe agasalharia. A doutrina diz que, com a prescrição, nasce um contradireito para a outra parte, que dela pode se beneficiar.
OBSERVAÇÃO: Lembrando que a prescrição da parte geral do CC é a extintiva. Nos direitos reais existe a prescrição aquisitiva, cujo grande exemplo é a usucapião, que é forma originária de aquisição da propriedade.
1.2 CARACTERÍSTICAS
Na prescrição, aplica-se o princípio do dormientibus non succurrit jus, que significa que o Direito não socorre aos que dormem. A doutrina tradicional associa a prescrição a ações condenatórias, e os prazos prescricionais estão condensados nos artigos 205 e 206 do CC:
Portanto, prescrição é a perda da pretensão de se buscar a reparação de um direito violado em razão do transcurso do tempo (binômio inércia + tempo). Tal conceito decorre do art. 189 do CC:
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
O CC diz ainda que a exceção, como sinônimo de defesa, prescreve no mesmo prazo que a ação.
Pretensão é a exigibilidade judicial de um direito violado e decorre de uma lesão a direito subjetivo da parte.
O professor Miguel Reale e doutrina fala sobre o princípio da operabilidade do CC, que trata da facilitação do entendimento dos institutos jurídicos do Código. O CC/1916 era muito desordenado no que tangia à decadência e prescrição; no atual Diploma, está tudo condensado nos art. 205 e 206 do CC.
No tocante ao professor Agnelo Amorim Filho, este associou a prescrição a ações condenatórias, relacionadas a direitos subjetivos ou pretensões pessoais. Já a decadência, associou a direitos potestativos e ações constitutivas.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
O mesmo autor considera como imprescritíveis as ações meramente declaratórias. Isso advém da divisão tripartite das sentenças, instituto estudado em processo civil, que fala das sentenças condenatória, declaratória e constitutiva.
Nesse ínterim, o professor Nelson Rosenvald, citando Barbosa Moreira e Humberto Theodoro Júnior, diz que a prescrição é um fato jurídico que cria uma exceção (defesa) destinada a neutralizar a eficácia da pretensão, e não uma forma de sua extinção.
Dessarte, todo direito é levado para análise do Judiciário através da ação que é a exteriorização da pretensão do credor em ver seu direito reconhecido judicialmente. A prescrição atinge a pretensão, de modo que o direito não pode mais ser levado ao Judiciário, mas não atinge o direito em si mesmo considerado (o fenômeno que atinge o direito é a decadência). Logo, a prescrição não invalida a pretensão do credor, pois o crédito permanece exigível em face do devedor (através da chamada "obrigação natural"); esta faz nascer um direito potestativo para o devedor, pois ele possuirá a discricionariedade de invocar um contradireito, pela via da exceção da prescrição. Assim sendo, o crédito prescrito existe, mas não é imediatamente exigível.
Corroborando o afirmado acima, o STJ julgou em 2017 o REsp 1.694.322, dizendo que a prescrição para cobrança de dívida não extingue a existência do débito; logo, não atinge o direito subjetivo em si mesmo considerado.
OBSERVAÇÃO: A prescrição deve ser associada com a pretensão; a decadência deve ser associada com direito.
A pretensão é um conceito muito próximo do processo civil, sendo ela a possibilidade decorrente do direito de ação submetida às condições da ação (art. 17, CPC) quando a situação é levada ao Judiciário. A pretensão claramente é atingida pela prescrição.
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
Quando se falar em obrigações, vai se falar que não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigida (obrigação natural e a característica de sua irrepetibilidade - art. 882, CC).
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
A prescrição pode ser extintiva (CC, parte geral), ou aquisitiva, no caso de usucapião tratado no direito das coisas (direitos reais). A prescrição extintiva é uma sanção (punição) ao titular do direito violado que extingue tanto a pretensão positiva quanto a negativa.
Segundo o Enunciado n° 14 do CJF:
Enunciado 14: Artigo 189: 1) o início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2) o artigo 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer.
1.3 PRAZOS
O prazo geral prescricional está no art. 205 do CC, sendo este de 10 anos.
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Logo, não havendo prazo prescricional previsto para determinado caso ou não havendo lei específica nesse sentido, aplica-se a regra geral acima, sendo a relação de direito pessoal ou real
Os prazos prescricionais específicos estão no art. 206 do CC. Normalmente são prazos para ações condenatórias, que decorrem da violação de direitos subjetivos/reparação de danos.
Art. 206. Prescreve:
§ 1º Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
§ 3º Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléiageral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
§ 4º Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
§ 5º Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
Mais do que saber o prazo, importante saber a partir de que momento se inicia a contagem do prazo prescricional:
a. Se for venda a termo com vencimento, a prescrição começa a correr com o vencimento;
b. Se a condenação decorre da prática de ato ilícito, é a partir da realização do ato.
1.4 TEORIA DA ACTIO NATA
Para auxiliar no início do prazo prescricional, tem-se a teoria da actio nata, decorrente do direito romano, pela qual o prazo só terá início a partir do seu conhecimento pelo ofendido; não do evento propriamente dito, mas da ciência inequívoca.
Assim, se um sujeito atravessando na faixa corretamente é atropelado, sofrendo danos materiais e estéticos e ficando em coma, por conta disso, o período do coma não conta para contagem do prazo prescricional, pois ele não pode exercer o direito à ação indenizatória para ter a devida reparação, o que decorre da teoria da actio nata. Somente a partir da recuperação do sujeito e da possibilidade de exercício que começa a correr o prazo prescricional.
Exemplo: o STJ, no AgRg no REsp. 931.896/ES, disse que “o termo a quo para aferir o lapso prescricional para ajuizamento de ação indenizatória contra o Estado não é da data do acidente, mas aquela em que a vítima teve ciência inequívoca de sua invalidez e extensão de sua incapacidade. Outro exemplo está no Informativo n° 470 do STJ, que trouxe o julgamento do REsp. 1.020.801/SP, cuja ementa segue abaixo:
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. CONHECIMENTO DA LESÃO POSTERIORMENTE AO FATO LESIVO. PRESCRIÇÃO. TERMO A QUO. DATA DA CIÊNCIA.
1. Ignorando a parte que em seu corpo foram deixados instrumentos utilizados em procedimento cirúrgico, a lesão ao direito subjetivo é desconhecida e não há como a pretensão ser demandada em juízo.
2. O termo a quo do prazo prescricional é a data em que o lesado tomou conhecimento da existência do corpo estranho deixado no seu abdome.
3. Recurso especial conhecido em parte e provido.
OBSERVAÇÃO: O termo final também é chamado de termo ad quem; o termo a quo é o termo inicial.
Se a sujeita em como só conta após ficar curado 
1.5 SÚMULAS DO STJ SOBRE PRESCRIÇÃO
Súmula 278: "O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral."
Súmula 573: "Nas ações de indenização decorrentes de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter da invalidez, para fins de contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico."
Segundo a Súmula 573, o sujeito que sofre sério de trânsito não tem como saber se ficará inválido desta ocorrência, e por isso deve aguardar o laudo.
Súmula 467: "Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução de multa por infração ambiental."
QUESTÃO
2017 – CESPE – DPU – DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL
De acordo com a legislação de regência e o entendimento dos tribunais superiores, julgue o próximo item.
Situação hipotética: O condômino B deve taxas condominiais extraordinárias, estabelecidas em instrumento particular ao condomínio edilício A.
Assertiva: Nessa situação, o condomínio A goza do prazo de cinco anos, a contar do dia seguinte ao do vencimento da prestação, para exercer o direito de cobrança das referidas taxas.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO
Gabarito: CERTO. A questão exigia conhecimento do art. 206 do CC. Deve-se atentar que a obrigação decorre de instrumento particular.
Art. 206. Prescreve: [...]
§ 5º Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; (...).
Ainda sobre as características da prescrição, admite-se a renúncia expressa ou tácita da prescrição pela parte que dela se beneficia (o devedor), nos termos do artigo 191, CC. Nesse caso, o devedor abre mão de situação que lhe favorece, e isso apenas pode ocorrer após o término do prazo prescricional. Assim, caso o devedor pague dívida prescrita, houve renúncia tácita à prescrição (oposto do que ocorre na exceção da prescrição).
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.
Não se admite a renúncia prévia, sendo ela admissível somente após a sua consumação. Renúncia pode ser expressa ou tácita (ex: paga espontaneamente dívida reconhecidamente prescrita), judicial ou extrajudicial.
Quanto aos prazos prescricionais, podem ser suspensos ou interrompidos, mas não podem ser alterados por acordo das partes, conforme prevê o artigo 192 do CC. Não se fala em prescrição convencional, como existe no caso da decadência.
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição pela parte a quem aproveita, nos termos do art. 193 do CC:
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.
A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu sucessor, conforme literalidade do artigo 196, CC.
Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra seus assistentes ou representantes que derem causa à prescrição ou não a alegaram oportunamente, conforme literalidade do artigo 195 do CC.
1.6 INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO
Deve-se atentar quanto ao enunciado acima, que a prescrição só não corre:
Art. 197. Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3º;
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
QUESTÃO
2016 – TRF – 3ª R. – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
Sobre a prescrição e a decadência no Direito Civil, marque a alternativa incorreta:
a) Se a pretensão aos alimentos se fundar em relação de Direito Público (alimentos devidos pelo Estado), o prazo prescricional será de 2 anos.
b) A pretensão à reparação civil por danos materiais extracontratuais prescreve em três anos.
c) É nula a renúncia à decadência fixada em lei.
d) O prazo máximo da prescrição é de dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO
Conforme melhor se verá, existem alguns prazos prescricionais que estão em leis próprias. Por exemplo, quando envolver a Administração Pública, deve-se buscar o prazo no Decreto 20.910/1932, deixando de se aplicar o CC. Era o que o examinador queria nessa questão.
Gabarito: letra A. O equívoco do enunciado está em colocar a prescrição da pretensão como sendo bienal em vez de quinquenal. Para responder o enunciado, o candidato deveria conhecer o art. 1º, do Decreto nº 20.910/1932:
Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadualou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.
Nesse sentido, inclusive, foi o posicionamento da 2ª Turma do STJ no julgamento do AgRG no AREsp 281.688/AP. A prescrição bienal do art. 206, § 2º, do CC de 2002 não se aplica ao caso, uma vez que o conceito jurídico de "prestação alimentar" nele disposto não se confunde com o de "verbas remuneratórias de natureza alimentar". O CC/02 faz referência às prestações alimentares de natureza civil e privadas, incompatíveis com as percebidas em vínculo de Direito Público.
Prescrição pode ser reconhecida de ofício pelo juiz?
Poderão ser reconhecidas, mas somente depois de oitiva da parte contrária. Para isso devem ser analisados os artigos 332, §1°, e 487, parágrafo único, ambos do CPC 2015. O art. 194 do CC, que dizia que "O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz", foi revogado pela Lei 11.280, de 2006.
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: [...]
§ 1° O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: [...]
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1° do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.
Existem alguns casos que impedem ou suspendem a prescrição (artigos 197 a 204).
A principal delas diz que não corre a prescrição entre cônjuges, na constância da sociedade conjugal. O Enunciado 296 do CJF estendeu esse entendimento para uniões estáveis.
Enunciado 296, CJF: Não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da união estável.
ATENÇÃO: Se na prova for cobrada a literalidade da lei, deve-se dizer que a prescrição não corre apenas na constância do casamento, pois ela não fala em união estável.
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Nesse sentido, o STJ afastou prescrição em pedido de indenização por ofensa religiosa dizendo que, enquanto houver investigação na esfera criminal, não se inicia o prazo prescricional da pretensão indenizatória (REsp 1.704.525. Min. Nancy Andrighi, fevereiro/2018).
1.7 IMPRESCRITIBILIDADES
São imprescritíveis as ações sobre:
1. Os direitos da personalidade, como o direito à vida, à honra, à liberdade, à integridade física ou moral;
2. Estado da pessoa, como filiação, a condição, conjugal e a cidadania;
3. As ações declaratórias de nulidades absolutas, por envolverem questões de ordem pública;
4. O Direito de Família referente à prestação alimentícia, a vida conjugal, o regime de bens, a nulidade de casamento, a separação, o divórcio, o reconhecimento e dissolução da união estável;
5. As ações referentes a bens públicos de qualquer natureza;
6. Ações declaratórias.
1.8 ALGUNS CASOS PRESCRICIONAIS NA JURISPRUDÊNCIA
a) STJ, REsp. 1.281.594, Min. Marco Aurélio Bellizze: O prazo prescricional de três anos para a pretensão de reparação civil decorrente de ato ilícito aplica-se tanto à responsabilidade contratual quanto à responsabilidade extracontratual. A decisão foi da Terceira Turma do STJ, em dezembro de 2016.
b) STJ, REsp 1.698.676, Min. Nancy Andrighi, (dezembro de 2017): Terceira Turma do STJ, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) é aplicável a ações de indenização por danos derivados de defeito em próteses de silicone; portanto, há relação de consumo. Nesses casos, o colegiado definiu que o termo inicial do prazo prescricional de cinco anos deve ser contado a partir do conhecimento do defeito no produto por parte da consumidora, conforme prevê o artigo 27 do CDC.
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
c) Segundo o STJ, aplica-se o prazo prescricional quinquenal previsto no art. 1º do Dec. nº 20.910/1932 às ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, como antes visto, e não o prazo prescricional trienal previsto no art. 206, § 3º, V, do CC (REsp 1.251.993-PR, Rel. Min. Mauro Campbell).
1
NOTA DO MONITOR: o professor cita o artigo 179 do CC na aula, porém o conteúdo do mesmo soa incompatível com o que foi desenvolvido. Mais se adequa o do artigo 178 do CC, transcrito no resumo. Segue abaixo a redação do art. 179: "Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato."
2
Termo inicial para início de contagem do prazo prescricional.
Material Complementar
Documento
Aula28_D. Civil_Da Prescrição.pdf
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Da Prescrição
 
1. PRESCRIÇÃO
 
Inicialmente, o professor recomenda que o aluno estude os acórdãos e decisões judiciais 
citados em aulas, pois eles ilustram situações concretas que podem facilitar na absorção 
da matéria. Nest
e context
o, é imprescindível o estudo sobre
 
prescrição previsto entre os 
artigos 189 e 206 do CC.
 
1.1 CONCEITO
 
Prescrição é a perda da pretensão em virtude do transcurso do tempo, é uma punição 
àquele que foi inerte e não levou ao Judiciário determinada si
tuação qu
e lhe agasalharia. 
A doutrina diz que, com a prescrição, nasce um contradireito para a outra parte, que dela 
pode se beneficiar.
 
OBSERVAÇÃO
: Lembrando que a prescrição da parte geral do CC é a extintiva. Nos 
direitos reais existe a prescrição aqui
sitiva, c
ujo grande exemplo é a usucapião, que é 
forma originária de aquisição da propriedade.
 
 
 
1.2 CARACTERÍSTICAS
 
Na prescrição, aplica
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se o princípio do
 
dormientibus non succurrit jus
, que significa que 
o Direito não socorre aos que dormem. A doutrina tr
adicion
al
 
associa a prescrição a ações 
condenatórias, e os prazos prescricionais estão condensados nos artigos 205 e 206 do CC:
 
Portanto, prescrição é a perda da pretensão de se buscar a reparação de um direito violado 
em razão do transcurso do tempo (binô
mio
 
iné
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ia + tempo
). Tal conceito decorre do art. 
189 do CC:
 
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela 
prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
 
O CC diz ainda que a
 
exceção
, como sinônimo de defesa, pr
es
creve no mesmo prazo que 
a ação.
 
Pretensão
 
é a exigib
ilidade judicial de um direito violado e decorre de uma lesão a direito 
subjetivo da parte.
 
O professor Miguel Reale e doutrina fala sobre o
 
princípio da operabilidade
 
do CC, que 
trata da facilitação d
o 
entendimento dos institutos jurídicos do Código. O CC
/1916 era 
muito desordenado no que tangia à decadência e prescrição; no atual Diploma, está tudo 
condensado nos art. 205 e 206 do CC.
 
Aula28 - Luciano Masson - Da Prescrição 
1. PRESCRIÇÃO 
Inicialmente, o professor recomenda que o aluno estude os acórdãos e decisões judiciais 
citados em aulas, pois eles ilustram situações concretas que podem facilitar na absorção 
da matéria. Neste contexto, é imprescindível o estudo sobre prescrição previsto entre os 
artigos 189 e 206 do CC. 
1.1 CONCEITO 
Prescrição é a perda da pretensão em virtude do transcurso do tempo, é uma punição 
àquele que foi inerte e não levou ao Judiciário determinada situação que lhe agasalharia. 
A doutrina diz que, com a prescrição, nasce um contradireito para a outra parte, que dela 
pode se beneficiar. 
OBSERVAÇÃO: Lembrando que a prescrição da parte geral do CC é a extintiva. Nos 
direitos reais existea prescrição aquisitiva, cujo grande exemplo é a usucapião, que é 
forma originária de aquisição da propriedade. 
 
 
1.2 CARACTERÍSTICAS 
Na prescrição, aplica-se o princípio do dormientibus non succurrit jus, que significa que 
o Direito não socorre aos que dormem. A doutrina tradicional associa a prescrição a ações 
condenatórias, e os prazos prescricionais estão condensados nos artigos 205 e 206 do CC: 
Portanto, prescrição é a perda da pretensão de se buscar a reparação de um direito violado 
em razão do transcurso do tempo (binômio inércia + tempo). Tal conceito decorre do art. 
189 do CC: 
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela 
prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. 
O CC diz ainda que a exceção, como sinônimo de defesa, prescreve no mesmo prazo que 
a ação. 
Pretensão é a exigibilidade judicial de um direito violado e decorre de uma lesão a direito 
subjetivo da parte. 
O professor Miguel Reale e doutrina fala sobre o princípio da operabilidade do CC, que 
trata da facilitação do entendimento dos institutos jurídicos do Código. O CC/1916 era 
muito desordenado no que tangia à decadência e prescrição; no atual Diploma, está tudo 
condensado nos art. 205 e 206 do CC.

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