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714-P07 R E V : 1 4 D E A G O S T O D E 2 0 1 2 ________________________________________________________________________________________________________________ Caso LACC # 714-P07 é a versão traduzida para Português do caso # 711-504 da HBS. Os casos da HBS são desenvolvidos somente como base para discussões em classe. Casos não devem ser endossados ou servir como fonte primária de dados ou informação ou ilustração de gestão eficaz ou ineficaz. Copyright 2000 President and Fellows of Harvard College. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada em um banco de dados, usada em uma planilha, ou transferida de qualquer forma ou por qualquer meio - eletrônico, mecânico, fotocopiada, gravada, ou qualquer outra - sem a permissão da Harvard Business School D A V I D B . Y O F F I E R E N E E K I M Coca-Cola em 2011: Em busca de um novo modelo Muhtar Kent, CEO da Coca-Cola Company (Coca), suspirou aliviado. Em 3 de outubro de 2010 ele tinha, finalmente, negociado a maior aquisição da história da companhia: A compra da operação norte-americana da Coca-Cola Enterprises (CCE) por US$12 bilhões, o maior engarrafador franqueado da Coca. Com a aquisição, a Coca agora controlava aproximadamente 90% do volume total norte-americano, revertendo sua decisão de 1986 de se afastar do negócio de engarrafamento. Na maior parte do tempo, nos últimos 125 anos, a Coca esteve produzindo seu concentrado e focada em promover a demanda e lealdade dos clientes através de pesados investimentos no marketing da marca. O trabalho intensivo em capital de produzir bebidas, organizar as rotas dos caminhões e supervisionar distribuidores estava a cargo principalmente dos engarrafadores franqueados da Coca. Esse modelo de negócios serviu bem à companhia. A Coca tornou-se a maior empresa de refrigerantes do mundo, vendendo 1,7 bilhão de doses de bebidas todos os dias, para consumidores em mais de 200 países, através de mais de 300 parceiros no engarrafamento. A Coca foi considerada a marca mais reconhecida e poderosa do mundo, avaliada em US$70 bilhões em 2010.¹ Ao mesmo tempo, a Coca enfrentou diversos desafios no mercado americano, o que levou Kent a repensar a estratégia. A venda de refrigerantes já não era mais suficiente para saciar a sede e as preferências de paladar dos consumidores americanos. Refrigerantes gaseificados, que representavam 76% do volume global da Coca, tinham perdido parte de sua “efervescência” em meio a campanhas antiobesidade e movimentos por um “estilo de vida ativo”. Consumidores passaram a procurar bebidas alternativas “não-gaseificadas”, variando de chás até água de coco, que envolviam métodos de produção e distribuição diferentes do sistema tradicional da Coca. Questões mais amplas vieram à tona também, incluindo preocupações ambientais sobre embalagens e o aumento dos custos das commodities (vide Anexo 1 sobre desafios enfrentados pela Coca-Cola). A mídia digital e as redes sociais estavam também mudando o cenário mercadológico: a Coca não poderia mais contar apenas com a mídia tradicional para promover a preferência da marca. Apesar dos desafios, Kent estava confiante de que a Coca poderia alcançar seus objetivos – sua “visão para 2020” – de dobrar as receitas do sistema até o ano 2020 (vide Anexo 2 – Sumário da visão da companhia para 2020)². Comprar a CCE foi um importante componente para a realização desse objetivo. Kent afirmou: “Eu penso que não existe nenhum sistema melhor no mundo do que o modelo de franquias, mas ele tem que evoluir.” ³ Ainda existiam muitas formas de evolução para esse sistema. Por exemplo, deveria a Coca manter o negócio do engarrafamento e controlar toda a cadeia de valor? Ou deveria reorganizar a CCE e refranquear o engarrafamento, como foi feito no passado? Ou talvez, a Coca poderia manter a produção e refranquear a distribuição, a exemplo do que havia Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 714-P07 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 2 feito a indústria de cerveja? Para uma das mais bem-sucedidas companhias do mundo no último século, as respostas de Kent a essas questões tinham o potencial de redefinir o modelo de negócios da Coca para os próximos 100 anos. História A Coca-Cola foi inventada em 1886 por John Pemberton, um farmacêutico estabelecido em Atlanta, Geórgia.4 Ele misturou xarope com água gaseificada e vendeu a bebida usando uma máquina dispensadora de bebidas (soda fountain) em uma drogaria local. Cinco anos depois, Pemberton vendeu a mistura para Asa Candler, um negociante de Atlanta. Candler comercializou o refrigerante agressivamente tornando a Coca-Cola disponível por todo o estado em 1895. Ele manteve a fórmula em segredo e guardou-a em cofre de banco, criando uma aura de especulação generalizada sobre os ingredientes da fórmula. Convencido de que o futuro da Coca-Cola estava em ser vendido através das máquinas dispensadoras de bebidas, Candler vendeu os direitos de engarrafamento para dois advogados de Chattanooga (Tennessee) por U$$1, em 1899. Candler afirmou: “Nós não tínhamos nem dinheiro, nem cérebro, nem tempo para embarcar no negócio de engarrafamento.”5 Contrariando a expectativa de Candler, o negócio do engarrafamento floresceu. Pelas próximas duas décadas, a equipe de Chattanooga criou uma rede regional de mais de 1000 engarrafadores, que costumavam ser de propriedade e operação local. Em 1916, Candler vendeu a Coca para um grupo de investidores, liderados por Ernest Woodruff, que abriu o capital da empresa naquele ano. Seu filho, Robert Woodruff de 33 anos, tornou-se o presidente, quatro anos depois, marcando o início de uma liderança que perdurou mais de seis décadas. Woodruff introduziu várias inovações para colocar a Coca bem perto do “desejo de consumo”, tais como a caixa de papelão com seis garrafas, as geladeiras vitrine com abertura no topo, as máquinas dispensadoras de bebidas e as máquinas automáticas. A Coca tornou-se sinônimo de “slogans publicitários” famosos como a “Pausa que Refresca” e “É a Coisa Real”. O portfólio de produtos da empresa expandiu-se com a compra da marca “Minute Maid” (1960) e pelo lançamento de novos refrigerantes aromatizados como Fanta e Sprite. Woodruff também recebeu o crédito por ter tornado a Coca-Cola um fenômeno internacional. Durante a Segunda Guerra Mundial ele prometeu que “todo homem uniformizado terá uma Coca- Cola por 5 centavos de dólar, onde quer que ele esteja e quanto quer que isso custe para a companhia”. A Coca foi isentada do racionamento de açúcar em tempo de guerra pelas bebidas que ela vendia aos militares ou para os varejistas que serviam os soldados. Sessenta e quatro fábricas de engarrafamento foram criadas no exterior durante a guerra, por toda a Europa e Ásia, não apenas servindo soldados americanos, mas também permitindo a primeira exposição do produto para habitantes locais. Embora Woodruff tenha oficialmente se aposentado em 1955, na prática ele continuou atuando como patriarca da Coca-Cola até sua morte em 1985. Ele influenciou importantes decisões corporativas, incluindo a escolha de Roberto Goizueta para se tornar CEO em 1981, ignorando a escolha do CEO J. Paul Austin para seu próprio sucessor ao se aposentar. Era Goizueta (1981–1997) Goizueta, um engenheiro químico de Cuba, assumiu a Coca em meio a uma intensa “Guerra das Colas”. A PepsiCo (Pepsi) vinha enfraquecendo a liderança da Coca no mercado americano desde meados de 1970 através de um bem sucedido desafio de teste de sabores, que a Pepsi promoveu como parte de uma campanha jovem “Geração Pepsi”. Na batalha por maior participação no mercado, ambas as empresas forçaram agressivas promoções de preços; comprovadamente até 50% dos seus volumes combinados em supermercados eram vendidoscom descontos, impactando Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Coca-Cola em 2011: Em Busca de um Novo Modelo 714-P07 3 negativamente as margens. Os consumidores, acostumados a tais descontos, frequentemente mudavam de uma marca para outra, comprando qualquer uma que estivesse em promoção. Goizueta reagiu intensificando os gastos com publicidade da Coca-Cola. A maioria dos outros negócios da empresa, que não fossem refrigerantes, foram vendidos, incluindo vinhedos ou criação de camarão. O açúcar foi substituído por xarope de milho com alto teor de frutose, que custava 40% menos que o açúcar natural. A empresa lançou 11 novos produtos durante os anos 80, juntamente com uma maior variedade de embalagens. O maior sucesso foi o lançamento da Coca Diet em 1982. Inicialmente, a idéia de estender a marca registrada “Coca” para outro produto era considerada “heresia” por diversos conhecedores da empresa e também pelos engarrafadores. Goizueta, porém, insistiu e estreou a Coca Diet com o orçamento de marketing ($100 milhões no primeiro ano) mais caro da história da indústria de refrigerantes até hoje. No final de 1983, a Coca Diet havia se tornado o refrigerante diet mais vendido do mercado. Então, na esperança de criar mais um sucesso, como a Coca Diet, Goizueta decidiu mudar a fórmula de 99 anos de idade da Coca-Cola e substituí-la em abril de 1985 pela “Nova Coca” (New Coke). A nova Coca não apenas fracassou, mas também acabou lutando com o apego emocional que os consumidores tinham pela velha Coca. Goizueta admitiu “Nós sabíamos que algumas pessoas ficariam descontentes, mas não poderíamos nunca prever a profundidade do descontentamento delas.”6 Três meses mais tarde, Goizueta retornou para a fórmula original sob o nome “Coca Cola Clássica” (Classic Coke)7. O retorno levou o preço das ações da Coca-Cola à maior alta em 12 anos. No exterior a Coca continuou a expandir sua presença, mais precisamente pela Ásia e Europa Oriental. Após a queda do muro de Berlim em 1989, a Coca rapidamente investiu US$1,5 bilhão na região para desafiar a posição anterior da Pepsi. A Coca desenvolveu novas redes de engarrafadores e rotas de distribuição a partir da base, enquanto a Pepsi continuou contando com os engarrafadores estatais e redes existentes. Em 1992, a participação de mercado da Coca em diversos mercados da Europa Oriental, incluindo Hungria, Polônia e Tchecoslováquia, já tinha quase dobrado em relação ao ano anterior8. A Década Perdida Em 1997, a liderança de Goizueta teve um final abrupto com seu inesperado falecimento devido a um câncer de pulmão. “Ele era grande e brilhante”, recordou John Farrell, vice-presidente de planejamento estratégico9. O valor de mercado da Coca havia atingido $147 bilhões, o preço da ação havia disparado mais de 5000%, e a Coca tinha se tornado uma das mais valiosas marcas do mundo. Ainda assim, a liderança da Coca lutou durante a década seguinte, começando com o sucessor de Goizueta, Douglas Ivester (vide Anexo 3a – Desempenho do preço da ação da Coca-Cola após a morte de Goizueta). A crise financeira asiática de 1997 tolheu os lucros da empresa, que gerava dois terços das vendas do exterior. Outra crise veio à tona na Bélgica em 1999 sobre supostos temores de contaminação, forçando a empresa a conduzir o maior “recall” (recolhimento de produto do mercado) de sua história. Ivester foi criticado por sua lentidão ao reagir e enfrentar um golpe grave para a imagem da Coca-Cola. O Conselho decidiu substituir Ivester por Douglas Daft (2000-2004). Ele tentou cortar custos e dispensou mais de 6000 funcionários durante o início dos anos 2000, a maior redução de mão-de-obra da Coca na história. Problemas legais envolvendo processo de discriminação racial e um teste de marketing questionável em torno da Burger King custou para a Coca acima de $200 milhões em acordos. A companhia começou a ser investigada pelas autoridades governamentais americanas sob Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 714-P07 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 4 suspeita de que inflava os lucros através do envio excessivo de xarope para seus engarrafadores no exterior, numa prática ilegal conhecida como “sobrecarga de canal”. No exterior, mais notícias de contaminação surgiram na Índia e Europa, maculando a já conturbada imagem da Coca. Diversas grandes oportunidades de expansão dos negócios da Coca se perderam. Em 2000, Daft tentou comprar a Quaker Oats por US$16bilhões, mas o negócio foi abortado no último minuto por vários diretores que consideraram o preço muito alto. 10 A Pepsi comprou a Quaker Oats ganhando a propriedade sobre o Gatorade, marca líder na categoria das bebidas desportivas, que rapidamente crescia. Em 2001, após dois anos de negociações, a Coca desistiu dos seus esforços de adquirir a “South Beach Beverage Co. (SoBe), apenas para assistir à aquisição pela Pepsi. Aproximadamente na mesma época, a Coca cancelou um plano de empreendimento conjunto (joint-venture) com a Procter & Gamble, no segmento de sucos e salgadinhos no valor de $4 bilhões. “Foi uma coisa atrás da outra” recordou-se Clyde Tuggle, Vice-Presidente Sênior para assuntos públicos e comunicações globais.11. “Nós não tínhamos as respostas certas, então continuamos aos tropeços, tentando descobrir como escapar da confusão nas nossas finanças, estrutura e reputação.” E. Neville Isdell substituiu Daft em abril de 2004, o terceiro CEO da Coca em sete anos. Ele era um veterano de 35 anos da Coca que havia sido chamado de volta de sua aposentadoria. “Neville era um diplomata de classe mundial e a companhia tinha sido bem sucedida quando trabalhou com esse tipo de líder”, recordou Farrell. Isdell retornou para encontrar uma empresa desmoralizada, lutando com vendas declinantes e marketing ineficiente. Ele trouxe uns 150 gerentes seniores de todas as partes do mundo, reunidos pela primeira vez em anos, e eles colaboraram para criar um “manifesto para o crescimento”, um novo plano estratégico para os próximos 10 anos. “Nós tínhamos que unir e motivar nosso pessoal novamente e isso foi exatamente o que Neville fez”, afirmou Farrell. O plano era revitalizar as marcas gaseificadas que eram o coração da Coca (Coca-Cola, Fanta e Sprite). Isdell, em seguida, destinou ao marketing $400 milhões para fortalecer o poder de sua marca12. Ele também expandiu a lista de produtos da Coca, incluindo bebidas não-gaseificadas como águas e chás aprimorados. Ao mesmo tempo, Isdell tentou trazer de volta vários gerentes seniores que haviam deixado a Coca durante seu período mais tumultuado, incluindo Muhtar Kent. Como filho de um diplomata turco, falava muitos idiomas e tinha vivido muito de sua vida profissional na Coca internacional. Ele era conhecido como agradável, mas implacável; movido por genuína paixão pelos negócios. Quando dirigiu uma cervejaria em Istambul, Kent era frequentemente visto conversando com consumidores nos supermercados e com clientes nos bares, oferecendo garrafas grátis de sua cerveja, na expectativa de convencê-los a mudar. Retornou para a Coca em 2005 a fim de liderar os negócios internacionais da empresa. Um ano mais tarde, as vendas globais já tinham aumentado 6%, o melhor ganho em seis anos13. Em 2008, Kent assumiu a posição de CEO em lugar de Isdell, que afirmou que pretendera ficar por uns poucos anos. Isdell, entusiasticamente descreveu Kent: “Ele possui uma das melhores redes de contatos do mundo, e é disso que precisamos no negócio em que estamos.” 14 Na sequência, os analistas notaram que o maior desafio para Kent seria descobrircomo recuperar o crescimento na América do Norte, o maior mercado de bebidas não-alcoólicas, prontas para beber (NARTD – non alcoholic, ready to drink) em meio à queda das vendas dos refrigerantes gaseificados (Vide Anexos 3b, 4 e 5 – Desempenho do Preço das Ações e Demonstrações Financeiras Selecionadas). A Indústria do refrigerante As bebidas gaseificadas (refrigerantes) representavam nos Estados Unidos um mercado de varejo de US$74bilhões que prosperou sob intensa concorrência, entre Coca e Pepsi, por mais de um século.15 O consumo tinha constantemente crescido através dos anos, graças a preços atrativos e Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Coca-Cola em 2011: Em Busca de um Novo Modelo 714-P07 5 disponibilidade generalizada, atingindo um máximo de 864 porções de 237 mililitros por pessoa, por ano em 1998. Embora o consumo tenha declinado em meio à maior variedade de bebidas alternativas, o consumidor médio americano ainda consumiu 708 porções de refrigerantes ao ano em 2010 (Vide Anexos 6a e 6 b referentes aos números do consumo de várias bebidas). As megamarcas – marcas comerciais com volumes anuais excedendo 100 milhões de caixas de 5,7 litros – dominavam com 66% de participação de mercado dos refrigerantes gaseificados, com liderança de marcas da Coca (Vide Anexo 7 para as 10 maiores marcas de refrigerantes). O modelo de negócios dos refrigerantes envolvia quatro participantes básicos: produtores de concentrados como a própria Coca, engarrafadores, varejistas e fornecedores. Produtores de Concentrados Os produtores de concentrados misturavam ingredientes e aromas comuns e enviavam a mistura em recipientes para os engarrafadores. O processo de produção em si envolvia relativamente baixo investimento em maquinário, despesas gerais e mão-de-obra. Uma planta típica de produção de concentrado de bebida poderia custar entre $50 e $100 milhões para ser construída e poderia suprir diversos países. Em 2010 a Coca operava cerca de 30 plantas principais de concentrado de bebida para seu mercado inteiro de mais de 200 países. Marketing, pesquisa de mercado e manter relações com os engarrafadores eram elementos críticos para os donos de concentrados a fim de construir poderosas marcas globais. Em 2010 somente, a Coca gastou $2,9 bilhões em despesas com publicidade.16 “O valor desse negócio está na marca”, Kent insistia. “É muito mais do que somente bebida, é mais holístico.” A cooperação dos engarrafadores desempenhou importante papel na implementação conjunta de programas de marketing criados pela Coca. Para ajudar a influenciar os engarrafadores, a Coca destinou cerca de US$5bilhões em 2010 para seus engarrafadores e revendedores do mundo todo para se engajarem em promoções ou programas de marketing17. A empresa buscava acordos de desenvolvimento de clientes (CDAs - customer development agreement), onde engarrafadores usavam recursos fornecidos pela Coca, para assegurar espaço nas prateleiras dos varejistas nacionais como Walmart e cadeias de supermercados. Adicionalmente proprietários de concentrados negociavam diretamente com os maiores fornecedores de seus engarrafadores, para garantir preços baixos e fornecimento confiável dos ingredientes-chave. Engarrafadores Os engarrafadores compravam o concentrado ou xarope, acrescentavam água gaseificada e adoçantes e então envasavam as bebidas em garrafas ou latas. Cada bebida passava por uma linha de produção especializada e muito rápida que normalmente não era intercambiável entre os diferentes produtos e tamanhos de embalagens. O custo de uma fábrica grande com múltiplas linhas e armazenagem automatizada podia atingir centenas de milhares de dólares. Assim, o processo de engarrafamento de bebidas gaseificadas, também conhecido como “envasamento a frio”, era produtivo e mais lucrativo com refrigerantes de altos volumes e alta demanda. Os engarrafadores eram também responsáveis pela venda e entrega das bebidas aos clientes. CCE, o maior engarrafador da Coca, gerenciava aproximadamente 350 pontos de distribuição e em torno de 55.000 veículos em 200918. Nas entregas diretas nas lojas (DSD - direct store delivery), os próprios engarrafadores abasteciam as prateleiras, rastreavam estoques e montavam mostruários nos pontos de venda, em vez de entregar bebidas aos armazéns dos varejistas. Sob esta configuração o custo das vendas de um engarrafador típico excedia metade do total de suas vendas. O concentrado e o adoçante representavam a maior despesa, seguidos da embalagem, mão-de-obra e despesas gerais. Quando outras despesas eram levadas em consideração, a média da Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 714-P07 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 6 margem operacional do engarrafador ficava em torno de 8%, em comparação com a margem operacional de 32% de um proprietário de concentrado (Vide Anexo 8 – Margens de Lucro). O acordo de franquia original da Coca de 1899 garantia aos engarrafadores o direito de manufatura e operação em um território exclusivo. Eles também ganhavam o direito de vender seu contrato de franquia para terceiros, transferindo todos os direitos perpetuamente. O preço do concentrado era fixo e não se permitia renegociações, mesmo se houvesse alteração nos custos dos ingredientes. Além disso, os engarrafadores poderiam trabalhar com marcas concorrentes que não fossem “cola”, além de terem a palavra final nas decisões de preço do varejo. Don Keough, presidente da Coca durante os anos 80, ironizou: “Todo engarrafador em seu leito de morte chama seu filho a seu lado e, em suas últimas palavras, diz: ‘Nunca os deixe [Coca] mexer nesse contrato.’”19 Conflitos sobre as cláusulas desses contratos acabavam estourando em acirradas disputas legais para a Coca. Em 1971, a Comissão Federal de Comércio tentou denunciar que os proprietários de concentrados, incluindo a Coca, restringiam a concorrência ao garantir direitos de exclusividade de territórios aos engarrafadores. Mas após nove anos de litígio o Congresso aprovou uma lei que garantia aos produtores de concentrados o direito de manter essa prática. Enquanto isso, a crescente inflação da década de 1970 elevou o custo dos ingredientes a níveis sem precedentes. Desde uma alteração de contrato em 1921, a Coca vinha comprando todas as matérias-primas, exceto o açúcar, a preços correntes, mas vendendo o xarope aos engarrafadores com preços aos níveis de 1921. Após intensa negociação e disputas, os engarrafadores finalmente concordaram, em 1978, em incorporar a inflação ao custo dos ingredientes. Como compensação, a Coca prometeu investir mais em campanhas publicitárias de apoio. Apesar dessas mudanças, as frustrações cresciam entre a Coca e seus engarrafadores franqueados. Na época em que Goizueta havia se tornado CEO, muitos franqueados haviam passado para a terceira geração de proprietários. Eles estavam acomodados em explorar a franquia, em vez de investir em novos equipamentos, tentar aumentar a sua participação no mercado ou intensificar a publicidade em meio à guerra das “colas”. 20 “Engarrafadores basicamente faziam o que eles queriam fazer e, consequentemente, o sistema americano não estava alinhado”, de acordo com Tuggle. Irritado pela falta de controle da Coca-Cola, Goizueta reverteu as táticas e começou a refranquear o negócio de engarrafamento em 1980. Ele comprou os negócios de engarrafadores que estavam atuando abaixo das expectativas, injetou neles dinheiro para recuperá-los e, em seguida, os revendeu para outros engarrafadores de melhor performance. A criação da CCE A aquisiçãomais significativa veio em 1985 quando Goizueta aproveitou a oportunidade de comprar dois dos maiores engarrafadores da Coca por US$ 2,4 bilhões. Isto trouxe uma terça parte do volume da Coca para seu controle direto. As compras também sobrecarregaram a Coca com uma dívida de longo prazo em torno de US$1 bilhão. Em 1986, Goizueta desmembrou as operações de engarrafamento em uma nova companhia de capital aberto: Coca-Cola Enterprises (CCE). A Coca manteve um grande controle, mas não majoritário, de 49% sobre a CCE e vendeu 51% ao público. “Nós queríamos a influência e o alinhamento, mas não o débito em nossos livros contábeis”, disse Tuggle. “Nós entendemos que desmembrar o negócio de engarrafamento era um passo natural, a coisa certa a fazer naquele momento.” A CCE, de fato, tornou-se o primeiro “engarrafador âncora” doméstico da Coca. A Coca continuou a comprar engarrafadores menores independentes e os vendia para a CCE. Então, a CCE dividiu geograficamente os territórios em largas regiões e redigiu novos contratos com fornecedores e Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Coca-Cola em 2011: Em Busca de um Novo Modelo 714-P07 7 varejistas. Em 1987 um novo contrato mestre para engarrafadores deu à Coca o direito de determinar os preços dos concentrados e outras condições de vendas para as bebidas gaseificadas, com sabor cola. A Coca adotou sua estratégia âncora também no exterior, criando engarrafadores âncora em cada continente e promovendo a consolidação. Em 1991, dois âncoras manejavam cerca de 22% do volume global da Coca. Em torno de 1996, oito âncoras distribuíam mais de 50%21. A Coca também melhorou suas margens de lucro pela década de 90, aumentando o preço do concentrado junto aos engarrafadores, frequentemente acima da inflação. Varejistas Supermercados representaram sozinhos o maior canal de distribuição com 37% de participação no mercado americano de bebidas gaseificadas. Engarrafadores lutavam para assegurar espaço em prateleiras que poderiam melhorar a visibilidade de seus produtos. Eles também buscavam estimular as compras por impulso, colocando geladeiras nas saídas, junto aos caixas ou nas entradas das lojas. Enquanto a lucratividade de cada varejista variava de acordo com o volume de vendas e custos de entregas, outros pontos de vendas populares incluíam as máquinas dispensadoras de bebidas e máquinas automáticas (31%), seguidos de supercentros (11%)22. (Vide Anexo 9 - Lucratividade por Canal de Varejo). As máquinas dispensadoras de bebidas (soda fountains) são “típicas dos EUA”, como descreveu Sandy Douglas, presidente da Coca-Cola norte-americana. “Faltava infra-estrutura para o desenvolvimento dos dispensadores no exterior, devido a fatores como manutenção dos equipamentos em alguns mercados e qualidade da água em outros”. Os varejistas e atacadistas de máquinas dispensadoras americanos geraram 34% da venda doméstica de concentrado, em comparação com os 5% das vendas por máquinas dispensadoras em pontos de venda no exterior23. O xarope para as máquinas era normalmente entregue a restaurantes, lanchonetes ou lojas de conveniência. Assim as misturas são feitas nas máquinas dispensadoras que depois enchem copos de vidro ou descartáveis. Nos Estados Unidos a Coca nunca franqueou esse negócio. Entretanto, em alguns casos a Coca pagava uma taxa a engarrafadores locais para entregarem xarope e fazerem a manutenção das máquinas. A competição pelas contas nacionais era especialmente intensa. As principais contas da Coca de máquinas dispensadoras incluíam McDonald’s (a maior conta nacional em termos de volume de vendas), Subway e Burger King. Por volta de 2010 a Coca mantinha 69% do negócio dos dispensadores nos EUA, em comparação com 20% da Pepsi. 24 Uma tendência notável da década passada foi o crescimento dos revendedores de massa. Em 2010, cerca de 40% do volume total entregue engarrafado foram para dez clientes-chave nos Estados Unidos. A consolidação em mercados geograficamente relevantes significou mais poder de compra para grandes cadeias de varejo. Houve uma ocasião em que a Costco (o maior clube atacadista americano) temporariamente parou de oferecer os produtos da Coca, como forma de pressão para obter menores preços da Coca. Diversos varejistas queriam que as bebidas fossem entregues em seus armazéns em vez das entregas diretas nas lojas (DSD). O objetivo era cortar custos e oferecer melhores ofertas. Eles também queriam negociar diretamente com as companhias de concentrado o espaço nas prateleiras e programas de marketing. Fornecedores Donos de concentrados dependiam de poucos suprimentos-chave: corante caramelo, ácido fosfórico ou cítrico e cafeína. Engarrafadores eram mais dependentes do mercado de commodities porque eles precisavam de materiais de embalagem, como alumínio e plástico. Mais da metade de todos os refrigerantes vendidos nos Estados Unidos eram envasados em latas, seguidos de garrafas Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 714-P07 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 8 plásticas. Nos supermercados, pacotes de 12 latas e garrafas de 2 litros eram o formato de embalagem mais popular, enquanto a garrafa plástica de dose individual de 591,47 mililitros prevalecia em lojas de conveniência25. Os principais fabricantes de latas, como Ball e Rexam, haviam sido fornecedores de longa data e os donos de concentrado negociavam com eles em nome de seus engarrafadores. O surgimento das bebidas sem gás Uma mudança significativa nas preferências de gosto dos consumidores começou a despontar junto com o novo milênio em meio a chamados para um estilo de vida mais saudável. Os refrigerantes foram acusados de contribuir para a obesidade. O xarope de milho com alto teor de frutose ficou sob vigilância, por não ser ingrediente “natural”, como o açúcar de cana. A Coca reagiu aumentando o número de bebidas com baixa ou nenhuma caloria para mais de 800 bebidas diferentes. Em particular a Coca Zero (2005) se tornou um “hit” sensacional. Promovida como “o real sabor da Coca-Cola e zero caloria”, o refrigerante foi basicamente dirigido ao mercado do jovem adulto do sexo masculino. A Coca Zero registrou cinco anos consecutivos de aumentos das vendas de dois dígitos e tornou-se o mais bem-sucedido lançamento de refrigerante, desde a Coca Diet. A companhia também lançou diferentes tamanhos de embalagem, incluindo uma garrafa menor, de consumo individual com 473 mililitros. Separadamente, máquinas “Freestyle” que podiam oferecer 100 tipos diferentes de refrigerante com sabor customizado, estrearam em 2009, na esperança de renovar o interesse dos consumidores pelas bebidas gaseificadas. Os esforços da Coca para revitalizar as marcas de refrigerantes, através de novas plataformas da mídia digital e campanhas globais em eventos desportivos como a Copa do Mundo, permitiram que as marcas da Coca saíssem bem à frente do seu mais próximo concorrente. A companhia conquistou 42% de participação no mercado em todos os canais de varejo da categoria refrigerante, em comparação com 29% de participação do concorrente mais próximo, a Pepsi, e 17% de participação do Grupo Dr. Pepper Snapple (DPS).26 Entretanto, o crescimento real no mercado de bebidas não- alcoólicas, prontas para beber (NARTD) veio de uma categoria diferente: bebidas não gaseificadas, também conhecidas como bebidas sem gás (still beverages). Essas bebidas incluem bebidas esportivas, água saborizada, chás e cafés prontos para beber, energéticos, sucos e néctares de frutas. Bebidas sem gás, em geral, representaram uma nova e excitante oportunidadede crescimento. A expectativa de crescimento, para os próximos cinco anos para a maioria das bebidas sem gás, superava 5%, enquanto a previsão para as bebidas gaseificadas era de redução.27 As bebidas sem gás geralmente obtinham preços mais altos do varejo, por caixa. Por exemplo, os néctares, em média, podiam ser vendidos por US$9,95 a caixa de 5.678 mililitros em comparação com US$7,85 para os refrigerantes gaseificados. Bebidas sem gás geraram alta demanda em lojas de conveniência e postos de gasolina, desencadeando o consumo imediato de compras por impulso. Ao mesmo tempo, seus volumes de vendas eram relativamente baixos em comparação aos refrigerantes. No caso das bebidas energéticas, as margens brutas eram de até 35%, mas venderam somente em torno de um bilhão de caixas em 2009. A entrega em armazém costumava ser mais barata e preferida para essas bebidas de baixo volume, em comparação com o sistema DSD (entregas diretas nas lojas), usado para refrigerantes. Inicialmente a Pepsi ingressou rápida e agressivamente no mercado das bebidas sem gás. Entre 2004 e 2006 mais de 70% das inovações da Pepsi foram em bebidas sem gás, enquanto a Coca focou fortemente em novas embalagens e extensões de linhas de refrigerantes29. Então, em 2007 a Coca entrou em uma onda de compras para diversificar seu portfólio. Comprou participação na linha de chás “Honest Tea”, e na “Innocent Drink” de Londres, que fazia bebidas geladas de frutas e outros ingredientes (smoothies). 30 A Coca também pagou US$4bilhões pela Energy Brands Inc. e ganhou Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Coca-Cola em 2011: Em Busca de um Novo Modelo 714-P07 9 controle sobre a “água vitaminada” (vitaminwater), uma popular água saborizada. Em torno de 2009, a Coca tinha assegurado 32% do mercado de não gaseificados em comparação com 43% da Pepsi, obtendo ganhos notáveis em diversas categorias-chave como os sucos e água saborizada. 31 A Nova Dinâmica da Indústria As bebidas sem gás demandavam diversas mudanças para a Coca e os engarrafadores. A fragmentação do consumidor era alta, com grande número de marcas e unidades de manutenção de estoque (SKUs). Historicamente, com grandes marcas de refrigerantes, os engarrafadores podiam encher seus caminhões completamente com paletes (estrados de madeira usados para transportar bebidas) contendo uma só SKU. As bebidas sem gás, devido ao seu menor volume de vendas, frequentemente levavam a paletes divididos, com várias SKUs. As táticas de marketing e operacionais diferiam também. Com as bebidas sem gás, “nós muitas vezes estamos em um estágio onde temos uma marca e estamos tentando descobrir como obter a atenção inicial do consumidor e a disponibilidade do varejo”, diz Brian Kelley, Diretor de Suprimentos de Produtos na Coca-Cola Refreshments (CCR).32 Enquanto isso, as marcas de refrigerantes, compradas regularmente por quase todas as famílias nos Estados Unidos, impeliam a atenção dos donos da marca para os mínimos detalhes de exposição e postos de venda para “gerar qualquer crescimento que se possa conseguir num mercado já desenvolvido.” A concorrência não vinha apenas das maiores companhias de bebidas, mas também das marcas próprias. Em um mercado de US$10 bilhões de sucos e néctares, as marcas próprias eram mais populares em sucos de prateleira (podem ser mantidos sem refrigeração) e sucos congelados. Nenhum fabricante individual tem mais que 20% de participação do total do mercado americano.33 Com água engarrafada, ambas a Coca e Pepsi prosperaram com suas marcas próprias no início dos anos 2000. Então, a recessão americana em 2008 obrigou os consumidores a migrarem para águas de marca própria mais baratas. Aquafina da Pepsi e Dasani da Coca viram sua participação cair mais de 15% em um ano.34 Em 2009, o mercado de água engarrafada estava bloqueado em uma intensa competição de preços, pressionando as margens de lucros. “É um fenômeno de preço provocado pelas marcas próprias”, descreveu Joe Tripodi, Diretor de Marketing e Comercial. “Nós definitivamente vemos menos ameaça direta das marcas próprias para as nossas marcas principais, que são os refrigerantes cola.” Mais importante é que a própria Coca se envolveu fortemente na produção das bebidas sem gás, com frequência denominadas “produtos acabados”. De acordo com Kelley, “essas bebidas envolviam uma proposta completamente diferente dos refrigerantes, desde a linha de produção e o tipo de equipamento até a embalagem”. Elas geralmente envolviam um processo especial de preenchimento a quente, que pasteurizava as bebidas a uma determinada temperatura, para eliminar impurezas. Uma planta de preenchimento a quente, que poderia produzir de 6 a 8 milhões de caixas ao ano, podia custar US$20 milhões. A Coca vendia esses produtos acabados, preenchidos a quente, diretamente aos varejistas ou engarrafadores que entregavam as bebidas para as lojas. Na essência, os engarrafadores se viram perdendo no lucro associado à produção. Ao final da década, consta que os engarrafadores estavam somente produzindo 60% a 70% do total de unidades (SKUs) das bebidas líquidas refrescantes em comparação com até 85% do total de unidades (SKUs) que estavam produzindo em 2000.36 Além disso, as linhas de produção existentes com preenchimento a frio operavam com taxas de utilização da capacidade produtiva inferiores, em meio à fraca demanda por refrigerantes. Os engarrafadores, nesse ínterim, eram incapazes de aumentar os preços dos produtos o suficiente para compensar os crescentes custos das matérias primas, mão-de-obra e distribuição. Dos 70 engarrafadores independentes da Coca, aproximadamente metade parou totalmente de produzir, concentrando-se em vez disso na distribuição local e em esforços de marketing. Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 714-P07 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 10 No canal do varejo os engarrafadores lutaram com a demanda em declínio para seu mais lucrativo produto, a garrafa de refrigerante de 591 mililitros, vendida em postos de gasolina e lojas de conveniência. Por outro lado, café, bebidas energéticas e chás emergiram como bebidas mais vendidas nestes canais de consumo imediato. “Nós realmente nos vimos competindo dentro do nosso próprio sistema, engarrafadores versus a companhia, uma vez que os consumidores podiam escolher entre garrafas, latas ou copos das máquinas dispensadoras em lojas de conveniência” disse Steve Cahillane, CEO da CCR.37 Nos supermercados, uma loja podia ter mais que meia dúzia de pessoas da CCE e várias divisões da Coca sobrepondo-se na distribuição, gerenciamento de clientes e vendas de suas bebidas designadas. Novos desafios surgiram também com os acordos existentes junto às franquias de engarrafamento. Por exemplo, quando a Coca tentou que os engarrafadores mudassem a rota de distribuição para promover uma nova bebida em certos mercados, os engarrafadores levantaram pontos de conflito com os seus direitos de exclusividade territorial. Em 2006, cerca de 50 engarrafadores americanos processaram a Coca por tentar entregar POWERADE para armazéns do Walmart. O caso só foi dirimido depois que a Coca concordou em achar um melhor modelo de divisão de lucros, como compensar os engarrafadores via royalties. Num esforço para rearranjar o fraturado sistema de engarrafamento, a Coca criou uma única organização interna chamada “BIG” – Grupo de Investimento dos Engarrafadores, consolidando sob o mesmo teto suas próprias operações de engarrafamento e investimentos. Analistas com frequência se referiam à unidade como “enfermaria de hospital”,porque a Coca comprou engarrafadores com problemas financeiros e tentou recuperá-los com o objetivo final de desmembrá-los novamente. Em 2010, quatro anos após a criação do BIG, o grupo possuía 98 operações de engarrafamento ao redor do mundo e representava 23% das receitas operacionais líquidas da Coca. 38 Com relação aos demais engarrafadores, incluindo a CCE, a Coca tentou melhorar o relacionamento implementando um modelo de preço baseado na incidência para concentrados selecionados. Acordos anteriores no mercado americano permitiam que a Coca vendesse seu concentrado a uma taxa fixa, independentemente de como os refrigerantes eram embalados e vendidos ao consumidor. Isso restringia os lucros da Coca ao crescimento de volume, ao passo que o lucro dos engarrafadores dependia de que tipos de embalagem vendiam e em quais canais. Sob o modelo da incidência, a Coca precificou o concentrado como uma porcentagem da receita dos engarrafadores. Isso também substituiu negociações anuais com acordos plurianuais. “O preço baseado na incidência alinhou totalmente a companhia e o engarrafador para impelir a receita, em vez de volumes. “Agora todos estavam de acordo para vender as mais lucrativas embalagens e conseguir uma divisão mais justa dos lucros”, disse o CFO Gary Fayard.39 CCE em 2010 Apesar das mudanças a CCE lidou com desafios adicionais próprios. A estratégia dos engarrafadores âncora da Coca, consolidando os engarrafadores nos Estados Unidos, havia continuado até meados da década de 2000, basicamente através da CCE. As vendas aumentaram e a CCE cresceu até controlar 75% do volume total de garrafas e latas da Coca norte americana. Ao mesmo tempo o peso da dívida da CCE excedia $19 bilhões em 2005 (Vide Anexo 10 – Demonstrações Financeiras Selecionadas da CCE). “A empresa teve que injetar uma enorme quantidade de capital para comprar engarrafadores da Coca”, admitiu Douglas. “Isso aumentou dramaticamente o nível da dívida da CCE, o que impactou a vontade e habilidade deles de investir no negócio”. As fábricas operavam com taxas de utilização baixas, juntamente com o excesso de capacidade de certas regiões geográficas. Investimentos de capital, como acrescentar uma máquina Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Coca-Cola em 2011: Em Busca de um Novo Modelo 714-P07 11 especial que pudesse integrar a embalagem ao final do processo das linhas de produção, vinham ocorrendo em outras partes, mas não na CCE. “O retorno financeiro de fazer esse tipo de investimento de capital é incrivelmente bom”, de acordo com Fayard, “mas a CCE estava financeiramente carente para poder tomar esse tipo de providência óbvia.” Em contraste, engarrafadores menores com cargas de dívidas mais leves estavam fazendo novos investimentos em busca de maiores inovações. Por exemplo, a Coca-Cola Bottling Consolidated, com sede na Carolina do Norte, investiu em novas embalagens – uma garrafa de 473 mililitros com preço módico e uma embalagem maior de 710 mililitros – em 2009. O engarrafador ultrapassou o mercado e viu um crescimento nas vendas dos refrigerantes. Ele também fez investimentos para melhorar e automatizar seu sistema de pedidos. Concorrência A indústria das bebidas, apesar de ter tido em seu princípio um mercado fragmentado, seguiu em uma onda de consolidação massiva no século XXI. A guerra das colas entre Coca e Pepsi, em particular, teve um papel principal no desenho da forma de concorrência neste mercado. Enquanto a Coca e Pepsi possuíam 72% do mercado de refrigerantes, o Grupo DPS manteve o distante, mas sólido terceiro lugar. Pepsi A Pepsi foi criada em 1898 por um farmacêutico na Carolina do Norte. Como a Coca, a Pepsi expandiu-se através de uma cadeia de franquia de engarrafadores, mas com foco maior nas vendas do varejo do que nas vendas das máquinas dispensadoras. 40 Embora estivesse à beira da extinção algumas vezes, a Pepsi conseguiu reativar seus negócios, mais notavelmente nos anos 70. A Pepsi expandiu-se em outros negócios também, incluindo salgadinhos (Frito-Lay) e “fast-foods” (Pizza Hut, Taco Bell e Kentucky Fried Chicken). Em 1985, os produtos da Pepsi estavam disponíveis em aproximadamente 150 países pelo mundo. Até que em 1997, a Pepsi sofreu uma mudança brusca e desfez-se de seu negócio de restaurantes de $10 bilhões. Dois anos depois, deixou também o negócio de engarrafamento. O Pepsi Bottling Group (PBG) abriu o capital, com a Pepsi mantendo 35% de participação acionária. Outra aquisição centrada na onda das bebidas e salgadinhos se seguiu, culminando na compra da Quaker Oats em 2000 por US$13bilhões. O negócio deu à Pepsi controle sobre Gatorade, a maior marca não gasosa. O crescimento de dois dígitos do Gatorade em praticamente todos os canais de distribuição levou a significativos ganhos nas vendas de bebidas da Pepsi nos anos seguintes (Vide Anexo 11 da PepsiCo – Atuação Financeira). Em 2006, a Pepsi tinha mais da metade de participação no mercado total americano de bebidas sem gás. Então, a Pepsi tropeçou em meio à demanda declinante por bebidas desportivas, juntamente com erros de marketing relacionados a esforços para reposicionar a marca Gatorade e problemas relativos à embalagem do suco Tropicana. Um observador do setor assinalou: “É raro que uma empresa global cometa tantos erros quanto a Pepsi cometeu”41 Nesse meio tempo, muitas marcas de refrigerantes Pepsi experimentaram vendas fracas em meio à forte ênfase nas bebidas sem gás (Vide Anexo 7). Uma iniciativa-chave da estratégia do CEO Indra Nooyi para reviver o negócio foi fortalecer o portfólio dos produtos mais “saúde” e mais “bem estar”. Em alguns mercados, os refrigerantes com caloria haviam sido totalmente abandonados em favor das opções de baixa caloria. Novas campanhas publicitárias promoveram Sierra Mist Natural, aromatizado com açúcar e sem nenhum ingrediente artificial, e Pepsi Max, uma cola zero caloria. O bordão da inovação era “produto bom para você”, Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 714-P07 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 12 como Trop 50, um suco de laranja zero caloria, feito com adoçante natural stévia. A Pepsi também promoveu o “Power of One”, a combinação de suas várias ofertas de salgadinhos e bebidas. De acordo com esta abordagem dos negócios, em 4 de agosto de 2009, a Pepsi anunciou que compraria a participação acionária restante que ainda não possuía em dois de seus maiores engarrafadores, a PBF e Pepsi Américas. O preço de US$7,8 bilhões consolidou 80% do volume dos negócios da Pepsi norte americana. Nooyi afirmou: “A total integração nos negócios de bebidas nos permitirá trazer inovações de produtos e embalagens ao mercado com mais agilidade e reagir mais rapidamente às mudanças do mercado, como fazemos com nosso negócio de alimentação.”42 A Pepsi esperava gerar $400 milhões em sinergias antes dos impostos, todos os anos, começando em 2012.43 Naquela época, a Coca recusou-se a comentar a decisão da Pepsi, mas indicou que se manteria firmemente seguindo o modelo de negócios das franquias. DPS Baseada no Texas, a DPS era a terceira maior do segmento das bebidas na América do Norte com aproximadamente 16% do mercado. Era também a número um na categoria refrigerante aromatizado. Marcas bem conhecidas da DPS incluíam: Dr. Pepper, Sunkist, A&W, Canada Dry e Snapple. Antes da decisão da Coca e Pepsi de comprar seus engarrafadores, a DPS já operava como uma única empresa integrando a dona da marca e o engarrafador. A DPS, anteriormente conhecida como Cadbury Schweppes, gerou mais da metade de seu lucrovendendo concentrados de bebidas. Mais de 50% da distribuição total era conduzida por engarrafadores terceirizados. No canal do varejo a DPS contava com a Walmart para 13% das vendas líquidas e tinha uma presença mais fraca nos canais de consumo imediato como lojas de conveniência.44 Enquanto a DPS lutava para encontrar seu próximo grande sucesso ou expandir-se no mercado das bebidas sem gás, a empresa contava com acordos de licenciamento como outra fonte de receita. Ambas a Coca e a Pepsi tinham recentemente concordado que cada uma pagaria $700 milhões por um acordo de licenciamento de 20 anos para distribuir algumas das mais populares marcas da DPS. Reversão de Táticas “Nossos clientes estão evoluindo rapidamente e nós precisamos de um sistema de produção mais inovador que atenderá o mercado mais rapidamente. Trata-se de fazer investimentos para fortalecer nossas marcas e criar a melhor infra-estrutura para ganhar espaço no mercado.” – CEO Muhtar Kent, 2010 Em 25 de fevereiro de 2010, a Coca anunciou a maior mudança em seu modelo de negócios desde 1986: ela também estava novamente assumindo o controle do negócio de engarrafamento pela compra das operações norte-americanas inteiras da CCE. Embora a maioria dos acionistas foi pega de surpresa, o CEO Kent afirmou que as conversas entre as duas partes vinham ocorrendo havia alguns anos. O negócio, avaliado em torno de US$12 bilhões, foi uma transação sem dinheiro. A Coca assumiu US$ 8,9 bilhões das dívidas da CCE e abriu mão de seus 34% de participação na CCE (em torno de $3 bilhões na época do anúncio). Enquanto isso, a CCE assumiu as operações de engarrafamento da própria Coca na Noruega e Suécia. Tinha também a opção de comprar as operações de engarrafamento alemãs da Coca em 18 a 36 meses após a aquisição ser concluída. De fato, a CCE se tornaria um engarrafador europeu. Os parceiros globais franqueados da Coca produziriam e entregariam 72% do volume mundial da Coca, em comparação com 80% antes da aquisição. Mas em termos de receitas, a Coca dependeria agora da América do Norte para gerar quase metade de suas vendas, em comparação com 25% antes do anúncio. Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Coca-Cola em 2011: Em Busca de um Novo Modelo 714-P07 13 Após envolver um custo, de uma só vez, de US$425 milhões, esperava-se que o negócio gerasse US$350 milhões em sinergias operacionais nos próximos quatro anos. A Coca já estava no caminho para alcançar essas sinergias, começando com US$150 milhões em 2011. Kelley, que chefiava o processo de integração, explicou: “Há uma série de reduções de custos da cadeia de suprimentos que podem ocorrer, da produção ao transporte e a compra de matéria-prima.” Por exemplo, a Coca e CCE juntas possuíam 120 fábricas. Estimativas aproximadas indicavam que a empresa precisava de 70% dessas plantas. Uma vez que a capacidade excessiva fosse eliminada, Kelley observou que a plataforma de produção da Coca poderia ser redesenhada para alocar recursos mais eficientes baseados nas perspectivas demográficas e de crescimento dos clientes. A Coca citou dados do censo americano projetando que 11 estados sulinos (começando na Califórnia, passando pela Flórida, até as Carolinas) seriam responsáveis por 80% de crescimento da população até 2020. Sistemas de tecnologia da informação (IT) e operações administrativas poderiam ser também coordenados, representando um ganho adicional na poupança de custos. Para gerar melhor eficiência estrutural, a Coca consolidou seus negócios da América do Norte em uma nova entidade: CCR. Consistia nas operações da CCE adquiridas, além dos negócios de alimentação norte-americanos da Coca, Minute Maid e Sucos Odwalla, operações da cadeia de suprimentos e operações de engarrafamento na Filadélfia. A nova unidade integrada teve US$20 bilhões em vendas com aproximadamente 70.000 empregados. Cahillane, CEO da CCR, enfatizou que a companhia podia agora oferecer serviços abrangentes e harmonizados aos clientes. “Nós temos todo o nosso portfólio de produtos representado pela CCR, em vez de várias pessoas diferentes atendendo a mesma conta. Esta é uma importante sinergia que nós sabíamos que existia, mas não podíamos gerar antes.” Produtos, como suco de laranja Simply em doses individuais, puderam ganhar novos pontos de venda antes inacessíveis porque os engarrafadores não lidavam com distribuição refrigerada. Além disso, a Coca podia agora dedicar mais atenção a expandir seus pontos de venda, encorajada pelo sucesso na Filadélfia. A Coca assumiu a operação de engarrafamento problemática na Filadélfia em 2008 e identificou 64.000 novos pontos potenciais de vendas. Depois de agressivamente expandir sua presença nesses pontos, a Coca não apenas tomou a liderança da Pepsi em bebidas gaseificadas, mas também transformou a Filadélfia em um mercado lucrativo.45 O próximo modelo dos negócios Executivos da sede da Coca-Cola foram unânimes ao concordarem que a compra da CCE norte- americana ocorrida foi feita no melhor interesse de curto prazo da empresa. Tuggle explicou: “Todos tínhamos perdido confiança em nosso mercado norte-americano e comprar a CCE foi a melhor forma de juntar as partes quebradas.” Afinal, apesar das vendas lentas dos últimos anos, os Estados Unidos ainda representavam o maior mercado para os produtos não-alcoólicos, prontos para beber (NARTD) do mundo, com cerca de 20% do volume total do setor.46 Um aumento na riqueza do país também poderia impelir o consumo futuro, já que as despesas pessoais americanas per capita deveriam atingir $34.000 em 2020, a mais alta despesa per capita de qualquer país.47 A demografia poderia atuar a favor da Coca também. As projeções eram de 300 milhões de americanos nas áreas urbanas em 2020, impulsionadas pelo terceiro maior crescimento incremental de residentes urbanos em todo o mundo. Só a população de adolescentes estava previsto que crescesse para 31 milhões em 2020.48 Em termos de categoria de produtos, previa-se que as bebidas sem gás gerassem mais de 45% do valor incremental das vendas no varejo em 2020, criando um mix mais equilibrado com os refrigerantes. “Dadas essas projeções, nós devemos e podemos transformar a América do Norte em uma história de crescimento para atingir nossa visão para 2020”, declarou Cahilane. Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 714-P07 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 14 Ao mesmo tempo, a Coca enfrentou várias decisões para o futuro. Uma questão emergiu acerca dos 70 engarrafadores independentes americanos remanescentes. Cerca da metade deles estavam no negócio por um século, com direitos de propriedade de territórios que se estendiam pelo país. (Vide mapa do Anexo 12). Coletivamente eles representavam cerca de 10% do volume da Coca que era entregue engarrafado após a aquisição da CCE. Alguns executivos da Coca acreditavam que a companhia precisava de um relacionamento mais cooperativo com os engarrafadores para lidar com as questões dos clientes nacionais e distribuição. Engarrafadores menores tinham acordos de governança de cliente que autorizavam a Coca a negociar em benefício deles com os varejistas. Entretanto, Douglas observou que a Coca tinha que ser capaz de reagir de forma mais rápida e melhor às exigências do mercado, especialmente diante da decisão da Pepsi de controlar também seu engarrafamento americano. Alguns analistas de mercado insinuaram que a Coca poderia acabar precisando comprar os engarrafadores remanescentes para gerar uma cadeia de suprimentos plenamente eficiente. Só que muitos engarrafadores tinham conseguidoaltos lucros ao não fazer novos investimentos. A Coca teria que fazer ofertas muito generosas para conquistar engarrafadores mais agressivos. Outra decisão focou a criação de uma nova plataforma de produção que pudesse atender o mercado da maneira mais eficiente e eficaz. Como o negócio com bebidas sem gás continuava crescendo, a Coca planejou aumentar sua capacidade de produção de bebidas de preenchimento a quente. Entretanto, como nicho especializado, as bebidas sem gás eram consumidas em volumes menores e não requeriam tantas fábricas; as águas vitaminadas eram produzidas em 10 plantas em comparação com aproximadamente 100 plantas para refrigerantes. A empresa poderia continuar a manter plantas separadas para bebidas de preenchimento a quente e a frio, ou a Coca poderia criar algumas superfábricas que pudessem manejar os dois tipos de fabricação a longo prazo. Por exemplo, a Anheuser-Busch, a maior empresa de cervejas do mundo, tinha perto de 50% de participação do mercado americano, mas operava somente 12 cervejarias nos Estados Unidos.49 Possuir poucas fábricas poderia criar melhor visibilidade dos estoques, sem mencionar uma gestão e custos de transporte mais eficientes. No entanto os custos de transporte eram uma preocupação. O Diretor Financeiro Fayard observou que, se o preço do petróleo subisse acima de US$120 o barril no futuro, o custo de transporte poderia anular os benefícios de ter poucas grandes plantas. O atual raio de distribuição da CCR era em média de uns 210 quilômetros dos pontos de fabricação para os pontos de vendas. Pesquisas internas indicaram que reduzir o número de plantas e aumentar este raio para além de 330 quilômetros poderia baixar as margens de lucro. Possuir o negócio do engarrafamento também significava que a Coca tinha uma maior exposição aos custos das commodities. Matérias-primas agora consistiam em 35% do total dos custos das mercadorias vendidas.50 Preços mais altos de commodities como adoçantes, alumínio e plástico já impactariam o custo da Coca em aproximadamente US$400 milhões em 2011. A companhia poderia conseguir aumentar os preços dos produtos para compensar estes custos, mas aumentar preços era arriscado numa economia doméstica com consumidores conscientizados sobre preços. Outros executivos acrescentaram que a marca popular Coca-Cola precisava permanecer mais local. O consumo dos refrigerantes era mais que o dobro da participação de 12% das cervejas no mercado de consumo de líquidos americano.51 A Coca possuía marcas no valor de US$15 bilhões que tinham giro rápido e requeriam menos tempo de produção. Baseados na alta velocidade das marcas, alguns executivos da Coca argumentavam que fazia mais sentido manter a produção perto dos clientes. Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Coca-Cola em 2011: Em Busca de um Novo Modelo 714-P07 15 Além dessas questões prementes, o CEO Kent tinha que olhar à frente e ponderar sobre uma questão estratégica ainda maior: qual seria o modelo de negócios ideal para a América do Norte no horizonte dos próximos 10 anos? Uma vez que a produção e distribuição da América do Norte tivesse sido reestruturada para se tornar uma operação eficiente, de classe mundial, deveria a Coca manter o negócio do engarrafamento? Refranqueá-lo? Ou manter a manufatura, mas franquear a distribuição? Uma opção óbvia era manter o engarrafamento. Aqueles em favor desse plano argumentavam que a Coca precisava ter todo o controle sobre refrigerantes e bebidas sem gás, especialmente dada a mudança na demanda dos consumidores. A Coca teria flexibilidade e agilidade para se ajustar às suas futuras preferências. Complexidades associadas ao fato de haver diferentes proprietários para máquinas dispensadoras e bebidas em garrafa/lata seriam eliminadas. Chahillane também observou: “A escala tem sido sempre um importante aspecto dessa indústria. Quanto maior ficamos, maior a nossa vantagem competitiva.” Como a consolidação nos canais de varejo tinha aumentado o poder de precificação dos varejistas, a Coca poderia também ganhar mais influência sobre seus clientes. Separadamente, de um ponto de vista dos clientes, seria mais fácil negociar com uma empresa unificada que manejava todas as bebidas, distribuição e serviço aos clientes. Outros executivos realçaram a importância do know-how local dos engarrafadores em seus respectivos territórios. Fayard observou: “Foram estes relacionamentos pelas comunidades locais que permitiram à Coca construir nosso impulso da marca (brand momentum) de baixo para cima.” Kelley reconheceu: “O maior valor agregado aos engarrafadores residia em seu poder de execução local, no fato de serem capazes de se envolver com seus consumidores. Nós simplesmente não poderíamos comercializar isso em nível nacional.” Para manter esse toque local, a Coca poderia refranquear o negócio e decompô-lo em alguns poucos engarrafadores maiores por região. Isto ainda geraria significativa economia de escala na produção. A Coca não teria que manter em seu balanço o alto investimento em ativos do negócio. O modelo de franquia tinha sido muito mais bem-sucedido fora dos Estados Unidos. Os engarrafadores âncora internacionais da Coca, como FEMSA, Amatil e Swire, haviam evitado muitos dos desafios enfrentados pela CCE. Por exemplo, a precificação baseada na incidência tinha existido na América Latina por mais de uma década antes de ser adotada nos Estados Unidos. Isso permitiu que a Coca gerasse margens operacionais saudáveis e fizesse novos investimentos na região, especialmente em comparação com a América do Norte (Vide Anexo 5). Mais empreendimentos conjuntos poderiam ser criados também. Muitos executivos apontaram para Jugos del Valle – Sucos Del Valle – uma parceria estabelecida entre a Coca e seus engarrafadores latino-americanos em 2007. Este apresentou crescimento de volume de 42% nos últimos dois anos e conquistou a liderança da região.52 Ao mesmo tempo, alguns alertaram que refranquear o engarrafamento americano criaria problemas complexos de propriedade novamente. Por exemplo, todos os engarrafadores regionais iriam produzir bebidas preenchidas a quente e a frio? Quem lidaria com os novos produtos ou fixaria os preços para as cadeias varejistas nacionais? Outros se inclinavam por um modelo de negócios diferente: manter a produção em casa, mas terceirizar a distribuição. Isto se assemelhava à indústria da cerveja, onde a distribuição da Anheuser- Busch era realizada por 600 distribuidores independentes nos Estados Unidos. Alguns executivos argumentaram que uma entidade tinha que gerir o escopo e a escala das 500 marcas da Coca. Um sistema gerencial centralizado poderia negociar com grandes clientes nacionais. Licenciar caminhões e distribuidores, repetindo, manteria os conhecimentos e habilidades empresariais locais presentes nos pontos de vendas. O desafio permanecia em motivar os distribuidores. Se os engarrafadores não mais produziriam refrigerantes ou bebidas sem gás, haveria margem suficiente no negócio para torná-los distribuidores agressivos da Coca? Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 714-P07 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 16 O que vem agora? O desempenho da Coca em 2010 e início de 2011 sinalizou que Kent estava dirigindo a empresa pelo caminho certo. O negócio na América do Norte registrou três trimestres consecutivos de crescimento, pela primeira vez em anos. A Coca Diet teve a maior vitória por assumir posição número dois entre os refrigerantes mais populares, lugar que era da Pepsi, uma posição que a rival tinha mantido pormais de duas décadas. Diversos observadores do setor reconheceram os esforços da Coca de revitalização do marketing de suas marcas de refrigerantes básicas. Mas Kent sabia que havia mais por fazer, especialmente a respeito do modelo de franquia de longo prazo. Ele continuava reiterando que “estamos absolutamente comprometidos com o sistema de franquias. Evoluir, sim, mas definitivamente formar parcerias nos negócios norte-americanos.” O que seria necessário para que a Coca vencesse em ambos os segmentos – bebidas gaseificadas e bebidas sem gás? Como promover uma nova década de crescimento e prosperidade? Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Coca-Cola em 2011: Em Busca de um Novo Modelo 714-P07 17 Anexo 1 Desafios enfrentados pela Coca-Cola Fonte: Adaptado pelo autor do estudo de The Coca-Cola Company, apresentação “Antecipando Nossa Visão para 2020” de 27 de outubro de 2010, p. 38. Perfil Nutricional Ameaça dos Impostos Desperdício de embalagem Ceticismo Público Aumento nas Regulamentações Gerenciado do desperdício de água Escassez de Água Consolidação da Indústria Mudanças climáticas Aumento do custo das mercadorias Mão-de-Obra Mídia em constante evolução Artificialidade Obesidade Fatores Globais em Aceleração Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 7 14 -P 0 7 - 1 8 - A n ex o 2 T h e C o ca -C o la C o m p an y – V is ão p ar a 20 20 N o ss a M is sã o R ef re sc ar o m u n d o . . . In sp ir ar m o m en to s d e o ti m is m o e f el ic id ad e . . . C ri ar v al o r e fa ze r a d if er en ça . N o ss a V is ão N o ss o s O b je ti v o s N o ss as p ri o ri d ad es d e si st em a N o ss o s in d ic ad o re s L U C R O M ai s q u e d u p li ca r as r ec ei ta s d o s is te m a, si m u lt an ea m en te a u m en ta n d o a s m ar g en s d o s is te m a. M ax im iz ar o f lu xo d e ca ix a d e lo n g o p ra zo d a co m p an h ia e p ar a o e n g ar ra fa d o r: • Im p u ls io n ar i n v es ti m en to s d o s is te m a em v en d as e e x ec u çã o d e m er ca d o . • O p er aç ão d a p ro d u çã o e d a lo g ís ti ca c o m o c u st o m ai s b ai x o e m c ad a m er ca d o , m an te n d o n o ss o s p ad rõ es d e q u al id ad e. • U sa r n o ss o t a m an h o e e sp ec ia li za çã o p ar a cr ia r ec o n o m ia d e es ca la . • R et o rn o t o ta l ao a ci o n is ta • C re sc im en to d o l u cr o -e co n ô m ic o • F lu x o d e ca ix a d o s is te m a. P E S S O A S S er u m ó ti m o l u g ar p ar a tr ab al h ar . A tr ai r, e n g aj ar e r et er o s m el h o re s ta le n to s: • A u m en ta r o c o n h ec im en to q u e as p es so as t êm d o s is te m a e o m o v im en to en tr e si st em as • In sp ir ar n o ss o p es so al p ar a se re m e m b ai xa d o re s ap ai x o n ad o s d e n o ss as m ar ca s. • R ec ru ta r, d es en v o lv er e p ro m o v er a s m u lh er es , p ar a at in g ir r ea l d iv er si d ad e. • E n g aj am en to • E m p re g ad o r p re fe ri d o • D iv er si d ad e P O R T F Ó L IO M ai s q u e d u p li ca r n o ss as p o rç õ es se rv id as , p ar a m ai s d e 3 b il h õ es p o r d ia . S er o n º 1 n o n eg ó ci o d e b eb id as n ão - al co ó li ca s, p ro n ta s p ar a b eb er ( N A R T D ) em c ad a m er ca d o e c ad a ca te g o ri a co m v al o r p ar a n ó s. D es en v o lv er e i m p le m en ta r o m ar k et in g m ai s in o v at iv o e e fi ca z d o m u n d o . G a n h ar c o m a C o ca -C o la : • A ce le ra r o c re sc im en to d a m ar ca r eg is tr ad a C o ca -C o la , o e p ic en tr o d e n o ss o n eg ó ci o . A u m en ta r ag re ss iv am en te o v al o r d e n o ss o p o rt fó li o : • A d q u ir ir o u d es en v o lv er m ar ca s p re m iu m e sc al o n áv ei s e in o v ad o ra s. • T ra ze r p ar a o m er ca d o i n o v aç õ es d e fo rm a m ai s rá p id a. • V o lu m e & p re se n ça d e m er ca d o (v al u e sh ar e) • C re sc im en to d as p o rç õ es • S aú d e- v it al id ad e d a m ar ca • C la ss if ic aç ão n a ca te g o ri a • N o d e n o v as m ar ca s b il io n ár ia s • C o m er ci al iz aç ão • Ín d ic e d e q u al id ad e P A R C E IR O S Se r o p ar ce ir o p re fe ri d o e m ai s co n fi áv el d o se g m en to d as b eb id as . P en sa r e ag ir c o m o u m a em p re sa g lo b al i n te g ra d a en q u an to i n te n si fi ca m o s n o ss o fo co l o ca l. T o rn ar m o -n o s p eç a d e im p o rt ân ci a fu n d am en ta l d a es tr at ég ia d e cr es ci m en to d e n o ss o s cl ie n te s. G a n h ar n o p o n to d e v en d a. • R el ac io n am en to s au d áv el c o m o cl ie n te • C re sc im en to d as v en d as n o v ar ej o P L A N E T A L id er an ça m u n d ia l n o u so s u st en tá v el d a ág u a. M o d el o e n tr e o s lí d er es d o s et o r em em b al ag en s, e n er g ia e p ro te çã o c li m át ic a. C ri ar v an ta g em c o m p et it iv a p el o c o m p le to a te n d im en to d e n o ss o c o m p ro m is so V iv er P o si ti v a m en te C o m u n id ad e, e sp aç o d e tr ab al h o , m er ca d o , a m b ie n te . • R as tr ea m en to d a re p u ta çã o • D es em p en h o a m b ie n ta l • R ep u ta çã o d e se g u ra n ça P R O D U T IV ID A D E G er en ci ar p es so as , t em p o e d in h ei ro p ar a m ai o r ef ic ác ia . D es en h ar e i m p le m en ta r o m ai s ef ic az e e fi ci en te S is te m a d e N e g ó ci o s. • N ív ei s d e d es p es as c o m o ri en ta çã o m er ca d o ló g ic a • C u st o s d a ca d ei a d e su p ri m en to s F o n te : A d a p ta d o p el o a u to r d o e st u d o b a se ad o e m T h e C o ca -C o la C o m p an y , D ec la ra çã o d a V is ã o p a ra 2 02 0 , a ce ss a d o e m f ev er ei ro d e 20 11 . Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 714-P07 19 Anexo 3a The Coca-Cola Company – Desempenho do Preço das Ações, desde a morte de Goizueta até Isdell como CEO, 1997–2007 (Outubro 1997 = 100)Anexo 3b Coca-Cola Company – Atuação do Preço das Ações sob o CEO Kent, julho de 2008-2011 (4 Julho, 2008 = 100) Fonte: Banco de dados ONE de Thomson Reuters, acessado em fevereiro de 2011. ___ Coke ___ S&P 500 ............ Pepsi Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 714-P07 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 20 Anexo 4 The Coca-Cola Company – Demonstrações Financeiras Selecionadas (em US$ milhões de dólares) 1985 1990 1995 2000 2005 2007 2008 2009 2010a Receitas Totais 7.904 10.236 18.127 17.354 23.104 28.857 31.944 30.990 35.119 Custo da mercadoria vendida 4.194 4.209 6.940 6.204 8.242 10.406 11.374 11.088 12.438 Lucro Bruto 3.710 6.028 11.187 11.150 14.862 18.451 20.570 19.902 22.681 Despesas de Vendas, Gerais e Administrativas 2.665 4.076 7.161 6.016 8.739 10.945 11.774 11.358 13.084 Lucro Operacional 1.045 1.952 4.026 5.134 6.123 7.252 8.796 8.544 9.337 Lucro Líquido 722 1.382 2.986 2.177 4.872 5.981 5.807 6.824 11.809 Caixa e investimentos C.Prazo 865 1.492 1.315 1.892 4.767 4.308 4.979 9.213 11.337 Imobilizado Líquido (propriedades, instalações e equipamentos) 1.884 2.386 4.336 4.168 5.831 8.493 8.326 9.561 14.727 Ativos Totais 6.898 9.278 15.041 20.834 29.427 43.269 40.519 48.671 72.921 Passivos Totais: 3.919 5.429 9.649 11.518 13.072 21.525 19.657 23.325 41.604 Debito Longo Prazo 889 536 1.141 835 1.154 3.277 2.781 5.059 14.041 Capital Total 2.979 3.849 5.392 9.316 16.355 21.744 20.862 25.346 31.317 Indicadores (%) Margem Bruta 46,9% 58,9% 61,7% 64,3% 64,3% 64,0% 64,4% 64,2% 64,6% Margem de Lucro Líquido 9,1% 13,5% 16,5% 12,5% 21,1% 20,7% 18,2% 22,0% 33,6% Debito Longo Prazo/Patrimônio 29,8% 13,9% 21,2% 9,0% 7,1% 15,1% 13,6% 20,4% 44,8% Passivo Total/Ativo Total 41,9% 58,5% 64,2% 55,3% 44,4% 49,7% 49,5% 49,0% 57,1% Retorno sobre Ativos 10,5% 13,9% 17,4% 15,1% 12,1% 12,4% 13,1% 12,0% 9,6% Retorno sobre Capital 16,8% 20,6% 27,7% 20,9% 16,9% 17,2% 18,0% 15,9% 12,7% Retorno sobre Patrimônio 24,2% 37,7% 56,2% 23,1% 30,2% 31,2% 27,6% 29,9% 41,9% Fonte: Base de Dados Capital IQ, acessado em fevereiro de 2011, e The Coca-Cola Company’s 10K, 1985. Ano Fiscal da Coca termina em 31 de dezembro. a As demonstrações financeiras de 2010 incluem a integração do negócio de engarrafamento norte-americano da CCE. A aquisição se completou no quarto trimestre de 2010, resultando em mudanças significativas em certos aspectos financeiros, como lucro líquido e total de passivos. Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 714-P07 21 Anexo 5 The Coca-Cola Company – Desempenho por Segmentos Operacionais Regionais Selecionados (em US$ milhões de dólares) 2008 2009 2010 América Latina: Receita Líquida Total 3.835 3.882 4.121 Lucro Operacional 2.099 2.042 2.405 Ativos Operacionais 1.849 2.480 2.298 Investimentosa 199 248 379 Margem Operacional 57,9% 55,2% 62,0% America do Norte: Receita Líquida Total 8.280 8.271 11.205 Lucro Operacional 1.584 1.699 1.520 Ativos Operacionais 10.845 10.941 32.793 Investimentosa 4 8 57 Margem Operacional 19,3% 20,7% 13,6% Investimentos em Engarrafamento:b Receita Líquida Total 8.931 8.320 8.313 Lucro Operacional 264 179 227 Ativos Operacionais 7.935 9.140 8.398 Investimentosa 4.873 5.809 6.426 Margem Operacional 3,0% 2,2% 2,8% Fonte: Adaptada pelo autor do estudo do Relatório Anual de 2010 da Coca-Cola Company. Os resultados de 2010 refletiram a aquisição do negócio de engarrafamento da CCE. A informação é informada de forma consolidada, refletindo taxas de câmbio das moedas estrangeiras. a Consiste principalmente de investimentos pelo método da equivalência patrimonial, valores mobiliários e investimentos não comercializáveis em companhias de engarrafamento. b Refere-se à participação de investimento da Coca em seu engarrafamento interno. Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 714-P07 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 22 Anexo 6a Consumo de Bebidas Não-Alcoólicas, Prontas para Beber (NARTD) Selecionadas Ano 1985 1990 1995 2000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Refrigerantes Gaseificados: 645 750 814 849 821 803 772 741 719 708 Normais 517 527 600 639 579 566 541 522 504 496 Diet 128 223 214 210 242 237 231 219 215 212 Água Engarrafadaa 72 130 162 211 312 336 360 342 330 334 Caféb 430 419 341 269 262 269 256 254 253 253 Cháb 117 112 109 112 112 112 114 117 117 120 Sucos 130 136 142 152 131 133 130 122 122 115 Bebidas Esportivasc -- -- 21 35 68 76 78 74 64 68 Bebidas Energéticasd -- -- -- -- 9 14 18 19 19 20 Água de torneira, híbridos e outros 577 459 497 505 439 420 395 460 514 534 Fonte: Adaptada pelo autor do estudo a partir do Informativo Beverage Digest Fact Book 2011. Dados representam porções de 237 mililitros por pessoa por ano. a Água engarrafada inclui qualquer embalagem, de consumo individual ou grandes volumes. b Dados de café e chá baseados na média móvel de três anos. c Bebidas esportivas eram incluídas no segmento “Água de torneira, híbridos e outros” antes de 1992. d Dados sobre bebidas energéticas não eram disponíveis antes de 2005. Anexo 6b - Mudanças Ano após Ano no Volume das Bebidas Gaseificadas, baseado em caixas de 5,7 litros (%) Fonte: Criado pelo autor do estudo a partir de dados do Beverage Digest Fact Book 2011, p.29. Taxas de crescimento excluem bebidas energéticas. Do N ot C op y or P os t This document is authorized for educator review use only by Victor Cunha, HE OTHER until October 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Coca-Cola em 2011: Em busca de um Novo Modelo 714-P07 23 Anexo 7 As 10 Principais Marcas de Refrigerantes dos Estados Unidos Participação no Mercado Venda por Milhões de Caixas Clas- sifi- cação Nome (Proprietário) Em 2010 Em 2005 % Variaçãoa Em 2010 Em 2005 % Variaçãoa 1 Coca-Cola (Coke) 17,0% 17,6% -0,7% 1.590,0 1.796,0 -2,4% 2 Diet Coke (Coke) 9,9% 9,8% 0,2% 926.9 999.0 -1,5% 3 Pepsi-Cola (Pepsi) 9,5% 11,2% -3,2% 891.5 1.141.8 -4,8% 4 Mt, Dew (Pepsi) 6,8% 6,5% 0,9% 633.3 659.7 -0,8% 5 Dr Pepper (DPS) 6,3% 5,7% 2,0% 592.0 578.4 0,5% 6 Sprite (Coke) 5,6% 5,7% -0,4% 525.5 581.0 -2,0% 7 Diet Pepsi (Pepsi) 5,3% 6,0% -2,5% 498.2 613.1 -4,1% 8 Diet Mt, Dew (Pepsi) 2,0% 1,4% 7,4% 187.5 140.5 5,9% 9 Diet Dr Pepper (DPS) 1,9% NA NA 174.5 NA NA 10 Fanta (Coke) 1,8% 1,6% 2,4% 170.5 167.7 0,3% Fonte: Criado pelo autor do estudo a partir de dados do Beverage Digest Fact Book 2006 e 2011. a Baseado em uma taxa de crescimento anual composta (CAGR). Anexo 8 Margem de Lucros dos Produtores de Concentrado e Engarrafadores (%) Produtor do Concentrado Engarrafador Típico Dólares por Embalagens Iguais % da Receita Líquida Dólares por Embalagens Iguais % da Receita Líquida Receita Líquida $0,98 100% Receita Líquida $4,63 100% Custo das mercadorias vendidas $0,22 22% Custo das mercadorias vendidas $2,67 58% Lucro Bruto $0,76 78% Lucro Bruto $1,97 42% Marketing Direto $0,21 21% Marketing Direto $0,45 10% Venda & Entrega $0,00 0% Venda & Entrega $0,85 18% Geral & Administ. $0,24 24% Geral & Administ. $0,31 7% Lucro Operacional $0,30 32% Lucro Operacional