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solução de conflitos coletivos

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31/05/2019 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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Módulo 7 - Solução dos Conflitos Coletivos. Convenção Coletiva de
Trabalho. Acordo Coletivo de Trabalho. Negociações Coletivas.
 
INSTRUMENTOS NORMATIVOS NEGOCIADOS
 
1. Convenção e Acordos Coletivos
 
As convenções e os acordo coletivos do trabalho são fruto do mecanismo de
autocomposição de solução de conflitos. É fonte formal autônoma do Direito do
Trabalho, isto é, direito positivo auto-elaborado pelos próprios interlocutores.
Trata-se de plurarismo jurídico, coexistindo o direito estatal, que fonte formal
heterônoma, e o não-estatal (fonte autônoma).
 
CONVENÇÕES COLETIVAS - A CF, art. 7º, XXVI, reconhece as convenções
coletivas e considera obrigatória a participação dos sindicatos nas mesmas (art.
8º, VI).
 
A CLT define convenção coletiva de trabalho como o “acordo de caráter normativo
pelo qual 2 ou mais sindicatos estipulam condições de trabalho aplicáveis, no
âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho (art.
611)”. Eis aí o efeito “erga omnes”.
 
Convenção coletiva - elementos básicos que permitem a compreensão do conceito
e da natureza:
 
acordo entre sindicato de empregados e sindicato de empregadores.
 
resulta da autonomia da vontade de ambas as entidades.
 
surge como resultado de um ajuste bilateral e só se perfaz caso os 2
contratantes combinem suas vontades.
 
no direito do trabalho, as convenções coletivas são uma importante
manifestação da autonomia privada coletiva, podendo ser equiparada aos
contratos no direito comum.
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a ordem jurídica se completa com essa atividade negocial reconhecida pelo
direito às pessoas. Aos sindicatos também é conferida igual atuação.
 
No Brasil, sujeitos legitimados para negociar são os Sindicatos (CLT, art. 611), do
lado dos trabalhadores o sindicato profissional e do lado dos empregadores o
sindicato patronal.
 
Os Sindicatos são os da categoria e base territorial. Não pode um Sindicato
negociar fora da sua base territorial, que corresponde no mínimo a área de um
Município.
 
A Convenção Coletiva é instrumento normativo em nível de categoria. Alcançam
os seus efeitos todas as empresas representadas pelo Sindicato patronal e todos
os empregados da categoria profissional do respectivo sindicato na base territorial
representada.
 
A legitimidade do sindicato exclui e prefere a das federações. Estas só podem
negociar nas categorias inorganizadas em sindicato. O mesmo ocorre com as
confederações sindicais quanto às federações e sindicatos (CLT, art. 611,
parágrafo 2o.).
 
ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO (CLT, art. 611, parágrafo 1o.) são ajustes
entre o sindicato dos trabalhadores e uma ou mais empresas. Não se aplicam a
toda a categoria, mas só à(s) empresa(s) estipulante(s).
 
O art. 617 da CLT permite que os empregados de uma ou mais empresas que
decidirem celebrar acordo coletivo de trabalho com suas empresas darão ciência
de sua resolução, por escrito, ao sindicato representativo da categoria
profissional, que terá o prazo de 8 dias para assumir a direção das negociações. O
mesmo procedimento deverá ser observado pelas empresas interessadas com
relação ao sindicato da respectiva categoria econômica. Terminado o prazo de 8
dias sem que o sindicato tenha iniciado a negociação, poderão os interessados dar
conhecimento do fato à federação a que estiver vinculado o sindicato e, na falta
daquela, à correspondente confederação, para que, no mesmo prazo, assuma a
direção dos entendimentos. Esgotado o referido prazo, poderão os interessados
prosseguir diretamente na negociação coletiva até o final.
 
O ponto em comum da convenção e do acordo coletivo é que neles são
estipuladas condições de trabalho que serão aplicadas aos contratos individuais
dos trabalhadores, tendo, portanto, efeito normativo.
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Procedimentos para formalização e vigência do acordo e convenção
coletiva do trabalho:
 
O acordo e a convenção coletiva do trabalho devem ser celebrados por
escrito, em emendas ou rasuras, em tantas vias quanto forem os Sindicatos
convenentes ou as empresas acordantes, além de um destina a registro (CLT,
art. 613, parágrafo único).
 
Os sindicatos convenentes ou as empresas acordantes devem promover,
conjunta ou separadamente, dentro de 8 dias da assinatura da convenção ou
acordo coletivo, o depósito de uma via do mesmo, para fins de registro e
arquivo no Ministério do Trabalho e Emprego (CLT, art. 614).
 
As convenções e acordos coletivos de trabalho entrarão em vigor 3 dias após
a data da entrega dos mesmo no órgão do MTE (CLT, art. 614, parágrafo
1o.).
 
Cópias autenticadas das convenções e acordos coletivos de trabalho deverão
ser afixadas de modo visível, pelos Sindicatos convenentes, nas respectivas
empresas, dentro de 5 dias da data do depósito (CLT, art. 614, parágrafo
2o.).
 
O prazo de vigência das convenções e acordos coletivos de trabalho é de até
2 anos (CLT, art. 614, parágrafo 3o.), podendo ser renovado por acordo das
partes.
 
DIFERENÇA ENTRE A CONVENÇÃO COLETIVA E O ACORDO COLETIVO
 
é um ajuste intersindical porque em
ambos os lados atuam sindicatos, dos
trabalhadores e o patronal.
os entendimentos são feitos diretamente
com um empregador ou com dois ou
mais empregadores. Não é um ajuste
intersindical porque num dos lados, o
patronal, não atua o sindicato.
o âmbito de aplicação é maior, uma vez
que se refletem sobre todos os membros
da categoria.
o âmbito de aplicação é menor, uma vez
que envolvem apenas o pessoal da
empresa que o fez com o sindicato dos
trabalhadores.
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destina-se à matéria mais geral de
interesse de toda a categoria na base
territorial.
destina-se à matéria mais específica de
interesse dos trabalhadores da empresa.
é um instrumento normativo de efeitos
sobre a categoria profissional e
econômica.
é um instrumento normativo de efeitos
sobre uma ou mais de uma empresa da
categoria, mas não sobre toda a
categoria.
destina-se a resolver problemas na
categoria.
destina-se a resolver problemas na
empresa.
 
2. Eleitos das Cláusulas dos Instrumentos Normativos
 
EFEITO OBRIGACIONAL:
 
é constituído das cláusulas que tratam de matéria que envolvem os
sindicatos pactuantes e o conteúdo normativo envolve matéria que atinge os
representados pelos sindicatos.
 
exemplo: uma cláusula prevendo uma multa sobre o sindicato que
descumprir a convenção tem caráter obrigacional assumida pelo sindicato
como pessoa jurídica. Já uma cláusula que assegura um aumento salarial
para toda a categoria tem natureza normativa, porque não se cria uma
obrigação para o sindicato como pessoa jurídica e, sim, para os
empregadores do setor e um benefício para todos os empregados do mesmo
setor.
 
EFEITO NORMATIVO:
 
há uma diferença entre o contrato do direito comum e as convenções
coletivas do direito do trabalho porque aqueles obrigam apenas os
contratantes que são as partes que diretamente os ajustam. As convenções
coletivas têm um campo de aplicação que não se limita aos sindicatos.
Projetam-se sobre todas as pessoas que os sindicatos representam, os
empregados que integram a categoria econômica dos empregadores.
 
as convenções coletivas são um acordo de caráter normativo. São normas
jurídicas, portanto. São normas elaboradas pelos sindicatos. O Estado admite
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essaatividade normativa sindical, respeita-a, atribui-lhe efeitos e a considera
parte integrante da ordem jurídica.
 
em decorrência do efeito normativo, as convenções coletivas aplicam-se não
apenas sobre os sócios dos sindicatos, mas sobre todos os membros da
categoria. Obrigam a todas as empresas que nelas encontram uma série de
deveres a serem cumpridos nas relações individuais de trabalho. Beneficiam
inúmeros empregados que trabalham nessas empresas, pelo simples fato de
integrarem o setor de atividade econômica a que pertence o seu sindicato.
 
as convenções coletivas se aproximam mais da lei do que dos contratos, pois
têm eficácia geral no âmbito do grupo para o qual se destinam.
 
um juiz, ao decidir um processo na Justiça do Trabalho, pode aplicar uma
convenção coletiva. Um empregado quando ingressa com uma reclamação
trabalhista pode pedir a aplicação da convenção do seu sindicato. Um
advogado ao fazer uma petição inicial pode fundamentar o direito que
pretende ver reconhecido em uma cláusula de convenção coletiva e são
muitos os direitos cujo fundamento não é a lei, mas a convenção. Exemplo:
diversas figuras de estabilidade no emprego, estabilidade do menor de idade
de prestação de serviço militar, a estabilidade do empregado que sofre
acidente de trabalho etc.
 
INCORPORAÇÃO DAS CLÁUSULAS NO CONTRATO INDIVIDUAL – Em recente
entendimento o TST editou a Súmula 277 (sessão do Tribunal Pleno em
14/09/2012), que dispõe sobre a ultratividade dos acordos e convenções coletivas
do trabalho nos contratos individuais do trabalho, como abaixo transcrito:
 
“Convenção coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho. Eficácia.
Ultratividade (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em
14.09.2012)
As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram
os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou
suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho”.
 
A jurisprudência fixou que as cláusulas não repetidas permanecem vigentes até
norma coletiva superveniente.
 
Há críticas negativas e positivas sobre a efeito da ultratividade das cláusulas
normativas no contrato individual do trabalho, uma vez que estas integram os
contratos individuais de trabalho, podendo ser alteradas somente por expressa
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manifestação sindical em acordo ou convenção coletiva de trabalho
posteriormente celebrado.
 
As críticas negativas são no sentido de enfraquecer e dificultar a negociação
coletiva, uma vez que pode engessar cláusulas que poderiam ser modificadas de
acordo com as reais necessidades das categorias.
 
As críticas positivas são no sentido de que preserva o trabalhador de ficar
desprovido de algum benefício existente na norma que perdeu vigência, mas que
continua com validade até que outra a substitua, mantendo, modificando ou até
mesmo eliminando um direito existente na regra antiga.
 
3 - Negociação Coletiva: conceito
 
É um mecanismo de autocomposição de conflitos, que compreende todas as
negociações em que tem lugar, de uma parte, um empregador, um grupo de
empregadores ou uma organização ou com várias organizações de empregadores,
e de outra parte, uma ou várias organizações de trabalhadores visando:
 
fixar as condições de trabalho e emprego;
 
regular as relações entre empregadores e trabalhadores;
 
regular as relações entre empregadores ou suas organizações e uma ou
várias organizações de trabalhadores ou alcançar todos esses objetivos de
uma só vez.
 
Negociação coletiva é o processo tendente a realizar acordo ou convenção coletiva
de trabalho. É qualificada assim pelo resultado, sendo forma de ajuste de
interesse entre as partes, que afetam as diferentes posições existentes visando
encontrar uma solução capaz de compor suas posições.
 
Funções da negociação: Normativa e Compositiva
 
A função primordial da negociação coletiva é a normativa, assim entendida a
criação de normas que serão aplicadas as relações individuais de trabalho
desenvolvidas no âmbito da sua esfera de aplicação. Tem ainda a função
compositiva, como forma de superação dos conflitos entre as partes.
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A própria constituição federal em seu artigo 7º, inciso XXVI reconhece as
convenções e os acordos coletivos de trabalho, assegurando em seu artigo 8o. que
ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos da categoria, seja
em questões judiciais ou administrativas, e ainda, o artigo 8º, inciso VI da CF,
pede e reclama a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de
trabalho.
 
A CLT em seu artigo 616 proíbe a recusa a negociação coletiva, quando houver
provocação.
 
Em síntese, a negociação coletiva visa a um procedimento de discussões sobre
divergência entre as partes, procurando um resultado, que é o acordo ou a
convenção coletiva. Se a negociação for frustrada não haverá norma coletiva.
Tanto é que a negociação é que vai induzir a formação da norma coletiva sendo
uma fase necessária para a instauração do dissídio coletivo (artigo 114 parágrafos
1º e 2º da CF).
 
Procedimento - arts. 616 e seguintes da CLT.
 
PODER NORMATIVO E SENTENÇAS NORMATIVAS
 
CONCEITO DE PODER NORMATIVO: É a faculdade conferida por lei a órgãos não
integrantes do Legislativo, para que possam estabelecer enlaces jurídicos
espontâneos ou decidir conflitos coletivos submetidos à jurisdição.
 
Há poder normativo no direito do trabalho, conferido por lei:
 
sindicatos de trabalhadores e empregadores quando estipulam contratos
coletivos, convenções coletivas e acordos coletivos nos seus respectivos
âmbitos de representação; e
 
Tribunais do Trabalho para que possam proferir sentenças nos dissídios
coletivos aplicáveis a todos os membros das categorias dissidentes, como
forma de solução de conflito resultante de negociação coletiva de trabalho.
 
CONCEITO DE DISSÍDIOS COLETIVOS: São processos da competência originária
do Tribunal, para a solução dos conflitos coletivos entre os sindicatos, quando
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frustrada a tentativa de conciliação e ante a impossibilidade de solução por
arbitragem. Há dissídios coletivos propostos pelos sindicatos de empregados
contra os sindicatos de empregadores, de sindicato de empregados contra uma ou
mais empresas (CF, art. 114, §§ 1º e 2º).
 
As decisões proferidas pelos Tribunais nos dissídios coletivos têm o nome de
sentenças normativas. Criam com as decisões proferidas nos dissídios coletivos,
normas que serão aplicáveis à relações individuais de trabalho dos setores
representados pelos sindicatos que figuram no dissídio, razão pela qual têm
natureza jurídica constitutiva, uma vez que podem criar, modificar ou extinguir
normas sobre condições de trabalho.
 
CONCEITO DE SENTENÇA: É o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo,
decidindo ou não o mérito da causa. Assim, sentença é uma decisão proferida pelo
Poder Judiciário nas questões submetidas ao seu julgamento.
 
A sentença normativa terá vigência de até 4 anos (CLT, art. 868, parágrafo único).
 
Se proferidas em dissídios individuais, as sentenças trabalhistas são denominadas
sentenças individuais, restringindo-se o seu âmbito de validez às partes litigantes.
 
Se, todavia, manifestadas num dissídio coletivo, são sentenças normativas, e
podem atingir uma categoria econômica-profissional.
 
 
Exercício 1:
 
As convenções coletivas de trabalho são instrumentos coletivos pactuados entre
entidades sindicais representativas de categorias profissionais e de categorias
econômicas.
PORQUE
A Constituição estabeleceu a obrigatoriedade de participação dos sindicatos nasnegociações coletivas.
Assinale a alternativa correta abaixo.

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